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CARTOGRAFIA ou de como pensar com o corpo vibrátil
NOTAS DE ABERTURA
Encontrar é achar, é capturar, é roubar, mas não há método para
achar, só uma longa preparação. Roubar é o contrário de plagiar,
copiar, imitar ou fazer como. A captura é sempre uma dupla-captura,
o roubo, um duplo-roubo, e é isto o que faz não algo de mútuo, mas
um bloco assimétrico, uma evolução a-paralela, núpcias sempre
“fora” e “entre”.
Gilles Deleuze e Claire Parnet, Dialogues
[texto 1]
Cartografia: uma definição provisória
Para os geógrafos, a cartografia - diferentemente do mapa, representação de
um todo estático - é um desenho que acompanha e se faz ao mesmo tempo que os
movimentos de transformação da paisagem.
Paisagens psicossociais também são cartografáveis. A cartografia, nesse caso,
acompanha e se faz ao mesmo tempo que o desmanchamento de certos mundos - sua
perda de sentido - e a formação de outros: mundos que se criam para expressar afetos
contemporâneos, em relação aos quais os universos vigentes tornaram-se obsoletos.
Sendo tarefa do cartógrafo dar língua para afetos que pedem passagem, dele se
espera basicamente que esteja mergulhado nas intensidades de seu tempo e que,
atento às linguagens que encontra, devore as que lhe parecerem elementos possíveis
para a composição das cartografias que se fazem necessárias.
O cartógrafo é antes de tudo um antropófago.
[Texto ii]
O cartógrafo
A prática de um cartógrafo diz respeito, fundamentalmente, às estratégias
das formações do desejo no campo social. E pouco importa que setores da vida
social ele toma como objeto. O que importa é que ele esteja atento às estratégias do
desejo em qualquer fenômeno da existência humana que se propõe perscrutar: desde
os movimentos sociais, formalizados ou não, as mutações da sensibilidade coletiva, a
violência, a deliqüência...até os fantasmas, inconscientes e os quadros clínicos de
indivíduos, grupos e massas, institucionalizados ou não.
Do mesmo modo, pouco importam as referências teóricas do cartógrafo. O que
importa é que, para ele, teoria é sempre cartografia - e, sendo assim, ela se faz
juntamente com as paisagens cuja formação ele acompanha (inclusive a teoria aqui
apresentada, naturalmente). Para isso, o cartógrafo absorve matérias de qualquer
procedência. não tem o menor racismo de freqüência, linguagem ou estilo. Tudo o que
der língua para os movimentos do desejo, tudo o que servir para cunhar matéria de
expressão e criar sentido, para ele é bem-vindo. Todas as entradas são boas, desde
que as saídas sejam múltiplas. Por isso o cartógrafo serve-se de fontes as mais
variadas, incluindo fontes não só escritas e nem só teóricas. Seus operadores
conceituais podem surgir tanto de um filme quanto de uma conversa ou de um tratado
de filosofia. O cartógrafo é um verdadeiro antropófago: vive de expropriar, se
apropriar, devorar e desovar, transvalorado. Está sempre buscando
elementos/alimentos para compor suas cartografias. Este é o critério de suas escolhas:
descobrir que matérias de expressão, misturadas a quais outras, que composições de
linguagem favorecem a passagem das intensidades que percorrem seu corpo no
encontro com os corpos que pretende entender. Aliás, “entender”, para o cartógrafo,
não tem nada a ver com explicar e muito menos com revelar. Para ele não há nada em
cima - céus da transcendência -, nem embaixo - brumas da essência. O que há em
cima, embaixo e por todos os lados são intensidades buscando expressão. E o que ele
quer é mergulhar na geografia dos afetos e, ao mesmo tempo, inventar pontes para
fazer sua travessia: pontes de linguagem.
Vê-se que a linguagem, para o cartógrafo, não é um veículo de mensagens-e-
salvação. Ela é, em si mesma, criação de mundos. Tapete voador...Veículo que
promove a transcrição para novos mundos; novas formas de história. Podemos até
dizer que na prática do cartógrafo integram-se história e geografia.
