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Motricidade © Fundação Técnica e Científica do Desporto
2013, vol. 9, n. 4, pp. 73-81 doi: 10.6063/motricidade.9(4).1198
Efeito agudo do alongamento estático e facilitação
neuromuscular propriocetiva sobre o desempenho do número
de repetições máximas em uma sessão de treino de força
Acute effect of static and proprioceptive neuromuscular facilitation
stretching methods in the maximum number of repetitions in a single
strength training session performance
M.A. Sá, T.M. Gomes, C.M. Bentes, G. Costa e Silva, G. Rodrigues Neto, J.S. Novaes
ARTIGO ORIGINAL | ORIGINAL ARTICLE
RESUMO
O objetivo do presente estudo foi verificar o efeito agudo do alongamento estático e facilitação
neuromuscular propriocetiva (FNP) no desempenho do número de repetições máximas (RM) numa
sessão de treino de força (STF). Seis visitas foram realizadas. Nas três primeiras adotou-se uma
familiarização com os protocolos de alongamento e teste e reteste de 12RM. Os voluntários foram
divididos aleatoriamente nas seguintes condições experimentais: a) protocolo de alongamento estático
+ STF; b) protocolo de alongamento FNP + STF; c) protocolo de aquecimento específico com 20
repetições a 30% da carga de 12RM + STF. Realizaram-se 3 séries de 12RM para cada exercício: leg
press (LP), cadeira extensora (CE), mesa flexora (MF) e panturrilha (PT). Para o somatório do número
de RM das 3 séries de cada exercício, diferenças significativas (p < .05) foram encontradas entre os
métodos nos exercícios LP, CE e MF. Para o somatório do número de RM das três séries dos quatro
exercícios encontraram-se diferenças significativas (p < .05) para EP vs. AE e FNP vs. AE. Ambos os
métodos de alongamento diminuíram o desempenho, reduzindo os níveis de força. Desta forma, os
alongamentos FNP e estático não devem ser recomendados antes de uma sessão de treino de força.
Palavras-chave: exercícios de alongamento muscular, força muscular, membros inferiores
ABSTRACT
This study aimed to investigate the acute effect of static stretching (SS) and proprioceptive
neuromuscular facilitation (PNF) in the performance of repetition maximum (RM) during a training
session of force (TSF) for upper and lower limbs. Six sessions were conducted during the experiment
period. At the first three sessions, a stretching protocol familiarization was adopted followed by 12
maximal repetitions test and retest. From the fourth session on, the following experimental protocols
were applied: a) Static stretching + TSF; b) PNF stretching + TSF; c) specific warm-up with 20
repetitions (30% of 12 RM load) + TSF. The sessions included three sets of 12 RM for each exercise
(leg press 45º, leg extension, leg curl and plantar flexion). It was observed significant differences (p<
.05) between the stretching methods to the sum of (RM) of the three sets in leg press 45º, leg
extension and leg curl. It was observed significant difference (p< .05) in the SRM on the three of four
exercises at the EP vs. SS and PNF vs. SS situations. Both stretching methods decrease the subsequent
strength performance, reducing its levels. Therefore, PNF and SS methods should not be recommended
before a TSF.
Keywords: muscle stretching exercises, muscle strength, lower extremity
Submetido: 25.10.2012 | Aceite: 04.02.2013
Marcos André Sá, Thiago Matassoli Gomes, Cláudio Melibeu Bentes, Gabriel Costa e Silva, Gabriel Rodrigues Neto, Jefferson
Silva Novaes. Departamento de Educação Física, Laboratório de Treinamento de Força, Universidade
Federal do Rio de Janeiro - RJ, Brasil.
Endereço para correspondência: Jefferson S. Novaes, Escola de Educação Física e Desportos, Univ. Federal do Rio
de Janeiro, Av. Carlos Chagas Filho, 540, Cidade Universitária, CEP: 21941-599 Rio de Janeiro, RJ - Brasil
E-mail: jsnovaes@terra.com.br
74 | M.A. Sá, T.M. Gomes, C.M. Bentes, G. Costa e Silva, G. Rodrigues Neto, J.S. Novaes
Os exercícios de alongamento são normal-
mente realizados como parte integrante da
rotina de aquecimento com o objetivo de man-
ter ou melhorar a flexibilidade, prevenir lesões,
retardar dores musculares e se realizado de
forma crónica promover melhoras sobre o
desempenho físico (Higgs & Winter, 2009).
Para Pereira, Brust e Barreto (2007), vários
métodos de alongamento são utilizados clini-
camente e no desporto, possuindo como prin-
cipal característica a promoção e manutenção
dos níveis de flexibilidade. Corroborando com
essas informações, o American College of
Sports Medicine (ACSM, 2011) preconizou no
seu mais recente posicionamento que valências
físicas como aptidão neuromotora, capacidade
aeróbia, resistência muscular localizada, força e
flexibilidade devem fazer parte de um pro-
grama de treinamento supervisionado com o
intuito de promover saúde e aumentar o
desempenho nas práticas desportivas.
Diversos pesquisadores têm procurado
investigar a influência dos diferentes métodos
de alongamento sobre o desempenho da força
(Gomes et al., 2011; Kay & Blazevich, 2012). O
alongamento por facilitação neuromuscular
propriocetiva (FNP) quando realizado em
membros superiores ou inferiores apresenta
indícios de promover diminuições no desem-
penho em testes de força quando realizado por
indivíduos considerados iniciantes ou avança-
dos (Gomes et al., 2011). Entretanto, Simão,
Giacomini, Dornelles, Marramom e Viveiros
(2003) não observaram nenhuma alteração
sobre os níveis de força após a aplicação do
alongamento FNP sobre o teste de 1RM.
Kokkonen, Nelson, Eldredge e Winchester
(2007) verificaram o desempenho dos mem-
bros inferiores após a aplicação do alonga-
mento estático. A força, flexibilidade e potên-
cia foram avaliadas antes e após a aplicação do
alongamento estático. Desta forma, o grupo
que alongou teve melhoras significativas na
força de 1RM para flexão e extensão de joelho.
Porém, o grupo que não alongou não apresen-
tou qualquer melhoria na produção de força.
Beedle, Rytter, Healy, e Ward (2008) não
encontraram qualquer redução na força após a
aplicação do alongamento estático. Contraria-
mente, Bacurau et al. (2009) observaram uma
redução da força após a aplicação do mesmo
método de alongamento. Kokkonen, Nelson,
Tarawhiti, Buckingham, e Winchester (2010)
analisaram os índices de força após a realização
de um treinamento resistido progressivo com-
binado com alongamento estático. O grupo que
realizou somente o treinamento resistido pro-
gressivo teve a força de 1RM na flexão de joe-
lho, extensão de joelho e leg press melhorada
em 12%, 14% e 9%, respetivamente. Por outro
lado, o grupo que fez treinamento resistido
progressivo combinado com exercícios de
alongamento estático melhorou a força de 1RM
na flexão de joelho, extensão de joelho e leg
press em 16%, 27% e 31%, respetivamente.
Outro importante ganho foi na extensão de
joelho em comparação com o leg press do
grupo que realizou treinamento resistido pro-
gressivo mais exercícios de alongamento está-
tico, quando comparado com o grupo que só
realizou treinamento resistido progressivo.
