ÁREA DE FIGURAS PLANAS - DESCRITOR DE MATEMATICA D12 ENSINO MEDIO.pptx
Reconhecimento
1. Relações de Reconhecimento
Encontrar–Agonistas Lutar –Antagonistas Redimir– Protagonistas
Aceitar o diferente Recusar o igual como Salvar-nos juntos
como igual diferente
Dar Dominar Desculpar
implica sacrificar-me Violentar o outro tu restituis a minha
Laing, Tarkovsky Sadismo, Big Brother, Gulag, liberdade
Platão, Confúcio Holocausto, tirania, Tragédia Grega, Anamnesis
Archipel Gulag
Receber Submeter-se Agradecer
implica esvaziar-me Violentar-se a si mesmo tu aceitas os meus
Nan –in, Frankl Masoquista, Zamyatin, sentimentos
Triunfo dos Porcos Dostoievski, Job
Partilhar/Apropriar-se Alienar /Revoltar Reconciliar/Condenar
Ser ou não ser individualista Violar/libertar a consciência tu confirmas ou negas o meu
sentido da vida
(-) utilitarismo, egoismo (-) Frankenstein, Homem (-) Escravatura, autismo,
(+) Buber, Aristóteles, Platão, invisível, Rochefoucauld (+) Dag H., Anne Frank,
Morus, (+) Mandela, Shawshank Edith Stein, Abraão,
2. Reconhecimento - Encontro de Agonistas
Eu - Encontro - Ele Eu - Encontro - Você Eu - Encontro - Tu
Salvar-nos juntos
Dar
implica sacrificar-me
Laing, Tarkovsky
Platão, Confúcio
Receber
implica esvaziar-me
Nan –in, Frankl
Partilhar/Apropriar-se Alienar /Revoltar Reconciliar/Condenar
Ser ou não ser individualista Violar/libertar a consciência tu confirmas ou negas o meu
sentido da vida
(-) utilitarismo, egoismo (-) Frankenstein, Homem (-) Escravatura, autismo,
(+) Buber, Aristóteles, Platão, invisível, Rochefoucauld (+) Dag H., Anne Frank,
Morus, levinas (+) Mandela, Shawshank Edith Stein, Abraão,
3. Reconhecimento - Conflito de Antagonistas
Eu - Conflito - Ele Eu - Conflito - Você Eu - Conflito - Tu
Salvar-nos juntos
Dominar Desejar
Violentar o outro implica sacrificar-me
Sadismo, Big Brother, Gulag, Laing, Tarkovsky
Holocausto, tirania, Platão, Confúcio
Receber
implica esvaziar-me
Nan –in, Frankl
Partilhar/Apropriar-se Alienar /Revoltar Reconciliar/Condenar
Ser ou não ser individualista Violar/libertar a consciência tu confirmas ou negas o meu
sentido da vida
(-) utilitarismo, egoismo (-) Frankenstein, Homem (-) Escravatura, autismo,
(+) Buber, Aristóteles, Platão, invisível, Rochefoucauld (+) Dag H., Anne Frank,
Morus, levinas (+) Mandela, Shawshank Edith Stein, Abraão,
4. Reconhecimento – Redenção de Protagonistas
Eu - Redenção - Ele Eu - Redenção - Você Eu - Redenção - Tu
Salvar-nos juntos
Dar
implica sacrificar-me
Laing, Tarkovsky
Platão, Confúcio
Receber
implica esvaziar-me
Nan –in, Frankl
Partilhar/Apropriar-se Alienar /Revoltar Reconciliar/Condenar
Ser ou não ser individualista Violar/libertar a consciência tu confirmas ou negas o meu
sentido da vida
(-) utilitarismo, egoismo (-) Frankenstein, Homem (-) Escravatura, autismo,
(+) Buber, Aristóteles, Platão, invisível, Rochefoucauld (+) Dag H., Anne Frank,
Morus, levinas (+) Mandela, Shawshank Edith Stein, Abraão,
5. Cap 9 Orientação eu tu
§1 centralidade do (10) sujeito – após (9) ser – coisas - pessoa, outro , corpo CRL (voegelin)
§2 pessoa Dinossauros recusar o reconhecimento ralph ellison ―homem invisível‖
1. de baixo - Frankenstein, skinner, huxley,
2. de cima Big brother, zamyatin, orwell
3. Reemergir dos escombros goulag, frankl, orwell, camus 3.ª fase, filósofos da consciência,
§3 método separa a sintonia com ordem, Cada método é apenas uma antecipação heurística de relações entre
pessoas e comunhões a ser preenchida por observação de dados
Estrutural - Antecipação de estrutura constante pessoas e comunhões
Desenvolver Antecipação de sequência relacionadas de mudanças nas pessoas e comunhões
Diagnóstico – antecipação que as relações pessoas e comunhões e mudanças só negativamente inteligível
Terapêutico – antecipação eu falta de sentido é ultrapassado por decida ao fundo entre pessoas e comunhões
§4 TESE - eu tu - pessoa virada para outro – é o ponto de viragem para belo, verdadeiro e bom
1 Conversão estética – de sentimentos dispersos para focados – liliana arte liberta de mera utilidade.
2. conversão intelectual – de aparência a verdade através de diálogo- frankl, buber
3.conversão moral de narcisso a comunhão
33,Eu virado a outro –Buber Stein Etty
Abertura pessoal
a) Afectiva abertura – crianaças primitivos.
