SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 73
Descargar para leer sin conexión
Natacha Rena (org.)

Territórios aglomerados
http://projetoasas.org
Natacha Rena (org.)

Territórios aglomerados




     Belo Horizonte (2010)
Reitoria
Prof. Antônio Tomé Loures

Vice-reitoria
Prof.ª Maria da Conceição Rocha

Pró-reitoria de Ensino, Pesquisa e Extensão
                                                   Gerência de projetos                                Diretoria de Desenvolvimento Sustentável
Prof. Eduardo Martins de Lima
                                                   Daniela Lemos                                       Maria Luiza Pinto e Paiva
Pró-reitoria de Planejamento e Administração
                                                   Consultores voluntários e sociosfundadores          Superintendência de Ação Social
Prof. Eduardo Leopoldino de Andrade
                                                   Prof. Dr. Waldenor Barros Moraes Filho              Laura Regina
                                                   Prof. Dr. Luiz Fernando Coelho de Souza
Coordenadoria Geral de Pesquisa
                                                                                                       Coordenação do Concurso Banco Real
Prof.ª Rúbia Carneiro Neves
                                                                                                       Universidade Solidária
                                                                                                       Eloísa Martins
Coordenadoria Geral de Extensão
Prof. Osvaldo Manoel Corrêa

Coordenadora do setor de Relações Internacionais
Prof.ª Astréia Soares Batista

Assessoria de Ensino de Graduação
Prof. Luiz Antônio Melgaço Nunes Branco
                                                   Professora coordenadora:                          Paulo Neves Rodrigues, Rafael Miranda Barbosa, Silvia
                                                   Natacha Rena                                      Alves Ferreira Pio Martins, Rodrigo Franco Mattar
FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA - FEA
                                                   Assistente de coordenação:                        Artesãos
Diretor Geral
                                                   Bruno Elias Gomes de Oliveira                     Adson Luiz Quevedo
Prof. Luiz de Lacerda Júnior
                                                                                                     Adrielle Silva
                                                   Técnicos:                                         Etelvina Xavier de Almeida
Diretor de Ensino
                                                   Éder Jorge Almeida                                Eva Souza
Prof. Lúcio Flávio Nunes Moreira
                                                   Éder Peixoto                                      Fátima Rodrigues Frois
                                                   Emanuel Lucas Ferreira Ribeiro                    Maria do Carmo da Rocha
Diretor Administrativo Financeiro
                                                   Maria Crisóstomo Ramos                            Maria Elizabeth
Prof. Fernando Antônio Lopes Reis
                                                   Maria Inês Rios                                   Marianne Souza Stoklasa
                                                   Cláudia Aparecida Teixeira                        Marilene Porto Santos
Coordenador do setor editorial FEA-FUMEC
                                                                                                     Shirley Maria Araújo
Prof. Antônio Pertence Júnior
                                                   Estudantes:                                       Suzana Marília dos Anjos Oliveira
                                                   Alessandra Luísa Teixeira Santos, André Santos
Coordenadora Geral do Curso de Design
                                                   de Oliveira, Ana C. Bahia, Aruan Mattos, Bruno    Parceiros do projeto ASAS:
Prof.ª Ângela Souza Lima
                                                   Elias Gomes de Oliveira, Carolina Medeiros,       Universidade FUMEC
                                                   Cristiana Santos, Fernanda Hott, Julia de Assis   Raiz da Terra
Coordenadores por Habilitação
                                                   Barbosa Soares, Juliana Augusta de Lima Rocha,    Loja Grampo
D.Gráfico | Prof. Guilherme Guazzi Rodrigues
                                                   Larissa Oliveira Duarte, Maria Lina Ceschim,      Quina Galeria
D.Interiores | Prof.ª Maria Fernanda Loureiro
                                                   Nayara Rodrigues Santos, Larissa Duarte, Lilian   Café com Letras
D.Produto | Prof. Eliseu de Rezende Santos
                                                   Gustini, Lorena Marinho, Marcela Amorim Torres,   Escola Municipal Padre Guilherme Peters
D.Moda | Prof.ª Gabriela Maria Torres
PROJETO CATÁLOGO TERRITÓRIOS AGLOMERADOS

T327                                                                          Coordenação
Territórios aglomerados / Organizadora Natacha Rena. Belo Horizonte:          Prof.ª Juliana Pontes Ribeiro
Ed. FUMEC - Faculdade de Engenharia e Arquitetura, 2010.
                                                                              Direção de arte
144 p.: il. (fotografias e grafismos).                                        Ana C. Bahia
Vários autores.                                                               Prof.ª Juliana Pontes Ribeiro
                                                                              Prof.ª Natacha Rena

ISBN 978-85-61258-12-2.                                                       Design/Projeto gráfico
                                                                              Ana C. Bahia
1. Design social. 2. Artesanato urbano. 3. Tecnologia social. 4. Artesanato
solidário. 5. Criação colaborativa. I. Rena, Natacha. II. Título.             Fotografias
                                                                              Ana C. Bahia
CDD: 745                                                                      Juliana Augusta
CDU: 745.2                                                                    Silvia Pio
                                                                              Bruno Oliveira
Informação bibliográfica conforme a NBR 6023:2002 da Associação               Nayana Rodrigues
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT):                                         Júlia de Assis

RENA, Natacha (Org.). Territórios aglomerados. Belo Horizonte: Ed.            Revisão de textos
FUMEC - Faculdade de Engenharia e Arquitetura, 2010. 144 p.: il. ISBN         Maria Clara Xavier
978-85-61258-12-2.
                                                                              Tradução
                                                                              Laura Torres
sumário
01 apresentação p.12
01 presentation p.116
02 instituições parceiras p. 26
03 design e inclusão social p. 36
04 oficinas de capacitação p.78
05 desdobramentos p.96
06 depoimentos p.110
anexo coleção territórios
01
apresentação
Histórico
Territórios aglomerados: design e extensão universitária
                                                                                                                        Natacha Rena || Bruno Oliveira                                             É isso, uma teoria é exatamente como uma caixa de ferramentas. Nada tem a ver com o signifi-
                                                                                                                        Natacha Rena          é graduada em Arquitetura e Urbanismo                cante. É preciso que sirva, é preciso que funcione. (DELEUZE, 2006, p. 267)
                                                                                                                        pela EAUFMG, mestre em Arquitetura pela EAUFMG e Doutora em
                                                                                                                        Comunicação e Semiótica pela PUC SP. Coordenadora de projetos
                                                                                                                                                                                                   Acreditando-se na relação essencial entre ensino, pesquisa e extensão, e na importância
                                                                                                                        especiais da COMUNA S.A. e de projetos socioambientais do JA.CA.
                                                                                                                        Professora dos cursos de Design e Arquitetura da Universidade
                                                                                                                                                                                                   do envolvimento das universidades com comunidades com alto índice de vulnerabilidade
                                                                                                                        FUMEC e da EAUFMG. Coordenadora do programa ASAS que                       social é que demos início em 2003 a uma série de trabalhos com abordagens mais críticas e
                                                                                                                        engloba três projetos de extensão e um de pesquisa.                        políticas do design e da arte. O primeiro trabalho desenvolvido foi o projeto interdisciplinar
                                                                                                                        natacharena@gmail.com                                                      de pesquisa Táticas de Sobrevivência, que baseou-se em um vasto levantamento de inventos
                                                                                                                                                                                                   — resultados das táticas e estratégias de sobrevivência — dos moradores da Vila Ponta Porã,
                                                                                                                        Bruno Oliveira é graduado em Ciência da Computação pela
                                                                                                                        FUMEC e graduando do curso de Artes Plásticas (UEMG).                      favela pertencente à região central da cidade de Belo Horizonte. Construímos um catálogo de
                                                                                                                        brunogomesoliveira@gmail.com                                               objetos e produtos do cotidiano que revelaram o enorme potencial criativo do cidadão comum,
                                                                                                                                                                                                   principalmente quando exposto a situações de precariedade econômica. A intenção foi traçar
      Introdução                                                                                                                                                                                   uma microcartografia de pequenas táticas de sobrevivência no cotidiano de “homens comuns
                                                                                                                                                                                                   e sem qualidades”: documentou-se as formas particulares de habitar e sobreviver desses
                                                                                                                                                                                                   moradores, que constroem um universo mágico de “gambiarras” produzindo artefatos que
              O Artesanato Solidário no Aglomerado da Serra (ASAS) é uma iniciativa da Universidade                                                                                                esbarram nos limites da arte e do design.
              FUMEC (Belo Horizonte/MG) iniciada em 2007 sob a coordenação da professora Natacha Rena.
              Por intermédio do desenvolvimento de projetos nas áreas de ensino, pesquisa e extensão, a                                                                                            Os trabalhos envolvendo capacitação em artesanato e design tiveram início em 2005 com
              equipe de professores, técnicos, alunos e voluntários do ASAS busca consolidar tecnologias                                                                                           o projeto de extensão intitulado Sempre Savassi, que, com a parceria de instituições como
              sociais reaplicáveis de geração de renda que atuem em uma perspectiva contemporânea da                                                                                               CDL e SEBRAE, envolveu diversas comunidades de artesãos. Durante a elaboração de uma
              intersecção entre design e artesanato urbano.                                                                                                                                        metodologia adequada para realização desse projeto, surgiu a demanda do desenvolvimento
                                                                                                                                                                                                   de uma pesquisa conceitual mais consistente sobre questões como artesanato e suas relações
                                                                                          Este catálogo apresenta as atividades da equipe no projeto ASAS_                                         com a arte e o design. Essa investigação resultou na criação do conceito de Artesanato Urbano,
                                                                                          aglomeradas durante os anos de 2009 e 2010.1 Ao todo, mais de 60 alunos                                  visando classificar os produtos que seriam elaborados pelos beneficiários.
            documentadas em outro livro: RIBEIRO, Juliana Pontes; RENA, Natacha (Org.).




                                                                                          das quatro habilitações do curso de Design (Gráfico, Interiores, Moda e
            ASAS: Artesanato Solidário no Aglomerado da Serra. Belo Horizonte: Editora




                                                                                                                                                                                                                                                      No ano de 2006 foi realizado o projeto Artesanato Solidário no Barreiro. A
            As atividades relacionadas ao projeto ASAS nos anos de 2007 e 2008 estão




                                                                                          Produto) participaram do projeto como bolsistas ou voluntários, auxiliando
            Faculdade de Engenharia e Arquitetura FEA-Universidade FUMEC, 2009.




                                                                                          na capacitação técnica e criativa dos artesãos moradores do Aglomerado                                                                                      capacitação em artesanato e design foi voltada para grupos de terceira idade,
                                                                                          da Serra em costura, bordado, imagem e movimento, encadernação e                                                                                            no intuito de promover a melhoria da qualidade dos produtos artesanais já




                                                                                                                                                                                                Editora Faculdade de Engenharia e Arquitetura FEA –
                                                                                          estamparia. Em paralelo ao desenvolvimento e execução de tais oficinas,                                                                                     desenvolvidos pelos núcleos produtivos existentes na região do Barreiro. A partir




                                                                                                                                                                                                RENA, Natacha (org). Coleção 9 + 1. Belo Horizonte:
                                                                                          os alunos elaboraram os artigos acadêmicos apresentados neste catálogo,                                                                                     da proposta de criação de uma coleção de almofadas e, contando com diversas
                                                                                                                                                                                            2                                                         instituições parceiras (Prefeitura Municipal de Belo Horizonte; UNITEC— Nova
                                                                                          visando consolidar a interface das iniciativas de ensino, pesquisa e extensão
                                                                                          envolvidas pelo ASAS. Também serão encontrados relatos das atividades                                                                                       Zelândia; ASTIB — Associação da Terceira Idade do Barreiro; entre outros), um
                                                                                          realizadas durante o processo de capacitação, assim como outras ações                                                                                       plano de capacitação com aulas, palestras, visitas técnicas e oficinas foi oferecido
        1                                                                                                                                                                                                                                             para aproximadamente 30 beneficiárias. Ao final da capacitação foi lançado um
                                                                                          desenvolvidas, como as exposições (Grampo e Quina Galeria), mostras
                                                                                          (Mostra de Design do Café com Letras), gravação de documentário (Televisão                                                                                  catálogo do projeto contendo a metodologia e as almofadas desenvolvidas.2
                                                                                          da América Latina), entre outras. Ao final deste catálogo apresentamos




                                                                                                                                                                                                Universidade FUMEC, 2008.
                                                                                          uma documentação com descrições detalhadas dos produtos da mais recente                                                                                     A equipe também participou, em janeiro e julho de 2007, de expedições do
                                                                                          coleção desenvolvida pelo projeto: TERRITÓRIOS (2009).                                                                                                      projeto RONDON, realizado pelo Ministério da Defesa. Por meio de diversas
                                                                                                                                                                                                                                                      ações nas cidades de Assis Brasil e Jequitaí, buscou-se desenvolver um
                                                                                          É importante ressaltar que a parceria com o programa Universidade                                                                                           processo de capacitação em artesanato como forma de geração de renda
                                                                                          Solidária (UNISOL) e com o Banco Real/Santander nos anos de 2008 e 2009,                                                                                    para as comunidades, utilizando-se de metodologia específica para ação de
                                                                                          possibilitou um grande avanço nas ações desenvolvidas, não somente por                                                                                      transformação dos processos produtivos em curto prazo. A força expressiva dos
                                                                                          meio do auxílio financeiro, mas também através do aprendizado de uma                                                                                        produtos foi resultado de um trabalho que revelou tanto as singularidades de cada
                                                                                          metodologia específica para geração de tecnologia social e avaliação de                                                                                     um dos artesãos quanto a contaminação mútua de um intenso trabalho coletivo.
                                                                                          projetos, com foco na geração de renda e empoderamento de comunidades.

