SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 12
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
CURITIBA – PR
2011
ANA PAULA PATIAS GUIMARÃES
DIANDRA SANCHEZ LEITNER
LAIZE CHAVES BILOTTI
LORENA PANAGE MOURA
RELATÓRIO DE FISICO-QUÍMICA EXPERIMENTAL II
TENSÃO SUPERFICIAL – PARTE 1
Trabalho referente à primeira prática
sobre tensão superficial, realizada
pelos alunos da bancada 04, da
disciplina de Fisico-Química
Experimental II, do curso de
Engenharia Química, setor de Exatas
da UFPR.
Profa.: Dra. Isabel Cristina Riegel
1. Introdução
Uma molécula no interior do líquido (Figura 1) sofre radialmente e, em
média, igualmente em todas as direções, forças de atração das moléculas
vizinhas, de modo que estas forças estão perfeitamente balanceadas. Em
geral, esta atração é efetiva apenas por uma distância d, chamada de alcance
molecular, que é da ordem de 10-7 cm. Para uma molécula que se encontra a
uma distância da superfície do líquido menor do que d (Figura 2), as forças
sobre ela se tornam desbalanceadas, uma vez que uma das metades com
esse raio, abaixo dela, está preenchido totalmente com moléculas que a
atraem, e a metade acima dela, por se estender além da superfície do líquido,
está preenchido apenas parcialmente com moléculas que a atraem.
Figura 1 Sistema em equilíbrio.
Para uma molécula na fronteira do líquido, o desbalanceamento das
forças é máximo (Figura 3). Assim, existe uma forte tendência das moléculas
que se encontram dentro de uma camada superficial serem puxadas para o
interior do líquido, e por isso a superfície do líquido tende a se contrair
espontaneamente na direção do mesmo. Essa tendência em adotar formas que
tornam mínima a sua área superficial de modo que o número máximo de
moléculas fique no interior da fase explica fenômenos como a formação de
gotículas esféricas. [2]
Se uma molécula se move do interior do líquido para a camada
superficial, esta força realiza um trabalho negativo sobre ela. Assim, a
superfície de um líquido pode ser aumentada se um certo número de moléculas
passa do interior do líquido para a camada superficial, fato que só acontece
pela realização de trabalho. A diminuição da superfície permite a realização de
trabalho para o exterior.
A unidade SI para a tensão superficial é o N/m, que é numericamente
igual à razão do aumento da energia de Gibbs superficial com a área, em J/m2.
Na Tabela 1 encontram-se alguns valores da tensão superficial.
Tabela 1 – Tensão Superficial de Líquidos
1.1 Ângulo de Contato
A tendência de partículas de água se achatarem sobre a superfície de um
automóvel, por exemplo, é um indicativo que ele precisa ser lavado. Após a
lavagem, gotas de água sobre a superfície teriam contornos mais esféricos,
dizemos que um líquido “molha” uma superfície quando o ângulo de contato θ é
menor de 90°. Por esta definição, a superfície do carro estava molhada antes
da lavagem, e não molhada após a lavagem. Este é um exemplo da tensão
superficial. Sempre que um líquido está em contato com outros líquidos ou
gases, ou com uma superfície gás/sólido como neste exemplo, uma interface
se desenvolve agindo como uma membrana elástica esticada e criando uma
tensão superficial.
O ângulo de contato (θ) entre uma fase líquida e uma fase sólida depende
apenas das tensões entre as faces dos três meios em contato. Ou seja,
independe do formato do recipiente ou da gravidade.
Figura 2 Ilustração da formação do ângulo de Contato.
Esse equilíbrio de forças se dá entre as forças de adeção entre o líquido e
os meios em contato e as forças de coesão do próprio líquido. O Qunado o
equilíbrio de forças desloca-se para o sentido das forças de adesão, ocorre
diminuição dos fenomenos de não molhamento, ou sejá, o algulo de contato
aumenta. Quando as forças de adesão são maiores que as de coesão, significa
