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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - UFF
O FUTURO DA TV ABERTA
COMO MODELO DE NEGÓCIO
MAURICIO PEREIRA DE AZEVEDO
Rio de Janeiro
2013
MAURICIO PEREIRA DE AZEVEDO
O FUTURO DA TV ABERTA
COMO MODELO DE NEGÓCIO
Monografia apresentada no curso de Pós-
graduação - MMBBAA eemm TTVV DDiiggiittaall,,
RRaaddiiooddiiffuussããoo && NNoovvaass MMííddiiaass ddee
CCoommuunniiccaaççããoo EElleettrrôônniiccaa,, da Universidade
Federal Fluminense, como requisito
parcial à obtenção do título de Pós
Graduação.
Orientador: Prof.: Luiz F. Taboada
Rio de Janeiro
2013
Elaborado por:
MAURICIO PEREIRA DE AZEVEDO
O FUTURO DA TV ABERTA COMO MODELO DE
NEGÓCIO
Analisado e aprovado por:
____________________________________________________
Orientador
____________________________________________________
Professor
____________________________________________________
Professor
Niterói, 28 de Abril de 2013
DEDICATÓRIA
Este trabalho é dedicado a todos aqueles Radiodifusores que acreditam
num novo modelo de TV aberta e que se empenham em construir uma televisão
de alto nível, sem fronteiras, acessível à todos os públicos, adaptável às novas
dinâmicas de difusão e interatividade, que seja sustentável, rentável e ao mesmo
tempo útil, educativa, que ofereça conteúdos de qualidade e que privilegie o
melhor de nossa arte e de nossa cultura.
“Um país precursor acho que vai
ser, dará o seu recado no tempo
certo, porque não tem vocação
para a mediocridade”
Lúcio Costa
Arquiteto
AGRADECIMENTOS
À minha esposa e filhos que, a despeito de todas as dificuldades que
enfrentamos juntos, sempre me apoiaram na conclusão dessa empreitada.
Aos Colegas e Professores das turmas TVDRJ3 e TVDRJ4 com os quais
tive o privilegio de conviver e a oportunidade de debater e desenvolver ideias,
amadurecer pontos de vista e ampliar os meus horizontes nessa temática da TV
Digital. Certamente, muito do que consta neste trabalho é o resultado dessa
convivência.
SUMÁRIO
Dedicatória...................................................................................................................... iv
Agradecimentos.............................................................................................................. v
Sumário........................................................................................................................... vi
Lista de Figuras.............................................................................................................. vii
Lista de Gráficos............................................................................................................. viii
Lista de Siglas e Abreviaturas........................................................................................ ix
1. Introdução................................................................................................................. 10
2. Desenvolvimento....................................................................................................... 12
2.1 Histórico.................................................................................................................... 12
2.2 Fatos e Tendências.................................................................................................. 24
2.3 Ameaças e Possibilidades (Broadcast ou Broadband)............................................. 28
2.4 Interatividade............................................................................................................ 38
2.5 Caminhos de Expansão............................................................................................ 47
3. Conclusão.................................................................................................................. 55
Referências..................................................................................................................... 58
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Distribuição dos segmentos OFDM em camadas 49
LISTA DE GRAFICOS
Gráfico 1 Distribuição das Verbas Publicitárias na década de 1960 15
Gráfico 2 Crescimento de receptores de TV no Brasil entre 1951 e 1989 15
Gráfico 3 Distribuição das Verbas Publicitárias na década de 1970 16
Gráfico 4 Distribuição das Verbas Publicitárias na década de 1980 17
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
4K Resolução de 3840 × 2160 pixels ou 8.3 megapixels
8K Resolução de 7680 × 4320 pixels ou 33.1 megapixels
ABRA Associação Brasileira de Radiodifusores
APP/ APPS Application / Applications - o mesmo que software aplicativo
B2C Business-to-Consumer
BTS Broadcast Transport Stream
DTH Direct To Home
DTV Digital Television
DTVi Digital Television Interactive
FAPESP Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo
FERMILAB Fermi National Accelerator Laboratory
FOBTV Future of Broadcast Television
GPL General Public License
HDD Hard Disc Drive
IPTV Internet Protocol Television
LAN Local Area Network
OFDM Orthogonal frequency-division multiplexing
PNBL Plano Nacional de Banda Larga
RJ45 Padrão de conexão para cabeamento de redes de dados
SBTS Sistema Brasileiro de Telecomunicações via Satélite
SBTVD Sistema Brasileiro de Televisão Digital
SDH Synchronous Digital Hierarchy
STM-1 System Transmition Module, number 1 (155 Mbps)
UHD Ultra High Definition
USB Universal Serial Bus
VT Video Tape
CAPÍTULO 1
1. INTRODUÇÃO
Com o crescimento e a diversidade das tecnologias de distribuição de
conteúdo e da multiplicidade de terminais de recepção cada vez mais sofisticados
e convergentes, tais como os Smartphones, os Tablets e as Smart TV`s, a
perspectiva de sobrevivência da TV Aberta como modelo de negócio representa
um tema desafiador para os anos vindouros. Somando-se a isso a entrada das
empresas de Telecomunicações na operação de TV`s por Assinatura, Vídeo On
Demand, IPTV, DTH e o Plano Nacional de Banda Larga, um cenário em que as
fatias do mercado diminuem significativamente tende a se estabelecer.
As questões que se colocam são: quais as possibilidades e desafios que a
TV Aberta terá pela frente? Como deverá ser o seu perfil para que tenha
sustentabilidade para o futuro? Quais são os fatos e as tendências nesse
mercado e quais são as reais ameaças e oportunidades?
O propósito desse trabalho é fazer uma reflexão critica sobre a TV Aberta e
desenvolver uma visão estratégica que possa dar uma resposta para cada uma
das questões acima e que possa nortear e sugerir novos empreendimentos para o
futuro, tendo como base o suporte tecnológico do Sistema Brasileiro de TV Digital
e suas múltiplas funcionalidades.
Para atingir esses objetivos, esse trabalho se alicerçou na pesquisa
bibliográfica, não só compilando as informações mais relevantes sobre as ofertas
tecnológicas da atualidade e que ainda estão por vir na difusão de conteúdos,
como também de todas as possibilidades operacionais do Sistema Brasileiro de
TV Digital Terrestre que concorrem nesse contexto.
No que tange a argumentação em torno das tendências para o futuro, esse
trabalho se apoiou em estudos publicados por profissionais chave, tanto no
11
âmbito da implantação e da expansão da TV Digital no Brasil, quanto no âmbito
do Fórum Brasileiro de TV Digital e do FOBTV – Future of Broadcast Television.
CAPÍTULO II
2. DESENVOLVIMENTO
2.1Histórico
Não é correto abordar a história da TV no Brasil somente pela ótica
mercadológica, pelo simples motivo de que a Televisão em si, a forma de se fazer
e de se assistir, criou uma cultura que insere componentes comportamentais,
sociais e políticos ao cotidiano do país. Todavia, em se tratando de um trabalho
voltado para a questão do modelo de negócio em si, se procurará focar mais nos
dados mercadológicos, pontuando fatos importantes ao longo dos últimos 62
anos.
Em 19 de setembro de 1950, quando Assis Chateaubriand
inaugurou em São Paulo a primeira emissora de Televisão do Brasil, a TV Tupi,
pouco ou quase nada se sabia sobre como conduzir esse novo negócio.
Entretanto, Chateaubriand num gesto visionário, vendeu um ano de espaço
publicitário à Sul América Seguros, Antarctica, Moinho Santista e empresas
Pignatari (Prata Wolf). Vale ressaltar que nesse momento não se produzia
receptores de TV no Brasil, ainda não havia um público formado e o mercado
publicitário era principiante e não conhecia o negócio.
No início de 1951 existiam cerca de sete mil receptores de TV entre
o Rio de Janeiro e São Paulo. Os receptores de TV no Brasil possuíam valor
proibitivo, ou seja, eram cerca de três vezes e meia mais caro que a radiola mais
sofisticada do mercado. A televisão era um privilégio de poucos que podiam
adquirir modelos importados como era o caso da Philips. Assistir televisão era
naquele momento e ainda por algum tempo, uma atividade coletiva. “Felizmente,
no mesmo ano de 1951, o empresário Bernardo Kocubei lançou a primeira TV
fabricada no Brasil, a modelo Invictus de 17”, cujos componentes eram 50%
13
nacionais. Logo em seguida a Semp Rádio e Televisão lançou o seu modelo
brasileiro de 17”.
Mas em 1951, outro fato importante veio alavancar o negócio e dar-
lhe os contornos que permaneceram pelo menos até 1966. As agências de
publicidade americanas McCann-Erickson e J.W. Thompson começaram a operar
a TV brasileira como veículo publicitário, passando a decidir o conteúdo dos
programas, criando, redigindo e produzindo sempre de forma compatível com o
modelo brasileiro. Os patrocinadores passaram a determinar os programas que
deviam ser produzidos e veiculados, bem como a contratar artistas e produtores.
A partir de 1952 os telejornais e alguns programas possuem o nome do
patrocinador como, por exemplo: Telenotícias Panair, Repórter Esso, Telejornal
Bendix, Teatrinho Trol, Gincana Kibon, Sabatina Maisena etc..
Nesse período os comerciais eram apresentados ao vivo por
garotas-propaganda em pequenos sets. Era o momento de movimentar cenários,
trocar figurinos, maquiagens etc.. Esse modo de operação só começou a mudar
entre 1959 e 1960, quando o governo liberou a importação de videotapes
recorders. Desse ponto em diante se passou a produzir os primeiros programas
regulares e comerciais gravados e veiculados integralmente em VT.
A TV Rio foi a primeira Emissora a utilizar o videotape com
regularidade nas gravações do programa Chico Anísio Show.
Em 1961, por decreto federal, o intervalo comercial é fixado em 3
minutos, mas somente em 1971 é regulamentado o tempo de 3 minutos de
intervalo para cada 15 minutos de programação.
Em 1962, graças ao uso do VT, os produtos de Linha de Show e
Teledramaturgia passam a ser gravados e melhor acabados, podendo ser
exibidos quase que simultaneamente em outras praças.
14
Em 1963 a TV Excelsior foi a primeira Emissora a oferecer uma
programação horizontal, ou seja, novelas todos os dias às 20 horas e vertical,
programa infantil seguido de novela e depois de jornal, show e finalizando com
filme. A TV Excelsior também foi a primeira a expressar uma preocupação com a
sua identidade visual, estabelecendo um padrão videográfico ao longo de sua
programação. Também foi pioneira ao criar o primeiro filme publicitário para o
produto Leite de Rosas, realizado pelo Estúdio de Jingles de Gilberto Martins e a
colocar no ar a primeira telenovela diária com 43 capítulos.
Em 1964 já possuíamos 34 emissoras de Televisão em todo o Brasil
e cerca de um milhão e seiscentos mil receptores de TV.
Em 1965 a Embratel é constituída como empresa pública.
Entra no ar a TV Globo no Rio de Janeiro, inovando na forma de
fazer televisão e impondo a ideia de que quem deve produzir os programas é a
própria Emissora e não os Patrocinadores, que eram os verdadeiros donos dos
horários e dos produtores, quebrando assim o formato adotado desde 1952.
Em 1967, entra no ar a TV Bandeirante que adota, a princípio, uma
grade de programação sem comerciais.
Em 1969, a Embratel inaugura a primeira estação terrena de
comunicações via satélite em Tanguá. Em 3 de março é iniciada a primeira
transmissão comercial via satélite, com a cobertura da missão Apolo IX pela TV
Globo.
É na década de 1960 que a TV se consolida como veículo de
massa, como evidencia o gráfico1 de distribuição da verba publicitária mostrado a
seguir.
15
Gráfico 1 – Distribuição das Verbas Publicitárias na década de 1960
Observa-se no gráfico que em 1962 a TV ainda disputava
acirradamente a verba publicitária com a Revista e o Rádio, pois havia no Brasil
pouco mais de um milhão de receptores de TV.
Em 1968, com a criação do Crédito Direto ao Consumidor (CDC), as
vendas de receptores de TV são alavancadas e ocorre um aumento de 47% nas
vendas em relação a 1967. Nos dez anos seguintes saímos de 2 milhões, 334 mil
receptores para 14 milhões e 800 mil, em 1978, como mostra o gráfico 2.
Gráfico 2 – Crescimento de receptores de TV no Brasil entre 1951 e 1989
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
1962
1964
1966
1968
TV
JORNAL
REVISTA
RÁDIO
OUTROS
1951 1958 1965 1972 1979 1986
0
5000000
10000000
15000000
20000000
25000000
30000000
35000000
40000000
QuantidadedeReceptores
RECEPTORES DE TV NO BRASIL ENTRE 1951 E
1989
RECEPTORES
Fonte: http://www.tudosobretv.com.br
Fonte: http://www.tudosobretv.com.br
16
A década de 1970 foi marcada por alguns fatos decisivos para a
modernização da televisão e seu modo de operação, a saber:
1970 – Os anunciantes passam a comprar espaços entre os
programas em vez de patrocínios.
1972 – 30 de março: iniciam-se as operações da TV em cores no
Brasil.
1974– A Embratel começa a operar o Sistema Brasileiro de
Telecomunicações via Satélite, o SBTS, comprando capacidade
satelital da Intelsat. As principais emissoras passam a fazer uso do
Sistema para distribuição de seus conteúdos para outras praças.
1975 – Institui-se no Brasil o conceito de Rede de Televisão.
Se analisarmos os gráficos que seguem, constatamos o crescimento
constante da televisão na participação do bolo da verba publicitária na década de
1970, variando em torno de 60% na década de 1980. Sempre acompanhada pelo
Jornal, a Revista e o Rádio (vide gráficos 3 e 4).
Gráfico 3 – Distribuição das Verbas Publicitárias na década de 1970
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
1972
1974
1976
1978
TV
JORNAL
REVISTA
RÁDIO
OUTROS
Fonte: http://www.tudosobretv.com.br
17
Gráfico 4 – Distribuição das Verbas Publicitárias na década de 1980
Em 23/10/1975, após perder varias concorrências para obtenção de
concessões de canais de TV em São Paulo e no Rio de Janeiro, o empresário
Silvio Santos consegue obter do Governo a concessão do canal 11 no Rio de
Janeiro, que também foi disputado pela Editora Bloch, pela Fundação Casper
Libero e pela Editora e Impressora de Jornais e Revistas (O Dia, A Notícia). No
mesmo mês de outubro de 75, Silvio Santos arrematou a massa falida da extinta
TV Continental (Canal 9 - Rio), investiu na aquisição de equipamentos e em
14/05/1976 às 20h:55min, entra no ar a TVS (TV Studios canal 11). Somente em
1981, Silvio Santos obteve outorga do Governo para operar os canais 5 de Porto
Alegre, 2 de Belém, 9 do Rio de Janeiro e 4 de São Paulo. Mas só em 19/08/1981
entra no ar o SBT canal 4 em São Paulo, no mesmo dia em que foi oficializada a
concessão do canal. Curiosamente a sede ou Cabeça de Rede é inaugurada 5
anos após a inauguração de sua filial no Rio de Janeiro.
As estratégias comerciais que mais marcaram os primeiros anos do
SBT, foram a distribuição das principais atrações na grade de programação,
sempre sucedendo uma atração na grade da Rede Globo e a exibição sistemática
de chamadas para essas atrações, sempre lembrando ao telespectador que era
logo após a novela da Globo ou Jornal e etc.. A ideia tão óbvia, mas nunca antes
utilizada em televisão teve o efeito esperado e faz jus a máxima de Silvio Santos
que diz: “A Globo é um supermercado. Eu sou uma quitandinha.”
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
TV
JORNAL
REVISTA
RÁDIO
OUTROS
Fonte: http://www.tudosobretv.com.br
18
Em 05/11/75 a Fundação Centro Brasileira de TV Educativa, TVE fez
a 1ª transmissão experimental através de seu próprio canal, (canal 2, ocupado
pela Extinta TV Excelsior), concedido pela Portaria Interministerial n° 408 em
1970 e do decreto federal n° 72637, em 1973. Mas apenas em 04/02/77 a
emissora passou a funcionar em caráter definitivo, com 6 horas de programação
diária cuja maior preocupação era a memória nacional. Em 03/12/79, entrou no ar
a Rede de TV Educativa, composta por 20 emissoras.
A década de 1980 trouxe avanços importantes para a expansão das
redes de TV, que arcavam com custos altos para a distribuição de seus
conteúdos para outros estados, utilizando capacidade da Intelsat e/ou por meio
dos Centros de TV da Embratel com seus enlaces de microondas. Em 1982 o
Governo autoriza a Embratel a instalar e operar os seus próprios satélites.
Contratos são assinados para compra e lançamento desses satélites. Em 1984 é
inaugurado o Centro de Operações de Guaratiba e em 1985 é lançado o Brasil
Sat A1, o primeiro satélite doméstico da América Latina. Em 1986 é lançado o
Brasil Sat A2, para complementar o sistema de telecomunicações via satélite.
Em 1988 é promulgada a nova Constituição Brasileira que inclusive
modifica o sistema de concessões de canais de rádio e de televisão. “A Carta
Magna de 88 reafirmou a competência da União para explorar, diretamente ou por
meio de outorga a terceiros, os serviços de radiodifusão. Também reforçou as
previsões relativas às obrigações educativas e culturais que os meios de
comunicação, com destaque para o rádio e a televisão, deveriam ter. Porém a
Constituição Federal não se restringiu a cristalizar conceitos já existentes. Houve
algumas alterações bastante significativas. A maior delas, sem dúvida, foi atacar a
histórica centralização da competência pela outorga de radiodifusão pelo Poder
Executivo Federal, fazendo com que o Congresso Nacional também fizesse parte
da análise desses processos. A competência do Congresso Nacional para a
apreciação dos atos de outorga e de renovação de outorga de radiodifusão ficou
expressa em duas passagens da Constituição Federal: no inciso XII do art. 49,
que estabelece como competência exclusiva do Congresso Nacional apreciar os
atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e televisão;
19
e nos §§ 1o, 2o, e 3º do art. 223, no quais se lê que o Congresso Nacional
apreciará os atos de concessão, permissão e autorização para o serviço de
radiodifusão; que a não-renovação de concessão ou permissão dependerá de
aprovação de no mínimo dois quintos do Congresso Nacional, em votação
nominal; e que o ato de outorga ou de renovação somente produzirá efeitos legais
após deliberação do Congresso Nacional. Desde então, mais de 6 mil processos
desse tipo foram analisados pela Câmara e pelo Senado Federal.” (Regulação
das Outorgas de Radiodifusão no Brasil – Uma Breve Análise – por Cristiano
Aguiar Lopes – 2009 – Biblioteca Digital da Câmara dos Deputados)
O cenário da televisão no Brasil começa a mudar na década de
1990. Três fatos importantes sinalizam para um futuro de diversidade. O primeiro
fato é que, com a ocupação total do espectro de radiofrequência destinado aos
canais de TV na faixa de VHF, abrem-se novas concessões na faixa de UHF. O
segundo fato é que começam a entrar em operação as TV’s por assinatura. O
terceiro fato é o advento da internet e sua revolução.
O serviço especial de TV por Assinatura ou TVA foi regulamentado
em 1988, cuja aprovação foi dada pelos decretos nº 95.744 de 23/02/1988 e
95.815 de 10/03/1988.
“Através do decreto No. 99.180, de 15 de março de 1990, que
dispõe sobre a reorganização dos órgãos da Presidência da República e dos
Ministérios, foi criado o Ministério da Infraestrutura, que entre outros órgãos
absorveu o Ministério das Comunicações. O antigo Ministério foi transformado na
Secretaria Nacional de Comunicações, composto por: Departamento Nacional de
Administração de Frequência; Departamento Nacional de Serviços Públicos;
Departamento Nacional de Serviços Privados, e Departamento Nacional de
Fiscalização das Comunicações.
No dia 30 de julho, o Departamento Nacional de Serviços Privados
da Secretaria Nacional de Comunicações do Ministério da Infraestrutura, baixou a
Instrução nº. 04, estabelecendo procedimentos para a solicitação de instalações
20
de estações dos serviços de Radiodifusão e Especiais de Televisão por
Assinatura e de Retransmissão de Televisão. (Cronologia da TV Brasileira – por
Sérgio Mattos).
Já em 1989 o Canal+, inspirado no nome e no logotipo do homônimo
francês, transmitia a programação da programadora norte-americana ESPN
através do canal 29 UHF em São Paulo. Em 1990, ainda que não seja um canal
por assinatura, entra no ar em São Paulo a MTV no canal 32 UHF, destacando-se
por ser a primeira TV aberta com programação segmentada a operar no Brasil.
Ela entra no ar 9 anos após a estréia da MTV americana, fruto da associação dos
Grupos Abril e Viacom.
Em 15/09/1991 entra no ar a TV Abril, a primeira rede de TV por
assinatura no país, oferecendo os canais Showtime, TNT, ESPN, Supercanal e
CNN.
No mesmo ano de 1991, o Congresso Nacional pede que as
concessões para TV por assinatura sejam suspensas até que seja formulada
uma Lei específica para o Setor. Essa lei só seria promulgada em 06 de janeiro
de 1995, Lei 8977/95, conhecida como “Lei do Cabo”. Na verdade é importante
ressaltar aqui que essa Lei trata da TV por Assinatura, considerando sua
distribuição apenas no meio físico. Somente em 12/09/2011 foi sancionada a Lei
nº 12.485, originada no Projeto de Lei 116, que unifica e altera as regras para o
mercado de TV por assinatura no Brasil. A lei põe fim a restrição ao capital
estrangeiro, o que impedia empresas da área de Telecomunicações de prestarem
esse serviço.
Em novembro de 1991, surge a Globosat. A primeira programadora
a atuar no Brasil criando quatro canais: o GNT, o Top Sports, o Multishow e o
Telecine. No mesmo período a empresa Globo Cabo (NET) dava os primeiros
passos para a construção de sua malha de distribuição de TV por assinatura.
Inicialmente, as primeiras transmissões dos canais Globosat se davam por
satélite, modalidade DTH/Banda C, para um público muito restrito. A partir de
21
1995, teve início o processo de expansão do leque de canais da Globosat. O
antigo Top Sports deu origem ao SporTV e foram criados, quase que
sucessivamente, a Globo News, o USA (que deu origem ao Universal Channel) e
o Shoptime. O Telecine virou uma rede com 5 canais de diferentes gêneros de
filmes. Tiveram início as operações de pay per view e foi lançado o Canal Brasil,
totalmente voltado para a produção cinematográfica nacional.
O mercado brasileiro atendido pelo serviço de TV por assinatura
ainda era muito pequeno: em março/1996, havia 1,7 milhão de usuários -
distribuídos em 70% cabo, 20% MMDS e 10% DTH/Banda C - o que implicava em
uma taxa de penetração baixa, em torno de 4% em relação ao número total de
domicílios com TV. Desse total, o Sistema Net/Globosat detinha cerca de 900 mil
assinantes e a TVA cerca de 780 mil, englobando todos os sistemas. (Fonte:
BNDES)
Em 14 de julho de 1996 aconteceu a inauguração do Centro de
Transmissão da DirecTV, em Tamboré - São Paulo. A Solenidade contou com a
presença do então Presidente da República Fernando Henrique Cardoso, do
Ministro das Comunicações Sérgio Motta, o Governador do Estado de São Paulo,
Mário Covas, o Presidente do Grupo Abril Roberto Civita e o Presidente da
Hughes, Michael Armstrong. A festa foi para celebrar a união das empresas: Abril
(Brasil), Cisneros (Venezuela), Multivision (México) e, Hughes (Estados Unidos),
que possibilitou a chegada do primeiro sistema DTH (Direct to home) no Brasil e
América Latina.