b) B) Personalidade efectiva- sabio da tudo tao te chign
c) C) personalidade constitutiva- intimidade – giovanni, kateben
6. Cap 9 Orientação eu tu
§ 5 – ANTITESE Alienação de pessoa – recusa de relação e solus ipse sum- só eu existo
5.1. IMPASSES de feio, mentira, amor
Desvio estético – sentimento perdidos esquizofrenia - dupla personalidade
Desvio intelectual – significados distorcidos – escotose, decepção,
Desvio moral liberdade distorcida –rochefoucauld
- Desorientação ou aversão a beleza bem e belo
5.2 Sindromas de desorientação pessoal correlacionar estas desorientações
5.3 desunião debaixo
5.3. A) Eu auto excomungado - Jung, Pessoa
5.3. B) CLAUSURA e DESPERSONALIZAÇÃO Pessoal a) pessoa autismo betelleheim - b)
pessoa engana-se a si mesmo – camus . c) pessoa fecha-se em em si
§ 6 SINTESE pessoa volta a casa:
1 Catarses – tu destrinças os meus sentimentos – psicanalise ajuda laing
2. Saber pela dor - tu clarificas o meu sentido da vida A - tragédia grega
3. Arrepender – tu focalizas a minha liberdade – dostoievsky- pessoa
7. CAP DEZ Nós - Humanidade Universal
Orientado para nós. Tu e Nós, equivalente a sintonia com todo, tragedia grega, Sócrates e
representante em Platão, Aristóteles e busca do fundamento do ser, em homonoia, s.joão e trindade,
unidade de Soljhenitsyin. Trindade
1 Heurística de pessoas em comunidade
2 Estrutura agonista dar receber unir
O outro como diferente
Em comum com o outro etty
3. estrutura agonista mais funda mais dar receber unir
O exemplo do ensino
4 estrutura antagonista dominar ser dominado alienar
Outro diferente
Nada em comum com o outro
5 estrutura protagonista
Perdoar ser perdoado reconciliar
8. Martin
Buber
(Viena, 8 de
Fevereiro de 1878 -
Jerusalém, 13 de
Junho de 1965)
era filósofo,escritor
e pedagogo, de
origem austríaca, e
inspiração sionista.
Martin Buber
9. Martin Buber. Des/Encontro 1
De acordo com seu biógrafo, Maurice Friedman, a
experiência decisiva da vida de Martin Buber, que mais
tarde veio a descrever como ―desencontro‖ aconteceu
quando sua mãe abandonou a família, tinha ele 4 anos.
Falando na varanda de sua casa, perto de Lvov, nessa
ocasião, a sua irmã apenas alguns anos mais velha, disse-
lhe:' Não, ela nunca regressará‖. "
Muitos anos depois, Buber escreveu: ―Suspeito que tudo
o que aprendi no decurso da minha vida sobre o encontro
genuíno, nasceu em primeiro lugar naquelas horas na
varanda. '(Friedman. 1982, p.5)
10. Martin Buber. Relação Eu Eles
A relação Eu Eles:
―Se eu entrar num autocarro, após estar na fila no
meio da multidão, a minha relação com quem espera
pode limitar-se a pensar se serei capaz de entrar ou
não. Não sei quem são essas pessoas ... e nem o que
fazem, além de todos quererem entrar para o
autocarro.‖
11. Martin Buber. Eu Você
2) A relação Eu Você:
―Depois de eu chegar ao autocarro, tenho de dar
dinheiro ao cobrador, a troco de um pedaço de
papel. Este ser humano eu reconheço, pois veste um
uniforme, e mais importante, usa o autocarro, pois se
ele me pedisse dinheiro lá fora eu não lho daria. Ele
reconhece-me como um passageiro, assim como eu o
reconheço como condutor. São relações Eu / Você,
onde "você" é utilizado para um encontro em termos
de papéis limitados e especializados.‖
12. Martin Buber relação Eu Tu
3) A relação Eu Tu:
―Eu posso descobrir, para minha surpresa e alegria que
o meu melhor amigo também está no autocarro. A
minha relação com ele ou ela não é a mesma que eu
tenho com cada pessoa em geral, nem se limita a
uma função específica. Relacino-me com o meu
amigo como com uma pessoa. É esse tipo de
relacionamento que é de Eu e Tu.‖
13. Buber – Eu e Tu
―A base da vida humana é dupla, e é una... o desejo de todo o ser
humano de ser confirmado por pessoas omo quem é, mesmo
quanto a quem ele se pode tornar...e a capacidade inata no ser
humano para confirmar o seu semelhante, deste modo... O
crescimento mais íntimo do eu não é feito .. na relação do ser
humano consigo mesmo, mas na relação com o outro .. . na
apresentação de outro e no conhecimento de que cada um se
apresenta a si próprio através de outro ... O ser humano deseja
ser confirmado no seu ser por outro ser humano, e deseja
estar presente no ser de outro ... Ele anseia por um Sim que
lhe permita ser e que só lhe pode chegar através de um outro
ser humano.‖
O Conhecimento do Ser humano (1965, p.71):
15. Martin Buber escreveu em O Conhecimento
do Ser humano 1965
―A base da vida humana é dupla, e é una... o desejo de todo
o ser hum ano de ser confirmado como quem é, mesmo
quando o que ele pode se tornar, por homens, e a
capacidade inata no ser humano para confirmar o seu
semelhante, deste modo... O crescimento mais íntimo de si
mesmo não é feito .. na relação do ser humano consigo
mesmo, mas na relação com o outro .. . na apresentação
de outro eu e no conhecimento de que cada um se
apresenta a si próprio através de outro ... O ser humano
deseja ser confirmado no seu ser por outro ser humano, e
deseja estar presente no ser de outro ... Ele anseia por um
Sim que lhe permita ser e que só lhe pode chegar através
de um outro ser humano.”
17. O outro como diferente 2.4
EXEMPLOS SEGUINTES
R. D. Laing relata a disposição de uma enfermeira
psiquiátrica para entregando-se ao paciente
Nan-in ensina um professor - através do exemplo
negativo - que receber significa auto-esvaziar-se
Buber recorda um incidente em que ele não
conseguiu acolher outra pessoa.
18. R. D. Laing: dar é não ser eu 2.4.1
A enfermeira deu ao doente uma taça de chá. E a doente, uma
psicótica crónica, disse ao receber: ‗É a primeira vez na vida
que alguém me deu uma taça de chá.' .. .
É a coisa mais simples e mais difícil do mundo alguém dar, de
facto e não apenas na aparência, a uma outra pessoa, sendo
realmente o seu próprio eu, e não apenas na aparência, um
copo de chá, de verdade, e não apenas na aparência.