Outros estudos procuraram verificar a
influência dos métodos de alongamento FNP e
estático, de forma simultânea, em testes de
1RM. Gomes, Rubini, Junior, Novaes e Trin-
dade (2005) encontraram diferenças significa-
tivas de ambos os métodos de alongamento
(estático e FNP) quando comparados com o
grupo controle para o teste de 1RM. Franco,
Signorelli, Trajano, e Oliveira (2008) também
encontraram diferenças significativas no
desempenho do teste de 1RM somente para as
condições que usaram o alongamento estático
(por um longo período de sustentação) e FNP
em comparação com os que não alongaram.
Sendo assim, os estudos supracitados apresen-
tam resultados divergentes do efeito do alon-
gamento estático e FNP sobre o desempenho
da força de 1RM.
Sendo assim, o estudo apresenta um caráter
original, além de preencher uma lacuna do
conhecimento poderá ter uma maior aplicabili-
dade prática que deverá esclarecer quais são os
reais efeitos agudos dos diferentes protocolos
Alongamento e treino de força | 75
de alongamento em uma sessão de treino de
força (STF) para membros inferiores.
Portanto, o objetivo do presente estudo foi
verificar o efeito agudo do alongamento está-
tico e FNP sobre o desempenho do número de
repetições máximas em uma sessão de treino
de força para membros inferiores.
MÉTODO
Participantes
Participaram do estudo nove voluntários do
sexo masculino (24.33 ± 3.04 anos; 88.88 ±
11.29 kg; 189.0 ± 9.16 cm e IMC 24.80 ± 1.41
kg/m²), sendo todos fisicamente ativos e des-
treinados em força há pelo menos seis meses.
Antes da coleta de dados, os voluntários assi-
naram um termo de participação consentida,
conforme a resolução 196/96 do Conselho
Nacional de Saúde. Foram excluídos do expe-
rimento indivíduos portadores de qualquer
problema osteomioarticular que pudesse
influenciar na realização dos exercícios propos-
tos. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo
Comitê de Ética da Universidade Federal do
Rio de Janeiro com o protocolo n.º 101/2011.
Instrumentos e Procedimentos
O presente estudo constou de seis visitas
com intervalo entre as mesmas de 48 horas.
Nas três primeiras visitas foram observadas as
seguintes rotinas: familiarização com os proto-
colos de alongamento, aplicação do teste de 12
RM e reteste de 12RM. Da 4ª visita em diante,
os sujeitos foram divididos de forma aleatória e
contrabalançada para realizar os três protoco-
los experimentais, sendo eles: a) alongamento
FNP + STF (FNP); b) alongamento estático
passivo + STF (EP); c) aquecimento especifico
com 20 repetições a 30% da carga de 12RM +
STF (AE). Trinta segundos após a realização
dos protocolos de alongamento e aquecimento
específico, os sujeitos davam início à sessão de
treino de força.
Para a STF para membros inferiores foram
realizadas 3 séries com a carga ajustada para
12RM nos seguintes exercícios: leg press 45º,
cadeira extensora, mesa flexora e flexão plantar
no leg press (PT). Para todos os protocolos, o
intervalo entre os exercícios e as séries foi rea-
lizado de forma passiva com a duração de 90
segundos.
Os materiais utilizados para os testes
foram: leg press 45º (LP), cadeira extensora
(CE) e a mesa flexora (MF) da Technogym@,
Flexímetro (Code Research Institute, Brasil).
Teste de 12 RM
O protocolo do teste de 12 RM constituiu-
se de: a) aquecimento com 12 repetições a 40-
60% da carga máxima percebida para 12 RM;
b) após um minuto de repouso, os indivíduos
realizaram 5 repetições a 60-80% do máximo
percebido para 12 RM (Gomes et al., 2011); c)
após um minuto de repouso deu-se inicio ao
teste de carga, no qual cada individuo realizou
no máximo 3 tentativas para cada exercício
com intervalo de 5 minutos para cada tenta-
tiva; d) quando o avaliado não conseguia mais
realizar o movimento na amplitude demarcada
pelo flexímetro o teste era interrompido, sendo
registada como carga máxima para 12 repeti-
ções aquela obtida na última execução com-
pleta da falha muscular concêntrica.
Após a obtenção da carga para o primeiro
exercício, um intervalo de 10 minutos foi ado-
tado antes de passar para o próximo exercício.
Após 48 horas do primeiro dia, foi aplicado o
reteste para a verificação da reprodutibilidade
da carga máxima (12RM). A ordem de escolha
de execução dos exercícios no teste foi feita de
forma aleatória, sendo mantida a mesma
ordem durante todo o procedimento experi-
mental.
Visando reduzir a margem de erro no teste
de 12 RM adotaram-se as seguintes estratégias:
a) familiarização antes do teste, deixando o
avaliado ciente da rotina de coleta de dados; b)
instruções sobre as técnicas de execução dos
exercícios; c) o avaliador estava atento quanto
à posição adotado pelo praticante; d) utilização
de estímulos verbais; e, e) os pesos foram pre-
viamente aferidos em balança de precisão.
Foi considerada como carga de 12RM a
maior carga estabelecida em ambos os dias do
76 | M.A. Sá, T.M. Gomes, C.M. Bentes, G. Costa e Silva, G. Rodrigues Neto, J.S. Novaes
teste com diferenças menores que 5%.
Havendo diferença maior, os sujeitos compare-
ciam novamente no local para a realização de
novo teste, para que o cálculo da diferença
fosse refeito. A carga foi considerada válida
para 12RM quando o indivíduo, utilizando a
própria força, sem colaboração externa, conse-
guia realizar a última repetição de forma com-
pleta. Assim, como na realização dos exercícios
de forma geral, na coleta de dados utilizou-se
um limitador de amplitude do movimento para
determinar as posições iniciais e finais de cada
exercício.
Protocolos de Alongamento
Para cada método de alongamento (FNP e
estático passivo) foram realizadas 3 séries para
cada grupamento muscular, sendo eles: flexo-
res e extensores do joelho, adutores do quadril
e flexores plantares. O tempo de intervalo
entre as séries foi de 30 segundos.
Para o alongamento FNP conduziu-se o
membro até um ponto de leve desconforto
sendo indicado pelo voluntário. A partir deste
ponto o mesmo realizava uma contração iso-
métrica por 6 segundos sustentada pelo avalia-
dor. Em seguida, uma nova amplitude era
alcançada até gerar um novo ponto de descon-
forto sendo mantida por mais 24 segundos
(ACSM, 2011). Para o alongamento estático
passivo o movimento foi conduzido até uma
posição de leve desconforto e sustentado por
30 segundos (ACSM, 2011). É importante
observar que ambos os métodos de alonga-
mento tiveram o mesmo volume de treino.
Análise Estatística
Inicialmente foi realizado o teste de norma-
lidade e homocedasticidade Shapiro-Wilk (Bar-
tlett criterion). Todas as variáveis apresentaram
distribuição e homocedasticidade normais.
Para testar a reprodutibilidade das cargas entre
o teste e o reteste de 12RM, foi realizado o
coeficiente de correlação intraclasse (LG, ICC
= .99; CE, ICC = .98; MF, ICC = 1.00; PT,
ICC = .99) e para analisar o limite de concor-
dância entre o teste e reteste foram utilizados
os procedimentos propostos por Bland e
Altman (1986). Para comparar o efeito dos
diferentes protocolos experimentais sobre o
desempenho do somatório do número de RM
das 3 séries de cada exercício e do somatório
total do número de RM das três séries dos 4
exercícios que compuseram a STF, utilizou-se
uma ANOVA (one way) para medidas repetidas.