14                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                      15
técnico e criativo dos beneficiários, assim como oficinas que visem
                                                                                                                                                                                                           o estabelecimento de um processo integrado e sustentável de
                                                                                                                                                                                                           planejamento, gestão e produção de objetos com alto valor agregado
                                                                                                                                                                                                           entre os três núcleos. A equipe do ASAS se tornou verdadeiramente
                                                                                                                                                                                                           multidisciplinar e conta com alunos e professores dos cursos de
                                                                                                                                                                                                           Design de Interiores, Design de Moda, Design Gráfico, Arquitetura,
Com o apoio da Universidade FUMEC e da FUNADESP, também foi desenvolvida, em 2007, a pesquisa
                                                                                                                                                                                                           Engenharia Ambiental, Psicologia, Administração e Ciências Contábeis,
de iniciação científica Artesanato Urbano, com o qual pôde-se mapear alguns importantes projetos de
                                                                                                                                                                                                           o que garante uma maior diversidade de ações como também um
capacitação em artesanato e design no Brasil. O objetivo principal foi analisar os projetos da forma mais
                                                                                                                                                                                                           aprendizado mais rico e colaborativo.
completa, desde a concepção metodológica e o plano de sustentabilidade das ações e produtos, passando
pelos resultados da capacitação (produtos), até a etapa de inserção dos grupos produtivos no mercado,
                                                                                                                                                                                                           Além disto, iniciou-se também em 2010 a pesquisa Desenvolvimento
buscando verificar a eficácia da atuação dos designers junto às comunidades de artesãos e entender até que
                                                                                                                                                                                                           de Tecnologia Social para realização de projetos de capacitação em
ponto os projetos empoderavam realmente seus beneficiários.
                                                                                                                                                                                                           artesanato e design tendo o projeto ASAS_aglomeradas como estudo
                                                                                                                                                                                                           de caso. Esta pesquisa pretende avaliar a metodologia utilizada nos
Além da atuação em pesquisa e extensão, durante este processo de constituição de projetos, surgiu uma
                                                                                                                                                                                                           projetos de capacitação, principalmente no ASAS_aglomeradas, para
forte demanda por parte dos alunos da graduação por uma disciplina que pudesse oferecer um instrumental
                                                                                                                                                                                                           que se possa criar diretrizes para novos projetos. O objetivo desta
teórico contendo uma abordagem crítica na construção de projetos e desenvolvimento de projetos nesta área.
                                                                                                                                                                                                           pesquisa é investigar o processo criativo, coletivo e colaborativo
Criou-se então a disciplina optativa Artesanato e design — visando instigar a reflexão teórica sobre a relação
                                                                                                                                                                                                           desenvolvido, e parte da hipótese de que é possível identificar e listar
entre design, artesanato e arte, construindo um panorama atualizado sobre as principais ações brasileiras
                                                                                                                                                                                                           características e procedimentos que contribuam positivamente para
relevantes neste campo. Também tem sido objetivo desta disciplina preparar o aluno de design para que ele
                                                                                                                                                                                                           capacitar e formar multiplicadores do conhecimento adquirido.
possa se tornar um profissional com potencial ativo para atuar em programas de capacitação em artesanato e
em projetos de gestão cultural com caráter social.
                                                                                                                                                      Princípios
                       Também durante o ano de 2007 iniciaram-se as atividades do projeto ASAS_
                       aglomeradas. Como reconhecimento do trabalho e das metodologias de
                       reposicionamento social desenvolvidas através de programas de ensino, pesquisa                                                                          (...) nos últimos três séculos a palavra “artesanal” teve seu sentido modificado; no século
                       e extensão na Universidade FUMEC, o projeto ASAS ficou entre os dez premiados                                                                           XVIII era, mais do que um modo particular de construir coisas, uma maneira de conduzi-las,
                       dos 212 inscritos no concurso Banco Real Universidade Solidária, com o tema                                                                             especialmente na política. Em alguns de seus empregos (...) a expressão “a arte” tem (e mantém
                       Desenvolvimento Sustentável com ênfase em Geração de Renda. O prêmio de 40 mil                                                                          ainda) o significado de poder e conhecimento secreto. (DORMER, 1997, p.5, tradução nossa).3
                       reais foi um incentivo para a implementação do plano de capacitação ao longo de
                       um ano. No ano de 2009, a parceria foi renovada e o projeto ASAS recebeu mais R$ 40                                                                                    Acredita-se que o artesanato é uma atividade com um elevado potencial no conjunto
                       mil para complementar as atividades e adquirir novos equipamentos para a oficina                                                                                       de ações que incentivam a elaboração de políticas para geração de renda e inclusão
                       de estamparia construída no Aglomerado da Serra. Um primeiro catálogo indexado                                                                                         social. O design, aliado ao artesanato, pode estabelecer-se como eixo estratégico




                                                                                                                     applications, (...) the phrase ‘the craft’ had (and still retains) the
                       foi lançado contendo artigos dos professores envolvidos, assim como a metodologia                                                                                      no desenvolvimento dos territórios, empoderando comunidades em estado de




                                                                                                                     (...) in the last three centuries, the word ‘craft’ has changed its

                                                                                                                     but rather a way of doing things, especially in politics. In some

                                                                                                                     meaning of power and secret knowledge. (DORMER, 1997, p.5)
                       utilizada no projeto, depoimento dos alunos, funcionários e dos artesãos capacitados,




                                                                                                                     meaning; in the eighteenth particular way of making things
                                                                                                                                                                                              vulnerabilidade social e promovendo sua autonomia criativa e de gestão. Agenciar
                       além dos produtos da primeira coleção desenvolvida.                                                                                                                    novas produções colaborativas de artesanato em locais onde não havia uma cultura
                                                                                                                                                                                              de técnicas de criação e de produção artesanal foi, e continua sendo, um dos grandes
                       Atualmente o ASAS se tornou uma rede criativa e produtiva no Aglomerado da Serra                                                                                       desafios deste projeto. Utilizando-se um conceito amplo de Design Social, inserido
                       e possui três projetos em andamento: o ASAS_aglomeradas, iniciado em 2007, que                                                                                         no raciocínio do conceito de Tecnologia Social, desenvolveu-se uma metodologia
                       possui uma oficina completa de estamparia e uma equipe de artesãos capacitados                                                                                         de criação que incitasse o trabalho coletivo e colaborativo, articulando processos
                       em estamparia, encadernação e costura; o ASAS_meninas do cafezal, iniciado no                                                                                          inovadores que resultassem na construção de objetos contendo fortes características
                       segundo semestre de 2010, que é um dos núcleos produtivos da rede que foca no             3                                                                            locais. O incentivo à elaboração de produtos com alto valor agregado surge em paralelo
                       desenvolvimento de peças de moda à partir de modelagem, costura e bordado                                                                                              com o crescimento de um mercado de consumo responsável, que valoriza cada vez mais
                       experimentais, além de possuir um núcleo de produção gráfica e outro de modelo                                                                                         produtos com propostas estéticas contemporâneas alinhadas às tendências do universo
                       e produção de moda; o ASAS_serra de bambu que possui artesãos capacitados                                                                                              do design sustentável e, ao mesmo tempo, produzido por comunidades de artesãos locais.
                       no plantio e manejo do bambu, bem como na construção de móveis e produtos
                       à partir do bambu “in natura”. No segundo semestre de 2010 iniciou-se um novo                                                                                          Acredita-se que os processos de criação, quando bem estruturados, possam incentivar
                       ciclo de capacitação para efetivar a criação de uma rede produtiva englobando os                                                                                       a coletividade, possibilitando a união dos grupos e a capacidade de trabalho
                       três projetos. Acredita-se que esta nova configuração irá dar mais visibilidade às                                                                                     colaborativo. Sabe-se que em comunidades muito vulneráveis socialmente é bastante
                       ações e ampliar o mercado e o valor agregado dos produtos desenvolvidos, além                                                                                          difícil desenvolver um trabalho de integração devido às diferenças sociais vigentes.
                       da diversificação das peças e do aumento do número de artesãos envolvidos. O                                                                                           Como não existem metodologias publicadas e conhecidas de procedimentos coletivos e
                       ASAS pretende realizar atividades de capacitação voltadas para o empoderamento                                                                                         colaborativos em design e artesanato, pensa-se que é papel da universidade registrar,
                                                                                                                                                                                              organizar, analisar e desenvolver informações que possam construir novas tecnologias
16                                                                                                                                                                                            sociais que auxiliem em projetos envolvendo design e geração de renda.
Por fim, acredita-se que seja necessário introduzir outras formas de lidar com o design que possibilitem                                                                                                                                                                         O projeto Vila Viva da Prefeitura de Belo Horizonte, considerado um dos maiores
novos parâmetros para a consolidação da produção de um campo expandido para esta disciplina, para além                                                                                                                                                                           projetos de urbanização de favelas do país no momento, se propõe a urbanizar o
do tecnicismo e do mercado de produção em massa, incentivando um desenvolvimento contaminado pelo                                                                                                                                                                                conjunto de vilas, ligando diretamente, através de grandes vias asfaltadas, duas




                                                                                                                                                                                                                      planejados e se instalam em quarteirões inteiros
                                                                                                                                                                                                                      O projeto Vila Viva nem terminou e já é possível

                                                                                                                                                                                                                      Conjuntos residenciais de altissimo luxo já são
cotidiano, pela arte, pela arquitetura, pelo urbanismo, e que possa existir de uma maneira mais social e                                                                                                                                                                         regiões da cidade. Mesmo que haja um investimento na melhoria das condições




                                                                                                                                                                                                                      assitir à gentrificação do contexto imediato.



                                                                                                                                                                                                                      nas proximidades do Aglomerado da Serra.
política, criando um ambiente para a existência de um design mais engajado e militante:                                                                                                                                                                                          de vida da população local e na sua inserção definitiva no cenário urbano formal,
                                                                                                                                                                                                                                                                                 seria preciso repensar a real questão que impossibilita com que muitos moradores
                                                                          A militância atual é uma atividade positiva, construtiva e inovadora. Esta é a forma pela qual                                                                                                         do lugar não tenham acesso ao mercado de trabalho. A educação para todos e a
                                                                          nós e todos aqueles que se revoltam contra o domínio do capital nos reconhecemos como                                                                                                                  capacitação profissional deveriam ser a base de qualquer projeto de inclusão social.
                                                                          militantes. Militantes resistem criativamente ao comando imperial. Em outras palavras, a                                                6                                                              Simplesmente oferecer melhores condições de habitabilidade (o que é inclusive
                                                                          resistência está imediatamente ligada ao investimento constitutivo no reino biopolítico e à                                                                                                            bastante questionável quando se vê o tipo de moradia que a prefeitura oferece aos
                                                                          formação de aparatos cooperativos de produção e comunidade. Eis a grande novidade da                                                                                                                   moradores deslocados de suas residências originais 6) não gera espontaneamente
                                                                          militância atual: ela repete as virtudes da ação insurrecional de duzentos anos de experiência                                                                                                         novas condições de trabalho e dinâmicas sociais mais justas. A região onde
                                                                          subversiva, mas ao mesmo tempo está ligada a um novo mundo, um mundo que não conhece                                                                                                                   se encontra a Escola Municipal Padre Guilherme Peters, é bastante afastada
                                                                          nada do lado de fora. Ela só conhece o lado de dentro, uma participação vital invevitável no                                                                                                           dos principais pontos de urbanização, determinando indiretamente um menor
                                                                          conjunto de estruturas sociais, sem possibilidade de transcendê-las. Esse lado de dentro é a                                                                                                           investimento na escola e em obras na sua adjacência. Esta situação acaba por gerar
                                                                          cooperação produtiva da intelectualidade das massas e das redes afetivas, a produtividade da                                                                                                           um desnível de oportunidades dentro do próprio aglomerado, acentuando ainda
                                                                          biopolítica pós-moderna. Essa militância faz da resistência um contrapoder e da rebelião um                                                                                                            mais as questões ligadas ao desemprego, violência e exclusão social.
                                                                          projeto de amor. (HARDT & NEGRI, 2001, p. 436)
                                                                                                                                                                                                                                       O Aglomerado da Serra possui uma grande dimensão 7, o que dificulta ações eficazes em todo
                                                                                                                                                                                                                                       o seu território de combate aos diversos focos de violência e de disputas territoriais de grupos
                                                                                                                                                                                                                                       ligados ao tráfico de drogas. A ênfase da proposta em escolas municipais, começando com
O local e a comunidade                                                                                                                                                                                                                 um projeto piloto em uma escola específica, propõe a ação em um campo fértil, o dos jovens
                                                                                                                                                                                                                                                                     em formação. A falta de infraestrutura, recursos materiais e
                                                                                                                                                                                                                                                                     capital humano nas escolas municipais são ainda um grande
                                                                             Os favelados, embora sejam apenas 6% da população urbana dos países desenvolvidos,




                                                                                                                                                                                                                                          Desenvolvimento Social, 45.920 pessoas e, segundo
                                                                                                                                                                                                                                                                     empecilho para que essas unidades sustentem projetos de inserção
                                                                             constituem espantosos 78,2% dos habitantes urbanos dos países menos desenvolvidos; isto                                                                                                 econômica e capacitação profissional adequados à realidade




                                                                                                                                                                                                                                          O aglomerado possuía em 1999, segundo dados

                                                                                                                                                                                                                                          37.641 habitantes, mas segundo a Secretaria de

                                                                                                                                                                                                                                          o jornal Estado de Minas, 160.000 habitantes.
                                                                             corresponde a pelos menos um terço da população urbana global. (DAVIS, 2006, p. 34)                                                                                                     social e às demandas do mercado de consumo e serviços hoje, e




                                                                                                                                                                                                                                          da URBEL, uma população total por volta de
          Rua Coronel Jorge Dário, s/número. CEP 30240-560, Bairro Novo




                                                                                                                                                                                                                                                                     portanto, parcerias com universidades podem auxiliar, e muito, na
                                                                                                                                                                                                                                                                     implementação de projetos de extensão que renda frutos evidentes,
                                                                          O desenvolvimento de projetos socioambientais no Aglomerado da Serra é a proposta de                                                                                                       inclusive à curto prazo.
                                                                          um dos programas de extensão priorizados pela Universidade FUMEC, principalmente pelo
                                                                          fato de estar territorialmente próximo ao campus universitário. Portanto, a escolha do local                                                                                                                           Na última pesquisa para a Prova Brasil o índice socioeconômico
                                                                          para a realização deste projeto faz parte de uma estratégia acadêmica criada pela gestão da                                                                                                                            no aglomerado foi de 1.1 numa escala de 1 a 5. Além disso, outra
                                                                          pesquisa e da extensão em nossa universidade.                                                                                                                                                                          justificativa para a escolha da Escola Municipal Padre Guilherme
                                                                                                                                                                                                                                                                                                 Peters como local de atuação é que essa foi uma das duas escolas
                                                                                                                                                  Dentro da comunidade escolhida, o conjunto de vilas e favelas                                                                                  de mais baixo índice socioeconômico da cidade, revelando uma
                                                                                                                                                  de Belo Horizonte denominado Aglomerado da Serra 4 o foco
                                                                                          cidade de Belo Horizonte, onde também se encontra a
                                                                                          Localizado dentro da região sul da cidade, em um dos




                                                                                                                                                                                                                                   7                                                             enorme necessidade de melhorar a sua infraestrutura e estabelecer
                                                                                          setores residenciais de mais alto poder aquisitivo da




                                                                                                                                                  da ação foi na Escola Municipal Padre Guilherme Peters.5 A                                                                                     parcerias externas que complementem o processo educativo e
          São Lucas, Belo Horizonte.




                                                                                                                                                  escola pertencente à Vila Novo São Lucas tem procurado                                                                                         respondam às demandas que a escola não pode atender sozinha.
                                                                                                                                                  parcerias para que seus alunos possam se apropriar de novos
                                                                                                                                                  conhecimentos e tecnologias que os ajudem a enfrentar novas
                                                                                      4                                                           dinâmicas educacionais e de trabalho. Além de possuir turmas
      5                                                                                                                                           de alunos da Educação Infantil até a nona série do Ensino
                                                                                                                                                  Fundamental, possui também, no turno da noite, turmas
                                                                                                                                                  de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Muitos programas
                                                                                                                                                  parceiros têm aberto novos horizontes para esses alunos, que
                                                                                          Universidade FUMEC.




                                                                                                                                                  em sua maioria estão distantes de exercer uma atividade
                                                                                                                                                  econômica por falta de capacitação específica.