O doente está a dizer, que muitas taças de chá passaram pelas
suas mãos ao longo da vida, mas que, verdadeiramente, nunca
lhe tinha sido oferecida uma taça de chá.
(Laing, 1969, p. 89)
19. 9.4 Dar - Tao te Ching (c.500 a.C.)
―O sábio não acumula. Ao ter oferecido tudo o que tem aos
outros, ele tem ainda mais. Tendo dado tudo de si aos outros,
ficou ainda mais rico!. (1971, p. 143)
Num texto que moldou a civilização chinesa desde há 2500
anos Lao Tsé comenta, talvez, o seu próprio acto de partilhar
uma vida inteira de sabedoria
Quererei eu ajudar os outros, e dar a minha contribuição à
sociedade? Estarei eu consciente da minha estranha situação
de ser ao mesmo tempo único, e parte de uma grande família,
a humanidade ? Terei uma responsabilidade para com essa
comunidade universal? Experimentarei alguma alegria se agir
em benefício dos outros?
20. 9.4 Virado para o outro -Arte
Liliana Cosi
Como se orienta um artista ou atleta? Liliana Cosi, ex-primeira bailarina
no La Scala, fala da dolorosa disciplina exigida aos artistas:
―Todos os movimentos de uma bailarina no palco são contra a
natureza. Cada posição tem seu preço ... O mais difícil arabesco para
mim, é o que mais bonito parece aos espectadores. Um dia ao ver
dançar Margot Fonteyn, perguntei-lhe: 'Por que colocou a sua perna
nessa posição para esse movimento? " Ela respondeu-me:"Porque é o
caminho mais difícil " Não havia outro motivo. E esta é a fonte da beleza
da nossa arte ... A dança é verdadeiramente uma arte que une a terra e o
céu: une o cansaço muscular, como o de um estivador, à expressão da
mais profunda vida interior‖ (1976, p.. 89 e ss...)
Tal como os artistas disciplinam os seus sentimentos, imaginação e
expressão, a fim de se transformarem através das suas obras, cada um
de nós pode conduzir sentimentos, imaginação e ação, para serem
expressão de quem somos, orientados para os outros e a comunidade.
21. 9.4. 1.1 Beleza e objeto
A arte - seja a fruição da arte seja a criação artística - é uma das
maneiras de des-instrumentalizarmos os nossos sentidos, libetá~los
do lixo que nos rodeia e deixando-nos livres para eleger o nosso
próprio horizonte. O som em vez de ser ruído, pode ser
transformado em música, deixando o ouvido livre para desfrutar os
sons a seu bel-prazer. A cor pode encantar através da pintura, o
movimento pode ser posto em liberdade pela dança. O espaço pode
tornar-se uma celebração através da escultura e da arquitetura.
Cada bairro com as suas praças, parques, igrejas, mercados, lojas e
cafés, é uma possibilidade de reunião e associação. O tempo pode
ser celebrado na memória de um povo, ao reviver a sua história. E
podemos desfrutar da linguagem através da poesia e da literatura,
pois como Paul Valéry, dizia "a poesia é a linguagem a nascer, a
língua a tornar-se livre"
(Felstiner, 1995, p.77)
23. 9.4 Virado para o outro - Diálogo
O que a vida espera de nós – 1 Victor Frankl
―Um dia, no campo, duas pessoas sentaram-se à minha frente,
e ambas disseram que se queriam suicidar. Ambos usaram
uma frase que era corrente no campo: ―Nada mais espero da
vida." Pareceu-me um requisito essencial que ambos
experimentassem uma reviravolta à Copérnico, de tal forma
que deixassem de perguntar o que poderiam esperar da vida,
mas que ficassem conscientes do facto que a vida esperava
algo deles, que para cada um deles, e de facto para todos nós,
alguém ou alguma coisa estava à espera, fosse um trabalho a
ser feito ou uma pessoa que nos aguardava ... Na consciência
de cada ser único, alguém estava presente, estava lá invisível,
nem sabíamos se ainda viva, mas ainda presente e disponível,
e "lá" como o Tu do diálogo mais íntimo ... A quem ocupava
essa posição, a coisa mais importante seria perguntar, O que
espera ele de mim, isto é, que tipo de atitude me é exigido?‖
25. Edith Stein
nasceu na cidade
de Breslau –
Alemanha a 12 de
Edith Stein outubro de 1891
em uma família
Como professora, junto judia. No dia 7 de
de suas jovens alunas, agosto de 1942 –
Edith elaborou métodos Edith, sua irmã
de educação Rosa e centenas
inovadores, que além de homens,
de atrair e interessar as mulheres e
moças pelo estudo e crianças, subiram
conhecimento, a bordo do
contribuíam para sua comboio para o
formação moral e campo de
espiritual,. extermínio de
Auschwitz. Edith
e Rosa foram
mortas na
câmara de gás,
poucas horas
depois de
chegarem.
26. Edith Stein
Mas há uma outra dimensão do Tu que Edith Stein
descreveu no final de Ser terminal e interminável [1936]:
―O enigma do Eu permanece. Porque o Eu deve receber o
seu ser de outro, e não de si mesmo. Eu não existo em
mim mesmo, e por mim mesmo, nada sou. Em cada
momento estou diante de nada, de modo que em cada
momento eu devo ser dotada de novo com ser ... sendo
esta nada meu, este frágil ser recebido, está sendo .. .
Tem sede não só pela continuação infinita do seu ser,
mas pela plena posse do ser. (1988, p.92)
27. Edith Stein
A questão da existência pessoal não pode ser
respondida simplesmente pelos meus pais, que me
deram a base biológica da minha existência, mas não
fundaram a minha existência como pessoa. A
questão permanece, por que sou eu, porque existo
como uma pessoa única?