Em caso de F significativo foi realizado um post
hoc de Tukey HSD. Os procedimentos esta-
tísticos foram realizados a partir do programa
SPSS 19.0 (SPSS Inc., EUA) sendo adotado um
nível crítico de significância de p < .05.
RESULTADOS
A plotagem proposta por Bland e Altman
(1986) apresenta a verificação dos limites de
concordância entre as medidas obtidas nas
sessões nas quais se configurou estatistica-
mente o processo de estabilização das cargas.
Em algumas situações, a análise de correlação
intraclasse isoladamente não torna o procedi-
mento mais adequado, pois podem existir altas
correlações mesmo com diferenças significati-
vas sendo identificadas. Neste sentido, a plota-
gem torna o tratamento mais robusto e confiá-
vel. São apresentadas diferenças individuais
(eixo Y) no teste de 12 RM em função das
médias entre as três séries (eixo X) para os
exercícios LG, CE, MF e PT, respetivamente
(Figura 1).
Para a média do somatório do número de
RM das 3 séries de cada exercício, os resulta-
dos mostraram diferenças significativas (p <
.05) entre os métodos para os seguintes exercí-
cios: LP,CE e MF. Sendo assim, no exercício LP
a diferença se deu entre os métodos EP vs. AE
(p = .003) e FNP vs. AE (p = .001). No exercí-
cio CE a diferença se deu entre os métodos EP
vs. AE (p = .048) e FNP vs. AE (p = .030). No
exercício MF a diferença se deu entre os méto-
dos EP vs. AE (p = .006) e FNP vs. AE (p =
.003). Para o PT nenhuma diferença foi verifi-
cada, conforme pode se observar na Figura 2.
Para a média do somatório total do número
de RM das 3 séries dos 4 exercícios que com-
puseram a STF foram observadas diferenças
Alongamento e treino de força | 77
Figura 1. Plotagem de Bland e Altman para comparações do exercício LP, CE,MF
e PT dos testes de 12RM (n = 9); Nota: CE e MF há um ponto sobreposto
significativas (p < .05) entre as seguintes com-
parações: EP vs. AE (p = .001) e entre FNP vs.
AE (p = .001), conforme se pode observar na
Figura 3.
DISCUSSÃO
O objetivo do presente estudo foi verificar o
efeito agudo dos alongamentos estático e FNP
sobre o desempenho do número de repetições
máximas em uma STF para membros inferio-
res. Os resultados encontrados mostraram uma
diminuição do número de RM para todos os
exercícios quando comparados os protocolos
de alongamento EP e FNP com o AE. Porém,
estatisticamente tais diferenças só foram evi-
denciadas para os exercícios LP, CE e MF. Para
o somatório do número de RM das três séries
dos 4 exercícios para membros inferiores da
sessão de treino de força, o número de RM
total apresentou uma diminuição significativa
para ambos os protocolos de alongamento (EP
e FNP) quando comparados ao AE.
Após uma revisão sobre a literatura perti-
nente, observou-se a falta de estudos que ava-
liassem os efeitos destes métodos de alonga-
mento (estático passivo e FNP) em uma
mesma sessão de treino de força. Desta forma,
o fato de não haver investigações sobre esta
Figura 2. Média do somatório do número de repeti-
ções máximas das três séries de cada exercícios;
* p< .05 entre EP vs AE; # p<.05 entre FNP vs AE
Figura 3. Número de repetições máximas dos quatro
exercícios; * p< .05 entre EP vs AE; # p< .05 entre
FNP vs AE
78 | M.A. Sá, T.M. Gomes, C.M. Bentes, G. Costa e Silva, G. Rodrigues Neto, J.S. Novaes
lacuna do conhecimento, utilizou-se como
referência para discutir tais resultados, tendo-
se analisado estudos que verificaram a influên-
cia de diferentes métodos de alongamento em
testes de força. Sendo assim, Bacurau et al.
(2009) observaram os efeitos do alongamento
estático sobre o teste de força máxima (1 RM)
no exercício leg press. Após tal observação, os
autores concluíram que os níveis de força
foram reduzidos em 13.4% após a aplicação do
protocolo de alongamento estático. Estes resul-
tados corroboram com o presente estudo, onde
reduções de 18.82% também foram encontra-
das após a aplicação do protocolo de alonga-
mento estático. Ambos os estudos utilizaram
do mesmo protocolo de alongamento, ou seja,
três séries de 30 segundos com 30 segundos de
intervalo, variando somente na quantidade de
exercícios de alongamento utilizados. Tais
diferenças percentuais podem também estar
relacionadas aos diferentes protocolos de teste
de força utilizados. Enquanto Bacurau et al.
(2009) realizaram o teste de 1RM, o presente
estudo utilizou 3 séries de 12 RM. Com isso, a
realização de um maior volume de repetições
para o mesmo exercício em esforço máximo
poderia submeter às estruturas viscoelásticas
da unidade músculo-tendão a uma sobrecarga
gerando alterações mecânicas. A função do
tendão é transmitir força do músculo ao osso,
desta forma, tendões mais rígidos são adequa-
dos para transmitir a força exercida pelas fibras
do músculo ao osso de forma mais eficaz
(Kubo, Yata, Kanehisa, & Fukunaga, 2006).
Com isso, submetendo as estruturas viscoelás-
ticas a uma grande tensão, alterações na rigidez
da estrutura do tendão aconteceriam gerando
uma alteração na força transmitida. As fibras
colágenas que compõem o tendão possuem um
caráter ondulatório, gerando uma pequena
força capaz de promover uma deformação
considerável fazendo com que tais padrões
ondulatórios passem a ser retilíneo. Após esta
fase, a relação da curva stress vs. strain se torna
mais proporcional. O músculo produz força
com base nas propriedades comprimento-
tensão e força-velocidade causando deforma-
ções no tendão. Como a estrutura músculo-
tendinosa se comporta de forma elástica,
quando a mesma deixa de sofrer tensão ela
tende a voltar ao seu estado normal que não é
idêntico ao seu estado inicial. As diferenças
iniciais e finais existentes nas características da
curva (stress vs. strain) são devido à dissipação
de energia na forma de calor pelo tendão.
Sendo assim, inicialmente as estruturas vis-
coelásticas podem ter sofrido alterações mecâ-
nicas por ação da STF proporcionando uma
queda no desempenho traduzido num menor
número de repetições máximas (Lieber, 2010).
Gomes et al. (2011) verificaram o efeito dos
alongamentos estático e FNP sobre o número
de repetições máximas para as intensidades de
40, 60 e 80% de 1RM no exercício cadeira
extensora. Em concordância com o presente
estudo, os autores encontraram resultados
semelhantes para o alongamento FNP, ou seja,
o número de repetições máximas diminuiu
significativamente. O mesmo foi observado
para o alongamento estático onde da mesma
forma para ambos os estudos o número de
repetições máximas apresentou-se menor.
