SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 13
Descargar para leer sin conexión
ANÁLISE DA PERCEPÇÃO DA INDÚSTRIA ELETRO-ELETRÔNICA
ACERCA DA AVALIAÇÃO DOS PROCESSOS DE MANUFATURA SOB
            O ENFOQUE DA SUSTENTABILIDADE
    Guilherme Petry Breier, Carla Schwengber Ten Caten, Jose Luis Duarte Ribeiro,
                                Carlos Fernando Jung
  UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, gpbreier@producao.ufrgs.br, UFRGS - Universidade
 Federal do Rio Grande do Sul, tencaten@producao.ufrgs.br, UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do
          Sul, ribeiro@producao.ufrgs.br, Faccat - Faculdades Integradas de Taquara, jung@faccat.br

Resumo
O presente trabalho visa conhecer a percepção dos gestores da indústria eletro-eletrônica
quanto à sustentabilidade e qual sua relação na formulação de estratégias da empresa, visando
verificar se a empresa faz uso de práticas sustentáveis, se estas estão claramente definidas nas
estratégias e qual sua importância. O conceito de desenvolvimento sustentável está se
consolidando num processo contínuo de reavaliação da relação existente entre as dimensões
econômica, ambiental e social e as estratégias da organização. Para avaliar esse tópico, foram
realizadas entrevistas individuais com os responsáveis das cadeias produtivas de três empresas
da indústria eletro-eletrônica, questionando sobre o modelo de gestão sustentável, visando
observar o delineamento estratégico destas organizações. Como resultado deste estudo, que
busca relacionar as práticas sustentáveis com a gestão estratégica sustentável da produção, é
possível dizer que as empresas ainda não aplicam diretamente práticas sustentáveis em suas
estratégias de produção. Quanto à percepção dos gestores foi observado interesse crescente,
alguns gaps conceituais e a intenção de suas empresas em agregarem o conceito de
sustentabilidade à sua própria missão empresarial.

Palavras-Chave: Estratégia, Processos produtivos, Sustentabilidade, Indústria Eletro-eletrônica
1 Introdução
No momento do surgimento das organizações, elas foram vistas como organismos que
promoviam ações sociais (ALDAY, 2000), já que ao se instalarem, geravam empregos,
moviam a economia e dinamizavam relações entre outras empresas. No entanto, com o passar
do tempo, tais aspectos passaram a ser vistos como parte das obrigações mínimas de uma
organização e não como manifestações da consciência social por parte da gestão da empresa.
A concepção de que é responsabilidade somente da empresa apoiar o desenvolvimento da
comunidade e preservar o meio ambiente não é mais suficiente para atribuir a uma empresa a
condição de socialmente responsável. É necessário investir no bem estar dos seus funcionários
e num ambiente de trabalho saudável, além de promover comunicações transparentes, dar
retorno aos acionistas, assegurar sinergia com seus parceiros e garantir a satisfação dos seus
clientes e/ou consumidores (MELO NETO e FROES, 1999).
Mudanças profundas, tais como a preocupação com a qualidade de vida dos colaboradores,
clientes, consumidores, a tecnologia ligada ao aperfeiçoamento de produtos e redução de
impactos ambientais, alteraram o foco estratégico das empresas. Para melhorar a sua
competitividade as empresas passaram a desenvolver um modelo de integração de gestão com
práticas que relacione todas as áreas, processos e stakeholders num contexto sustentável
(PORTER, 2006).
Nesses termos, uma empresa socialmente responsável é aquela pautada por uma política
institucional firme, ética, dinâmica e empreendedora. É aquela que, com criatividade, gerencia
e contribui com projetos sociais bem administrados, atuando ao lado de entidades da
sociedade civil e do poder público, na busca de alternativas para a melhoria da qualidade de
vida, gerando maiores receitas e principalmente respeitando o meio ambiente, os quais
constituem os pilares da sustentabilidade (NASCIMENTO et al., 2008).
As questões de sustentabilidade afetam a criação de valor das organizações, configurando
assim a demanda por iniciativas que impulsionem a geração de valor embasado em
sustentabilidade. Isso porque muitas destas questões têm conseqüências indiretas sobre o
bottom line das empresas, seja pela influência sobre marca e reputação organizacional, ou
então pela capacidade de atuar no mercado com maior competitividade sustentável
(NASCIMENTO et al., 2008).
Foi a partir da difusão da mentalidade embasada em sustentabilidade que o conceito de Triple
Bottom Line (TBL) passou a ganhar notoriedade e a chamar mais atenção dos profissionais e
acadêmicos da área da Engenharia de Produção. Essa ideologia empresarial se refere à
prosperidade econômica, qualidade ambiental e progresso social de forma interligada,
formando um amalgamam das três dimensões de evolução organizacional.
Com esse propósito, a presente pesquisa verifica essa temática empiricamente adotando a
metodologia do estudo de caso para entender a experiência de três empresas da indústria
eletro-eletrônica. Dessa forma, os dados foram obtidos por meio de entrevistas individuais
junto aos responsáveis pela produção e qualidade dessas empresas. A iniciativa do estudo
surgiu em aprofundar estudos sobre o tema da sustentabilidade, que é um assunto emergente
em diversas disciplinas de estudo e que, consequentemente, afeta também a realidade
empresarial, principalmente desde o último quarto do século XX. Torna-se essencial
compreender a existência de um contexto em que a estratégia organizacional está ligada à
administração da sustentabilidade (FIGGE et al., 2002).
O presente estudo tem como objetivo analisar a utilização de estratégias e métodos para
melhoria e avaliação dos processos de manufatura da indústria eletro-eletrônica sob o enfoque
da sustentabilidade. Esse objetivo se justifica porque, por um lado, pode-se ter uma percepção
dos agentes de grandes empresas diante do que se tem como estratégia traçada, enquanto, por
outro, o agente de uma pequena e média empresa (MPE) pode ter uma perspectiva diferente.
Pretendeu-se com isso verificar se os valores de sustentabilidade estão intrínsecos na cultura
organizacional, ou seja, institucionalizados em empresas de diferentes portes dentro da cadeia
de produção de eletro-eletrônicos. É importante, também, entender se existe alinhamento
entre os planos estratégicos das empresas e gestores e porque uma possível falta de interação
entre essas duas realidades pode acarretar na falta de comprometimento e falta de
compreensão do papel do empregado na prática das ações sustentáveis capazes de embasar
políticas e estratégias de sustentabilidade para o setor. A questão de pesquisa que orienta este
estudo resume-se, portanto, em verificar empiricamente a percepção dos conceitos e
comportamento sustentáveis.
Para tanto, este artigo esta estruturado em 5 seções. A primeira seção é a introdução, a qual
introduz o problema de pesquisa; a segunda seção aborda as associações e diferenças entre
estratégias e planejamento e define sustentabilidade e estratégia; a terceira seção aborda a
metodologia utilizada para a execução da pesquisa; a quarta seção apresenta os resultados
subdivididos em descrição da pesquisa, análise dos resultados e interpretação da influência
das práticas sustentáveis na percepção dos gestores; e a última seção refere-se às conclusões.


2 Revisão Teórica
Para compreensão dos conceitos necessários para se estipular o campo teórico da presente
pesquisa, duas sub-seções foram desenvolvidas, envolvendo planejamento estratégico e
sustentabilidade.


2.1 Planejamento estratégico e estratégia nas organizações
O planejamento de longo prazo foi uma ferramenta desenvolvida nos Estados Unidos a partir
da década de 50 (ALDAY, 2000), mas foi na metade dos anos 60 que Igor Ansoff introduziu a
metodologia do planejamento estratégico. Kotler (1997) defende a utilização do planejamento
estratégico e conceitua como uma metodologia gerencial que proporciona o estabelecimento
da direção a ser seguida pela organização, além de visar maior interação com o ambiente.
Mintzberg (2004) na análise das várias respostas sobre o que é planejamento, defende os
argumentos levantados por Mariann Jelinek, de que a formalização do planejamento é uma
forma de criar e também operacionalizar a estratégia.
Segundo Oliveira, Terence e Escrivão Filho (2008), o modelo racional do processo de criação
de estratégia está fortemente relacionado com o sistema de planejamento estratégico e
afirmam que mesmo após três décadas continua sendo uma ferramenta amplamente utilizada
pelas empresas. Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2006) inferem que a formulação da
estratégia se trata de um processo formal e afirmam que os planos são desenvolvidos para que
não haja flexibilidade, devendo, assim, estabelecer direções claras, propor estabilidade e
equilíbrio para a organização.
Para Mintzberg (2004), estratégia está embasada em cinco conceitos: como plano, padrão,
pretexto, posição e perspectiva. Estratégia como planos desenvolvidos para o futuro, que
seguem um curso de ações previamente determinadas (pretendidas), como também um curso
de ações não previstas (emergentes), originadas ao longo do tempo. Os planos que conseguem
combinar a mistura destas estratégias refletindo as condições existentes serão mais eficazes
em prever e reagir a eventos inesperados.
Seguindo a abordagem de Mintzberg (2004) a estratégia como plano, também pode ser um
pretexto, uma manobra específica para desconsertar um concorrente, configurando uma
ameaça e não uma estratégia real. Estratégia como posição é a definição de determinados
produtos em determinados mercados, ou seja, nicho de atuação da empresa, e estratégia como
perspectiva é a maneira como a organização faz as coisas.
Segundo Porter (1986 apud QUINN, et al 2006), estratégia competitiva significa ser diferente
criando um conjunto de atividades diferentes para integrar um mix único de valores, ou seja,
ocupar uma posição não explorada. Essas posições surgem de três fontes distintas (custo,
diferenciação e enfoque) que definem que tipo de vantagem a empresa quer alcançar. A
criação e escolha de um posicionamento estratégico dependem da eficácia operacional,
capacidade de ajustes estratégicos e um planejamento de longo prazo, para garantir uma
vantagem competitiva e sustentabilidade empresarial.
A inserção da sustentabilidade dentro das estratégias da organização pode ocorrer de duas
formas, ou seja, a organização pode executar ações que se referem à responsabilidade social e
ambiental de maneira pouco organizada ou planejada, apenas visando à prática da ação, ou
ainda pode formular estratégias sustentáveis e incorporá-las aos objetivos da organização de
forma que afetem o andamento e os resultados da mesma. A organização pode, por exemplo,
lançar uma linha de produtos “verdes”, ou desenvolver um novo segmento que não maltrate o
meio ambiente, criar uma vinculação responsável a sua marca ou ainda alterar valores
internos que fiquem externados ao consumidor. O sucesso de estratégias depende de se fazer
bem várias coisas e da integração entre elas, possibilitando ajustes estratégicos, para que a
organização cria um diferencial competitivo e sustentável.


2.2 Sustentabilidade e estratégia
Nos conceitos sobre a sustentabilidade ainda não há consenso. Diversos autores a relacionam
com as responsabilidades legais, com filantropia, com ética e transparência e meio ambiente
(MINTZBERG, 2004). Alguns a definem como uma forma de gestão que pautada pela relação
ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona em busca
do desenvolvimento sustentável da sociedade, através da preservação de recursos ambientais e
culturais e respeito à diversidade (TACHIZAWA, 2005).
Porém o entendimento de sustentabilidade não se resume somente ao contexto social-
ambiental, pois o objetivo de uma empresa é a obtenção de lucro e o retorno aos seus
acionistas. Dessa forma a utilização de estratégicas com esses conceitos podem proporcionar
vantagens às organizações frente aos seus concorrentes, em forma de diferenciação ou até
mesmo em redução de custos (ALDAY , 2000).
Bowen (1953) foi o primeiro autor a publicar sobre o tema sustentabilidade e estratégia. Ele
afirma que os objetivos da indústria e da sociedade precisam estar alinhados, de forma que as
empresas estejam a serviço da sociedade. Ao contrário do proposto por Bowen, Friedman
(1970) afirma que as empresas apresentam somente a responsabilidade da maximização do
lucro dos proprietários e acionistas.
Ashley (2002) propõe, para a inserção dessas mudanças de valores e cultura, um modelo de
interação de quatro dimensões organizacionais, que são: as relações de produção e
distribuição interna; as relações econômicas, objeto e meio de negócio; as relações político-
sociais; e de tempo e espaço, denominado por ela como Modelo Relacional Multidimensional
para a Responsabilidade Social nos Negócios (RMRSN). Essas dimensões se relacionam de
forma multidimensional, sistêmica e interdependente.
A sustentabilidade tem sido discutida tanto na comunidade empresarial como acadêmica, e
ainda não apresenta um conceito completamente definido. O conceito, desenvolvido por
Elkington (1998), sobre o Triple Bottom Line, se refere às esferas social, ambiental e
econômica. Na esfera ambiental, ressalta-se a utilização dos recursos de forma a não
prejudicar as gerações futuras, reduzindo impactos da ação das indústrias e utilizando de
forma sustentável os recursos naturais. Na perspectiva econômica tem-se a preservação da
lucratividade da organização e o não comprometimento do desenvolvimento econômico da
mesma. Por fim, a esfera social, que inclui a questão da justiça social, onde o objetivo maior é
o desenvolvimento de um mundo mais justo, através das relações com todos os stakeholders
(colaboradores, clientes, fornecedores, governo).
Em face da identificação desses conceitos e constatações, a capacidade de inovação
tecnológica, capacidade produtiva e certificados de qualidade não bastam como diferencial
competitivo, e as empresas começam a enxergar a necessidade de uma participação mais
direta em assuntos que, até então, não faziam parte do interesse dos negócios. Esses desafios
associados à sustentabilidade podem ajudar as empresas a identificar estratégias e práticas que
resultem em maior valor aos acionistas e contribuam, simultaneamente, para um mundo mais
sustentável.