Ao mesmo tempo que revela a humildade da
existência pessoal, Stein indica a sua capacidade de
transfiguração pela participação na fonte pessoal
transcendente. Seria inconcebível que um ser pessoal
poderia constituir-se em existência por um ser que
fosse menos que realidade pessoal.
28. 9.4 Kierkegaard - O D. Juan, de Mozart
―Quando laçamos uma pedra sobre a superfície da
água, ela saltita levemente durante algum tempo,
mas assim que deixa de saltar, instantaneamente
afunda-se nas profundezas. Assim dança D. Juan
sobre o abismo, eufórico durante breves momentos.‖
(1959, p.129)
30. 9.5 Alienação da pessoa humana
Pavel Florensky diagnosticou a desintegração pessoal, em The Pillar and The
Ground of Truth [1914], como "a afirmação do eu que se recusa a relação com o
outro ... a insistência em não ir além de si mesmo ... A defesa da própria auto-
suficiência que faz a pessoa ídolo "de si mesmo" ... o inferno refere-se a esta
laceração infernal da realidade, [onde] cada um diz:. Solus ipse sum" [Só Eu
existo] (1974, pp.228, 266)
Para investigar esta noção de desintegração, entendida como a recusa de
relação, podemos reverter a noção de estrutura e falar de:
# 1: A desorientação básica ou aversão à beleza, bondade, verdade, que
chamaremos de becos sem saída da falsidade, fealdade, o mal.
# 2: Aos vários padrões ou correlações destes desorientações chamaremos
síndromes de deformação pessoal. ... .
# 3: O princípio de desunião subjacente à desorientação e seus síndromes é a
pessoa a recusar o relacionamento genuíno.
Em conjunto, # # 1-3 constituem a de-estrutura da pessoa humana e
proporcionar uma técnica de diagnóstico do amor-próprio e auto idolatria.
31. François de La Rochefoucauld
Moralista francês, nasceu em Paris
a 15 9 1613 e morreu a 17 3 1680.
La Rochefoucauld foi um dos introdutores
do género de máximas e epigramas, escrevendo
textos de profundo pessimismo. Seu livro, "Reflexões
ou sentenças e máximas morais", apareceu em 1664.
Espírito cáustico, atribui ao amor-próprio um papel
preponderante na motivação das ações humanas.
Todas as falsas virtudes têm a movê-las o egoísmo e
a hipocrisia. A necessidade de estima e admiração
está por trás de toda manifestação de bondade e
gratidão. Ele é um pessimista desencantado.
32. 9.5 La Rochefoucauld – L’amour propre [1]
Um dos diagnósticos mais penetrantes do amor
próprio, da obstinação radicalmente fechada do eu e
do seu uso e abuso da personalidade dos outros
deve-se a La Rochefoucauld, um moralista francês da
corrente inaugurada por Pascal.
La Rochefoucauld desmascara a sociabilidade
superficial na sociedade francesa aristocrática do séc.
XVIII como uma manipulação egoísta dos outros e
com carácter auto-destrutivo
33. 9.5 La Rochefoucauld – L’amour propre [2]
―O amor próprio é o amor de si mesmo e de todas as coisas em
termos de si mesmo, e faz dos homens adoradores de si
mesmos e torná-los-ia tiranos sobre os outros, se a fortuna
lhes desse os meios. Nunca pára para descansar fora do eu e,
tal como as abelhas sobre as flores, só se detém em alguém
exterior a fim de extrair o que serve as suas
necessidades. Nada é tão veemente quanto os seus desejos,
nada tão oculto como os seus objectivos, nada tão desonesto
como os seus métodos ... Ninguém consegue sondar as
profundezas ou perfurar a escuridão do seu abismo em que,
escondido aos olhos mais penetrantes, executa de modo
imperceptível mais de mil voltas, muitas vezes invisível até
para si mesmo e, sem saber, concebe, alimenta e executa uma
vasta prole de afectos e ódios‖. 1967. p. 107
34. 9.5 La Rochefoucauld – L’amour propre [3]
"Estamos tão acostumados a nos disfarçar dos outros
que acabamos por disfarçar-nos de nós mesmos"
(1967, p.50), A última palavra sobre a decepção
fundamental da amor próprio, na sua consciência
sufocada de um bem não alcançado:
―Este é o retrato do amor próprio, cuja existência
inteira é uma longa e incessante actividade. Pode ser
adequadamente comparado ao mar, cujo incessante
fluxo e refluxo das ondas é um retrato fiel da
sucessão da turbulência dos seus pensamentos e das
suas eternas inquietações. (1967, p. 109)
36. Hegel
No início de seus 11 e la Trinita Negativo: Ipotesi su Hegel, Piero Coda cita
duas observações de Hegel. A primeira observação é a partir do Lições
sobre a Filosofia da Religião: "A morte de Cristo é o ponto central em
torno do qual tudo gira."
A segunda é de Lições sobre a Filosofia da História: "Aquele que não sabe
de Deus que ele é Trindade, nada sabe sobre o Cristianismo. Este novo
princípio é o eixo em torno do qual gira a história do mundo. "(1987, p.5)
Cyril O'Regan em Hegel heterodoxo (1994) mostra a independência de
Hegel, bem como dependência da matriz de experiência cristã . Ainda que a
matriz dos interpersonhood trinitária, subjacente a dialética de Hegel
Mestre-Escravo central, é central para a experiência ocidental.
37. O senhor e o escravo
O filósofo Hegel descreveu numa das célebres passagens da
fenomenologia do espírito, a dialéctica do senhor e do
escravo que descreve a luta pelo reconhecimento...
O escravo é aquele que nada tem de seu, senão o trabalhar
para o senhor. E este possui todas as coisas do mundo,
exceto o reconhecimento do escravo.
Chegará o dia em que se enfrentarão, olhos nos olhos, e se
nesse dia, o senhor não vir o escravo submisso nos seus
olhos, é porque este iniciou um processo de revolta que
vencendo muitos obstáculos e através de mutas peripécias e
esforços levará a uma inversão das posições.