Porém, no estudo dos autores supracitados
quanto maior a intensidade da carga, maior era
a diferença entre o alongamento estático e o
alongamento FNP e maior era a diferença entre
o alongamento estático e o grupo controle
(mesmo tendo o número de repetições máxi-
mas sempre diminuindo). Desta forma, Gomes
et al. (2011) observaram diferenças significati-
vas entre o grupo FNP e grupo controle para a
intensidade de 40% e diferenças para o grupo
FNP e estático e FNP e grupo controle nas
intensidades de 60% e 80%. No presente
estudo, para o exercício mesa flexora diferen-
ças significativas foram encontradas entre o
alongamento estático e aquecimento específico
e entre o alongamento FNP e aquecimento
específico. Portanto, observa-se que o número
de repetições máximas em comparação com os
outros exercícios apresenta-se menor para
todos os métodos de alongamento. O presente
resultado pode ter sido encontrado devido a
um desgaste já sofrido no primeiro e segundo
Alongamento e treino de força | 79
exercício (leg press e cadeira extensora) nos
quais os músculos isquiotibiais e quadríceps
são acionados para a realização do movimento.
Como neste exercício os isquiotibiais também
são acionados, o mesmo pode ter sido sobre-
carregado.
A hipótese de uma fadiga muscular neste
caso ganha mais suporte devido ao fato de que
no estudo de Fowles, Sale e MacDougall
(2000) após uma hora os níveis de força eram
recuperados em quase 91%. Segundo Fowles et
al. (2000), a diminuição da ativação neural
seria uma das causas para a queda do desem-
penho. Esta diminuição poderia estar relacio-
nada com o reflexo dos órgãos tendinosos de
Golgi (OTG), feedback nociceptor de dor e ou
fadiga. Localizado na junção miotendinosa e
responsável por deteta elevada força combi-
nada com o alongamento muscular, o OTG
causa o que chamamos de reflexo de inibição
autogénica. Assim, o feedback realizado pelo
OTG inibe a ativação agonista para uma menor
produção de força reduzindo a tensão no mús-
culo. Porém, a descarga do OTG dura somente
no processo de alongamento fazendo com que
os efeitos inibitórios ocorram momentanea-
mente (Fowles et al., 2000). O feedback noci-
ceptor de dor poderia também reduzir a uni-
dade central (Fowles et al., 2000), porém em
todos os protocolos de alongamento o
momento de interrupção da amplitude de
movimento foi indicado pelo avaliado, não
havendo qualquer perceção de dor durante o
alongamento. De forma contrária, como o gas-
trocnémio foi pouco utilizado nos exercícios
anteriores, o mesmo não sofreu com a fadiga
muscular e a fadiga neural poder ter desapare-
cido, uma vez que, como já dito acima,
segundo Fowles et al. (2000) os efeitos a nível
neural do alongamento com o passar do tempo
tende a diminuir e com isso tais efeitos negati-
vos não se tornam tão presentes.
Para o número de RM das três séries dos 4
exercícios, os métodos de alongamento estático
passivo e FNP apresentaram diferenças signifi-
cativas em comparação com aquecimento espe-
cífico de 17.10% e 20.95%, respetivamente,
mostrando ambos serem prejudiciais ao
desempenho antes de uma sessão de treina-
mento. Simão et al. (2003) verificaram os efei-
tos do aquecimento específico e do alonga-
mento FNP sobre o teste de 1RM no exercício
supino horizontal. Os autores não verificaram
qualquer diferença significativa entre os dois
métodos de aquecimento e tal resultado pode
estar relacionado ao curto tempo de alonga-
mento realizado pelo método FNP, uma vez
que, Fowles et al. (2000) mostraram que
quanto maior o tempo de alongamento, maior
e mais duradouro são os efeitos negativos
sobre os níveis de força. Em outro estudo foi
avaliado se a realização do alongamento está-
tico por 10 semanas poderia interferir no
desempenho do teste de 1RM (Kokkonen et
al., 2007). Os autores verificaram que, para a
flexão e extensão de joelho, os testes de 1RM
tiveram melhora de 15.3% e 32.4% respetiva-
mente. De forma diferente, Beedle et al. (2008)
não encontraram diferenças significativas em
comparação com o grupo que não alongou. Os
autores afirmaram que a intensidade moderada
do alongamento utilizada poder ter contribuído
para que o alongamento não gerasse efeito
negativo sobre o desempenho. Contrariamente,
Gomes et al. (2005) verificaram que tanto para
o alongamento estático como para o alonga-
mento FNP, os índices de força eram menores
quando comprados com o grupo controle. Da
mesma forma, Franco et al. (2008) observaram
que para os grupos que realizaram o alonga-
mento FNP e uma série do alongamento está-
tico sustentados por 40 segundos os níveis de
força também se apresentavam menores para o
teste de 1RM.
A repercussão destes resultados podem
auxiliar os profissionais da área da saúde, tanto
aqueles que prescrevem treinamento para as
atividades físico-desportivas quanto aqueles
que trabalham com a reabilitação, no sentido
de alertar sobre os efeitos dos exercícios de
alongamento realizados antes das séries de
exercícios de força. Ainda mais, quando as
atividades físico-desportivas dependerem dire-
tamente do desempenho da força.
80 | M.A. Sá, T.M. Gomes, C.M. Bentes, G. Costa e Silva, G. Rodrigues Neto, J.S. Novaes
As principais limitações do presente estudo
estão relacionadas com a não monitorização da
qualidade de sono, alimentação, estado de
humor e a temperatura ambiental dos proce-
dimentos experimentais.
CONCLUSÕES
Desta forma, conclui-se que os métodos de
alongamento estático e FNP não devem ser
recomendados antes da STF, uma vez que, de
acordo com os resultados apresentados estes
métodos prejudicam o desempenho subse-
quente da força.
Recomendam-se outros estudos agudos e
crónicos que verifiquem a influência de dife-
rentes tipos de alongamento em um STF para
membros superiores, em diferentes populações
e diferentes níveis de treinamento.
Agradecimentos:
Nada a declarar.
Conflito de Interesses:
Nada a declarar.
Financiamento:
Nada a declarar.