Em 11 de novembro de 1996, através de uma aliança entre as
Organizações Globo, a British Sky Broadcasting, a News Corporation e a Liberty
Media International, foi fundada a Sky. O Sistema Net/Globosat que já contava
com a sua rede de distribuição via cabo, ganhou o reforço do DTH em Banda KU.
No ano seguinte, a marca da empresa foi atualizada para Canais Globosat, e foi
consolidada a sua posição de líder no mercado de TV por Assinatura no Brasil.
22
Mesmo com todo esse aporte na geração e distribuiçãoo de
conteúdos, até meados da década de 1990, a TV por Assinatura no Brasil ainda
era incipiente. O custo da mensalidade era elevado e a oferta dos serviços atingia
número reduzido de cidades. O novo tipo de TV podia ser considerado um
privilégio. Em 1994, havia apenas 400 mil domicílios assinantes, mas em 2001 já
se registravam 3,5 milhões, o que corresponde a um crescimento de 750% em
seis anos. Em 2011, esse número ultrapassou os 12 milhões de domicílios. Em
termos de densidade, a TV por Assinatura no Brasil atingiu cerca de 23% dos
domicílios com televisão no país. Em novembro de 2012 esse número chegou a
15.966.950 de domicílios e uma densidade de 26.9 %, considerando todas as
tecnologias de distribuição. (Fontes: Anatel e EDTV Ibope)
Voltando um pouco no tempo e seguindo um curso paralelo a esse
cenário da televisão aberta e por assinatura, tem lugar um outro acontecimento
que viria a transformar a vida de toda a sociedade. Em 1988, Oscar Sala,
professor da Universidade de São Paulo (USP) e conselheiro da Fundação de
Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp), desenvolveu a idéia de
estabelecer contato com instituições de outros países para compartilhar dados por
meio de uma rede de computadores. Assim, chegou ao Brasil a Bitnet (Because is
Time to Network). A rede conectava a Fapesp ao Fermilab, laboratório de Física
de Altas Energias de Chicago (EUA), por meio de retirada de arquivos e correio
eletrônico. O serviço foi inaugurado oficialmente em 1989. Em 1991, o acesso ao
sistema, já chamado Internet, foi liberado para instituições educacionais e de
pesquisa e a órgãos do governo. Nessa época ocorriam fóruns de debates,
acesso a bases de dados nacionais e internacionais e a supercomputadores de
outros países, além da transferência de arquivos e softwares. No entanto, tudo
estava reservado a um seleto grupo de pessoas.
Em 1992, o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas
(Ibase) assinou um convênio com a Associação para o Progresso das
Comunicações (APC) liberando o uso da Internet para ONGs. No mesmo ano, o
Ministério da Ciência e Tecnologia inaugurou a Rede Nacional de Pesquisa (RNP)
23
e organizou o acesso à rede por meio de um "backbone" (tronco principal da
rede).
Foi apenas em 1993 que ocorreu a primeira conexão de 64 kbps à
longa distância, estabelecida entre São Paulo e Porto Alegre. Em 1994,
estudantes da USP criaram centenas de páginas na Internet.
O ano de 1995 foi um marco. Os ministérios das Comunicações e da
Ciência e Tecnologia criaram, por portaria, a figura do provedor de acesso privado
à Internet e liberaram a operação comercial no Brasil. No ano seguinte, muitos
provedores começaram a vender assinaturas de acesso à rede.
Os primeiros sites brasileiros surgidos eram de notícias. Depois,
surgiram os de compras, entretenimento e pesquisa. Assim, a rede nacional
começou a crescer. Para o público médio, e-mail e as salas de bate-papo (chats)
foram dois dos principais carros-chefe para a popularização da Internet. A forma
de comunicação entre as pessoas mudou tanto no ambiente de trabalho quando
na vida particular.
Em 1999, o número de internautas era superior a 2,5 milhões,
atingindo 7,68 milhões em 2002. Hoje somos 94,2 milhões de internautas, sendo
o Brasil o 5º país mais conectado. (Fonte: Ibope Midia – dezembro de 2012).
Além dos grandes benefícios já citados, a internet também trouxe
mais adiante nos anos 2000, a democratização do conhecimento e, o ponto mais
relevante a ser considerado neste trabalho, a democratização dos meios, o vídeo
sob demanda, a TV sobre IP, o Over The Top, o “broadcast your self” com o You
Tube, criado em 2005.
Em meio a esse cenário embrionário da década de 1990, dos
grandes acontecimentos que teriam lugar nos anos 2000, a TV aberta seguia seu
rumo na década de 1990 com a maioria das redes iniciando um processo de
digitalização dos seus parques de equipamentos, buscando cada vez mais a
24
melhoria da qualidade técnica de seus conteúdos. Paralelo a isso, os estudos e
testes para escolha do melhor sistema para a implantação da TV Digital no Brasil,
estavam em curso.
Nesse período, alguns programas com proposta de interatividade,
tais como “Voce Decide” (Rede Globo – 1992 a 2000) e “Intercine” (Rede Globo –
1996 a 1998) estiveram no ar.
Na virada para o novo milênio, a TV Aberta passa a dividir a verba
publicitária com mais dois meios.
2.2 Fatos e Tendências
De acordo com levantamento feito em 2011 pelo Idate - World
Television Market, a partir de 2008 as receitas com assinaturas passaram as
receitas publicitárias como principal meio de financiamento das TV’s no mundo.
Em 2014 prevê-se que as receitas com assinaturas serão 15% maiores do que as
advindas da publicidade. Essa é uma tendência mundial e não será diferente no
Brasil. A cada ano o número de assinantes de TV paga será maior. A ABTA
(Associação Brasileira de TV’s por Assinatura) projeta entre 35 e 45 milhões o
número de assinantes em 2017. Um dos elementos catalizadores desse processo
é a vigência da Lei 12.485/2011 e sua regulamentação que, dentre outras
medidas, libera completamente a participação do capital estrangeiro, antes
permitido para as operadoras por DTH e MMDS e apenas limitado no Cabo. Com
isso, um número maior de empresas passará a oferecer o serviço de TV paga,
num cenário de competição acirrada em que o custo da assinatura tenda a cair
expressivamente. Outro elemento é o aumento do poder aquisitivo da população
com a ascensão da Classe C. Segundo estudo feito em 2011 pelo Instituto Data
Popular, a projeção é que em 2014, 58% da população pertencerá a Classe C.
Segundo a ABTA, a Classe C representa hoje 28% do total de assinantes da TV
paga e o potencial de crescimento nesse segmento da sociedade está longe de
se esgotar.
25
É fato que a TV Aberta teve uma participação recorde de 63,3 % na
distribuição das verbas publicitárias em 2011. Mas já no primeiro quadrimestre de
2012 a Internet assumiu um novo patamar nessa participação, subindo de 5.1%
em 2011 para 11.98% em 2012, superando o Jornal, que em 2011 representava
11.83, caindo em 2012 para 11.06%. Com isso, a TV Aberta também caiu para
60.3%. A projeção é que a Internet tenha fechado 2012 com 13.7% de
participação. A Internet já é considerada o segundo meio de maior faturamento no
Brasil. (Fonte: dados do Projeto Intermeios / IAB).
Outro fato de visceral importância e que concorre para a aceleração
desse processo é o PNBL (Plano Nacional de Banda Larga), cuja implantação foi
iniciada com o Decreto nº 7.175, de 12 de maio de 2010, tendo por objetivos:
Criar oportunidades, acelerar o desenvolvimento econômico e social, promover a
inclusão digital, reduzir as desigualdades social e regional, promover a geração
de emprego e renda, ampliar os serviços de governo eletrônico e facilitar aos
cidadãos o uso dos serviços do Estado, promover a capacitação da população
para o uso das tecnologias de informação e aumentar a autonomia tecnológica e
a competitividade brasileiras. O início do caminho para se alcançarem esses
objetivos é a expansão da cobertura do serviço, a elevação da velocidade de
acesso disponível e a redução do seu preço.
A Telebrás foi a empresa designada para a consecução desses
objetivos, cabendo a ela: I - implementar a rede privativa de comunicação da
administração pública federal; II - prestar apoio e suporte a políticas públicas de
conexão à Internet em banda larga para universidades, centros de pesquisa,
escolas, hospitais, postos de atendimento, telecentros comunitários e outros
pontos de interesse público; III - prover infraestrutura e redes de suporte a
serviços de telecomunicações prestados por empresas privadas, Estados, Distrito
Federal, Municípios e entidades sem fins lucrativos; IV - prestar serviço de conexão
à Internet em banda larga para usuários finais, apenas e tão somente em localidades
onde inexista oferta adequada daqueles serviços.
26
A meta da Telebras é atender 4.283 Municípios com banda larga até
2014. Para isso está ativando uma rede de fibras óticas com cerca de 30.803 km
dividida em 4 aneis: Sudeste, Sul, Norte e Nordeste. Através de acordos com a
Eletronorte e Eletrobrás, essa rede se expande para mais de 35.000 km. As
demais localidades, situadas em regiões remotas e de difícil acesso, também
serão conectadas, mas por meio de satélites. Para isso, o governo pretende
lançar, em 2014, um satélite geoestacionário que vai atender demandas de banda
larga e defesa nacional. O projeto será coordenado pela Telebrás, que contará
com acordos para transferência e absorção de tecnologia. O satélite vai viabilizar
o atendimento de 1.282 cidades.
Outra medida adotada pelo governo, com o objetivo de aumentar e
antecipar investimentos privados em infraestrutura de comunicações foi a
desoneração para construção de redes de alta capacidade, feita por meio do
Regime Especial de Tributação do PNBL, com a medida provisória nº 563. A
expectativa é de que até 2016 ocorra um aumento de R$ 20 bilhões no volume
desses investimentos.
Para popularizar o acesso aos serviços de banda larga e promover a
produção nacional, o governo também adotou medidas para baratear os tablets e
modems de internet fixa e 3G. Esses equipamentos contam com isenção de
impostos federais por meio da chamada Lei do Bem. O próximo passo será
estender esse benefício aos Smartphones – celulares móveis com acesso à
internet.
O mercado brasileiro de tablets atingiu a marca de 3,1 milhões de
unidades vendidas em 2012, segundo estudo da consultoria IDC (empresa líder
em inteligência de mercado, consultoria e eventos nas indústrias de
tecnologia da informação, telecomunicações e mercados de consumo em
massa de tecnologia). O crescimento de 171% em relação a 2011 foi motivado
principalmente pelo surgimento de tablets abaixo de R$ 500, que respondem por
quase metade do total comercializado.
27
As redes de telefonia móvel de 4G LTE já estão em operação em 67
países do mundo (inclusive Brasil), com 150 ofertas comerciais, segundo
levantamento de 4G Americas, associação dedicada a promover a expansão da
tecnologia na região.
Ainda de acordo com o estudo da IDC, 50 dos 67 países em que o
4G está presente lançaram o serviço nos últimos cinco meses. A expectativa é
que mais de 100 redes entrem em operação em 2013.
Ao fim de 2012, 63 milhões de pessoas estavam conectadas à
internet móvel em 4G. A expectativa é que esse número dobre nos próximos dois
anos, chegando a 134 milhões. Até o fim de 2017 poderão ser quase 1 bilhão de
conexões.
Os Estados Unidos e o Canadá têm hoje o maior número de
assinantes de 4G do mundo: 52% do total, ou 33 milhões de pessoas em 22
redes comerciais. O número pode chegar a 58 milhões até o fim do ano. Na
América Latina, segundo a 4G Americas, 13 redes estão em operação. No fim de
2012, eram 93 mil assinantes do serviço. Em 2013, o número pode chegar a 2
milhões.
No Brasil, a Claro foi a primeira operadora de telefonia móvel a
lançar o 4G, no fim do ano passado. Até abril, TIM, Vivo e Oi também precisam
colocar o serviço em funcionamento nas cidades-sede da Copa das
Confederações, que começa em junho de 2013, para cumprir as exigências da
Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).
No dia 06 de fevereiro de 2013 a Nokia lançou no Brasil o Lumia
920, terceiro smartphone compatível com a tecnologia a ser vendido no país
(junto com o Razr HD, da Motorola e o Galaxy SIII 4G, da Samsung).
Diante de todos esses fatos, conclui-se seguramente que o futuro do
entretenimento televisivo tende a ser conectado, móvel e diversificado em
plataformas.
28
Conclui-se também que, como cada vez menos a TV paga depende
das verbas de Publicidade como fonte de receita, a despeito dos prognósticos de
crescimento de assinantes até 2017, o foco do investimento publicitário será os
meios de maior rentabilidade, ou seja, de melhor custo/benefício. A internet e os
serviços OTT(Over The Top) oferecem hoje essa perspectiva.
A partir desse patamar, a TV Aberta precisa ser repensada como
modelo de negocio, para que possa manter sua participação no bolo publicitário e
garantir a sua continuidade dentro de uma nova concepção, considerando o seu
histórico alto custo operacional.
2.3 Ameaças e Possibilidades (Broadcast ou Broadband)
As gerações dos anos de 1990 e 2000, conhecidas como gerações
Y e Z, já não consomem mais a TV Aberta como consumiam as gerações dos
anos de 1940 a 1980.
Nos anos de 1990 e 2000, vimos a indústria fonográfica desabar. As
gravadoras tradicionais com seus modelos de receita baseados na
comercialização de mídias, não dão mais conta da mudança do paradigma: as
novas gerações não consomem mais música assim.
Este é o símbolo mais emblemático do que está sendo tratando aqui.
As palavras de Rodrigo Carvalho, Coordenador do Núcleo de
Economia Criativa da ESPM-RJ, no artigo publicado no site ESPM+ em
26/10/2012, complementam essa argumentação: “as gerações mais jovens, ao
formarem o seu “olhar” no padrão da internet, não apresentam o mesmo
comportamento das gerações anteriores”. A audiência que apresentava
praticamente o mesmo padrão de comportamento há 30 anos, sustentando os
modelos de negócios das empresas de televisão aberta por meio da
comercialização de publicidade para os anunciantes, começa a dar sinais de
mudanças.
29
O consumo de entretenimento televisivo para as novas gerações se
assemelha ao padrão da internet de audiência fragmentada e sob demanda,
como fornecido pelo Google. Este último tem o seu modelo de negócios
estruturado nesse formato flexível e de segmentação fina, que usa recursos
internos e externos para inovar. Próprio do nosso tempo. O Google aparece no
cenário como a principal ameaça aos tradicionais modelos de negócios das
empresas de televisão. Ambos possuem basicamente o mesmo modelo de
receita: publicidade.
No entanto, o modelo de negócios do Google consegue atender
segmentos de todos os portes, como os mesmos grandes anunciantes da TV,
além de qualquer microempreendedor, utilizando-se de múltiplos canais para isso
– fato que as empresas de TV (ainda) não conseguem. É importante destacar que
o Google não precisa mobilizar uma pesada estrutura organizacional para a
produção de conteúdo como forma de atrair audiência. “São os próprios usuários
que geram o conteúdo.” (“Broadcast Yourself”).
“De modo geral, estamos diante de novas perspectivas para as
indústrias criativas que permitirão o surgimento de novos modelos de negócios
inovadores em audiovisual, todos com uma segmentação fina de mercado, com
multiplataformas e canais que oferecerão os seus produtos aos nichos de
mercado específicos, num padrão aberto e flexível de produção, baseando-se em
parcerias para inovar e entregar valor aos clientes.” (Rodrigo Carvalho,
Coordenador do Núcleo de Economia Criativa da ESPM-RJ)
Ainda no tocante a questão publicitária, temos que considerar a
tecnologia da propaganda em tempo real, onde o anúncio "escolhe" o internauta.
Numa reportagem de 23/03/2010, realizada em Nova York e
publicada no site do Observatório da Imprensa, a jornalista Cristina Fibe dá
detalhes dessa tecnologia: “Nos EUA, os publicitários já têm uma nova forma de
atrair os consumidores na internet: anúncios em tempo real, direcionados a cada
internauta, escolhidos com base em seu comportamento na rede”.
30
Em milésimos de segundo, é possível fazer com que uma
propaganda de hotel, por exemplo, apareça no navegador de quem pesquisa
passagens. Até então, os anunciantes dependiam de pacotes fechados com
antecedência; agora, aumenta a precisão para atingir um consumidor em
potencial.
Companhias como Google, Yahoo e Microsoft já lançaram suas
plataformas, ainda sem previsão de chegada ao Brasil, para o chamado real time
bidding (leilão em tempo real).
"Ele permite aos anunciantes serem bem mais precisos ao gastar
seu dinheiro – eles podem personalizar as campanhas e atingir a audiência certa,
anúncio por anúncio", afirmou à Folha um porta-voz do Google em Nova York.
A empresa, que lançou a plataforma nos EUA e na Europa, em
setembro, diz que a possibilidade de ajustar os anúncios cada vez que um site é
carregado significa que eles serão mais "relevantes e darão aos anunciantes
melhores resultados" – o que também beneficia os donos dos sites, que vendem
espaço a preços mais altos.
"A escolha em tempo real dos anúncios depende de fatores como o
IP do usuário, em que site eles aparecerão, se a propaganda está funcionando
bem", explica o Google.
Por exemplo: "Digamos que você tenha um time de futebol e uma
série de ingressos para um jogo em São Paulo no próximo domingo, de pacotes
VIP a cadeiras mais baratas. Você pode ajustar a oferta para diferentes pontos, a
depender de onde o seu anúncio aparecer".
É aí que entra o "leilão", decidido em milésimos de segundo pelo
programa de computador, que analisa o potencial de consumo do usuário
baseado no histórico de navegação.
Os anunciantes podem ofertar cinco centavos pela propaganda de
um pacote VIP, "para um usuário do Rio que procura passagens aéreas", ou dois
31
centavos por um anúncio de uma entrada mais em conta, "para alguém de São
Paulo que passeia pelas páginas de esporte do jornal". "Tudo isso acontece em
um piscar de olhos."
Apesar de as empresas defenderem que o real time
bidding beneficia donos de sites, anunciantes e até usuários, o sistema é alvo de
críticas nos EUA. A Federal Trade Commission, agência que regula as práticas
comerciais no país, ainda está discutindo a novidade, considerada por opositores
uma invasão da privacidade dos internautas.” (Cristina Fibe, de Nova York)”.
Considerações éticas a parte, o fato é que esta tecnologia ampliou
os horizontes da publicidade na internet. De forma similar e guardando as devidas
limitações, o Sistema de TV Digital Brasileiro oferece recursos para que uma
tecnologia de publicidade direcionada e segmentada possa operar.
Em 2010 a empresa Peta 5 lançou no mercado o Targ.TV. Uma
ferramenta capaz de entregar mensagens publicitárias direcionadas para
diferentes perfis de telespectadores usando o sistema brasileiro de TV digital
aberta. A Targ.TV permite o direcionamento simultâneo de anúncios publicitários
para públicos específicos, dentro do novo padrão brasileiro de TV digital aberta
(ISDB-T). Isto é, com o software desenvolvido pela Peta 5, passa a ser
tecnicamente viável que as emissoras de televisão possam veicular conteúdos e
propagandas direcionados a diferentes perfis de telespectadores, ao mesmo
tempo, criando com isso a oportunidade de alterar seus negócios, diminuindo os
custos para os tradicionais anunciantes e atraindo um número maior de novos
potenciais anunciantes.
Com a Targ.TV é possível a veiculação de campanhas específicas
para diferentes telespectadores, de acordo com seus perfis. Dessa forma, certos
anunciantes de produtos de beleza, por exemplo, poderão optar por veicular seu
anúncio somente para telespectadores classificados como do sexo feminino e das
classes A e B. Ou ainda pequenos anunciantes poderão optar por veicular seu
filme publicitário somente para os televisores localizados na área geográfica na
qual se encontra seu estabelecimento, contribuindo, assim, para a emergência do
32
que chamamos de “cauda longa da propaganda na TV digital”, uma vez que,
potencialmente, abre-se espaço para pequenos nichos de mercado, antes
impossibilitados de veicularem anúncios na TV, devido aos seus altos custos.
Ou seja, esta tecnologia permitirá, em tese, que diferentes públicos
(geográficos sociais, econômicos etc.) que estejam assistindo a um mesmo
conteúdo da TV aberta — uma novela, por exemplo — possam receber no horário
do intervalo comercial mensagens voltadas para o seu perfil específico, sendo
que para isso é necessário apenas possuir o aparelho de recepção DTV.
Uma pesquisa intitulada “A Cauda Longa da Propaganda na TV
Digital”, de autoria do Prof. Dr. Vinícius A. Pereira (UERJ/ UFRJ/ ESPM), da Prof.ª
e Mestra Andrea Hecksher (UFF/ ESPM/ COPPE-UFRJ) e da Drª Beatriz
Polivanov (UFF/ ESPM) e apresentada no GT de História da Mídia de Digital do
VIII Encontro Nacional de História da Mídia em 2010, investiga os possíveis
impactos desse novo modelo de anúncios televisivos, na cadeia de produção da
publicidade nas TVs. Foram entrevistados representantes das mais expressivas
emissoras televisivas de canais abertos e agências de publicidade do Rio de
Janeiro. Concluiu-se que: “embora as dinâmicas de consumo de mídias,
particularmente aquelas relacionadas a um público mais jovem, apontem para
uma profunda transformação em marcha, onde a televisão perde o lugar central
de fonte de entretenimento e de informação, a forma como o modelo publicitário
está estruturado nas televisões brasileiras ainda se mostra extremamente
lucrativo, o que não estimula mudanças. Neste sentido, uma ferramenta como a
Targ.TV se mostra pouco interessante se pensada dentro da sua proposta inicial
– permitir a estruturação de um modelo de cauda longa para a publicidade na TV
- mas, passível de utilização se pensada como um instrumento para a proposição
de novas linguagens publicitárias, como no caso dos grandes anunciantes
querendo apresentar variações nas suas mensagens para seus diferentes
públicos.”
Em outras palavras, na TV Aberta hoje ainda prevalece a força dos
grandes anunciantes como fonte principal de receita.
33
“Por outro lado”, (segue concluindo a pesquisa) “observamos como
os hábitos de consumo de mídias se alteram, com impactos diretos sobre os
hábitos de consumo de televisão, o que poderá demandar, em um futuro não
muito distante, novas abordagens em termos de linguagens publicitárias para que
este público possa dedicar a atenção devida aos anunciantes. Será dentro deste
contexto que apostamos que tecnologias como a Targ.TV poderão obter êxito.”
“Em relação à possibilidade de uma cauda longa aplicada à
publicidade na TV, tal como descrito acima, verificamos que isso é pouco factível
nos próximos anos, exatamente pelos mesmos motivos descritos acima. É clara a
posição unânime que há entre emissoras de TV e agências de publicidade
afirmando que seria mais trabalhoso e, ao menos em um primeiro momento,
menos rentável do que o modelo atual, a adoção de uma dinâmica de exibição de
comerciais nas TVs, tal como possibilitado pela tecnologia Targ.TV e similares.
Em contrapartida, particularmente as agências apostam que estes modelos de
tecnologias poderiam servir aos grandes anunciantes que quisessem realizar
experimentos quanto aos seus diferentes públicos consumidores. Ou seja, a
tecnologia Targ.TV poderia entrar como um diferencial para grandes anunciantes,
mas ainda dentro do modelo broadcasting de exibição de anúncios na TV.”