18
Temas abordados durante a capacitação acabaram por contribuir para o
     Objetivos                                                                                                         bom desempenho das atividades de campo, e entre eles se destacaram o
                                                                                                                       desenvolvimento do trabalho coletivo focado em ações colaborativas, culminando
                                                                                                                       em um processo mais organizado e produtivo e também na conscientização dos
          O território, hoje, pode ser formado de lugares contíguos e de lugares em rede. São,                         artesãos e alunos bolsistas da importância deste tipo de dinâmica de trabalho
          todavia, os mesmos lugares que formam redes e que formam o espaço banal. São os                              (tanto no processo criativo e produtivo quanto nos processos de gestão e
          mesmos lugares, os mesmos pontos, mas contendo simultaneamente funcionalizações                              planejamento). Tais temas também reafirmaram a relevância do empoderamento
          diferentes, quiçá divergentes e opostas. Esse acontecer simultâneo tornado possível                          dos beneficiários e dos próprios alunos, obtendo como resultado processos de
          graças aos milagres da ciência, cria novas solidariedades: a possibilidade de um                             pesquisa e criação mais dinâmicos, mais democráticos e também mais inovadores
          acontecer solidário, malgrado todas as formas de diferença, entre pessoas, entre                             sobre a percepção dos territórios subjetivos da favela (cidade informal) e da cidade
          lugares. (SANTOS, 1994, p.16)                                                                                formal como um todo. Estas discussões alimentaram tanto os temas das coleções,
                                                                                                                       como o aprendizado coletivo em relação às formas como nos relacionamos com
                 O objetivo geral do projeto se constrói à partir do desenvolvimento de
                                                                                                                       estes territórios desconhecidos e pouco experimentados por quem mora e vive na
                 tecnologias sociais (TSs) reaplicáveis que, segundo Lassance e Pedreira (2004,
                                                                                                                       cidade formal.
                 p. 66), podem ser definidas como um “conjunto de técnicas e procedimentos,
                 associados a formas de organização coletiva, que representam soluções para
                 a inclusão social e melhoria da qualidade de vida”. Baseadas na intersecção
                 de ensino, pesquisa e extensão em design social e buscando promover              Indicadores e avaliação dos resultados
                 autonomia criativa e produtiva de forma sustentável nas comunidades
                 envolvidas, tais tecnologias consolidam a metodologia do projeto e incitam
                 discussões que subsidiam políticas acadêmicas para uma prática atrelada                  Para finalizar seria fundamental falar um pouco de como os indicadores de avaliação
                 à necessidade de um real empoderamento dos beneficiários. Além disto,                    constituem um aspecto muito importante na constituição da metodologia do ASAS. Esses
                 demandam um grande número de alunos capacitados para atuar de forma                      fizeram parte constantemente da relação estabelecida com a equipe do UNISOL/SANTANDER
                 mais colaborativa e menos autoral, proporcionando uma mudança de                         durante o acompanhamento das ações do projeto ASAS_aglomeradas nos anos de 2008 e
                 paradigma no meio acadêmico.                                                             2009. Incorporados de forma definitiva ao cronograma de atividades, a elaboração continuada
                                                                                                          dos indicadores enquanto parâmetro de avaliação de processos e resultados se tornou uma
                 Existe uma enorme necessidade de desenvolvimento de parâmetros                           ferramenta crucial para o direcionamento das propostas de atuação, embasando as decisões e
                 teóricos que possam nortear as ações no sentido de valorizar, para além                  comprovando a eficácia ou não de tais procedimentos.
                 do empoderamento econômico por si só, a identidade cultural de grupos
                 e comunidades locais, promovendo a melhoria da qualidade de vida das                     Entre os principais indicadores do ASAS encontra-se a autonomia dos beneficiários e alunos,
                 pessoas envolvidas, assim como potencializando a construção de uma                       promovida através de ações que visam a consolidação dos grupos de forma coletiva e
                 identidade cultural compatível com o território e a época em que se produz               colaborativa. A autonomia dos beneficiários em relação à criação, produção e contato com
                 o artefato. Agregar valor aos produtos através da coleta de informações que              clientes e fornecedores se faz tão importante quanto a formação de uma equipe executora de
                 nutram a criação de iconografias, que revelem nos produtos a localidade e a              alunos pró-ativos e dispostos a se apropriar das estruturas e práticas do projeto ASAS. A partir
                 cultura de comunidades específicas faz parte do eixo metodológico adotado.               da valorização das potencialidades individuais, propõe-se constituir grupos múltiplos que se
                 Para que isto aconteça, ao longo de todo o processo, realizamos pesquisas                fortaleçam por meio do desdobramento dos conhecimentos adquiridos e da autoria coletiva da
                 sobre design, artesanato, arte contemporânea e outras manifestações de                   produção.
                 capacitação em artesanato e design que apresentem como parâmetros da
                 produção nacional e internacional e possam auxiliar nas metodologias de                  Outros indicadores também relevantes durante o desenvolvimento do projeto são a melhoria da
                 criação e desenvolvimento de produtos.                                                   qualidade de vida dos beneficiários diretos (participantes das oficinas) e indiretos (familiares,
                                                                                                          amigos e demais membros da comunidade), tendo como referência: qualidade dos produtos
                 Como estes processos de capacitação que envolvem aulas teóricas                          desenvolvidos (avaliação dos lojistas e dos próprios beneficiários em relação ao acabamento
                 intercaladas com oficinas criativas e técnicas são frutos de intensas                    e ao produto como um todo); a ampliação do repertório e o olhar crítico sobre a criação;
                 pesquisas, realizam-se textos para publicação indexada, nos quais os alunos              divulgação do projeto; e, finalmente, a consolidação de novas parcerias que viabilizem a
                 são incentivados a pensar e pesquisar temas importantes para o universo do               continuidade dos processos de capacitação.
                 design contemporâneo e, principalmente, que envolvam a produção deste
                 outro design, que transcenda o raciocínio positivista e industrial vigente na
                 academia e que se encontre na interface com parâmetros de responsabilidade
                 social através do estabelecimento de vínculos com a comunidade, conectando
                 de forma intensa as atividades de ensino, pesquisa e extensão.
20                                                                                                                                                                                                       21
A equipe executora do projeto se pautou constantemente pelo incentivo em
                                                                                                                                       ações colaborativas como possibilidade de trabalho, através de metodologias
                                                                                                                                       que incentivassem a autoria coletiva dos produtos. Percebeu-se que, de maneira
                                                                                                                                       indireta, estas práticas colaborativas reforçam a ideia de grupo reafirmando
Metodologia                                                                                                                            uma identidade local, que, mesmo sendo híbrida e multifacetada, auxilia na
                                                                                                                                       consolidação de uma equipe criativa e produtiva mais coesa. A partir da utilização
                                                                                                                                       de tais metodologias experimentais, ficou clara a importância da construção de
            Essa definição que busca o desenvolvimento sustentável opõe-se ao modelo de desenvolvimento                                novas estratégias de invenção para serem realizadas em projetos de capacitação
            dominante, que promove a fusão de empresas, a concentração do capital e da renda, o aumento da                             em artesanato e design, tanto para o grupo de alunos (que precisam trabalhar
            desigualdade social, a exclusão social, a segregação urbana, (...). Mesmo nas épocas em que houve                          coletivamente e pensar nas estratégias de ação do projeto como um todo),
            crescimento, não se reduziu a desigualdade. (...) queremos um desenvolvimento que beneficie a                              quanto para o grupo de beneficiários (que precisam entender a necessidade e a
            grande maioria da população; queremos um desenvolvimento com distribuição de renda; queremos                               potencialidade que o trabalho coletivo pode trazer para a iniciativa).
            um desenvolvimento que seja um projeto identificado com as aspirações da população e sustentado
            por ela. (BAVA, 2004, p. 110)8

            O processo de capacitação da equipe constitui parte fundamental da metodologia e se faz em um
            processo continuado que ocorre durante todo o período do projeto. Durante as reuniões semanais,
                             as discussões propostas envolvem, além de questões relacionadas aos problemas
                             cotidianos, o embasamento teórico da proposta e a contextualização das ações        Conclusão
                             realizadas pelo projeto. A troca de experiências, informações e referências
         desenvolvimento. Fundação Banco do Brasil, Rio de Janeiro, 2004.




                             durante estes processos consolidam os parâmetros das ações (de ensino, de
         políticas públicas” In: Tecnologia social – uma estratégia para o
         LASSANCE JÚNIOR, A. E.; PEDREIRA, J. S. “Tecnologias sociais e




                             construção da coletividade, da proposição de maneiras de gestão do grupo na
                             favela, dos eventos realizados, etc.), viabilizando o estabelecimento de relações        Por fim, acredita-se que seja necessário inventar outras formas de lidar com o design que
                             e propostas diferenciadas. A coordenação, no entanto, precisa ter consciência            possibilitem novos parâmetros para a consolidação da produção de um campo expandido
                             de seus limites, observando quando é necessário agir firmemente e quando                 para esta disciplina, para além do tecnicismo e do mercado de produção em massa,
                             deixar que os alunos, junto à comunidade, tomem decisões e direções nas                  incentivando um desenvolvimento contaminado pelo cotidiano, pela arte, pela arquitetura,
                             atividades. Este é um limite tênue e extremamente difícil de ser atingido pelo           pelo urbanismo, e que possa existir de uma maneira mais social e política.
                             professor, porque devido ao sistema convencional de ensino no qual a maioria
                             dos participantes foi formado, há, em geral, uma relação forte de hierarquia e           Um dos pontos importantes a se compreender é que, em projetos sociais desta natureza, os
                             centralização por parte da coordenação. Tendo a coordenação assumido este                discursos idealistas e utópicos, mesmo que muito bem intencionados, são extremamente
                             posto de supervisão e orientação do processo, permitindo um maior engajamento            difíceis de serem realizados. É preciso coragem e perserverança porque a complexidade
                             e autonomia dos alunos, estes últimos podem então participar mais diretamente            do encontro entre vidas com dinâmicas cotidianas tão diversas está presente em todos
                             da capacitação dos artesãos na favela, propondo direcionamentos e delineando             os momentos do trabalho. Mesmo que seja fundamental pensar um projeto (ideal) com
                             estratégias para o próprio projeto. Desta forma, consegue-se compor um grupo             diagnóstico, objetivos, metodologia, cronograma, não há garantia alguma de resultados
                             de alunos presente e atuante, destacando-se por iniciativas responsáveis e               eficazes a curto prazo. O inesperado é uma constante, sendo assim necessário que haja
                             eficazes para o avanço do trabalho em direção aos objetivos propostos.                   uma flexibilidade enorme nas ações e uma compreensão da necessidade de se reinventar
                                                                                                                      os processos lidando constantemente com frustrações, e criando novas situações para as
     8
                              Ressalta-se aqui que, para capacitar alunos de design para trabalhar nesta              novas realidades que se apresentam.
                              interface com artesanato, é necessário rever a maneira na qual o estudante de
                              design é incentivado durante o tempo todo na academia a possuir um trabalho             Para finalizar, pretende-se dizer que em casos de projetos de extensão universitária,
                              autoral. Esta ideia precisa ser diluída em projetos com foco em criação e gestão        nos quais quase sempre existe uma relação cotidiana com uma comunidade em
                              colaborativa para que os alunos compreendam na prática as dificuldades de se            estado de vulnerabilidade social, é preciso estar atento a todo momento ao perigo
            trabalhar com o outro nestes processos que visam o desenvolvimento de estratégias de negociação           do estabelecimento de relações de poder entre os alunos e professores universitários
            e troca de conhecimento. É, para a maioria dos alunos que entram no grupo, uma novidade e um              (designers) e os artesãos da comunidade. É necessário entender que o trabalho envolvendo
            desafio ter como objetivo aprender com o outro, trocar experiências, negociar procedimentos para          realidades sociais díspares deve estabelecer um ambiente de troca de experiências de
            que possam surgir produtos que sejam realmente consequência de uma subjetividade coletiva, já             vida e de conhecimento. Acredita-se na potência de invenção latente nas relações geradas
            que esta só se produz no embate cotidiano de ideias entre pessoas com origem social, cultural e           pela fricção entre o erudito e o conhecimento popular. Muitos resultados positivos do ponto
            econômica tão diversas.                                                                                   de vista coletivo, social e pessoal, são difíceis de mensurar, mas precisam também serem
                                                                                                                      mapeados e agregados aos resultados qualitativos positivos dos projetos.




22                                                                                                                                                                                                                     23
Belo Horizonte, estabelecimentos comerciais como a loja Grampo, a galeria Quina ou o Café com Letras,
                                                                                                 ou confecções de moda como a Raíz da Terra, além dos alunos, professores, membros da comunidade
                                                                                                 envolvidos, todos ganham neste processo de troca que deve ser equilibrado, gerando benefícios a todos, não
                                                                                                 num sentido capitalista exclusivamente do termo, mas num sentido mais amplo, que engloba a generosidade
                                                                                                 e a solidariedade humana dentro de um movimento de tradução, invenção e formulação de tecnologia
                                                                                                 social. Pretende-se gerar, através do encontro de instituições, profissionais e pessoas de realidades sociais e
                                                                                                 culturais diversas, atos que se dão como biopotência, que resiste aos mecanismos do biopoder estabelecido
                                                                                                 pelas relações perversas do capital contemporâneo, mesmo que como no caso do ASAS envolvendo parceiros
                                                                                                 que são evidentes representantes do capital, desde que todos ganhem com isto. Uma nova forma de
                                                                                                 militância criativa, um outro design.

                                                                                                                       Todos e qualquer um inventam, na densidade social da cidade, na conversa, nos costu-
                                                                                                                       mes, no lazer — novos desejos e novas crenças, novas associações e novas formas de
                                                                                                                       cooperação. (…) Todos e qualquer um, e não apenas os trabalhadores inseridos numa
                                                                                                                       relação assalariada, detêm a força-invenção, cada cérebro-corpo é fonte de valor, cada
                                                                                                                       parte da rede pode tornar-se vetor de valorização e de autovalorização. Assim, o que vem
                                                                                                                       à tona com cada vez maior clareza é a biopotência do coletivo e a riqueza biopolítica da
                                                                                                                       multidão. (PELBART, P. P., 2003, p.139)
O objetivo essencial deste tipo de projeto realizado pelo ASAS é também estabelecer uma
rede de trocas desierarquizada e compreender que todos aprendem e ampliam os seus
horizontes ao longo destas experiências. Nestes projetos de extensão, a consciência da
atuação política deve ser evocada a todo momento para que a construção das tecnologias
sociais não aconteçam de forma consciente apenas no nível técnico e burocrático, que é
um risco evidente dentro das estruturas acadêmicas.
                                                                                                 REFERêNCIAS BIBLIOGRáFICAS
Alguns movimentos, iniciativas e campanhas reúnem-se em torno do princípio da igual-
dade, outros em torno do princípio da diferença. A teoria da tradução é o procedimento que       BAVA, Silvio Caccia. Tecnologia Social e Desenvolvimento Social. In: Tecnologia social: uma estratégia
possibilita a sua mutual inteligibilidade. Tornar mutuamente inteligível significa identificar   para o desenvolvimento. Fundação Banco do Brasil, Rio de Janeiro, 2004.
o que une e é comum a entidades que estão separadas pelas suas diferenças recíprocas.
(SANTOS, B. S., 2006, p.198)                                                                     DAVIS, Mike. Planeta Favela. São Paulo: Boitempo, 2007.

Segundo Boaventura de Souza Santos, a construção do cosmopolitismo, que se assenta               DELEUZE, Gilles. A ilha deserta. São Paulo: Iluminuras, 2006.
no procedimento de tradução, requer uma inteligibilidade mutual que é pré-requisito
do que o autor chamaria “a mistura, autorreflexiva e interna, da política da igualdade           DORMER, Peter. The Salon de refuse. In: DORMER, P. (org.). The Culture of Craft. NY: Manchester
e da política da diferença no seio dos movimentos, das iniciativas, das campanhas ou             University Press, 1997.
das redes.” (SANTOS, 2006, p.198)
                                                                                                 HARDT, Michael; NEGRI, Antonio. Império. Rio de Janeiro: Record, 2001.
O autor trata aqui do que ele chama de luta contra-hegemônica, que são práticas de
maninfesto, ou programas claros e inequívocos, de alianças que são possíveis porque              LASSANCE JÚNIOR, Antonio E.; PEDREIRA, Juçara Santiago.Tecnologias sociais e políticas públicas.
baseiam-se em denominadores comuns, objetivos comuns, e que são mobilizadoras                    In: Tecnologia social – uma estratégia para o desenvolvimento. Fundação Banco do Brasil, Rio de
porque produzem uma ação positiva, isto é, porque conferem vantagens específicas                 Janeiro, 2004.
a todos os que participam nelas em função do seu grau de participação. E é nesta
consciência das vantagens para todos os atores envolvidos no processo que o trabalho             PELBART, Peter. Paul. Vida Capital: ensaios de biopolítica. São Paulo: Iluminuras, 2003.
do ASAS vem sendo realizado. Parceiros instituicionais como UNISOL/SANTANDER,
Escola Municipal Pe. Guilherme Peters, Universidade FUMEC, Prefeitura Municipal de               SANTOS, Boaventura de Sousa. A gramática do tempo. Para uma nova cultura política. São Paulo:
                                                                                                 Corteza, 2006.