Um dia, quando o escravo se assenhorear do seu destino,
romperá as cadeias da submissão ao senhor e se libertar
para uma existência mais digna. Só o modo como o escravo
se liberta decide da sua existência futura.
38. 9.2 Frankenstein .
Desumanidade “vinda de baixo” 1
O desejo de dominar e controlar o mundo natural é
exacerbado quando se tenta aplicar os métodos das
ciências naturais à ―produção‖ de seres humanos.
A obra de Mary Shelley, Frankenstein, or A Modern
Prometheus [1818] pode ser lida como o estudo de um
"cientista" desequilibrado e obcecado com o poder.
―A suposição popular de que a ciência matemática
natural é o modelo da ciência, e que quem não consegue
empregar o seu método não é científico, não é uma
declaração da ciência matemática, nem de qualquer
outra ciência, mas sim um dogma ideológico do
cientismo. (Eric Voegelin, Anamnese, 1990a, p.178)
39. 9.1 O corpo e o rosto
O corpo humano pode ser compreendido como uma
coisa abstraída pelas ciências naturais, da física até à
zoologia. Esta compreensão abstrai da existência
imediata do corpo da pessoa, não como coisa que eu
tenho, mas a expressão concreta da minha
existência. Esses significados, físico, químico, biológico,
fisiológico, sensorial e neural dos nossos corpos
concorrem para um significado pessoal. É a
personificação de uma pessoa orientada para o outro.
Existe uma vasta gama de articulações da corporeidade
humana por Merleau Ponty, Levinas e João Paulo II.
(1985) O corpo humano é de uma pessoa que tem como
orientação constitutiva da sua existência, a participação
na realidade pessoal absoluta, tal como a linguagem, a
expressão mais elevada do corpo.
40. O sádico
É sádico quem quer apropriar-se da liberdade
transcendente da vítima. Mas esta liberdade
continua fora do alcance.
Quanto mais o sádico persiste em tratar o outro
como um instrumento, mais a liberdade dele lhe
escapa ...
O sádico descobre o erro quando a vítima o olha,
isto é, quando experimenta a alienação absoluta
do seu ser na liberdade do Outro...
41. 9.2 BIG BROTHER
Desumanidade “vinda de cima"
Despersonalização ―vinda de baixo‖ - Quem abusa da ciência
natural - como fez Victor Frankenstein - e absolutiza os
componentes físicos e biológicos dos seres humanos contra a
liberdade e dignidade da pessoa, pratica a ideologia positivista,
behaviorista e cientificista
Despersonalização -―vinda de cima― - Ocorre quando são
absolutizadas realidades como Raça, Classe, Estado, Nação,
Império, História. O comunismo, nazismo, fascismo e tentaram
justificar isto com a felicidade para todos.
Para Platão, a sociedade é o ser humano escrito em letras
grandes, ou seja, é constituída por pessoas,
Para o Big Brother, o ser humano é a sociedade escrita em letras
pequenas, com pessoas sem individualidade.
42. 9.2 - 1984, George Orwell
1984 é um livro de George Orwell baseado no Nós de
Zamyatin, em que o Big Brother domina os membros
do Partido. Ambos as ficções chamadas distopias
mostram os males de estados totalitários como sejam
o comunismo, o fascismo e o nazismo.
O problema de uma sociedade perfeita é só um: não
existe. É uma utopia. Tal como o esquizofrénico luta
para se proteger de mundo ilusório das devastações
da realidade, da mesma forma os membros dos
partidos utópicos têm técnicas de decepção para
manter a mentira ideológica.
44. Sadismo e masoquismo
O sadismo usa a sua liberdade para querer dominar
mas assim mostra a futilidade da vontade de poder,
cujo sucesso depende de eu destruir a personalidade
do outro, o que está fora do controlo do sadista.
Da mesma forma, o masoquista deseja ter a
personalidade destruída pelos outros, e esse desejo
de abdicar de sua humanidade é a única expressão
da sua liberdade de que ele abusa.
45. O masoquista
Masoquismo, tal como o sadismo, é uma
confissão de culpa. O masoquista nega a sua
própria transcendência, não a do outro. Não
pretende capturar a liberdade do outro, mas
deixa-a ser radical.
Quanto mais o masoquista se sente ultrapassado,
mais usufrui da sua abdicação. É culpado, devido
ao fato de ser um objeto, e é culpado porque
consente na alienação. É culpado em relação ao
Outro, porque lhe dá a ocasião de ser culpado, e
de desperdiçar a liberdade.
46. 9.2 Zamyatin Nós
Yevgeny Zamyatin, escreveu Nós em Petrogrado em 1920.
Como romance anti-utópico é um diagnóstico
infalível. Abre com um anúncio:
―Em 120 dias a construção da Integral será concluída. O
grande momento histórico está perto quando a primeira
Integral subir ao espaço universal. ‖
No início da história, eu, o indivíduo, é = Nós, o Estado, de
modo que D503, o construtor da Integral, é totalmente
identificado com o Estado. Mas através do contato com os
citas selvagens além do muro, e através do amor por I-330 -
uma mulher "número― - D-503, começa a desenvolver-se
como pessoa, e os agentes do Benfeitor querem-no destruir.
47. 9.3 Humanidade sob os escombros
O que Walsh chamou de "vácuo espiritual" no cerne da
"experiência do moderno e seu mito de Prometeu" (1995,
pp.3, 9), que resultou na morte de mais de 100 milhões de
pessoas em nome do progresso em nosso século , tem
provocado uma recuperação notável de pessoa profundidade
por escritores como Anna Akhmatova, Saul Bellow, Osip e
Nadezhda Mandelstam, Percy Walker, Solzhenitsyn,
filósofos como Buber, Camus, Lonergan, Levinas, Marcel,
Ricceur, Rosenzweig, Taylor, Voegelin,
compositores - Henryk Gorecki, Arvo Part, John Taverner
Realizadores -Kryzsztof Kieslowski, Ermanno Olmi, Andrey
Tarkovsky, Andrzej Wajda.