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  • 1. Motricidade © Fundação Técnica e Científica do Desporto 2013, vol. 9, n. 4, pp. 73-81 doi: 10.6063/motricidade.9(4).1198 Efeito agudo do alongamento estático e facilitação neuromuscular propriocetiva sobre o desempenho do número de repetições máximas em uma sessão de treino de força Acute effect of static and proprioceptive neuromuscular facilitation stretching methods in the maximum number of repetitions in a single strength training session performance M.A. Sá, T.M. Gomes, C.M. Bentes, G. Costa e Silva, G. Rodrigues Neto, J.S. Novaes ARTIGO ORIGINAL | ORIGINAL ARTICLE RESUMO O objetivo do presente estudo foi verificar o efeito agudo do alongamento estático e facilitação neuromuscular propriocetiva (FNP) no desempenho do número de repetições máximas (RM) numa sessão de treino de força (STF). Seis visitas foram realizadas. Nas três primeiras adotou-se uma familiarização com os protocolos de alongamento e teste e reteste de 12RM. Os voluntários foram divididos aleatoriamente nas seguintes condições experimentais: a) protocolo de alongamento estático + STF; b) protocolo de alongamento FNP + STF; c) protocolo de aquecimento específico com 20 repetições a 30% da carga de 12RM + STF. Realizaram-se 3 séries de 12RM para cada exercício: leg press (LP), cadeira extensora (CE), mesa flexora (MF) e panturrilha (PT). Para o somatório do número de RM das 3 séries de cada exercício, diferenças significativas (p < .05) foram encontradas entre os métodos nos exercícios LP, CE e MF. Para o somatório do número de RM das três séries dos quatro exercícios encontraram-se diferenças significativas (p < .05) para EP vs. AE e FNP vs. AE. Ambos os métodos de alongamento diminuíram o desempenho, reduzindo os níveis de força. Desta forma, os alongamentos FNP e estático não devem ser recomendados antes de uma sessão de treino de força. Palavras-chave: exercícios de alongamento muscular, força muscular, membros inferiores ABSTRACT This study aimed to investigate the acute effect of static stretching (SS) and proprioceptive neuromuscular facilitation (PNF) in the performance of repetition maximum (RM) during a training session of force (TSF) for upper and lower limbs. Six sessions were conducted during the experiment period. At the first three sessions, a stretching protocol familiarization was adopted followed by 12 maximal repetitions test and retest. From the fourth session on, the following experimental protocols were applied: a) Static stretching + TSF; b) PNF stretching + TSF; c) specific warm-up with 20 repetitions (30% of 12 RM load) + TSF. The sessions included three sets of 12 RM for each exercise (leg press 45º, leg extension, leg curl and plantar flexion). It was observed significant differences (p< .05) between the stretching methods to the sum of (RM) of the three sets in leg press 45º, leg extension and leg curl. It was observed significant difference (p< .05) in the SRM on the three of four exercises at the EP vs. SS and PNF vs. SS situations. Both stretching methods decrease the subsequent strength performance, reducing its levels. Therefore, PNF and SS methods should not be recommended before a TSF. Keywords: muscle stretching exercises, muscle strength, lower extremity Submetido: 25.10.2012 | Aceite: 04.02.2013 Marcos André Sá, Thiago Matassoli Gomes, Cláudio Melibeu Bentes, Gabriel Costa e Silva, Gabriel Rodrigues Neto, Jefferson Silva Novaes. Departamento de Educação Física, Laboratório de Treinamento de Força, Universidade Federal do Rio de Janeiro - RJ, Brasil. Endereço para correspondência: Jefferson S. Novaes, Escola de Educação Física e Desportos, Univ. Federal do Rio de Janeiro, Av. Carlos Chagas Filho, 540, Cidade Universitária, CEP: 21941-599 Rio de Janeiro, RJ - Brasil E-mail: jsnovaes@terra.com.br
  • 2. 74 | M.A. Sá, T.M. Gomes, C.M. Bentes, G. Costa e Silva, G. Rodrigues Neto, J.S. Novaes Os exercícios de alongamento são normal- mente realizados como parte integrante da rotina de aquecimento com o objetivo de man- ter ou melhorar a flexibilidade, prevenir lesões, retardar dores musculares e se realizado de forma crónica promover melhoras sobre o desempenho físico (Higgs & Winter, 2009). Para Pereira, Brust e Barreto (2007), vários métodos de alongamento são utilizados clini- camente e no desporto, possuindo como prin- cipal característica a promoção e manutenção dos níveis de flexibilidade. Corroborando com essas informações, o American College of Sports Medicine (ACSM, 2011) preconizou no seu mais recente posicionamento que valências físicas como aptidão neuromotora, capacidade aeróbia, resistência muscular localizada, força e flexibilidade devem fazer parte de um pro- grama de treinamento supervisionado com o intuito de promover saúde e aumentar o desempenho nas práticas desportivas. Diversos pesquisadores têm procurado investigar a influência dos diferentes métodos de alongamento sobre o desempenho da força (Gomes et al., 2011; Kay & Blazevich, 2012). O alongamento por facilitação neuromuscular propriocetiva (FNP) quando realizado em membros superiores ou inferiores apresenta indícios de promover diminuições no desem- penho em testes de força quando realizado por indivíduos considerados iniciantes ou avança- dos (Gomes et al., 2011). Entretanto, Simão, Giacomini, Dornelles, Marramom e Viveiros (2003) não observaram nenhuma alteração sobre os níveis de força após a aplicação do alongamento FNP sobre o teste de 1RM. Kokkonen, Nelson, Eldredge e Winchester (2007) verificaram o desempenho dos mem- bros inferiores após a aplicação do alonga- mento estático. A força, flexibilidade e potên- cia foram avaliadas antes e após a aplicação do alongamento estático. Desta forma, o grupo que alongou teve melhoras significativas na força de 1RM para flexão e extensão de joelho. Porém, o grupo que não alongou não apresen- tou qualquer melhoria na produção de força. Beedle, Rytter, Healy, e Ward (2008) não encontraram qualquer redução na força após a aplicação do alongamento estático. Contraria- mente, Bacurau et al. (2009) observaram uma redução da força após a aplicação do mesmo método de alongamento. Kokkonen, Nelson, Tarawhiti, Buckingham, e Winchester (2010) analisaram os índices de força após a realização de um treinamento resistido progressivo com- binado com alongamento estático. O grupo que realizou somente o treinamento resistido pro- gressivo teve a força de 1RM na flexão de joe- lho, extensão de joelho e leg press melhorada em 12%, 14% e 9%, respetivamente. Por outro lado, o grupo que fez treinamento resistido progressivo combinado com exercícios de alongamento estático melhorou a força de 1RM na flexão de joelho, extensão de joelho e leg press em 16%, 27% e 31%, respetivamente. Outro importante ganho foi na extensão de joelho em comparação com o leg press do grupo que realizou treinamento resistido pro- gressivo mais exercícios de alongamento está- tico, quando comparado com o grupo que só realizou treinamento resistido progressivo. Outros estudos procuraram verificar a influência dos métodos de alongamento FNP e estático, de forma simultânea, em testes de 1RM. Gomes, Rubini, Junior, Novaes e Trin- dade (2005) encontraram diferenças significa- tivas de ambos os métodos de alongamento (estático e FNP) quando comparados com o grupo controle para o teste de 1RM. Franco, Signorelli, Trajano, e Oliveira (2008) também encontraram diferenças significativas no desempenho do teste de 1RM somente para as condições que usaram o alongamento estático (por um longo período de sustentação) e FNP em comparação com os que não alongaram. Sendo assim, os estudos supracitados apresen- tam resultados divergentes do efeito do alon- gamento estático e FNP sobre o desempenho da força de 1RM. Sendo assim, o estudo apresenta um caráter original, além de preencher uma lacuna do conhecimento poderá ter uma maior aplicabili- dade prática que deverá esclarecer quais são os reais efeitos agudos dos diferentes protocolos
