1. PrecariAcções
Agosto 2013
21
Boletim organizativo e de luta dos call-centers
Editorial
Editorial
EDITORIAL
O governo não tem dado tréguas no
ataque que tem feito aos trabalhadores e
Cavaco Silva, sempre apoiante desta
política de austeridade do governo,
promulga tudo o que lhe chega às mãos.
Desta vez, com a desculpa de tornar os
serviços públicos mais eficientes,
aumentaram cinco horas semanais ao
horário dos trabalhadores da função
pública. Muitos trabalhadores do sector
privado acham esta medida positiva
baseados na injustiça que vêem entre os
direitos e regalias dos trabalhadores do
público e do privado. É verdade que
existem essas diferenças. Reflictamos um
pouco sobre essa questão. Em primeiro
lugar os direitos que os trabalhadores do
público têm não são nada a que todos os
trabalhadores não devessem ter direito.
E em segundo lugar as regalias de que
tanto se fala são muitas vezes direitos
básicos necessários a todos ( como a
assistência médica). Além disto é
negativo para qualquer trabalhador, seja
ele do público ou do privado, que o
critério para igualar as suas condições
seja descer as dos que estão um
bocadinho melhor. Pelo contrário, o
critério deve ser exactamente o oposto,
isto é, subir as condições dos menos
favorecidos. É normal que governo, os
empresários e os meios de comunicação
social, estejam sempre a martelar na
cabeça das pessoas esta divisão artificial
entre trabalhadores do público e do
privado pois, afinal de contas, nada
melhor para eles do que ter os
trabalhadores divididos, a discutir quem
tem mais e quem tem menos enquanto
que eles se riem à custa do que tiram a
todos. Contra a austeridade e o roubo
sistemático deste governo os
trabalhadores do privado e do público
têm de estar lado a lado contra quem os
saqueia. Ou não é do interesse de todos
que este governo e a sua política caiam?
Não esqueçamos também que a redução
de direitos aos trabalhadores do público
é um primeiro passo para retirar direitos
aos do privado. Afinal foi isso mesmo que
aconteceu com a questão dos subsídios
de férias e natal.
E O SALÁRIO OH..É PEQUENO
Já sabemos que o aqui ganhamos é pouco mas alguns recebem menos do
que outros. Clarificando...os colaboradores da Adecco ganham menos nos
dias de feriado que os colaboradores da Randstad. Obviamente é
inadmissível que trabalhadores que prestam serviços para as mesmas
empresas ( Apple e IBM), a desempenhar as mesmas tarefas, nos
mesmos dias, vejam uma remuneração inferior ao fim do mês,
comparando com o recibo do colega da Randstad. Os colaboradores da
Adecco deveriam ver o seu salário aumentado para pelo menos ser igual
ao dos outros colegas da outra empresa de trabalho temporário.
Está claro que os salários deveriam era ser aumentados para toda a
gente. Muita gente que trabalha nesta empresa há anos e que se esforça
diariamente por ter uma boa performance nunca viu essa boa performance
ser recompensada. Volta e meia lá mandam um email a agradecer o
esforço e que com isso a empresa conseguiu crescer..mas prémios ou
dinheirinho que muita falta faz é que nada.
Mais descontentes e desmotivados ficam os advisors quando ficam a
saber das condições oferecidas por este mesmo trabalho noutras cidades.
Por exemplo..em Lisboa, no outro call center da apple em Portugal, os
advisors para cima de 1000 euros. E nós fazemos a mesma coisa e muitas
vezes nem 600 euros nos pagam. Já o pessoal em Cork ganha bem mais
e com muitos privilégios que nós não temos. Quanto é que as ETT's e a
IBM estão a ganhar por cabeça afinal?
Certo certinho é que nós não estamos a ganhar o que merecemos
nem o que valemos.
Nota: os valores referenciados para os advisors em Lisboa partem da palavra de gente que
saiu de cá e foi para lá trabalhar.
Já os valores para Cork podem ser confirmados neste link: www.bestjobs.ie/bt-jobdgeraudmgi-664764.htm
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2. SHIFT BID II
Todos já sabemos o que é e o que
significa. Todas as linhas tiveram a
oportunidade de escolher continuar
no rotation plan ou passar para o
shift bid, para esse sistema
maravilhoso que tanto prometeu e
que afinal se revelou noutro sistema
injusto.