que o fluido é mais atraido pela superfície do que pelo próprio fluido, ocorrendo
o fenômeno de molhamento.
1.2 Ascenção Capilar
O fenômeno de ascensão capilar é descrito
pelo movimento acendente de fluidos dentro de
tubos muito finos (capilares) por ação natural. Tal
fenômeno só se observa quando as forças de
adesão do fluido com o capilar são maiores que as
forças de coesão do fluido, ou seja, há
molhamento. Como conseqüência da tensão
superficial, ao introduzir um tubo capilar em um
líquido que o molhe, o líquido eleva-se pelo capilar.
Figure 3 Ascenção Capilar em um
capilar de vridro.
2. Objetivos
Identificar a tensão superficial de vários líquidos.
Observar o fenômeno de capilaridade e estimar a tensão superficial de
líquidos e soluções.
3. Procedimento Experimental
A primeira parte do procedimento experimental foi dedicada a entender
as interações moleculares chamadas de forças de coesão (entre moléculas
da mesma fase) e forças de adesão (entre moléculas de fases diferentes).
Para isso, primeiramente uma placa de vidro foi lavada com água de
torneira e água destilada e secada com papel toalha. Em seguida água,
metanol, butanol e dodecil foram gotejados separadamente na placa de
vidro e as amostras foram listadas em ordem crescente de ordem de
espalhamento. Por fim, as amostras foram gotejadas lado a lado, na
tentativa de misturá-las na placa de vidro, de modo que observou-se se elas
são miscíveis, imiscíveis ou parcialmente miscíveis:
a) Água + metanol;
b) Água + butanol;
c) Água + dodecil;
d) Butanol + metanol;
e) Dodecil + metanol;
f) Dodecil + butanol.
Na segunda parte do procedimento experimental, foram lavados e secados
uma régua pequena e um tubo capilar. Aquela, então, foi mergulhada em um
béquer o qual continha certa quantidade de água. Em seguida mergulhou-se a
ponta do capilar na água e este foi colocado junto com a escala da régua.
Verifica-se se o capilar está limpo abaixando-o e levantando-o, com a ponta
mergulhada na água, o nível do líquido dentro do capilar deve sempre retornar
à posição original. Foram feitas três medidas de alturas de água no béquer e
do menisco do capilar. O procedimento foi repetido com os outros líquidos
(metanol, butanol e dodecil).
4. Resultados
Na primeira parte do experimento foram obtidos os seguintes resultados:
a) Água + metanol: miscível, pois ambos compostos são polares;
b) Água + butanol: parcialmente miscível, pois o butanol, apesar de ter
um grupo -OH polar e semelhante a água, possui uma cadeia
carbônica longa o que faz com que a molécula possua uma parte
apolar considerável;
c) Água + dodecil: solúvel, pois apesar de o dodecil possuir uma cadeia
carbônica longa, ele possui uma ponta polar e é um tensoativo (reduz
a tensão superficial da água);
d) Butanol + metanol: solúvel, pois ambos são alcoóis (polares), logo,
são moléculas semelhantes;
e) Dodecil + metanol: parcialmente solúvel
f) Dodecil + butanol: parcialmente solúvel
Na segunda parte do experimento, realizada em um tubo capilar, foram
medidas as alturas de cada substância para que, a partir da mesma, fosse
possível calcular a tensão superficial de cada elemento. Para calcular a tensão
superficial, foi utilizada a fórmula de capilaridade representada abaixo.
𝛾 =
𝑟.𝜌.𝑔.∆𝐻
2
(equação 01)
Mas para calcular a tensão superficial de cada substância é preciso
conhecer o raio do tubo do capilar. Para isso, vamos utilizar a mesma formula
acima, empregando o valor da tensão superficial de uma substância conhecida,
a água. A tensão superfícial da água foi obtida a partir da tabela 1 abaixo na
temperatura ambiante resultando em um valor de 72,516 mN/m.
Tabela 1 – Densidade e Tensão Superficial da Água no Ar em Diversas Temperaturas
A partir da tensão superfícial pode-se, então, calcular o raio do tubo
capilar. Os raios obtidos por cada bancada apresentam-se nas tabelas abaixo.
