O documento apresenta poemas do escritor brasileiro Tomás Antônio Gonzaga sobre seu amor por Marília de Dirceu. Os poemas descrevem as fases do namoro pastoral e feliz, e depois o sofrimento da separação e distanciamento quando Gonzaga é preso.
2. O Iluminismo
“A saída do homem de sua menoridade de que
ele próprio é culpado.”
Menoridade: a incapacidade de se servir do
entendimento sem a orientação de outrem.
3. Criticar toda crença ou conhecimento.
Usar o conhecimento a fim de melhorar a vida
dos homens.
4. O excesso de desejo sobre nossas capacidades
é a medida da infelicidade.
Racionalismo: a valorização da razão como
instrumento de libertação do homem.
Enciclopedismo: a síntese e difusão do
conhecimento.
5.
6. Os filósofos
• John Locke > o empirismo - o conceito de
tábula rasa.
• Voltaire > “Se Deus não existisse, seria
necessário inventá-lo.”
• Rousseau: "A natureza fez o homem feliz e
bom, mas a sociedade deprava-o e torna-o
miserável."
7. O Culto da Simplicidade.
A Busca pelo Belo – Perfeição – Verdade.
O resgate dos valores clássicos.
O Fingimento poético.
O Pastoralismo e o Bucolismo.
8. Sou pastor; não te nego; os meus montados
São esses, que aí vês; vivo contente
Ao trazer entre a relva florescente
A doce companhia dos meus gados;
9. Torno a ver-vos, ó montes; o destino
Aqui me torna a por nestes oiteiros;
Onde um tempo os gabões deixei grosseiros
Pelo traje da Corte rico, e fino.
Aqui estou entre Almendro, entre Corino,
Os meus fiéis, meus doces companheiros,
Vendo correr os míseros vaqueiros
Atrás de seu cansado desatino.
10. Se o bem desta choupana pode tanto,
Que chega a ter mais preço, e mais valia,
Que da cidade o lisonjeiro encanto;
Aqui descanse a louca fantasia;
E o que té agora se tornava em pranto,
Se converta em afetos de alegria.
11. Enquanto pasta alegre o manso gado,
Minha bela Marília, nos sentemos
À sombra deste cedro levantado,
Um pouco medimos
Na regular beleza,
Que em tudo quanto vive, nos descobre
A sábia natureza.
12. Ah! enquanto os Destinos impiedosos
Não voltam contra nós a face irada,
Façamos, sim façamos, doce amada,
Os nossos breves dias mais ditosos.
Que havemos d’esperar, Marília bela?
Que vão passando os florescentes dias?
As glórias que vêm tarde, já vêm frias;
E pode enfim mudar-se a nossa estrela.
Ah! não, minha Marília,
Aproveite-se o tempo, antes que se faça
O estrago de roubar ao corpo as forças,
E ao semblante a graça.
13. Alguém há de cuidar que é frase inchada,
Daquela que lá se usa entre essa gente,
Que julga que diz muito e não diz nada.
O nosso humilde gênio não consente,
Que outra coisa se diga, mais que aquilo
Que só convém ao espírito inocente.
14. Quem deixa o trato pastoril amado
Pela ingrata, civil correspondência,
Ou desconhece o rosto da violência,
Ou do retiro a paz não tem provado.
Que bem é ver nos campos transladado
No gênio do pastor, o da inocência!
E que mal é no trato, e na aparência
Ver sempre o cortesão dissimulado!
15. Tomás Antônio Gonzaga
Liras à Marília de Dirceu
A fase do namoro
• Confissões amorosas.
• Cenário de Minas.
• Projeto de vida pastoril.
• Descrições de Marília.
• O tom de felicidade.
• O convencionalismo árcade.
16. Eu, Marília, não sou algum vaqueiro
Que viva de guardar alheio gado,
de tosco trato, de expressões grosseiro,
dos frios gelos e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal e nele assisto;
dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
das brancas ovelhinhas tiro o leite
e mais as finas lãs de que me visto.
Graças, Marília bela
graças à minha Estrela!
17. Eu vi o meu semblante numa fonte
dos anos inda não está cortado;
os pastores que habitam este monte,
respeitam o poder do meu cajado.
Com tal destreza toco a sanfoninha,
que inveja até me tem o próprio Alceste:
ao som dela conserto a voz celeste,
nem canto letra que não seja minha.
Graças, Marília bela,
graças a minha Estrela!
18. Lira I
Os teus olhos espalham luz divina,
a quem a luz do sol em vão se atreve;
papoila ou rosa delicada e fina,
te cobre as faces que são cor de neve.
Os teus cabelos são como fios d’ouro;
teu lindo corpo bálsamo vapora.
Ah! Não, não fez o céu, gentil pastora,
para glória de Amor, igual tesouro.
19. Lira II
Os seus compridos cabelos,
Que sobre as costas ondeiam,
São que os de Apolo mais belos;
Mas de loura cor não são.
Têm a cor da negra noite;
E com o branco do rosto
Fazem, Marília, um composto
Da mais formosa união.
20. Irás a divertir-te na floresta,
Sustentada, Marília, no meu braço;
Ali descansarei a quente sesta,
Dormindo um leve sono em teu regaço:
Enquanto a luta jogam os Pastores,
E emparelhados correm nas campinas,
Toucarei teus cabelos de boninas,
Nos troncos gravarei os teus louvores.
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!
21. A Fase da Prisão
• A fragilidade física e moral.
• O distanciamento amoroso.
• O sofrimento e a incerteza.
• O tom confessional (pré- romântico).
22.
23. Eu, Marília, não fui nenhum Vaqueiro,
Fui honrado Pastor da tua Aldeia;
Vestia finas lãs e tinha sempre
A minha choça do preciso cheia.
Tiraram-me o casal e o manso gado,
Nem tenho, a que me encoste, um só cajado.
Se não tivermos lãs, e peles finas,
Podem mui bem cobrir as carnes nossas
As peles dos cordeiros mal curtidas,
E os panos feitos com as lãs mais grossas.
Mas ao menos será o teu vestido
Por mãos de amor, por minhas mão cosido.
24. Nas noites de serão nos sentaremos
C’os filhos, se os tivermos, à fogueira;
Entre as falsas histórias, que contares,
Lhes contarás a minha verdadeira.
Pasmados te ouvirão; eu entretanto
Ainda o rosto banharei de pranto.