  • 3. Alongamento e treino de força | 75 de alongamento em uma sessão de treino de força (STF) para membros inferiores. Portanto, o objetivo do presente estudo foi verificar o efeito agudo do alongamento está- tico e FNP sobre o desempenho do número de repetições máximas em uma sessão de treino de força para membros inferiores. MÉTODO Participantes Participaram do estudo nove voluntários do sexo masculino (24.33 ± 3.04 anos; 88.88 ± 11.29 kg; 189.0 ± 9.16 cm e IMC 24.80 ± 1.41 kg/m²), sendo todos fisicamente ativos e des- treinados em força há pelo menos seis meses. Antes da coleta de dados, os voluntários assi- naram um termo de participação consentida, conforme a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Foram excluídos do expe- rimento indivíduos portadores de qualquer problema osteomioarticular que pudesse influenciar na realização dos exercícios propos- tos. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal do Rio de Janeiro com o protocolo n.º 101/2011. Instrumentos e Procedimentos O presente estudo constou de seis visitas com intervalo entre as mesmas de 48 horas. Nas três primeiras visitas foram observadas as seguintes rotinas: familiarização com os proto- colos de alongamento, aplicação do teste de 12 RM e reteste de 12RM. Da 4ª visita em diante, os sujeitos foram divididos de forma aleatória e contrabalançada para realizar os três protoco- los experimentais, sendo eles: a) alongamento FNP + STF (FNP); b) alongamento estático passivo + STF (EP); c) aquecimento especifico com 20 repetições a 30% da carga de 12RM + STF (AE). Trinta segundos após a realização dos protocolos de alongamento e aquecimento específico, os sujeitos davam início à sessão de treino de força. Para a STF para membros inferiores foram realizadas 3 séries com a carga ajustada para 12RM nos seguintes exercícios: leg press 45º, cadeira extensora, mesa flexora e flexão plantar no leg press (PT). Para todos os protocolos, o intervalo entre os exercícios e as séries foi rea- lizado de forma passiva com a duração de 90 segundos. Os materiais utilizados para os testes foram: leg press 45º (LP), cadeira extensora (CE) e a mesa flexora (MF) da Technogym@, Flexímetro (Code Research Institute, Brasil). Teste de 12 RM O protocolo do teste de 12 RM constituiu- se de: a) aquecimento com 12 repetições a 40- 60% da carga máxima percebida para 12 RM; b) após um minuto de repouso, os indivíduos realizaram 5 repetições a 60-80% do máximo percebido para 12 RM (Gomes et al., 2011); c) após um minuto de repouso deu-se inicio ao teste de carga, no qual cada individuo realizou no máximo 3 tentativas para cada exercício com intervalo de 5 minutos para cada tenta- tiva; d) quando o avaliado não conseguia mais realizar o movimento na amplitude demarcada pelo flexímetro o teste era interrompido, sendo registada como carga máxima para 12 repeti- ções aquela obtida na última execução com- pleta da falha muscular concêntrica. Após a obtenção da carga para o primeiro exercício, um intervalo de 10 minutos foi ado- tado antes de passar para o próximo exercício. Após 48 horas do primeiro dia, foi aplicado o reteste para a verificação da reprodutibilidade da carga máxima (12RM). A ordem de escolha de execução dos exercícios no teste foi feita de forma aleatória, sendo mantida a mesma ordem durante todo o procedimento experi- mental. Visando reduzir a margem de erro no teste de 12 RM adotaram-se as seguintes estratégias: a) familiarização antes do teste, deixando o avaliado ciente da rotina de coleta de dados; b) instruções sobre as técnicas de execução dos exercícios; c) o avaliador estava atento quanto à posição adotado pelo praticante; d) utilização de estímulos verbais; e, e) os pesos foram pre- viamente aferidos em balança de precisão. Foi considerada como carga de 12RM a maior carga estabelecida em ambos os dias do
  • 4. 76 | M.A. Sá, T.M. Gomes, C.M. Bentes, G. Costa e Silva, G. Rodrigues Neto, J.S. Novaes teste com diferenças menores que 5%. Havendo diferença maior, os sujeitos compare- ciam novamente no local para a realização de novo teste, para que o cálculo da diferença fosse refeito. A carga foi considerada válida para 12RM quando o indivíduo, utilizando a própria força, sem colaboração externa, conse- guia realizar a última repetição de forma com- pleta. Assim, como na realização dos exercícios de forma geral, na coleta de dados utilizou-se um limitador de amplitude do movimento para determinar as posições iniciais e finais de cada exercício. Protocolos de Alongamento Para cada método de alongamento (FNP e estático passivo) foram realizadas 3 séries para cada grupamento muscular, sendo eles: flexo- res e extensores do joelho, adutores do quadril e flexores plantares. O tempo de intervalo entre as séries foi de 30 segundos. Para o alongamento FNP conduziu-se o membro até um ponto de leve desconforto sendo indicado pelo voluntário. A partir deste ponto o mesmo realizava uma contração iso- métrica por 6 segundos sustentada pelo avalia- dor. Em seguida, uma nova amplitude era alcançada até gerar um novo ponto de descon- forto sendo mantida por mais 24 segundos (ACSM, 2011). Para o alongamento estático passivo o movimento foi conduzido até uma posição de leve desconforto e sustentado por 30 segundos (ACSM, 2011). É importante observar que ambos os métodos de alonga- mento tiveram o mesmo volume de treino. Análise Estatística Inicialmente foi realizado o teste de norma- lidade e homocedasticidade Shapiro-Wilk (Bar- tlett criterion). Todas as variáveis apresentaram distribuição e homocedasticidade normais. Para testar a reprodutibilidade das cargas entre o teste e o reteste de 12RM, foi realizado o coeficiente de correlação intraclasse (LG, ICC = .99; CE, ICC = .98; MF, ICC = 1.00; PT, ICC = .99) e para analisar o limite de concor- dância entre o teste e reteste foram utilizados os procedimentos propostos por Bland e Altman (1986). Para comparar o efeito dos diferentes protocolos experimentais sobre o desempenho do somatório do número de RM das 3 séries de cada exercício e do somatório total do número de RM das três séries dos 4 exercícios que compuseram a STF, utilizou-se uma ANOVA (one way) para medidas repetidas. Em caso de F significativo foi realizado um post hoc de Tukey HSD. Os procedimentos esta- tísticos foram realizados a partir do programa SPSS 19.0 (SPSS Inc., EUA) sendo adotado um nível crítico de significância de p < .05. RESULTADOS A plotagem proposta por Bland e Altman (1986) apresenta a verificação dos limites de concordância entre as medidas obtidas nas sessões nas quais se configurou estatistica- mente o processo de estabilização das cargas. Em algumas situações, a análise de correlação intraclasse isoladamente não torna o procedi- mento mais adequado, pois podem existir altas correlações mesmo com diferenças significati- vas sendo identificadas. Neste sentido, a plota- gem torna o tratamento mais robusto e confiá- vel. São apresentadas diferenças individuais (eixo Y) no teste de 12 RM em função das médias entre as três séries (eixo X) para os exercícios LG, CE, MF e PT, respetivamente (Figura 1). Para a média do somatório do número de RM das 3 séries de cada exercício, os resulta- dos mostraram diferenças significativas (p < .05) entre os métodos para os seguintes exercí- cios: LP,CE e MF. Sendo assim, no exercício LP a diferença se deu entre os métodos EP vs. AE (p = .003) e FNP vs. AE (p = .001). No exercí- cio CE a diferença se deu entre os métodos EP vs. AE (p = .048) e FNP vs. AE (p = .030). No exercício MF a diferença se deu entre os méto- dos EP vs. AE (p = .006) e FNP vs. AE (p = .003). Para o PT nenhuma diferença foi verifi- cada, conforme pode se observar na Figura 2. Para a média do somatório total do número de RM das 3 séries dos 4 exercícios que com- puseram a STF foram observadas diferenças
  • 5. Alongamento e treino de força | 77 Figura 1. Plotagem de Bland e Altman para comparações do exercício LP, CE,MF e PT dos testes de 12RM (n = 9); Nota: CE e MF há um ponto sobreposto significativas (p < .05) entre as seguintes com- parações: EP vs. AE (p = .001) e entre FNP vs. AE (p = .001), conforme se pode observar na Figura 3. DISCUSSÃO O objetivo do presente estudo foi verificar o efeito agudo dos alongamentos estático e FNP sobre o desempenho do número de repetições máximas em uma STF para membros inferio- res. Os resultados encontrados mostraram uma diminuição do número de RM para todos os exercícios quando comparados os protocolos de alongamento EP e FNP com o AE. Porém, estatisticamente tais diferenças só foram evi- denciadas para os exercícios LP, CE e MF. Para o somatório do número de RM das três séries dos 4 exercícios para membros inferiores da sessão de treino de força, o número de RM total apresentou uma diminuição significativa para ambos os protocolos de alongamento (EP e FNP) quando comparados ao AE. Após uma revisão sobre a literatura perti- nente, observou-se a falta de estudos que ava- liassem os efeitos destes métodos de alonga- mento (estático passivo e FNP) em uma mesma sessão de treino de força. Desta forma, o fato de não haver investigações sobre esta Figura 2. Média do somatório do número de repeti- ções máximas das três séries de cada exercícios; * p< .05 entre EP vs AE; # p<.05 entre FNP vs AE Figura 3. Número de repetições máximas dos quatro exercícios; * p< .05 entre EP vs AE; # p< .05 entre FNP vs AE
