1. Título: 09-11-2008
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autobiografia
Chamo-me Ana Paula Navarro Queiroz Palma, sendo o Palma adquirido por casamento,
nasci a 16 de Dezembro de 1965, signo sagitário, em Moçambique, na cidade maravilhosa
com o nome de Beira, sou por isso machangana, sou filha do primeiro casamento de minha
mãe, Ruth Sobral de Campos Navarro e filha de José Eduardo de Oliveira Queiroz. Meu pai
nasceu em Cedofeita, Porto, a minha mãe, em Lourenço Marques, hoje Maputo, Moçambique.
Sou tetra neta de um grande senhor Major Caldas Xavier, um grande militar
Português, que comandou tropas em Moçambique. Por esse facto, a família Caldas Xavier,
do lado da minha avó, que era sua bisneta, mãe de minha mãe, Magda Sobral de Campos
Caldas Xavier Navarro e a família Navarro (do lado do meu avô), marido da minha avó,
tentaram sempre demonstrar quem tinha mais graduações e galardões para contar!
Alfredo Augusto Caldas Xavier
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Alfredo Augusto Caldas Xavier (Lisboa, 25 de Setembro de 1852 — Lourenço Marques, 8 de Janeiro
de 1896) foi um militar, engenheiro, explorador e administrador colonial português que se distinguiu
nas denominadas campanhas de pacificação de Moçambique nas últimas décadas do século XIX. No
dizer de Joaquim Augusto Mouzinho de Albuquerque, outros dos militares que ganharam fama nessas
campanhas, o major Alfredo Augusto Caldas Xavier, foi o mais ilustre de todos os oficiais que têm
honrado o nome português em África, modelo de virtudes militares de coragem e abnegação. Teve um
papel de destaque no projecto da linha de caminho-de-ferro de Maputo ao Transvaal e na delimitação
das fronteiras do sul de Moçambique.
Mas o Major ganhava sempre pois consta na história de Portugal!
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Quando tinha um ano e meio, a minha mãe separou-se do meu pai, que não conheço
pessoalmente, voltou para casa dos meus avós e só voltou a pensar em casar anos mais
tarde quando eu um dia ao colo dela na varanda, ao ver passar uma menina de mãos dadas
com o pai e a mãe, disse-lhe mais ou menos assim «aquela menina é feliz, tem mãe tem pai
tem tudo»; aí ela pensou em «dar-me» um padrasto, que veio a concretizar-se num segundo
casamento quando eu tinha 5/6 anos.
Enquanto os dois procuravam casa, para fazer vida em comum, pois a minha mãe vivia
nessa altura num quarto, e eu ficava com os meus avós, foi numa altura em que o meu avô
materno teve de vir para Portugal, para a sua terra – Penela – ajudar o pai, o meu bisavô
Albino Navarro, que era viúvo e estava doente e já tinha perto de 80 anos.
Nessa altura, vim com os meus avós para Penela, tinha eu 7 anos, vim no nosso grande
paquete Infante Dom Henrique, apanhámos pelo atlântico tempestade, golfinhos e o diabo a
sete. Adorei essa experiência, que nunca mais me esqueci.
Nesta fase da minha vida, vim conhecer uma terra, com temperaturas climatéricas
bem diferentes do meu país, e até a língua era um tanto diferente. Em Moçambique para
muito, dizíamos «maning», e em Penela não percebiam o que eu queria dizer, também
cinquenta centavos, nós dizíamos «uma quinhenta», ou até para uma pastilha elástica, nós
dizíamos «chewing gum», ou ainda gelado, nós dizíamos «ice cream». Mas depressa me
adaptei, e adorei viver em Penela ( um ano), pois adorava brincar dentro do maravilhoso
castelo de Penela.
Adorei ter conhecido o meu bisavô Albino. Era muito carinhoso, contava muitas
histórias do seu tempo e ensinou-me a apanhar grilos!
Fiz amigos, e como maria-rapaz que era, tinha mais amigos que amigas.
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Regressei a Moçambique, havia um mês que se tinha dado o 25 de Abril, a minha irmã,
tinha nascido em Maio de 1974, e ia finalmente conhecê-la e ter uma parceira para jogar
futebol, condição que «impus», para ela vir ao mundo.
Nesta altura no meu país, existia já muito o clima de tensão militar entre a Frelimo,
forças militares moçambicanas, e as Forças Militares Portuguesas, e um ano e meio depois,
a minha mãe e o meu pai (padrasto mas que sempre o chamei de pai), entenderam que seria
mais seguro a nossa vida cá em Portugal.