3 Metodologia
O presente estudo pretende analisar a percepção dos gestores da indústria eletro-eletrônica
sobre a sustentabilidade e a influência das práticas sustentáveis na formulação das estratégias
de produção utilizadas em suas empresas. A escolha das empresas foi intencional, baseada em
seus portes e volumes de produção no estado do Rio Grande do Sul. A pesquisa caracteriza-se
como uma investigação de natureza qualitativa, através do método de estudo de caso,
utilizando como instrumento de coleta de dados entrevistas semi-estruturadas com perguntas
abertas, não obedecendo a uma estrutura formal preestabelecida, mas utilizando um roteiro
onde o pesquisador pode tomar por base o comportamento do entrevistado e questionar o
respondente quanto às modificações decorrentes da inserção de práticas sustentáveis nas
estratégias organização. As entrevistas foram realizadas individualmente com os três gestores
dos processos produtivos em cada empresa em datas diferentes.
Para melhor compreensão acerca das informações dispostas pelos entrevistados optou-se por
identificá-los pelas áreas de atuação de cada um em suas respectivas empresas e criar uma
sigla para referenciá-los. Os gestores responsáveis responsáveis pelos sistemas produtivos em
cada empresa responderam o questionário relatando a visão de suas respectivas empresas
quanto aos temas das perguntas. Dessa forma foi atribuida a sigla de CT, coordenador técnico,
GI, gerente industrial, GQ, gerente de qualidade. Para compreender o padrão de mudanças
estratégicas, sejam estas incrementais ou quânticas (MINTZBERG; AHLSTRAND;
LAMPEL, 2006) as perguntas formuladas buscaram identificar aspectos observáveis que
pudessem caracterizar a visão dos gestores da empresa em relação às estratégias e influências
das práticas sustentáveis.
Para Ribeiro (2007) a entrevista semi-estruturada, em geral, é aquela que parte de alguns
questionamentos básicos, aparados em teorias e hipóteses que interessam à pesquisa, e que
fornecem amplo campo de questionamentos, fruto de novas hipóteses que vão surgindo, à
medida que se recebe as respostas do entrevistado. O estudo buscou identificar e explicar os
efeitos da implantação de práticas sustentáveis na formulação das estratégias empresariais e
para tanto, foi utilizado um modelo analítico conceitual para investigar a influência da adoção
de estratégias sustentáveis em empresas regionais que adotam esta política.
Tachizawa (2005) propõe um modelo de gestão ambiental e responsabilidade social que leva
em conta o delineamento estratégico de uma organização, considerando a existência de
estratégias genéricas (do setor) e estratégias específicas (da organização), consequentemente,
estratégias sociais e ambientais. Deste conjunto há a formulação de estratégias próprias de
cada organização. O modelo da Figura 1, desenvolvido por Tachizawa (2005), retrata a
organização inserida no ambiente em que opera e ilustra a influência e a interação das
variáveis ambientais com os seus diferentes stakeholders.
Tachizawa (2005) ainda ressalta a importância dessa interação, pois as organizações, que são
caracterizadas por relações complexas, necessitam de esquemas classificatórios que
expressem essa complexidade. Além disso, existe a necessidade de adaptação do modelo aos
diversos tipos de organização, já que, através do exposto por Tachizawa (2005), cada empresa
precisa determinar suas exigências de estratégia social e ambiental, usando a referida
classificação como uma possibilidade de orientação a sua determinação. Não existindo uma
única forma de gestão sustentável, pois cada decisão é fruto das escolhas dos gestores e suas
interações organização versus ambiente.




                Figura 1: Modelo conceitual de Tachizawa (2005) adotado para a pesquisa

Considerando as decisões socioambientais, que se referem aos projetos sociais e ambientais, e
as decisões estratégicas, que se baseiam nos objetivos organizacionais e estratégias genéricas,
é possível identificar a interação das três dimensões da sustentabilidade; social, ambiental e
econômica, e estratégia, conforme Quadro 1, através da análise do modelo proposto por
Tachizawa (2005) e do conceito do triple bottom line.


4 Estudo Aplicado
Os resultados da pesquisa estão organizados em três seções: a descrição do estudo, a análise
dos resultados e por fim a interpretação dos mesmos.


4.1 Descrição do estudo aplicado
As empresas estudadas são fabricantes de eletro-eletrônicos como dispositivos para centrais
telefônicas, modens e roteadores, e memórias, celulares e outros dispositivos eletro-
eletrônicos e estão situadas na Grande Porto Alegre no estado do Rio Grande do Sul. A
empresa A1 conta com atualmente 30 funcionários caracterizando o porte de pequena
empresa segundo informações levantadas pelo CT. A empresa A2, segundo o GI, conta com
um número de colaboradores em torno de 200 e caracteriza-se como uma empresa de médio
porte. Com relação a empresa A3, dispõem de 300 funcionários, mas conta com mais quatro
filiais no Brasil, totalizando um número próximo de 1500 funcionários em suas plantas de
produção, caracterizando o perfil de grande empresa, conforme informou o GQ.
       Aspectos                                        Descrição
Aspectos ambientais       Impactos do processo produtivo da empresa no meio ambiente,
                          considerando todos os impactos tanto do processo industrial como
                          de divulgação, transporte etc., que possam prejudicar o meio
                          ambiente e a qualidade de vida da sociedade;
                          Programas ambientais ou de proteção ambiental desenvolvidos pela
                          organização e praticados pela mesma interna e externamente, que
                          visam à proteção e/ou redução dos impactos ambientais.
Aspectos sociais          Inserção dos aspectos de preocupação social (bem-estar da
                          sociedade, qualidade de vida do colaborador e incentivo à
                          participação dos colaboradores em projetos sociais e ambientais) e
                          ambiental (proteção do ambiente) na cultura interna da organização,
                          visando à construção de uma consciência sustentável.
Aspectos econômicos       Investimentos em implantações de processos sustentáveis,
                          considerando a aplicação e realocação de recursos e pessoas em
                          projetos sustentáveis e o quanto isso impactou no orçamento
                          organizacional;
                          Economia interna, enfocando nos consumo de insumos, matérias-
                          primas, energia, reaproveitamentos, re-trabalho, entre outros
                          aspectos.
Aspectos Estratégicos     Inserção de práticas sustentáveis no planejamento e estratégias já
                          existentes;
                          Impactos e mudanças surgidas a partir do uso de práticas
                          sustentáveis dentro da organização;
                          Divulgação interna e externa das práticas sustentáveis da
                          organização;
                          Resultados que a organização espera com o uso das práticas
                          sustentáveis e os tipos de resultados que foram obtidos;
                          Imposição e influência externa que levam a organização a focar em
                          uma postura sustentável através da adoção de práticas sustentáveis;
                          Inovações surgidas a partir do uso das práticas sustentáveis.
            Quadro 1: Aspectos avaliados a partir do modelo conceitual de Tachizawa (2005)

A escolha dessas empresas ocorreu em função de analisar a percepção dos gestores da
indústria eletro-eletrônica, bem como o de estabelecer uma análise individual do ponto de
vista de cada gestor em diferentes portes de empresas, podendo assim criar argumentos para
comparar a atuação dos gestores em função do tamanho de suas empresas.
Definida as empresas a serem pesquisadas, de acordo com seus portes, foi aplicado um
questionário que visa buscar a percepção dos gestores citados no item 3 deste artigo,
investigando seus conhecimentos em sustentabilidade, o quanto isso faz parte dos seus
processos e o quanto há interesse sobre o assunto.
A partir das entrevistas realizadas com os gerentes das empresas estudadas, foi possível
identificar a compreensão das práticas sustentáveis, através de suas experiências dentro da
organização. Os resultados destas discussões foram sumarizados nas seguintes categorias de
análise: conceito de sustentabilidade; processo atual e o enquadramento as estratégias de
gestão sustentável; conceito de processos sustentável e seu retorno esperado; dificuldades na
implementação das técnicas sustentáveis aos seus processos; e por fim o grau de interesse em
desenvolver parceiras para a implantação de estratégias sustentáveis em suas cadeias de
produção.


Quanto ao conceito de sustentabilidade:
O conceito de empresa sustentável, na análise das respostas dos gerentes, ficou focado no
parâmetro ambiental. Para o CT, empresa sustentável é uma empresa que se utiliza de
reaproveitamento de materiais, enquanto que para o GI, o conceito de sustentabilidade está
relacionado a uma produção enxuta. Para GQ o conceito está relacionado a um integração de
parâmetros social, ambiental e econômico, conforme Quadro 02.
 Entrevistado                                 Comentário principal
     CT           “[...]     reaproveitamento     da    água,    de   algumas      matérias
                  primas[...],[...]reciclagem de lixo, produção com menos matéria prima,
                  reciclagem de alguns produtos [...]”
      GI          “[...] que com a economia de qualquer recurso o processo seria sustentável
                  [...]”
      GQ          “[...] é uma empresa que pensa no resultado de suas ações, abordando o
                  lado ambiental, o lado econômica, o social, uma empresa sustentável ela
                  age de uma forma que ela terá um futuro um caminho onde ela vai trilhar
                  com sucesso sem prejudicar o ambiente, sem prejudicar a comunidade
                  local [...]”
                          Quadro 2: Síntese sobre o conceito de sustentabilidade

Quanto ao processo atual e o enquadramento das estratégias de gestão sustentável:
Todos os três gestores comentaram que seus processos de manufatura para a confecção de
seus produtos são inteiramente de responsabilidades das empresas no momento, sem o uso de
terceirização. Quanto ao uso de estratégias de gestão sustentável todas as empresas não se
utilizam dessas técnicas em seus processos de fabricação.
 Entrevistado                                Comentário principal
     CT           “[...] não temos a aplicação desses conceitos hoje [...]”
      GI          “[...] na verdade a questão de sustentabilidade não é uma prioridade nas
                  estratégias da empresa no momento [...]”
      GQ          “[...] a empresa é considerada uma empresa limpa, não produz resíduos,
                  todos os resíduos são recicláveis apenas isso hoje podemos afirmar [...]”
        Quadro 3: Síntese sobre o enquadramento das estratégias de gestão sustentável aos processos

Quanto ao interesse em processos sustentável e seu retorno esperado:
Todos os participantes mostram que, independentemente do porte das empresas pesquisadas,
têm interesses em desenvolver estratégias sustentáveis em suas cadeias produtivas conforme
pode ser observado no Quadro 4.
Entrevistado                                  Comentário principal
     CT            “[...] Sim, nosso pensamento está voltado para nossos processos, se
                   tornarem mais sustentáveis [...]”
      GI           “[...] Com certeza teríamos interesse [...]”
      GQ           “[...] Sim e se conseguimos provar que o retorno dessa implementação está
                   próximo é mais fácil [...]”
             Quadro 4: Síntese sobre o interesse em processos sustentável e seu retorno esperado

GI comenta que o principal fator de retorno dessas práticas resulta num diferencial
competitivo quando afirma que “[...] Acredito que resulte num resultado diferencial
competitivo [...]” enquanto que o GQ salienta o benefício social “[...] tu acaba gerando uma
realimentação de cultura para trabalhar nessa empresa [...]”. Afirma também que outro fator
diferencial para a imagem da empresa de se usar estratégias sustentáveis em suas linhas de
produção acaba atraindo novos clientes, mas ressalta o problema do mercado brasileiro em
relação ao internacional comentando “[...] Sendo uma empresa sustentável em seus pilares...
muitas empresas podem ser tornarem nossos clientes , infelizmente alguns clientes no Brasil
não relevam isso, mas clientes internacionais estão mais ligados nessas questões
regulamentares, que sempre resulta numa imagem melhor para a empresa [...]”.
Quanto às dificuldades na implementação das técnicas sustentáveis aos seus processos:
Na visão dos gestores, as dificuldades e problemas para a aplicação de estratégias de
sustentabilidade junto aos seus processos de manufatura basicamente se baseiam no custo
para adequação para tais estratégias e na concientização dos funcionários.
 Entrevistado                                 Comentário principal
     CT            “[...] tem a questão do custo [...], [...]mas o principal seria mesmo a
                   conscientização dos funcionários [...]”.
      GI           “[...] o problema seria criar uma alocação de recursos para isso. Essa
                   seria a primeira dificuldade para isso[...],[...]e quanto aos funcionários
                   implicaria em altera a rotina atual o que é sempre um problema [...]”.
      GQ           “[...] Acho que seriam muito de direcionamento de diretrizes [...]”.
    Quadro 5: Síntese sobre as dificuldades na implementação das técnicas sustentáveis aos seus processos