“É possível, ainda, que outras dimensões da tecnologia, como
aquelas que apostam em aplicativos que colaboram para a social TV, dentre
outras, se mostrem compatíveis e mesmo interessantes para todo o conjunto de
transformações nos hábitos de consumo de mídias na contemporaneidade. Os
próximos movimentos da cultura mostrarão. Seja como for, apostamos na
validade de acolher, dentro dos espaços universitários e científicos, propostas de
estudos como a que aqui realizamos com a Peta5, em torno da Targ.TV, como de
manter os espaços acadêmicos como aqueles capazes de pensar o futuro, sem a
obrigatoriedade de gerar lucros imediatos, mas, antecipar mudanças, confirmar
tendências, antecipar transformações.”
34
Outra discussão que ainda necessita de amadurecimento no
confronto entre os caminhos para se entregar o conteúdo, no que tange ao canal
de transmissão é: ser Broadcast ou Broadband?
Não basta apenas ter um Portal na Internet divulgando a
programação, fornecendo informações e vídeos on line ou por meio de podcasts.
Mas antes de avançar nessa questão, é preciso abordar o surgimento e a
evolução do que ficou conhecido como TV Conectada, Smart TV ou Broadband
TV.
No ano de 2007 as empresas Sony, LG e Samsung lançaram no
mercado as primeiras TV’s habilitadas a se conectarem a internet. Na verdade a
patente da televisão conectada foi registrada no Instituto Nacional de Propriedade
Industrial da França, sob o registro nº 9413469 em 09/11/1994, por Jean Marie
Gatto e Bertrand Dominique.
Essas Broadband TVs traziam no inicio aplicativos para acesso a
conteúdos específicos e suas funcionalidades operacionais eram extremamente
limitadas. Além de não possuírem um browser e interfaces adequadas para
selecionar objetos e digitar endereços, a conexão por wifi dependia de
adaptadores wireless/usb vendidos separadamente e nem sempre encontrados
com facilidade no mercado.
Ao longo dos últimos 5 anos as Broadband TVs foram adquirindo
operacionalidade e incorporando um browser e aplicativos (Apps) para acesso a
vídeos on demand de Provedores de Conteúdo como Terra, Yahoo, IG HD, You
Tube, Esporte Interativo entre outros, serviços over-the-top como Netflix, Net
Movies e Skype e até mesmo de consumo Catch Up disponibilizado pelas redes
MTV, SBT e Bandeirantes. No segundo semestre de 2012 a Samsung lançou sua
nova série de TVs ES cujos modelos mais simples já vêm equipados com
adaptador wifi além da porta LAN RJ45, 3 portas USB nas quais se pode conectar
um HDD para gravação de programas captados pelo sintonizador de TV Digital,
um teclado e um mouse wireless e qualquer outro dispositivo de memória flash
35
para exibição de fotos, filmes ou execução de arquivos de música. Já os modelos
top vêm equipados com Voice, Motion Control e Face Recognition.
Com o incremento de todas essas interfaces, a experiência com a
Broadband TV se tornou extremamente objetiva e amigável.
O que se deve ressaltar aqui como principal ameaça é que essa
modalidade de distribuição de conteúdo vem crescendo em todo o mundo,
tendendo a pulverizar a audiência da TV Aberta.
Em matéria publicada na revista Veja em 26/07/2011, de acordo com
uma pesquisa feita pela empresa americana de análise de mercado In-Stat: só
nos Estados Unidos, mais de 20% das residências já possuem TVs conectadas.
Dentro desse universo, 60% dos consumidores utilizam os aplicativos pelo menos
uma vez por semana. De acordo com outra empresa de análise estatística, a
Display Search, a expectativa é que, até 2014, cerca de 123 milhões de
televisores com esses recursos estejam instalados no mundo.
De acordo com dados divulgados pelas empresas LG, Philips e
Samsung em novembro de 2012, serão comercializadas pelo menos 10 milhões
de TVs com tela plana no Brasil em 2012. Desse número, pelo menos 40% diz
respeito às Smart TVs.
“As Smart TVs não são mais um conceito. As pessoas já conhecem,
ouviram falar ou já têm uma em casa”, explica Milton Neto, gerente geral da
unidade de TV da LG no Brasil. Se o ritmo continuar como está, é possível que as
Smart TVs fechem o ano (2012) com 50% do mercado, o que representa um
crescimento bastante significativo.
Entretanto há que se considerar nesse processo de
amadurecimento e penetração da Broadband TV, o prognóstico de crescimento
da oferta de banda larga nos próximos anos. A projeção realizada pelo Governo,
indica que o Brasil atingirá aproximadamente 18,3 milhões de acessos banda
larga no final de 2014, o que corresponde a cerca de 31,2 acessos a cada 100
36
domicílios, número bastante inferior à média de 37,0 acessos a cada 100
domicílios projetados para países apresentam condições semelhantes ao Brasil –
Argentina, Chile, China, México e Turquia.
Um estudo elaborado pela IDC (International Data Corporation)
para a Cisco Systems Inc., faz um prognóstico de conexões de internet para os
próximos 5 anos. Em 2016 o Brasil superará 39.2 milhões de conexões entre fixas
e móveis, sendo que as conexões de banda larga iguais ou superiores a 2 Mbps
alcançarão 69,3 % das fixas.
O estudo da IDC conclui que os fatores que alavancam a maturidade
da banda larga no Brasil são: “as recentes fusões das concessionárias com
operadoras de telefonia móvel, criaram grandes grupos capazes de ofertar um
abrangente leque de serviços, tendo a banda larga como componente chave no
pacote ofertado ao consumidor. As recentes regulamentações impostas ao setor
fomentaram tanto o segmento consumidor quanto o corporativo, que serão ainda
impulsionados pelos grandes eventos de 2014 e 2016 e por fim a mudança de
perfil no uso da internet, impulsionada pelo desejo de uma melhor navegação,
pela expansão do B2C na web, e também pela popularização de conteúdo e
mídias digitais que modificou positivamente o cenário da banda larga no país. “
Em contrapartida, conclui ainda o estudo da IDC, ”a relativa baixa
qualidade do serviço segue como um dos principais inibidores da banda larga no
mercado nacional. Apesar de o preço praticado estar em queda, ainda é caro
comparando-se a outros países da América Latina e do mundo. Ainda hoje existe
demanda reprimida, seja por uma cobertura com falta de opções de escolha de
tecnologia ou por mercado concentrados em dois ou menos provedores. E por
fim, parte da população ainda desconhece ou desconsidera a importância da
banda larga na vida cotidiana.“
E preciso ter em conta que para que as Broadband TVs atinjam o
melhor de sua performance, será necessário que cada usuário tenha uma
conexão com uma velocidade mínima de download de 10 Mbps. Considerando-
37
se rodar streamings de vídeo em alta definição, codificados em H264 ou em outro
algoritmo de compressão que venha sucedê-lo.
A partir deste ano de 2013, as medições de audiência, usadas como
referência para emissoras e anunciantes, vão incluir também o acesso aos
aplicativos das Broadband TVs. A inovação foi anunciada pela Nielsen, maior
empresa de pesquisas de audiência do mundo, devendo começar em setembro
nos EUA. No Brasil, a Nielsen é associada ao Ibope, que realiza o mesmo tipo de
trabalho.
Além de medir o número de domicílios sintonizados nas
transmissões de TV aberta e fechada, a empresa vai começar a aferir também
quantos telespectadores estão acessando os apps oferecidos pelos fabricantes
de TVs. Numa segunda etapa, provavelmente em 2014, serão verificados os que
estiverem com algum dispositivo conectado ao televisor, como players Blu-ray,
tablets, consoles de videogame e qualquer aparelho que permita acesso à
internet.
“Achamos que o impacto dos TVs conectados na audiência ainda é
pequeno”, admite Brian Fuhrer, vice-presidente da Nielsen, que calcula em 0,6%
o número de domicílios atingidos. “Mas a mudança precisa ser feita agora, porque
o papel dessas novas mídias no comportamento da audiência tende a ser cada
vez maior.” Segundo ele, a empresa neste momento está procurando seus
clientes (a maioria deles emissoras, operadoras, anunciantes e agências de
publicidade) para explicar como irá funcionar o novo sistema.
“Continuaremos aferindo a audiência das principais redes pelo
mesmo método usado até hoje. Mas não podemos esquecer que fontes como
Netflix e Hulu já estão alterando os hábitos dos telespectadores. E queremos
saber também se domicílios que não recebem sinais de TV tradicionais estão
tendo acesso a outros tipos de conteúdo.” (Reportagem da Revista Panorama
Audiovisual – 01/03/2013)
O que a principio parecia se apresentar como uma ameaça, na
verdade se mostra hoje como uma grande oportunidade para a expansão e
38
diversificação do negócio de TV Aberta, bem como da ampliação das
possibilidades de veiculação publicitária, tendo em vista que a pulverização da
audiência é um processo irreversível.
Respondendo enfim a questão colocada no início: ser broadcast ou
broadband? Nem um, nem outro, mas os dois. Ou seja, a TV Aberta pode e deve
expandir o seu negócio e ocupar o seu lugar dentre os Apps das Broadband TVs,
dos Tablets e dos Smartphones, levando o melhor do seu conteúdo on demand e
ao vivo. Levando conteúdo regionalizado e com publicidade direcionada como a
proposta por modelos como a Targ.tv ou pelo Real Time Bidding.
Mas para que isso venha a ter consistência é preciso não só se
capacitar hoje com infraestrutura e recursos humanos que sejam capazes de
preparar e entregar com eficiência todos os conteúdos, como também firmar o
quanto antes, acordos e traçar metas de compatibilidade com a industria de
terminais de Broadband TVs, Tablets e Smartphones.
2.4 Interatividade
“Middleware é a camada de software localizada entre as aplicações
(programas de uso final) e o sistema operacional. Seu objetivo é oferecer às
aplicações suporte necessário para seu rápido e fácil desenvolvimento, além de
esconder os detalhes das camadas inferiores, bem como a heterogeneidade entre
os diferentes sistemas operacionais e hardwares, definindo, para os que
produzem conteúdo, uma visão única de aparelho. Esse papel confere à definição
do "middleware Brasileiro" (O Ginga) grande relevo, pois, na prática, é ele quem
regulará as relações entre duas indústrias de fundamental importância no país: a
de produção de conteúdos e a de fabricação de aparelhos receptores. Do ponto
de vista do software, podemos dizer, sem exagero, que, ao definir o middleware,
estamos, de fato, definindo a “televisão brasileira.”” (Ambiente para
Desenvolvimento de Aplicações Declarativas para a TV Digital Brasileira -
Laboratório Tele Mídia Depto. Informática PUC-Rio).
39
O middleware desenvolvido para o Sistema Brasileiro de Televisão
Digital, o Ginga, possui como características mais importantes: o suporte à
sincronização de mídias como a sincronização baseada na estrutura e o suporte a
canal de retorno; suporte a múltiplos dispositivos de exibição; suporte ao
desenvolvimento de programas ao vivo (em tempo de exibição); suporte à
adaptação do conteúdo e da forma como o conteúdo é exibido e o suporte ao
desenvolvimento de aplicações visando à inclusão social, como aplicações para
ensino, saúde etc.
Ou seja, o Ginga representa uma grande ferramenta para que o
Radiodifusor promova e operacionalize novos procedimentos de veiculação
publicitária, ofertas de serviços de utilidade pública, controle da audiência com a
participação ativa dos telespectadores em cada programa e por conseguinte de
avaliação da qualidade dos conteúdos ofertados. Será possível estabelecer um
“termômetro” em tempo real para cada novo conteúdo posto no ar e em múltiplas
telas.
Com isso o Radiodifusor poderá cada vez mais aperfeiçoar a
qualidade dos programas ofertados e aumentar a sua competitividade.
O Ginga é constituído por um conjunto de tecnologias padronizadas
e inovações brasileiras que o tornam a especificação de middleware mais
avançada do mundo e a melhor solução para os requisitos do país. O Ginga é o
resultado de vários anos de pesquisas realizadas pela Universidade Católica do
Rio de Janeiro (PUC-Rio) e pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
O sistema é dividido em três subsistemas principais interligados
(Ginga-CC, Ginga-NCL e Ginga-J), que permitem o desenvolvimento de
aplicações seguindo dois paradigmas de programação diferentes. Dependendo
das funcionalidades requeridas no projeto de cada aplicação, um paradigma será
mais adequado do que o outro.
40
Ginga-CC
O Ginga-CC (Ginga Common-Core) oferece o suporte básico para
os ambientes declarativos (Ginga-NCL) e procedural (Ginga-J), de maneira que
suas principais funções sejam para tratar da exibição de vários objetos de mídia,
como JPEG, MPEG-4, MP3, GIF, entre outros formatos. O Ginga-CC fornece
também o controle do plano gráfico para o modelo especificado para o ISDB-TB e
controla o acesso ao Canal de Retorno, módulo responsável por controlar o
acesso à camada de rede.
Ginga-NCL
O Ginga-NCL foi desenvolvido pela PUC-Rio com o objetivo de
prover uma infra-estrutura de apresentação para aplicações declarativas escritas
na linguagem NCL (Nested Context Language), que é uma aplicação XML com
facilidades para a especificação de aspectos de interatividade, sincronismo
espaço-temporal entre objetos de mídia, adaptabilidade, suporte a múltiplos
dispositivos e suporte à produção ao vivo de programas interativos não-lineares.
Para facilitar o desenvolvimento de aplicações Ginga-NCL, a PUC-
Rio criou também a ferramenta Composer, um ambiente de autoria voltado para a
criação de programas NCL para TV digital interativa. Nessa ferramenta, as
abstrações são definidas em diversos tipos de visões que permitem simular um
tipo específico de edição (estrutural, temporal, layout e textual). Essas visões
funcionam de maneira sincronizada, a fim de oferecer um ambiente integrado de
autoria.
Ginga-J
O Ginga-J foi desenvolvido pela UFPB para prover uma infra-
estrutura de execução de aplicações baseadas na linguagem Java, com
facilidades especificamente voltadas para o ambiente de TV digital.
O assunto Interatividade na TV Digital Brasileira entretanto, não
caminhou conforme se pretendia, por conta de alguns entraves importantes que
41
detiveram o avanço da implementação efetiva do Ginga, tanto em questões
relacionadas ao pagamento de royalties para utilização de módulos Java
constantes no Ginga-J, quanto em questões mercadológicas por parte dos
fabricantes e de políticas governamentais, que deveriam ter acelerado esse
processo junto aos desenvolvedores, Radiodifusores e Indústria de receptores de
TV, Tablets e Smartphones.
O primeiro entrave, que diz respeito ao processo de licensiamento
dos módulos Java, envolve questões complexas e que demandaram estudos,
desenvolvimentos e negociaçoes nos últimos quatro anos. Para que esse
assunto possa ser melhor entendido, uma breve visão sobre a cronologia dos
fatos se faz necessária.
É preciso saber antes que o Ginga foi estruturado sobre uma base
conhecida como GEM (Globally Executable Middleware), que é o padrão
internacional de middleware para TV Digital, desenvolvido pelo European Digital
Video Broadcasting Group and Associated Groups. Essa base ou essa
especificação é carregada de royaties.
Em alternativa ao GEM, a Sun Microsystemas (Oracle)
desenvolveu o Java DTV. O trabalho foi executado de forma colaborativa pelas
equipes alemã e americana da Sun Microsystems (Oracle), juntamente com oito
companhias e institutos de pesquisa do Brasil, afiliados ao Fórum SBTVD. A
equipe de coordenação foi formada internamente pelo Fórum SBTVD, e contou
com representantes de três forças tarefa – Mercado, Técnica e Propriedade
Intelectual.
Esse trabalho teve inicio no ano de 2008 e concluído em 2009. Em
abril de 2009 o Fórum SBTVD decidiu por 12 votos a 1 a adoção do Java DTV
para o Ginga-J.
A despeito dessa definição, no mesmo ano de 2009, uma outra
questão emperrou o avanço do Ginga. As implementações comerciais da Sun
Microsystems (Oracle) usadas no middleware, tais como Java TV, JVM (Java
Virtual Machine) e JMF (Java Media Framework) são passíveis de cobrança de
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licenças. A indefinição da Sun Microsystems (Oracle) com relação aos preços a
serem cobrados por licensa por equipamento, ou até mesmo com relação a
determinação de um teto, levou o Fórum SBTVD a exigir um compromisso de
transparência nas negociações, fazendo inclusive constar na norma ABNT-NBR
15606-6 (pág.vii, 3o parágrafo), que trata da codificação de dados e
especificações de transmissão para radiodifusão digital Parte 6: Java DTV 1.3, o
seguinte trecho: ” O proprietário deste direito de patente assegurou à ABNT que
está preparado para negociar licenças sobre termos e condições razoáveis e não
discriminatórias com os solicitantes. Sobre isto, uma declaração do proprietário
desta patente está registrada com a ABNT. Informações podem ser obtidas com:
*Oracle Corporation [...]”.
Esse impasse com a Sun Microsystems (Oracle) persistiu até abril
de 2012, quando o Governo e Fabricantes ameaçaram tornar o Ginga-J opcional
no middleware, caso a empresa não se posicionasse claramente sobre a fixação
de preços e /ou de um teto. Não obstante essa dificuldade nas negociações com
a Sun Microsystems (Oracle), a presença ou não do Ginga-J nos receptores a
serem fabricados no Brasil já não é mais objeto de discussões, ou seja, o ginga
virá integral nos próximos receptores produzidos em 2013. O que ainda se discute
no tocante as aplicações Java é o modelo de licenciamento da Sun Microsystems
(Oracle), não sendo, entretanto objeto de estudo deste trabalho.
É importante ressaltar aqui que a comunidade brasileira de
desenvolvedores em Java, é a segunda maior do mundo. De acordo com Jeet
Kaul, vice-presidente de software cliente & engenharia Java da Sun Microsystems
(Oracle), a comunidade brasileira é a mais empenhada. Os dados da companhia
apurados em 2009 mostram que há aproximadamente 34.000 desenvolvedores
locais de Java certificados, e uma população geral de técnicos, programadores e
engenheiros habilitados em Java de 110.000. A partir de 2013 toda essa
comunidade poderá estar empenhada numa série de projetos de aplicações para
a TV Digital Brasileira.
“Acredito que ter uma tecnologia de abrangência mundial, que nos
dê a possibilidade de uma segurança jurídica adequada, com base na licença
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GPL (General Public License) do Java, que abra para as empresas brasileiras um
importante mercado mundial e que, na minha opinião, temos todas as condições
de garantir que seja de uma forma não discriminatória, é uma oportunidade muito
grande para deixarmos escapar.” (Bruno Souza – Diretor do Grupo de
Usuários Soujava).
O segundo entrave é que para a indústria de receptores, a inclusão
do Ginga não produz nenhum diferencial entre os aparelhos disponíveis no
mercado. "A indústria não comprou a ideia do Ginga porque não é diferencial de
produto, não consegue vender mais TVs porque o concorrente tem a mesma
coisa. As TVs conectadas têm diferenciais que fazem com que o consumidor
compre uma determinada marca e pague mais caro por isso. O Ginga vai causar
um custo e não vai aumentar a quantidade de vendas", avalia Valdecir Becker,
Professor da FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado).
Com a publicação da Portaria Interministerial nº140 em 23/02/2012,
que estabelece, ainda que tardiamente, o Processo Produtivo Básico para o
produto Televisor com Tela de Cristal Líquido, industrializado na Zona Franca de
Manaus, a inclusão do Ginga nos receptores de TV digital deixa de ser facultativa
e passa a ser obrigatória obedecendo ao seguinte cronograma:
I - at 30 de junho de 2012: dispensado;
II - de 1º de julho at 31 de dezembro de 2012: opcional;
III - de 1º de janeiro at 31 de dezembro de 2013: 75% (setenta e cinco por cento)
dos televisores;
IV - a partir de 1º de janeiro de 2014: 90% (noventa por cento) dos televisores.
O terceiro entrave são os ensaios necessários a serem feitos pelos
fabricantes de receptores, por meio de uma suíte de testes, para avaliar e
certificar que todas as aplicações interativas enviadas pelas emissoras sejam
compatíveis com cada uma das três plataformas do Ginga. A despeito disso,
cogita-se da necessidade de se fazerem atualizações nos receptores para
promover correções e implemento de funcionalidades no Ginga. Ainda que uma
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porcentagem considerável da população não tenha a cultura de atualizar o
televisor, já existe uma nova geração de televisores no mercado capaz de fazer
atualizações automáticas, uma vez que estejam conectados a uma rede de banda
larga, seja via cabo ou wireless.
Diante das perspectivas postas até aqui, deve-se considerar que não
está se falando aqui somente em interatividade local (caso do EPG ou
Informativos de prestação de serviços e etc.) ou levantando questões sobre o
canal de retorno. A interatividade do Ginga virá embarcada em TV’s conectadas
e, conforme abordado neste trabalho, além de todos os implementos de
usabilidade o seu prognóstico de crescimento e evolução de recursos tanto
quanto o acesso a banda larga são promissores. O Radiodifusor precisa enxergar
que, o que hoje lhe parece um negócio rentável, mudará de lugar e formato.
Se hoje as emissoras de TV ainda promovem interatividade via rede
telefônica fixa e móvel, seja por ligações para números específicos e envio de
SMS’s e esse faturamento compartilhado com as operadoras de telefonia.
Amanhã esse mesmo processo será suprimido por aplicações específicas de
interatividade em múltiplas telas.
O Radiodifusor deve estar preparado para um universo de
possibilidades. A tecnologia de interatividade unirá os mundos Broadcast e
Broadband em definitivo, onde conteúdos poderão ser acessados de diferentes
formas em diferentes meios.
Experiências nessa direção já estão sendo desenvolvidas. A
empresa Totvs/TQTVD já oferece soluções prontas para o desenvolvimento de
aplicações de second screen (ou segunda tela). A equipe de engenharia da
empresa desenvolve há dois anos com a NHK japonesa os requisitos técnicos de
uma plataforma híbrida, broadband/broadcast que virou uma recomendação da
ITU, a J.205.
Durante a Broadcast & Cable de 2012 a Totvs/TQTVD mostrava em
seu stand uma solução para second screen usada pelo SBT. O objetivo é permitir
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ao telespectador usar os conteúdos preparados para a segunda tela pela
emissora (ou seja, informações adicionais de programas, vídeos, votação em
enquetes, t-commerce, etc), e enviados para o televisor através do canal de
dados do sinal digital da TV aberta. Tudo isso sincronizado com o programa ou
atração transmitida pela emissora.
Para receber esse conteúdo no Smartphone ou Tablet Android ou
IOS basta o telespectador baixar o aplicativo e conectar seu iPhone ou iPad à
mesma rede Wi-Fi na qual a TV compatível com DTVi já está conectada. Caso
esteja sendo transmitido conteúdo compatível, a sincronização entre os
dispositivos se dará automaticamente.
No caso do SBT o internauta é levado para páginas Web do
programa que estiver assistindo naquele momento. Mas ao lado desta
demonstração, no mesmo stand da Totvs/TQTVD, era possível ver um teste da
Rede Globo para a transmissão de videoclips de lances de uma partida de
futebol, como um gol, por exemplo, enquanto a partida está rolando no sinal da
TV aberta.
“São exemplos de como juntar o melhor dos dois mundos”, disse
David Britto, CTO da TQTVD. “E de dar à emissora uma chance de manter o
internauta conectado aos seus conteúdos mesmo em outro dispositivo com
acesso internet”, explicou.
O aplicativo Sticker Center está disponível na APP Store da Apple e
no Google Play. A partir dele é possível inclusive comentar a programação
através das redes sociais Twitter e Facebook. O que significa que hoje, a solução
do SBT já pode ser testada por qualquer consumidor, em São Paulo, que tiver um
televisor com conexão Internet de fabricação da LG, Sony, Panasonic, Philips ou
Toshiba. A da Globo, ainda não. A intenção do SBT é medir o quanto os
conteúdos de segunda tela serão fáceis de acessar por parte do telespectador,
serão ou não do seu agrado, etc.. E também o quanto conseguirá evitar que, para
que seu telespectador tenha acesso aos conteúdos broadband do SBT ele tenha
que deixar de ver a TV aberta.
