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Núcleo de Educação Popular 13 de Maio - São Paulo, SP                          .




CRÍTICA SEMANAL DA ECONOMIA
         Tel. (11) 92357060 ou (48) 96409331 e-mail: criticasemanal@uol.com.br


           EDIÇÃO 1121– Ano 27; 4ª semana de Setembro 2012.

Tsunami monetário e outros babados.
 A presidenta neopelega inventa esquema de enrolação para anestesiar a
        opinião pública para a crise que se aproxima e esconder a
responsabilidade de seus patrões da indústria e do agronegócio JOSÉ MARTINS

O que acontece com as moedas nacionais e respectivas taxas de câmbio das
economias dominadas? Grandes estrelas emergentes como Brasil e China não
sabem o que fazer para reequilibrar seu comércio externo. Esse motor do
neomercantilismo dos tolos, gerador de superávits comerciais e acúmulo de
reservas internacionais, perde o dinamismo. E a produção industrial vai para o
vinagre. O PIB vai atrás. Vira pibinho. No Brasil e na China as medidas para
interromper a queda e relançar a economia não funcionam. A doença é a mesma.

QUEM É O CULPADO? O governo brasileiro não tem dúvida: é o ‘tsunami
monetário’! Mas que bicho é esse? Nada mais que um esquema mentalizado
pelos economistas de Estado; uma perversidade urdida por Bernanke, presidente
do Banco Central dos EUA. E pode ser facilmente entendido. Até a obesa
presidenta brasileira consegue. O que ninguém mais aguenta é que ela não para
de repetir a mantra dos afogados: é o tsunami monetário, é o tsunami monetário...
       Como nesta semana, em seu lindíssimo discurso na 67ª Assembleia Geral
da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, quando ela
denunciou para uma entediada plateia de beligerantes árabes, famintos africanos,
esquálidos asiáticos, e outros condenados da globalização, que os países ricos
aplicam uma danosa política monetária de redução de juros para estimular a
economia: “Os Bancos Centrais dos países desenvolvidos persistem em uma
política monetária expansionista que desequilibra as taxas de câmbio. Com isso,
os países emergentes perdem mercado devido à valorização artificial de suas
moedas, agravando ainda mais a recessão global” disse a presidenta.
       Então, os afrouxamentos quantitativos aplicados por Bernanke e seus
colegas da Alemanha e Japão, discorre ela, força a valorização das moedas
fazendo com que os países emergentes percam mercado internacional. É a esse
aumento da quantidade de dólar em circulação na economia internacional, coisa
criada nos países ricos, que ela chama de ‘tsunami monetário’.
       Mas será que essa contorção mental tão facilmente digerível pela
lobotomizada opinião pública é a explicação para a desaceleração da produção no
Brasil e na China, em pleno período de expansão global? É verdade que o Brasil
ostenta a duvidosa reputação de casa da mãe Joana para descarrego de recursos
especulativos internacionais. Sempre foi assim. Faz parte do seu caráter. É claro,
também, que com bombeamento crescente de dólares no país, o real fica
pressionado e a tendência é apreciar frente ao dólar. Mas essa é a espuma do
processo – não é verdade, como afirma o governo atual, que isso é o que estaria
na raiz da atual queda das exportações e aumento das importações, fazendo com
que o país perca mercado internacional e, finalmente, desacelere a sua produção.