                                                                                                 SANTOS, Milton. O retorno do território. In: SANTOS, M; SOUZA, M. A. de; SILVEIRA, M. L. Território:
24                                                                                               globalização e fragmentação. São Paulo: Hucitec, 1994.                                                       25
02
instituições parceiras
Universidade FUMEC
                     Diretoria geral da FEA/FUMEC
                     Prof. Luiz de Lacerda Júnior

                     O princípio da conectividade nos coloca diante da noção de        As demandas do nosso tempo são tão urgentes
                     comunidade de aprendizagem. Nem o estudante e nem a               e graves que apontam para a importância
                     Universidade são entidades isoladas, ao contrário, encontram-     de reafirmar o papel da Universidade e
                     -se em relação com seus pares, com a comunidade educativa e       de fortalecer sua conectividade com as
                     com sua comunidade ampliada que é a humanidade.                   necessidades da nossa sociedade e do nosso
                                                                                       planeta através do ensino, da extensão e
                     Diante de uma sociedade voltada para o culto ao                   da pesquisa . Promover o engajamento de
                     individualismo e à competitividade, não é difícil perceber        seu corpo docente e discente com as causas
                     a insustentabilidade das formas atuais de produção e os           sociais desperta em todos um profundo
                     consequentes transtornos causados nos meios ambientes,            sentido de responsabilidade social, pois os
                     econômicos e sociais. O paradigma vigente é concentrador          caminhos e as transformações começam a
                     de riqueza e distribuidor de injustiças sociais. Diante disso,    surgir a partir do comprometimento individual

   BH                nunca foi tão importante e urgente pensar e repensar a
                     ética, enquanto campo de ação/reflexão e intervenções no
                     mundo, capaz de operar mudanças de valores e de condições
                                                                                       com a construção de elos para uma cidadania
                                                                                       em cadeia, que visa assegurar o direito ao
                                                                                       presente e ao futuro. É papel da Universidade
                     cotidianas de existência, de abrir-se para o encontro solidário   adotar uma postura profundamente crítica e
                     com o outro enquanto diferença e apostar num futuro melhor        construtiva em favor do desenvolvimento de
                     para a vida da terra e na terra.                                  uma ética planetária, possibilitando ao aluno
                                                                                       formar uma atitude de ruptura ante o estabelecido,
                                                                                       e tecer um projeto de vida, individual e coletiva,
                                                                                       muito mais digna e bonita.

                                                                                       O projeto ASAS — Artesanato Solidário no
                                                                                       Aglomerado da Serra — representa mais um
                                                                                       elo na construção desta cadeia na medida em
                                                                                       que através da arte e do artesanato promove
                                                                                       o resgate cultural, a preservação de saberes,
                                                                                       tradições, tecnologias, além de contribuir com
                                                                                       a geração de renda e emprego, promovendo
                                                                                       a integração social e o resgate da cidadania
                                                                                       da população pobre. Trabalhar eticamente
                                                                                       é exatamente isto: agir com clareza, cuidar
                                                                                       com sensibilidade, sentir o coração secreto
                                                                                       das coisas, produzir encantamento, dar cor,
                                                                                       sabor, ritmo e tonalidade às vidas humanas,
                                                                                       inaugurando em nós mesmos e no outro um
                                                                                       novo jeito de ser e de viver no mundo.


                                                                                                                                      29
Coordenadoria do setor de extensão da Universidade FUMEC
Prof. Osvaldo Manoel Corrêa

Um ciclo de vida compreende fecundação, germinação,           Assim, em 2007/2008, depois de longa               coletivo focado em ações colaborativas, que culminou em        também, pelos parceiros, clientes, e, numa
gestação, nascimento, maturação. Pequenas histórias,          viagem e voos de maturação com diversos            um processo mais organizado e produtivo e também na            dimensão verdadeiramente histórica, pelos
individuais ou de grupos, dentro da grande história do        nomes, faces e interfaces, o projeto ASAS          conscientização dos artesãos, alunos bolsistas e professoras   moradores do Aglomerado da Serra. Serra,
mundo. Fases de um passado se fazem presentes num             faz seu ninho no Aglomerado da Serra               da importância desse tipo de dinâmica de trabalho. Em          em sentido figurado, designa uma cadeia de
ser vivo, potencializado e resultante de tempo e no tempo.    para gerar formas de empoderamento.                segundo lugar, além dessa dimensão coletiva, o surgimento      montanhas com muitos picos e quebradas;
No caso, após um longo ritual de passagem, moradores          E, entre uma parceria aqui, Universidade           de resultados, como consciência de grupo, melhoria             aglomerado, sementeira de possibilidades
da comunidade Vila Ponta Porã, em Belo Horizonte, veem        FUMEC e Unisol (Banco Real/Santander),             da qualidade de vida, olhar crítico sobre a produção e         nem sempre potencializadas, pode ser
registradas suas Táticas de Sobrevivência (2003/2004) neste   e outra ali, FUMEC e a Escola Municipal            criação, crescente autonomia em relação ao contato com         um somatório, uma soma de soma de
Catálogo como num espelho revelador de sonhos e de            Padre Guilherme Peters, jurisdicionada à           clientes, fornecedores e novos parceiros, empoderamento        intervenções positivas mais do que de ações
resultados, e de realizações a partir do enorme potencial     Vila Novo São Lucas, foi possível, no espaço       já incorporado pelos alunos, aglomeradas, professoras          beneficentes. É a Universidade FUMEC, mais
de cidadãos comuns. O acervo é enriquecido com um vasto       intramuros da universidade, realizar oficinas      e a associação como sendo de um só compartilhamento            do que trabalhando intramuros, trabalhando
levantamento de inventos, objetos e produtos do cotidiano     de serigrafias, encadernação, de corte e costura   comunitário.                                                   também, com responsabilidade social, toda a
da própria comunidade.                                        num feliz casamento entre o teórico/prático                                                                       área circundante de seu entorno geográfico e
                                                              acadêmico e a prática/vivencial comunitária.       Nossos alunos enriqueceram em escala, nesta ação de            social. Isto é fazer extensão.
Do Sempre Savassi Design e Cultura (2005/2006) e da           E, no extramuros, a possibilidade de novos         extensão, a produção de textos, transmitindo novos saberes
articulação entre pesquisa e extensão nasceu o Primeiro       saberes para nossos alunos fora do seu status      adquiridos na prática e, principalmente, puderam dirigir um
Catálogo que mais tarde viria a ser “uma série”: Artesanato   social. O encontro com uma nova realidade é        novo olhar sobre a existência humana projetando-o na sua
Solidário no Barreiro (2006/2007), em que a Coleção 9 + 1     sempre oportunidade de novos aprendizados          vida assim como no fazer profissional.
registra a história de vida de cada artesã e conquista seu    e de grandes transformações em nosso ser.
registro no Segundo Catálogo.                                 Toda essa rica experiência compartilhada poderá    Nossas professoras reaprenderam a relevância do papel de
                                                              ser apreciada no Terceiro Catálogo.                coordenar, ou seja, mais do que conjugar esforços, conciliar
Antes de chegar ao Aglomerado da Serra, o projeto ASAS                                                           diferenças, ser responsável por um setor ou equipe de
realizou uma passagem pelo projeto Rondon em Assis Brasil     O Quarto Catálogo traz novos ganhos                produção de artesanato e design, elas fizeram acontecer
(AC) e em Jequitaí (MG). Naquela cidade do Acre foram         e aprendizados para a Universidade,                um aprendizado eficaz a partir da convivência, graças a um
trabalhadas oficinas de capacitação em artesanato e design    Comunidade e Parceiros na Ação de Extensão.        gratificante trabalho a vislumbrar novas oportunidades de
de produtos e mobiliários de bambu. Na cidade mineira de      Não é possível enumerar, numa Apresentação,        vida e diferentes dinâmicas sociais.
Jequitaí, uma coleção de almofadas registra a historicidade   todos esses ganhos e aprendizados. Cumpre,
e a vida da comunidade.                                       porém, destacar, em primeiro lugar, o trabalho     Que este novo Catálogo não seja o início do fim, mas
                                                                                                                 o fim do começo de uma nova era de empoderamento
Toda caminhada exige parada para descanso e                                                                      e consciência coletiva a ser vivida por toda a equipe a
reabastecimento, e intervalos para reflexão sobre o já                                                           partir dessas ações de extensão, em suas vidas, como
realizado e para a articulação de novas metas. Num desses
ínterins, foi cadastrado, no CNPq, o grupo de pesquisa com
interface em extensão sobre a temática “Diferenças: Arte,
Design, Arquitetura”. Uma exposição realizada, em Inhotim,
foi um fruto maduro da experiência em Jequitaí.



30
UniSol - Universidade Solidária

                                  UniSol e Grupo Santander
                                  Em uma comunidade as atividades de cada indivíduo            contribuir para a melhoria de suas condições
                                  estão sempre interligadas de alguma maneira. Quando          de vida; e apoiar a extensão universitária,
                                  um se beneficia, é muito provável que o próximo seja         estimulando a troca de conhecimentos e a
                                  envolvido. Assim, os projetos sociais que se baseiam em      inserção na comunidade.
                                  parceria de benefícios mútuos formam “pequenas células
                                  de multiplicadores” nessas comunidades, promovendo a         Esta iniciativa apoia a implementação
                                  autossustentabilidade.                                       de projetos sociais com a participação
                                                                                               de Instituições de Ensino Superior (IES)
                                  Acreditando nisso, o Programa UniSol e o Grupo Santander     brasileiras, trabalhando na construção
                                  Brasil apoiaram o projeto ASAS — Artesanato Solidário no     de soluções locais de desenvolvimento
                                  Aglomerado da Serra — vencedor do 11º Concurso Banco         sustentável e comunitário, e disseminado
                                  Real Universidade Solidária. Executado pela Universidade     valores de cidadania e de responsabilidade
                                  FUMEC, o projeto ASAS é um exemplo de iniciativas que        social aos jovens universitários — futuros
                                  contribuem para fortalecer a extensão universitária,         profissionais do país.
                                  evidenciando a poder da relação transformadora entre
                                  universidade e sociedade e a integração com o ensino e a     Em 14 anos de atuação, o concurso já
                                  pesquisa.                                                    mobilizou 94 IES, 1.340 estudantes,
                                                                                               178 professores e beneficiou direta e
                                  Criado em 1996, o concurso Banco Real Universidade           indiretamente mais de 4 mil pessoas em
                                  Solidária, agora com o nome de Prêmio Santander              todo Brasil, a partir da interação entre o
                                  Universidade Solidária, atua por meio de parcerias para      conhecimento acadêmico e o popular.
                                  atingir três grandes objetivos: contribuir para a formação
                                  cidadã dos jovens universitários, proporcionando ao
                                  estudante, pela prática na comunidade, a oportunidade
                                  de rever e trabalhar sistemicamente os conhecimentos
     SP                           adquiridos na universidade; colocar o conhecimento das
                                  universidades à disposição das comunidades, de forma a




                                                                                                                                            33
Escola Municipal Padre Guilherme Peters
                                          Diretoria da Escola Municipal Padre Guilherme Peters
                                          Márcia Libânio Teixeira

                                                                       A escola Municipal Padre Guilherme Peters está situada
                                                                       dentro do Aglomerado da Serra — local de vulnerabilidade
                                                                       social — e a nossa missão é a de oferecer a melhor
                                                                       educação aos nossos alunos, o que muitas vezes é
                                                                       dificultado pela história de vida e de falta de perspectiva
                                                                       das famílias em relação a suas crianças e adolescentes.

                                                                       Este projeto oferecido e realizado pela Universidade FUMEC
                                                                       e pela Unisol, juntamente com o Banco Real, ofereceu
                                                                       um movimento na comunidade para que se tornassem
                                                                       construtores de sua independência.

                                                                       Nós já percebemos o quanto as aglomeradas se tornaram
                                                                       cidadãs do mundo — já estão se organizando para comprar
                                                                       uma casa, viajam de avião, conheceram outros estados e
                                                                       ganham seu dinheiro com seu trabalho digno e criativo que
                                                                       se tornou economicamente possível de ser realizado.

                                                                       Sinto orgulho de ter sido parte desta mudança com um
                                                                       simples empréstimo do espaço para que o projeto se
                                                                       realizasse.

                                                                       O mundo pode ser diferente e mais digno de se viver
                                                                       quando nos esforçamos para trabalhar a favor das ondas
                                                                       das adversidades e não contra elas.




      BH
                                                                                                                                 35
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios
Catálogo Territórios

Más contenido relacionado

La actualidad más candente

La actualidad más candente (18)

Servico social 2009_6_3
Servico social 2009_6_3Servico social 2009_6_3
Servico social 2009_6_3
 
Portfólio
PortfólioPortfólio
Portfólio
 
23156201 frequencia escola são pedro
23156201 frequencia escola são pedro23156201 frequencia escola são pedro
23156201 frequencia escola são pedro
 
23157020 frequencia escola getulio
23157020 frequencia escola getulio23157020 frequencia escola getulio
23157020 frequencia escola getulio
 
23157879 frequencia escola miguel saraiva
23157879 frequencia escola miguel saraiva23157879 frequencia escola miguel saraiva
23157879 frequencia escola miguel saraiva
 
23162350 frequencia escola virgilio
23162350 frequencia escola virgilio23162350 frequencia escola virgilio
23162350 frequencia escola virgilio
 
23164867 frequencia escola amalia xavier
23164867 frequencia escola amalia xavier23164867 frequencia escola amalia xavier
23164867 frequencia escola amalia xavier
 
Servico social 2009_6_5
Servico social 2009_6_5Servico social 2009_6_5
Servico social 2009_6_5
 
Servico social 2009_6_1
Servico social 2009_6_1Servico social 2009_6_1
Servico social 2009_6_1
 
Servico social 2009_6_4
Servico social 2009_6_4Servico social 2009_6_4
Servico social 2009_6_4
 
Servico social 2009_6_2
Servico social 2009_6_2Servico social 2009_6_2
Servico social 2009_6_2
 
23156210 frequencia escola plácido
23156210 frequencia escola plácido23156210 frequencia escola plácido
23156210 frequencia escola plácido
 
Mat exercicios resolvidos e comentados 018
Mat exercicios resolvidos e comentados  018Mat exercicios resolvidos e comentados  018
Mat exercicios resolvidos e comentados 018
 
23164050 frequencia escola adauto jardim
23164050 frequencia escola adauto jardim23164050 frequencia escola adauto jardim
23164050 frequencia escola adauto jardim
 
Relatório Peteca Alto Santo 2011
Relatório Peteca Alto Santo 2011Relatório Peteca Alto Santo 2011
Relatório Peteca Alto Santo 2011
 
Edfis cp 6s_vol4reduzido
Edfis cp 6s_vol4reduzidoEdfis cp 6s_vol4reduzido
Edfis cp 6s_vol4reduzido
 
23157011 frequencia escola gabriel
23157011 frequencia escola gabriel23157011 frequencia escola gabriel
23157011 frequencia escola gabriel
 
Planejamento 2010
Planejamento 2010Planejamento 2010
Planejamento 2010
 

Destacado

InovaçãO Na Cadeia Da ProduçãO Artesanal De Objetos Do Vale Do Mucuri
InovaçãO Na Cadeia Da ProduçãO Artesanal De Objetos Do Vale Do MucuriInovaçãO Na Cadeia Da ProduçãO Artesanal De Objetos Do Vale Do Mucuri
InovaçãO Na Cadeia Da ProduçãO Artesanal De Objetos Do Vale Do MucuriBruno Dias Bento
 