Quanto ao grau de interesse:
Quando abordados o grau de interesse em realizar tais parcerias, todos os gestores
manifestaram interesse em criar algum tipo de parceria com universidades para
desenvolverem tais conceitos, conforme pode ser observado nas falas expressas no Quadro 6.
 Entrevistado                                  Comentário principal
     CT            “[...]Sim, sem dúvida, tudo o que pode nos agregar estamos dispostos a
                   criar a parceria[...]”.
      GI           “[...]Sim, Acredito que sim [...],[...]acreditarmos que isso vai trazer um
                   diferencial competitivo, vamos analisar e vamos estudar como implementar
                   [...]”.
      GQ           “[...]Sim, nós não somos uma empresa fechada. Se há algo melhor, vamos
                   fazer, vamos trazer, se é o caminho[...],[...] se é o que as empresas grandes
                   estão fazendo, vamos por ele também [...]”.
                                 Quadro 6: Síntese sobre o grau de interesse
4.2 Análise dos resultados
Os entrevistados demonstraram, através de suas falas, a preocupação das organizações em
apresentar ações e resultados do uso de práticas sustentáveis perante a comunidade. Para eles,
as organizações inserirão tais práticas em seus planos de desenvolvimento, como uma das
formas de estar em contato e promovendo a melhoria para sociedade.
Uma das principais contribuições desta pesquisa é a identificação de variáveis que poderão ser
exploradas em futuros trabalhos sobre o tema. Dessa forma, o Quadro 7, apresenta um resumo
dos principais pontos observado pelos gestores entrevistados, sobre as ações de
sustentabilidade adotadas pelas organizações.
           Percepção                                        Aspectos observados
 Motivação para adoção das           necessidade de criar imagem positiva
 práticas sustentáveis em            atender às questões legais
 suas cadeias de produção
                                     campanhas institucionais do tema
                                     economia de recursos
 Aplicações das ações de             certificação ISO 14001
 sustentabilidade nas                desenvolver os programas sociais
 decisões organizacionais
                                     programa de reciclagem
                                     controle de energia
                                     redução de consumo de matérias-primas
 Principais ganhos com a             desenvolver e sustentar marcas de valor
 utilização de práticas              maior interação com a comunidade
 sustentáveis                        imagem positiva da empresa
                                     objetivo continua sendo ganho de mercado e lucratividade
                                     produzir causando menor impacto ambiental
                                     inserção do Programa Social na comunidade
                                     mudanças de hábitos e comportamentos.
             Quadro 7: Principais aspectos influenciadores da sustentabilidade da organização

Os entrevistados demonstraram, através de suas falas, a preocupação das organizações em
apresentar ações e resultados do uso de práticas sustentáveis perante a comunidade. Para eles,
as organizações inserirão tais práticas em seus planos de desenvolvimento, como uma das
formas de estar em contato e promovendo a melhoria para sociedade.
A percepção de que as práticas sustentáveis podem reduzir os impactos ambientais trazendo
economia de recursos é outro fator importante percebido. Sobre as atividades sociais internas,
focadas para os funcionários, foi possível verificar que há o entendimento, por parte dos
gestores, de que os funcionários percebem esse esforço organizacional.
A principal motivação dessas organizações em desenvolverem programas sustentáveis é o
fortalecimento da marca junto aos clientes, pois percebem a necessidade da organização estar
mais próxima da comunidade e agir pró-ativamente frente aos acontecimentos e projetos
locais, em busca do desenvolvimento contínuo. Outro motivador é a construção de uma
imagem positiva, pois o mercado tem valorizado as organizações voltadas para a preservação
do ambiente e sociedade.
A preocupação ambiental surge, a princípio, como uma imposição legal, por parte do governo
e da sociedade. Algumas das organizações já passaram a desenvolver programas, algumas
vinculadas a clientes e outros desenvolvidos dentro da organização com a ideia de disseminar
uma cultura sustentável, mas percebe-se uma preocupação muito em ações socioambientais
pontuais do que de inserção dentro da cultura organizacional ou inserção estratégica.
Com o cumprimento das normas e imposições legais e com a emergente demanda por
empresas ecologicamente corretas, as organizações têm buscado apoiar alguns programas e
desenvolvem algumas ações internas para reduzir os impactos provocados por seus produtos
na natureza e na sociedade.
Sabe-se que os retornos dos investimentos em sustentabilidade são de longo prazo, em sua
maioria, como mudança de hábitos, economia de recursos, tempo, dinheiro, preocupação com
uma realidade sustentável, que garanta a sobrevivência das futuras gerações. Muito pode ser
mensurado, apesar disso, nota-se ainda nessa questão uma despreocupação das organizações
pelo fato de se tratar de uma questão dissociada dos planos estratégicos e sim por se tratar de
uma questão necessária.
As empresas investigadas começam a desenvolver uma cultura própria no que diz respeito à
sustentabilidade, baseadas em sua própria forma de gestão, objetivos e compreensão do tema.
As culturas das organizações pesquisadas estão passando por transformações no sentido da
inclusão de valores e ideias novas, inclusive, no que tange a participação dos colaboradores na
elaboração dos planos.
A questão sustentável está sendo desenvolvida dentro das organizações a partir da visão de
seus gestores. Conforme citado, o conceito de indústria sustentável é bastante amplo e
envolvem os pilares da sustentabilidade e desenvolvimento. Pela emergência do tema e pela
diversidade de compreensão do mesmo pode-se dizer que a cultura das organizações está em
formação no que se refere ao mesmo.
As mudanças em relação à inserção da sustentabilidade na cultura da organização são
graduais e muito delas se devem às transformações da sociedade e do mercado.


4.3 Interpretação dos resultados
A análise qualitativa das questões levantadas possibilitou perceber as diferenças na percepção
dos gestores, quando se trata de definir sustentabilidade e como esta é percebida na prática
desta organização.
Os gestores entrevistados compreendem a importância e a necessidade da sustentabilidade
para a organização e a encaram como inevitável dentro da cultura organizacional. Porém, as
diferenças aparecem no entendimento do que vem a ser práticas sustentáveis para a
organização. A questão sustentabilidade aborda aspectos nos âmbitos social, econômico e
ambiental e cada gestor percebe com mais intensidade um, no máximo dois, dentre os três
aspectos, o que interfere na forma como enxergam as ações da empresa.
As organizações desenvolvem alguns projetos na área ambiental e social. Os projetos sociais
estão em fase de desenvolvimento e amadurecimento, mas não é possível verificar um
alinhamento e interação com toda a organização e as demais dimensões da sustentabilidade
(econômica e ambiental). Dentro dos projetos ambientais a maior parte dos gestores percebe
que existe um retorno financeiro, embora não significativo e, portanto, não há interesse em
mensurar adequadamente seu retorno.
Os projetos, além de cumprirem as obrigações legais, visam proporcionar desenvolvimento da
comunidade como um todo, porém estes projetos são desenvolvidos paralelamente às
estratégias e planejamento estratégico da empresa. As culturas das empresas pregam que o
objetivo maior da empresa é a sobrevivência, ganho de mercado e lucratividade, que é visto
como ser sustentável, colocando o aspecto ambiental e social em segundo plano. Alguns
gestores percebem que isto é apenas obrigação da empresa e que sustentabilidade inclui a
manutenção dos recursos naturais e desenvolvimento de ações que possam impulsionar e
possibilitar melhor qualidade de vida à comunidade onde a empresa está inserida. Mesmo
com esse paradoxo sobre as ações sustentáveis das organizações, é possível verificar que as
mesmas têm procurado desenvolver e compreender o que é ser sustentável.
Como resultado deste estudo, que busca relacionar as percepções das práticas sustentáveis e a
gestão estratégica da organização, é possível dizer que as organizações não relacionam os dois
aspectos, ou seja, as ações sociais não visam trazer uma melhoria de desempenho nos
negócios. O que ficou evidente, é que as ações sociais visam resultados relacionados à sua
imagem como propulsora de atividades sociais perante a comunidade.
As organizações têm grande interesse em desenvolverem questões sustentáveis dentro de sua
cultura, mas sabe-se que é uma inserção gradual, que exige mudança comportamental e de
consciência dos colaboradores. No momento, a visão compartilhada pelos gestores, é da
importância do tema diante do mercado, da sociedade e do planeta. No entanto, sua prática é
basicamente centrada nos quesitos legais e atuação mais expressiva em ações sociais externas,
com pouca relação estratégica ou visando mensuração de resultados e retornos para o negócio
da organização.


5 Considerações finais
A percepção da degradação ambiental é uma atividade deliberada, na qual alguns fenômenos
são registrados, enquanto outros são relegados, o que pode acontecer em função dos interesses
envolvidos; do quanto os efeitos afetam diretamente à pessoa; das expectativas da
comunidade, entre outros fatores. Além disso, para que a percepção se transforme em ação, é
necessário que haja convergência entre os conceitos de sustentabilidade e as atitudes
sustentáveis. Isso significa dizer que não devem ocorrer conflitos entre o que se acredita, o
que se sente e a predisposição para agir em relação a determinado objeto da percepção. Sendo
assim, os gaps conceituais verificados neste estudo podem indicar um desalinhamento entre
tais componentes, originando o distanciamento entre o que o empresário considera importante
e o que, efetivamente, consegue transformar em ação na cadeia da indústria eletro-eletrônica
no momento.
A análise acerca da utilização de estratégias e métodos para melhoria e avaliação dos
processos de manufatura da indústria eletro-eletrônica sob o enfoque da sustentabilidade
revelou que a relação entre as práticas sustentáveis com a produção na organização, não são
aplicam diretamente. Quanto à percepção dos gestores, foi observado um grau de percepção
com alguns gaps conceituais e uma intenção de suas empresas em agregarem o conceito de
sustentabilidade à sua própria missão empresarial.
Em virtude disso, considera-se importante, em etapas futuras, ampliar o estudo, aplicando o
mesmo questionário em um maior número de empresas, bem como replicando a metodologia
empregada a membros da Governança com o objetivo de conhecer até que ponto os
problemas aqui levantados são devido à falta de recursos financeiros ou de conscientização
sobre a sustentabilidade.
Referências