  • 6. 78 | M.A. Sá, T.M. Gomes, C.M. Bentes, G. Costa e Silva, G. Rodrigues Neto, J.S. Novaes lacuna do conhecimento, utilizou-se como referência para discutir tais resultados, tendo- se analisado estudos que verificaram a influên- cia de diferentes métodos de alongamento em testes de força. Sendo assim, Bacurau et al. (2009) observaram os efeitos do alongamento estático sobre o teste de força máxima (1 RM) no exercício leg press. Após tal observação, os autores concluíram que os níveis de força foram reduzidos em 13.4% após a aplicação do protocolo de alongamento estático. Estes resul- tados corroboram com o presente estudo, onde reduções de 18.82% também foram encontra- das após a aplicação do protocolo de alonga- mento estático. Ambos os estudos utilizaram do mesmo protocolo de alongamento, ou seja, três séries de 30 segundos com 30 segundos de intervalo, variando somente na quantidade de exercícios de alongamento utilizados. Tais diferenças percentuais podem também estar relacionadas aos diferentes protocolos de teste de força utilizados. Enquanto Bacurau et al. (2009) realizaram o teste de 1RM, o presente estudo utilizou 3 séries de 12 RM. Com isso, a realização de um maior volume de repetições para o mesmo exercício em esforço máximo poderia submeter às estruturas viscoelásticas da unidade músculo-tendão a uma sobrecarga gerando alterações mecânicas. A função do tendão é transmitir força do músculo ao osso, desta forma, tendões mais rígidos são adequa- dos para transmitir a força exercida pelas fibras do músculo ao osso de forma mais eficaz (Kubo, Yata, Kanehisa, & Fukunaga, 2006). Com isso, submetendo as estruturas viscoelás- ticas a uma grande tensão, alterações na rigidez da estrutura do tendão aconteceriam gerando uma alteração na força transmitida. As fibras colágenas que compõem o tendão possuem um caráter ondulatório, gerando uma pequena força capaz de promover uma deformação considerável fazendo com que tais padrões ondulatórios passem a ser retilíneo. Após esta fase, a relação da curva stress vs. strain se torna mais proporcional. O músculo produz força com base nas propriedades comprimento- tensão e força-velocidade causando deforma- ções no tendão. Como a estrutura músculo- tendinosa se comporta de forma elástica, quando a mesma deixa de sofrer tensão ela tende a voltar ao seu estado normal que não é idêntico ao seu estado inicial. As diferenças iniciais e finais existentes nas características da curva (stress vs. strain) são devido à dissipação de energia na forma de calor pelo tendão. Sendo assim, inicialmente as estruturas vis- coelásticas podem ter sofrido alterações mecâ- nicas por ação da STF proporcionando uma queda no desempenho traduzido num menor número de repetições máximas (Lieber, 2010). Gomes et al. (2011) verificaram o efeito dos alongamentos estático e FNP sobre o número de repetições máximas para as intensidades de 40, 60 e 80% de 1RM no exercício cadeira extensora. Em concordância com o presente estudo, os autores encontraram resultados semelhantes para o alongamento FNP, ou seja, o número de repetições máximas diminuiu significativamente. O mesmo foi observado para o alongamento estático onde da mesma forma para ambos os estudos o número de repetições máximas apresentou-se menor. Porém, no estudo dos autores supracitados quanto maior a intensidade da carga, maior era a diferença entre o alongamento estático e o alongamento FNP e maior era a diferença entre o alongamento estático e o grupo controle (mesmo tendo o número de repetições máxi- mas sempre diminuindo). Desta forma, Gomes et al. (2011) observaram diferenças significati- vas entre o grupo FNP e grupo controle para a intensidade de 40% e diferenças para o grupo FNP e estático e FNP e grupo controle nas intensidades de 60% e 80%. No presente estudo, para o exercício mesa flexora diferen- ças significativas foram encontradas entre o alongamento estático e aquecimento específico e entre o alongamento FNP e aquecimento específico. Portanto, observa-se que o número de repetições máximas em comparação com os outros exercícios apresenta-se menor para todos os métodos de alongamento. O presente resultado pode ter sido encontrado devido a um desgaste já sofrido no primeiro e segundo
  • 7. Alongamento e treino de força | 79 exercício (leg press e cadeira extensora) nos quais os músculos isquiotibiais e quadríceps são acionados para a realização do movimento. Como neste exercício os isquiotibiais também são acionados, o mesmo pode ter sido sobre- carregado. A hipótese de uma fadiga muscular neste caso ganha mais suporte devido ao fato de que no estudo de Fowles, Sale e MacDougall (2000) após uma hora os níveis de força eram recuperados em quase 91%. Segundo Fowles et al. (2000), a diminuição da ativação neural seria uma das causas para a queda do desem- penho. Esta diminuição poderia estar relacio- nada com o reflexo dos órgãos tendinosos de Golgi (OTG), feedback nociceptor de dor e ou fadiga. Localizado na junção miotendinosa e responsável por deteta elevada força combi- nada com o alongamento muscular, o OTG causa o que chamamos de reflexo de inibição autogénica. Assim, o feedback realizado pelo OTG inibe a ativação agonista para uma menor produção de força reduzindo a tensão no mús- culo. Porém, a descarga do OTG dura somente no processo de alongamento fazendo com que os efeitos inibitórios ocorram momentanea- mente (Fowles et al., 2000). O feedback noci- ceptor de dor poderia também reduzir a uni- dade central (Fowles et al., 2000), porém em todos os protocolos de alongamento o momento de interrupção da amplitude de movimento foi indicado pelo avaliado, não havendo qualquer perceção de dor durante o alongamento. De forma contrária, como o gas- trocnémio foi pouco utilizado nos exercícios anteriores, o mesmo não sofreu com a fadiga muscular e a fadiga neural poder ter desapare- cido, uma vez que, como já dito acima, segundo Fowles et al. (2000) os efeitos a nível neural do alongamento com o passar do tempo tende a diminuir e com isso tais efeitos negati- vos não se tornam tão presentes. Para o número de RM das três séries dos 4 exercícios, os métodos de alongamento estático passivo e FNP apresentaram diferenças signifi- cativas em comparação com aquecimento espe- cífico de 17.10% e 20.95%, respetivamente, mostrando ambos serem prejudiciais ao desempenho antes de uma sessão de treina- mento. Simão et al. (2003) verificaram os efei- tos do aquecimento específico e do alonga- mento FNP sobre o teste de 1RM no exercício supino horizontal. Os autores não verificaram qualquer diferença significativa entre os dois métodos de aquecimento e tal resultado pode estar relacionado ao curto tempo de alonga- mento realizado pelo método FNP, uma vez que, Fowles et al. (2000) mostraram que quanto maior o tempo de alongamento, maior e mais duradouro são os efeitos negativos sobre os níveis de força. Em outro estudo foi avaliado se a realização do alongamento está- tico por 10 semanas poderia interferir no desempenho do teste de 1RM (Kokkonen et al., 2007). Os autores verificaram que, para a flexão e extensão de joelho, os testes de 1RM tiveram melhora de 15.3% e 32.4% respetiva- mente. De forma diferente, Beedle et al. (2008) não encontraram diferenças significativas em comparação com o grupo que não alongou. Os autores afirmaram que a intensidade moderada do alongamento utilizada poder ter contribuído para que o alongamento não gerasse efeito negativo sobre o desempenho. Contrariamente, Gomes et al. (2005) verificaram que tanto para o alongamento estático como para o alonga- mento FNP, os índices de força eram menores quando comprados com o grupo controle. Da mesma forma, Franco et al. (2008) observaram que para os grupos que realizaram o alonga- mento FNP e uma série do alongamento está- tico sustentados por 40 segundos os níveis de força também se apresentavam menores para o teste de 1RM. A repercussão destes resultados podem auxiliar os profissionais da área da saúde, tanto aqueles que prescrevem treinamento para as atividades físico-desportivas quanto aqueles que trabalham com a reabilitação, no sentido de alertar sobre os efeitos dos exercícios de alongamento realizados antes das séries de exercícios de força. Ainda mais, quando as atividades físico-desportivas dependerem dire- tamente do desempenho da força.