Intervenção urbana 2
Intervenção urbana 2Intervenção urbana 2
Intervenção urbana 2diegobart07
 
Orientacao para apresentacao de projetos na bahiatursa6 01
Orientacao para apresentacao de projetos na bahiatursa6 01Orientacao para apresentacao de projetos na bahiatursa6 01
Orientacao para apresentacao de projetos na bahiatursa6 01Tiago Simeão
 
Artesania: artesanato e cidadania, Luziania
Artesania: artesanato e cidadania, LuzianiaArtesania: artesanato e cidadania, Luziania
Artesania: artesanato e cidadania, LuzianiaAlda Duarte
 
Tekoha joint venture
Tekoha joint ventureTekoha joint venture
Tekoha joint ventureThiago Kato
 
Plano de ação - Prodetur Nacional - Baía de Todos-os-Santos
Plano de ação - Prodetur Nacional - Baía de Todos-os-SantosPlano de ação - Prodetur Nacional - Baía de Todos-os-Santos
Plano de ação - Prodetur Nacional - Baía de Todos-os-SantosSecretaria de Turismo da Bahia
 
Design para Inovação Social
Design para Inovação SocialDesign para Inovação Social
Design para Inovação SocialVoël
 
Design no artesanato
Design no artesanatoDesign no artesanato
Design no artesanatoJorge Montana
 
Proposta de Intervenção - Competência 5 ENEM
Proposta de Intervenção - Competência 5 ENEMProposta de Intervenção - Competência 5 ENEM
Proposta de Intervenção - Competência 5 ENEMCynthia Funchal
 
Manual de consultoria - Celestino Joanguete
Manual de consultoria - Celestino JoangueteManual de consultoria - Celestino Joanguete
Manual de consultoria - Celestino JoangueteCelestino Joanguete
 
Pensar Consultoria - Apresentação dos nossos serviços
Pensar Consultoria - Apresentação dos nossos serviçosPensar Consultoria - Apresentação dos nossos serviços
Pensar Consultoria - Apresentação dos nossos serviçosPensar Consultoria
 

Destacado (20)

Gestão 3S
Gestão 3SGestão 3S
Gestão 3S
 
Apresentação furg
Apresentação furgApresentação furg
Apresentação furg
 
design business
design businessdesign business
design business
 
InovaçãO Na Cadeia Da ProduçãO Artesanal De Objetos Do Vale Do Mucuri
InovaçãO Na Cadeia Da ProduçãO Artesanal De Objetos Do Vale Do MucuriInovaçãO Na Cadeia Da ProduçãO Artesanal De Objetos Do Vale Do Mucuri
InovaçãO Na Cadeia Da ProduçãO Artesanal De Objetos Do Vale Do Mucuri
 
Intervenção urbana 2
Intervenção urbana 2Intervenção urbana 2
Intervenção urbana 2
 
Orientacao para apresentacao de projetos na bahiatursa6 01
Orientacao para apresentacao de projetos na bahiatursa6 01Orientacao para apresentacao de projetos na bahiatursa6 01
Orientacao para apresentacao de projetos na bahiatursa6 01
 
Raizes turismo metodologia de trabalho
Raizes turismo   metodologia de trabalhoRaizes turismo   metodologia de trabalho
Raizes turismo metodologia de trabalho
 
Artesania: artesanato e cidadania, Luziania
Artesania: artesanato e cidadania, LuzianiaArtesania: artesanato e cidadania, Luziania
Artesania: artesanato e cidadania, Luziania
 
Tekoha joint venture
Tekoha joint ventureTekoha joint venture
Tekoha joint venture
 
Cronograma Aglomeradas out-2010 até jan-2011
Cronograma Aglomeradas out-2010 até jan-2011Cronograma Aglomeradas out-2010 até jan-2011
Cronograma Aglomeradas out-2010 até jan-2011
 
Visoes do vale - Artesanato e políticas públicas
Visoes do vale - Artesanato e políticas públicasVisoes do vale - Artesanato e políticas públicas
Visoes do vale - Artesanato e políticas públicas
 
Cronograma de ações 2007-2008
Cronograma de ações 2007-2008Cronograma de ações 2007-2008
Cronograma de ações 2007-2008
 
Apresentacao Raizes
Apresentacao RaizesApresentacao Raizes
Apresentacao Raizes
 
Plano de ação - Prodetur Nacional - Baía de Todos-os-Santos
Plano de ação - Prodetur Nacional - Baía de Todos-os-SantosPlano de ação - Prodetur Nacional - Baía de Todos-os-Santos
Plano de ação - Prodetur Nacional - Baía de Todos-os-Santos
 
Prodetur Nacional Bahia - Apresentação
Prodetur Nacional Bahia - Apresentação Prodetur Nacional Bahia - Apresentação
Prodetur Nacional Bahia - Apresentação
 
Design para Inovação Social
Design para Inovação SocialDesign para Inovação Social
Design para Inovação Social
 
Design no artesanato
Design no artesanatoDesign no artesanato
Design no artesanato
 
Proposta de Intervenção - Competência 5 ENEM
Proposta de Intervenção - Competência 5 ENEMProposta de Intervenção - Competência 5 ENEM
Proposta de Intervenção - Competência 5 ENEM
 
Manual de consultoria - Celestino Joanguete
Manual de consultoria - Celestino JoangueteManual de consultoria - Celestino Joanguete
Manual de consultoria - Celestino Joanguete
 
Pensar Consultoria - Apresentação dos nossos serviços
Pensar Consultoria - Apresentação dos nossos serviçosPensar Consultoria - Apresentação dos nossos serviços
Pensar Consultoria - Apresentação dos nossos serviços
 

Similar a Catálogo Territórios

Servico social 1b
Servico social 1bServico social 1b
Servico social 1bLéia Mayer
 
Servico social 3b
Servico social 3bServico social 3b
Servico social 3bLéia Mayer
 
Servico social 2b
Servico social 2bServico social 2b
Servico social 2bLéia Mayer
 
Servico social 5b
Servico social 5bServico social 5b
Servico social 5bLéia Mayer
 
Servico social 4b
Servico social 4bServico social 4b
Servico social 4bLéia Mayer
 
Servico social 5
Servico social 5Servico social 5
Servico social 5Léia Mayer
 
Servico social 2
Servico social 2Servico social 2
Servico social 2Léia Mayer
 
Servico social 1
Servico social 1Servico social 1
Servico social 1Léia Mayer
 
Servico social 3
Servico social 3Servico social 3
Servico social 3Léia Mayer
 
Servico social 4
Servico social 4Servico social 4
Servico social 4Léia Mayer
 
Fundamentos para sistemas de información
Fundamentos para sistemas de informaciónFundamentos para sistemas de información
Fundamentos para sistemas de informaciónmarisol2829
 
Reduzido currículo lct_final_230810
Reduzido currículo lct_final_230810Reduzido currículo lct_final_230810
Reduzido currículo lct_final_230810Renan Mello
 
Consciência no Ensino da Adição e Subtração
Consciência no Ensino da Adição e Subtração Consciência no Ensino da Adição e Subtração
Consciência no Ensino da Adição e Subtração Ana Paula Perovano
 
Servico social 2a (1)
Servico social 2a (1)Servico social 2a (1)
Servico social 2a (1)Léia Mayer
 
Servico social 1a
Servico social 1aServico social 1a
Servico social 1aLéia Mayer
 
Servico social 2a
Servico social 2aServico social 2a
Servico social 2aLéia Mayer
 
Servico social 5a
Servico social 5aServico social 5a
Servico social 5aLéia Mayer
 
Servico social 3a
Servico social 3aServico social 3a
Servico social 3aLéia Mayer
 

Similar a Catálogo Territórios (20)

Servico social 1b
Servico social 1bServico social 1b
Servico social 1b
 
Servico social 3b
Servico social 3bServico social 3b
Servico social 3b
 
Servico social 2b
Servico social 2bServico social 2b
Servico social 2b
 
Servico social 5b
Servico social 5bServico social 5b
Servico social 5b
 
Servico social 4b
Servico social 4bServico social 4b
Servico social 4b
 
Servico social 5
Servico social 5Servico social 5
Servico social 5
 
Servico social 2
Servico social 2Servico social 2
Servico social 2
 
Servico social 1
Servico social 1Servico social 1
Servico social 1
 
Servico social 3
Servico social 3Servico social 3
Servico social 3
 
Servico social 4
Servico social 4Servico social 4
Servico social 4
 
Cg v1 2010_site_050310
Cg v1 2010_site_050310Cg v1 2010_site_050310
Cg v1 2010_site_050310
 
Fundamentos para sistemas de información
Fundamentos para sistemas de informaciónFundamentos para sistemas de información
Fundamentos para sistemas de información
 
Fundamentos
FundamentosFundamentos
Fundamentos
 
Reduzido currículo lct_final_230810
Reduzido currículo lct_final_230810Reduzido currículo lct_final_230810
Reduzido currículo lct_final_230810
 
Consciência no Ensino da Adição e Subtração
Consciência no Ensino da Adição e Subtração Consciência no Ensino da Adição e Subtração
Consciência no Ensino da Adição e Subtração
 
Servico social 2a (1)
Servico social 2a (1)Servico social 2a (1)
Servico social 2a (1)
 
Servico social 1a
Servico social 1aServico social 1a
Servico social 1a
 
Servico social 2a
Servico social 2aServico social 2a
Servico social 2a
 
Servico social 5a
Servico social 5aServico social 5a
Servico social 5a
 
Servico social 3a
Servico social 3aServico social 3a
Servico social 3a
 

Más de ASAS: Artesanato Solidário no Aglomerado da Serra (7)

Apostila para aprendizado de técnicas de patchwork
Apostila para aprendizado de técnicas de patchworkApostila para aprendizado de técnicas de patchwork
Apostila para aprendizado de técnicas de patchwork
 
Apostila para aprendizado de técnicas de serigrafia
Apostila para aprendizado de técnicas de serigrafiaApostila para aprendizado de técnicas de serigrafia
Apostila para aprendizado de técnicas de serigrafia
 
Cronograma ASAS janeiro até maio
Cronograma ASAS janeiro até maioCronograma ASAS janeiro até maio
Cronograma ASAS janeiro até maio
 
Oficina: Colagem
Oficina: ColagemOficina: Colagem
Oficina: Colagem
 
Serigrafia
SerigrafiaSerigrafia
Serigrafia
 
Stencil
StencilStencil
Stencil
 
Modulação 2007
Modulação 2007Modulação 2007
Modulação 2007
 

Último

Habilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasHabilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasCassio Meira Jr.
 
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalGerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalJacqueline Cerqueira
 
Sociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autores
Sociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autoresSociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autores
Sociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autoresaulasgege
 
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptxSlides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptxSilvana Silva
 
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptxA experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptxfabiolalopesmartins1
 
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e TaniModelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e TaniCassio Meira Jr.
 
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptxApostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptxIsabelaRafael2
 
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasil
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 BrasilGoverno Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasil
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasillucasp132400
 
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolaresALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolaresLilianPiola
 
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?Rosalina Simão Nunes
 
Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.
Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.
Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.Susana Stoffel
 
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdf
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdfBRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdf
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdfHenrique Pontes
 
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptxATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptxOsnilReis1
 
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Mary Alvarenga
 
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptxthaisamaral9365923
 
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasPrograma de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasCassio Meira Jr.
 
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxAD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxkarinedarozabatista
 
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptxSlides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.keislayyovera123
 

Último (20)

Habilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasHabilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
 
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalGerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
 
Sociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autores
Sociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autoresSociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autores
Sociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autores
 
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptxSlides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
 
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptxA experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
 
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e TaniModelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
 
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptxApostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
 
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasil
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 BrasilGoverno Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasil
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasil
 
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolaresALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
 
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
 
Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.
Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.
Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.
 
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdf
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdfBRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdf
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdf
 
Em tempo de Quaresma .
Em tempo de Quaresma                            .Em tempo de Quaresma                            .
Em tempo de Quaresma .
 
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptxATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
 
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
 
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
 
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasPrograma de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
 
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxAD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
 
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptxSlides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
 
Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.
 

