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Um modelo curricular para a “perfeição” ... Fala-se hoje cada vez mais da necessidade, da emergência de um novo paradigma educacional capaz de corresponder às complexas exigências de uma sociedade global.
De fato, se antes a escola era um lugar em que os indivíduos se preparavam para a sociedade industrial, cujo centro de interesse consistia em "fazer as coisas" - a produção industrial -, o sistema educativo atual encontra-se ante a difícil empresa de preparar os indivíduos para a sociedade da informação, em que um dos mais importantes objetivos é tratar a informação.
Na sociedade global em que vivemos, o poder está na informação que nos chega em "fluxos", "célere", "descontextualizada", veiculada pelos múltiplos  mass media , provocando uma "sobrecarga informacional" que nos obriga a uma atualização constante a um ritmo de processamento cada vez mais rápido e a uma seleção cada vez mais cuidadosa, porque o que ontem era conhecimento, hoje está já ultrapassado.
Esta nova realidade social não poderia deixar de abalar o modelo clássico da escolaridade, onde o discurso permaneceu vertical (centrado no professor),
contextualizado (na sala de aula, na escola), organizado de um modo segmentado (em disciplinas, por conteúdos), um "modelo de organização pedagógica que é a realidade escolar de hoje em dia:
o grupo-turma a cargo de um professor para uma dada disciplina, durante o ano inteiro em local e hora previamente fixada".
A educação escolar está em crise, a escola que temos não se coaduna com a cultura digital que "obriga a formas de organização e processamento do conhecimento mais flexíveis, interativas e entrelaçadas que reclamam, por sua vez, por novos modelos de escolaridade".
Criticando o modelo curricular tradicional, considera Morin (2001), que as crianças aprendem a história, a geografia, a química e a física dentro de categorias isoladas, sem saberem ao mesmo tempo que a história sempre se situa dentro de espaços geográficos e que cada paisagem geográfica é fruto de uma história terrestre (...) aprendem a conhecer os objetos isolando-os quando seria também preciso recolocá-los no seu meio ambiente para melhor serem compreendidos.
Uma tal visão do currículo não oferece aos alunos uma perspectiva ampla da realidade física e/ou social, da sua complexidade, da sua relatividade, assim como das possíveis interfaces que podem ser estabelecidas entre os vários campos do saber.
As novas configurações comunicativas da era digital, suportadas pelos sistemas multimédia interativos, pelas ligações em rede, não se configuram com a "linearidade, seqüencialidade do currículo como um texto".
Na era da globalização, das sociedades em "rede", a comunicação mediada pelo computador gera uma gama enorme de comunidades virtuais, orientadas por afinidades e interesses comuns; em tais contextos, surgirão decerto novos processos de "influência educativa", novas formas de aprendizagem em que os alunos serão "cada vez mais fonte de mudança trazendo para a escola saberes que adquiram fora desta, nomeadamente na posição de utilizadores das autoestradas da informação e obrigando-a a reajustar-se a esses novos saberes".
Para Pacheco (2001), só  a emancipação do currículo como um hipertexto , organizado em redes de interface que são a base da construção do conhecimento, possibilitará que o currículo adquira um caráter interdisciplinar conducente à remoção das barreiras entre as disciplinas através da instauração de múltiplas conexões curriculares ( cross-curricular   connections ), tomando corpo na realização de projetos baseados em temas comuns e relacionados com os interesses dos alunos.
Assim a experiência e o conhecimento não são mais propriedade exclusiva do professor que abandona o seu protagonismo – ele é um coaprendiz (Pereira, 1993) –, e passa a ser um agente organizador e conceptor de situações de educação orientadas para a valorização da atividade mental do aluno e do seu relacionamento com a base do conhecimento.
Mas, querem-nos fazer crer que, graças aos avanços das tecnologias digitais, a nossa vida futura terá incomparavelmente mais qualidade; no entanto, a sociedade para a qual caminhamos continuará sendo injusta, enquanto não houver igualdade no acesso à informação, o novo poder estaremos gerando um novo tipo de analfabetismo – o analfabetismo informacional
O combate a todo o tipo de exclusão na escola e na sociedade com particular atenção às dificuldades de aprendizagem, à info-exclusão, só possível, se a prática da utilização das TICE na escola for incentivada “proporcionado um real acesso dos discentes à utilização efetiva dos meios de informação que não podem ser privilégio de alguns” na mesma ordem de idéias a utilização de serviços como a Internet, deve ajudar a criar a moderna praça pública eletrônica, promovendo a igualdade de acesso à informação e a criação de comunidades eletrônicas onde possam fermentar experiências de reinvenção de formas de produção, consumo, cultura, interação social e cidadania”.
Mais importante do que incorporar pura e simplesmente os  mass media  e as novas tecnologias nas aulas, é fundamental que primeiro que pense no tipo de   cidadão que queremos e qual a formação cultural que a escola lhes vai dar.