O ÁLIBI DOS NEOPELEGOS – Esse álibi de inventar uma causa externa para o
pibinho nacional não convence. Há mais de dez anos, desde a época dos
governos neoliberais, a balança comercial brasileira inverteu a histórica tendência
de déficits para alentados e crescentes superávits comerciais. Teria acontecido
uma grande revolução na estrutura produtiva nacional para explicar essa façanha?
Um súbito aumento da produtividade industrial e da competitividade nacional no
comércio internacional? Ao contrário. A produtividade brasileira, do mesmo
modo que a chinesa, continuou desabando relativamente aos concorrentes
imperialistas. A própria burguesia industrial brasileira descobriu atônita, no
rescaldo do processo, que o país havia sofrido uma grande “desindustrialização”.
       Aquela inversão dos fluxos comerciais, festivamente comemorada pelo
governo neopelego, foi constantemente acompanhada por uma inédita apreciação
do real e uma enxurrada de dólares especulativos, o que elevou as reservas
internacionais do país a níveis também inimagináveis até a virada para os anos
2000. E o real não parava de se apreciar frente ao dólar. O que agora é problema
na época era virtude. E propaganda. Um real forte! festejavam os neopelegos.
Vendiam até a imagem de uma “potência emergente” liderando mudanças
geopolíticas (relações Sul-Sul), falando grosso com Washington, FMI, e outros
delírios.
       Aquele ‘tsunami monetário’ original era bem maior que este atual que a
presidenta denuncia. O que o governo deveria explicar é por que as tão festejadas
reservas internacionais passaram a ser um terrível problema, exatamente a partir
do último período de crise da economia mundial. Por que o governo não
consegue fechar a caixa de pandora e diminuir a entrada de recursos externos na
economia. Por que aquele festejado tsunami original, que garantiu a popularidade
e, principalmente, a governabilidade dos neopelegos, agora se transmuta
misteriosamente no grande perigo para a economia nacional?
       O Bernanke e seus comparsas imperialistas realmente são culpados por
muitos crimes na economia mundial. Agora, fazer de conta que só eles são
culpados pela arapuca armada pela quadrilha industrial da Fiesp e seus irmãos do
agronegócio, aí já é enrolação em cima de quem não tem nada a ver com o pato.
Para receber semanalmente em seu email análises econômicas
como esta que você acabou de ler, assine e divulgue o boletim
CRÍTICA SEMANAL DA ECONOMIA, do 13 de Maio, Núcleo de Educação
Popular, S.Paulo.