Isso nos permite fazer mais duas observações: o problema, para o cartógrafo,
não é o do falso-ou-verdadeiro, nem o do teórico-ou-empírico, mas sim o do vitalizante-
ou-destrutivo, ativo-ou-reativo. O que ele quer é participar, embarcar na constituição
de territórios existenciais, constituição de realidade. Implicitamente, é óbvio que,
pelo menos em seus momentos mais felizes, ele não teme o movimento. Deixa seu
corpo vibrar todas as freqüências possíveis e fica inventando posições a partir das
quais essas vibrações encontrem sons, canais de passagem, carona para a
existencialização. Ele aceita a vida e se entrega. De corpo e língua.
Restaria saber quais são os procedimentos do cartógrafo. Ora, estes tampouco
importam, pois ele sabe que deve “inventá-los” em função daquilo que pede o contexto
em que se encontra. Por isso ele não segue nenhuma espécie de protocolo
normalizado.
O que define, portanto, o perfil do cartógrafo é exclusivamente um tipo de
sensibilidade, que ele se propõe fazer prevalecer, na medida do possível, em seu
trabalho. O que ele quer é se colocar, sempre que possível, na adjacência das
mutações das cartografias, posição que lhe permite acolher o caráter finito e ilimitado
do processo de produção da realidade que é o desejo. Para que isso seja possível, ele
se utiliza de um “composto híbrido”, feito do seu olho, é claro, mas também, e
simultaneamente, de seu corpo vibrátil, pois o que quer é aprender o movimento que
surge da tensão fecunda entre fluxo e representação: fluxo de intensidades escapando
do plano de organização de territórios, desorientando suas cartografias,
desestabilizando suas representações e, por sua vez, representações estacando o
fluxo, canalizando as intensidades, dando-lhes sentido. É que o cartógrafo sabe que
não tem jeito: esse desafio permanente é o próprio motor de criação de sentido.
Desafio necessário - e, de qualquer modo, insuperável - da coexistência vigilante
entre macro e micropolítica, complementares e indissociáveis na produção de
realidade psicossocial. Ele sabe que inúmeras são as estratégias dessa coexistência -
pacífica apenas em momentos breves e fugazes de criação de sentido; assim como
inúmeros são os mundos que cada uma engendra. É basicamente isso o que lhes
interessa.
Já que não é possível definir seu método (nem no sentido de referência teórica,
nem no de procedimento técnico) mas, apenas, sua sensibilidade, podemos nos
indagar: que espécie de equipamento leva o cartógrafo, quando sai a campo ?
Manual do cartógrafo
É muito simples o que o cartógrafo leva no bolso: um critério, um princípio, uma
regra e um breve roteiro de preocupações - este, cada cartógrafo vai definindo e
redefinindo para si, constantemente. O critério de avaliação do cartógrafo você já
conhece: é o do grau de intimidade que cada um se permite, a cada momento, com o
caráter de finito ilimitado que o desejo imprime na condição humana desejante e seus
medos. É o do valor que se dá para cada um dos movimentos do desejo. Em outras
palavras, o critério do cartógrafo é, fundamentalmente, o grau de abertura para a
vida que cada um se permite a cada momento. Seu critério tem como pressuposto
seu princípio.
O princípio do cartógrafo é extramoral: a expansão da vida é seu parâmetro
básico e exclusivo, e nunca uma cartografia qualquer, tomada como mapa. O que lhe
interessa nas situações com as quais lida é o quanto a vida está encontrando canais de
efetuação. Pode-se até dizer que seu princípio é um antipricípio: um princípio que o
obriga a estar sempre mudando de princípios. É que tanto seu critério quanto seu
princípio são vitais e não morais.
E sua regra ? Ele só tem uma: é uma espécie de “regra de ouro”. Ela dá
elasticidade a seu critério e a seu princípio: o cartógrafo sabe que é sempre em nome
da vida, e de sua defesa, que se inventam estratégias, por mais estapafúrdias. Ele
nunca esquece que há um limite do quanto se suporta, a cada momento, a intimidade
com o finito ilimitado, base de seu critério: um limite de tolerância para a desorientação
e a reorientação dos afetos, um “limiar de desterritorialização”. Ele sempre avalia o
quanto as defesas que estão sendo usadas servem ou não para proteger a vida.