Catálogo Territórios

  • 2.
  • 4. Reitoria Prof. Antônio Tomé Loures Vice-reitoria Prof.ª Maria da Conceição Rocha Pró-reitoria de Ensino, Pesquisa e Extensão Gerência de projetos Diretoria de Desenvolvimento Sustentável Prof. Eduardo Martins de Lima Daniela Lemos Maria Luiza Pinto e Paiva Pró-reitoria de Planejamento e Administração Consultores voluntários e sociosfundadores Superintendência de Ação Social Prof. Eduardo Leopoldino de Andrade Prof. Dr. Waldenor Barros Moraes Filho Laura Regina Prof. Dr. Luiz Fernando Coelho de Souza Coordenadoria Geral de Pesquisa Coordenação do Concurso Banco Real Prof.ª Rúbia Carneiro Neves Universidade Solidária Eloísa Martins Coordenadoria Geral de Extensão Prof. Osvaldo Manoel Corrêa Coordenadora do setor de Relações Internacionais Prof.ª Astréia Soares Batista Assessoria de Ensino de Graduação Prof. Luiz Antônio Melgaço Nunes Branco Professora coordenadora: Paulo Neves Rodrigues, Rafael Miranda Barbosa, Silvia Natacha Rena Alves Ferreira Pio Martins, Rodrigo Franco Mattar FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA - FEA Assistente de coordenação: Artesãos Diretor Geral Bruno Elias Gomes de Oliveira Adson Luiz Quevedo Prof. Luiz de Lacerda Júnior Adrielle Silva Técnicos: Etelvina Xavier de Almeida Diretor de Ensino Éder Jorge Almeida Eva Souza Prof. Lúcio Flávio Nunes Moreira Éder Peixoto Fátima Rodrigues Frois Emanuel Lucas Ferreira Ribeiro Maria do Carmo da Rocha Diretor Administrativo Financeiro Maria Crisóstomo Ramos Maria Elizabeth Prof. Fernando Antônio Lopes Reis Maria Inês Rios Marianne Souza Stoklasa Cláudia Aparecida Teixeira Marilene Porto Santos Coordenador do setor editorial FEA-FUMEC Shirley Maria Araújo Prof. Antônio Pertence Júnior Estudantes: Suzana Marília dos Anjos Oliveira Alessandra Luísa Teixeira Santos, André Santos Coordenadora Geral do Curso de Design de Oliveira, Ana C. Bahia, Aruan Mattos, Bruno Parceiros do projeto ASAS: Prof.ª Ângela Souza Lima Elias Gomes de Oliveira, Carolina Medeiros, Universidade FUMEC Cristiana Santos, Fernanda Hott, Julia de Assis Raiz da Terra Coordenadores por Habilitação Barbosa Soares, Juliana Augusta de Lima Rocha, Loja Grampo D.Gráfico | Prof. Guilherme Guazzi Rodrigues Larissa Oliveira Duarte, Maria Lina Ceschim, Quina Galeria D.Interiores | Prof.ª Maria Fernanda Loureiro Nayara Rodrigues Santos, Larissa Duarte, Lilian Café com Letras D.Produto | Prof. Eliseu de Rezende Santos Gustini, Lorena Marinho, Marcela Amorim Torres, Escola Municipal Padre Guilherme Peters D.Moda | Prof.ª Gabriela Maria Torres
  • 5. PROJETO CATÁLOGO TERRITÓRIOS AGLOMERADOS T327 Coordenação Territórios aglomerados / Organizadora Natacha Rena. Belo Horizonte: Prof.ª Juliana Pontes Ribeiro Ed. FUMEC - Faculdade de Engenharia e Arquitetura, 2010. Direção de arte 144 p.: il. (fotografias e grafismos). Ana C. Bahia Vários autores. Prof.ª Juliana Pontes Ribeiro Prof.ª Natacha Rena ISBN 978-85-61258-12-2. Design/Projeto gráfico Ana C. Bahia 1. Design social. 2. Artesanato urbano. 3. Tecnologia social. 4. Artesanato solidário. 5. Criação colaborativa. I. Rena, Natacha. II. Título. Fotografias Ana C. Bahia CDD: 745 Juliana Augusta CDU: 745.2 Silvia Pio Bruno Oliveira Informação bibliográfica conforme a NBR 6023:2002 da Associação Nayana Rodrigues Brasileira de Normas Técnicas (ABNT): Júlia de Assis RENA, Natacha (Org.). Territórios aglomerados. Belo Horizonte: Ed. Revisão de textos FUMEC - Faculdade de Engenharia e Arquitetura, 2010. 144 p.: il. ISBN Maria Clara Xavier 978-85-61258-12-2. Tradução Laura Torres
  • 6. sumário 01 apresentação p.12 01 presentation p.116 02 instituições parceiras p. 26 03 design e inclusão social p. 36 04 oficinas de capacitação p.78 05 desdobramentos p.96 06 depoimentos p.110 anexo coleção territórios
  • 8. Histórico Territórios aglomerados: design e extensão universitária Natacha Rena || Bruno Oliveira É isso, uma teoria é exatamente como uma caixa de ferramentas. Nada tem a ver com o signifi- Natacha Rena é graduada em Arquitetura e Urbanismo cante. É preciso que sirva, é preciso que funcione. (DELEUZE, 2006, p. 267) pela EAUFMG, mestre em Arquitetura pela EAUFMG e Doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC SP. Coordenadora de projetos Acreditando-se na relação essencial entre ensino, pesquisa e extensão, e na importância especiais da COMUNA S.A. e de projetos socioambientais do JA.CA. Professora dos cursos de Design e Arquitetura da Universidade do envolvimento das universidades com comunidades com alto índice de vulnerabilidade FUMEC e da EAUFMG. Coordenadora do programa ASAS que social é que demos início em 2003 a uma série de trabalhos com abordagens mais críticas e engloba três projetos de extensão e um de pesquisa. políticas do design e da arte. O primeiro trabalho desenvolvido foi o projeto interdisciplinar natacharena@gmail.com de pesquisa Táticas de Sobrevivência, que baseou-se em um vasto levantamento de inventos — resultados das táticas e estratégias de sobrevivência — dos moradores da Vila Ponta Porã, Bruno Oliveira é graduado em Ciência da Computação pela FUMEC e graduando do curso de Artes Plásticas (UEMG). favela pertencente à região central da cidade de Belo Horizonte. Construímos um catálogo de brunogomesoliveira@gmail.com objetos e produtos do cotidiano que revelaram o enorme potencial criativo do cidadão comum, principalmente quando exposto a situações de precariedade econômica. A intenção foi traçar Introdução uma microcartografia de pequenas táticas de sobrevivência no cotidiano de “homens comuns e sem qualidades”: documentou-se as formas particulares de habitar e sobreviver desses moradores, que constroem um universo mágico de “gambiarras” produzindo artefatos que O Artesanato Solidário no Aglomerado da Serra (ASAS) é uma iniciativa da Universidade esbarram nos limites da arte e do design. FUMEC (Belo Horizonte/MG) iniciada em 2007 sob a coordenação da professora Natacha Rena. Por intermédio do desenvolvimento de projetos nas áreas de ensino, pesquisa e extensão, a Os trabalhos envolvendo capacitação em artesanato e design tiveram início em 2005 com equipe de professores, técnicos, alunos e voluntários do ASAS busca consolidar tecnologias o projeto de extensão intitulado Sempre Savassi, que, com a parceria de instituições como sociais reaplicáveis de geração de renda que atuem em uma perspectiva contemporânea da CDL e SEBRAE, envolveu diversas comunidades de artesãos. Durante a elaboração de uma intersecção entre design e artesanato urbano. metodologia adequada para realização desse projeto, surgiu a demanda do desenvolvimento de uma pesquisa conceitual mais consistente sobre questões como artesanato e suas relações Este catálogo apresenta as atividades da equipe no projeto ASAS_ com a arte e o design. Essa investigação resultou na criação do conceito de Artesanato Urbano, aglomeradas durante os anos de 2009 e 2010.1 Ao todo, mais de 60 alunos visando classificar os produtos que seriam elaborados pelos beneficiários. documentadas em outro livro: RIBEIRO, Juliana Pontes; RENA, Natacha (Org.). das quatro habilitações do curso de Design (Gráfico, Interiores, Moda e ASAS: Artesanato Solidário no Aglomerado da Serra. Belo Horizonte: Editora No ano de 2006 foi realizado o projeto Artesanato Solidário no Barreiro. A As atividades relacionadas ao projeto ASAS nos anos de 2007 e 2008 estão Produto) participaram do projeto como bolsistas ou voluntários, auxiliando Faculdade de Engenharia e Arquitetura FEA-Universidade FUMEC, 2009. na capacitação técnica e criativa dos artesãos moradores do Aglomerado capacitação em artesanato e design foi voltada para grupos de terceira idade, da Serra em costura, bordado, imagem e movimento, encadernação e no intuito de promover a melhoria da qualidade dos produtos artesanais já Editora Faculdade de Engenharia e Arquitetura FEA – estamparia. Em paralelo ao desenvolvimento e execução de tais oficinas, desenvolvidos pelos núcleos produtivos existentes na região do Barreiro. A partir RENA, Natacha (org). Coleção 9 + 1. Belo Horizonte: os alunos elaboraram os artigos acadêmicos apresentados neste catálogo, da proposta de criação de uma coleção de almofadas e, contando com diversas 2 instituições parceiras (Prefeitura Municipal de Belo Horizonte; UNITEC— Nova visando consolidar a interface das iniciativas de ensino, pesquisa e extensão envolvidas pelo ASAS. Também serão encontrados relatos das atividades Zelândia; ASTIB — Associação da Terceira Idade do Barreiro; entre outros), um realizadas durante o processo de capacitação, assim como outras ações plano de capacitação com aulas, palestras, visitas técnicas e oficinas foi oferecido 1 para aproximadamente 30 beneficiárias. Ao final da capacitação foi lançado um desenvolvidas, como as exposições (Grampo e Quina Galeria), mostras (Mostra de Design do Café com Letras), gravação de documentário (Televisão catálogo do projeto contendo a metodologia e as almofadas desenvolvidas.2 da América Latina), entre outras. Ao final deste catálogo apresentamos Universidade FUMEC, 2008. uma documentação com descrições detalhadas dos produtos da mais recente A equipe também participou, em janeiro e julho de 2007, de expedições do coleção desenvolvida pelo projeto: TERRITÓRIOS (2009). projeto RONDON, realizado pelo Ministério da Defesa. Por meio de diversas ações nas cidades de Assis Brasil e Jequitaí, buscou-se desenvolver um É importante ressaltar que a parceria com o programa Universidade processo de capacitação em artesanato como forma de geração de renda Solidária (UNISOL) e com o Banco Real/Santander nos anos de 2008 e 2009, para as comunidades, utilizando-se de metodologia específica para ação de possibilitou um grande avanço nas ações desenvolvidas, não somente por transformação dos processos produtivos em curto prazo. A força expressiva dos meio do auxílio financeiro, mas também através do aprendizado de uma produtos foi resultado de um trabalho que revelou tanto as singularidades de cada metodologia específica para geração de tecnologia social e avaliação de um dos artesãos quanto a contaminação mútua de um intenso trabalho coletivo. projetos, com foco na geração de renda e empoderamento de comunidades. 14 15
  • 9. técnico e criativo dos beneficiários, assim como oficinas que visem o estabelecimento de um processo integrado e sustentável de planejamento, gestão e produção de objetos com alto valor agregado entre os três núcleos. A equipe do ASAS se tornou verdadeiramente multidisciplinar e conta com alunos e professores dos cursos de Design de Interiores, Design de Moda, Design Gráfico, Arquitetura, Com o apoio da Universidade FUMEC e da FUNADESP, também foi desenvolvida, em 2007, a pesquisa Engenharia Ambiental, Psicologia, Administração e Ciências Contábeis, de iniciação científica Artesanato Urbano, com o qual pôde-se mapear alguns importantes projetos de o que garante uma maior diversidade de ações como também um capacitação em artesanato e design no Brasil. O objetivo principal foi analisar os projetos da forma mais aprendizado mais rico e colaborativo. completa, desde a concepção metodológica e o plano de sustentabilidade das ações e produtos, passando pelos resultados da capacitação (produtos), até a etapa de inserção dos grupos produtivos no mercado, Além disto, iniciou-se também em 2010 a pesquisa Desenvolvimento buscando verificar a eficácia da atuação dos designers junto às comunidades de artesãos e entender até que de Tecnologia Social para realização de projetos de capacitação em ponto os projetos empoderavam realmente seus beneficiários. artesanato e design tendo o projeto ASAS_aglomeradas como estudo de caso. Esta pesquisa pretende avaliar a metodologia utilizada nos Além da atuação em pesquisa e extensão, durante este processo de constituição de projetos, surgiu uma projetos de capacitação, principalmente no ASAS_aglomeradas, para forte demanda por parte dos alunos da graduação por uma disciplina que pudesse oferecer um instrumental que se possa criar diretrizes para novos projetos. O objetivo desta teórico contendo uma abordagem crítica na construção de projetos e desenvolvimento de projetos nesta área. pesquisa é investigar o processo criativo, coletivo e colaborativo Criou-se então a disciplina optativa Artesanato e design — visando instigar a reflexão teórica sobre a relação desenvolvido, e parte da hipótese de que é possível identificar e listar entre design, artesanato e arte, construindo um panorama atualizado sobre as principais ações brasileiras características e procedimentos que contribuam positivamente para relevantes neste campo. Também tem sido objetivo desta disciplina preparar o aluno de design para que ele capacitar e formar multiplicadores do conhecimento adquirido. possa se tornar um profissional com potencial ativo para atuar em programas de capacitação em artesanato e em projetos de gestão cultural com caráter social. Princípios Também durante o ano de 2007 iniciaram-se as atividades do projeto ASAS_ aglomeradas. Como reconhecimento do trabalho e das metodologias de reposicionamento social desenvolvidas através de programas de ensino, pesquisa (...) nos últimos três séculos a palavra “artesanal” teve seu sentido modificado; no século e extensão na Universidade FUMEC, o projeto ASAS ficou entre os dez premiados XVIII era, mais do que um modo particular de construir coisas, uma maneira de conduzi-las, dos 212 inscritos no concurso Banco Real Universidade Solidária, com o tema especialmente na política. Em alguns de seus empregos (...) a expressão “a arte” tem (e mantém Desenvolvimento Sustentável com ênfase em Geração de Renda. O prêmio de 40 mil ainda) o significado de poder e conhecimento secreto. (DORMER, 1997, p.5, tradução nossa).3 reais foi um incentivo para a implementação do plano de capacitação ao longo de um ano. No ano de 2009, a parceria foi renovada e o projeto ASAS recebeu mais R$ 40 Acredita-se que o artesanato é uma atividade com um elevado potencial no conjunto mil para complementar as atividades e adquirir novos equipamentos para a oficina de ações que incentivam a elaboração de políticas para geração de renda e inclusão de estamparia construída no Aglomerado da Serra. Um primeiro catálogo indexado social. O design, aliado ao artesanato, pode estabelecer-se como eixo estratégico applications, (...) the phrase ‘the craft’ had (and still retains) the foi lançado contendo artigos dos professores envolvidos, assim como a metodologia no desenvolvimento dos territórios, empoderando comunidades em estado de (...) in the last three centuries, the word ‘craft’ has changed its but rather a way of doing things, especially in politics. In some meaning of power and secret knowledge. (DORMER, 1997, p.5) utilizada no projeto, depoimento dos alunos, funcionários e dos artesãos capacitados, meaning; in the eighteenth particular way of making things vulnerabilidade social e promovendo sua autonomia criativa e de gestão. Agenciar além dos produtos da primeira coleção desenvolvida. novas produções colaborativas de artesanato em locais onde não havia uma cultura de técnicas de criação e de produção artesanal foi, e continua sendo, um dos grandes Atualmente o ASAS se tornou uma rede criativa e produtiva no Aglomerado da Serra desafios deste projeto. Utilizando-se um conceito amplo de Design Social, inserido e possui três projetos em andamento: o ASAS_aglomeradas, iniciado em 2007, que no raciocínio do conceito de Tecnologia Social, desenvolveu-se uma metodologia possui uma oficina completa de estamparia e uma equipe de artesãos capacitados de criação que incitasse o trabalho coletivo e colaborativo, articulando processos em estamparia, encadernação e costura; o ASAS_meninas do cafezal, iniciado no inovadores que resultassem na construção de objetos contendo fortes características segundo semestre de 2010, que é um dos núcleos produtivos da rede que foca no 3 locais. O incentivo à elaboração de produtos com alto valor agregado surge em paralelo desenvolvimento de peças de moda à partir de modelagem, costura e bordado com o crescimento de um mercado de consumo responsável, que valoriza cada vez mais experimentais, além de possuir um núcleo de produção gráfica e outro de modelo produtos com propostas estéticas contemporâneas alinhadas às tendências do universo e produção de moda; o ASAS_serra de bambu que possui artesãos capacitados do design sustentável e, ao mesmo tempo, produzido por comunidades de artesãos locais. no plantio e manejo do bambu, bem como na construção de móveis e produtos à partir do bambu “in natura”. No segundo semestre de 2010 iniciou-se um novo Acredita-se que os processos de criação, quando bem estruturados, possam incentivar ciclo de capacitação para efetivar a criação de uma rede produtiva englobando os a coletividade, possibilitando a união dos grupos e a capacidade de trabalho três projetos. Acredita-se que esta nova configuração irá dar mais visibilidade às colaborativo. Sabe-se que em comunidades muito vulneráveis socialmente é bastante ações e ampliar o mercado e o valor agregado dos produtos desenvolvidos, além difícil desenvolver um trabalho de integração devido às diferenças sociais vigentes. da diversificação das peças e do aumento do número de artesãos envolvidos. O Como não existem metodologias publicadas e conhecidas de procedimentos coletivos e ASAS pretende realizar atividades de capacitação voltadas para o empoderamento colaborativos em design e artesanato, pensa-se que é papel da universidade registrar, organizar, analisar e desenvolver informações que possam construir novas tecnologias 16 sociais que auxiliem em projetos envolvendo design e geração de renda.
