O documento discute a doença diabetes, incluindo suas causas, sintomas e complicações. A diabetes ocorre quando o pâncreas não produz insulina suficiente ou quando o corpo não responde adequadamente à insulina, levando a níveis elevados de glicose no sangue. Isso pode causar danos a longo prazo aos nervos, rins, olhos e outros órgãos. O documento também aborda os tipos de diabetes e seu tratamento.
2. Doença provocada pela deficiência de produção ou de ação da insulina, que
leva a sintomas agudos e a complicações crônicas características. O distúrbio
envolve o metabolismo da glicose, das gorduras e das proteínas e tem graves
conseqüências. É um desequilíbrio dos níveis de glicose no sangue.
Ocorre quando o pâncreas não produz
insulina suficiente (diabetes tipo 1) ou
quando a insulina produzida pelo
pâncreas não age adequadamente,
devido a uma resistência do corpo à
ação da insulina (diabetes tipo 2). Sem
insulina suficiente para fazer a glicose
passar para o interior das células, esta
glicose acaba se acumulando no
sangue, onde atinge níveis maiores
que o normal.
3. Diabetes Mellitus tipo I: Diabetes Mellitus tipo II:
Ocasionado pela destruição da Provocado predominantemente
célula beta do pâncreas, em por um estado de resistência à
geral por decorrência de doença ação da insulina associado a uma
auto-imune, levando a relativa deficiência de sua
deficiência absoluta de insulina. secreção.
Outras formas de Diabetes Mellitus:
quadro associado a desordens genéticas, infecções, doenças pancreáticas, uso
de medicamentos, drogas ou outras doenças endócrinas.
Diabetes Gestacional:
Circunstância na qual a doença é diagnosticada durante a gestação, em
paciente sem aumento prévio da glicose.
4. No Diabetes tipo I, a causa básica é uma doença auto-imune que lesa
irreversivelmente as células pancreáticas produtoras de insulina
(células beta). Assim sendo, nos primeiros meses após o início da
doença, são detectados no sangue dos pacientes, diversos anticorpos
sendo os mais importantes o anticorpo anti-ilhota pancreática, o
anticorpo contra enzimas das células beta (anticorpos
antidescarboxilase do ácido glutâmico - antiGAD, por exemplo) e
anticorpos anti-insulina.
No Diabetes tipo II, ocorrem diversos mecanismos de resistência a
ação da insulina, sendo o principal deles a obesidade, que está
presente na maioria dos pacientes.
Nos pacientes com outras formas de Diabetes o que ocorre em geral
é uma lesão anatômica do pâncreas, decorrente de diversas
agressões tóxicas seja por álcool, drogas, medicamentos ou infecções,
entre outras.
5. Ambos os tipos 1 e 2 tem fatores genéticos importantes, sendo o principal fator
desencadeante de 20-30% dos casos de tipo 1, e de 5-10% dos casos de diabetes tipo
2. Geralmente essa predisposição genética resulta em disfunção do pâncreas na
produção de insulina. O tipo 1 é desencadeado mais cedo, atingindo crianças e
adolescentes (principalmente por volta dos 10 aos 14 anos), pelo fato de ser genético.
Pode ter tanto origem monogênica (um único gene defeituoso em áreas centrais da
produção de insulina), quanto poligênica (vários genes em áreas secundárias). Os
estudos indicam por volta de 20 genes responsáveis mas apenas 13 foram
comprovados.
Estudos indicam que cerca de 12% da população ocidental possui um ou mais genes
favoráveis ao desenvolvimento de diabetes.
A diabetes tipo 2 (Diabetes Mellitus tipo 2) também tem um fator genético, ocorrendo
simultaneamente em 50 a 80% dos gêmeos idênticos e 20% dos não-idênticos. Entre
os Pima (nativos americanos do Arizona) 50% da população desenvolve a Diabetes
Mellitus tipo 2 enquanto em certos grupos orientais atinge menos de 1%. Porém, é
importante lembrar que mesmo com uma genética favorável, hábitos saudáveis
servem para prevenir e adiar o aparecimento dessa doença que acomete geralmente
apenas os obesos, hipertensos e dislipidêmicos (que compreendem de 90-95% de
todos os casos).