ALDAY, Hernan E. O planejamento estratégico dentro do conceito de administração estratégica. Revista FAE,
Curitiba, vol.3, n.2, maio/agosto, 2000, p. 9 – 16.
ANSOFF, Igor H. Administração estratégica. São Paulo: Atlas, 1983.
ASHLEY, Patrícia A. Ética e responsabilidade social nos negócios. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
BOWEN, Howard. R. Social responsibilities of the businessman. New York: Harper & Row, 1953.
BROWN, Tom J.; DACIN, Peter A. The company and the product: corporate associations and consumer product
responses. Journal of Marketing, v. 61, p. 68 – 84, 1997.
CARRIGAN, Marylyn; ATTALLA, Ahmad. The myth of the ethical consumer - do ethics matter in purchase
behavior? Journal of Consumer Marketing, v.18 n. 7, p.560-577, 2001.
ELKINGTON, John. Cannibals with Forks: the triple bottom line of 21st century business. Canada: NSP,
1998.
FRIEDMAN, Milton. The social responsibility of business is to increase its profits. New York Times
Magazine, vol. 17, n. 6, 1970, p. 595 – 612.
LINS, Luis dos S.; MAGRINI, Alessandra; SILVA, Raimundo N. S. Integração entre a gestão ambiental e o
planejamento estratégico no segmento de petróleo e gás. Anais. XXXI Encontro da Enanpad, Rio de Janeiro,
setembro 2007.
MELO NETO, Francisco Paulo de; FROES, César. Responsabilidade social & cidadania empresarial:
administração do terceiro setor. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1999.
MINAYO, Maria C.S.; SANCHES, Odécio. Quantitativo-qualitativo: oposição ou complementaridade?
Cadernos de saúde pública, Rio de Janeiro, vol. 9, n. 3, jul./set., 1993, p. 239 – 262. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/csp/v9n3/02.pdf>. Acesso: 18/05/2011.
MINTZBERG, Henry; AHLSTRAND, Bruce; LAMPEL, Joseph, Safári de estratégia: um roteiro pela selva
do planejamento estratégico. Porto Alegre: Bookman, 2006.
MINTZBERG, Henry. Ascenção e queda do planejamento estratégico. Porto Alegre: Bookman, 2004.
MOSTARDEIRO, Márcio M., FERREIRA, Gabriela C. Análise do processo de formação de estratégias de
responsabilidade Social, Anais. III Encontro da Enanpad, Rio de Janeiro, setembro 2005.
NASCIMENTO, Luis F.; LEMOS, Ângela D.; MELLO, Maria Celina A. Gestão socioambiental estratégica.
Porto Alegre: Bookman, 2008.
OLIVEIRA, Jair de; TERENCE, Ana Cláudia Fernandes; ESCRIVÃO FILHO, Edmundo. Planejamento
estratégico e operacional na pequena empresa: impactos da formalização no desempenho e diferenças setoriais.
Anais. XXXI Encontro da Enanpad, Rio de Janeiro, setembro 2008.
PORTER, Michael; KRAMER, Mark. Strategy & society: the link between competitive advantage and corporate
social responsibility. Harvard Business Review, December, 2006.
OLIVEIRA, José Arimatés de. Responsabilidade social em pequenas e médias empresas. Revista de
Administração de Empresas, Rio de Janeiro, v.24, n. 4, p. 203-210, out./dez. 1984.
QUINN, James Brian; GHOSHAL, Sumantra; MINTZENBERG, Henry; LAMPEL, Joseph. O processo da
estratégia: conceitos, contextos e casos selecionados. Porto Alegre: Bookman, 4ª Ed, 2006.
RIBEIRO, J. L. D. e MILAN, G. S. (2007) Entrevistas individuais: teoria e aplicações. Apostila de curso. Porto
Alegre: FENG/UFRGS, 2007.
RIBEIRO, J. L. D. e NODARI, C. T. (2009) Tratamento de dados qualitativos: técnicas e aplicações. Apostila
de curso. Porto Alegre: FENG/UFRGS, 2009.
SACHS, Ignacy. Ecodesenvolvimento: crescer sem destruir. São Paulo: Vértice, 1986.
SROUR, R. H. Poder, cultura e ética nas organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1998.
TACHIZAWA, Takeshy. Gestão ambiental e responsabilidade social corporativa: estratégias de negócio
focadas na realidade brasileira. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 2005.
YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.

Más contenido relacionado

La actualidad más candente

Estado da gestão para sustentabilidade nas empresas brasileiras - 2014
 Estado da gestão para sustentabilidade nas empresas brasileiras - 2014 Estado da gestão para sustentabilidade nas empresas brasileiras - 2014
Estado da gestão para sustentabilidade nas empresas brasileiras - 2014Fundação Dom Cabral - FDC
 
Relatório Acadêmico - Estado da Gestão para a Sustentabilidade no Brasil - 2014
Relatório Acadêmico - Estado da Gestão para a Sustentabilidade no Brasil - 2014Relatório Acadêmico - Estado da Gestão para a Sustentabilidade no Brasil - 2014
Relatório Acadêmico - Estado da Gestão para a Sustentabilidade no Brasil - 2014Lucas Amaral Lauriano
 
Sustentabilidade e governança corporativa
Sustentabilidade e governança corporativaSustentabilidade e governança corporativa
Sustentabilidade e governança corporativaNathan Felipe
 
Rumo à integração da sustentabilidade no sistema de gestão empresarial
Rumo à integração da sustentabilidade no sistema de gestão empresarialRumo à integração da sustentabilidade no sistema de gestão empresarial
Rumo à integração da sustentabilidade no sistema de gestão empresarialFundação Dom Cabral - FDC
 
Gestão Ambiental: As ações voltadas para o meio ambiente em uma Indústria de ...
Gestão Ambiental: As ações voltadas para o meio ambiente em uma Indústria de ...Gestão Ambiental: As ações voltadas para o meio ambiente em uma Indústria de ...
Gestão Ambiental: As ações voltadas para o meio ambiente em uma Indústria de ...Gustavo Quitto
 
Paula Martins - Indicadores Ethos para Negócios Sustentáveis e Responsaveis
Paula Martins - Indicadores Ethos para Negócios Sustentáveis e ResponsaveisPaula Martins - Indicadores Ethos para Negócios Sustentáveis e Responsaveis
Paula Martins - Indicadores Ethos para Negócios Sustentáveis e ResponsaveisISetor
 
Indicadores ethos sebrae-2012_port
Indicadores ethos sebrae-2012_portIndicadores ethos sebrae-2012_port
Indicadores ethos sebrae-2012_portjpmr1999
 
Tendências da Gestão para a Sustentabilidade na Construção
Tendências da Gestão para a Sustentabilidade na ConstruçãoTendências da Gestão para a Sustentabilidade na Construção
Tendências da Gestão para a Sustentabilidade na ConstruçãoFundação Dom Cabral - FDC
 
Indicadores ethos de responsabilidade empresarial
Indicadores ethos de responsabilidade empresarialIndicadores ethos de responsabilidade empresarial
Indicadores ethos de responsabilidade empresarialAlessandra Chacon
 
Ética e responsabilidade social nas organizações (Trabalho de Conclusão de Cu...
Ética e responsabilidade social nas organizações (Trabalho de Conclusão de Cu...Ética e responsabilidade social nas organizações (Trabalho de Conclusão de Cu...
Ética e responsabilidade social nas organizações (Trabalho de Conclusão de Cu...Leandro Giovede Costa
 
Lucas amaral apresentacao sustentar
Lucas amaral   apresentacao sustentarLucas amaral   apresentacao sustentar
Lucas amaral apresentacao sustentarforumsustentar
 

La actualidad más candente (19)

Estado da gestão para sustentabilidade nas empresas brasileiras - 2014
 Estado da gestão para sustentabilidade nas empresas brasileiras - 2014 Estado da gestão para sustentabilidade nas empresas brasileiras - 2014
Estado da gestão para sustentabilidade nas empresas brasileiras - 2014
 
Relatório Acadêmico - Estado da Gestão para a Sustentabilidade no Brasil - 2014
Relatório Acadêmico - Estado da Gestão para a Sustentabilidade no Brasil - 2014Relatório Acadêmico - Estado da Gestão para a Sustentabilidade no Brasil - 2014
Relatório Acadêmico - Estado da Gestão para a Sustentabilidade no Brasil - 2014
 
Branco et al_2010 (1)
Branco et al_2010 (1)Branco et al_2010 (1)
Branco et al_2010 (1)
 
Sustentabilidade e governança corporativa
Sustentabilidade e governança corporativaSustentabilidade e governança corporativa
Sustentabilidade e governança corporativa
 
Luciana madureira
Luciana madureiraLuciana madureira
Luciana madureira
 
Rumo à integração da sustentabilidade no sistema de gestão empresarial
Rumo à integração da sustentabilidade no sistema de gestão empresarialRumo à integração da sustentabilidade no sistema de gestão empresarial
Rumo à integração da sustentabilidade no sistema de gestão empresarial
 
Modelo
ModeloModelo
Modelo
 
Fernanda guedes
Fernanda guedesFernanda guedes
Fernanda guedes
 
Rumo ao capitalismo sustentável
Rumo ao capitalismo sustentávelRumo ao capitalismo sustentável
Rumo ao capitalismo sustentável
 
Silvio
SilvioSilvio
Silvio
 
Gestão Ambiental: As ações voltadas para o meio ambiente em uma Indústria de ...
Gestão Ambiental: As ações voltadas para o meio ambiente em uma Indústria de ...Gestão Ambiental: As ações voltadas para o meio ambiente em uma Indústria de ...
Gestão Ambiental: As ações voltadas para o meio ambiente em uma Indústria de ...
 
Paula Martins - Indicadores Ethos para Negócios Sustentáveis e Responsaveis
Paula Martins - Indicadores Ethos para Negócios Sustentáveis e ResponsaveisPaula Martins - Indicadores Ethos para Negócios Sustentáveis e Responsaveis
Paula Martins - Indicadores Ethos para Negócios Sustentáveis e Responsaveis
 
Indicadores ethos sebrae-2012_port
Indicadores ethos sebrae-2012_portIndicadores ethos sebrae-2012_port
Indicadores ethos sebrae-2012_port
 
Tutoria.pdr
Tutoria.pdrTutoria.pdr
Tutoria.pdr
 
Tendências da Gestão para a Sustentabilidade na Construção
Tendências da Gestão para a Sustentabilidade na ConstruçãoTendências da Gestão para a Sustentabilidade na Construção
Tendências da Gestão para a Sustentabilidade na Construção
 
Indicadores ethos de responsabilidade empresarial
Indicadores ethos de responsabilidade empresarialIndicadores ethos de responsabilidade empresarial
Indicadores ethos de responsabilidade empresarial
 
122 (3)
122 (3)122 (3)
122 (3)
 
Ética e responsabilidade social nas organizações (Trabalho de Conclusão de Cu...
Ética e responsabilidade social nas organizações (Trabalho de Conclusão de Cu...Ética e responsabilidade social nas organizações (Trabalho de Conclusão de Cu...
Ética e responsabilidade social nas organizações (Trabalho de Conclusão de Cu...
 
Lucas amaral apresentacao sustentar
Lucas amaral   apresentacao sustentarLucas amaral   apresentacao sustentar
Lucas amaral apresentacao sustentar
 

Destacado

Segon trimestre d’informàtica
Segon trimestre d’informàticaSegon trimestre d’informàtica
Segon trimestre d’informàticaPau Cornudella
 
Primera clase de convergencia
Primera clase de convergenciaPrimera clase de convergencia
Primera clase de convergenciaEduardo Arriagada
 
Bakuman Capitulo 163 Mangá em Português
Bakuman Capitulo 163 Mangá em PortuguêsBakuman Capitulo 163 Mangá em Português
Bakuman Capitulo 163 Mangá em PortuguêsRuy Dantas
 
(Forslideshare)understanding informal expressions, slangs lessons 1 11 (ko 4...
(Forslideshare)understanding informal expressions, slangs  lessons 1 11 (ko 4...(Forslideshare)understanding informal expressions, slangs  lessons 1 11 (ko 4...
(Forslideshare)understanding informal expressions, slangs lessons 1 11 (ko 4...Sangbok Kim
 
Consecuencias do cambio climático no medio terrestre.
Consecuencias do cambio climático no medio terrestre.Consecuencias do cambio climático no medio terrestre.
Consecuencias do cambio climático no medio terrestre.cienciasdjm
 

Destacado (8)

Md b p07(exp)
Md b p07(exp)Md b p07(exp)
Md b p07(exp)
 
Segon trimestre d’informàtica
Segon trimestre d’informàticaSegon trimestre d’informàtica
Segon trimestre d’informàtica
 
Primera clase de convergencia
Primera clase de convergenciaPrimera clase de convergencia
Primera clase de convergencia
 
54261508
5426150854261508
54261508
 
Bakuman Capitulo 163 Mangá em Português
Bakuman Capitulo 163 Mangá em PortuguêsBakuman Capitulo 163 Mangá em Português
Bakuman Capitulo 163 Mangá em Português
 
El rococó
El rococóEl rococó
El rococó
 
(Forslideshare)understanding informal expressions, slangs lessons 1 11 (ko 4...
(Forslideshare)understanding informal expressions, slangs  lessons 1 11 (ko 4...(Forslideshare)understanding informal expressions, slangs  lessons 1 11 (ko 4...
(Forslideshare)understanding informal expressions, slangs lessons 1 11 (ko 4...
 
Consecuencias do cambio climático no medio terrestre.
Consecuencias do cambio climático no medio terrestre.Consecuencias do cambio climático no medio terrestre.
Consecuencias do cambio climático no medio terrestre.
 