  • 10. Por fim, acredita-se que seja necessário introduzir outras formas de lidar com o design que possibilitem O projeto Vila Viva da Prefeitura de Belo Horizonte, considerado um dos maiores novos parâmetros para a consolidação da produção de um campo expandido para esta disciplina, para além projetos de urbanização de favelas do país no momento, se propõe a urbanizar o do tecnicismo e do mercado de produção em massa, incentivando um desenvolvimento contaminado pelo conjunto de vilas, ligando diretamente, através de grandes vias asfaltadas, duas planejados e se instalam em quarteirões inteiros O projeto Vila Viva nem terminou e já é possível Conjuntos residenciais de altissimo luxo já são cotidiano, pela arte, pela arquitetura, pelo urbanismo, e que possa existir de uma maneira mais social e regiões da cidade. Mesmo que haja um investimento na melhoria das condições assitir à gentrificação do contexto imediato. nas proximidades do Aglomerado da Serra. política, criando um ambiente para a existência de um design mais engajado e militante: de vida da população local e na sua inserção definitiva no cenário urbano formal, seria preciso repensar a real questão que impossibilita com que muitos moradores A militância atual é uma atividade positiva, construtiva e inovadora. Esta é a forma pela qual do lugar não tenham acesso ao mercado de trabalho. A educação para todos e a nós e todos aqueles que se revoltam contra o domínio do capital nos reconhecemos como capacitação profissional deveriam ser a base de qualquer projeto de inclusão social. militantes. Militantes resistem criativamente ao comando imperial. Em outras palavras, a 6 Simplesmente oferecer melhores condições de habitabilidade (o que é inclusive resistência está imediatamente ligada ao investimento constitutivo no reino biopolítico e à bastante questionável quando se vê o tipo de moradia que a prefeitura oferece aos formação de aparatos cooperativos de produção e comunidade. Eis a grande novidade da moradores deslocados de suas residências originais 6) não gera espontaneamente militância atual: ela repete as virtudes da ação insurrecional de duzentos anos de experiência novas condições de trabalho e dinâmicas sociais mais justas. A região onde subversiva, mas ao mesmo tempo está ligada a um novo mundo, um mundo que não conhece se encontra a Escola Municipal Padre Guilherme Peters, é bastante afastada nada do lado de fora. Ela só conhece o lado de dentro, uma participação vital invevitável no dos principais pontos de urbanização, determinando indiretamente um menor conjunto de estruturas sociais, sem possibilidade de transcendê-las. Esse lado de dentro é a investimento na escola e em obras na sua adjacência. Esta situação acaba por gerar cooperação produtiva da intelectualidade das massas e das redes afetivas, a produtividade da um desnível de oportunidades dentro do próprio aglomerado, acentuando ainda biopolítica pós-moderna. Essa militância faz da resistência um contrapoder e da rebelião um mais as questões ligadas ao desemprego, violência e exclusão social. projeto de amor. (HARDT & NEGRI, 2001, p. 436) O Aglomerado da Serra possui uma grande dimensão 7, o que dificulta ações eficazes em todo o seu território de combate aos diversos focos de violência e de disputas territoriais de grupos ligados ao tráfico de drogas. A ênfase da proposta em escolas municipais, começando com O local e a comunidade um projeto piloto em uma escola específica, propõe a ação em um campo fértil, o dos jovens em formação. A falta de infraestrutura, recursos materiais e capital humano nas escolas municipais são ainda um grande Os favelados, embora sejam apenas 6% da população urbana dos países desenvolvidos, Desenvolvimento Social, 45.920 pessoas e, segundo empecilho para que essas unidades sustentem projetos de inserção constituem espantosos 78,2% dos habitantes urbanos dos países menos desenvolvidos; isto econômica e capacitação profissional adequados à realidade O aglomerado possuía em 1999, segundo dados 37.641 habitantes, mas segundo a Secretaria de o jornal Estado de Minas, 160.000 habitantes. corresponde a pelos menos um terço da população urbana global. (DAVIS, 2006, p. 34) social e às demandas do mercado de consumo e serviços hoje, e da URBEL, uma população total por volta de Rua Coronel Jorge Dário, s/número. CEP 30240-560, Bairro Novo portanto, parcerias com universidades podem auxiliar, e muito, na implementação de projetos de extensão que renda frutos evidentes, O desenvolvimento de projetos socioambientais no Aglomerado da Serra é a proposta de inclusive à curto prazo. um dos programas de extensão priorizados pela Universidade FUMEC, principalmente pelo fato de estar territorialmente próximo ao campus universitário. Portanto, a escolha do local Na última pesquisa para a Prova Brasil o índice socioeconômico para a realização deste projeto faz parte de uma estratégia acadêmica criada pela gestão da no aglomerado foi de 1.1 numa escala de 1 a 5. Além disso, outra pesquisa e da extensão em nossa universidade. justificativa para a escolha da Escola Municipal Padre Guilherme Peters como local de atuação é que essa foi uma das duas escolas Dentro da comunidade escolhida, o conjunto de vilas e favelas de mais baixo índice socioeconômico da cidade, revelando uma de Belo Horizonte denominado Aglomerado da Serra 4 o foco cidade de Belo Horizonte, onde também se encontra a Localizado dentro da região sul da cidade, em um dos 7 enorme necessidade de melhorar a sua infraestrutura e estabelecer setores residenciais de mais alto poder aquisitivo da da ação foi na Escola Municipal Padre Guilherme Peters.5 A parcerias externas que complementem o processo educativo e São Lucas, Belo Horizonte. escola pertencente à Vila Novo São Lucas tem procurado respondam às demandas que a escola não pode atender sozinha. parcerias para que seus alunos possam se apropriar de novos conhecimentos e tecnologias que os ajudem a enfrentar novas 4 dinâmicas educacionais e de trabalho. Além de possuir turmas 5 de alunos da Educação Infantil até a nona série do Ensino Fundamental, possui também, no turno da noite, turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Muitos programas parceiros têm aberto novos horizontes para esses alunos, que Universidade FUMEC. em sua maioria estão distantes de exercer uma atividade econômica por falta de capacitação específica. 18
  • 11. Temas abordados durante a capacitação acabaram por contribuir para o Objetivos bom desempenho das atividades de campo, e entre eles se destacaram o desenvolvimento do trabalho coletivo focado em ações colaborativas, culminando em um processo mais organizado e produtivo e também na conscientização dos O território, hoje, pode ser formado de lugares contíguos e de lugares em rede. São, artesãos e alunos bolsistas da importância deste tipo de dinâmica de trabalho todavia, os mesmos lugares que formam redes e que formam o espaço banal. São os (tanto no processo criativo e produtivo quanto nos processos de gestão e mesmos lugares, os mesmos pontos, mas contendo simultaneamente funcionalizações planejamento). Tais temas também reafirmaram a relevância do empoderamento diferentes, quiçá divergentes e opostas. Esse acontecer simultâneo tornado possível dos beneficiários e dos próprios alunos, obtendo como resultado processos de graças aos milagres da ciência, cria novas solidariedades: a possibilidade de um pesquisa e criação mais dinâmicos, mais democráticos e também mais inovadores acontecer solidário, malgrado todas as formas de diferença, entre pessoas, entre sobre a percepção dos territórios subjetivos da favela (cidade informal) e da cidade lugares. (SANTOS, 1994, p.16) formal como um todo. Estas discussões alimentaram tanto os temas das coleções, como o aprendizado coletivo em relação às formas como nos relacionamos com O objetivo geral do projeto se constrói à partir do desenvolvimento de estes territórios desconhecidos e pouco experimentados por quem mora e vive na tecnologias sociais (TSs) reaplicáveis que, segundo Lassance e Pedreira (2004, cidade formal. p. 66), podem ser definidas como um “conjunto de técnicas e procedimentos, associados a formas de organização coletiva, que representam soluções para a inclusão social e melhoria da qualidade de vida”. Baseadas na intersecção de ensino, pesquisa e extensão em design social e buscando promover Indicadores e avaliação dos resultados autonomia criativa e produtiva de forma sustentável nas comunidades envolvidas, tais tecnologias consolidam a metodologia do projeto e incitam discussões que subsidiam políticas acadêmicas para uma prática atrelada Para finalizar seria fundamental falar um pouco de como os indicadores de avaliação à necessidade de um real empoderamento dos beneficiários. Além disto, constituem um aspecto muito importante na constituição da metodologia do ASAS. Esses demandam um grande número de alunos capacitados para atuar de forma fizeram parte constantemente da relação estabelecida com a equipe do UNISOL/SANTANDER mais colaborativa e menos autoral, proporcionando uma mudança de durante o acompanhamento das ações do projeto ASAS_aglomeradas nos anos de 2008 e paradigma no meio acadêmico. 2009. Incorporados de forma definitiva ao cronograma de atividades, a elaboração continuada dos indicadores enquanto parâmetro de avaliação de processos e resultados se tornou uma Existe uma enorme necessidade de desenvolvimento de parâmetros ferramenta crucial para o direcionamento das propostas de atuação, embasando as decisões e teóricos que possam nortear as ações no sentido de valorizar, para além comprovando a eficácia ou não de tais procedimentos. do empoderamento econômico por si só, a identidade cultural de grupos e comunidades locais, promovendo a melhoria da qualidade de vida das Entre os principais indicadores do ASAS encontra-se a autonomia dos beneficiários e alunos, pessoas envolvidas, assim como potencializando a construção de uma promovida através de ações que visam a consolidação dos grupos de forma coletiva e identidade cultural compatível com o território e a época em que se produz colaborativa. A autonomia dos beneficiários em relação à criação, produção e contato com o artefato. Agregar valor aos produtos através da coleta de informações que clientes e fornecedores se faz tão importante quanto a formação de uma equipe executora de nutram a criação de iconografias, que revelem nos produtos a localidade e a alunos pró-ativos e dispostos a se apropriar das estruturas e práticas do projeto ASAS. A partir cultura de comunidades específicas faz parte do eixo metodológico adotado. da valorização das potencialidades individuais, propõe-se constituir grupos múltiplos que se Para que isto aconteça, ao longo de todo o processo, realizamos pesquisas fortaleçam por meio do desdobramento dos conhecimentos adquiridos e da autoria coletiva da sobre design, artesanato, arte contemporânea e outras manifestações de produção. capacitação em artesanato e design que apresentem como parâmetros da produção nacional e internacional e possam auxiliar nas metodologias de Outros indicadores também relevantes durante o desenvolvimento do projeto são a melhoria da criação e desenvolvimento de produtos. qualidade de vida dos beneficiários diretos (participantes das oficinas) e indiretos (familiares, amigos e demais membros da comunidade), tendo como referência: qualidade dos produtos Como estes processos de capacitação que envolvem aulas teóricas desenvolvidos (avaliação dos lojistas e dos próprios beneficiários em relação ao acabamento intercaladas com oficinas criativas e técnicas são frutos de intensas e ao produto como um todo); a ampliação do repertório e o olhar crítico sobre a criação; pesquisas, realizam-se textos para publicação indexada, nos quais os alunos divulgação do projeto; e, finalmente, a consolidação de novas parcerias que viabilizem a são incentivados a pensar e pesquisar temas importantes para o universo do continuidade dos processos de capacitação. design contemporâneo e, principalmente, que envolvam a produção deste outro design, que transcenda o raciocínio positivista e industrial vigente na academia e que se encontre na interface com parâmetros de responsabilidade social através do estabelecimento de vínculos com a comunidade, conectando de forma intensa as atividades de ensino, pesquisa e extensão. 20 21
  • 12. A equipe executora do projeto se pautou constantemente pelo incentivo em ações colaborativas como possibilidade de trabalho, através de metodologias que incentivassem a autoria coletiva dos produtos. Percebeu-se que, de maneira indireta, estas práticas colaborativas reforçam a ideia de grupo reafirmando Metodologia uma identidade local, que, mesmo sendo híbrida e multifacetada, auxilia na consolidação de uma equipe criativa e produtiva mais coesa. A partir da utilização de tais metodologias experimentais, ficou clara a importância da construção de Essa definição que busca o desenvolvimento sustentável opõe-se ao modelo de desenvolvimento novas estratégias de invenção para serem realizadas em projetos de capacitação dominante, que promove a fusão de empresas, a concentração do capital e da renda, o aumento da em artesanato e design, tanto para o grupo de alunos (que precisam trabalhar desigualdade social, a exclusão social, a segregação urbana, (...). Mesmo nas épocas em que houve coletivamente e pensar nas estratégias de ação do projeto como um todo), crescimento, não se reduziu a desigualdade. (...) queremos um desenvolvimento que beneficie a quanto para o grupo de beneficiários (que precisam entender a necessidade e a grande maioria da população; queremos um desenvolvimento com distribuição de renda; queremos potencialidade que o trabalho coletivo pode trazer para a iniciativa). um desenvolvimento que seja um projeto identificado com as aspirações da população e sustentado por ela. (BAVA, 2004, p. 110)8 O processo de capacitação da equipe constitui parte fundamental da metodologia e se faz em um processo continuado que ocorre durante todo o período do projeto. Durante as reuniões semanais, as discussões propostas envolvem, além de questões relacionadas aos problemas cotidianos, o embasamento teórico da proposta e a contextualização das ações Conclusão realizadas pelo projeto. A troca de experiências, informações e referências desenvolvimento. Fundação Banco do Brasil, Rio de Janeiro, 2004. durante estes processos consolidam os parâmetros das ações (de ensino, de políticas públicas” In: Tecnologia social – uma estratégia para o LASSANCE JÚNIOR, A. E.; PEDREIRA, J. S. “Tecnologias sociais e construção da coletividade, da proposição de maneiras de gestão do grupo na favela, dos eventos realizados, etc.), viabilizando o estabelecimento de relações Por fim, acredita-se que seja necessário inventar outras formas de lidar com o design que e propostas diferenciadas. A coordenação, no entanto, precisa ter consciência possibilitem novos parâmetros para a consolidação da produção de um campo expandido de seus limites, observando quando é necessário agir firmemente e quando para esta disciplina, para além do tecnicismo e do mercado de produção em massa, deixar que os alunos, junto à comunidade, tomem decisões e direções nas incentivando um desenvolvimento contaminado pelo cotidiano, pela arte, pela arquitetura, atividades. Este é um limite tênue e extremamente difícil de ser atingido pelo pelo urbanismo, e que possa existir de uma maneira mais social e política. professor, porque devido ao sistema convencional de ensino no qual a maioria dos participantes foi formado, há, em geral, uma relação forte de hierarquia e Um dos pontos importantes a se compreender é que, em projetos sociais desta natureza, os centralização por parte da coordenação. Tendo a coordenação assumido este discursos idealistas e utópicos, mesmo que muito bem intencionados, são extremamente posto de supervisão e orientação do processo, permitindo um maior engajamento difíceis de serem realizados. É preciso coragem e perserverança porque a complexidade e autonomia dos alunos, estes últimos podem então participar mais diretamente do encontro entre vidas com dinâmicas cotidianas tão diversas está presente em todos da capacitação dos artesãos na favela, propondo direcionamentos e delineando os momentos do trabalho. Mesmo que seja fundamental pensar um projeto (ideal) com estratégias para o próprio projeto. Desta forma, consegue-se compor um grupo diagnóstico, objetivos, metodologia, cronograma, não há garantia alguma de resultados de alunos presente e atuante, destacando-se por iniciativas responsáveis e eficazes a curto prazo. O inesperado é uma constante, sendo assim necessário que haja eficazes para o avanço do trabalho em direção aos objetivos propostos. uma flexibilidade enorme nas ações e uma compreensão da necessidade de se reinventar os processos lidando constantemente com frustrações, e criando novas situações para as 8 Ressalta-se aqui que, para capacitar alunos de design para trabalhar nesta novas realidades que se apresentam. interface com artesanato, é necessário rever a maneira na qual o estudante de design é incentivado durante o tempo todo na academia a possuir um trabalho Para finalizar, pretende-se dizer que em casos de projetos de extensão universitária, autoral. Esta ideia precisa ser diluída em projetos com foco em criação e gestão nos quais quase sempre existe uma relação cotidiana com uma comunidade em colaborativa para que os alunos compreendam na prática as dificuldades de se estado de vulnerabilidade social, é preciso estar atento a todo momento ao perigo trabalhar com o outro nestes processos que visam o desenvolvimento de estratégias de negociação do estabelecimento de relações de poder entre os alunos e professores universitários e troca de conhecimento. É, para a maioria dos alunos que entram no grupo, uma novidade e um (designers) e os artesãos da comunidade. É necessário entender que o trabalho envolvendo desafio ter como objetivo aprender com o outro, trocar experiências, negociar procedimentos para realidades sociais díspares deve estabelecer um ambiente de troca de experiências de que possam surgir produtos que sejam realmente consequência de uma subjetividade coletiva, já vida e de conhecimento. Acredita-se na potência de invenção latente nas relações geradas que esta só se produz no embate cotidiano de ideias entre pessoas com origem social, cultural e pela fricção entre o erudito e o conhecimento popular. Muitos resultados positivos do ponto econômica tão diversas. de vista coletivo, social e pessoal, são difíceis de mensurar, mas precisam também serem mapeados e agregados aos resultados qualitativos positivos dos projetos. 22 23