Tabela 2
Bancada A
H2O
Δh (m)
0,0123
0,013
Δh médio (m) 0,01265
ρ (kg.m-3 ) 998,23
γ (mN.m-1)(teorico) 72,516
r (m) 0,00118
Tabela 3
Tabela 4
Calculados os raios de cada bancada, pode-se então calcular a tensão
superficial de cada substância utilizando a mesma formula apresentada acima.
Os calculos foram feitos e estão representados nas tabelas abaixo.
Bancada B
H2O
Δh (m)
0,025
0,026
0,024
Δh médio (m) 0,025
ρ (kg.m-3 ) 998,23
γ (mN.m-1)(teorico) 72,075
r (m) 0,00059
Bancada C
H2O
Δh (m)
0,026
0,025
0,026
Δh médio (m) 0,02567
ρ (kg.m-3 ) 998
γ (mN.m-1)(teorico) 72,075
r (m) 0,00058
Tabela 5
Bancada A
Alturas medias dos liquidos nos capilares (m)
Substância Metanol
1-
Butanol Dodecil
Δh (m)
0,013 0,012 0,008
0,014 0,011 0,011
Δh (m) 0,0135 0,0115 0,0095
ρ (kg.m-3 ) 790 810 1100
γ (mN.m-1)(exp) 61,2454 53,49283 60,011
γ (mN.m-1)(teorico) 22,07 24,93 25,28
Erro Relativo 178% 115% 137%
Tabela 6
Bancada C
Alturas medias dos liquidos nos capilares (m)
Substância Metanol
1-
Butanol Dodecil
Δh (m)
0,009 0,011 0,014
0,01 0,012 0,013
0,008 0,01 0,015
Δh médio (m) 0,009 0,011 0,014
ρ (kg.m-3 ) 790 810 1100
γ (mN.m-1)(exp) 20,5345 25,73308 44,477
γ (mN.m-1)(teorico) 22,07 24,93 25,28
Erro Relativo 7% 3% 76%
Tabela 7
Bancada D
Alturas medias dos liquidos nos capilares (m)
Substância Metanol
1-
Butanol Dodecil
Δh (m)
0,011 0,01 0,013
0,011 0,009 0,013
0,011 0,01 0,012
Δh médio (m) 0,011 0,009667 0,0127
ρ (kg.m-3 ) 790 810 1100
γ (mN.m-1)(exp) 24,4514 22,03162 39,205
γ (mN.m-
1)(teorico) 22,07 24,93 25,28
Erro Relativo 11% 12% 55%
5. Discussão
Os resultados obtidos na primeira parte podem ser resumidamente
explicados pela frase: “semelhante dissolve semelhante”. Isto é, vimos que
moléculas polares são miscíveis com outras moléculas polares, como é o caso
da água com o metanol. Do mesmo jeito, moléculas apolares normalmente se
misturam com moléculas apolares. No caso da água com o butanol, por
exemplo, a miscibilidade é apenas parcial, isso ocorre pois apesar das duas
moléculas seres polares, o butanol possui uma cadeia carbônica
razoavelmente longa (com quatro carbonos) o que corresponde a uma parte
apolar da molécula, diminuindo assim a sua solubilidade com a água, que é
uma molécula pequena e completamente polar.
Com o dodecil, tem-se um caso atípico. Isto acontece pois ele é um
tensoativo, ou seja, uma substância que reduz a tensão superficial da água ou
a tensão superficial de dois líquidos não miscíveis entre si, o que favorece a
miscibilidade.
Na etapa em que as alturas foram medidas para a determinação da tensão
superficial, o valor da tensão superficial obtido pela bancada “A” apresenta
erros absurdamente altos para todas as substâncias. Isso se deve ao erro de
medida das altura pois, para a determinação do ∆H, foi utilizado uma régua,
cuja imprecisão é muito alta. Em relação às bancadas “B” e “C”, os erros
encontrados são bem menores, tornando-se mais coerentes.
6. Conclusão
Através do experimento realizado observou-se o comportamento das
substâncias em questão quando isoladas e quando interagem umas com as
outras, pode-se ainda calcular e entender a tensão superficial de um fluido e
sua relação com o grau de espalhamento e o ângulo de contato em uma
superfície.
Foi possível, tambêm, determinar a tensão superficial do butanol, metanol e
dodecil, porem com uma imprecisão muito grande no caso do Dodecil.
7. Referências Bibliográficas
[1] RANGEL, R.N., Práticas de Físico-Química, 2006. 3ed. São Paulo-SP. Ed.
Edgard Blucher Ltda.
[2] ATKINS, P., PAULA, J. Atkins Physical Chemistry. 8ed. Nova York:
Oxford Press. 2006
[3] DE SOUZA, N. J. M., Experimentos em Físico Química, 1995. 2ed.
Curitiba-PR. Neoprinte Ltda.
[4]
<http://www.qgsquimica.com.br/qgs/det_comunicacao.php?id=55&det_comunic
=3> acessado em 09/10/2011