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O que Radiodifusor precisa objetivar para os próximos anos é:
 Repensar a infraestrutura de televisão como um todo, onde os
ambientes de TI e de Produção de TV estejam lado a lado interagindo e
empenhados em cada projeto.
 Formar equipes de desenvolvimento de aplicações em Ginga-Java ou
Ginga-NCL para aparelhos fixos e móveis ou comprar aplicações
interativas de empresas independentes em contratos personalizados
com confidencialidade.
 De posse dessas novas ferramentas para T-commerce, repensar o
formato de inserção de publicidade, de maneira a tornar o
entretenimento televiso o mais fluente possível, onde as ofertas de
produtos e serviços sejam oportunas e direcionadas e, portanto sem
gerar incômodos à experiência do telespectador.
Para concluir, é preciso ter em mente que o Ginga é o elemento
unificador que permitirá que o negócio de TV aberta expanda a sua atuação por
Broadband TVs, Tablets, Smartphones e o que mais for concebido pela tecnologia
de entretenimento e comunicação.
“Interatividade e convergência com a internet está permitindo a
televisão de se tornar mais do que um meio passivo. Os telespectadores estão
possibilitados de mergulhar fundo na história, acessar estatísticas de esportes
para complementar o jogo, ou compartilhar seus pensamentos com seus amigos.
Os anunciantes podem atingir telespectadores específicos de maneira
significativa – veja os relatos da imprensa sobre a forma como Obama venceu a
eleição nos EUA! A mobilidade e a portabilidade da distribuição de programação
em vídeo, em minha opinião, terá um profundo impacto nos negócios de televisão.
Como os telespectadores podem consumir programação de fora de suas casas,
tantas oportunidades aparecem e são envolvidas. No fim, os consumidores
querem controlar o que assistem, quando eles assistem, e em qual dispositivo
irão fazer isso. O sucesso nos negócios da programação da televisão irão
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reconhecer e servir suas necessidades, sem contar a tecnologia de distribuição.”
(Bob Zitter, vice-presidente executivo e diretor técnico da HBO).
2.5 Caminhos de Expansão
Além da alta definição e da interatividade, os outros dois grandes
diferenciais da TV Digital Brasileira são a multiprogramação e a mobilidade.
A expansão da TV Aberta no Brasil passa necessariamente pela
potencialização desses dois grandes diferenciais, quando se pensa em viabilizar
um serviço de TV móvel eficiente, útil e rentável.
Duas questões são essenciais para o avanço desse propósito: a
liberação do uso do recurso da Multiprogramação, com definição de regras claras
para sua utilização e a definição de um plano de canalização para viabilização
das Redes SFN (Single Frequency Network) e avanço da interiorização.
O Decreto nº 5.820, de 2006, dispõe sobre a implantação do
Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre – o SBTVD –T. Entretanto o
decreto não inclui o recurso da multiprogramação. Somente em 11 de fevereiro de
2009, o Ministério das Comunicações publicou a Portaria nº 24 que aprovou a
Norma nº 1. Essa norma regulamenta a operação compartilhada dos canais a
serem utilizados pela União para a exploração dos serviços de Televisão e de
Retransmissão de Televisão Pública Digital no âmbito do SBTVD-T. Em sua
cláusula nº 10.3, estabelece que “A multiprogramação somente poderá ser
realizada nos canais a que se refere o art. 12 do Decreto nº 5.820, de 29 de
junho de 2006, consignados a órgãos e entidades integrantes dos poderes da
União”. Ou seja, apenas a TV pública poderá fazer uso da multiprogramação na
difusão dos seus conteúdos.
Essa norma levantou grandes discussões e críticas por parte da
radiodifusão comercial e até pública. A ABRA (Associação Brasileira de
Radiodifusores) questionou as regras, que impedem que um canal digital
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comercial seja dividido em quatro, uma das principais vantagens do sistema
japonês adotado pelo Brasil. Em comunicado, a entidade alegou que: “considera
inadequada a medida do governo, uma vez que o padrão escolhido para a TV
digital, a partir do japonês e adaptado às necessidades do Brasil, tem como
principal característica o multicanal. Não faz sentido proibir a utilização de uma
das características principais do sistema brasileiro de TV digital”.
A despeito dessa polemica, o que precisa estar claro para a
radiodifusão comercial é que a multiprogramação não será legalmente viável
durante o período de “simulcasting”, ou seja, enquanto as transmissões digitais
forem replicadas no domínio analógico, pela simples razão de que na tecnologia
analógica não se pode transmitir múltiplos conteúdos áudio visuais. Apesar de se
tratar de uma mudança tecnológica, a radiodifusão de sons e imagens ainda é
regulada pelo Decreto nº 52.795, de 1963, onde no item 21 do art. 5º
encontramos a seguinte definição: “o serviço de telecomunicações que
permite........a transmissão de sons e imagens (televisão) destinada a ser direta e
livremente recebida pelo público”. Em outras palavras e em principio, para
aqueles outorgados que transmitem seus conteúdos pela tecnologia analógica, ao
transmitirem conteúdo diferenciado pela tecnologia digital, estarão privando parte
significativa do público do acesso direto e livre ao mesmo.
Para esses outorgados, portanto, a utilização do recurso da
multiprogramação só será possível após o “switch off”, ou seja, após 26 de junho
de 2016, que é o caso da maioria dos Radiodifusores.
Entretanto, a partir de 1º de julho de 2013 o Ministério das
Comunicações somente outorgará o serviço de radiodifusão de sons e imagens
para transmissão na tecnologia digital, não havendo, portanto para esses
outorgados o impedimento ao uso do recurso da multiprogramação, mesmo antes
do término do período da transição tecnológica.
Entendido esse processo e apesar dos grandes avanços que
proporcionará ao negocio da TV Aberta, a multiprogramação poderá apenas ser
liberada mediante uma regulação específica, com regras claras que impeçam que
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os canais sejam alugados, vendidos ou usados para proselitismo – tentativa de
converter pessoas a aderir a uma religião ou ideia. Deverá haver também um
compromisso com a cultura, a utilidade pública e a educação.
Dentro dessa perspectiva, o que de estratégico deve ser planejado
para os próximos anos, é a implementação de um esquema de transmissão que
atenda a TV Fixa HDTV, a TV Embarcada SDTV e a TV Móvel LDTV. Como o
ISDB-T já foi implantado no Brasil com a utilização da tecnologia de compressão
H.264, é possível a combinação dos três padrões que seguem: HDTV, SDTV e
LDTV. (HD=High Definition, SD=Standard Definition e LD=Low Definition),
ocupando respectivamente as camadas B, C e A, na divisão de segmentos OFDM
do canal de transmissão de 6 Mhz.
Para uma melhor compreensão da aplicação desse esquema de
transmissão, é preciso abordar a questão das Redes SFN e Gap Fillers.
A infraestrutura de retransmissão analógica de sinal na maioria das
redes de televisão, é constituída de estações transmissoras compostas
basicamente de 1 transmissor analógico titular, 1 transmissor reserva, em VHF ou
UHF, um Nobreak, um receptor de satélite por onde é recebida a programação da
Geradora para retransmissão e sistemas irradiantes com suas chaves de
manobras. Evidentemente o custo de cada estação depende do grau de eficiência
de transmissão desejado e da qualidade dos equipamentos aplicados, o que é
50
determinado em função da população e audiência presumida cobertas pela
estação.
Uma Rede SFN, pressupõe uma infraestrutura que contenha além
do transmissor digital principal, transmissor reserva, sistema irradiante e Nobreak,
uma cadeia de enlaces de microondas digitais (SDH – STM-1), interligando todos
os postos integrantes da rede desde a origem ou Sede geradora até o último
posto, transportando o BTS (Broadcast Transport Stream), que carrega todas as
informações sobre o esquema de transmissão, aplicações de interatividade, EPG
e conteúdos específicos em HD, SD e LD, 10Mhz. e 1PPS (Pulse Per Second)
para sincronismo.
A expansão e interiorização de uma Geradora de Programação por
Redes SFN representa a melhor das condições operacionais, considerando que
os telespectadores de receptores fixos poderão sintonizar um mesmo canal seja
na região metropolitana ou no interior e os telespectadores de receptores móveis
poderão acompanhar um determinado programa em um longo percurso.
Entretanto Implantar e manter uma Rede SFN compreende altos custos e longos
processos para obtenção de frequências para os enlaces de microondas. Além
desses aspectos, ainda há os impedimentos de viabilidade para a radiodifusão de
uma mesma frequência por um longo percurso, o que depende de um plano
coerente de canalização a ser apresentado pelo Governo nesse sentido. O uso
do satélite, portanto ainda é uma opção para os Radiodifusores na expansão de
suas redes MFN (Multi-Frequency Network) para o interior, embora o tráfego do
BTS por satélite ainda represente um desafio com relação ao consumo de banda,
no que resulta também num alto custo de segmento espacial. Não obstante, não
ser alvo deste trabalho o estudo comparativo das soluções para redes de
expansão, uma avaliação nesse sentido deve ser buscada pelos Radiodifusores
olhando para os resultados a longo prazo.
O objetivo aqui é ressaltar a importância da construção de redes
SFN focadas na distribuição para TVs Embarcadas e TVs Móveis, de forma que
51
se possa desfrutar de recepção de qualidade em percursos relativamente longos,
além das fronteiras da cobertura metropolitana.
A TV embarcada ou Mídia embarcada tem sido uma tendência nos
grandes Centros Urbanos, onde os tempos de deslocamento entre casa-trabalho
e trabalho-casa estão cada vez mais longos. Estudo divulgado pelo Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) no último dia 12/03/2013, mostra que o
tempo de deslocamento entre casa e trabalho é aproximadamente 31% maior em
São Paulo e no Rio de Janeiro na comparação com outras sete regiões
metropolitanas brasileiras e o Distrito Federal. De acordo com a pesquisa, um
morador de São Paulo leva, em média, 42,8 minutos para chegar ao trabalho. No
Rio, o trajeto dura 42,6 minutos. O estudo, baseado em dados da Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), gerados pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), aponta as mudanças no tempo de deslocamento
entre casa e trabalho de 1992 a 2010. Segundo a pesquisa, o tempo médio nas
outras oito localidades, fora São Paulo e Rio de Janeiro, é de 32,62 minutos.
Porto Alegre e Belém são os locais onde o trajeto é feito com mais rapidez, em
27,7 e 31,5 minutos, respectivamente. A pesquisa inclui, ainda, Belo Horizonte
(34,4 minutos), Recife (34,9), Fortaleza (31,7), Salvador (33,9), Curitiba (32,1) e o
Distrito Federal (34,8).
Diante destes números, conclui-se que uma parcela substancial da
população das grandes capitais passa pelo menos cerca de duas horas em
transito diariamente. Durante esse período, invariavelmente as pessoas buscam
algum tipo de entretenimento para passar o tempo, seja um livro, um jornal, um
player de músicas e vídeo, navegar na internet no Smartphone ou no Tablet e
assistir TV Móvel. Isso significa que esse público de potenciais telespectadores
em movimento, é privado muitas vezes por esse mesmo tempo de deslocamento,
do melhor que se possa oferecer de entretenimento, informação e prestação de
serviços. Portanto a TV embarcada possui o potencial de promover a inclusão
dessa audiência móvel e atrair essa mesma audiência para a grade de
programação da TV Aberta nos horários em que esta normalmente aufere os
menores índices de audiência.
52
A TV ou Mídia embarcada hoje é uma modalidade de
entretenimento, informação e veiculação publicitária instalada em diversas linhas
do transporte público coletivo nas principais capitais do Brasil. Fornecida na
maioria dos casos por empresas especializadas em Digital Signage e TV
Corporativa, essas TVs invariavelmente são off line, ou seja, seu conteúdo é
suprido por uma memória flash e atualizado diariamente. Outras empresas
fornecedoras desse serviço se utilizam da atualização via rede 3G. Há inclusive
uma modalidade publicitária que se utiliza de um receptor de GPS para inserir
propagandas de acordo com a posição geográfica dos ônibus. Com a
implantação e expansão da rede 4G, esse serviço tenderá a ser atualizado minuto
a minuto online.
Experimentos feitos pela Rede Record em São Paulo, demonstraram
ser possível a recepção móvel do sinal ISDB-T em definição standard (SDTV). O
sinal foi transmitido na modulação 16QAM com uma taxa de aproximadamente 3
Mbps. Para compensar possíveis perdas de informação, esse sinal era
armazenado na TV embarcada para ser exibido segundos depois. O resultado
dessa experiência foi bastante satisfatório e abre precedente para que outros
experimentos possam ter lugar. O melhor modo de transmissão e recepção
precisa ser determinado, aperfeiçoado e normatizado. Receptores específicos
podem ser desenvolvidos utilizando inclusive a tecnologia MPEG 4 - HEVC (High
Efficiency Video Coding) para otimizar a transmissão com baixa taxa de dados.
A perspectiva de incorporar a recepção de conteúdo via ISDB-T na
TV embarcada é concreta e pode ser implementada, não só para as grandes
áreas metropolitanas, como também para os principais corredores viários
intermunicipais e interestaduais. Para isso um cuidadoso mapeamento urbano e
de cobertura de sinal deve ser feito para que sejam determinados todos os pontos
de aplicação de Gap Fillers, bem como redes SFN precisam ser pensadas e
concretizadas para atender os percursos interestaduais.
53
Os conteúdos, as veiculações publicitárias diretas e via
interatividade poderão e deverão ser regionalizados por remultiplexação nos
pontos de maior concentração urbana dos grandes trajetos.
Seja para a televisão embarcada (SDTV), seja para a televisão
móvel (LDTV - One Seg), esse propósito de distribuição só terá êxito quando a
multiprogramação estiver devidamente liberada e regulamentada.
Mas a multiprogramação que se preconiza aqui, é aquela focada na
difusão do melhor e mais adequado conteúdo para cada destinação. A
programação da TV Embarcada e da TV Móvel deve atender a demanda dos
usuários e a condição que eles se encontram, ou seja, em deslocamento de um
ponto ao outro da cidade ou do estado. A elaboração de uma programação
diferenciada - especialmente no caso do LDTV - One Seg - é vital para o
crescimento e popularização das TVs Móveis. Uma programação que privilegie
informações de serviços em horários de rush - como trânsito, previsão do tempo
ou plantões com informações objetivas em tempos mais curtos - além de
programas adaptados, com duração menor do que habitualmente produzidos para
TV aberta, bem como com enquadramentos de câmera e arte videográfica
adequados à telinha.
A interatividade também deve ser pensada para aproveitar ao
máximo os recursos e o tempo do usuário. É preciso que os serviços sejam
objetivos por causa da dinâmica de consumo da TV Móvel. No caso de terminais
como Smartphones rodando middleware Ginga, o canal de retorno é facilmente
acessado via 3G, 4G ou Wifi, estando fechado, portanto o circuito da
interatividade. Vale ressaltar que estes mesmos Smartphones rodando Ginga,
poderão interagir no caso da TV embarcada, desde que esta última esteja
inserida numa rede Wifi restrita ao ônibus, a qual os passageiros se conectem
automaticamente e seus Smartphones estejam rodando o aplicativo de segunda
tela.
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Mas há ainda uma questão que deve ser respondida para
complementar a visão de negócio das TVs embarcadas. A questão é: como
garantir exclusividade da TV Embarcada à esse ou aquele Radiodifusor? A
resposta envolve pelo menos duas ações comerciais e dois fatores
condicionantes, a saber:
1– Ações comerciais:
1.1 - Parcerias com fornecedores de TVs/ Midias embarcadas, promovendo
o aprimoramento do hardware e adequação do mesmo para recepção do
sinal ISDB-T, mediante contrato comercial com garantia de
confidencialidade.
1.2 – Parcerias com empresas de ônibus que operem linhas urbanas,
intermunicipais e interestaduais com contrapartidas na área publicitária e
produção de conteúdos específicos.
2– Fatores condicionantes:
2.1 – Qualidade da cobertura de sinal.
2.2 - Qualidade do conteúdo.
Sem preencher satisfatoriamente estes dois fatores, as chances de
obtenção de boas parcerias comerciais ficam reduzidas e, por conseguinte da
conquista desse novo nicho de mercado.
CAPÍTULO II
3. CONCLUSÃO
O desenvolvimento tecnológico dos últimos 60 anos revolucionou hábitos,
costumes, a forma de comunicação, de expressão, derrubou fronteiras,
democratizou a informação, o conhecimento e abriu o caminho para uma nova era
onde as possibilidades são praticamente infinitas.
Como visto neste trabalho, a TV aberta veio evoluindo lentamente ao longo
desse tempo e ainda permanece insistindo em seu modelo de negócio por conta
do alto faturamento que ainda aufere, a despeito de o advento da Televisão
Digital e todos os seus recursos, terem lhe dado todas as ferramentas
necessárias para conquistar seu espaço num mundo cada vez mais convergente,
conectado e interativo.
O futuro da TV aberta depende de profundas reformulações quanto a sua
infraestrutura operacional. A redistribuição das verbas publicitárias em virtude da
pulverização da audiência deverá mudar esse cenário de alto faturamento,
forçando as Emissoras a desenvolver um modo de operação mais enxuto e
eficiente, buscando se inserir em novas áreas de difusão, para conquistar fatias
desse novo bolo publicitário que se configurará.
Nessa empreitada de reformulação operacional, outro grande desafio será
qualificar a mão de obra para os novos perfis profissionais que deverão atuar
nessa nova TV aberta. Uma aproximação com as Universidades deve ser
buscada para, numa associação público privada, definir os requisitos de formação
desses novos profissionais para a constituição de novas grades curriculares nas
áreas tecnológica e de produção audiovisual.
No que tange a malha de transmissão, o caminho do compartilhamento de
sites com outras emissoras deve ser negociado, o que impactará positivamente
56
nos custos de operação e manutenção. A possibilidade de associação comercial
com Operadores de Telefonia Móvel deve ser considerada pelos Radiodifusores,
não só em função dos projetos conjuntos de interatividade, como também pela
possibilidade de compartilhamento de sites de Estações Rádio Base para
provimento de Gap Fillers nas áreas metropolitanas e até mesmo de postos de
rede SFN.
No que tange a produção de conteúdos, deve-se considerar que não
importa muito a tecnologia dos meios se o conteúdo é desprovido de qualidade,
bem como não importa por quantos meios se tenha conteúdos desde que eles
sejam suficientemente diversificados, úteis e de qualidade inquestionável. Disso
depende essencialmente o negócio de TV Aberta, seja hoje, seja no futuro.
Em dezembro de 1989, vislumbrando o advento da TV Digital em alta
definição, a Sony Corporation adquiriu a Columbia Pictures Industries Inc., hoje
Sony Pictures. A ideia sempre foi prover conteúdo de alta qualidade não só para
as salas de cinema, mas também para nova televisão que iria chegar. Portanto é
preciso pensar e produzir hoje o que será realidade na televisão de amanhã.
A Ultra Alta Definição (UHD) já é uma realidade tangível para a TV digital,
tanto no âmbito da captação e produção quanto no âmbito da transmissão. A
tecnologia H-264/MPEG4 - HEVC torna possível a transmissão de um sinal de
resolução de 4K (3840 × 2160 pixels, ou 8.3 megapixels) com uma taxa de
somente 20 Mbps. Os TVs que reproduzem 4K já se encontram em fabricação.
Uma nova geração de receptores ISDB-T, habilitados para o H-264/MPEG4 –
HEVC tomará o lugar dos receptores atuais. Em breve a transmissão de um sinal
de resolução de 8K (7680 × 4320 pixels ou 33.1 megapixels) já estará sendo
viabilizada por uma nova tecnologia de compressão. Nesse tempo será possível
assistir conteúdos em 1080P em TVs embarcadas e TVs Móveis. Um desafio
sucederá outro sempre.
O FOBTV é uma entidade sem fins lucrativos e sem personalidade jurídica
que congrega mais de 300 executivos de 25 países, Emissoras de TV, Institutos
57
de Pesquisa, Universidades, Organizações de Padronização, Fabricantes de
equipamentos profissionais e Indústria de Consumo. Suas ações são voltadas
para o futuro da televisão aberta e terrestre no mundo. Tem como metas
principais: definir os requisitos dos futuros sistemas de televisão terrestres, lançar
mão de padrões unificados, eficientes e convergentes entre broadcast e
broadband e promover o compartilhamento global de tecnologias. A ideia central é
dar à televisão aberta e terrestre todos os subsídios para que se torne uma
televisão sem fronteiras. Buscando que os sistemas de transmissão e recepção
sejam configuráveis, ou seja, que sejam capazes de alterar dinamicamente seus
parâmetros de transmissão. Que sejam adaptáveis, com receptores inteligentes
que se adaptam às transmissões. Que sejam escaláveis ou capazes de suportar
diferentes níveis de qualidade de áudio e vídeo. Que sejam eficientes quanto às
técnicas de modulação e codificação, apresentando um baixo consumo de
energia e por fim, interoperável com outros meios de distribuição convergentes.
Por fim, a despeito de todas essas perspectivas, TV aberta no Brasil, por
ser uma concessão federal e considerada um serviço de utilidade pública, está
sujeita às autorizações e regulações governamentais para poder avançar rumo a
soluções mais eficientes para o modo de se difundir. Portanto, essas soluções só
podem ser implantadas num ritmo muito lento, colocando a radiodifusão de sons e
imagens sempre um passo atrás dos últimos avanços alcançados pela pesquisa
tecnológica. Não há outra forma de alargar os caminhos para o novo modelo de
negócio da TV aberta, que não seja por uma negociação séria, responsável e
objetiva com o Governo, visando buscar um novo modelo de regulação que possa
acompanhar a dinâmica dos novos tempos.