Poderíamos chamar esse seu instrumento de avaliação de “limiar de desencantamento
possível”, na medida em que, afinal, trata-se, aqui, de avaliar o quanto se suporta,
em cada situação, o desencantamento das máscaras que estão nos constituindo,
sua perda de sentido, nossa desilusão. O quanto se suporta o desencantamento, de
modo a liberar os afetos recém-surgidos para investirem outras matérias de expressão
e, com isso, permitir que se criem novas máscaras, novos sentidos. Ou, ao contrário, o
quanto, por não se suportar esse processo, ele está sendo impedido. É claro que esse
tipo de avaliação nada tem a ver com cálculos matemáticos, padrões ou medidas, mas
com aquilo que o corpo vibrátil capta no ar: uma espécie de feeling que varia
inteiramente em função da singularidade de cada situação, inclusive do limite de
tolerância do próprio corpo vibrátil que está avaliada. A regra do cartógrafo então é
muito simples: é só nunca esquecer de considerar esse “limiar”. Regra de
prudência. Regra de delicadeza para com a vida. Regra que agiliza mas não atenua seu
princípio: essa sua regra permite discriminar os graus de perigo e de potência,
funcionando como alerta nos momentos necessários. É que, a partir de um certo limite -
que o corpo vibrátil reconhece muito bem - a reatividade das forças deixa de ser
reconversível em atividade e começa a agir no sentido da pura destruição de si mesmo
e/ou do outro: quando isso acontece, o cartógrafo, em nome da vida, pode e deve
ser absolutamente impiedoso.
De posse dessas informações, podemos tentar definir melhor a prática do
cartógrafo. Afirmávamos que ela diz respeito, fundamentalmente, às estratégias das
formações do desejo no campo social. Agora, podemos dizer que ela é, em si
mesma, um espaço de exercício ativo de tais estratégias. Espaço de emergência de
intensidades sem nome; espaço de incubação de novas sensibilidades e de novas
línguas ao longo do tempo. A análise do desejo, desta perspectiva, diz respeito, em
última instância, à escolha de como viver, à escolha dos critérios com os quais o
social se inventa, o real social. Em outras palavras, ela diz respeito à escolha de
novos mundos, sociedades novas. A prática do cartógrafo é, aqui, imediatamente
política.
Trechos de Suely Rolnik: Cartografia Sentimental, Transformações
contemporâneas do desejo, Editora Estação Liberdade, São Paulo, 1989.

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Cartografia ou de como pensar com o corpo vibrátil - Suely Rolnik

  • 1. CARTOGRAFIA ou de como pensar com o corpo vibrátil NOTAS DE ABERTURA Encontrar é achar, é capturar, é roubar, mas não há método para achar, só uma longa preparação. Roubar é o contrário de plagiar, copiar, imitar ou fazer como. A captura é sempre uma dupla-captura, o roubo, um duplo-roubo, e é isto o que faz não algo de mútuo, mas um bloco assimétrico, uma evolução a-paralela, núpcias sempre “fora” e “entre”. Gilles Deleuze e Claire Parnet, Dialogues [texto 1] Cartografia: uma definição provisória Para os geógrafos, a cartografia - diferentemente do mapa, representação de um todo estático - é um desenho que acompanha e se faz ao mesmo tempo que os movimentos de transformação da paisagem. Paisagens psicossociais também são cartografáveis. A cartografia, nesse caso, acompanha e se faz ao mesmo tempo que o desmanchamento de certos mundos - sua perda de sentido - e a formação de outros: mundos que se criam para expressar afetos contemporâneos, em relação aos quais os universos vigentes tornaram-se obsoletos. Sendo tarefa do cartógrafo dar língua para afetos que pedem passagem, dele se espera basicamente que esteja mergulhado nas intensidades de seu tempo e que, atento às linguagens que encontra, devore as que lhe parecerem elementos possíveis para a composição das cartografias que se fazem necessárias. O cartógrafo é antes de tudo um antropófago. [Texto ii] O cartógrafo A prática de um cartógrafo diz respeito, fundamentalmente, às estratégias das formações do desejo no campo social. E pouco importa que setores da vida social ele toma como objeto. O que importa é que ele esteja atento às estratégias do desejo em qualquer fenômeno da existência humana que se propõe perscrutar: desde os movimentos sociais, formalizados ou não, as mutações da sensibilidade coletiva, a violência, a deliqüência...até os fantasmas, inconscientes e os quadros clínicos de indivíduos, grupos e massas, institucionalizados ou não.