48. 9.5 La Rochefoucauld – L’amour propre [1]
Um dos diagnósticos mais penetrantes do amor
próprio, da obstinação radicalmente fechada do eu e
do seu uso e abuso da personalidade dos outros
deve-se a La Rochefoucauld, um moralista francês da
corrente inaugurada por Pascal.
La Rochefoucauld desmascara a sociabilidade
superficial na sociedade francesa aristocrática do séc.
XVIII como uma manipulação egoísta dos outros e
com carácter auto-destrutivo
49. 9.5 La Rochefoucauld – L’amour propre [2]
―O amor próprio é o amor de si mesmo e de todas as coisas em
termos de si mesmo, e faz dos homens adoradores de si
mesmos e torná-los-ia tiranos sobre os outros, se a fortuna
lhes desse os meios. Nunca pára para descansar fora do eu e,
tal como as abelhas sobre as flores, só se detém em alguém
exterior a fim de extrair o que serve as suas
necessidades. Nada é tão veemente quanto os seus desejos,
nada tão oculto como os seus objectivos, nada tão desonesto
como os seus métodos ... Ninguém consegue sondar as
profundezas ou perfurar a escuridão do seu abismo em que,
escondido aos olhos mais penetrantes, executa de modo
imperceptível mais de mil voltas, muitas vezes invisível até
para si mesmo e, sem saber, concebe, alimenta e executa uma
vasta prole de afectos e ódios‖. 1967. p. 107
50. 9.5 La Rochefoucauld – L’amour propre [3]
"Estamos tão acostumados a nos disfarçar dos outros
que acabamos por disfarçar-nos de nós mesmos"
(1967, p.50), A última palavra sobre a decepção
fundamental da amor próprio, na sua consciência
sufocada de um bem não alcançado:
―Este é o retrato do amor próprio, cuja existência
inteira é uma longa e incessante actividade. Pode ser
adequadamente comparado ao mar, cujo incessante
fluxo e refluxo das ondas é um retrato fiel da
sucessão da turbulência dos seus pensamentos e das
suas eternas inquietações. (1967, p. 109)
52. 9.5.2 Síndromes de desorientação pessoal
A Esquizofrenia é um dos exemplos de distorção emocional enraizada na má
percepção dos outros. Silvano Arieti, descreve-a como ―... uma reação específica
a um estado extremo de ansiedade, originário da infância, e reativado na vida
por fatores psicológicos. (1955, p.384)
1. O doente começa por lutar entre o mundo real e o mundo dos seus sintomas,
a sua tentativa de cortar com os sentimentos e respostas ao mundo real não
basta para evitar que continue a sofrer de ansiedade.
2. Para evitar a ansiedade da crescente ameaça da realidade, o doente constrói
um "mundo" de delírios que pode ser preenchido com pessoas imaginárias. A
luta "entre a realidade e a doença acabou. .. Sente-se que o paciente regrediu
para um nível inferior arcaico. "(1955, p.379f.)
3. Em nível inferior ao mundo delirante, regride à acumulação primitiva - para
garantir objetos que não vão mudar - e hábitos auto-decorativos. Assim, o
mundo é limitado não por outros imaginários, mas por coleções de coisas, que
esconde no armário ou debaixo da cama.
4. Na fase final, o paciente se agarra a uma 'segurança'. ainda mais limitada e
de curto prazo : agarra alimentos ou engolir o que pode obter como colheres,
panos, etc. A este nível, o paciente pode tornar-se quase completamente
insensível à percepção.
53. 9.5.2 Síndromes de desorientação pessoal
Definição de esquizofrenia em Arieti
Reação específica que consiste na adopção de mecanismos mentais
arcaicos, que pertencem aos níveis mais baixos de integração. Na
medida em que o resultado é uma regressão, mas não uma integração
em níveis mais baixos, o desequilíbrio faz com que se engendre nova
regressão, por vezes, para níveis ainda mais baixos do que aquele em
que certas percepções são possíveis.‖ (1955, p.384)
Os psiquiatras, ao lidarem com pessoas que sofrem de esquizofrenia,
dizem que, como em todas as desorientações, a tragédia é a de um
colapso sustentado do relacionamento no nível do sentimento e da
fantasia. "Eu estou morto de certo modo. Separei-me das outras pessoas
e fechei-me em mim mesmo... Tens de viver num mundo com outras
pessoas. Se não o fazes, algo morre dentro. '(R D Laing, 1966, p.133)
54. 9.5.2.1 O eu - Jung 1
Carl Gustav Jung foi um
psicanalista suíço do séc. XX.
Em Memórias, Sonhos, Reflexões,
publicadas em 1962, um ano após a
sua morte, aos 85 anos, descreve a dificuldade de ter
boas relações com os pais, os companheiros de escola,
com a natureza, com o trabalho, com a religião e consigo
mesmo. Em vez de superar essas dificuldades, parece ter
preferido o seu eu exclusivo que se tornou a medida de
todas as coisas, levando-o a uma auto-excomunhão.
55. 9.5.2.1 O eu auto excomungado - Jung 2
―Estou surpreendido, desapontado, satisfeito comigo
mesmo. Estou angustiado, deprimido, arrebatado. Sou
todas essas coisas ao mesmo tempo, e não consigo
realizar a soma. Sou incapaz de determinar um valor
final ou a inutilidade, e de fazer um juízo sobre mim e
sobre minha vida. Não há nada de que eu esteja muito
certo. Não tenho convicções definidas, nem convicções
sobre coisa nenhuma, realmente. Sei apenas que nasci e
existo, e parece-me que tenho sido arrastado… Parece-
me que aquela alienação que tanto tempo me separou do
mundo, se transferiu para o meu próprio mundo interior,
e me revelou um inesperado desconhecimento de mim
mesmo. ―
(Autobiografia, Conclusão, 1972, p.391.)