REFERÊNCIAS
http://www.tudosobretv.com.br/histortv/historbr.htm#
http://www.fndc.org.br/arquivos/HistoriaTVEducativa.doc
http://www.ancine.gov.br/faq-lei-da-tv-paga
http://canaisglobosat.globo.com/index.php/sobre
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sky_Brasil
http://pt.wikipedia.org/wiki/Grupo_Abril
http://www.sergiomattos.com.br
http://mais.espm.br/2012/10/novos-modelos-de-negocios-em-audiovisual.html
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/deciframe_ou_te_devoro__
19335
http://veja.abril.com.br/noticia/vida-digital/setor-de-tvs-inteligentes-deve-crescer-
35-ate-2016
http://www.tecmundo.com.br/televisao/32576-4-milhoes-de-smart-tvs-serao-
vendidas-em-2012-no-brasil.htm#ixzz2PX9lukG1
http://worldwide.espacenet.com/publicationDetails/biblio?CC=US&NR=5905521A
&KC=A&FT=D&ND=7&date=19990518&DB=EPODOC
http://www.artigonal.com/multimidia-artigos/o-plano-nacional-de-banda-larga-e-os-
prognosticos-em-relacao-a-inclusao-digital-politicas-de-comunicacao-ufrj-2010-
3550527.html
59
http://www4.planalto.gov.br/brasilconectado/pnbl
http://www.convergenciamidiatica.com.br/2010/04/o-futuro-da-tv-aberta-no-
brasil.html
http://www.cisco.com/web/BR/assets/docs/idc_barometro_brasil_final_2012.pdf
http://www.webbertek.com.br/site/interno.php?id_str=2&id_sub=17&id_ctns=44
http://idgnow.uol.com.br/blog/circuito/2012/08/13/coitada-da-tv-digital-interativa-
mais-maltratada-impossivel/
http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/CONSUMIDOR/422445-
APROVADO-PROJETO-SOBRE-ESCLARECIMENTO-AO-CONSUMIDOR-
QUANTO-AO-PADRAO-DIGITAL.html
http://convergenciadigital.uol.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=29296&sid
=7
http://www.telaviva.com.br/07/12/2012/minicom-cria-o-ginga-brasil-programa-de-
desenvolvimento-de-aplicativos-e-conteudos-interativos/pt/315857/news.aspx
http://www.mc.gov.br/telecomunicacoes/noticias-telecomunicacoes/26190-
minicom-lanca-ginga-brasil-para-estimular-interatividade-na-tv-digital
http://www.robglidden.com/2009/01/royalty-free-java-dtv/
http://www.dtv.org.br/?s=a+quest%C3%A3o+do+ginga
http://bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/1427/multiprogramacao_se
rvico_tavares.pdf?sequence=5
http://ecommercenews.com.br/glossario/o-que-e-t-commerce
60
http://portal.dataprev.gov.br/wp-
content/uploads/2010/09/TVDS_artigo_Webmidia.pdf
Engenheiro Antonio Marcio Pena – Rede Record de Televisão – São Paulo
http://www.nercdtv.org/fobtv2012/en/aboutus.html

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O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - UFF O FUTURO DA TV ABERTA COMO MODELO DE NEGÓCIO MAURICIO PEREIRA DE AZEVEDO Rio de Janeiro 2013
  • 2. MAURICIO PEREIRA DE AZEVEDO O FUTURO DA TV ABERTA COMO MODELO DE NEGÓCIO Monografia apresentada no curso de Pós- graduação - MMBBAA eemm TTVV DDiiggiittaall,, RRaaddiiooddiiffuussããoo && NNoovvaass MMííddiiaass ddee CCoommuunniiccaaççããoo EElleettrrôônniiccaa,, da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial à obtenção do título de Pós Graduação. Orientador: Prof.: Luiz F. Taboada Rio de Janeiro 2013
  • 3. Elaborado por: MAURICIO PEREIRA DE AZEVEDO O FUTURO DA TV ABERTA COMO MODELO DE NEGÓCIO Analisado e aprovado por: ____________________________________________________ Orientador ____________________________________________________ Professor ____________________________________________________ Professor Niterói, 28 de Abril de 2013
  • 4. DEDICATÓRIA Este trabalho é dedicado a todos aqueles Radiodifusores que acreditam num novo modelo de TV aberta e que se empenham em construir uma televisão de alto nível, sem fronteiras, acessível à todos os públicos, adaptável às novas dinâmicas de difusão e interatividade, que seja sustentável, rentável e ao mesmo tempo útil, educativa, que ofereça conteúdos de qualidade e que privilegie o melhor de nossa arte e de nossa cultura. “Um país precursor acho que vai ser, dará o seu recado no tempo certo, porque não tem vocação para a mediocridade” Lúcio Costa Arquiteto
  • 5. AGRADECIMENTOS À minha esposa e filhos que, a despeito de todas as dificuldades que enfrentamos juntos, sempre me apoiaram na conclusão dessa empreitada. Aos Colegas e Professores das turmas TVDRJ3 e TVDRJ4 com os quais tive o privilegio de conviver e a oportunidade de debater e desenvolver ideias, amadurecer pontos de vista e ampliar os meus horizontes nessa temática da TV Digital. Certamente, muito do que consta neste trabalho é o resultado dessa convivência.
  • 6. SUMÁRIO Dedicatória...................................................................................................................... iv Agradecimentos.............................................................................................................. v Sumário........................................................................................................................... vi Lista de Figuras.............................................................................................................. vii Lista de Gráficos............................................................................................................. viii Lista de Siglas e Abreviaturas........................................................................................ ix 1. Introdução................................................................................................................. 10 2. Desenvolvimento....................................................................................................... 12 2.1 Histórico.................................................................................................................... 12 2.2 Fatos e Tendências.................................................................................................. 24 2.3 Ameaças e Possibilidades (Broadcast ou Broadband)............................................. 28 2.4 Interatividade............................................................................................................ 38 2.5 Caminhos de Expansão............................................................................................ 47 3. Conclusão.................................................................................................................. 55 Referências..................................................................................................................... 58
  • 7. LISTA DE FIGURAS Figura 1 Distribuição dos segmentos OFDM em camadas 49
  • 8. LISTA DE GRAFICOS Gráfico 1 Distribuição das Verbas Publicitárias na década de 1960 15 Gráfico 2 Crescimento de receptores de TV no Brasil entre 1951 e 1989 15 Gráfico 3 Distribuição das Verbas Publicitárias na década de 1970 16 Gráfico 4 Distribuição das Verbas Publicitárias na década de 1980 17
  • 9. LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS 4K Resolução de 3840 × 2160 pixels ou 8.3 megapixels 8K Resolução de 7680 × 4320 pixels ou 33.1 megapixels ABRA Associação Brasileira de Radiodifusores APP/ APPS Application / Applications - o mesmo que software aplicativo B2C Business-to-Consumer BTS Broadcast Transport Stream DTH Direct To Home DTV Digital Television DTVi Digital Television Interactive FAPESP Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo FERMILAB Fermi National Accelerator Laboratory FOBTV Future of Broadcast Television GPL General Public License HDD Hard Disc Drive IPTV Internet Protocol Television LAN Local Area Network OFDM Orthogonal frequency-division multiplexing PNBL Plano Nacional de Banda Larga RJ45 Padrão de conexão para cabeamento de redes de dados SBTS Sistema Brasileiro de Telecomunicações via Satélite SBTVD Sistema Brasileiro de Televisão Digital SDH Synchronous Digital Hierarchy STM-1 System Transmition Module, number 1 (155 Mbps) UHD Ultra High Definition USB Universal Serial Bus VT Video Tape
  • 10. CAPÍTULO 1 1. INTRODUÇÃO Com o crescimento e a diversidade das tecnologias de distribuição de conteúdo e da multiplicidade de terminais de recepção cada vez mais sofisticados e convergentes, tais como os Smartphones, os Tablets e as Smart TV`s, a perspectiva de sobrevivência da TV Aberta como modelo de negócio representa um tema desafiador para os anos vindouros. Somando-se a isso a entrada das empresas de Telecomunicações na operação de TV`s por Assinatura, Vídeo On Demand, IPTV, DTH e o Plano Nacional de Banda Larga, um cenário em que as fatias do mercado diminuem significativamente tende a se estabelecer. As questões que se colocam são: quais as possibilidades e desafios que a TV Aberta terá pela frente? Como deverá ser o seu perfil para que tenha sustentabilidade para o futuro? Quais são os fatos e as tendências nesse mercado e quais são as reais ameaças e oportunidades? O propósito desse trabalho é fazer uma reflexão critica sobre a TV Aberta e desenvolver uma visão estratégica que possa dar uma resposta para cada uma das questões acima e que possa nortear e sugerir novos empreendimentos para o futuro, tendo como base o suporte tecnológico do Sistema Brasileiro de TV Digital e suas múltiplas funcionalidades. Para atingir esses objetivos, esse trabalho se alicerçou na pesquisa bibliográfica, não só compilando as informações mais relevantes sobre as ofertas tecnológicas da atualidade e que ainda estão por vir na difusão de conteúdos, como também de todas as possibilidades operacionais do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre que concorrem nesse contexto. No que tange a argumentação em torno das tendências para o futuro, esse trabalho se apoiou em estudos publicados por profissionais chave, tanto no
  • 11. 11 âmbito da implantação e da expansão da TV Digital no Brasil, quanto no âmbito do Fórum Brasileiro de TV Digital e do FOBTV – Future of Broadcast Television.
  • 12. CAPÍTULO II 2. DESENVOLVIMENTO 2.1Histórico Não é correto abordar a história da TV no Brasil somente pela ótica mercadológica, pelo simples motivo de que a Televisão em si, a forma de se fazer e de se assistir, criou uma cultura que insere componentes comportamentais, sociais e políticos ao cotidiano do país. Todavia, em se tratando de um trabalho voltado para a questão do modelo de negócio em si, se procurará focar mais nos dados mercadológicos, pontuando fatos importantes ao longo dos últimos 62 anos. Em 19 de setembro de 1950, quando Assis Chateaubriand inaugurou em São Paulo a primeira emissora de Televisão do Brasil, a TV Tupi, pouco ou quase nada se sabia sobre como conduzir esse novo negócio. Entretanto, Chateaubriand num gesto visionário, vendeu um ano de espaço publicitário à Sul América Seguros, Antarctica, Moinho Santista e empresas Pignatari (Prata Wolf). Vale ressaltar que nesse momento não se produzia receptores de TV no Brasil, ainda não havia um público formado e o mercado publicitário era principiante e não conhecia o negócio. No início de 1951 existiam cerca de sete mil receptores de TV entre o Rio de Janeiro e São Paulo. Os receptores de TV no Brasil possuíam valor proibitivo, ou seja, eram cerca de três vezes e meia mais caro que a radiola mais sofisticada do mercado. A televisão era um privilégio de poucos que podiam adquirir modelos importados como era o caso da Philips. Assistir televisão era naquele momento e ainda por algum tempo, uma atividade coletiva. “Felizmente, no mesmo ano de 1951, o empresário Bernardo Kocubei lançou a primeira TV fabricada no Brasil, a modelo Invictus de 17”, cujos componentes eram 50%
  • 13. 13 nacionais. Logo em seguida a Semp Rádio e Televisão lançou o seu modelo brasileiro de 17”. Mas em 1951, outro fato importante veio alavancar o negócio e dar- lhe os contornos que permaneceram pelo menos até 1966. As agências de publicidade americanas McCann-Erickson e J.W. Thompson começaram a operar a TV brasileira como veículo publicitário, passando a decidir o conteúdo dos programas, criando, redigindo e produzindo sempre de forma compatível com o modelo brasileiro. Os patrocinadores passaram a determinar os programas que deviam ser produzidos e veiculados, bem como a contratar artistas e produtores. A partir de 1952 os telejornais e alguns programas possuem o nome do patrocinador como, por exemplo: Telenotícias Panair, Repórter Esso, Telejornal Bendix, Teatrinho Trol, Gincana Kibon, Sabatina Maisena etc.. Nesse período os comerciais eram apresentados ao vivo por garotas-propaganda em pequenos sets. Era o momento de movimentar cenários, trocar figurinos, maquiagens etc.. Esse modo de operação só começou a mudar entre 1959 e 1960, quando o governo liberou a importação de videotapes recorders. Desse ponto em diante se passou a produzir os primeiros programas regulares e comerciais gravados e veiculados integralmente em VT. A TV Rio foi a primeira Emissora a utilizar o videotape com regularidade nas gravações do programa Chico Anísio Show. Em 1961, por decreto federal, o intervalo comercial é fixado em 3 minutos, mas somente em 1971 é regulamentado o tempo de 3 minutos de intervalo para cada 15 minutos de programação. Em 1962, graças ao uso do VT, os produtos de Linha de Show e Teledramaturgia passam a ser gravados e melhor acabados, podendo ser exibidos quase que simultaneamente em outras praças.
  • 14. 14 Em 1963 a TV Excelsior foi a primeira Emissora a oferecer uma programação horizontal, ou seja, novelas todos os dias às 20 horas e vertical, programa infantil seguido de novela e depois de jornal, show e finalizando com filme. A TV Excelsior também foi a primeira a expressar uma preocupação com a sua identidade visual, estabelecendo um padrão videográfico ao longo de sua programação. Também foi pioneira ao criar o primeiro filme publicitário para o produto Leite de Rosas, realizado pelo Estúdio de Jingles de Gilberto Martins e a colocar no ar a primeira telenovela diária com 43 capítulos. Em 1964 já possuíamos 34 emissoras de Televisão em todo o Brasil e cerca de um milhão e seiscentos mil receptores de TV. Em 1965 a Embratel é constituída como empresa pública. Entra no ar a TV Globo no Rio de Janeiro, inovando na forma de fazer televisão e impondo a ideia de que quem deve produzir os programas é a própria Emissora e não os Patrocinadores, que eram os verdadeiros donos dos horários e dos produtores, quebrando assim o formato adotado desde 1952. Em 1967, entra no ar a TV Bandeirante que adota, a princípio, uma grade de programação sem comerciais. Em 1969, a Embratel inaugura a primeira estação terrena de comunicações via satélite em Tanguá. Em 3 de março é iniciada a primeira transmissão comercial via satélite, com a cobertura da missão Apolo IX pela TV Globo. É na década de 1960 que a TV se consolida como veículo de massa, como evidencia o gráfico1 de distribuição da verba publicitária mostrado a seguir.
  • 15. 15 Gráfico 1 – Distribuição das Verbas Publicitárias na década de 1960 Observa-se no gráfico que em 1962 a TV ainda disputava acirradamente a verba publicitária com a Revista e o Rádio, pois havia no Brasil pouco mais de um milhão de receptores de TV. Em 1968, com a criação do Crédito Direto ao Consumidor (CDC), as vendas de receptores de TV são alavancadas e ocorre um aumento de 47% nas vendas em relação a 1967. Nos dez anos seguintes saímos de 2 milhões, 334 mil receptores para 14 milhões e 800 mil, em 1978, como mostra o gráfico 2. Gráfico 2 – Crescimento de receptores de TV no Brasil entre 1951 e 1989 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 1962 1964 1966 1968 TV JORNAL REVISTA RÁDIO OUTROS 1951 1958 1965 1972 1979 1986 0 5000000 10000000 15000000 20000000 25000000 30000000 35000000 40000000 QuantidadedeReceptores RECEPTORES DE TV NO BRASIL ENTRE 1951 E 1989 RECEPTORES Fonte: http://www.tudosobretv.com.br Fonte: http://www.tudosobretv.com.br
  • 16. 16 A década de 1970 foi marcada por alguns fatos decisivos para a modernização da televisão e seu modo de operação, a saber: 1970 – Os anunciantes passam a comprar espaços entre os programas em vez de patrocínios. 1972 – 30 de março: iniciam-se as operações da TV em cores no Brasil. 1974– A Embratel começa a operar o Sistema Brasileiro de Telecomunicações via Satélite, o SBTS, comprando capacidade satelital da Intelsat. As principais emissoras passam a fazer uso do Sistema para distribuição de seus conteúdos para outras praças. 1975 – Institui-se no Brasil o conceito de Rede de Televisão. Se analisarmos os gráficos que seguem, constatamos o crescimento constante da televisão na participação do bolo da verba publicitária na década de 1970, variando em torno de 60% na década de 1980. Sempre acompanhada pelo Jornal, a Revista e o Rádio (vide gráficos 3 e 4). Gráfico 3 – Distribuição das Verbas Publicitárias na década de 1970 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 1972 1974 1976 1978 TV JORNAL REVISTA RÁDIO OUTROS Fonte: http://www.tudosobretv.com.br
  • 17. 17 Gráfico 4 – Distribuição das Verbas Publicitárias na década de 1980 Em 23/10/1975, após perder varias concorrências para obtenção de concessões de canais de TV em São Paulo e no Rio de Janeiro, o empresário Silvio Santos consegue obter do Governo a concessão do canal 11 no Rio de Janeiro, que também foi disputado pela Editora Bloch, pela Fundação Casper Libero e pela Editora e Impressora de Jornais e Revistas (O Dia, A Notícia). No mesmo mês de outubro de 75, Silvio Santos arrematou a massa falida da extinta TV Continental (Canal 9 - Rio), investiu na aquisição de equipamentos e em 14/05/1976 às 20h:55min, entra no ar a TVS (TV Studios canal 11). Somente em 1981, Silvio Santos obteve outorga do Governo para operar os canais 5 de Porto Alegre, 2 de Belém, 9 do Rio de Janeiro e 4 de São Paulo. Mas só em 19/08/1981 entra no ar o SBT canal 4 em São Paulo, no mesmo dia em que foi oficializada a concessão do canal. Curiosamente a sede ou Cabeça de Rede é inaugurada 5 anos após a inauguração de sua filial no Rio de Janeiro. As estratégias comerciais que mais marcaram os primeiros anos do SBT, foram a distribuição das principais atrações na grade de programação, sempre sucedendo uma atração na grade da Rede Globo e a exibição sistemática de chamadas para essas atrações, sempre lembrando ao telespectador que era logo após a novela da Globo ou Jornal e etc.. A ideia tão óbvia, mas nunca antes utilizada em televisão teve o efeito esperado e faz jus a máxima de Silvio Santos que diz: “A Globo é um supermercado. Eu sou uma quitandinha.” 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% TV JORNAL REVISTA RÁDIO OUTROS Fonte: http://www.tudosobretv.com.br
  • 18. 18 Em 05/11/75 a Fundação Centro Brasileira de TV Educativa, TVE fez a 1ª transmissão experimental através de seu próprio canal, (canal 2, ocupado pela Extinta TV Excelsior), concedido pela Portaria Interministerial n° 408 em 1970 e do decreto federal n° 72637, em 1973. Mas apenas em 04/02/77 a emissora passou a funcionar em caráter definitivo, com 6 horas de programação diária cuja maior preocupação era a memória nacional. Em 03/12/79, entrou no ar a Rede de TV Educativa, composta por 20 emissoras. A década de 1980 trouxe avanços importantes para a expansão das redes de TV, que arcavam com custos altos para a distribuição de seus conteúdos para outros estados, utilizando capacidade da Intelsat e/ou por meio dos Centros de TV da Embratel com seus enlaces de microondas. Em 1982 o Governo autoriza a Embratel a instalar e operar os seus próprios satélites. Contratos são assinados para compra e lançamento desses satélites. Em 1984 é inaugurado o Centro de Operações de Guaratiba e em 1985 é lançado o Brasil Sat A1, o primeiro satélite doméstico da América Latina. Em 1986 é lançado o Brasil Sat A2, para complementar o sistema de telecomunicações via satélite. Em 1988 é promulgada a nova Constituição Brasileira que inclusive modifica o sistema de concessões de canais de rádio e de televisão. “A Carta Magna de 88 reafirmou a competência da União para explorar, diretamente ou por meio de outorga a terceiros, os serviços de radiodifusão. Também reforçou as previsões relativas às obrigações educativas e culturais que os meios de comunicação, com destaque para o rádio e a televisão, deveriam ter. Porém a Constituição Federal não se restringiu a cristalizar conceitos já existentes. Houve algumas alterações bastante significativas. A maior delas, sem dúvida, foi atacar a histórica centralização da competência pela outorga de radiodifusão pelo Poder Executivo Federal, fazendo com que o Congresso Nacional também fizesse parte da análise desses processos. A competência do Congresso Nacional para a apreciação dos atos de outorga e de renovação de outorga de radiodifusão ficou expressa em duas passagens da Constituição Federal: no inciso XII do art. 49, que estabelece como competência exclusiva do Congresso Nacional apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e televisão;
  • 19. 19 e nos §§ 1o, 2o, e 3º do art. 223, no quais se lê que o Congresso Nacional apreciará os atos de concessão, permissão e autorização para o serviço de radiodifusão; que a não-renovação de concessão ou permissão dependerá de aprovação de no mínimo dois quintos do Congresso Nacional, em votação nominal; e que o ato de outorga ou de renovação somente produzirá efeitos legais após deliberação do Congresso Nacional. Desde então, mais de 6 mil processos desse tipo foram analisados pela Câmara e pelo Senado Federal.” (Regulação das Outorgas de Radiodifusão no Brasil – Uma Breve Análise – por Cristiano Aguiar Lopes – 2009 – Biblioteca Digital da Câmara dos Deputados) O cenário da televisão no Brasil começa a mudar na década de 1990. Três fatos importantes sinalizam para um futuro de diversidade. O primeiro fato é que, com a ocupação total do espectro de radiofrequência destinado aos canais de TV na faixa de VHF, abrem-se novas concessões na faixa de UHF. O segundo fato é que começam a entrar em operação as TV’s por assinatura. O terceiro fato é o advento da internet e sua revolução. O serviço especial de TV por Assinatura ou TVA foi regulamentado em 1988, cuja aprovação foi dada pelos decretos nº 95.744 de 23/02/1988 e 95.815 de 10/03/1988. “Através do decreto No. 99.180, de 15 de março de 1990, que dispõe sobre a reorganização dos órgãos da Presidência da República e dos Ministérios, foi criado o Ministério da Infraestrutura, que entre outros órgãos absorveu o Ministério das Comunicações. O antigo Ministério foi transformado na Secretaria Nacional de Comunicações, composto por: Departamento Nacional de Administração de Frequência; Departamento Nacional de Serviços Públicos; Departamento Nacional de Serviços Privados, e Departamento Nacional de Fiscalização das Comunicações. No dia 30 de julho, o Departamento Nacional de Serviços Privados da Secretaria Nacional de Comunicações do Ministério da Infraestrutura, baixou a Instrução nº. 04, estabelecendo procedimentos para a solicitação de instalações
  • 20. 20 de estações dos serviços de Radiodifusão e Especiais de Televisão por Assinatura e de Retransmissão de Televisão. (Cronologia da TV Brasileira – por Sérgio Mattos). Já em 1989 o Canal+, inspirado no nome e no logotipo do homônimo francês, transmitia a programação da programadora norte-americana ESPN através do canal 29 UHF em São Paulo. Em 1990, ainda que não seja um canal por assinatura, entra no ar em São Paulo a MTV no canal 32 UHF, destacando-se por ser a primeira TV aberta com programação segmentada a operar no Brasil. Ela entra no ar 9 anos após a estréia da MTV americana, fruto da associação dos Grupos Abril e Viacom. Em 15/09/1991 entra no ar a TV Abril, a primeira rede de TV por assinatura no país, oferecendo os canais Showtime, TNT, ESPN, Supercanal e CNN. No mesmo ano de 1991, o Congresso Nacional pede que as concessões para TV por assinatura sejam suspensas até que seja formulada uma Lei específica para o Setor. Essa lei só seria promulgada em 06 de janeiro de 1995, Lei 8977/95, conhecida como “Lei do Cabo”. Na verdade é importante ressaltar aqui que essa Lei trata da TV por Assinatura, considerando sua distribuição apenas no meio físico. Somente em 12/09/2011 foi sancionada a Lei nº 12.485, originada no Projeto de Lei 116, que unifica e altera as regras para o mercado de TV por assinatura no Brasil. A lei põe fim a restrição ao capital estrangeiro, o que impedia empresas da área de Telecomunicações de prestarem esse serviço. Em novembro de 1991, surge a Globosat. A primeira programadora a atuar no Brasil criando quatro canais: o GNT, o Top Sports, o Multishow e o Telecine. No mesmo período a empresa Globo Cabo (NET) dava os primeiros passos para a construção de sua malha de distribuição de TV por assinatura. Inicialmente, as primeiras transmissões dos canais Globosat se davam por satélite, modalidade DTH/Banda C, para um público muito restrito. A partir de
  • 21. 21 1995, teve início o processo de expansão do leque de canais da Globosat. O antigo Top Sports deu origem ao SporTV e foram criados, quase que sucessivamente, a Globo News, o USA (que deu origem ao Universal Channel) e o Shoptime. O Telecine virou uma rede com 5 canais de diferentes gêneros de filmes. Tiveram início as operações de pay per view e foi lançado o Canal Brasil, totalmente voltado para a produção cinematográfica nacional. O mercado brasileiro atendido pelo serviço de TV por assinatura ainda era muito pequeno: em março/1996, havia 1,7 milhão de usuários - distribuídos em 70% cabo, 20% MMDS e 10% DTH/Banda C - o que implicava em uma taxa de penetração baixa, em torno de 4% em relação ao número total de domicílios com TV. Desse total, o Sistema Net/Globosat detinha cerca de 900 mil assinantes e a TVA cerca de 780 mil, englobando todos os sistemas. (Fonte: BNDES) Em 14 de julho de 1996 aconteceu a inauguração do Centro de Transmissão da DirecTV, em Tamboré - São Paulo. A Solenidade contou com a presença do então Presidente da República Fernando Henrique Cardoso, do Ministro das Comunicações Sérgio Motta, o Governador do Estado de São Paulo, Mário Covas, o Presidente do Grupo Abril Roberto Civita e o Presidente da Hughes, Michael Armstrong. A festa foi para celebrar a união das empresas: Abril (Brasil), Cisneros (Venezuela), Multivision (México) e, Hughes (Estados Unidos), que possibilitou a chegada do primeiro sistema DTH (Direct to home) no Brasil e América Latina. Em 11 de novembro de 1996, através de uma aliança entre as Organizações Globo, a British Sky Broadcasting, a News Corporation e a Liberty Media International, foi fundada a Sky. O Sistema Net/Globosat que já contava com a sua rede de distribuição via cabo, ganhou o reforço do DTH em Banda KU. No ano seguinte, a marca da empresa foi atualizada para Canais Globosat, e foi consolidada a sua posição de líder no mercado de TV por Assinatura no Brasil.