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Relatorio de Química Analítica II - Determinação da Acidez total do Vinagre
Relatorio de Química Analítica II - Determinação da Acidez total do VinagreRelatorio de Química Analítica II - Determinação da Acidez total do Vinagre
Relatorio de Química Analítica II - Determinação da Acidez total do VinagreDhion Meyg Fernandes
 
Relatório prática 1 volumetria de neutralização
Relatório prática 1 volumetria de neutralizaçãoRelatório prática 1 volumetria de neutralização
Relatório prática 1 volumetria de neutralizaçãoAna Morais Nascimento
 
Relatorio de Química analítica Qualitativa cátions grupo II
Relatorio de Química analítica Qualitativa cátions grupo IIRelatorio de Química analítica Qualitativa cátions grupo II
Relatorio de Química analítica Qualitativa cátions grupo IIErica Souza
 
Relatório pilhas e eletrólise
Relatório pilhas e eletrólise Relatório pilhas e eletrólise
Relatório pilhas e eletrólise Railane Freitas
 
Relatório de Refratometria
Relatório de RefratometriaRelatório de Refratometria
Relatório de RefratometriaRailane Freitas
 
Relatorio 3 leite de magnésia
Relatorio 3  leite de magnésiaRelatorio 3  leite de magnésia
Relatorio 3 leite de magnésiaDianna Grandal
 
RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA: EXTRAÇÃO LÍQUIDO - LÍQUIDO
 RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA: EXTRAÇÃO LÍQUIDO - LÍQUIDO RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA: EXTRAÇÃO LÍQUIDO - LÍQUIDO
RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA: EXTRAÇÃO LÍQUIDO - LÍQUIDOEzequias Guimaraes
 
Potenciométrica e Condutimetria
Potenciométrica e CondutimetriaPotenciométrica e Condutimetria
Potenciométrica e CondutimetriaMaria Teixiera
 
Relatório sobre esteres
Relatório sobre esteres Relatório sobre esteres
Relatório sobre esteres nataschabraga
 
Solubilidade e Miscibilidade
Solubilidade e MiscibilidadeSolubilidade e Miscibilidade
Solubilidade e MiscibilidadeAlex Junior
 
Padronização de HCl e teor de NaOH
Padronização de HCl e teor de NaOHPadronização de HCl e teor de NaOH
Padronização de HCl e teor de NaOHRodrigo Henrique
 
Relatório - volumetria de óxido-redução permanganometria
Relatório - volumetria de óxido-redução permanganometriaRelatório - volumetria de óxido-redução permanganometria
Relatório - volumetria de óxido-redução permanganometriaFernanda Borges de Souza
 