       Em 2012, estamos completando 26 ANOS DE VIDA.
Vinte e seis anos informando   e educando a classe trabalhadora!
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  • 1. Núcleo de Educação Popular 13 de Maio - São Paulo, SP . CRÍTICA SEMANAL DA ECONOMIA Tel. (11) 92357060 ou (48) 96409331 e-mail: criticasemanal@uol.com.br EDIÇÃO 1121– Ano 27; 4ª semana de Setembro 2012. Tsunami monetário e outros babados. A presidenta neopelega inventa esquema de enrolação para anestesiar a opinião pública para a crise que se aproxima e esconder a responsabilidade de seus patrões da indústria e do agronegócio JOSÉ MARTINS O que acontece com as moedas nacionais e respectivas taxas de câmbio das economias dominadas? Grandes estrelas emergentes como Brasil e China não sabem o que fazer para reequilibrar seu comércio externo. Esse motor do neomercantilismo dos tolos, gerador de superávits comerciais e acúmulo de reservas internacionais, perde o dinamismo. E a produção industrial vai para o vinagre. O PIB vai atrás. Vira pibinho. No Brasil e na China as medidas para interromper a queda e relançar a economia não funcionam. A doença é a mesma. QUEM É O CULPADO? O governo brasileiro não tem dúvida: é o ‘tsunami monetário’! Mas que bicho é esse? Nada mais que um esquema mentalizado pelos economistas de Estado; uma perversidade urdida por Bernanke, presidente do Banco Central dos EUA. E pode ser facilmente entendido. Até a obesa presidenta brasileira consegue. O que ninguém mais aguenta é que ela não para de repetir a mantra dos afogados: é o tsunami monetário, é o tsunami monetário... Como nesta semana, em seu lindíssimo discurso na 67ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, quando ela denunciou para uma entediada plateia de beligerantes árabes, famintos africanos, esquálidos asiáticos, e outros condenados da globalização, que os países ricos aplicam uma danosa política monetária de redução de juros para estimular a economia: “Os Bancos Centrais dos países desenvolvidos persistem em uma política monetária expansionista que desequilibra as taxas de câmbio. Com isso, os países emergentes perdem mercado devido à valorização artificial de suas moedas, agravando ainda mais a recessão global” disse a presidenta. Então, os afrouxamentos quantitativos aplicados por Bernanke e seus colegas da Alemanha e Japão, discorre ela, força a valorização das moedas fazendo com que os países emergentes percam mercado internacional. É a esse aumento da quantidade de dólar em circulação na economia internacional, coisa criada nos países ricos, que ela chama de ‘tsunami monetário’. Mas será que essa contorção mental tão facilmente digerível pela lobotomizada opinião pública é a explicação para a desaceleração da produção no
  • 2. Brasil e na China, em pleno período de expansão global? É verdade que o Brasil ostenta a duvidosa reputação de casa da mãe Joana para descarrego de recursos especulativos internacionais. Sempre foi assim. Faz parte do seu caráter. É claro, também, que com bombeamento crescente de dólares no país, o real fica pressionado e a tendência é apreciar frente ao dólar. Mas essa é a espuma do processo – não é verdade, como afirma o governo atual, que isso é o que estaria na raiz da atual queda das exportações e aumento das importações, fazendo com que o país perca mercado internacional e, finalmente, desacelere a sua produção. O ÁLIBI DOS NEOPELEGOS – Esse álibi de inventar uma causa externa para o pibinho nacional não convence. Há mais de dez anos, desde a época dos governos neoliberais, a balança comercial brasileira inverteu a histórica tendência de déficits para alentados e crescentes superávits comerciais. Teria acontecido uma grande revolução na estrutura produtiva nacional para explicar essa façanha? Um súbito aumento da produtividade industrial e da competitividade nacional no comércio internacional? Ao contrário. A produtividade brasileira, do mesmo modo que a chinesa, continuou desabando relativamente aos concorrentes imperialistas. A própria burguesia industrial brasileira descobriu atônita, no rescaldo do processo, que o país havia sofrido uma grande “desindustrialização”. Aquela inversão dos fluxos comerciais, festivamente comemorada pelo governo neopelego, foi constantemente acompanhada por uma inédita apreciação do real e uma enxurrada de dólares especulativos, o que elevou as reservas internacionais do país a níveis também inimagináveis até a virada para os anos 2000. E o real não parava de se apreciar frente ao dólar. O que agora é problema na época era virtude. E propaganda. Um real forte! festejavam os neopelegos. Vendiam até a imagem de uma “potência emergente” liderando mudanças geopolíticas (relações Sul-Sul), falando grosso com Washington, FMI, e outros delírios. Aquele ‘tsunami monetário’ original era bem maior que este atual que a presidenta denuncia. O que o governo deveria explicar é por que as tão festejadas reservas internacionais passaram a ser um terrível problema, exatamente a partir do último período de crise da economia mundial. Por que o governo não consegue fechar a caixa de pandora e diminuir a entrada de recursos externos na economia. Por que aquele festejado tsunami original, que garantiu a popularidade e, principalmente, a governabilidade dos neopelegos, agora se transmuta misteriosamente no grande perigo para a economia nacional? O Bernanke e seus comparsas imperialistas realmente são culpados por muitos crimes na economia mundial. Agora, fazer de conta que só eles são culpados pela arapuca armada pela quadrilha industrial da Fiesp e seus irmãos do agronegócio, aí já é enrolação em cima de quem não tem nada a ver com o pato.
  • 3. Para receber semanalmente em seu email análises econômicas como esta que você acabou de ler, assine e divulgue o boletim CRÍTICA SEMANAL DA ECONOMIA, do 13 de Maio, Núcleo de Educação Popular, S.Paulo. Em 2012, estamos completando 26 ANOS DE VIDA. Vinte e seis anos informando e educando a classe trabalhadora! ASSINE AGORA A CRÍTICA Ligue agora para (11) 9235 7060 ou (48) 96409331 ou escreva um e-mail para criticasemanal@uol.com.br e saiba as condições para a assinatura!