Primeiro, não se pode deixar de
referir que cada linha teve o seu
representante para ir às reuniões do
shift bid e para passar as
informações aos restantes colegas.
A pergunta que não quer calar é
“quem
elegeu
esses
representantes?”, “com que critérios
foram eles escolhidos?”. Não se
pode deixar de referir este aspecto
pois nas diferentes linhas as
informações não eram exactamente
iguais e a opinião de cada
representante influenciou a votação
de cada linha de conjunto...
Depois, mais um aspecto que não se
pode deixar de notar é que o shift bid
tem coisas boas e coisas más, como
é natural, mas é um facto que as
linhas que escolheram manter-se no
rotation plan foram aquelas que já
têm, pelo menos, um dia de folga fixo
por semana; todas as restantes, que
sempre sofreram com a incerteza
dos horários e das folgas, muito
dificilmente duas folgas seguidas,
foram as que escolheram o shift bid
pois advinha essa promessa.
a hipótese de ser propositado
começa já a ser cada vez uma
certeza.
Além de tudo isto, o shift bid que
prometia ser um sistema infalível
mostra-se incompreensível: os
primeiros lugares no ranking não
conseguiram o horário escolhido, os
lugares medianos têm os mesmos
horários que os últimos. Como
explicam isto?
Com certeza, o shift bid trouxe coisas
positivas mas está na hora de nos
regermos por outro sistema!
Colegas, não pedemos ser dois ou
três a reivindicar, temos de ser todos.
Com duas mãos se parte, muito
facilmente, um pau mas 50 (ou mais)
é impossível!
Ter duas folgas seguidas e ter mais
fins-de-semana são duas coisas que
todos almejamos mas o critério de
melhor desempenho não pode ser o
critério a ter em conta! Todos nós, e
sabemos muito bem disso, temos
meses melhores e outros piores, por
razões pessoais (problemas
familiares, stress, etc), mas também
por razões que nos são externas
(menos chamadas, menos surveys,
surveys injustos que não são para
nós, pressão, etc).
Todos já perceberam que ninguém
está contente com os horários e
folgas mas a forma que tanto
demoraram a dar foi, mais uma vez,
insuficiente e baseada na injustiça!
Já perceberam que algo de errado se
passa, o que nos leva à segunda
pergunta que não quer calar: as
tentativas falhadas são já tantas que
MUDAM-SE AS CARAS MAS...
Recentemente, um bocado por todos
os pisos, fomos agraciados com a
presença do novo chefe. Muita gente
pensou que, com a chegada duma
pessoa de fora, as situações
irregulares pelas quais temos que
passar iriam entrar nos eixos.
Situações como pagamento errado
de salários, problemas como o
horário não sair a tempo e horas, má
e pouca formação nos novos
produtos ou nas novas competências
que nos são atribuídas, etc..
Ora tudo isto se manteve na mesma,
isto é, estamos sozinhos e
desamparados e continuamos a
irregularidades.
Mas agora, com o novo chefe, até
temos direito a novas situações.
Primeiro vemos o chefe a passear-se
pelos pisos a verificar quem tem ou
não a fita da respectiva entidade
patronal ao pescoço quando ele
próprio não usava uma. Depois,
numa atitude mais autoritária, vimos
colegas a ficarem sem pertences
pessoais retirados enquanto eram
Contacta-nos através
dados os tais passeios. Ora se ter o
telemóvel em cima da mesa vai
contra os procedimentos não é a
retirar o brinquedo das mãos, tal
como na escola, que se resolvem
essas situações. Mas quem é que o
chefe pensa que é? Nosso dono?
Se há procedimentos a não ser
cumpridos pelos advisors há formas
correctas de se actuar e a que se
assistiu não é a correcta.
Não precisámos que se preocupem
com males menores. Precisámos
que se preocupem com o bem-estar
e satisfação dos advisors para assim
podermos dar o serviço de qualidade
que nos é exigido. Precisámos que
ouçam o que os advisors têm a dizer
e que resolvam, na medida do
possível, situações que nos estão a
prejudicar. Ouvidos moucos já há
muitos e não nos faz falta outro par!
de:
Email: precariaccoesbraga@gmail.com Blog: precariaccoesbraga.blogspot.com
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