Similar a ANÁLISE DA PERCEPÇÃO DA INDÚSTRIA ELETRO-ELETRÔNICA ACERCA DA AVALIAÇÃO DOS PROCESSOS DE MANUFATURA SOB O ENFOQUE DA SUSTENTABILIDADE

A importancia-do-planejamento-estrategico-como-ferramenta-de-gestao-para-inst...
A importancia-do-planejamento-estrategico-como-ferramenta-de-gestao-para-inst...A importancia-do-planejamento-estrategico-como-ferramenta-de-gestao-para-inst...
A importancia-do-planejamento-estrategico-como-ferramenta-de-gestao-para-inst...Luciane Valadão Melo
 
Avaliação Sistemática avaliação maturidade sustentabilidade
Avaliação Sistemática avaliação maturidade sustentabilidadeAvaliação Sistemática avaliação maturidade sustentabilidade
Avaliação Sistemática avaliação maturidade sustentabilidadeVG Comunicação
 
Art estrat mestr set 2013 ii
Art estrat mestr set 2013 iiArt estrat mestr set 2013 ii
Art estrat mestr set 2013 iiWaldecy Lima
 
Rumo à Integração da Sustentabilidade no Sistema de Gestão Empresarial
Rumo à Integração da Sustentabilidade no Sistema de Gestão EmpresarialRumo à Integração da Sustentabilidade no Sistema de Gestão Empresarial
Rumo à Integração da Sustentabilidade no Sistema de Gestão EmpresarialLucas Amaral Lauriano
 
Reflexões sobre o atual estágio da sustentabilidade das empresas brasileiras
Reflexões sobre o atual estágio da sustentabilidade das empresas brasileirasReflexões sobre o atual estágio da sustentabilidade das empresas brasileiras
Reflexões sobre o atual estágio da sustentabilidade das empresas brasileirasFundação Dom Cabral - FDC
 
NotaTecnica_Sustentabilidade
NotaTecnica_SustentabilidadeNotaTecnica_Sustentabilidade
NotaTecnica_SustentabilidadeDaniela Santos
 
Abordagens em Sustentabilidade: Uma revisão conceitual dos métodos utilizados...
Abordagens em Sustentabilidade: Uma revisão conceitual dos métodos utilizados...Abordagens em Sustentabilidade: Uma revisão conceitual dos métodos utilizados...
Abordagens em Sustentabilidade: Uma revisão conceitual dos métodos utilizados...Carlos Fernando Jung
 
306 306 instrumentos_de_gestao_ambiental_uma_ferramenta_para_competitividade
306 306 instrumentos_de_gestao_ambiental_uma_ferramenta_para_competitividade306 306 instrumentos_de_gestao_ambiental_uma_ferramenta_para_competitividade
306 306 instrumentos_de_gestao_ambiental_uma_ferramenta_para_competitividadesandra09121970
 
A_Responsabilidade_Social_nas_Organizacoes_Percepc.pdf
A_Responsabilidade_Social_nas_Organizacoes_Percepc.pdfA_Responsabilidade_Social_nas_Organizacoes_Percepc.pdf
A_Responsabilidade_Social_nas_Organizacoes_Percepc.pdfBrainerRani
 
716 4152-2-pb
716 4152-2-pb716 4152-2-pb
716 4152-2-pbTudomau
 
Processo de adaptação e mudança estratégica em uma ies copia
Processo de adaptação e mudança estratégica em uma ies   copiaProcesso de adaptação e mudança estratégica em uma ies   copia
Processo de adaptação e mudança estratégica em uma ies copiaBartira Amorim
 
Aspectos estratégicos dos serviços de assessoria em pesquisa mercadológica
Aspectos estratégicos dos serviços de assessoria em pesquisa mercadológicaAspectos estratégicos dos serviços de assessoria em pesquisa mercadológica
Aspectos estratégicos dos serviços de assessoria em pesquisa mercadológicaJeferson L. Feuser
 
Organizational success in light of strategic planning and project management
Organizational success in light of strategic planning and project managementOrganizational success in light of strategic planning and project management
Organizational success in light of strategic planning and project managementsuerlilton
 
Texto gestão amb. 2012
Texto gestão amb. 2012Texto gestão amb. 2012
Texto gestão amb. 2012julimarufpi
 
Pelliccione, pedrini e kelecon 2009 iv simp intma 09
Pelliccione, pedrini e kelecon 2009  iv simp intma 09Pelliccione, pedrini e kelecon 2009  iv simp intma 09
Pelliccione, pedrini e kelecon 2009 iv simp intma 09AlexandredeGusmaoPedrini
 

Similar a ANÁLISE DA PERCEPÇÃO DA INDÚSTRIA ELETRO-ELETRÔNICA ACERCA DA AVALIAÇÃO DOS PROCESSOS DE MANUFATURA SOB O ENFOQUE DA SUSTENTABILIDADE (20)

A importancia-do-planejamento-estrategico-como-ferramenta-de-gestao-para-inst...
A importancia-do-planejamento-estrategico-como-ferramenta-de-gestao-para-inst...A importancia-do-planejamento-estrategico-como-ferramenta-de-gestao-para-inst...
A importancia-do-planejamento-estrategico-como-ferramenta-de-gestao-para-inst...
 
Avaliação Sistemática avaliação maturidade sustentabilidade
Avaliação Sistemática avaliação maturidade sustentabilidadeAvaliação Sistemática avaliação maturidade sustentabilidade
Avaliação Sistemática avaliação maturidade sustentabilidade
 
Art estrat mestr set 2013 ii
Art estrat mestr set 2013 iiArt estrat mestr set 2013 ii
Art estrat mestr set 2013 ii
 
TRABALHO RH
TRABALHO  RHTRABALHO  RH
TRABALHO RH
 
Rumo à Integração da Sustentabilidade no Sistema de Gestão Empresarial
Rumo à Integração da Sustentabilidade no Sistema de Gestão EmpresarialRumo à Integração da Sustentabilidade no Sistema de Gestão Empresarial
Rumo à Integração da Sustentabilidade no Sistema de Gestão Empresarial
 
Sustentabilidade nas empresas
Sustentabilidade nas empresasSustentabilidade nas empresas
Sustentabilidade nas empresas
 
Planejamento Aldraly
Planejamento AldralyPlanejamento Aldraly
Planejamento Aldraly
 
Reflexões sobre o atual estágio da sustentabilidade das empresas brasileiras
Reflexões sobre o atual estágio da sustentabilidade das empresas brasileirasReflexões sobre o atual estágio da sustentabilidade das empresas brasileiras
Reflexões sobre o atual estágio da sustentabilidade das empresas brasileiras
 
NotaTecnica_Sustentabilidade
NotaTecnica_SustentabilidadeNotaTecnica_Sustentabilidade
NotaTecnica_Sustentabilidade
 
Abordagens em Sustentabilidade: Uma revisão conceitual dos métodos utilizados...
Abordagens em Sustentabilidade: Uma revisão conceitual dos métodos utilizados...Abordagens em Sustentabilidade: Uma revisão conceitual dos métodos utilizados...
Abordagens em Sustentabilidade: Uma revisão conceitual dos métodos utilizados...
 
306 306 instrumentos_de_gestao_ambiental_uma_ferramenta_para_competitividade
306 306 instrumentos_de_gestao_ambiental_uma_ferramenta_para_competitividade306 306 instrumentos_de_gestao_ambiental_uma_ferramenta_para_competitividade
306 306 instrumentos_de_gestao_ambiental_uma_ferramenta_para_competitividade
 
49 206-1-pb
49 206-1-pb49 206-1-pb
49 206-1-pb
 
A_Responsabilidade_Social_nas_Organizacoes_Percepc.pdf
A_Responsabilidade_Social_nas_Organizacoes_Percepc.pdfA_Responsabilidade_Social_nas_Organizacoes_Percepc.pdf
A_Responsabilidade_Social_nas_Organizacoes_Percepc.pdf
 
716 4152-2-pb
716 4152-2-pb716 4152-2-pb
716 4152-2-pb
 
Processo de adaptação e mudança estratégica em uma ies copia
Processo de adaptação e mudança estratégica em uma ies   copiaProcesso de adaptação e mudança estratégica em uma ies   copia
Processo de adaptação e mudança estratégica em uma ies copia
 
Aula 1
Aula 1Aula 1
Aula 1
 
Aspectos estratégicos dos serviços de assessoria em pesquisa mercadológica
Aspectos estratégicos dos serviços de assessoria em pesquisa mercadológicaAspectos estratégicos dos serviços de assessoria em pesquisa mercadológica
Aspectos estratégicos dos serviços de assessoria em pesquisa mercadológica
 
Organizational success in light of strategic planning and project management
Organizational success in light of strategic planning and project managementOrganizational success in light of strategic planning and project management
Organizational success in light of strategic planning and project management
 
Texto gestão amb. 2012
Texto gestão amb. 2012Texto gestão amb. 2012
Texto gestão amb. 2012
 
Pelliccione, pedrini e kelecon 2009 iv simp intma 09
Pelliccione, pedrini e kelecon 2009  iv simp intma 09Pelliccione, pedrini e kelecon 2009  iv simp intma 09
Pelliccione, pedrini e kelecon 2009 iv simp intma 09
 

Más de Carlos Fernando Jung

Fundamentos de Antenas para Tecnologia RFID - 2014
Fundamentos de Antenas para Tecnologia RFID - 2014Fundamentos de Antenas para Tecnologia RFID - 2014
Fundamentos de Antenas para Tecnologia RFID - 2014Carlos Fernando Jung
 
Projetos de Pesquisa: Concepção e Elaboração
Projetos de Pesquisa: Concepção e ElaboraçãoProjetos de Pesquisa: Concepção e Elaboração
Projetos de Pesquisa: Concepção e ElaboraçãoCarlos Fernando Jung
 
Artigos Científicos: Análise e Elaboração
Artigos Científicos: Análise e ElaboraçãoArtigos Científicos: Análise e Elaboração
Artigos Científicos: Análise e ElaboraçãoCarlos Fernando Jung
 
Projetos de pesquisa: guia rapido para elaboracao
Projetos de pesquisa: guia rapido para elaboracaoProjetos de pesquisa: guia rapido para elaboracao
Projetos de pesquisa: guia rapido para elaboracaoCarlos Fernando Jung
 
Desenvolvimento de habilidades para inovar
Desenvolvimento de habilidades para inovarDesenvolvimento de habilidades para inovar
Desenvolvimento de habilidades para inovarCarlos Fernando Jung
 
Processo de inovação técnicas para inovar
Processo de inovação   técnicas para inovarProcesso de inovação   técnicas para inovar
Processo de inovação técnicas para inovarCarlos Fernando Jung
 

Más de Carlos Fernando Jung (20)

Relatório Anual 2015
Relatório Anual 2015Relatório Anual 2015
Relatório Anual 2015
 
Relatório Anual 2014
Relatório Anual 2014Relatório Anual 2014
Relatório Anual 2014
 
Fundamentos de Antenas para Tecnologia RFID - 2014
Fundamentos de Antenas para Tecnologia RFID - 2014Fundamentos de Antenas para Tecnologia RFID - 2014
Fundamentos de Antenas para Tecnologia RFID - 2014
 
Projetos de Pesquisa: Concepção e Elaboração
Projetos de Pesquisa: Concepção e ElaboraçãoProjetos de Pesquisa: Concepção e Elaboração
Projetos de Pesquisa: Concepção e Elaboração
 
Artigos Científicos: Análise e Elaboração
Artigos Científicos: Análise e ElaboraçãoArtigos Científicos: Análise e Elaboração
Artigos Científicos: Análise e Elaboração
 
Relatório Anual 2013
Relatório Anual 2013Relatório Anual 2013
Relatório Anual 2013
 
Projetos de pesquisa: guia rapido para elaboracao
Projetos de pesquisa: guia rapido para elaboracaoProjetos de pesquisa: guia rapido para elaboracao
Projetos de pesquisa: guia rapido para elaboracao
 
Relatório anual 2012
Relatório anual 2012Relatório anual 2012
Relatório anual 2012
 
Relatório anual 2011
Relatório anual 2011Relatório anual 2011
Relatório anual 2011
 
Relatório anual 2010
Relatório anual 2010Relatório anual 2010
Relatório anual 2010
 
Relatório anual 2009
Relatório anual 2009Relatório anual 2009
Relatório anual 2009
 
Relatório anual 2008
Relatório anual 2008Relatório anual 2008
Relatório anual 2008
 
Relatório anual 2007
Relatório anual 2007Relatório anual 2007
Relatório anual 2007
 
Relatório anual 2006
Relatório anual 2006Relatório anual 2006
Relatório anual 2006
 
Relatório anual 2005
Relatório anual 2005Relatório anual 2005
Relatório anual 2005
 
Relatório anual 2004
Relatório anual 2004Relatório anual 2004
Relatório anual 2004
 
Relatório anual 2003
Relatório anual 2003Relatório anual 2003
Relatório anual 2003
 
Desenvolvimento de habilidades para inovar
Desenvolvimento de habilidades para inovarDesenvolvimento de habilidades para inovar
Desenvolvimento de habilidades para inovar
 
Processo de inovação técnicas para inovar
Processo de inovação   técnicas para inovarProcesso de inovação   técnicas para inovar
Processo de inovação técnicas para inovar
 
Análise de produtos para inovar
Análise de produtos para inovarAnálise de produtos para inovar
Análise de produtos para inovar
 

ANÁLISE DA PERCEPÇÃO DA INDÚSTRIA ELETRO-ELETRÔNICA ACERCA DA AVALIAÇÃO DOS PROCESSOS DE MANUFATURA SOB O ENFOQUE DA SUSTENTABILIDADE