  • 22. 22 Mesmo com todo esse aporte na geração e distribuiçãoo de conteúdos, até meados da década de 1990, a TV por Assinatura no Brasil ainda era incipiente. O custo da mensalidade era elevado e a oferta dos serviços atingia número reduzido de cidades. O novo tipo de TV podia ser considerado um privilégio. Em 1994, havia apenas 400 mil domicílios assinantes, mas em 2001 já se registravam 3,5 milhões, o que corresponde a um crescimento de 750% em seis anos. Em 2011, esse número ultrapassou os 12 milhões de domicílios. Em termos de densidade, a TV por Assinatura no Brasil atingiu cerca de 23% dos domicílios com televisão no país. Em novembro de 2012 esse número chegou a 15.966.950 de domicílios e uma densidade de 26.9 %, considerando todas as tecnologias de distribuição. (Fontes: Anatel e EDTV Ibope) Voltando um pouco no tempo e seguindo um curso paralelo a esse cenário da televisão aberta e por assinatura, tem lugar um outro acontecimento que viria a transformar a vida de toda a sociedade. Em 1988, Oscar Sala, professor da Universidade de São Paulo (USP) e conselheiro da Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp), desenvolveu a idéia de estabelecer contato com instituições de outros países para compartilhar dados por meio de uma rede de computadores. Assim, chegou ao Brasil a Bitnet (Because is Time to Network). A rede conectava a Fapesp ao Fermilab, laboratório de Física de Altas Energias de Chicago (EUA), por meio de retirada de arquivos e correio eletrônico. O serviço foi inaugurado oficialmente em 1989. Em 1991, o acesso ao sistema, já chamado Internet, foi liberado para instituições educacionais e de pesquisa e a órgãos do governo. Nessa época ocorriam fóruns de debates, acesso a bases de dados nacionais e internacionais e a supercomputadores de outros países, além da transferência de arquivos e softwares. No entanto, tudo estava reservado a um seleto grupo de pessoas. Em 1992, o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) assinou um convênio com a Associação para o Progresso das Comunicações (APC) liberando o uso da Internet para ONGs. No mesmo ano, o Ministério da Ciência e Tecnologia inaugurou a Rede Nacional de Pesquisa (RNP)
  • 23. 23 e organizou o acesso à rede por meio de um "backbone" (tronco principal da rede). Foi apenas em 1993 que ocorreu a primeira conexão de 64 kbps à longa distância, estabelecida entre São Paulo e Porto Alegre. Em 1994, estudantes da USP criaram centenas de páginas na Internet. O ano de 1995 foi um marco. Os ministérios das Comunicações e da Ciência e Tecnologia criaram, por portaria, a figura do provedor de acesso privado à Internet e liberaram a operação comercial no Brasil. No ano seguinte, muitos provedores começaram a vender assinaturas de acesso à rede. Os primeiros sites brasileiros surgidos eram de notícias. Depois, surgiram os de compras, entretenimento e pesquisa. Assim, a rede nacional começou a crescer. Para o público médio, e-mail e as salas de bate-papo (chats) foram dois dos principais carros-chefe para a popularização da Internet. A forma de comunicação entre as pessoas mudou tanto no ambiente de trabalho quando na vida particular. Em 1999, o número de internautas era superior a 2,5 milhões, atingindo 7,68 milhões em 2002. Hoje somos 94,2 milhões de internautas, sendo o Brasil o 5º país mais conectado. (Fonte: Ibope Midia – dezembro de 2012). Além dos grandes benefícios já citados, a internet também trouxe mais adiante nos anos 2000, a democratização do conhecimento e, o ponto mais relevante a ser considerado neste trabalho, a democratização dos meios, o vídeo sob demanda, a TV sobre IP, o Over The Top, o “broadcast your self” com o You Tube, criado em 2005. Em meio a esse cenário embrionário da década de 1990, dos grandes acontecimentos que teriam lugar nos anos 2000, a TV aberta seguia seu rumo na década de 1990 com a maioria das redes iniciando um processo de digitalização dos seus parques de equipamentos, buscando cada vez mais a
  • 24. 24 melhoria da qualidade técnica de seus conteúdos. Paralelo a isso, os estudos e testes para escolha do melhor sistema para a implantação da TV Digital no Brasil, estavam em curso. Nesse período, alguns programas com proposta de interatividade, tais como “Voce Decide” (Rede Globo – 1992 a 2000) e “Intercine” (Rede Globo – 1996 a 1998) estiveram no ar. Na virada para o novo milênio, a TV Aberta passa a dividir a verba publicitária com mais dois meios. 2.2 Fatos e Tendências De acordo com levantamento feito em 2011 pelo Idate - World Television Market, a partir de 2008 as receitas com assinaturas passaram as receitas publicitárias como principal meio de financiamento das TV’s no mundo. Em 2014 prevê-se que as receitas com assinaturas serão 15% maiores do que as advindas da publicidade. Essa é uma tendência mundial e não será diferente no Brasil. A cada ano o número de assinantes de TV paga será maior. A ABTA (Associação Brasileira de TV’s por Assinatura) projeta entre 35 e 45 milhões o número de assinantes em 2017. Um dos elementos catalizadores desse processo é a vigência da Lei 12.485/2011 e sua regulamentação que, dentre outras medidas, libera completamente a participação do capital estrangeiro, antes permitido para as operadoras por DTH e MMDS e apenas limitado no Cabo. Com isso, um número maior de empresas passará a oferecer o serviço de TV paga, num cenário de competição acirrada em que o custo da assinatura tenda a cair expressivamente. Outro elemento é o aumento do poder aquisitivo da população com a ascensão da Classe C. Segundo estudo feito em 2011 pelo Instituto Data Popular, a projeção é que em 2014, 58% da população pertencerá a Classe C. Segundo a ABTA, a Classe C representa hoje 28% do total de assinantes da TV paga e o potencial de crescimento nesse segmento da sociedade está longe de se esgotar.
  • 25. 25 É fato que a TV Aberta teve uma participação recorde de 63,3 % na distribuição das verbas publicitárias em 2011. Mas já no primeiro quadrimestre de 2012 a Internet assumiu um novo patamar nessa participação, subindo de 5.1% em 2011 para 11.98% em 2012, superando o Jornal, que em 2011 representava 11.83, caindo em 2012 para 11.06%. Com isso, a TV Aberta também caiu para 60.3%. A projeção é que a Internet tenha fechado 2012 com 13.7% de participação. A Internet já é considerada o segundo meio de maior faturamento no Brasil. (Fonte: dados do Projeto Intermeios / IAB). Outro fato de visceral importância e que concorre para a aceleração desse processo é o PNBL (Plano Nacional de Banda Larga), cuja implantação foi iniciada com o Decreto nº 7.175, de 12 de maio de 2010, tendo por objetivos: Criar oportunidades, acelerar o desenvolvimento econômico e social, promover a inclusão digital, reduzir as desigualdades social e regional, promover a geração de emprego e renda, ampliar os serviços de governo eletrônico e facilitar aos cidadãos o uso dos serviços do Estado, promover a capacitação da população para o uso das tecnologias de informação e aumentar a autonomia tecnológica e a competitividade brasileiras. O início do caminho para se alcançarem esses objetivos é a expansão da cobertura do serviço, a elevação da velocidade de acesso disponível e a redução do seu preço. A Telebrás foi a empresa designada para a consecução desses objetivos, cabendo a ela: I - implementar a rede privativa de comunicação da administração pública federal; II - prestar apoio e suporte a políticas públicas de conexão à Internet em banda larga para universidades, centros de pesquisa, escolas, hospitais, postos de atendimento, telecentros comunitários e outros pontos de interesse público; III - prover infraestrutura e redes de suporte a serviços de telecomunicações prestados por empresas privadas, Estados, Distrito Federal, Municípios e entidades sem fins lucrativos; IV - prestar serviço de conexão à Internet em banda larga para usuários finais, apenas e tão somente em localidades onde inexista oferta adequada daqueles serviços.
  • 26. 26 A meta da Telebras é atender 4.283 Municípios com banda larga até 2014. Para isso está ativando uma rede de fibras óticas com cerca de 30.803 km dividida em 4 aneis: Sudeste, Sul, Norte e Nordeste. Através de acordos com a Eletronorte e Eletrobrás, essa rede se expande para mais de 35.000 km. As demais localidades, situadas em regiões remotas e de difícil acesso, também serão conectadas, mas por meio de satélites. Para isso, o governo pretende lançar, em 2014, um satélite geoestacionário que vai atender demandas de banda larga e defesa nacional. O projeto será coordenado pela Telebrás, que contará com acordos para transferência e absorção de tecnologia. O satélite vai viabilizar o atendimento de 1.282 cidades. Outra medida adotada pelo governo, com o objetivo de aumentar e antecipar investimentos privados em infraestrutura de comunicações foi a desoneração para construção de redes de alta capacidade, feita por meio do Regime Especial de Tributação do PNBL, com a medida provisória nº 563. A expectativa é de que até 2016 ocorra um aumento de R$ 20 bilhões no volume desses investimentos. Para popularizar o acesso aos serviços de banda larga e promover a produção nacional, o governo também adotou medidas para baratear os tablets e modems de internet fixa e 3G. Esses equipamentos contam com isenção de impostos federais por meio da chamada Lei do Bem. O próximo passo será estender esse benefício aos Smartphones – celulares móveis com acesso à internet. O mercado brasileiro de tablets atingiu a marca de 3,1 milhões de unidades vendidas em 2012, segundo estudo da consultoria IDC (empresa líder em inteligência de mercado, consultoria e eventos nas indústrias de tecnologia da informação, telecomunicações e mercados de consumo em massa de tecnologia). O crescimento de 171% em relação a 2011 foi motivado principalmente pelo surgimento de tablets abaixo de R$ 500, que respondem por quase metade do total comercializado.
  • 27. 27 As redes de telefonia móvel de 4G LTE já estão em operação em 67 países do mundo (inclusive Brasil), com 150 ofertas comerciais, segundo levantamento de 4G Americas, associação dedicada a promover a expansão da tecnologia na região. Ainda de acordo com o estudo da IDC, 50 dos 67 países em que o 4G está presente lançaram o serviço nos últimos cinco meses. A expectativa é que mais de 100 redes entrem em operação em 2013. Ao fim de 2012, 63 milhões de pessoas estavam conectadas à internet móvel em 4G. A expectativa é que esse número dobre nos próximos dois anos, chegando a 134 milhões. Até o fim de 2017 poderão ser quase 1 bilhão de conexões. Os Estados Unidos e o Canadá têm hoje o maior número de assinantes de 4G do mundo: 52% do total, ou 33 milhões de pessoas em 22 redes comerciais. O número pode chegar a 58 milhões até o fim do ano. Na América Latina, segundo a 4G Americas, 13 redes estão em operação. No fim de 2012, eram 93 mil assinantes do serviço. Em 2013, o número pode chegar a 2 milhões. No Brasil, a Claro foi a primeira operadora de telefonia móvel a lançar o 4G, no fim do ano passado. Até abril, TIM, Vivo e Oi também precisam colocar o serviço em funcionamento nas cidades-sede da Copa das Confederações, que começa em junho de 2013, para cumprir as exigências da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). No dia 06 de fevereiro de 2013 a Nokia lançou no Brasil o Lumia 920, terceiro smartphone compatível com a tecnologia a ser vendido no país (junto com o Razr HD, da Motorola e o Galaxy SIII 4G, da Samsung). Diante de todos esses fatos, conclui-se seguramente que o futuro do entretenimento televisivo tende a ser conectado, móvel e diversificado em plataformas.
  • 28. 28 Conclui-se também que, como cada vez menos a TV paga depende das verbas de Publicidade como fonte de receita, a despeito dos prognósticos de crescimento de assinantes até 2017, o foco do investimento publicitário será os meios de maior rentabilidade, ou seja, de melhor custo/benefício. A internet e os serviços OTT(Over The Top) oferecem hoje essa perspectiva. A partir desse patamar, a TV Aberta precisa ser repensada como modelo de negocio, para que possa manter sua participação no bolo publicitário e garantir a sua continuidade dentro de uma nova concepção, considerando o seu histórico alto custo operacional. 2.3 Ameaças e Possibilidades (Broadcast ou Broadband) As gerações dos anos de 1990 e 2000, conhecidas como gerações Y e Z, já não consomem mais a TV Aberta como consumiam as gerações dos anos de 1940 a 1980. Nos anos de 1990 e 2000, vimos a indústria fonográfica desabar. As gravadoras tradicionais com seus modelos de receita baseados na comercialização de mídias, não dão mais conta da mudança do paradigma: as novas gerações não consomem mais música assim. Este é o símbolo mais emblemático do que está sendo tratando aqui. As palavras de Rodrigo Carvalho, Coordenador do Núcleo de Economia Criativa da ESPM-RJ, no artigo publicado no site ESPM+ em 26/10/2012, complementam essa argumentação: “as gerações mais jovens, ao formarem o seu “olhar” no padrão da internet, não apresentam o mesmo comportamento das gerações anteriores”. A audiência que apresentava praticamente o mesmo padrão de comportamento há 30 anos, sustentando os modelos de negócios das empresas de televisão aberta por meio da comercialização de publicidade para os anunciantes, começa a dar sinais de mudanças.
  • 29. 29 O consumo de entretenimento televisivo para as novas gerações se assemelha ao padrão da internet de audiência fragmentada e sob demanda, como fornecido pelo Google. Este último tem o seu modelo de negócios estruturado nesse formato flexível e de segmentação fina, que usa recursos internos e externos para inovar. Próprio do nosso tempo. O Google aparece no cenário como a principal ameaça aos tradicionais modelos de negócios das empresas de televisão. Ambos possuem basicamente o mesmo modelo de receita: publicidade. No entanto, o modelo de negócios do Google consegue atender segmentos de todos os portes, como os mesmos grandes anunciantes da TV, além de qualquer microempreendedor, utilizando-se de múltiplos canais para isso – fato que as empresas de TV (ainda) não conseguem. É importante destacar que o Google não precisa mobilizar uma pesada estrutura organizacional para a produção de conteúdo como forma de atrair audiência. “São os próprios usuários que geram o conteúdo.” (“Broadcast Yourself”). “De modo geral, estamos diante de novas perspectivas para as indústrias criativas que permitirão o surgimento de novos modelos de negócios inovadores em audiovisual, todos com uma segmentação fina de mercado, com multiplataformas e canais que oferecerão os seus produtos aos nichos de mercado específicos, num padrão aberto e flexível de produção, baseando-se em parcerias para inovar e entregar valor aos clientes.” (Rodrigo Carvalho, Coordenador do Núcleo de Economia Criativa da ESPM-RJ) Ainda no tocante a questão publicitária, temos que considerar a tecnologia da propaganda em tempo real, onde o anúncio "escolhe" o internauta. Numa reportagem de 23/03/2010, realizada em Nova York e publicada no site do Observatório da Imprensa, a jornalista Cristina Fibe dá detalhes dessa tecnologia: “Nos EUA, os publicitários já têm uma nova forma de atrair os consumidores na internet: anúncios em tempo real, direcionados a cada internauta, escolhidos com base em seu comportamento na rede”.
  • 30. 30 Em milésimos de segundo, é possível fazer com que uma propaganda de hotel, por exemplo, apareça no navegador de quem pesquisa passagens. Até então, os anunciantes dependiam de pacotes fechados com antecedência; agora, aumenta a precisão para atingir um consumidor em potencial. Companhias como Google, Yahoo e Microsoft já lançaram suas plataformas, ainda sem previsão de chegada ao Brasil, para o chamado real time bidding (leilão em tempo real). "Ele permite aos anunciantes serem bem mais precisos ao gastar seu dinheiro – eles podem personalizar as campanhas e atingir a audiência certa, anúncio por anúncio", afirmou à Folha um porta-voz do Google em Nova York. A empresa, que lançou a plataforma nos EUA e na Europa, em setembro, diz que a possibilidade de ajustar os anúncios cada vez que um site é carregado significa que eles serão mais "relevantes e darão aos anunciantes melhores resultados" – o que também beneficia os donos dos sites, que vendem espaço a preços mais altos. "A escolha em tempo real dos anúncios depende de fatores como o IP do usuário, em que site eles aparecerão, se a propaganda está funcionando bem", explica o Google. Por exemplo: "Digamos que você tenha um time de futebol e uma série de ingressos para um jogo em São Paulo no próximo domingo, de pacotes VIP a cadeiras mais baratas. Você pode ajustar a oferta para diferentes pontos, a depender de onde o seu anúncio aparecer". É aí que entra o "leilão", decidido em milésimos de segundo pelo programa de computador, que analisa o potencial de consumo do usuário baseado no histórico de navegação. Os anunciantes podem ofertar cinco centavos pela propaganda de um pacote VIP, "para um usuário do Rio que procura passagens aéreas", ou dois
  • 31. 31 centavos por um anúncio de uma entrada mais em conta, "para alguém de São Paulo que passeia pelas páginas de esporte do jornal". "Tudo isso acontece em um piscar de olhos." Apesar de as empresas defenderem que o real time bidding beneficia donos de sites, anunciantes e até usuários, o sistema é alvo de críticas nos EUA. A Federal Trade Commission, agência que regula as práticas comerciais no país, ainda está discutindo a novidade, considerada por opositores uma invasão da privacidade dos internautas.” (Cristina Fibe, de Nova York)”. Considerações éticas a parte, o fato é que esta tecnologia ampliou os horizontes da publicidade na internet. De forma similar e guardando as devidas limitações, o Sistema de TV Digital Brasileiro oferece recursos para que uma tecnologia de publicidade direcionada e segmentada possa operar. Em 2010 a empresa Peta 5 lançou no mercado o Targ.TV. Uma ferramenta capaz de entregar mensagens publicitárias direcionadas para diferentes perfis de telespectadores usando o sistema brasileiro de TV digital aberta. A Targ.TV permite o direcionamento simultâneo de anúncios publicitários para públicos específicos, dentro do novo padrão brasileiro de TV digital aberta (ISDB-T). Isto é, com o software desenvolvido pela Peta 5, passa a ser tecnicamente viável que as emissoras de televisão possam veicular conteúdos e propagandas direcionados a diferentes perfis de telespectadores, ao mesmo tempo, criando com isso a oportunidade de alterar seus negócios, diminuindo os custos para os tradicionais anunciantes e atraindo um número maior de novos potenciais anunciantes. Com a Targ.TV é possível a veiculação de campanhas específicas para diferentes telespectadores, de acordo com seus perfis. Dessa forma, certos anunciantes de produtos de beleza, por exemplo, poderão optar por veicular seu anúncio somente para telespectadores classificados como do sexo feminino e das classes A e B. Ou ainda pequenos anunciantes poderão optar por veicular seu filme publicitário somente para os televisores localizados na área geográfica na qual se encontra seu estabelecimento, contribuindo, assim, para a emergência do
  • 32. 32 que chamamos de “cauda longa da propaganda na TV digital”, uma vez que, potencialmente, abre-se espaço para pequenos nichos de mercado, antes impossibilitados de veicularem anúncios na TV, devido aos seus altos custos. Ou seja, esta tecnologia permitirá, em tese, que diferentes públicos (geográficos sociais, econômicos etc.) que estejam assistindo a um mesmo conteúdo da TV aberta — uma novela, por exemplo — possam receber no horário do intervalo comercial mensagens voltadas para o seu perfil específico, sendo que para isso é necessário apenas possuir o aparelho de recepção DTV. Uma pesquisa intitulada “A Cauda Longa da Propaganda na TV Digital”, de autoria do Prof. Dr. Vinícius A. Pereira (UERJ/ UFRJ/ ESPM), da Prof.ª e Mestra Andrea Hecksher (UFF/ ESPM/ COPPE-UFRJ) e da Drª Beatriz Polivanov (UFF/ ESPM) e apresentada no GT de História da Mídia de Digital do VIII Encontro Nacional de História da Mídia em 2010, investiga os possíveis impactos desse novo modelo de anúncios televisivos, na cadeia de produção da publicidade nas TVs. Foram entrevistados representantes das mais expressivas emissoras televisivas de canais abertos e agências de publicidade do Rio de Janeiro. Concluiu-se que: “embora as dinâmicas de consumo de mídias, particularmente aquelas relacionadas a um público mais jovem, apontem para uma profunda transformação em marcha, onde a televisão perde o lugar central de fonte de entretenimento e de informação, a forma como o modelo publicitário está estruturado nas televisões brasileiras ainda se mostra extremamente lucrativo, o que não estimula mudanças. Neste sentido, uma ferramenta como a Targ.TV se mostra pouco interessante se pensada dentro da sua proposta inicial – permitir a estruturação de um modelo de cauda longa para a publicidade na TV - mas, passível de utilização se pensada como um instrumento para a proposição de novas linguagens publicitárias, como no caso dos grandes anunciantes querendo apresentar variações nas suas mensagens para seus diferentes públicos.” Em outras palavras, na TV Aberta hoje ainda prevalece a força dos grandes anunciantes como fonte principal de receita.
  • 33. 33 “Por outro lado”, (segue concluindo a pesquisa) “observamos como os hábitos de consumo de mídias se alteram, com impactos diretos sobre os hábitos de consumo de televisão, o que poderá demandar, em um futuro não muito distante, novas abordagens em termos de linguagens publicitárias para que este público possa dedicar a atenção devida aos anunciantes. Será dentro deste contexto que apostamos que tecnologias como a Targ.TV poderão obter êxito.” “Em relação à possibilidade de uma cauda longa aplicada à publicidade na TV, tal como descrito acima, verificamos que isso é pouco factível nos próximos anos, exatamente pelos mesmos motivos descritos acima. É clara a posição unânime que há entre emissoras de TV e agências de publicidade afirmando que seria mais trabalhoso e, ao menos em um primeiro momento, menos rentável do que o modelo atual, a adoção de uma dinâmica de exibição de comerciais nas TVs, tal como possibilitado pela tecnologia Targ.TV e similares. Em contrapartida, particularmente as agências apostam que estes modelos de tecnologias poderiam servir aos grandes anunciantes que quisessem realizar experimentos quanto aos seus diferentes públicos consumidores. Ou seja, a tecnologia Targ.TV poderia entrar como um diferencial para grandes anunciantes, mas ainda dentro do modelo broadcasting de exibição de anúncios na TV.” “É possível, ainda, que outras dimensões da tecnologia, como aquelas que apostam em aplicativos que colaboram para a social TV, dentre outras, se mostrem compatíveis e mesmo interessantes para todo o conjunto de transformações nos hábitos de consumo de mídias na contemporaneidade. Os próximos movimentos da cultura mostrarão. Seja como for, apostamos na validade de acolher, dentro dos espaços universitários e científicos, propostas de estudos como a que aqui realizamos com a Peta5, em torno da Targ.TV, como de manter os espaços acadêmicos como aqueles capazes de pensar o futuro, sem a obrigatoriedade de gerar lucros imediatos, mas, antecipar mudanças, confirmar tendências, antecipar transformações.”