6. Para detectar a doença, o exame básico, é
a chamada glicemia de jejum, que deve
estar entre 70 a 110 mg por 100 ml de
sangue. Se o resultado ultrapassar 126
em dois exames seguidos, é
diagnosticado a diabetes, mas se os
números apontarem entre 110 e
125, pede-se o teste oral de tolerância à
glicose para tirar a duvida. O indivíduo
ingere 75 gramas de glicose diluída em
água e, após duas horas, faz o exame de
sangue. O diabete é diagnosticado se
estiver acima de 200. Um valor entre 140
e 199 acusa um quadro de pré-diabete.
Uma vez diagnosticado, o diabético terá que incorporar à sua rotina diária o glicosímetro - o aparelho que
mede a glicemia. Dependendo do caso, ele deverá monitorá-la várias vezes ao dia pois é o único jeito de
evitar descompensações.
Além disso, para manter a doença sob controle, essas pessoas devem realizar, pelo menos duas vezes ao
ano, o exame da hemoglobina glicada, ou A1C. Só ele detecta como se comportou o açúcar nos últimos dois
ou três meses, dado essencial para saber a quantas andam os estragos no organismo. O exame dosa a
quantidade de glicose que se combinou com a hemoglobina dos glóbulos vermelhos, ou seja, o quanto de
açúcar circulou pelo sangue naquele período, que é justamente o tempo de vida das hemácias.
7. Os sintomas do Diabetes são decorrentes do aumento da glicemia e
das complicações crônicas que se desenvolvem em longo prazo.
Quando existe um aumento da glicemia pode ocorrer:
•Sede excessiva.
•Aumento do volume da urina.
•Aumento do número de micções.
•Surgimento do hábito de urinar à noite.
•Fadiga, fraqueza, tonturas.
•Visão borrada
•Aumento de apetite
•Perda de peso.
8. Os sintomas das complicações envolvem queixas
visuais, cardíacas, circulatórias, digestivas, renais, urinárias, neurol
ógicas, dermatológicas e ortopédicas, entre outras. O
prolongamento da hiperglicemia (altas taxas de açúcar no sangue)
pode causar sérios danos à saúde:
Retinopatia diabética: lesões que aparecem na retina do
olho, podendo causar pequenos sangramentos e, como
consequência, a perda da acuidade visual
Nefropatia diabética: alterações nos vasos sanguíneos dos rins
que fazem com que ocorra uma perda de proteína pela urina. O
órgão pode reduzir a sua função lentamente, mas de forma
progressiva até a sua paralisação total.
Neuropatia diabética: os nervos ficam incapazes de emitir e
receber as mensagens do cérebro, provocando sintomas, como
formigamento, dormência ou queimação das pernas, pés e
mãos, dores locais e desequilíbrio, enfraquecimento
muscular, traumatismo dos pelos, pressão baixa, distúrbios
digestivos, excesso de transpiração e impotência.
9. Pé diabético: ocorre quando uma área machucada ou infeccionada nos pés desenvolve uma
úlcera (ferida). Seu aparecimento pode ocorrer quando a circulação sanguínea é deficiente e
os níveis de glicemia são mal controlados. Qualquer ferimento nos pés deve ser tratado
rapidamente para evitar complicações que podem levar à amputação do membro afetado
Infarto do miocárdio e acidente vascular: ocorrem quando os grandes vasos sanguíneos são
afetados, levando à obstrução (arteriosclerose) de órgãos vitais como o coração e o cérebro. O
bom controle da glicose, a atividade física e os medicamentos que possam combater a pressão
alta, o aumento do colesterol e a suspensão do tabagismo são medidas imprescindíveis de
segurança. A incidência desse problema é de duas a quatro vezes maior em pessoas com
diabetes.
Infecções: o excesso de glicose pode causar danos ao sistema imunológico, aumentando o
risco da pessoa com diabetes contrair algum tipo de infecção. Isso ocorre porque os glóbulos
brancos (responsáveis pelo combate a vírus, bactérias etc.) ficam menos eficazes com a
hiperglicemia. O alto índice de açúcar no sangue é propício para que fungos e bactérias se
proliferem em áreas como boca e gengiva, pulmões, pele, pés, genitais e local de incisão
cirúrgica.