  • 1. ANÁLISE DA PERCEPÇÃO DA INDÚSTRIA ELETRO-ELETRÔNICA ACERCA DA AVALIAÇÃO DOS PROCESSOS DE MANUFATURA SOB O ENFOQUE DA SUSTENTABILIDADE Guilherme Petry Breier, Carla Schwengber Ten Caten, Jose Luis Duarte Ribeiro, Carlos Fernando Jung UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, gpbreier@producao.ufrgs.br, UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, tencaten@producao.ufrgs.br, UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, ribeiro@producao.ufrgs.br, Faccat - Faculdades Integradas de Taquara, jung@faccat.br Resumo O presente trabalho visa conhecer a percepção dos gestores da indústria eletro-eletrônica quanto à sustentabilidade e qual sua relação na formulação de estratégias da empresa, visando verificar se a empresa faz uso de práticas sustentáveis, se estas estão claramente definidas nas estratégias e qual sua importância. O conceito de desenvolvimento sustentável está se consolidando num processo contínuo de reavaliação da relação existente entre as dimensões econômica, ambiental e social e as estratégias da organização. Para avaliar esse tópico, foram realizadas entrevistas individuais com os responsáveis das cadeias produtivas de três empresas da indústria eletro-eletrônica, questionando sobre o modelo de gestão sustentável, visando observar o delineamento estratégico destas organizações. Como resultado deste estudo, que busca relacionar as práticas sustentáveis com a gestão estratégica sustentável da produção, é possível dizer que as empresas ainda não aplicam diretamente práticas sustentáveis em suas estratégias de produção. Quanto à percepção dos gestores foi observado interesse crescente, alguns gaps conceituais e a intenção de suas empresas em agregarem o conceito de sustentabilidade à sua própria missão empresarial. Palavras-Chave: Estratégia, Processos produtivos, Sustentabilidade, Indústria Eletro-eletrônica
  • 2. 1 Introdução No momento do surgimento das organizações, elas foram vistas como organismos que promoviam ações sociais (ALDAY, 2000), já que ao se instalarem, geravam empregos, moviam a economia e dinamizavam relações entre outras empresas. No entanto, com o passar do tempo, tais aspectos passaram a ser vistos como parte das obrigações mínimas de uma organização e não como manifestações da consciência social por parte da gestão da empresa. A concepção de que é responsabilidade somente da empresa apoiar o desenvolvimento da comunidade e preservar o meio ambiente não é mais suficiente para atribuir a uma empresa a condição de socialmente responsável. É necessário investir no bem estar dos seus funcionários e num ambiente de trabalho saudável, além de promover comunicações transparentes, dar retorno aos acionistas, assegurar sinergia com seus parceiros e garantir a satisfação dos seus clientes e/ou consumidores (MELO NETO e FROES, 1999). Mudanças profundas, tais como a preocupação com a qualidade de vida dos colaboradores, clientes, consumidores, a tecnologia ligada ao aperfeiçoamento de produtos e redução de impactos ambientais, alteraram o foco estratégico das empresas. Para melhorar a sua competitividade as empresas passaram a desenvolver um modelo de integração de gestão com práticas que relacione todas as áreas, processos e stakeholders num contexto sustentável (PORTER, 2006). Nesses termos, uma empresa socialmente responsável é aquela pautada por uma política institucional firme, ética, dinâmica e empreendedora. É aquela que, com criatividade, gerencia e contribui com projetos sociais bem administrados, atuando ao lado de entidades da sociedade civil e do poder público, na busca de alternativas para a melhoria da qualidade de vida, gerando maiores receitas e principalmente respeitando o meio ambiente, os quais constituem os pilares da sustentabilidade (NASCIMENTO et al., 2008). As questões de sustentabilidade afetam a criação de valor das organizações, configurando assim a demanda por iniciativas que impulsionem a geração de valor embasado em sustentabilidade. Isso porque muitas destas questões têm conseqüências indiretas sobre o bottom line das empresas, seja pela influência sobre marca e reputação organizacional, ou então pela capacidade de atuar no mercado com maior competitividade sustentável (NASCIMENTO et al., 2008). Foi a partir da difusão da mentalidade embasada em sustentabilidade que o conceito de Triple Bottom Line (TBL) passou a ganhar notoriedade e a chamar mais atenção dos profissionais e acadêmicos da área da Engenharia de Produção. Essa ideologia empresarial se refere à prosperidade econômica, qualidade ambiental e progresso social de forma interligada, formando um amalgamam das três dimensões de evolução organizacional. Com esse propósito, a presente pesquisa verifica essa temática empiricamente adotando a metodologia do estudo de caso para entender a experiência de três empresas da indústria eletro-eletrônica. Dessa forma, os dados foram obtidos por meio de entrevistas individuais junto aos responsáveis pela produção e qualidade dessas empresas. A iniciativa do estudo surgiu em aprofundar estudos sobre o tema da sustentabilidade, que é um assunto emergente em diversas disciplinas de estudo e que, consequentemente, afeta também a realidade empresarial, principalmente desde o último quarto do século XX. Torna-se essencial compreender a existência de um contexto em que a estratégia organizacional está ligada à administração da sustentabilidade (FIGGE et al., 2002). O presente estudo tem como objetivo analisar a utilização de estratégias e métodos para melhoria e avaliação dos processos de manufatura da indústria eletro-eletrônica sob o enfoque da sustentabilidade. Esse objetivo se justifica porque, por um lado, pode-se ter uma percepção
  • 3. dos agentes de grandes empresas diante do que se tem como estratégia traçada, enquanto, por outro, o agente de uma pequena e média empresa (MPE) pode ter uma perspectiva diferente. Pretendeu-se com isso verificar se os valores de sustentabilidade estão intrínsecos na cultura organizacional, ou seja, institucionalizados em empresas de diferentes portes dentro da cadeia de produção de eletro-eletrônicos. É importante, também, entender se existe alinhamento entre os planos estratégicos das empresas e gestores e porque uma possível falta de interação entre essas duas realidades pode acarretar na falta de comprometimento e falta de compreensão do papel do empregado na prática das ações sustentáveis capazes de embasar políticas e estratégias de sustentabilidade para o setor. A questão de pesquisa que orienta este estudo resume-se, portanto, em verificar empiricamente a percepção dos conceitos e comportamento sustentáveis. Para tanto, este artigo esta estruturado em 5 seções. A primeira seção é a introdução, a qual introduz o problema de pesquisa; a segunda seção aborda as associações e diferenças entre estratégias e planejamento e define sustentabilidade e estratégia; a terceira seção aborda a metodologia utilizada para a execução da pesquisa; a quarta seção apresenta os resultados subdivididos em descrição da pesquisa, análise dos resultados e interpretação da influência das práticas sustentáveis na percepção dos gestores; e a última seção refere-se às conclusões. 2 Revisão Teórica Para compreensão dos conceitos necessários para se estipular o campo teórico da presente pesquisa, duas sub-seções foram desenvolvidas, envolvendo planejamento estratégico e sustentabilidade. 2.1 Planejamento estratégico e estratégia nas organizações O planejamento de longo prazo foi uma ferramenta desenvolvida nos Estados Unidos a partir da década de 50 (ALDAY, 2000), mas foi na metade dos anos 60 que Igor Ansoff introduziu a metodologia do planejamento estratégico. Kotler (1997) defende a utilização do planejamento estratégico e conceitua como uma metodologia gerencial que proporciona o estabelecimento da direção a ser seguida pela organização, além de visar maior interação com o ambiente. Mintzberg (2004) na análise das várias respostas sobre o que é planejamento, defende os argumentos levantados por Mariann Jelinek, de que a formalização do planejamento é uma forma de criar e também operacionalizar a estratégia. Segundo Oliveira, Terence e Escrivão Filho (2008), o modelo racional do processo de criação de estratégia está fortemente relacionado com o sistema de planejamento estratégico e afirmam que mesmo após três décadas continua sendo uma ferramenta amplamente utilizada pelas empresas. Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2006) inferem que a formulação da estratégia se trata de um processo formal e afirmam que os planos são desenvolvidos para que não haja flexibilidade, devendo, assim, estabelecer direções claras, propor estabilidade e equilíbrio para a organização. Para Mintzberg (2004), estratégia está embasada em cinco conceitos: como plano, padrão, pretexto, posição e perspectiva. Estratégia como planos desenvolvidos para o futuro, que seguem um curso de ações previamente determinadas (pretendidas), como também um curso de ações não previstas (emergentes), originadas ao longo do tempo. Os planos que conseguem combinar a mistura destas estratégias refletindo as condições existentes serão mais eficazes em prever e reagir a eventos inesperados.
  • 4. Seguindo a abordagem de Mintzberg (2004) a estratégia como plano, também pode ser um pretexto, uma manobra específica para desconsertar um concorrente, configurando uma ameaça e não uma estratégia real. Estratégia como posição é a definição de determinados produtos em determinados mercados, ou seja, nicho de atuação da empresa, e estratégia como perspectiva é a maneira como a organização faz as coisas. Segundo Porter (1986 apud QUINN, et al 2006), estratégia competitiva significa ser diferente criando um conjunto de atividades diferentes para integrar um mix único de valores, ou seja, ocupar uma posição não explorada. Essas posições surgem de três fontes distintas (custo, diferenciação e enfoque) que definem que tipo de vantagem a empresa quer alcançar. A criação e escolha de um posicionamento estratégico dependem da eficácia operacional, capacidade de ajustes estratégicos e um planejamento de longo prazo, para garantir uma vantagem competitiva e sustentabilidade empresarial. A inserção da sustentabilidade dentro das estratégias da organização pode ocorrer de duas formas, ou seja, a organização pode executar ações que se referem à responsabilidade social e ambiental de maneira pouco organizada ou planejada, apenas visando à prática da ação, ou ainda pode formular estratégias sustentáveis e incorporá-las aos objetivos da organização de forma que afetem o andamento e os resultados da mesma. A organização pode, por exemplo, lançar uma linha de produtos “verdes”, ou desenvolver um novo segmento que não maltrate o meio ambiente, criar uma vinculação responsável a sua marca ou ainda alterar valores internos que fiquem externados ao consumidor. O sucesso de estratégias depende de se fazer bem várias coisas e da integração entre elas, possibilitando ajustes estratégicos, para que a organização cria um diferencial competitivo e sustentável. 2.2 Sustentabilidade e estratégia Nos conceitos sobre a sustentabilidade ainda não há consenso. Diversos autores a relacionam com as responsabilidades legais, com filantropia, com ética e transparência e meio ambiente (MINTZBERG, 2004). Alguns a definem como uma forma de gestão que pautada pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona em busca do desenvolvimento sustentável da sociedade, através da preservação de recursos ambientais e culturais e respeito à diversidade (TACHIZAWA, 2005). Porém o entendimento de sustentabilidade não se resume somente ao contexto social- ambiental, pois o objetivo de uma empresa é a obtenção de lucro e o retorno aos seus acionistas. Dessa forma a utilização de estratégicas com esses conceitos podem proporcionar vantagens às organizações frente aos seus concorrentes, em forma de diferenciação ou até mesmo em redução de custos (ALDAY , 2000). Bowen (1953) foi o primeiro autor a publicar sobre o tema sustentabilidade e estratégia. Ele afirma que os objetivos da indústria e da sociedade precisam estar alinhados, de forma que as empresas estejam a serviço da sociedade. Ao contrário do proposto por Bowen, Friedman (1970) afirma que as empresas apresentam somente a responsabilidade da maximização do lucro dos proprietários e acionistas. Ashley (2002) propõe, para a inserção dessas mudanças de valores e cultura, um modelo de interação de quatro dimensões organizacionais, que são: as relações de produção e distribuição interna; as relações econômicas, objeto e meio de negócio; as relações político- sociais; e de tempo e espaço, denominado por ela como Modelo Relacional Multidimensional para a Responsabilidade Social nos Negócios (RMRSN). Essas dimensões se relacionam de forma multidimensional, sistêmica e interdependente.