  • 34. 34 Outra discussão que ainda necessita de amadurecimento no confronto entre os caminhos para se entregar o conteúdo, no que tange ao canal de transmissão é: ser Broadcast ou Broadband? Não basta apenas ter um Portal na Internet divulgando a programação, fornecendo informações e vídeos on line ou por meio de podcasts. Mas antes de avançar nessa questão, é preciso abordar o surgimento e a evolução do que ficou conhecido como TV Conectada, Smart TV ou Broadband TV. No ano de 2007 as empresas Sony, LG e Samsung lançaram no mercado as primeiras TV’s habilitadas a se conectarem a internet. Na verdade a patente da televisão conectada foi registrada no Instituto Nacional de Propriedade Industrial da França, sob o registro nº 9413469 em 09/11/1994, por Jean Marie Gatto e Bertrand Dominique. Essas Broadband TVs traziam no inicio aplicativos para acesso a conteúdos específicos e suas funcionalidades operacionais eram extremamente limitadas. Além de não possuírem um browser e interfaces adequadas para selecionar objetos e digitar endereços, a conexão por wifi dependia de adaptadores wireless/usb vendidos separadamente e nem sempre encontrados com facilidade no mercado. Ao longo dos últimos 5 anos as Broadband TVs foram adquirindo operacionalidade e incorporando um browser e aplicativos (Apps) para acesso a vídeos on demand de Provedores de Conteúdo como Terra, Yahoo, IG HD, You Tube, Esporte Interativo entre outros, serviços over-the-top como Netflix, Net Movies e Skype e até mesmo de consumo Catch Up disponibilizado pelas redes MTV, SBT e Bandeirantes. No segundo semestre de 2012 a Samsung lançou sua nova série de TVs ES cujos modelos mais simples já vêm equipados com adaptador wifi além da porta LAN RJ45, 3 portas USB nas quais se pode conectar um HDD para gravação de programas captados pelo sintonizador de TV Digital, um teclado e um mouse wireless e qualquer outro dispositivo de memória flash
  • 35. 35 para exibição de fotos, filmes ou execução de arquivos de música. Já os modelos top vêm equipados com Voice, Motion Control e Face Recognition. Com o incremento de todas essas interfaces, a experiência com a Broadband TV se tornou extremamente objetiva e amigável. O que se deve ressaltar aqui como principal ameaça é que essa modalidade de distribuição de conteúdo vem crescendo em todo o mundo, tendendo a pulverizar a audiência da TV Aberta. Em matéria publicada na revista Veja em 26/07/2011, de acordo com uma pesquisa feita pela empresa americana de análise de mercado In-Stat: só nos Estados Unidos, mais de 20% das residências já possuem TVs conectadas. Dentro desse universo, 60% dos consumidores utilizam os aplicativos pelo menos uma vez por semana. De acordo com outra empresa de análise estatística, a Display Search, a expectativa é que, até 2014, cerca de 123 milhões de televisores com esses recursos estejam instalados no mundo. De acordo com dados divulgados pelas empresas LG, Philips e Samsung em novembro de 2012, serão comercializadas pelo menos 10 milhões de TVs com tela plana no Brasil em 2012. Desse número, pelo menos 40% diz respeito às Smart TVs. “As Smart TVs não são mais um conceito. As pessoas já conhecem, ouviram falar ou já têm uma em casa”, explica Milton Neto, gerente geral da unidade de TV da LG no Brasil. Se o ritmo continuar como está, é possível que as Smart TVs fechem o ano (2012) com 50% do mercado, o que representa um crescimento bastante significativo. Entretanto há que se considerar nesse processo de amadurecimento e penetração da Broadband TV, o prognóstico de crescimento da oferta de banda larga nos próximos anos. A projeção realizada pelo Governo, indica que o Brasil atingirá aproximadamente 18,3 milhões de acessos banda larga no final de 2014, o que corresponde a cerca de 31,2 acessos a cada 100
  • 36. 36 domicílios, número bastante inferior à média de 37,0 acessos a cada 100 domicílios projetados para países apresentam condições semelhantes ao Brasil – Argentina, Chile, China, México e Turquia. Um estudo elaborado pela IDC (International Data Corporation) para a Cisco Systems Inc., faz um prognóstico de conexões de internet para os próximos 5 anos. Em 2016 o Brasil superará 39.2 milhões de conexões entre fixas e móveis, sendo que as conexões de banda larga iguais ou superiores a 2 Mbps alcançarão 69,3 % das fixas. O estudo da IDC conclui que os fatores que alavancam a maturidade da banda larga no Brasil são: “as recentes fusões das concessionárias com operadoras de telefonia móvel, criaram grandes grupos capazes de ofertar um abrangente leque de serviços, tendo a banda larga como componente chave no pacote ofertado ao consumidor. As recentes regulamentações impostas ao setor fomentaram tanto o segmento consumidor quanto o corporativo, que serão ainda impulsionados pelos grandes eventos de 2014 e 2016 e por fim a mudança de perfil no uso da internet, impulsionada pelo desejo de uma melhor navegação, pela expansão do B2C na web, e também pela popularização de conteúdo e mídias digitais que modificou positivamente o cenário da banda larga no país. “ Em contrapartida, conclui ainda o estudo da IDC, ”a relativa baixa qualidade do serviço segue como um dos principais inibidores da banda larga no mercado nacional. Apesar de o preço praticado estar em queda, ainda é caro comparando-se a outros países da América Latina e do mundo. Ainda hoje existe demanda reprimida, seja por uma cobertura com falta de opções de escolha de tecnologia ou por mercado concentrados em dois ou menos provedores. E por fim, parte da população ainda desconhece ou desconsidera a importância da banda larga na vida cotidiana.“ E preciso ter em conta que para que as Broadband TVs atinjam o melhor de sua performance, será necessário que cada usuário tenha uma conexão com uma velocidade mínima de download de 10 Mbps. Considerando-
  • 37. 37 se rodar streamings de vídeo em alta definição, codificados em H264 ou em outro algoritmo de compressão que venha sucedê-lo. A partir deste ano de 2013, as medições de audiência, usadas como referência para emissoras e anunciantes, vão incluir também o acesso aos aplicativos das Broadband TVs. A inovação foi anunciada pela Nielsen, maior empresa de pesquisas de audiência do mundo, devendo começar em setembro nos EUA. No Brasil, a Nielsen é associada ao Ibope, que realiza o mesmo tipo de trabalho. Além de medir o número de domicílios sintonizados nas transmissões de TV aberta e fechada, a empresa vai começar a aferir também quantos telespectadores estão acessando os apps oferecidos pelos fabricantes de TVs. Numa segunda etapa, provavelmente em 2014, serão verificados os que estiverem com algum dispositivo conectado ao televisor, como players Blu-ray, tablets, consoles de videogame e qualquer aparelho que permita acesso à internet. “Achamos que o impacto dos TVs conectados na audiência ainda é pequeno”, admite Brian Fuhrer, vice-presidente da Nielsen, que calcula em 0,6% o número de domicílios atingidos. “Mas a mudança precisa ser feita agora, porque o papel dessas novas mídias no comportamento da audiência tende a ser cada vez maior.” Segundo ele, a empresa neste momento está procurando seus clientes (a maioria deles emissoras, operadoras, anunciantes e agências de publicidade) para explicar como irá funcionar o novo sistema. “Continuaremos aferindo a audiência das principais redes pelo mesmo método usado até hoje. Mas não podemos esquecer que fontes como Netflix e Hulu já estão alterando os hábitos dos telespectadores. E queremos saber também se domicílios que não recebem sinais de TV tradicionais estão tendo acesso a outros tipos de conteúdo.” (Reportagem da Revista Panorama Audiovisual – 01/03/2013) O que a principio parecia se apresentar como uma ameaça, na verdade se mostra hoje como uma grande oportunidade para a expansão e
  • 38. 38 diversificação do negócio de TV Aberta, bem como da ampliação das possibilidades de veiculação publicitária, tendo em vista que a pulverização da audiência é um processo irreversível. Respondendo enfim a questão colocada no início: ser broadcast ou broadband? Nem um, nem outro, mas os dois. Ou seja, a TV Aberta pode e deve expandir o seu negócio e ocupar o seu lugar dentre os Apps das Broadband TVs, dos Tablets e dos Smartphones, levando o melhor do seu conteúdo on demand e ao vivo. Levando conteúdo regionalizado e com publicidade direcionada como a proposta por modelos como a Targ.tv ou pelo Real Time Bidding. Mas para que isso venha a ter consistência é preciso não só se capacitar hoje com infraestrutura e recursos humanos que sejam capazes de preparar e entregar com eficiência todos os conteúdos, como também firmar o quanto antes, acordos e traçar metas de compatibilidade com a industria de terminais de Broadband TVs, Tablets e Smartphones. 2.4 Interatividade “Middleware é a camada de software localizada entre as aplicações (programas de uso final) e o sistema operacional. Seu objetivo é oferecer às aplicações suporte necessário para seu rápido e fácil desenvolvimento, além de esconder os detalhes das camadas inferiores, bem como a heterogeneidade entre os diferentes sistemas operacionais e hardwares, definindo, para os que produzem conteúdo, uma visão única de aparelho. Esse papel confere à definição do "middleware Brasileiro" (O Ginga) grande relevo, pois, na prática, é ele quem regulará as relações entre duas indústrias de fundamental importância no país: a de produção de conteúdos e a de fabricação de aparelhos receptores. Do ponto de vista do software, podemos dizer, sem exagero, que, ao definir o middleware, estamos, de fato, definindo a “televisão brasileira.”” (Ambiente para Desenvolvimento de Aplicações Declarativas para a TV Digital Brasileira - Laboratório Tele Mídia Depto. Informática PUC-Rio).
  • 39. 39 O middleware desenvolvido para o Sistema Brasileiro de Televisão Digital, o Ginga, possui como características mais importantes: o suporte à sincronização de mídias como a sincronização baseada na estrutura e o suporte a canal de retorno; suporte a múltiplos dispositivos de exibição; suporte ao desenvolvimento de programas ao vivo (em tempo de exibição); suporte à adaptação do conteúdo e da forma como o conteúdo é exibido e o suporte ao desenvolvimento de aplicações visando à inclusão social, como aplicações para ensino, saúde etc. Ou seja, o Ginga representa uma grande ferramenta para que o Radiodifusor promova e operacionalize novos procedimentos de veiculação publicitária, ofertas de serviços de utilidade pública, controle da audiência com a participação ativa dos telespectadores em cada programa e por conseguinte de avaliação da qualidade dos conteúdos ofertados. Será possível estabelecer um “termômetro” em tempo real para cada novo conteúdo posto no ar e em múltiplas telas. Com isso o Radiodifusor poderá cada vez mais aperfeiçoar a qualidade dos programas ofertados e aumentar a sua competitividade. O Ginga é constituído por um conjunto de tecnologias padronizadas e inovações brasileiras que o tornam a especificação de middleware mais avançada do mundo e a melhor solução para os requisitos do país. O Ginga é o resultado de vários anos de pesquisas realizadas pela Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). O sistema é dividido em três subsistemas principais interligados (Ginga-CC, Ginga-NCL e Ginga-J), que permitem o desenvolvimento de aplicações seguindo dois paradigmas de programação diferentes. Dependendo das funcionalidades requeridas no projeto de cada aplicação, um paradigma será mais adequado do que o outro.
  • 40. 40 Ginga-CC O Ginga-CC (Ginga Common-Core) oferece o suporte básico para os ambientes declarativos (Ginga-NCL) e procedural (Ginga-J), de maneira que suas principais funções sejam para tratar da exibição de vários objetos de mídia, como JPEG, MPEG-4, MP3, GIF, entre outros formatos. O Ginga-CC fornece também o controle do plano gráfico para o modelo especificado para o ISDB-TB e controla o acesso ao Canal de Retorno, módulo responsável por controlar o acesso à camada de rede. Ginga-NCL O Ginga-NCL foi desenvolvido pela PUC-Rio com o objetivo de prover uma infra-estrutura de apresentação para aplicações declarativas escritas na linguagem NCL (Nested Context Language), que é uma aplicação XML com facilidades para a especificação de aspectos de interatividade, sincronismo espaço-temporal entre objetos de mídia, adaptabilidade, suporte a múltiplos dispositivos e suporte à produção ao vivo de programas interativos não-lineares. Para facilitar o desenvolvimento de aplicações Ginga-NCL, a PUC- Rio criou também a ferramenta Composer, um ambiente de autoria voltado para a criação de programas NCL para TV digital interativa. Nessa ferramenta, as abstrações são definidas em diversos tipos de visões que permitem simular um tipo específico de edição (estrutural, temporal, layout e textual). Essas visões funcionam de maneira sincronizada, a fim de oferecer um ambiente integrado de autoria. Ginga-J O Ginga-J foi desenvolvido pela UFPB para prover uma infra- estrutura de execução de aplicações baseadas na linguagem Java, com facilidades especificamente voltadas para o ambiente de TV digital. O assunto Interatividade na TV Digital Brasileira entretanto, não caminhou conforme se pretendia, por conta de alguns entraves importantes que
  • 41. 41 detiveram o avanço da implementação efetiva do Ginga, tanto em questões relacionadas ao pagamento de royalties para utilização de módulos Java constantes no Ginga-J, quanto em questões mercadológicas por parte dos fabricantes e de políticas governamentais, que deveriam ter acelerado esse processo junto aos desenvolvedores, Radiodifusores e Indústria de receptores de TV, Tablets e Smartphones. O primeiro entrave, que diz respeito ao processo de licensiamento dos módulos Java, envolve questões complexas e que demandaram estudos, desenvolvimentos e negociaçoes nos últimos quatro anos. Para que esse assunto possa ser melhor entendido, uma breve visão sobre a cronologia dos fatos se faz necessária. É preciso saber antes que o Ginga foi estruturado sobre uma base conhecida como GEM (Globally Executable Middleware), que é o padrão internacional de middleware para TV Digital, desenvolvido pelo European Digital Video Broadcasting Group and Associated Groups. Essa base ou essa especificação é carregada de royaties. Em alternativa ao GEM, a Sun Microsystemas (Oracle) desenvolveu o Java DTV. O trabalho foi executado de forma colaborativa pelas equipes alemã e americana da Sun Microsystems (Oracle), juntamente com oito companhias e institutos de pesquisa do Brasil, afiliados ao Fórum SBTVD. A equipe de coordenação foi formada internamente pelo Fórum SBTVD, e contou com representantes de três forças tarefa – Mercado, Técnica e Propriedade Intelectual. Esse trabalho teve inicio no ano de 2008 e concluído em 2009. Em abril de 2009 o Fórum SBTVD decidiu por 12 votos a 1 a adoção do Java DTV para o Ginga-J. A despeito dessa definição, no mesmo ano de 2009, uma outra questão emperrou o avanço do Ginga. As implementações comerciais da Sun Microsystems (Oracle) usadas no middleware, tais como Java TV, JVM (Java Virtual Machine) e JMF (Java Media Framework) são passíveis de cobrança de
  • 42. 42 licenças. A indefinição da Sun Microsystems (Oracle) com relação aos preços a serem cobrados por licensa por equipamento, ou até mesmo com relação a determinação de um teto, levou o Fórum SBTVD a exigir um compromisso de transparência nas negociações, fazendo inclusive constar na norma ABNT-NBR 15606-6 (pág.vii, 3o parágrafo), que trata da codificação de dados e especificações de transmissão para radiodifusão digital Parte 6: Java DTV 1.3, o seguinte trecho: ” O proprietário deste direito de patente assegurou à ABNT que está preparado para negociar licenças sobre termos e condições razoáveis e não discriminatórias com os solicitantes. Sobre isto, uma declaração do proprietário desta patente está registrada com a ABNT. Informações podem ser obtidas com: *Oracle Corporation [...]”. Esse impasse com a Sun Microsystems (Oracle) persistiu até abril de 2012, quando o Governo e Fabricantes ameaçaram tornar o Ginga-J opcional no middleware, caso a empresa não se posicionasse claramente sobre a fixação de preços e /ou de um teto. Não obstante essa dificuldade nas negociações com a Sun Microsystems (Oracle), a presença ou não do Ginga-J nos receptores a serem fabricados no Brasil já não é mais objeto de discussões, ou seja, o ginga virá integral nos próximos receptores produzidos em 2013. O que ainda se discute no tocante as aplicações Java é o modelo de licenciamento da Sun Microsystems (Oracle), não sendo, entretanto objeto de estudo deste trabalho. É importante ressaltar aqui que a comunidade brasileira de desenvolvedores em Java, é a segunda maior do mundo. De acordo com Jeet Kaul, vice-presidente de software cliente & engenharia Java da Sun Microsystems (Oracle), a comunidade brasileira é a mais empenhada. Os dados da companhia apurados em 2009 mostram que há aproximadamente 34.000 desenvolvedores locais de Java certificados, e uma população geral de técnicos, programadores e engenheiros habilitados em Java de 110.000. A partir de 2013 toda essa comunidade poderá estar empenhada numa série de projetos de aplicações para a TV Digital Brasileira. “Acredito que ter uma tecnologia de abrangência mundial, que nos dê a possibilidade de uma segurança jurídica adequada, com base na licença
  • 43. 43 GPL (General Public License) do Java, que abra para as empresas brasileiras um importante mercado mundial e que, na minha opinião, temos todas as condições de garantir que seja de uma forma não discriminatória, é uma oportunidade muito grande para deixarmos escapar.” (Bruno Souza – Diretor do Grupo de Usuários Soujava). O segundo entrave é que para a indústria de receptores, a inclusão do Ginga não produz nenhum diferencial entre os aparelhos disponíveis no mercado. "A indústria não comprou a ideia do Ginga porque não é diferencial de produto, não consegue vender mais TVs porque o concorrente tem a mesma coisa. As TVs conectadas têm diferenciais que fazem com que o consumidor compre uma determinada marca e pague mais caro por isso. O Ginga vai causar um custo e não vai aumentar a quantidade de vendas", avalia Valdecir Becker, Professor da FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado). Com a publicação da Portaria Interministerial nº140 em 23/02/2012, que estabelece, ainda que tardiamente, o Processo Produtivo Básico para o produto Televisor com Tela de Cristal Líquido, industrializado na Zona Franca de Manaus, a inclusão do Ginga nos receptores de TV digital deixa de ser facultativa e passa a ser obrigatória obedecendo ao seguinte cronograma: I - at 30 de junho de 2012: dispensado; II - de 1º de julho at 31 de dezembro de 2012: opcional; III - de 1º de janeiro at 31 de dezembro de 2013: 75% (setenta e cinco por cento) dos televisores; IV - a partir de 1º de janeiro de 2014: 90% (noventa por cento) dos televisores. O terceiro entrave são os ensaios necessários a serem feitos pelos fabricantes de receptores, por meio de uma suíte de testes, para avaliar e certificar que todas as aplicações interativas enviadas pelas emissoras sejam compatíveis com cada uma das três plataformas do Ginga. A despeito disso, cogita-se da necessidade de se fazerem atualizações nos receptores para promover correções e implemento de funcionalidades no Ginga. Ainda que uma
  • 44. 44 porcentagem considerável da população não tenha a cultura de atualizar o televisor, já existe uma nova geração de televisores no mercado capaz de fazer atualizações automáticas, uma vez que estejam conectados a uma rede de banda larga, seja via cabo ou wireless. Diante das perspectivas postas até aqui, deve-se considerar que não está se falando aqui somente em interatividade local (caso do EPG ou Informativos de prestação de serviços e etc.) ou levantando questões sobre o canal de retorno. A interatividade do Ginga virá embarcada em TV’s conectadas e, conforme abordado neste trabalho, além de todos os implementos de usabilidade o seu prognóstico de crescimento e evolução de recursos tanto quanto o acesso a banda larga são promissores. O Radiodifusor precisa enxergar que, o que hoje lhe parece um negócio rentável, mudará de lugar e formato. Se hoje as emissoras de TV ainda promovem interatividade via rede telefônica fixa e móvel, seja por ligações para números específicos e envio de SMS’s e esse faturamento compartilhado com as operadoras de telefonia. Amanhã esse mesmo processo será suprimido por aplicações específicas de interatividade em múltiplas telas. O Radiodifusor deve estar preparado para um universo de possibilidades. A tecnologia de interatividade unirá os mundos Broadcast e Broadband em definitivo, onde conteúdos poderão ser acessados de diferentes formas em diferentes meios. Experiências nessa direção já estão sendo desenvolvidas. A empresa Totvs/TQTVD já oferece soluções prontas para o desenvolvimento de aplicações de second screen (ou segunda tela). A equipe de engenharia da empresa desenvolve há dois anos com a NHK japonesa os requisitos técnicos de uma plataforma híbrida, broadband/broadcast que virou uma recomendação da ITU, a J.205. Durante a Broadcast & Cable de 2012 a Totvs/TQTVD mostrava em seu stand uma solução para second screen usada pelo SBT. O objetivo é permitir
  • 45. 45 ao telespectador usar os conteúdos preparados para a segunda tela pela emissora (ou seja, informações adicionais de programas, vídeos, votação em enquetes, t-commerce, etc), e enviados para o televisor através do canal de dados do sinal digital da TV aberta. Tudo isso sincronizado com o programa ou atração transmitida pela emissora. Para receber esse conteúdo no Smartphone ou Tablet Android ou IOS basta o telespectador baixar o aplicativo e conectar seu iPhone ou iPad à mesma rede Wi-Fi na qual a TV compatível com DTVi já está conectada. Caso esteja sendo transmitido conteúdo compatível, a sincronização entre os dispositivos se dará automaticamente. No caso do SBT o internauta é levado para páginas Web do programa que estiver assistindo naquele momento. Mas ao lado desta demonstração, no mesmo stand da Totvs/TQTVD, era possível ver um teste da Rede Globo para a transmissão de videoclips de lances de uma partida de futebol, como um gol, por exemplo, enquanto a partida está rolando no sinal da TV aberta. “São exemplos de como juntar o melhor dos dois mundos”, disse David Britto, CTO da TQTVD. “E de dar à emissora uma chance de manter o internauta conectado aos seus conteúdos mesmo em outro dispositivo com acesso internet”, explicou. O aplicativo Sticker Center está disponível na APP Store da Apple e no Google Play. A partir dele é possível inclusive comentar a programação através das redes sociais Twitter e Facebook. O que significa que hoje, a solução do SBT já pode ser testada por qualquer consumidor, em São Paulo, que tiver um televisor com conexão Internet de fabricação da LG, Sony, Panasonic, Philips ou Toshiba. A da Globo, ainda não. A intenção do SBT é medir o quanto os conteúdos de segunda tela serão fáceis de acessar por parte do telespectador, serão ou não do seu agrado, etc.. E também o quanto conseguirá evitar que, para que seu telespectador tenha acesso aos conteúdos broadband do SBT ele tenha que deixar de ver a TV aberta.