10. O diagnóstico da doença acarreta muitas vezes um choque emocional para a
pessoa, que não está preparada para conviver com as limitações decorrentes
da condição crônica interferindo na vida familiar e comunitária, afetando seu
universo de relações. Ter que mudar hábitos de vida que já estão
consolidados e assumir uma rotina que envolve disciplina rigorosa do
planejamento alimentar, da incorporação, ou incremento de atividade física,
e uso permanente e contínuo de medicamentos. A modificação do estilo de
vida não se instala magicamente, mas no decorrer de um percurso que
envolve repensar o projeto de vida e reavaliar suas expectativas de futuro. A
mudança de hábitos de vida, é um processo lento e difícil. principalmente no
que se refere à alimentação. A doença exige um controle de alimentação
adequada exercício físicos, medicação se necessário e controle glicêmico.
Essas medidas fazem parte do dia a dia do diabético.
11. O diabetes não pode ser dissociado de outras doenças glandulares. Além da
obesidade, outros distúrbios metabólicos (excesso de cortisona, do hormônio
do crescimento ou maior produção de adrenalina pelas supra-renais) podem
estar associados ao diabetes.
O tipo I
É também chamado de insulinodependente,
porque exige o uso de insulina por via injetável
para suprir o organismo desse hormônio que
deixou de ser produzido pelo pâncreas. A
suspensão da medicação pode provocar a
cetoacidose diabética, distúrbio metabólico
que pode colocar a vida em risco.
O tipo II
Não depende da aplicação de insulina e
pode ser controlado por medicamentos
ministrados por via oral. A doença
descompensada pode levar ao coma
hiperosmolar, uma complicação grave que
pode ser fatal.
12. Dieta alimentar equilibrada é fundamental para o controle do diabetes. A orientação de uma
nutricionista e o acompanhamento de psicólogos e psiquiatras pode ajudar muito a reduzir o
peso e, como consequência, cria a possibilidade de usar doses menores de remédios.
Atividade física é de extrema importância para reduzir o nível da glicose nos dois tipos de
diabetes.
Atualmente estão disponíveis no mercado vários tipos de insulina que diferem entre si pela
velocidade de absorção, forma de aplicação e tempo de ação e de permanência no organismo,
que podem ajudar no controle do diabetes tipo 1. "Existem aplicadores (canetas) que facilitam o
trabalho do paciente. Há a opção também pela utilização de sistema de aplicação contínua de
insulina de rápida ação por dispositivos eletrônicos chamados ‘bombas de infusão”. Os modelos
mais modernos são compactos e podem interagir com o sistema de aferição da glicemia.
Já para o tipo 2, pode ser utilizada não apenas a insulina (empregada em situações específicas),
mas também medicamentos destinados ao controle da doença. As sulfoniluréias e as glinidas
estimulam a secreção do hormônio pelas células beta do pâncreas. A acarbose reduz a absorção
de carboidratos. A metformina e as glitazonas facilitam a ação da insulina nos tecidos
periféricos. Já os incretinomiméticos aumentam os níveis de GLP-1. A administração de análogos
desta substância, produzida por células intestinais ou de agentes que reduzem sua degradação
no organismo humano, melhora a função da célula beta e também provoca efeitos benéficos em
tecidos periféricos. Infelizmente esta realidade não está disponível para a maioria absoluta dos
brasileiros em função do seu alto custo.