  • 2. Do mesmo modo, pouco importam as referências teóricas do cartógrafo. O que importa é que, para ele, teoria é sempre cartografia - e, sendo assim, ela se faz juntamente com as paisagens cuja formação ele acompanha (inclusive a teoria aqui apresentada, naturalmente). Para isso, o cartógrafo absorve matérias de qualquer procedência. não tem o menor racismo de freqüência, linguagem ou estilo. Tudo o que der língua para os movimentos do desejo, tudo o que servir para cunhar matéria de expressão e criar sentido, para ele é bem-vindo. Todas as entradas são boas, desde que as saídas sejam múltiplas. Por isso o cartógrafo serve-se de fontes as mais variadas, incluindo fontes não só escritas e nem só teóricas. Seus operadores conceituais podem surgir tanto de um filme quanto de uma conversa ou de um tratado de filosofia. O cartógrafo é um verdadeiro antropófago: vive de expropriar, se apropriar, devorar e desovar, transvalorado. Está sempre buscando elementos/alimentos para compor suas cartografias. Este é o critério de suas escolhas: descobrir que matérias de expressão, misturadas a quais outras, que composições de linguagem favorecem a passagem das intensidades que percorrem seu corpo no encontro com os corpos que pretende entender. Aliás, “entender”, para o cartógrafo, não tem nada a ver com explicar e muito menos com revelar. Para ele não há nada em cima - céus da transcendência -, nem embaixo - brumas da essência. O que há em cima, embaixo e por todos os lados são intensidades buscando expressão. E o que ele quer é mergulhar na geografia dos afetos e, ao mesmo tempo, inventar pontes para fazer sua travessia: pontes de linguagem. Vê-se que a linguagem, para o cartógrafo, não é um veículo de mensagens-e- salvação. Ela é, em si mesma, criação de mundos. Tapete voador...Veículo que promove a transcrição para novos mundos; novas formas de história. Podemos até dizer que na prática do cartógrafo integram-se história e geografia. Isso nos permite fazer mais duas observações: o problema, para o cartógrafo, não é o do falso-ou-verdadeiro, nem o do teórico-ou-empírico, mas sim o do vitalizante- ou-destrutivo, ativo-ou-reativo. O que ele quer é participar, embarcar na constituição de territórios existenciais, constituição de realidade. Implicitamente, é óbvio que, pelo menos em seus momentos mais felizes, ele não teme o movimento. Deixa seu corpo vibrar todas as freqüências possíveis e fica inventando posições a partir das quais essas vibrações encontrem sons, canais de passagem, carona para a existencialização. Ele aceita a vida e se entrega. De corpo e língua. Restaria saber quais são os procedimentos do cartógrafo. Ora, estes tampouco importam, pois ele sabe que deve “inventá-los” em função daquilo que pede o contexto em que se encontra. Por isso ele não segue nenhuma espécie de protocolo normalizado. O que define, portanto, o perfil do cartógrafo é exclusivamente um tipo de sensibilidade, que ele se propõe fazer prevalecer, na medida do possível, em seu trabalho. O que ele quer é se colocar, sempre que possível, na adjacência das mutações das cartografias, posição que lhe permite acolher o caráter finito e ilimitado do processo de produção da realidade que é o desejo. Para que isso seja possível, ele se utiliza de um “composto híbrido”, feito do seu olho, é claro, mas também, e
  • 3. simultaneamente, de seu corpo vibrátil, pois o que quer é aprender o movimento que surge da tensão fecunda entre fluxo e representação: fluxo de intensidades escapando do plano de organização de territórios, desorientando suas cartografias, desestabilizando suas representações e, por sua vez, representações estacando o fluxo, canalizando as intensidades, dando-lhes sentido. É que o cartógrafo sabe que não tem jeito: esse desafio permanente é o próprio motor de criação de sentido. Desafio necessário - e, de qualquer modo, insuperável - da coexistência vigilante entre macro e micropolítica, complementares e indissociáveis na produção de realidade psicossocial. Ele sabe que inúmeras são as estratégias dessa coexistência - pacífica apenas em momentos breves e fugazes de criação de sentido; assim como inúmeros são os mundos que cada uma engendra. É basicamente isso o que lhes interessa. Já que não é possível definir seu método (nem no sentido de referência teórica, nem no de procedimento técnico) mas, apenas, sua sensibilidade, podemos nos indagar: que espécie de equipamento leva o cartógrafo, quando sai a campo ? Manual do cartógrafo É muito simples o que o cartógrafo leva no bolso: um critério, um princípio, uma regra e um breve roteiro de preocupações - este, cada cartógrafo vai definindo e redefinindo para si, constantemente. O critério de avaliação do cartógrafo você já conhece: é o do grau de intimidade que cada um se permite, a cada momento, com o caráter de finito ilimitado que o desejo imprime na condição humana desejante e seus medos. É o do valor que se dá para cada um dos movimentos do desejo. Em outras palavras, o critério do cartógrafo é, fundamentalmente, o grau de abertura para a vida que cada um se permite a cada momento. Seu critério tem como pressuposto seu princípio. O princípio do cartógrafo é extramoral: a expansão da vida é seu parâmetro básico e exclusivo, e nunca uma cartografia qualquer, tomada como mapa. O que lhe interessa nas situações com as quais lida é o quanto a vida está encontrando canais de efetuação. Pode-se até dizer que seu princípio é um antipricípio: um princípio que o obriga a estar sempre mudando de princípios. É que tanto seu critério quanto seu princípio são vitais e não morais. E sua regra ? Ele só tem uma: é uma espécie de “regra de ouro”. Ela dá elasticidade a seu critério e a seu princípio: o cartógrafo sabe que é sempre em nome da vida, e de sua defesa, que se inventam estratégias, por mais estapafúrdias. Ele nunca esquece que há um limite do quanto se suporta, a cada momento, a intimidade com o finito ilimitado, base de seu critério: um limite de tolerância para a desorientação e a reorientação dos afetos, um “limiar de desterritorialização”. Ele sempre avalia o quanto as defesas que estão sendo usadas servem ou não para proteger a vida. Poderíamos chamar esse seu instrumento de avaliação de “limiar de desencantamento possível”, na medida em que, afinal, trata-se, aqui, de avaliar o quanto se suporta,
  • 4. em cada situação, o desencantamento das máscaras que estão nos constituindo, sua perda de sentido, nossa desilusão. O quanto se suporta o desencantamento, de modo a liberar os afetos recém-surgidos para investirem outras matérias de expressão e, com isso, permitir que se criem novas máscaras, novos sentidos. Ou, ao contrário, o quanto, por não se suportar esse processo, ele está sendo impedido. É claro que esse tipo de avaliação nada tem a ver com cálculos matemáticos, padrões ou medidas, mas com aquilo que o corpo vibrátil capta no ar: uma espécie de feeling que varia inteiramente em função da singularidade de cada situação, inclusive do limite de tolerância do próprio corpo vibrátil que está avaliada. A regra do cartógrafo então é muito simples: é só nunca esquecer de considerar esse “limiar”. Regra de prudência. Regra de delicadeza para com a vida. Regra que agiliza mas não atenua seu princípio: essa sua regra permite discriminar os graus de perigo e de potência, funcionando como alerta nos momentos necessários. É que, a partir de um certo limite - que o corpo vibrátil reconhece muito bem - a reatividade das forças deixa de ser reconversível em atividade e começa a agir no sentido da pura destruição de si mesmo e/ou do outro: quando isso acontece, o cartógrafo, em nome da vida, pode e deve ser absolutamente impiedoso. De posse dessas informações, podemos tentar definir melhor a prática do cartógrafo. Afirmávamos que ela diz respeito, fundamentalmente, às estratégias das formações do desejo no campo social. Agora, podemos dizer que ela é, em si mesma, um espaço de exercício ativo de tais estratégias. Espaço de emergência de intensidades sem nome; espaço de incubação de novas sensibilidades e de novas línguas ao longo do tempo. A análise do desejo, desta perspectiva, diz respeito, em última instância, à escolha de como viver, à escolha dos critérios com os quais o social se inventa, o real social. Em outras palavras, ela diz respeito à escolha de novos mundos, sociedades novas. A prática do cartógrafo é, aqui, imediatamente política. Trechos de Suely Rolnik: Cartografia Sentimental, Transformações contemporâneas do desejo, Editora Estação Liberdade, São Paulo, 1989.