Viemos na Boeing 747, o Jumbo, meio de transporte que guardo com muito agrado na
memória, de Luanda a Portugal. Antes tínhamos saído de Moçambique no outro Boeing mais
pequeno até Luanda, cidade que na altura estava em guerra, via-se no aeroporto as bombas
a explodir. Ficámos sem água e sem luz e só quando houve condições de embarcar é que
entramos no Jumbo.
O meu padrasto, era natural de Antanhol, terra que fica a 5 quilómetros de Coimbra, e
é desde 1976, que estamos em Portugal, e a minha mãe ainda vive e trabalha em Antanhol (o
meu padrasto já faleceu assassinado).
Até vir para Vila do Bispo, estudei, e adquiri algumas experiências profissionais,
trabalhando nas férias escolares, nos restaurantes, shopings, dei serventia a pedreiro e
até caiei a igreja da terra, tomei conta de crianças, dei explicações de português e
matemática às crianças da escola primária e escrevi alguns artigos em jornais regionais e
nacionais.
Nestas tarefas todas, é obvio que algumas foram muito difíceis de executar, mas era
necessário dinheiro em casa, e arregacei as mangas e toca a trabalhar. Outros trabalhos
como por exemplo, tomar conta de crianças ou ajudá-las a estudar, foi algo fantástico e
maravilhoso.
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Consegui adquirir muitos admiradores pequenitos e que hoje já mulheres e homens,
mantenho com eles todos, uma forte relação de amizade.
Os artigos para os jornais, foi um dos sonhos que cheguei à conclusão que não tenho
muita aptidão; foi ser jornalista, apesar do sucesso dos artigos, e do incentivo dos meus
professores, amigos e vizinhos. Falta-me ter um toque de curiosidade alheia para ser uma
boa jornalista, e realmente muitos assuntos da vida alheia, passam-me ao lado.
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Aqui deixo alguns exemplos de situações da minha vida:
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A Igreja Matriz de Antanhol, que um dia eu caiei no programa de
ocupação dos tempos livres
Restaurante onde trabalhei durante 6 meses até
entrar para o Curso de Administração Autárquica, e onde aprendi a cozinhar.
Tirei o curso de Administração Autárquica no Centro de Estudos de Administração
Autárquica (CEFA), em Coimbra, e vim estagiar em 1990, para a Câmara Municipal de Vila
do Bispo, acabando por entrar nos quadros da autarquia em Setembro de 1992.
Nessa altura, conheci um ambiente estupendo nos serviços, fui muito bem recebida e
acarinhada por todos, e fiz dos colegas os meus familiares e alicerces de vida que até hoje
mantenho. Fui também bem recebida na vida social de Vila do Bispo, e adorei este concelho
que passou a ser a minha terra.
E foi assim que depois de viver sozinha durante três anos, em casa de uma senhora
que me alugou o quarto, a D.Bia, que passou a ser a «minha avó», conheci o meu colega
Joaquim Miguel Palma, pessoa com quem estou casada há 16 anos.
Tenho duas filhas, uma de treze anos, a Celina Maria e a outra tem 9 anos e é a Disa
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Alexandra.
Profissionalmente, na Câmara estive a trabalhar, na secção técnica, onde dei apoio ao
único engenheiro e único arquitecto na altura a elaborar os processos de concurso de obras
e empreitadas, mais tarde fui trabalhar nos recursos humanos, que na altura se chama
serviço de pessoal, durante 11 anos, onde fiz todo o serviço, desde actualizar os processos
individuais dos funcionários, aos vencimentos e aposentações, leitura dos diários da
republica e dei também apoio durante 8 anos à assembleia municipal, ajudando os
secretários a elaborar as actas.
Depois passei para o serviço de tesouraria, onde estou actualmente a exercer as
funções de substituta da tesoureira da Câmara.
Adorei o serviço anterior, conhecia os meus colegas todos, e aprendi a gostar do
actual serviço, pois lidar com dinheiro é uma grande responsabilidade, mas contacto com
muitas pessoas e aprendi a lidar com a tensão do cliente que nos coloca à prova o tempo
todo.
De tudo na minha vida eu tirei lições, e aprendi a dar valor a tudo, mais ainda, aprendi
a procurar das situações da minha vida menos boas, o lado positivo delas.
Ainda não realizei muito dos meus sonhos, como por exemplo, viajar, dar a conhecer a
minha terra natal às minhas filhas e ao meu marido, encontrar e conhecer o meu pai
biológico, consagrar e assegurar o futuro às minhas filhas, sentir-me útil para com os
demais.
Vivo o dia-a-dia. Procuro ser positiva e tranquila.
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