13. Volta e meia aparecem na imprensa tratamentos Quando o assunto é a cura do diabetes, torna-se
que têm tudo para possibilitar a cura do impossível deixar de lado a proliferação de terapias
diabetes. No entanto, na prática, mesmo que alternativas apresentadas como poderosas aliadas no
contribuam para a melhora, não cumprem a controle da doença. Tal crença serviu como ponto de
promessa de dar fim ao transtorno. A realização partida para que pesquisadores da Universidade de
de estudos com células-tronco é a vertente mais Brasília (UNB) investigassem as propriedades do chá
promissora para os cientistas que investigam feito com extrato de pata-de-vaca. De acordo com
uma forma de acabar com a doença. "Talvez com informações divulgadas recentemente a substância
o desenvolvimento das terapias genéticas e a ajuda a estimular a ação da insulina, mas também
superação de entraves jurídicos, devido ao estimula outras substâncias, como o estrógeno, o que
conflito entre religião e ciência, ocorram avanços aumenta o risco de câncer de útero e mama, por
na investigação do diabetes do tipo 1.“ exemplo. De acordo com pesquisas, não existem
Existe também um estudo sobre a realização de evidências cientificas que comprovem os efeitos deste
transplantes de pâncreas em pacientes com tipo de tratamento. Mas mesmo os médicos 100%
diabete tipo 2. Uma linha mais recente de alopatas e descrentes de qualquer terapêutica dita
pesquisa na Medicina tem buscado fazer o ‘alternativa’, com alguma frequência costumam se
transplante apenas das ilhotas de Langerhans. O deparar com situações que sugerem alguma
procedimento é simples, tem poucas participação positiva de determinados agentes. Em
complicações e exige uma hospitalização de alguns casos, por uma questão motivacional e
curta duração. O grande problema é a obtenção psicológica, desde que não ofereçam risco adicional os
das células, que são originárias de cadáveres. procedimentos convencionais não deveriam ser
São necessários em média três doadores para se abandonados.
conseguir um número razoável de células.
14. Uma das técnicas usadas na biotecnologia foi modificar, bactérias para produzir insulina humana. A
insulina é uma proteína simples normalmente produzida pelo pâncreas. Em pessoas com diabetes, o
pâncreas não está em perfeito estado e não consegue produzir insulina. Já que a insulina é vital ao
processamento de glicose no corpo os diabéticos devem injetar doses diárias de insulina em seus corpos.
Antes dos anos 80, a insulina para os diabéticos vinha de porcos e era muito cara.
Para baratear o custo da insulina, o gene que produz a insulina humana foi adicionado aos genes de uma
bactéria E. Coli. Assim que o gene foi colocado no lugar, o maquinário normal da célula produziu-a assim
como faria com qualquer outra enzima. Ao fazer cultura de grandes quantidades de bactérias modificadas
e então abri-las e matá-las, a insulina pôde ser extraída, purificada e usada de maneira muito menos
dispendiosa.
O truque é não colocar o novo gene na bactéria. A maneira mais fácil é combinar o gene em um
plasmídeo, um pequeno anel de DNA que uma bactéria costuma passar para outra em uma espécie de
sexo primitivo. Cientistas já desenvolveram ferramentas muito precisas para cortar plasmídeos normais e
combinar os novos gêmeos neles. Uma amostra de bactérias então é "infectada" com o plasmídeo.
Algumas acabam incorporando o novo gene ao seu DNA. Para separar as infectadas das não infectadas, o
plasmídeo também contém um gene que dá imunidade contra um antibiótico específico às bactérias. Ao
tratar a amostra com o antibiótico, todas as células que não absorveram o plasmídeo são mortas. Agora é
possível fazer a cultura de novas gerações de bactérias E. Coli. para criar insulina em grandes quantidades.
15. Sheila Regina de Vasconcellos
“Meu nome é Sheila Regina de Vasconcellos, sou carioca, tenho 42 anos e sou diabética
tipo 1 há 26 anos. Quando descobri a doença era adolescente e muitas mudanças
aconteceram na minha vida. O controle nem sempre era fácil e embora não tivesse um
controle muito rígido, jamais fiquei um dia sequer sem tomar a insulina. Depois veio o
trabalho e viver era sempre mais importante do que cuidar da diabetes. Mas depois que
me casei, o medo de não conseguir ter filhos me coloquei novamente nos trilhos.
Tive dois filhos saudáveis: uma menina de 13 anos, e um menino de 7. Fui melhorando
minha consciência e minha atitude com relação à doença, e após sofrer uma grave crise
hipoglicêmica, que me causou uma fratura no tornozelo esquerdo, entrei na linha. O
receio das complicações me fez passar a viver com diabetes dia a dia sem encobrir a
doença, sem reclamar, com muito mais energia positiva.
Hoje pratico exercícios 4 vezes na semana, mantenho uma dieta saudável, faço pelo
menos 4 medições da glicemia por dia e tenho orgulho da minha glicada em menos de 7.
Poder ver meus filhos crescerem é o que mais desejo na vida e por eles e por mim, cuido
do meu diabetes com muito amor.”