  • 13. Belo Horizonte, estabelecimentos comerciais como a loja Grampo, a galeria Quina ou o Café com Letras, ou confecções de moda como a Raíz da Terra, além dos alunos, professores, membros da comunidade envolvidos, todos ganham neste processo de troca que deve ser equilibrado, gerando benefícios a todos, não num sentido capitalista exclusivamente do termo, mas num sentido mais amplo, que engloba a generosidade e a solidariedade humana dentro de um movimento de tradução, invenção e formulação de tecnologia social. Pretende-se gerar, através do encontro de instituições, profissionais e pessoas de realidades sociais e culturais diversas, atos que se dão como biopotência, que resiste aos mecanismos do biopoder estabelecido pelas relações perversas do capital contemporâneo, mesmo que como no caso do ASAS envolvendo parceiros que são evidentes representantes do capital, desde que todos ganhem com isto. Uma nova forma de militância criativa, um outro design. Todos e qualquer um inventam, na densidade social da cidade, na conversa, nos costu- mes, no lazer — novos desejos e novas crenças, novas associações e novas formas de cooperação. (…) Todos e qualquer um, e não apenas os trabalhadores inseridos numa relação assalariada, detêm a força-invenção, cada cérebro-corpo é fonte de valor, cada parte da rede pode tornar-se vetor de valorização e de autovalorização. Assim, o que vem à tona com cada vez maior clareza é a biopotência do coletivo e a riqueza biopolítica da multidão. (PELBART, P. P., 2003, p.139) O objetivo essencial deste tipo de projeto realizado pelo ASAS é também estabelecer uma rede de trocas desierarquizada e compreender que todos aprendem e ampliam os seus horizontes ao longo destas experiências. Nestes projetos de extensão, a consciência da atuação política deve ser evocada a todo momento para que a construção das tecnologias sociais não aconteçam de forma consciente apenas no nível técnico e burocrático, que é um risco evidente dentro das estruturas acadêmicas. REFERêNCIAS BIBLIOGRáFICAS Alguns movimentos, iniciativas e campanhas reúnem-se em torno do princípio da igual- dade, outros em torno do princípio da diferença. A teoria da tradução é o procedimento que BAVA, Silvio Caccia. Tecnologia Social e Desenvolvimento Social. In: Tecnologia social: uma estratégia possibilita a sua mutual inteligibilidade. Tornar mutuamente inteligível significa identificar para o desenvolvimento. Fundação Banco do Brasil, Rio de Janeiro, 2004. o que une e é comum a entidades que estão separadas pelas suas diferenças recíprocas. (SANTOS, B. S., 2006, p.198) DAVIS, Mike. Planeta Favela. São Paulo: Boitempo, 2007. Segundo Boaventura de Souza Santos, a construção do cosmopolitismo, que se assenta DELEUZE, Gilles. A ilha deserta. São Paulo: Iluminuras, 2006. no procedimento de tradução, requer uma inteligibilidade mutual que é pré-requisito do que o autor chamaria “a mistura, autorreflexiva e interna, da política da igualdade DORMER, Peter. The Salon de refuse. In: DORMER, P. (org.). The Culture of Craft. NY: Manchester e da política da diferença no seio dos movimentos, das iniciativas, das campanhas ou University Press, 1997. das redes.” (SANTOS, 2006, p.198) HARDT, Michael; NEGRI, Antonio. Império. Rio de Janeiro: Record, 2001. O autor trata aqui do que ele chama de luta contra-hegemônica, que são práticas de maninfesto, ou programas claros e inequívocos, de alianças que são possíveis porque LASSANCE JÚNIOR, Antonio E.; PEDREIRA, Juçara Santiago.Tecnologias sociais e políticas públicas. baseiam-se em denominadores comuns, objetivos comuns, e que são mobilizadoras In: Tecnologia social – uma estratégia para o desenvolvimento. Fundação Banco do Brasil, Rio de porque produzem uma ação positiva, isto é, porque conferem vantagens específicas Janeiro, 2004. a todos os que participam nelas em função do seu grau de participação. E é nesta consciência das vantagens para todos os atores envolvidos no processo que o trabalho PELBART, Peter. Paul. Vida Capital: ensaios de biopolítica. São Paulo: Iluminuras, 2003. do ASAS vem sendo realizado. Parceiros instituicionais como UNISOL/SANTANDER, Escola Municipal Pe. Guilherme Peters, Universidade FUMEC, Prefeitura Municipal de SANTOS, Boaventura de Sousa. A gramática do tempo. Para uma nova cultura política. São Paulo: Corteza, 2006. SANTOS, Milton. O retorno do território. In: SANTOS, M; SOUZA, M. A. de; SILVEIRA, M. L. Território: 24 globalização e fragmentação. São Paulo: Hucitec, 1994. 25
  • 15. Universidade FUMEC Diretoria geral da FEA/FUMEC Prof. Luiz de Lacerda Júnior O princípio da conectividade nos coloca diante da noção de As demandas do nosso tempo são tão urgentes comunidade de aprendizagem. Nem o estudante e nem a e graves que apontam para a importância Universidade são entidades isoladas, ao contrário, encontram- de reafirmar o papel da Universidade e -se em relação com seus pares, com a comunidade educativa e de fortalecer sua conectividade com as com sua comunidade ampliada que é a humanidade. necessidades da nossa sociedade e do nosso planeta através do ensino, da extensão e Diante de uma sociedade voltada para o culto ao da pesquisa . Promover o engajamento de individualismo e à competitividade, não é difícil perceber seu corpo docente e discente com as causas a insustentabilidade das formas atuais de produção e os sociais desperta em todos um profundo consequentes transtornos causados nos meios ambientes, sentido de responsabilidade social, pois os econômicos e sociais. O paradigma vigente é concentrador caminhos e as transformações começam a de riqueza e distribuidor de injustiças sociais. Diante disso, surgir a partir do comprometimento individual BH nunca foi tão importante e urgente pensar e repensar a ética, enquanto campo de ação/reflexão e intervenções no mundo, capaz de operar mudanças de valores e de condições com a construção de elos para uma cidadania em cadeia, que visa assegurar o direito ao presente e ao futuro. É papel da Universidade cotidianas de existência, de abrir-se para o encontro solidário adotar uma postura profundamente crítica e com o outro enquanto diferença e apostar num futuro melhor construtiva em favor do desenvolvimento de para a vida da terra e na terra. uma ética planetária, possibilitando ao aluno formar uma atitude de ruptura ante o estabelecido, e tecer um projeto de vida, individual e coletiva, muito mais digna e bonita. O projeto ASAS — Artesanato Solidário no Aglomerado da Serra — representa mais um elo na construção desta cadeia na medida em que através da arte e do artesanato promove o resgate cultural, a preservação de saberes, tradições, tecnologias, além de contribuir com a geração de renda e emprego, promovendo a integração social e o resgate da cidadania da população pobre. Trabalhar eticamente é exatamente isto: agir com clareza, cuidar com sensibilidade, sentir o coração secreto das coisas, produzir encantamento, dar cor, sabor, ritmo e tonalidade às vidas humanas, inaugurando em nós mesmos e no outro um novo jeito de ser e de viver no mundo. 29
  • 16. Coordenadoria do setor de extensão da Universidade FUMEC Prof. Osvaldo Manoel Corrêa Um ciclo de vida compreende fecundação, germinação, Assim, em 2007/2008, depois de longa coletivo focado em ações colaborativas, que culminou em também, pelos parceiros, clientes, e, numa gestação, nascimento, maturação. Pequenas histórias, viagem e voos de maturação com diversos um processo mais organizado e produtivo e também na dimensão verdadeiramente histórica, pelos individuais ou de grupos, dentro da grande história do nomes, faces e interfaces, o projeto ASAS conscientização dos artesãos, alunos bolsistas e professoras moradores do Aglomerado da Serra. Serra, mundo. Fases de um passado se fazem presentes num faz seu ninho no Aglomerado da Serra da importância desse tipo de dinâmica de trabalho. Em em sentido figurado, designa uma cadeia de ser vivo, potencializado e resultante de tempo e no tempo. para gerar formas de empoderamento. segundo lugar, além dessa dimensão coletiva, o surgimento montanhas com muitos picos e quebradas; No caso, após um longo ritual de passagem, moradores E, entre uma parceria aqui, Universidade de resultados, como consciência de grupo, melhoria aglomerado, sementeira de possibilidades da comunidade Vila Ponta Porã, em Belo Horizonte, veem FUMEC e Unisol (Banco Real/Santander), da qualidade de vida, olhar crítico sobre a produção e nem sempre potencializadas, pode ser registradas suas Táticas de Sobrevivência (2003/2004) neste e outra ali, FUMEC e a Escola Municipal criação, crescente autonomia em relação ao contato com um somatório, uma soma de soma de Catálogo como num espelho revelador de sonhos e de Padre Guilherme Peters, jurisdicionada à clientes, fornecedores e novos parceiros, empoderamento intervenções positivas mais do que de ações resultados, e de realizações a partir do enorme potencial Vila Novo São Lucas, foi possível, no espaço já incorporado pelos alunos, aglomeradas, professoras beneficentes. É a Universidade FUMEC, mais de cidadãos comuns. O acervo é enriquecido com um vasto intramuros da universidade, realizar oficinas e a associação como sendo de um só compartilhamento do que trabalhando intramuros, trabalhando levantamento de inventos, objetos e produtos do cotidiano de serigrafias, encadernação, de corte e costura comunitário. também, com responsabilidade social, toda a da própria comunidade. num feliz casamento entre o teórico/prático área circundante de seu entorno geográfico e acadêmico e a prática/vivencial comunitária. Nossos alunos enriqueceram em escala, nesta ação de social. Isto é fazer extensão. Do Sempre Savassi Design e Cultura (2005/2006) e da E, no extramuros, a possibilidade de novos extensão, a produção de textos, transmitindo novos saberes articulação entre pesquisa e extensão nasceu o Primeiro saberes para nossos alunos fora do seu status adquiridos na prática e, principalmente, puderam dirigir um Catálogo que mais tarde viria a ser “uma série”: Artesanato social. O encontro com uma nova realidade é novo olhar sobre a existência humana projetando-o na sua Solidário no Barreiro (2006/2007), em que a Coleção 9 + 1 sempre oportunidade de novos aprendizados vida assim como no fazer profissional. registra a história de vida de cada artesã e conquista seu e de grandes transformações em nosso ser. registro no Segundo Catálogo. Toda essa rica experiência compartilhada poderá Nossas professoras reaprenderam a relevância do papel de ser apreciada no Terceiro Catálogo. coordenar, ou seja, mais do que conjugar esforços, conciliar Antes de chegar ao Aglomerado da Serra, o projeto ASAS diferenças, ser responsável por um setor ou equipe de realizou uma passagem pelo projeto Rondon em Assis Brasil O Quarto Catálogo traz novos ganhos produção de artesanato e design, elas fizeram acontecer (AC) e em Jequitaí (MG). Naquela cidade do Acre foram e aprendizados para a Universidade, um aprendizado eficaz a partir da convivência, graças a um trabalhadas oficinas de capacitação em artesanato e design Comunidade e Parceiros na Ação de Extensão. gratificante trabalho a vislumbrar novas oportunidades de de produtos e mobiliários de bambu. Na cidade mineira de Não é possível enumerar, numa Apresentação, vida e diferentes dinâmicas sociais. Jequitaí, uma coleção de almofadas registra a historicidade todos esses ganhos e aprendizados. Cumpre, e a vida da comunidade. porém, destacar, em primeiro lugar, o trabalho Que este novo Catálogo não seja o início do fim, mas o fim do começo de uma nova era de empoderamento Toda caminhada exige parada para descanso e e consciência coletiva a ser vivida por toda a equipe a reabastecimento, e intervalos para reflexão sobre o já partir dessas ações de extensão, em suas vidas, como realizado e para a articulação de novas metas. Num desses ínterins, foi cadastrado, no CNPq, o grupo de pesquisa com interface em extensão sobre a temática “Diferenças: Arte, Design, Arquitetura”. Uma exposição realizada, em Inhotim, foi um fruto maduro da experiência em Jequitaí. 30
  • 17. UniSol - Universidade Solidária UniSol e Grupo Santander Em uma comunidade as atividades de cada indivíduo contribuir para a melhoria de suas condições estão sempre interligadas de alguma maneira. Quando de vida; e apoiar a extensão universitária, um se beneficia, é muito provável que o próximo seja estimulando a troca de conhecimentos e a envolvido. Assim, os projetos sociais que se baseiam em inserção na comunidade. parceria de benefícios mútuos formam “pequenas células de multiplicadores” nessas comunidades, promovendo a Esta iniciativa apoia a implementação autossustentabilidade. de projetos sociais com a participação de Instituições de Ensino Superior (IES) Acreditando nisso, o Programa UniSol e o Grupo Santander brasileiras, trabalhando na construção Brasil apoiaram o projeto ASAS — Artesanato Solidário no de soluções locais de desenvolvimento Aglomerado da Serra — vencedor do 11º Concurso Banco sustentável e comunitário, e disseminado Real Universidade Solidária. Executado pela Universidade valores de cidadania e de responsabilidade FUMEC, o projeto ASAS é um exemplo de iniciativas que social aos jovens universitários — futuros contribuem para fortalecer a extensão universitária, profissionais do país. evidenciando a poder da relação transformadora entre universidade e sociedade e a integração com o ensino e a Em 14 anos de atuação, o concurso já pesquisa. mobilizou 94 IES, 1.340 estudantes, 178 professores e beneficiou direta e Criado em 1996, o concurso Banco Real Universidade indiretamente mais de 4 mil pessoas em Solidária, agora com o nome de Prêmio Santander todo Brasil, a partir da interação entre o Universidade Solidária, atua por meio de parcerias para conhecimento acadêmico e o popular. atingir três grandes objetivos: contribuir para a formação cidadã dos jovens universitários, proporcionando ao estudante, pela prática na comunidade, a oportunidade de rever e trabalhar sistemicamente os conhecimentos SP adquiridos na universidade; colocar o conhecimento das universidades à disposição das comunidades, de forma a 33
  • 18. Escola Municipal Padre Guilherme Peters Diretoria da Escola Municipal Padre Guilherme Peters Márcia Libânio Teixeira A escola Municipal Padre Guilherme Peters está situada dentro do Aglomerado da Serra — local de vulnerabilidade social — e a nossa missão é a de oferecer a melhor educação aos nossos alunos, o que muitas vezes é dificultado pela história de vida e de falta de perspectiva das famílias em relação a suas crianças e adolescentes. Este projeto oferecido e realizado pela Universidade FUMEC e pela Unisol, juntamente com o Banco Real, ofereceu um movimento na comunidade para que se tornassem construtores de sua independência. Nós já percebemos o quanto as aglomeradas se tornaram cidadãs do mundo — já estão se organizando para comprar uma casa, viajam de avião, conheceram outros estados e ganham seu dinheiro com seu trabalho digno e criativo que se tornou economicamente possível de ser realizado. Sinto orgulho de ter sido parte desta mudança com um simples empréstimo do espaço para que o projeto se realizasse. O mundo pode ser diferente e mais digno de se viver quando nos esforçamos para trabalhar a favor das ondas das adversidades e não contra elas. BH 35