Cristiane Joelma Patricia

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  • 1. Um modelo curricular para a “perfeição” ... Fala-se hoje cada vez mais da necessidade, da emergência de um novo paradigma educacional capaz de corresponder às complexas exigências de uma sociedade global.
  • 2. De fato, se antes a escola era um lugar em que os indivíduos se preparavam para a sociedade industrial, cujo centro de interesse consistia em "fazer as coisas" - a produção industrial -, o sistema educativo atual encontra-se ante a difícil empresa de preparar os indivíduos para a sociedade da informação, em que um dos mais importantes objetivos é tratar a informação.
  • 3. Na sociedade global em que vivemos, o poder está na informação que nos chega em "fluxos", "célere", "descontextualizada", veiculada pelos múltiplos mass media , provocando uma "sobrecarga informacional" que nos obriga a uma atualização constante a um ritmo de processamento cada vez mais rápido e a uma seleção cada vez mais cuidadosa, porque o que ontem era conhecimento, hoje está já ultrapassado.
  • 4. Esta nova realidade social não poderia deixar de abalar o modelo clássico da escolaridade, onde o discurso permaneceu vertical (centrado no professor),
  • 5. contextualizado (na sala de aula, na escola), organizado de um modo segmentado (em disciplinas, por conteúdos), um "modelo de organização pedagógica que é a realidade escolar de hoje em dia:
  • 6. o grupo-turma a cargo de um professor para uma dada disciplina, durante o ano inteiro em local e hora previamente fixada".
  • 7. A educação escolar está em crise, a escola que temos não se coaduna com a cultura digital que "obriga a formas de organização e processamento do conhecimento mais flexíveis, interativas e entrelaçadas que reclamam, por sua vez, por novos modelos de escolaridade".
  • 8. Criticando o modelo curricular tradicional, considera Morin (2001), que as crianças aprendem a história, a geografia, a química e a física dentro de categorias isoladas, sem saberem ao mesmo tempo que a história sempre se situa dentro de espaços geográficos e que cada paisagem geográfica é fruto de uma história terrestre (...) aprendem a conhecer os objetos isolando-os quando seria também preciso recolocá-los no seu meio ambiente para melhor serem compreendidos.
  • 9. Uma tal visão do currículo não oferece aos alunos uma perspectiva ampla da realidade física e/ou social, da sua complexidade, da sua relatividade, assim como das possíveis interfaces que podem ser estabelecidas entre os vários campos do saber.
  • 10. As novas configurações comunicativas da era digital, suportadas pelos sistemas multimédia interativos, pelas ligações em rede, não se configuram com a "linearidade, seqüencialidade do currículo como um texto".
  • 11. Na era da globalização, das sociedades em "rede", a comunicação mediada pelo computador gera uma gama enorme de comunidades virtuais, orientadas por afinidades e interesses comuns; em tais contextos, surgirão decerto novos processos de "influência educativa", novas formas de aprendizagem em que os alunos serão "cada vez mais fonte de mudança trazendo para a escola saberes que adquiram fora desta, nomeadamente na posição de utilizadores das autoestradas da informação e obrigando-a a reajustar-se a esses novos saberes".
  • 12. Para Pacheco (2001), só a emancipação do currículo como um hipertexto , organizado em redes de interface que são a base da construção do conhecimento, possibilitará que o currículo adquira um caráter interdisciplinar conducente à remoção das barreiras entre as disciplinas através da instauração de múltiplas conexões curriculares ( cross-curricular connections ), tomando corpo na realização de projetos baseados em temas comuns e relacionados com os interesses dos alunos.
  • 13. Assim a experiência e o conhecimento não são mais propriedade exclusiva do professor que abandona o seu protagonismo – ele é um coaprendiz (Pereira, 1993) –, e passa a ser um agente organizador e conceptor de situações de educação orientadas para a valorização da atividade mental do aluno e do seu relacionamento com a base do conhecimento.
  • 14. Mas, querem-nos fazer crer que, graças aos avanços das tecnologias digitais, a nossa vida futura terá incomparavelmente mais qualidade; no entanto, a sociedade para a qual caminhamos continuará sendo injusta, enquanto não houver igualdade no acesso à informação, o novo poder estaremos gerando um novo tipo de analfabetismo – o analfabetismo informacional
  • 15. O combate a todo o tipo de exclusão na escola e na sociedade com particular atenção às dificuldades de aprendizagem, à info-exclusão, só possível, se a prática da utilização das TICE na escola for incentivada “proporcionado um real acesso dos discentes à utilização efetiva dos meios de informação que não podem ser privilégio de alguns” na mesma ordem de idéias a utilização de serviços como a Internet, deve ajudar a criar a moderna praça pública eletrônica, promovendo a igualdade de acesso à informação e a criação de comunidades eletrônicas onde possam fermentar experiências de reinvenção de formas de produção, consumo, cultura, interação social e cidadania”.
  • 16. Mais importante do que incorporar pura e simplesmente os mass media e as novas tecnologias nas aulas, é fundamental que primeiro que pense no tipo de cidadão que queremos e qual a formação cultural que a escola lhes vai dar.