  • 5. A sustentabilidade tem sido discutida tanto na comunidade empresarial como acadêmica, e ainda não apresenta um conceito completamente definido. O conceito, desenvolvido por Elkington (1998), sobre o Triple Bottom Line, se refere às esferas social, ambiental e econômica. Na esfera ambiental, ressalta-se a utilização dos recursos de forma a não prejudicar as gerações futuras, reduzindo impactos da ação das indústrias e utilizando de forma sustentável os recursos naturais. Na perspectiva econômica tem-se a preservação da lucratividade da organização e o não comprometimento do desenvolvimento econômico da mesma. Por fim, a esfera social, que inclui a questão da justiça social, onde o objetivo maior é o desenvolvimento de um mundo mais justo, através das relações com todos os stakeholders (colaboradores, clientes, fornecedores, governo). Em face da identificação desses conceitos e constatações, a capacidade de inovação tecnológica, capacidade produtiva e certificados de qualidade não bastam como diferencial competitivo, e as empresas começam a enxergar a necessidade de uma participação mais direta em assuntos que, até então, não faziam parte do interesse dos negócios. Esses desafios associados à sustentabilidade podem ajudar as empresas a identificar estratégias e práticas que resultem em maior valor aos acionistas e contribuam, simultaneamente, para um mundo mais sustentável. 3 Metodologia O presente estudo pretende analisar a percepção dos gestores da indústria eletro-eletrônica sobre a sustentabilidade e a influência das práticas sustentáveis na formulação das estratégias de produção utilizadas em suas empresas. A escolha das empresas foi intencional, baseada em seus portes e volumes de produção no estado do Rio Grande do Sul. A pesquisa caracteriza-se como uma investigação de natureza qualitativa, através do método de estudo de caso, utilizando como instrumento de coleta de dados entrevistas semi-estruturadas com perguntas abertas, não obedecendo a uma estrutura formal preestabelecida, mas utilizando um roteiro onde o pesquisador pode tomar por base o comportamento do entrevistado e questionar o respondente quanto às modificações decorrentes da inserção de práticas sustentáveis nas estratégias organização. As entrevistas foram realizadas individualmente com os três gestores dos processos produtivos em cada empresa em datas diferentes. Para melhor compreensão acerca das informações dispostas pelos entrevistados optou-se por identificá-los pelas áreas de atuação de cada um em suas respectivas empresas e criar uma sigla para referenciá-los. Os gestores responsáveis responsáveis pelos sistemas produtivos em cada empresa responderam o questionário relatando a visão de suas respectivas empresas quanto aos temas das perguntas. Dessa forma foi atribuida a sigla de CT, coordenador técnico, GI, gerente industrial, GQ, gerente de qualidade. Para compreender o padrão de mudanças estratégicas, sejam estas incrementais ou quânticas (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2006) as perguntas formuladas buscaram identificar aspectos observáveis que pudessem caracterizar a visão dos gestores da empresa em relação às estratégias e influências das práticas sustentáveis. Para Ribeiro (2007) a entrevista semi-estruturada, em geral, é aquela que parte de alguns questionamentos básicos, aparados em teorias e hipóteses que interessam à pesquisa, e que fornecem amplo campo de questionamentos, fruto de novas hipóteses que vão surgindo, à medida que se recebe as respostas do entrevistado. O estudo buscou identificar e explicar os efeitos da implantação de práticas sustentáveis na formulação das estratégias empresariais e para tanto, foi utilizado um modelo analítico conceitual para investigar a influência da adoção de estratégias sustentáveis em empresas regionais que adotam esta política.
  • 6. Tachizawa (2005) propõe um modelo de gestão ambiental e responsabilidade social que leva em conta o delineamento estratégico de uma organização, considerando a existência de estratégias genéricas (do setor) e estratégias específicas (da organização), consequentemente, estratégias sociais e ambientais. Deste conjunto há a formulação de estratégias próprias de cada organização. O modelo da Figura 1, desenvolvido por Tachizawa (2005), retrata a organização inserida no ambiente em que opera e ilustra a influência e a interação das variáveis ambientais com os seus diferentes stakeholders. Tachizawa (2005) ainda ressalta a importância dessa interação, pois as organizações, que são caracterizadas por relações complexas, necessitam de esquemas classificatórios que expressem essa complexidade. Além disso, existe a necessidade de adaptação do modelo aos diversos tipos de organização, já que, através do exposto por Tachizawa (2005), cada empresa precisa determinar suas exigências de estratégia social e ambiental, usando a referida classificação como uma possibilidade de orientação a sua determinação. Não existindo uma única forma de gestão sustentável, pois cada decisão é fruto das escolhas dos gestores e suas interações organização versus ambiente. Figura 1: Modelo conceitual de Tachizawa (2005) adotado para a pesquisa Considerando as decisões socioambientais, que se referem aos projetos sociais e ambientais, e as decisões estratégicas, que se baseiam nos objetivos organizacionais e estratégias genéricas, é possível identificar a interação das três dimensões da sustentabilidade; social, ambiental e econômica, e estratégia, conforme Quadro 1, através da análise do modelo proposto por Tachizawa (2005) e do conceito do triple bottom line. 4 Estudo Aplicado Os resultados da pesquisa estão organizados em três seções: a descrição do estudo, a análise dos resultados e por fim a interpretação dos mesmos. 4.1 Descrição do estudo aplicado As empresas estudadas são fabricantes de eletro-eletrônicos como dispositivos para centrais telefônicas, modens e roteadores, e memórias, celulares e outros dispositivos eletro- eletrônicos e estão situadas na Grande Porto Alegre no estado do Rio Grande do Sul. A empresa A1 conta com atualmente 30 funcionários caracterizando o porte de pequena empresa segundo informações levantadas pelo CT. A empresa A2, segundo o GI, conta com um número de colaboradores em torno de 200 e caracteriza-se como uma empresa de médio
  • 7. porte. Com relação a empresa A3, dispõem de 300 funcionários, mas conta com mais quatro filiais no Brasil, totalizando um número próximo de 1500 funcionários em suas plantas de produção, caracterizando o perfil de grande empresa, conforme informou o GQ. Aspectos Descrição Aspectos ambientais Impactos do processo produtivo da empresa no meio ambiente, considerando todos os impactos tanto do processo industrial como de divulgação, transporte etc., que possam prejudicar o meio ambiente e a qualidade de vida da sociedade; Programas ambientais ou de proteção ambiental desenvolvidos pela organização e praticados pela mesma interna e externamente, que visam à proteção e/ou redução dos impactos ambientais. Aspectos sociais Inserção dos aspectos de preocupação social (bem-estar da sociedade, qualidade de vida do colaborador e incentivo à participação dos colaboradores em projetos sociais e ambientais) e ambiental (proteção do ambiente) na cultura interna da organização, visando à construção de uma consciência sustentável. Aspectos econômicos Investimentos em implantações de processos sustentáveis, considerando a aplicação e realocação de recursos e pessoas em projetos sustentáveis e o quanto isso impactou no orçamento organizacional; Economia interna, enfocando nos consumo de insumos, matérias- primas, energia, reaproveitamentos, re-trabalho, entre outros aspectos. Aspectos Estratégicos Inserção de práticas sustentáveis no planejamento e estratégias já existentes; Impactos e mudanças surgidas a partir do uso de práticas sustentáveis dentro da organização; Divulgação interna e externa das práticas sustentáveis da organização; Resultados que a organização espera com o uso das práticas sustentáveis e os tipos de resultados que foram obtidos; Imposição e influência externa que levam a organização a focar em uma postura sustentável através da adoção de práticas sustentáveis; Inovações surgidas a partir do uso das práticas sustentáveis. Quadro 1: Aspectos avaliados a partir do modelo conceitual de Tachizawa (2005) A escolha dessas empresas ocorreu em função de analisar a percepção dos gestores da indústria eletro-eletrônica, bem como o de estabelecer uma análise individual do ponto de vista de cada gestor em diferentes portes de empresas, podendo assim criar argumentos para comparar a atuação dos gestores em função do tamanho de suas empresas. Definida as empresas a serem pesquisadas, de acordo com seus portes, foi aplicado um questionário que visa buscar a percepção dos gestores citados no item 3 deste artigo, investigando seus conhecimentos em sustentabilidade, o quanto isso faz parte dos seus processos e o quanto há interesse sobre o assunto. A partir das entrevistas realizadas com os gerentes das empresas estudadas, foi possível identificar a compreensão das práticas sustentáveis, através de suas experiências dentro da organização. Os resultados destas discussões foram sumarizados nas seguintes categorias de
  • 8. análise: conceito de sustentabilidade; processo atual e o enquadramento as estratégias de gestão sustentável; conceito de processos sustentável e seu retorno esperado; dificuldades na implementação das técnicas sustentáveis aos seus processos; e por fim o grau de interesse em desenvolver parceiras para a implantação de estratégias sustentáveis em suas cadeias de produção. Quanto ao conceito de sustentabilidade: O conceito de empresa sustentável, na análise das respostas dos gerentes, ficou focado no parâmetro ambiental. Para o CT, empresa sustentável é uma empresa que se utiliza de reaproveitamento de materiais, enquanto que para o GI, o conceito de sustentabilidade está relacionado a uma produção enxuta. Para GQ o conceito está relacionado a um integração de parâmetros social, ambiental e econômico, conforme Quadro 02. Entrevistado Comentário principal CT “[...] reaproveitamento da água, de algumas matérias primas[...],[...]reciclagem de lixo, produção com menos matéria prima, reciclagem de alguns produtos [...]” GI “[...] que com a economia de qualquer recurso o processo seria sustentável [...]” GQ “[...] é uma empresa que pensa no resultado de suas ações, abordando o lado ambiental, o lado econômica, o social, uma empresa sustentável ela age de uma forma que ela terá um futuro um caminho onde ela vai trilhar com sucesso sem prejudicar o ambiente, sem prejudicar a comunidade local [...]” Quadro 2: Síntese sobre o conceito de sustentabilidade Quanto ao processo atual e o enquadramento das estratégias de gestão sustentável: Todos os três gestores comentaram que seus processos de manufatura para a confecção de seus produtos são inteiramente de responsabilidades das empresas no momento, sem o uso de terceirização. Quanto ao uso de estratégias de gestão sustentável todas as empresas não se utilizam dessas técnicas em seus processos de fabricação. Entrevistado Comentário principal CT “[...] não temos a aplicação desses conceitos hoje [...]” GI “[...] na verdade a questão de sustentabilidade não é uma prioridade nas estratégias da empresa no momento [...]” GQ “[...] a empresa é considerada uma empresa limpa, não produz resíduos, todos os resíduos são recicláveis apenas isso hoje podemos afirmar [...]” Quadro 3: Síntese sobre o enquadramento das estratégias de gestão sustentável aos processos Quanto ao interesse em processos sustentável e seu retorno esperado: Todos os participantes mostram que, independentemente do porte das empresas pesquisadas, têm interesses em desenvolver estratégias sustentáveis em suas cadeias produtivas conforme pode ser observado no Quadro 4.
  • 9. Entrevistado Comentário principal CT “[...] Sim, nosso pensamento está voltado para nossos processos, se tornarem mais sustentáveis [...]” GI “[...] Com certeza teríamos interesse [...]” GQ “[...] Sim e se conseguimos provar que o retorno dessa implementação está próximo é mais fácil [...]” Quadro 4: Síntese sobre o interesse em processos sustentável e seu retorno esperado GI comenta que o principal fator de retorno dessas práticas resulta num diferencial competitivo quando afirma que “[...] Acredito que resulte num resultado diferencial competitivo [...]” enquanto que o GQ salienta o benefício social “[...] tu acaba gerando uma realimentação de cultura para trabalhar nessa empresa [...]”. Afirma também que outro fator diferencial para a imagem da empresa de se usar estratégias sustentáveis em suas linhas de produção acaba atraindo novos clientes, mas ressalta o problema do mercado brasileiro em relação ao internacional comentando “[...] Sendo uma empresa sustentável em seus pilares... muitas empresas podem ser tornarem nossos clientes , infelizmente alguns clientes no Brasil não relevam isso, mas clientes internacionais estão mais ligados nessas questões regulamentares, que sempre resulta numa imagem melhor para a empresa [...]”. Quanto às dificuldades na implementação das técnicas sustentáveis aos seus processos: Na visão dos gestores, as dificuldades e problemas para a aplicação de estratégias de sustentabilidade junto aos seus processos de manufatura basicamente se baseiam no custo para adequação para tais estratégias e na concientização dos funcionários. Entrevistado Comentário principal CT “[...] tem a questão do custo [...], [...]mas o principal seria mesmo a conscientização dos funcionários [...]”. GI “[...] o problema seria criar uma alocação de recursos para isso. Essa seria a primeira dificuldade para isso[...],[...]e quanto aos funcionários implicaria em altera a rotina atual o que é sempre um problema [...]”. GQ “[...] Acho que seriam muito de direcionamento de diretrizes [...]”. Quadro 5: Síntese sobre as dificuldades na implementação das técnicas sustentáveis aos seus processos Quanto ao grau de interesse: Quando abordados o grau de interesse em realizar tais parcerias, todos os gestores manifestaram interesse em criar algum tipo de parceria com universidades para desenvolverem tais conceitos, conforme pode ser observado nas falas expressas no Quadro 6. Entrevistado Comentário principal CT “[...]Sim, sem dúvida, tudo o que pode nos agregar estamos dispostos a criar a parceria[...]”. GI “[...]Sim, Acredito que sim [...],[...]acreditarmos que isso vai trazer um diferencial competitivo, vamos analisar e vamos estudar como implementar [...]”. GQ “[...]Sim, nós não somos uma empresa fechada. Se há algo melhor, vamos fazer, vamos trazer, se é o caminho[...],[...] se é o que as empresas grandes estão fazendo, vamos por ele também [...]”. Quadro 6: Síntese sobre o grau de interesse