Solubilidade e Miscibilidade - Relatório
Solubilidade e Miscibilidade - RelatórioSolubilidade e Miscibilidade - Relatório
Solubilidade e Miscibilidade - RelatórioGabriela Begalli
 
Texto nº 3 Volumetria de Neutralização
Texto nº 3   Volumetria de NeutralizaçãoTexto nº 3   Volumetria de Neutralização
Texto nº 3 Volumetria de NeutralizaçãoMarta Pinheiro
 
Relatório aula pratica química geral experimental
Relatório aula pratica química geral experimentalRelatório aula pratica química geral experimental
Relatório aula pratica química geral experimentalQueler X. Ferreira
 
Relatorio de Estagio Supervisionado em Química
Relatorio de Estagio Supervisionado em QuímicaRelatorio de Estagio Supervisionado em Química
Relatorio de Estagio Supervisionado em QuímicaLauryenne Oliveira
 

Mais procurados (20)

Relatorio de Química Analítica II - Determinação da Acidez total do Vinagre
Relatorio de Química Analítica II - Determinação da Acidez total do VinagreRelatorio de Química Analítica II - Determinação da Acidez total do Vinagre
Relatorio de Química Analítica II - Determinação da Acidez total do Vinagre
 
Relatório corrosão
Relatório corrosãoRelatório corrosão
Relatório corrosão
 
Relatório prática 1 volumetria de neutralização
Relatório prática 1 volumetria de neutralizaçãoRelatório prática 1 volumetria de neutralização
Relatório prática 1 volumetria de neutralização
 
Relatorio de Química analítica Qualitativa cátions grupo II
Relatorio de Química analítica Qualitativa cátions grupo IIRelatorio de Química analítica Qualitativa cátions grupo II
Relatorio de Química analítica Qualitativa cátions grupo II
 
Relatório pilhas e eletrólise
Relatório pilhas e eletrólise Relatório pilhas e eletrólise
Relatório pilhas e eletrólise
 
Relatório de Refratometria
Relatório de RefratometriaRelatório de Refratometria
Relatório de Refratometria
 
Relatório viscosidade
Relatório viscosidade Relatório viscosidade
Relatório viscosidade
 
Relatorio 3 leite de magnésia
Relatorio 3  leite de magnésiaRelatorio 3  leite de magnésia
Relatorio 3 leite de magnésia
 
RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA: EXTRAÇÃO LÍQUIDO - LÍQUIDO
 RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA: EXTRAÇÃO LÍQUIDO - LÍQUIDO RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA: EXTRAÇÃO LÍQUIDO - LÍQUIDO
RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA: EXTRAÇÃO LÍQUIDO - LÍQUIDO
 
Potenciométrica e Condutimetria
Potenciométrica e CondutimetriaPotenciométrica e Condutimetria
Potenciométrica e Condutimetria
 
Relatório sobre esteres
Relatório sobre esteres Relatório sobre esteres
Relatório sobre esteres
 
Solubilidade e Miscibilidade
Solubilidade e MiscibilidadeSolubilidade e Miscibilidade
Solubilidade e Miscibilidade
 
Relatorio analitica ii_04
Relatorio analitica ii_04Relatorio analitica ii_04
Relatorio analitica ii_04
 
Padronização de HCl e teor de NaOH
Padronização de HCl e teor de NaOHPadronização de HCl e teor de NaOH
Padronização de HCl e teor de NaOH
 
Relatório - volumetria de óxido-redução permanganometria
Relatório - volumetria de óxido-redução permanganometriaRelatório - volumetria de óxido-redução permanganometria
Relatório - volumetria de óxido-redução permanganometria
 
Solubilidade e Miscibilidade - Relatório
Solubilidade e Miscibilidade - RelatórioSolubilidade e Miscibilidade - Relatório
Solubilidade e Miscibilidade - Relatório
 