56. 9.5.3 Autismo [1] Bettelheim
Bruno Bettelheim (Viena, 28 de Agosto de 1903 — 13 de Março de
1990) foi um psicólogo judeu norte-americano
A condição conhecida como autismo é um dos mais
claros exemplos do fechamento psiquiátrico das
pessoas. As crianças autistas são geralmente
incapazes de participar numa comunidade. Essa
incapacidade é evidente pela sua dificuldade em usar
os pronomes pessoais, tais como ‗eu',‗tu', e nomes
próprios, ou não jogar uma bola com outra pessoa ,
ou utilizar uma serra ou outro instrumento em
conjunto. ( Bettelheim, 1 972, pp.433ff.)
57. 9.5.3 Autismo [2] Bettelheim
Em vez de considerar o autismo como ausência de relacionamento,
Bettelheim analisa-o como a retirada da criança em pânico do
relacionamento com os outros. Por detrás da fortaleza apática existe
um vazio de amor, que vem antes de o ego da criança ter começado
a diferenciar com o uso da linguagem. Falando desta apatia, diz
Bettelheim:
―Sempre que penetramos nela, encontramos ódio, extremo e
explosivo. E por trás do ódio está sempre o desejo, eternamente
frustrado, mas presente; um desejo agora profundamente
encapsulado na repressão, de modo a evitar que atinja a dor
insuportável consciência‖ (1972, p.90).
A recusa da criança autista em usar pronomes pessoais é uma
expressão da sua "recusa total para se envolver no mundo', que
parece sempre implicar uma grande dor.
―Se o ‗eu' realmente não existir, então não pode ser destruído. Este
significado de auto-proteção de evitar a ‗eu', parece-me mais
importante que qualquer outra proteção. (1972, p.428)
58. 9.5 Proust, fechamento
Na biografia de Proust, George Painter relata uma
conversa entre o escritor e um seu conhecido que
subira na escala social. O conhecido perguntara:
―Acha que mudei muito nos últimos cinco anos?‖
Proust respondeu: 'Sim, está menos ". "Mas menos o
quê? Menos inteligente? ‖ ―Não …‖ ―Menos boa
aparência? " Não. Apenas menos.‗‖ (1977, p.251)
A questão é que o fechamento da personalidade cerra o
acesso aos outros.
59. 9.5 Max Stirner, O Eu e a sua Propriedade
A literatura do isolamento foi antecipada na sua revolta e inconclusividade
final, por Max Stirner, O Eu e a sua Propriedade [1845]. Embora pouco
profundo, Stirner captou os limites do fechamento:
―Eu sou o dono do meu poder, e eu sou assim quando me conheço como
único. No único o próprio dono retorna ao seu nada criativo, do qual
nasceu. Qualquer essência superior a mim, seja Deus, seja homem, enfraquece
o sentimento da minha unicidade e empalidece perante o sol da minha
consciência. Se eu me concentrar em mim mesmo, o único, então a minha
preocupação recai sobre o seu criador, transitório e mortal, que se consome a si
mesmo, e eu posso dizer: ‗Assentei meu caso em nada' (1971, p.261)
A literatura dos anos de meados do séc. XX testemunha, em diferentes
níveis, a frequencia desta experiência de fechamento. Piranesi- Carceri,
Das Schloss, de Kafka [= 'bloqueio' e "castelo"], O julgamento, e "Na
Colônia Penal", Huis Clos de Sartre, J Beckett à Espera de Godot, etc.
(cf.Voegelin, 1990b, p. 163) Como observou Voegelin, "o ser humano
moderno tornou-se um maçador."
61. Ralph Ellison O homem invisível
“Sou um ser humano invisível. Não, eu não sou um
fantasma como os que assombravam Edgar Allan Poe
.. . Eu sou um ser humano de substância, de carne e
osso, fibra e líquidos, e eu poderia até dizer que possuo
uma mente. Sou invisível, compreendam,
simplesmente, porque as pessoas se recusam a ver-me
... Quando se aproximam de mim, só vêem o meu
entorno, elas ou as invenções da respectiva
imaginação... A invisibilidade a que me refiro ocorre
devido a uma disposição peculiar dos olhos das pessoas
com quem entro em contato. A questão é a construção
de seus olhos interiores, aqueles olhos com que eles
olham através de seus olhos para a realidade física
(Ellison, 1952, p: 7).
62. Ralph Ellison O homem invisível
Para Ser humano Invisível Ralph Ellison, a sua
humanidade era invisível aos olhos de muitos dos
contemporâneos porque a sua pele era negra. Por que
é que tantas vezes não vejo a ti, mas a minha imagem
de ti? Ou tantas vezes não comunicam-se, mas a sua
projeção do que pensa sque eu quero ver? É verdade
que eu não posso realmente ser eu mesmo em meu
próprio, que sou mais eu em relação com outras
pessoas?
NOTAS Sobre 'exterioridade' ver Levinas, Totalite et
Infini: Essai sur l 'exteriorite, 1968. Cf.. ch. L 'Pessoa
profundidade ", de Joseph McCarroll Jornada para o
Centro da Pessoa, 1986.
63. Revolta
Quem se recusou a ser dominado,
mesmo à custa da liberdade física,
foi Booker T. Washington, um
escravo nascido no Sul dos EUA.
Perguntaram-lhe por que nunca respondia nos
mesmos termos aos insultos racistas que lhe dirigiam
por ele ser porta-voz dos direitos civis dos negros.
Ele respondeu: 'Eu recuso-me a permitir aos outros
que diminuam a minha alma, fazendo com que os
odeie."
65. Arrependimento
3) Recentrar a minha liberdade
distorcida
Crime e Castigo de Dostoievski descreve a
mudança que ocorre em Raskolnikov durante
sua prisão na Sibéria. Esta mudança afeta a
sua liberdade "subjetiva" e o seu amor
"objetivo", e ocorre por causa da relação com
Sonya.
Em primeiro lugar, há a inversão do desamor
ou falta de liberdade que consiste na
desorientação da capacidade de escolha
moral. Isto implica sair da recusa de amar os
outros, Deus, o mundo, e também a si mesmo
e começar a amar novamente. Apesar de
Raskolnikov atravessar os movimentos de
arrependimento no seu julgamento, o
arrependimento foi muito limitado pela sua
oscilação entre o orgulho da sua capacidade
intelectual superior, e os pensamentos
suicidas decorrentes da sua humilhação ao
confrontar-se com o que era apenas "um
quadro jurídico‖.