  • 46. 46 O que Radiodifusor precisa objetivar para os próximos anos é:  Repensar a infraestrutura de televisão como um todo, onde os ambientes de TI e de Produção de TV estejam lado a lado interagindo e empenhados em cada projeto.  Formar equipes de desenvolvimento de aplicações em Ginga-Java ou Ginga-NCL para aparelhos fixos e móveis ou comprar aplicações interativas de empresas independentes em contratos personalizados com confidencialidade.  De posse dessas novas ferramentas para T-commerce, repensar o formato de inserção de publicidade, de maneira a tornar o entretenimento televiso o mais fluente possível, onde as ofertas de produtos e serviços sejam oportunas e direcionadas e, portanto sem gerar incômodos à experiência do telespectador. Para concluir, é preciso ter em mente que o Ginga é o elemento unificador que permitirá que o negócio de TV aberta expanda a sua atuação por Broadband TVs, Tablets, Smartphones e o que mais for concebido pela tecnologia de entretenimento e comunicação. “Interatividade e convergência com a internet está permitindo a televisão de se tornar mais do que um meio passivo. Os telespectadores estão possibilitados de mergulhar fundo na história, acessar estatísticas de esportes para complementar o jogo, ou compartilhar seus pensamentos com seus amigos. Os anunciantes podem atingir telespectadores específicos de maneira significativa – veja os relatos da imprensa sobre a forma como Obama venceu a eleição nos EUA! A mobilidade e a portabilidade da distribuição de programação em vídeo, em minha opinião, terá um profundo impacto nos negócios de televisão. Como os telespectadores podem consumir programação de fora de suas casas, tantas oportunidades aparecem e são envolvidas. No fim, os consumidores querem controlar o que assistem, quando eles assistem, e em qual dispositivo irão fazer isso. O sucesso nos negócios da programação da televisão irão
  • 47. 47 reconhecer e servir suas necessidades, sem contar a tecnologia de distribuição.” (Bob Zitter, vice-presidente executivo e diretor técnico da HBO). 2.5 Caminhos de Expansão Além da alta definição e da interatividade, os outros dois grandes diferenciais da TV Digital Brasileira são a multiprogramação e a mobilidade. A expansão da TV Aberta no Brasil passa necessariamente pela potencialização desses dois grandes diferenciais, quando se pensa em viabilizar um serviço de TV móvel eficiente, útil e rentável. Duas questões são essenciais para o avanço desse propósito: a liberação do uso do recurso da Multiprogramação, com definição de regras claras para sua utilização e a definição de um plano de canalização para viabilização das Redes SFN (Single Frequency Network) e avanço da interiorização. O Decreto nº 5.820, de 2006, dispõe sobre a implantação do Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre – o SBTVD –T. Entretanto o decreto não inclui o recurso da multiprogramação. Somente em 11 de fevereiro de 2009, o Ministério das Comunicações publicou a Portaria nº 24 que aprovou a Norma nº 1. Essa norma regulamenta a operação compartilhada dos canais a serem utilizados pela União para a exploração dos serviços de Televisão e de Retransmissão de Televisão Pública Digital no âmbito do SBTVD-T. Em sua cláusula nº 10.3, estabelece que “A multiprogramação somente poderá ser realizada nos canais a que se refere o art. 12 do Decreto nº 5.820, de 29 de junho de 2006, consignados a órgãos e entidades integrantes dos poderes da União”. Ou seja, apenas a TV pública poderá fazer uso da multiprogramação na difusão dos seus conteúdos. Essa norma levantou grandes discussões e críticas por parte da radiodifusão comercial e até pública. A ABRA (Associação Brasileira de Radiodifusores) questionou as regras, que impedem que um canal digital
  • 48. 48 comercial seja dividido em quatro, uma das principais vantagens do sistema japonês adotado pelo Brasil. Em comunicado, a entidade alegou que: “considera inadequada a medida do governo, uma vez que o padrão escolhido para a TV digital, a partir do japonês e adaptado às necessidades do Brasil, tem como principal característica o multicanal. Não faz sentido proibir a utilização de uma das características principais do sistema brasileiro de TV digital”. A despeito dessa polemica, o que precisa estar claro para a radiodifusão comercial é que a multiprogramação não será legalmente viável durante o período de “simulcasting”, ou seja, enquanto as transmissões digitais forem replicadas no domínio analógico, pela simples razão de que na tecnologia analógica não se pode transmitir múltiplos conteúdos áudio visuais. Apesar de se tratar de uma mudança tecnológica, a radiodifusão de sons e imagens ainda é regulada pelo Decreto nº 52.795, de 1963, onde no item 21 do art. 5º encontramos a seguinte definição: “o serviço de telecomunicações que permite........a transmissão de sons e imagens (televisão) destinada a ser direta e livremente recebida pelo público”. Em outras palavras e em principio, para aqueles outorgados que transmitem seus conteúdos pela tecnologia analógica, ao transmitirem conteúdo diferenciado pela tecnologia digital, estarão privando parte significativa do público do acesso direto e livre ao mesmo. Para esses outorgados, portanto, a utilização do recurso da multiprogramação só será possível após o “switch off”, ou seja, após 26 de junho de 2016, que é o caso da maioria dos Radiodifusores. Entretanto, a partir de 1º de julho de 2013 o Ministério das Comunicações somente outorgará o serviço de radiodifusão de sons e imagens para transmissão na tecnologia digital, não havendo, portanto para esses outorgados o impedimento ao uso do recurso da multiprogramação, mesmo antes do término do período da transição tecnológica. Entendido esse processo e apesar dos grandes avanços que proporcionará ao negocio da TV Aberta, a multiprogramação poderá apenas ser liberada mediante uma regulação específica, com regras claras que impeçam que
  • 49. 49 os canais sejam alugados, vendidos ou usados para proselitismo – tentativa de converter pessoas a aderir a uma religião ou ideia. Deverá haver também um compromisso com a cultura, a utilidade pública e a educação. Dentro dessa perspectiva, o que de estratégico deve ser planejado para os próximos anos, é a implementação de um esquema de transmissão que atenda a TV Fixa HDTV, a TV Embarcada SDTV e a TV Móvel LDTV. Como o ISDB-T já foi implantado no Brasil com a utilização da tecnologia de compressão H.264, é possível a combinação dos três padrões que seguem: HDTV, SDTV e LDTV. (HD=High Definition, SD=Standard Definition e LD=Low Definition), ocupando respectivamente as camadas B, C e A, na divisão de segmentos OFDM do canal de transmissão de 6 Mhz. Para uma melhor compreensão da aplicação desse esquema de transmissão, é preciso abordar a questão das Redes SFN e Gap Fillers. A infraestrutura de retransmissão analógica de sinal na maioria das redes de televisão, é constituída de estações transmissoras compostas basicamente de 1 transmissor analógico titular, 1 transmissor reserva, em VHF ou UHF, um Nobreak, um receptor de satélite por onde é recebida a programação da Geradora para retransmissão e sistemas irradiantes com suas chaves de manobras. Evidentemente o custo de cada estação depende do grau de eficiência de transmissão desejado e da qualidade dos equipamentos aplicados, o que é
  • 50. 50 determinado em função da população e audiência presumida cobertas pela estação. Uma Rede SFN, pressupõe uma infraestrutura que contenha além do transmissor digital principal, transmissor reserva, sistema irradiante e Nobreak, uma cadeia de enlaces de microondas digitais (SDH – STM-1), interligando todos os postos integrantes da rede desde a origem ou Sede geradora até o último posto, transportando o BTS (Broadcast Transport Stream), que carrega todas as informações sobre o esquema de transmissão, aplicações de interatividade, EPG e conteúdos específicos em HD, SD e LD, 10Mhz. e 1PPS (Pulse Per Second) para sincronismo. A expansão e interiorização de uma Geradora de Programação por Redes SFN representa a melhor das condições operacionais, considerando que os telespectadores de receptores fixos poderão sintonizar um mesmo canal seja na região metropolitana ou no interior e os telespectadores de receptores móveis poderão acompanhar um determinado programa em um longo percurso. Entretanto Implantar e manter uma Rede SFN compreende altos custos e longos processos para obtenção de frequências para os enlaces de microondas. Além desses aspectos, ainda há os impedimentos de viabilidade para a radiodifusão de uma mesma frequência por um longo percurso, o que depende de um plano coerente de canalização a ser apresentado pelo Governo nesse sentido. O uso do satélite, portanto ainda é uma opção para os Radiodifusores na expansão de suas redes MFN (Multi-Frequency Network) para o interior, embora o tráfego do BTS por satélite ainda represente um desafio com relação ao consumo de banda, no que resulta também num alto custo de segmento espacial. Não obstante, não ser alvo deste trabalho o estudo comparativo das soluções para redes de expansão, uma avaliação nesse sentido deve ser buscada pelos Radiodifusores olhando para os resultados a longo prazo. O objetivo aqui é ressaltar a importância da construção de redes SFN focadas na distribuição para TVs Embarcadas e TVs Móveis, de forma que
  • 51. 51 se possa desfrutar de recepção de qualidade em percursos relativamente longos, além das fronteiras da cobertura metropolitana. A TV embarcada ou Mídia embarcada tem sido uma tendência nos grandes Centros Urbanos, onde os tempos de deslocamento entre casa-trabalho e trabalho-casa estão cada vez mais longos. Estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) no último dia 12/03/2013, mostra que o tempo de deslocamento entre casa e trabalho é aproximadamente 31% maior em São Paulo e no Rio de Janeiro na comparação com outras sete regiões metropolitanas brasileiras e o Distrito Federal. De acordo com a pesquisa, um morador de São Paulo leva, em média, 42,8 minutos para chegar ao trabalho. No Rio, o trajeto dura 42,6 minutos. O estudo, baseado em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), gerados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta as mudanças no tempo de deslocamento entre casa e trabalho de 1992 a 2010. Segundo a pesquisa, o tempo médio nas outras oito localidades, fora São Paulo e Rio de Janeiro, é de 32,62 minutos. Porto Alegre e Belém são os locais onde o trajeto é feito com mais rapidez, em 27,7 e 31,5 minutos, respectivamente. A pesquisa inclui, ainda, Belo Horizonte (34,4 minutos), Recife (34,9), Fortaleza (31,7), Salvador (33,9), Curitiba (32,1) e o Distrito Federal (34,8). Diante destes números, conclui-se que uma parcela substancial da população das grandes capitais passa pelo menos cerca de duas horas em transito diariamente. Durante esse período, invariavelmente as pessoas buscam algum tipo de entretenimento para passar o tempo, seja um livro, um jornal, um player de músicas e vídeo, navegar na internet no Smartphone ou no Tablet e assistir TV Móvel. Isso significa que esse público de potenciais telespectadores em movimento, é privado muitas vezes por esse mesmo tempo de deslocamento, do melhor que se possa oferecer de entretenimento, informação e prestação de serviços. Portanto a TV embarcada possui o potencial de promover a inclusão dessa audiência móvel e atrair essa mesma audiência para a grade de programação da TV Aberta nos horários em que esta normalmente aufere os menores índices de audiência.
  • 52. 52 A TV ou Mídia embarcada hoje é uma modalidade de entretenimento, informação e veiculação publicitária instalada em diversas linhas do transporte público coletivo nas principais capitais do Brasil. Fornecida na maioria dos casos por empresas especializadas em Digital Signage e TV Corporativa, essas TVs invariavelmente são off line, ou seja, seu conteúdo é suprido por uma memória flash e atualizado diariamente. Outras empresas fornecedoras desse serviço se utilizam da atualização via rede 3G. Há inclusive uma modalidade publicitária que se utiliza de um receptor de GPS para inserir propagandas de acordo com a posição geográfica dos ônibus. Com a implantação e expansão da rede 4G, esse serviço tenderá a ser atualizado minuto a minuto online. Experimentos feitos pela Rede Record em São Paulo, demonstraram ser possível a recepção móvel do sinal ISDB-T em definição standard (SDTV). O sinal foi transmitido na modulação 16QAM com uma taxa de aproximadamente 3 Mbps. Para compensar possíveis perdas de informação, esse sinal era armazenado na TV embarcada para ser exibido segundos depois. O resultado dessa experiência foi bastante satisfatório e abre precedente para que outros experimentos possam ter lugar. O melhor modo de transmissão e recepção precisa ser determinado, aperfeiçoado e normatizado. Receptores específicos podem ser desenvolvidos utilizando inclusive a tecnologia MPEG 4 - HEVC (High Efficiency Video Coding) para otimizar a transmissão com baixa taxa de dados. A perspectiva de incorporar a recepção de conteúdo via ISDB-T na TV embarcada é concreta e pode ser implementada, não só para as grandes áreas metropolitanas, como também para os principais corredores viários intermunicipais e interestaduais. Para isso um cuidadoso mapeamento urbano e de cobertura de sinal deve ser feito para que sejam determinados todos os pontos de aplicação de Gap Fillers, bem como redes SFN precisam ser pensadas e concretizadas para atender os percursos interestaduais.
  • 53. 53 Os conteúdos, as veiculações publicitárias diretas e via interatividade poderão e deverão ser regionalizados por remultiplexação nos pontos de maior concentração urbana dos grandes trajetos. Seja para a televisão embarcada (SDTV), seja para a televisão móvel (LDTV - One Seg), esse propósito de distribuição só terá êxito quando a multiprogramação estiver devidamente liberada e regulamentada. Mas a multiprogramação que se preconiza aqui, é aquela focada na difusão do melhor e mais adequado conteúdo para cada destinação. A programação da TV Embarcada e da TV Móvel deve atender a demanda dos usuários e a condição que eles se encontram, ou seja, em deslocamento de um ponto ao outro da cidade ou do estado. A elaboração de uma programação diferenciada - especialmente no caso do LDTV - One Seg - é vital para o crescimento e popularização das TVs Móveis. Uma programação que privilegie informações de serviços em horários de rush - como trânsito, previsão do tempo ou plantões com informações objetivas em tempos mais curtos - além de programas adaptados, com duração menor do que habitualmente produzidos para TV aberta, bem como com enquadramentos de câmera e arte videográfica adequados à telinha. A interatividade também deve ser pensada para aproveitar ao máximo os recursos e o tempo do usuário. É preciso que os serviços sejam objetivos por causa da dinâmica de consumo da TV Móvel. No caso de terminais como Smartphones rodando middleware Ginga, o canal de retorno é facilmente acessado via 3G, 4G ou Wifi, estando fechado, portanto o circuito da interatividade. Vale ressaltar que estes mesmos Smartphones rodando Ginga, poderão interagir no caso da TV embarcada, desde que esta última esteja inserida numa rede Wifi restrita ao ônibus, a qual os passageiros se conectem automaticamente e seus Smartphones estejam rodando o aplicativo de segunda tela.
  • 54. 54 Mas há ainda uma questão que deve ser respondida para complementar a visão de negócio das TVs embarcadas. A questão é: como garantir exclusividade da TV Embarcada à esse ou aquele Radiodifusor? A resposta envolve pelo menos duas ações comerciais e dois fatores condicionantes, a saber: 1– Ações comerciais: 1.1 - Parcerias com fornecedores de TVs/ Midias embarcadas, promovendo o aprimoramento do hardware e adequação do mesmo para recepção do sinal ISDB-T, mediante contrato comercial com garantia de confidencialidade. 1.2 – Parcerias com empresas de ônibus que operem linhas urbanas, intermunicipais e interestaduais com contrapartidas na área publicitária e produção de conteúdos específicos. 2– Fatores condicionantes: 2.1 – Qualidade da cobertura de sinal. 2.2 - Qualidade do conteúdo. Sem preencher satisfatoriamente estes dois fatores, as chances de obtenção de boas parcerias comerciais ficam reduzidas e, por conseguinte da conquista desse novo nicho de mercado.
  • 55. CAPÍTULO II 3. CONCLUSÃO O desenvolvimento tecnológico dos últimos 60 anos revolucionou hábitos, costumes, a forma de comunicação, de expressão, derrubou fronteiras, democratizou a informação, o conhecimento e abriu o caminho para uma nova era onde as possibilidades são praticamente infinitas. Como visto neste trabalho, a TV aberta veio evoluindo lentamente ao longo desse tempo e ainda permanece insistindo em seu modelo de negócio por conta do alto faturamento que ainda aufere, a despeito de o advento da Televisão Digital e todos os seus recursos, terem lhe dado todas as ferramentas necessárias para conquistar seu espaço num mundo cada vez mais convergente, conectado e interativo. O futuro da TV aberta depende de profundas reformulações quanto a sua infraestrutura operacional. A redistribuição das verbas publicitárias em virtude da pulverização da audiência deverá mudar esse cenário de alto faturamento, forçando as Emissoras a desenvolver um modo de operação mais enxuto e eficiente, buscando se inserir em novas áreas de difusão, para conquistar fatias desse novo bolo publicitário que se configurará. Nessa empreitada de reformulação operacional, outro grande desafio será qualificar a mão de obra para os novos perfis profissionais que deverão atuar nessa nova TV aberta. Uma aproximação com as Universidades deve ser buscada para, numa associação público privada, definir os requisitos de formação desses novos profissionais para a constituição de novas grades curriculares nas áreas tecnológica e de produção audiovisual. No que tange a malha de transmissão, o caminho do compartilhamento de sites com outras emissoras deve ser negociado, o que impactará positivamente
  • 56. 56 nos custos de operação e manutenção. A possibilidade de associação comercial com Operadores de Telefonia Móvel deve ser considerada pelos Radiodifusores, não só em função dos projetos conjuntos de interatividade, como também pela possibilidade de compartilhamento de sites de Estações Rádio Base para provimento de Gap Fillers nas áreas metropolitanas e até mesmo de postos de rede SFN. No que tange a produção de conteúdos, deve-se considerar que não importa muito a tecnologia dos meios se o conteúdo é desprovido de qualidade, bem como não importa por quantos meios se tenha conteúdos desde que eles sejam suficientemente diversificados, úteis e de qualidade inquestionável. Disso depende essencialmente o negócio de TV Aberta, seja hoje, seja no futuro. Em dezembro de 1989, vislumbrando o advento da TV Digital em alta definição, a Sony Corporation adquiriu a Columbia Pictures Industries Inc., hoje Sony Pictures. A ideia sempre foi prover conteúdo de alta qualidade não só para as salas de cinema, mas também para nova televisão que iria chegar. Portanto é preciso pensar e produzir hoje o que será realidade na televisão de amanhã. A Ultra Alta Definição (UHD) já é uma realidade tangível para a TV digital, tanto no âmbito da captação e produção quanto no âmbito da transmissão. A tecnologia H-264/MPEG4 - HEVC torna possível a transmissão de um sinal de resolução de 4K (3840 × 2160 pixels, ou 8.3 megapixels) com uma taxa de somente 20 Mbps. Os TVs que reproduzem 4K já se encontram em fabricação. Uma nova geração de receptores ISDB-T, habilitados para o H-264/MPEG4 – HEVC tomará o lugar dos receptores atuais. Em breve a transmissão de um sinal de resolução de 8K (7680 × 4320 pixels ou 33.1 megapixels) já estará sendo viabilizada por uma nova tecnologia de compressão. Nesse tempo será possível assistir conteúdos em 1080P em TVs embarcadas e TVs Móveis. Um desafio sucederá outro sempre. O FOBTV é uma entidade sem fins lucrativos e sem personalidade jurídica que congrega mais de 300 executivos de 25 países, Emissoras de TV, Institutos
  • 57. 57 de Pesquisa, Universidades, Organizações de Padronização, Fabricantes de equipamentos profissionais e Indústria de Consumo. Suas ações são voltadas para o futuro da televisão aberta e terrestre no mundo. Tem como metas principais: definir os requisitos dos futuros sistemas de televisão terrestres, lançar mão de padrões unificados, eficientes e convergentes entre broadcast e broadband e promover o compartilhamento global de tecnologias. A ideia central é dar à televisão aberta e terrestre todos os subsídios para que se torne uma televisão sem fronteiras. Buscando que os sistemas de transmissão e recepção sejam configuráveis, ou seja, que sejam capazes de alterar dinamicamente seus parâmetros de transmissão. Que sejam adaptáveis, com receptores inteligentes que se adaptam às transmissões. Que sejam escaláveis ou capazes de suportar diferentes níveis de qualidade de áudio e vídeo. Que sejam eficientes quanto às técnicas de modulação e codificação, apresentando um baixo consumo de energia e por fim, interoperável com outros meios de distribuição convergentes. Por fim, a despeito de todas essas perspectivas, TV aberta no Brasil, por ser uma concessão federal e considerada um serviço de utilidade pública, está sujeita às autorizações e regulações governamentais para poder avançar rumo a soluções mais eficientes para o modo de se difundir. Portanto, essas soluções só podem ser implantadas num ritmo muito lento, colocando a radiodifusão de sons e imagens sempre um passo atrás dos últimos avanços alcançados pela pesquisa tecnológica. Não há outra forma de alargar os caminhos para o novo modelo de negócio da TV aberta, que não seja por uma negociação séria, responsável e objetiva com o Governo, visando buscar um novo modelo de regulação que possa acompanhar a dinâmica dos novos tempos.
  • 58. REFERÊNCIAS http://www.tudosobretv.com.br/histortv/historbr.htm# http://www.fndc.org.br/arquivos/HistoriaTVEducativa.doc http://www.ancine.gov.br/faq-lei-da-tv-paga http://canaisglobosat.globo.com/index.php/sobre http://pt.wikipedia.org/wiki/Sky_Brasil http://pt.wikipedia.org/wiki/Grupo_Abril http://www.sergiomattos.com.br http://mais.espm.br/2012/10/novos-modelos-de-negocios-em-audiovisual.html http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/deciframe_ou_te_devoro__ 19335 http://veja.abril.com.br/noticia/vida-digital/setor-de-tvs-inteligentes-deve-crescer- 35-ate-2016 http://www.tecmundo.com.br/televisao/32576-4-milhoes-de-smart-tvs-serao- vendidas-em-2012-no-brasil.htm#ixzz2PX9lukG1 http://worldwide.espacenet.com/publicationDetails/biblio?CC=US&NR=5905521A &KC=A&FT=D&ND=7&date=19990518&DB=EPODOC http://www.artigonal.com/multimidia-artigos/o-plano-nacional-de-banda-larga-e-os- prognosticos-em-relacao-a-inclusao-digital-politicas-de-comunicacao-ufrj-2010- 3550527.html
  • 59. 59 http://www4.planalto.gov.br/brasilconectado/pnbl http://www.convergenciamidiatica.com.br/2010/04/o-futuro-da-tv-aberta-no- brasil.html http://www.cisco.com/web/BR/assets/docs/idc_barometro_brasil_final_2012.pdf http://www.webbertek.com.br/site/interno.php?id_str=2&id_sub=17&id_ctns=44 http://idgnow.uol.com.br/blog/circuito/2012/08/13/coitada-da-tv-digital-interativa- mais-maltratada-impossivel/ http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/CONSUMIDOR/422445- APROVADO-PROJETO-SOBRE-ESCLARECIMENTO-AO-CONSUMIDOR- QUANTO-AO-PADRAO-DIGITAL.html http://convergenciadigital.uol.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=29296&sid =7 http://www.telaviva.com.br/07/12/2012/minicom-cria-o-ginga-brasil-programa-de- desenvolvimento-de-aplicativos-e-conteudos-interativos/pt/315857/news.aspx http://www.mc.gov.br/telecomunicacoes/noticias-telecomunicacoes/26190- minicom-lanca-ginga-brasil-para-estimular-interatividade-na-tv-digital http://www.robglidden.com/2009/01/royalty-free-java-dtv/ http://www.dtv.org.br/?s=a+quest%C3%A3o+do+ginga http://bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/1427/multiprogramacao_se rvico_tavares.pdf?sequence=5 http://ecommercenews.com.br/glossario/o-que-e-t-commerce
  • 60. 60 http://portal.dataprev.gov.br/wp- content/uploads/2010/09/TVDS_artigo_Webmidia.pdf Engenheiro Antonio Marcio Pena – Rede Record de Televisão – São Paulo http://www.nercdtv.org/fobtv2012/en/aboutus.html