Texto nº 3 Volumetria de Neutralização
Texto nº 3   Volumetria de NeutralizaçãoTexto nº 3   Volumetria de Neutralização
Texto nº 3 Volumetria de Neutralização
 
Relatório aula pratica química geral experimental
Relatório aula pratica química geral experimentalRelatório aula pratica química geral experimental
Relatório aula pratica química geral experimental
 
Relatorio 5
Relatorio 5Relatorio 5
Relatorio 5
 
Relatorio de Estagio Supervisionado em Química
Relatorio de Estagio Supervisionado em QuímicaRelatorio de Estagio Supervisionado em Química
Relatorio de Estagio Supervisionado em Química
 

Semelhante a Tensão superficial de líquidos medida por capilaridade

Biofisica - propriedades fisicas e quimicas da agua
Biofisica - propriedades fisicas e quimicas da aguaBiofisica - propriedades fisicas e quimicas da agua
Biofisica - propriedades fisicas e quimicas da aguaMarcelo Silva
 
Hidrostática hidrodinâmica
Hidrostática hidrodinâmicaHidrostática hidrodinâmica
Hidrostática hidrodinâmicaMoises Souza
 
Apostila+operações+unitárias
Apostila+operações+unitáriasApostila+operações+unitárias
Apostila+operações+unitáriasAna Paula Santos
 
Apostila técnica de mecânica dos fluidos
Apostila técnica de mecânica dos fluidosApostila técnica de mecânica dos fluidos
Apostila técnica de mecânica dos fluidosValdineilao Lao
 
Noções básicas de hidrostática
Noções básicas de hidrostáticaNoções básicas de hidrostática
Noções básicas de hidrostáticaLEAM DELGADO
 
Apostila curso de_bombas
Apostila  curso de_bombasApostila  curso de_bombas
Apostila curso de_bombasslysisley
 
Mecânica dos fluidos (parte 2)
Mecânica dos fluidos (parte 2)Mecânica dos fluidos (parte 2)
Mecânica dos fluidos (parte 2)Charlesguidotti
 
comportamento dos fluídos do saneamento básico
comportamento dos fluídos do saneamento básicocomportamento dos fluídos do saneamento básico
comportamento dos fluídos do saneamento básicoJessicaStone37
 

Semelhante a Tensão superficial de líquidos medida por capilaridade (20)

Ifsp dinâmica dos fluidos
Ifsp dinâmica dos fluidosIfsp dinâmica dos fluidos
Ifsp dinâmica dos fluidos
 
Todos relatorios pdf
Todos relatorios pdfTodos relatorios pdf
Todos relatorios pdf
 
Hidrostática reforço
Hidrostática   reforçoHidrostática   reforço
Hidrostática reforço
 
Unidade i física 12
Unidade i física 12Unidade i física 12
Unidade i física 12
 
Hidráulica apostila 1
Hidráulica   apostila 1Hidráulica   apostila 1
Hidráulica apostila 1
 
Biofisica - propriedades fisicas e quimicas da agua
Biofisica - propriedades fisicas e quimicas da aguaBiofisica - propriedades fisicas e quimicas da agua
Biofisica - propriedades fisicas e quimicas da agua
 
Roteiro
RoteiroRoteiro
Roteiro
 
Capilaridade nos solos
Capilaridade nos solosCapilaridade nos solos
Capilaridade nos solos
 
Operações unitárias
Operações unitáriasOperações unitárias
Operações unitárias
 
Hidrostática hidrodinâmica
Hidrostática hidrodinâmicaHidrostática hidrodinâmica
Hidrostática hidrodinâmica
 
Apostila+operações+unitárias
Apostila+operações+unitáriasApostila+operações+unitárias
Apostila+operações+unitárias
 
Apostila técnica de mecânica dos fluidos
Apostila técnica de mecânica dos fluidosApostila técnica de mecânica dos fluidos
Apostila técnica de mecânica dos fluidos
 