  • 8. 80 | M.A. Sá, T.M. Gomes, C.M. Bentes, G. Costa e Silva, G. Rodrigues Neto, J.S. Novaes As principais limitações do presente estudo estão relacionadas com a não monitorização da qualidade de sono, alimentação, estado de humor e a temperatura ambiental dos proce- dimentos experimentais. CONCLUSÕES Desta forma, conclui-se que os métodos de alongamento estático e FNP não devem ser recomendados antes da STF, uma vez que, de acordo com os resultados apresentados estes métodos prejudicam o desempenho subse- quente da força. Recomendam-se outros estudos agudos e crónicos que verifiquem a influência de dife- rentes tipos de alongamento em um STF para membros superiores, em diferentes populações e diferentes níveis de treinamento. Agradecimentos: Nada a declarar. Conflito de Interesses: Nada a declarar. Financiamento: Nada a declarar. REFERÊNCIAS ACSM (2011). American College of Sports Medicine position stand. Quantity and quality of exercise for developing and maintaining cardiorespira- tory, musculoskeletal, and neuromotor fitness in apparently healthy adults: Guidance for pre- scribing exercise. Medicine and Science in Sports and Exercise, 43(7), 1334-1359. doi: 10.1249/ MSS.0b013e318213fefb Bacurau, R. F. P., Monteiro, G. A., Ugrinowitsch, C., Tricoli, V., Cabral, L. F., & Aoki, M. S. (2009). Acute effect of a ballistic and a static stretching exercise bout on flexibility and maximal strength. The Journal of Strength & Conditioning Research, 23(1), 304-308. doi: 10.1519/JSC.0b 013e3181874d55 Beedle, B., Rytter, S., Healy, R., & Ward, T. (2008). Pretesting static and dynamic stretching does not affect maximal strength. The Journal of Strength & Conditioning Research, 22(6), 1838- 1843. doi: 10.1519/JSC.0b013e3181821bc9 Bland, J. M., & Altman, D. J. (1986). Regression Analysis. Lancet, 1(8486), 908-909. Fowles, J. R., Sale, D. G., & MacDougall, J. D. (2000). Reduced strength after passive stretch of the human plantarflexors. Journal of Applied Physiology, 89(3), 1179-1188. Franco, B. L., Signorelli, G. R., Trajano, G. S., & De Oliveira, C. G. (2008). Acute effects of different stretching exercises on muscular endurance. The Journal of Strength & Conditioning Research, 22(6), 1832-1837. doi: 10.1519/JSC.0b013e318 18218e1 Gomes, T. M., Rubini, E. C., Junior, H., Novaes, J. S., & Trindade, A. (2005). Efeito agudo dos alongamentos estático e FNP sobre o desem- penho da força dinâmica máxima. Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício 4(1), 13. Gomes, T. M., Simão, R., Marques, M. C., Costa, P. B., & Novaes, J. S. (2011). Acute effects of two different stretching methods on local muscular endurance performance. The Journal of Strength & Conditioning Research, 25(3), 745-752. doi: 10.1519/JSC.0b013e3181cc236a Higgs, F., & Winter, S. L. (2009). The effect of a four-week proprioceptive neuromuscular facili- tation stretching program on isokinetic torque production. The Journal of Strength & Conditioning Research, 23(5), 1442-1447. doi: 10.1519/JSC. 0b013e3181a392c4 Kay, A. D., & Blazevich, A. J. (2012) Effect of acute static stretch on maximal muscle performance: a systematic review. Medicine and Science in Sports and Exercise, 44(1), 154-164. doi: 10.1519/mss. 06.13e318225cb27 Kokkonen, J., Nelson, A., Eldredge, C., & Winches- ter, J. B. (2007). Chronic static stretching improves exercise performance. Medicine and Science in Sports and Exercise, 39(10), 1825-1831. doi: 10.1249/mss.0b013e3181238a2b Kokkonen, J., Nelson, A., Tarawhiti, T., Buckin- gham, P., & Winchester, J. B. (2010). Early- phase resistance training strength gains in novice lifters are enhanced by doing static stretching. The Journal of Strength & Conditioning Research, 24(2), 502-506. doi: 10.1519/JSC.0b 013e3181c06ca0
  • 9. Alongamento e treino de força | 81 Kubo, K., Yata, H., Kanehisa, H., & Fukunaga, T. (2006). Effects of isometric squat training on the tendon stiffness and jump performance. European Journal of Applied Physiology, 96(3), 305- 314. doi: 10.1007/s00421-005-0087-3 Lieber, R. (2010). The Physiological Basis of Rehabi- litation: Skeletal Muscle Structure, Function, & Plasticity (3ª ed.). Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins. Pereira, R., Brust, A., & Barreto, J. G. (2007). Efeito do alongamento pós exercício na concentração sérica de creatina kinase (CK) de homens e mulheres. Motricidade, 3(2), 87-93. doi: 10.60 63/motricidade.3(2).679 Simão, R., Giacomini, M., Dornelles, T., Marramom, M. G., & Viveiros, L. E. (2003). Influência do aquecimento específico e da flexibilidade no teste de 1RM. Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício, 1(2), 134-140. Todo o conteúdo da revista Motricidade está licenciado sob a Creative Commons, exceto quando especificado em contrário e nos conteúdos retirados de outras fontes bibliográficas.