66. 9.6 Dag Hammarskjold
Dag Hammarskjold, Secretário Geral da ONU, que
aparentemente foi assassinado durante uma missão
de paz durante a guerra civil no Congo ex-belga
apresenta um poema a como reconciliar inimigos.
67. 9.6 Regresso a casa -Dag Hammarskjold
A estrada, tens de a seguir
A diversão, tens de a esquecer
A taça, tens de a esvaziar
A dor, tens de a esconder
A verdade, tens de a dizer
O final, tens de o suportar.
(Dag Hammarskjold, 1969, pp.167, 185F.)
68. 9.6 Regresso a casa Johannes Bobrowski,
A palavra Humano, como vocábulo,
classificada onde pertence
no dicionário:
entre Homem
e Humanidade.
A cidade
antiga e nova
bem movimentada, com árvores
também
e carros, aqui.
Ouço essa palavra, esse vocábulo
ouço-a muito aqui, posso
até dizer de quem, posso
começar por aí.
Onde não há amor
não digam essa palavra.
Johannes Bobrowski, Wetterzeichen, Berlin, Union
Verlag, 1968 As últimas palavras do último poema (, p.83)
70. Etty Hillesum
Etty Hillesum nasceu na Holanda e foi enviada
para o campo de concentração de Westerbork e
depois para Auschwitz, onde foi morta em 1943
71. Etty Hillesum
―Muitos ainda são hieróglifos para
mim, mas muito lentamente eu aprendo a
decifrá-los. É a coisa mais linda que eu
conheço: ler a vida das pessoas. Em
Westerbork era como se eu estivesse diante
dos esqueletos nus da vida .. . Gosto tanto das
pessoas porque em todas eu amo uma parte
de ti ... E eu procuro-te em toda a parte nos
Diário no outros e muitas vezes encontro uma parte de
campo de ti... E tento descobrir-te no coração dos
concentração outros ... E agora tenho de fazer tudo
de Westerbork sozinha. A parte melhor e mais nobre do meu
amigo, do ser humano que despertaste em
mim, já está contigo‖ (1983, pp.150, 158)
73. 3.1 A TRAGÉDIA DA COMUNIDADE
Oresteia, de Ésquilo
A Oresteia de Ésquilo, abrangendo as tragédias Agamêmnon, Os
Portadores de Libação e as Euménides, junto com a comédia Proteus,
foi representada em Atenas em 458 a.C., durante o festival de
Dionísio. Jaeger disse que "O papel da polis no drama de Ésquilo é de
suprema importância", (1965, p.471) e Sebba (1969, p.44) e Weber-
Schafer (1976, p.124) anotaram que a polis é o "herói" das Euménides,
que é o ponto culminante da Oresteia. É a expressão insuperável da
tragédia da comunidade que torna Ésquilo tão relevante.
Sobre o papel Ésquilo para desenvolver uma consciência grega da
articulação da natureza do homem e da comunidade especificamente
humana, disse Voegelin: “A experiência da história nasce da
tragédia. Somente quando estão completamente desenvolvidas as
idéias de uma alma completamente humana, da descida reflexiva às
suas profundezas, de uma decisão extraída dessas profundezas, e de
uma ação que é a responsabilidade do homem, é que o significado da
acção trágica pode irradiar e iluminar a ordem da existência humana.”
74. 3.2 A TRAGÉDIA DA PERSONAGEM
Édipo, de Sófocles
Ésquilo e Sófocles estavam conscientes da crise dos mitos provocada
pelo desgaste da substância da comunidade, e pela corrosiva racionalidade
sofística. Sófocles desenvolveu personagens de grande envergadura que
ajudaram a transformar as forças do mito e as ferramentas da racionalidade.
Podemos considerar Édipo, de Sófocles em Édipo Tirano e Édipo em Colona
como ilustrativo do cumprimento doloroso desta lei humana. Logo após o
reconhecimento de Édipo, em Édipo Tirano, o coro chama-o de paradeigma
(1193): é o exemplo clássico da conquista gradual da identidade pessoal ou de
integração humana em resposta ao teste de existência.
A luta de Édipo pela identidade. Gilgamesh, Job, Sócrates, e João Batista, que
no Evangelho de S. João se auto-designa como ouk ego eimi, "não eu sou", e
vive tornando-se "cada vez menos”, são paradigmas equivalente desta lei
trágica do protagonista.
75. 3.3 A tragédia do caos: As Bacantes de Eurípedes
Eurípides está tão afetado pela crise ateniense que não é fácil discernir se era
o seu mais brilhante suporte ou um diagnosticador. (cf.Lesky, 1965,
p.200; Dodds, 1971, p.187; Jaeger, 1965, p.351) Terá desenvolvido uma
sabedoria negativa, sem estar do lado dos deuses, nem das limitações das
crenças tradicionais e das técnicas intelectuais.
Nas Bacantes, encenada em 406 a.C., o drama gira em torno do deus Dionísio
- caso único nas tragédias - a vingar-se do rei Penteu pela revolta contra a
divindade. A vingança conduz o rei à destruição pela sua mãe,
uma frenética bacante, e a tragédia termina com o triunfo de Dionísio.
Dionísio apresenta-se com a propaganda de uma personalidade mediática,
e reivindica uma universalidade vazia e geográfica associada
ao cosmopolitismo dos sofistas: Eu sou Dionísio, filho de Zeus, regressado
a Tebas, a terra onde nasci. Minha mãe era filha de Cadmo, Semele pelo
nome, parida pelo fogo, entregue pelo relâmpago... E aqui estou,
um incógnito deus, disfarçado como um homem ...Atrás de mim estão essas
terras de rios dourados, Lídia e Frígia, onde a minha viagem começou…”