Apostila de operações unitárias
Apostila de operações unitáriasApostila de operações unitárias
Apostila de operações unitárias
 
Noções básicas de hidrostática
Noções básicas de hidrostáticaNoções básicas de hidrostática
Noções básicas de hidrostática
 
Lista 1 a
Lista 1 a Lista 1 a
Lista 1 a
 
Apostila curso de_bombas
Apostila  curso de_bombasApostila  curso de_bombas
Apostila curso de_bombas
 
Fenomenos
FenomenosFenomenos
Fenomenos
 
Agua no solo
Agua no soloAgua no solo
Agua no solo
 
Mecânica dos fluidos (parte 2)
Mecânica dos fluidos (parte 2)Mecânica dos fluidos (parte 2)
Mecânica dos fluidos (parte 2)
 
comportamento dos fluídos do saneamento básico
comportamento dos fluídos do saneamento básicocomportamento dos fluídos do saneamento básico
comportamento dos fluídos do saneamento básico
 

Tensão superficial de líquidos medida por capilaridade

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ CURITIBA – PR 2011 ANA PAULA PATIAS GUIMARÃES DIANDRA SANCHEZ LEITNER LAIZE CHAVES BILOTTI LORENA PANAGE MOURA RELATÓRIO DE FISICO-QUÍMICA EXPERIMENTAL II TENSÃO SUPERFICIAL – PARTE 1 Trabalho referente à primeira prática sobre tensão superficial, realizada pelos alunos da bancada 04, da disciplina de Fisico-Química Experimental II, do curso de Engenharia Química, setor de Exatas da UFPR. Profa.: Dra. Isabel Cristina Riegel
  • 2. 1. Introdução Uma molécula no interior do líquido (Figura 1) sofre radialmente e, em média, igualmente em todas as direções, forças de atração das moléculas vizinhas, de modo que estas forças estão perfeitamente balanceadas. Em geral, esta atração é efetiva apenas por uma distância d, chamada de alcance molecular, que é da ordem de 10-7 cm. Para uma molécula que se encontra a uma distância da superfície do líquido menor do que d (Figura 2), as forças sobre ela se tornam desbalanceadas, uma vez que uma das metades com esse raio, abaixo dela, está preenchido totalmente com moléculas que a atraem, e a metade acima dela, por se estender além da superfície do líquido, está preenchido apenas parcialmente com moléculas que a atraem. Figura 1 Sistema em equilíbrio. Para uma molécula na fronteira do líquido, o desbalanceamento das forças é máximo (Figura 3). Assim, existe uma forte tendência das moléculas que se encontram dentro de uma camada superficial serem puxadas para o interior do líquido, e por isso a superfície do líquido tende a se contrair espontaneamente na direção do mesmo. Essa tendência em adotar formas que tornam mínima a sua área superficial de modo que o número máximo de moléculas fique no interior da fase explica fenômenos como a formação de gotículas esféricas. [2] Se uma molécula se move do interior do líquido para a camada superficial, esta força realiza um trabalho negativo sobre ela. Assim, a superfície de um líquido pode ser aumentada se um certo número de moléculas passa do interior do líquido para a camada superficial, fato que só acontece pela realização de trabalho. A diminuição da superfície permite a realização de trabalho para o exterior. A unidade SI para a tensão superficial é o N/m, que é numericamente igual à razão do aumento da energia de Gibbs superficial com a área, em J/m2. Na Tabela 1 encontram-se alguns valores da tensão superficial.