  • 10. 4.2 Análise dos resultados Os entrevistados demonstraram, através de suas falas, a preocupação das organizações em apresentar ações e resultados do uso de práticas sustentáveis perante a comunidade. Para eles, as organizações inserirão tais práticas em seus planos de desenvolvimento, como uma das formas de estar em contato e promovendo a melhoria para sociedade. Uma das principais contribuições desta pesquisa é a identificação de variáveis que poderão ser exploradas em futuros trabalhos sobre o tema. Dessa forma, o Quadro 7, apresenta um resumo dos principais pontos observado pelos gestores entrevistados, sobre as ações de sustentabilidade adotadas pelas organizações. Percepção Aspectos observados Motivação para adoção das necessidade de criar imagem positiva práticas sustentáveis em atender às questões legais suas cadeias de produção campanhas institucionais do tema economia de recursos Aplicações das ações de certificação ISO 14001 sustentabilidade nas desenvolver os programas sociais decisões organizacionais programa de reciclagem controle de energia redução de consumo de matérias-primas Principais ganhos com a desenvolver e sustentar marcas de valor utilização de práticas maior interação com a comunidade sustentáveis imagem positiva da empresa objetivo continua sendo ganho de mercado e lucratividade produzir causando menor impacto ambiental inserção do Programa Social na comunidade mudanças de hábitos e comportamentos. Quadro 7: Principais aspectos influenciadores da sustentabilidade da organização Os entrevistados demonstraram, através de suas falas, a preocupação das organizações em apresentar ações e resultados do uso de práticas sustentáveis perante a comunidade. Para eles, as organizações inserirão tais práticas em seus planos de desenvolvimento, como uma das formas de estar em contato e promovendo a melhoria para sociedade. A percepção de que as práticas sustentáveis podem reduzir os impactos ambientais trazendo economia de recursos é outro fator importante percebido. Sobre as atividades sociais internas, focadas para os funcionários, foi possível verificar que há o entendimento, por parte dos gestores, de que os funcionários percebem esse esforço organizacional. A principal motivação dessas organizações em desenvolverem programas sustentáveis é o fortalecimento da marca junto aos clientes, pois percebem a necessidade da organização estar mais próxima da comunidade e agir pró-ativamente frente aos acontecimentos e projetos locais, em busca do desenvolvimento contínuo. Outro motivador é a construção de uma imagem positiva, pois o mercado tem valorizado as organizações voltadas para a preservação do ambiente e sociedade.
  • 11. A preocupação ambiental surge, a princípio, como uma imposição legal, por parte do governo e da sociedade. Algumas das organizações já passaram a desenvolver programas, algumas vinculadas a clientes e outros desenvolvidos dentro da organização com a ideia de disseminar uma cultura sustentável, mas percebe-se uma preocupação muito em ações socioambientais pontuais do que de inserção dentro da cultura organizacional ou inserção estratégica. Com o cumprimento das normas e imposições legais e com a emergente demanda por empresas ecologicamente corretas, as organizações têm buscado apoiar alguns programas e desenvolvem algumas ações internas para reduzir os impactos provocados por seus produtos na natureza e na sociedade. Sabe-se que os retornos dos investimentos em sustentabilidade são de longo prazo, em sua maioria, como mudança de hábitos, economia de recursos, tempo, dinheiro, preocupação com uma realidade sustentável, que garanta a sobrevivência das futuras gerações. Muito pode ser mensurado, apesar disso, nota-se ainda nessa questão uma despreocupação das organizações pelo fato de se tratar de uma questão dissociada dos planos estratégicos e sim por se tratar de uma questão necessária. As empresas investigadas começam a desenvolver uma cultura própria no que diz respeito à sustentabilidade, baseadas em sua própria forma de gestão, objetivos e compreensão do tema. As culturas das organizações pesquisadas estão passando por transformações no sentido da inclusão de valores e ideias novas, inclusive, no que tange a participação dos colaboradores na elaboração dos planos. A questão sustentável está sendo desenvolvida dentro das organizações a partir da visão de seus gestores. Conforme citado, o conceito de indústria sustentável é bastante amplo e envolvem os pilares da sustentabilidade e desenvolvimento. Pela emergência do tema e pela diversidade de compreensão do mesmo pode-se dizer que a cultura das organizações está em formação no que se refere ao mesmo. As mudanças em relação à inserção da sustentabilidade na cultura da organização são graduais e muito delas se devem às transformações da sociedade e do mercado. 4.3 Interpretação dos resultados A análise qualitativa das questões levantadas possibilitou perceber as diferenças na percepção dos gestores, quando se trata de definir sustentabilidade e como esta é percebida na prática desta organização. Os gestores entrevistados compreendem a importância e a necessidade da sustentabilidade para a organização e a encaram como inevitável dentro da cultura organizacional. Porém, as diferenças aparecem no entendimento do que vem a ser práticas sustentáveis para a organização. A questão sustentabilidade aborda aspectos nos âmbitos social, econômico e ambiental e cada gestor percebe com mais intensidade um, no máximo dois, dentre os três aspectos, o que interfere na forma como enxergam as ações da empresa. As organizações desenvolvem alguns projetos na área ambiental e social. Os projetos sociais estão em fase de desenvolvimento e amadurecimento, mas não é possível verificar um alinhamento e interação com toda a organização e as demais dimensões da sustentabilidade (econômica e ambiental). Dentro dos projetos ambientais a maior parte dos gestores percebe que existe um retorno financeiro, embora não significativo e, portanto, não há interesse em mensurar adequadamente seu retorno.
  • 12. Os projetos, além de cumprirem as obrigações legais, visam proporcionar desenvolvimento da comunidade como um todo, porém estes projetos são desenvolvidos paralelamente às estratégias e planejamento estratégico da empresa. As culturas das empresas pregam que o objetivo maior da empresa é a sobrevivência, ganho de mercado e lucratividade, que é visto como ser sustentável, colocando o aspecto ambiental e social em segundo plano. Alguns gestores percebem que isto é apenas obrigação da empresa e que sustentabilidade inclui a manutenção dos recursos naturais e desenvolvimento de ações que possam impulsionar e possibilitar melhor qualidade de vida à comunidade onde a empresa está inserida. Mesmo com esse paradoxo sobre as ações sustentáveis das organizações, é possível verificar que as mesmas têm procurado desenvolver e compreender o que é ser sustentável. Como resultado deste estudo, que busca relacionar as percepções das práticas sustentáveis e a gestão estratégica da organização, é possível dizer que as organizações não relacionam os dois aspectos, ou seja, as ações sociais não visam trazer uma melhoria de desempenho nos negócios. O que ficou evidente, é que as ações sociais visam resultados relacionados à sua imagem como propulsora de atividades sociais perante a comunidade. As organizações têm grande interesse em desenvolverem questões sustentáveis dentro de sua cultura, mas sabe-se que é uma inserção gradual, que exige mudança comportamental e de consciência dos colaboradores. No momento, a visão compartilhada pelos gestores, é da importância do tema diante do mercado, da sociedade e do planeta. No entanto, sua prática é basicamente centrada nos quesitos legais e atuação mais expressiva em ações sociais externas, com pouca relação estratégica ou visando mensuração de resultados e retornos para o negócio da organização. 5 Considerações finais A percepção da degradação ambiental é uma atividade deliberada, na qual alguns fenômenos são registrados, enquanto outros são relegados, o que pode acontecer em função dos interesses envolvidos; do quanto os efeitos afetam diretamente à pessoa; das expectativas da comunidade, entre outros fatores. Além disso, para que a percepção se transforme em ação, é necessário que haja convergência entre os conceitos de sustentabilidade e as atitudes sustentáveis. Isso significa dizer que não devem ocorrer conflitos entre o que se acredita, o que se sente e a predisposição para agir em relação a determinado objeto da percepção. Sendo assim, os gaps conceituais verificados neste estudo podem indicar um desalinhamento entre tais componentes, originando o distanciamento entre o que o empresário considera importante e o que, efetivamente, consegue transformar em ação na cadeia da indústria eletro-eletrônica no momento. A análise acerca da utilização de estratégias e métodos para melhoria e avaliação dos processos de manufatura da indústria eletro-eletrônica sob o enfoque da sustentabilidade revelou que a relação entre as práticas sustentáveis com a produção na organização, não são aplicam diretamente. Quanto à percepção dos gestores, foi observado um grau de percepção com alguns gaps conceituais e uma intenção de suas empresas em agregarem o conceito de sustentabilidade à sua própria missão empresarial. Em virtude disso, considera-se importante, em etapas futuras, ampliar o estudo, aplicando o mesmo questionário em um maior número de empresas, bem como replicando a metodologia empregada a membros da Governança com o objetivo de conhecer até que ponto os problemas aqui levantados são devido à falta de recursos financeiros ou de conscientização sobre a sustentabilidade.
  • 13. Referências ALDAY, Hernan E. O planejamento estratégico dentro do conceito de administração estratégica. Revista FAE, Curitiba, vol.3, n.2, maio/agosto, 2000, p. 9 – 16. ANSOFF, Igor H. Administração estratégica. São Paulo: Atlas, 1983. ASHLEY, Patrícia A. Ética e responsabilidade social nos negócios. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2002. BOWEN, Howard. R. Social responsibilities of the businessman. New York: Harper & Row, 1953. BROWN, Tom J.; DACIN, Peter A. The company and the product: corporate associations and consumer product responses. Journal of Marketing, v. 61, p. 68 – 84, 1997. CARRIGAN, Marylyn; ATTALLA, Ahmad. The myth of the ethical consumer - do ethics matter in purchase behavior? Journal of Consumer Marketing, v.18 n. 7, p.560-577, 2001. ELKINGTON, John. Cannibals with Forks: the triple bottom line of 21st century business. Canada: NSP, 1998. FRIEDMAN, Milton. The social responsibility of business is to increase its profits. New York Times Magazine, vol. 17, n. 6, 1970, p. 595 – 612. LINS, Luis dos S.; MAGRINI, Alessandra; SILVA, Raimundo N. S. Integração entre a gestão ambiental e o planejamento estratégico no segmento de petróleo e gás. Anais. XXXI Encontro da Enanpad, Rio de Janeiro, setembro 2007. MELO NETO, Francisco Paulo de; FROES, César. Responsabilidade social & cidadania empresarial: administração do terceiro setor. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1999. MINAYO, Maria C.S.; SANCHES, Odécio. Quantitativo-qualitativo: oposição ou complementaridade? Cadernos de saúde pública, Rio de Janeiro, vol. 9, n. 3, jul./set., 1993, p. 239 – 262. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csp/v9n3/02.pdf>. Acesso: 18/05/2011. MINTZBERG, Henry; AHLSTRAND, Bruce; LAMPEL, Joseph, Safári de estratégia: um roteiro pela selva do planejamento estratégico. Porto Alegre: Bookman, 2006. MINTZBERG, Henry. Ascenção e queda do planejamento estratégico. Porto Alegre: Bookman, 2004. MOSTARDEIRO, Márcio M., FERREIRA, Gabriela C. Análise do processo de formação de estratégias de responsabilidade Social, Anais. III Encontro da Enanpad, Rio de Janeiro, setembro 2005. NASCIMENTO, Luis F.; LEMOS, Ângela D.; MELLO, Maria Celina A. Gestão socioambiental estratégica. Porto Alegre: Bookman, 2008. OLIVEIRA, Jair de; TERENCE, Ana Cláudia Fernandes; ESCRIVÃO FILHO, Edmundo. Planejamento estratégico e operacional na pequena empresa: impactos da formalização no desempenho e diferenças setoriais. Anais. XXXI Encontro da Enanpad, Rio de Janeiro, setembro 2008. PORTER, Michael; KRAMER, Mark. Strategy & society: the link between competitive advantage and corporate social responsibility. Harvard Business Review, December, 2006. OLIVEIRA, José Arimatés de. Responsabilidade social em pequenas e médias empresas. Revista de Administração de Empresas, Rio de Janeiro, v.24, n. 4, p. 203-210, out./dez. 1984. QUINN, James Brian; GHOSHAL, Sumantra; MINTZENBERG, Henry; LAMPEL, Joseph. O processo da estratégia: conceitos, contextos e casos selecionados. Porto Alegre: Bookman, 4ª Ed, 2006. RIBEIRO, J. L. D. e MILAN, G. S. (2007) Entrevistas individuais: teoria e aplicações. Apostila de curso. Porto Alegre: FENG/UFRGS, 2007. RIBEIRO, J. L. D. e NODARI, C. T. (2009) Tratamento de dados qualitativos: técnicas e aplicações. Apostila de curso. Porto Alegre: FENG/UFRGS, 2009. SACHS, Ignacy. Ecodesenvolvimento: crescer sem destruir. São Paulo: Vértice, 1986. SROUR, R. H. Poder, cultura e ética nas organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1998. TACHIZAWA, Takeshy. Gestão ambiental e responsabilidade social corporativa: estratégias de negócio focadas na realidade brasileira. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 2005. YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.