O documento descreve o Lírio do Monte (Iris Boissieri), uma planta endêmica do noroeste peninsular que se encontra apenas na serra do Gerês em Portugal e na Galiza. É uma planta em perigo de extinção. O documento fornece detalhes sobre a descrição, habitat, distribuição e ameaças à espécie.
1. Olhai os lírios do monte
“Nos lugares remotos do Gerês há uma planta que produz um lírio
azul, planta endémica e maravilhosa. (…) Penso nela como sendo um
olhar que a terra ergue das suas profundezas e que nos empresta para
que os segredos novos nos sejam apontados. Pois é a terra quem nos
persuade aos caminhos que ela tem ainda invioláveis. Um lírio azul
que parece perdido nas alturas roqueiras é talvez algo mais do que a
Iris Boissieri; é um olhar que nos vigia, passe a candura poética.”
Agustina Bessa Luís
O Lírio do Monte (Iris Boissieri) é por muitos tido como a planta galego-
portuguesa por excelência.
Encontra-se apenas no norte de Portugal, na serra do Gerês, e na Galiza.
É também comummente conhecido por Lírio do Gerês ou por Lirio do Xurés.
É uma planta endémica do noroeste peninsular, catalogada como em perigo
de extinção, que na Galiza só se conserva nas serras do Xurés e Santa
Eufemia (Ourense), no Courel (Lugo) e, na provincia da Corunha, no Monte
Pindo – embora aqui os especialistas a tenham dado por desaparecida.
Daí o apelo feito pela Associação Monte Pindo Parque Natural para que com
ela entre em contacto quem aviste algum exemplar da espécie no Monte
Pindo, onde o habitat estaria nas fendas das grandes rochas graníticas.
2. O pedido é para que além da eventual documentação fotográfica tomem
nota da sua posição exacta (coordenadas gps ou referências visuais
fidedignas) para transmissão à Associação Monte Pindo.
A associação lembra que qualquer dano provocado a uma iris boissieri, bem
como a qualquer outra espécie em perigo de extinção, é, de acordo com a
lei vigente, suscetível de penalização com multa até 300.000 €.
Dados gerais do Lirio do Monte
Nome comum: Lirio do Xurés ou Gerês ou Lirio do Monte
Nome científico: Iris boissieri Henriques
Altitude: 500-1.450 m
Habitat: Solos pouco profundos sobre rochas graníticas
Fitosociologia: Pterosparto lasianthi-Ericetum aragonensis
Biotipo: Geófito bulboso
Biologia reprodutiva: Monoica
Floração: V-VI (VII)
Fructificação: VII-VIII
Expressão sexual: Bissexual
Polinização: Entomófila
Dispersão: Barocoria
Nº cromossomático: 2n = 36
Reprodução assexual: Divisão do bolbo
3. Identificação
Geófito com bolbo de túnica membranosa. Folhas dimorfas, as inferiores
compridas, as distales mais curtas, de limbo amplo, transformando-se
gradualmente em espatas. Tronco terminado numa só flor,
excepcionalmente duas. Corola violácea, divisões externas com uma franja
central amarela e tricomas da mesma cor.
Distribuição
Galiza e norte de Portugal.
Na Galiza está presente, em Ourense, nas serras de Xurés, Santa Eufemia e
em Baltar, em Lugo, na serra do Courel e, na Corunha, nos montes do
Pindo.
No norte de Portugal encontra-se na serra do Gerês.
Ameaças
Incêndios. Abandono da pastorícia. Apanha da flora. Parasitismo.
Reino: Plantae
Filo: Magnoliophyta
Classe: Liliopsida
Ordem: Asparagales
Família: Iridaceae
Género: Iris