  • 3. Tabela 1 – Tensão Superficial de Líquidos 1.1 Ângulo de Contato A tendência de partículas de água se achatarem sobre a superfície de um automóvel, por exemplo, é um indicativo que ele precisa ser lavado. Após a lavagem, gotas de água sobre a superfície teriam contornos mais esféricos, dizemos que um líquido “molha” uma superfície quando o ângulo de contato θ é menor de 90°. Por esta definição, a superfície do carro estava molhada antes da lavagem, e não molhada após a lavagem. Este é um exemplo da tensão superficial. Sempre que um líquido está em contato com outros líquidos ou gases, ou com uma superfície gás/sólido como neste exemplo, uma interface se desenvolve agindo como uma membrana elástica esticada e criando uma tensão superficial. O ângulo de contato (θ) entre uma fase líquida e uma fase sólida depende apenas das tensões entre as faces dos três meios em contato. Ou seja, independe do formato do recipiente ou da gravidade. Figura 2 Ilustração da formação do ângulo de Contato. Esse equilíbrio de forças se dá entre as forças de adeção entre o líquido e os meios em contato e as forças de coesão do próprio líquido. O Qunado o equilíbrio de forças desloca-se para o sentido das forças de adesão, ocorre diminuição dos fenomenos de não molhamento, ou sejá, o algulo de contato
  • 4. aumenta. Quando as forças de adesão são maiores que as de coesão, significa que o fluido é mais atraido pela superfície do que pelo próprio fluido, ocorrendo o fenômeno de molhamento. 1.2 Ascenção Capilar O fenômeno de ascensão capilar é descrito pelo movimento acendente de fluidos dentro de tubos muito finos (capilares) por ação natural. Tal fenômeno só se observa quando as forças de adesão do fluido com o capilar são maiores que as forças de coesão do fluido, ou seja, há molhamento. Como conseqüência da tensão superficial, ao introduzir um tubo capilar em um líquido que o molhe, o líquido eleva-se pelo capilar. Figure 3 Ascenção Capilar em um capilar de vridro.
  • 5. 2. Objetivos Identificar a tensão superficial de vários líquidos. Observar o fenômeno de capilaridade e estimar a tensão superficial de líquidos e soluções.
  • 6. 3. Procedimento Experimental A primeira parte do procedimento experimental foi dedicada a entender as interações moleculares chamadas de forças de coesão (entre moléculas da mesma fase) e forças de adesão (entre moléculas de fases diferentes). Para isso, primeiramente uma placa de vidro foi lavada com água de torneira e água destilada e secada com papel toalha. Em seguida água, metanol, butanol e dodecil foram gotejados separadamente na placa de vidro e as amostras foram listadas em ordem crescente de ordem de espalhamento. Por fim, as amostras foram gotejadas lado a lado, na tentativa de misturá-las na placa de vidro, de modo que observou-se se elas são miscíveis, imiscíveis ou parcialmente miscíveis: a) Água + metanol; b) Água + butanol; c) Água + dodecil; d) Butanol + metanol; e) Dodecil + metanol; f) Dodecil + butanol. Na segunda parte do procedimento experimental, foram lavados e secados uma régua pequena e um tubo capilar. Aquela, então, foi mergulhada em um béquer o qual continha certa quantidade de água. Em seguida mergulhou-se a ponta do capilar na água e este foi colocado junto com a escala da régua. Verifica-se se o capilar está limpo abaixando-o e levantando-o, com a ponta mergulhada na água, o nível do líquido dentro do capilar deve sempre retornar à posição original. Foram feitas três medidas de alturas de água no béquer e do menisco do capilar. O procedimento foi repetido com os outros líquidos (metanol, butanol e dodecil).
  • 7. 4. Resultados Na primeira parte do experimento foram obtidos os seguintes resultados: a) Água + metanol: miscível, pois ambos compostos são polares; b) Água + butanol: parcialmente miscível, pois o butanol, apesar de ter um grupo -OH polar e semelhante a água, possui uma cadeia carbônica longa o que faz com que a molécula possua uma parte apolar considerável; c) Água + dodecil: solúvel, pois apesar de o dodecil possuir uma cadeia carbônica longa, ele possui uma ponta polar e é um tensoativo (reduz a tensão superficial da água); d) Butanol + metanol: solúvel, pois ambos são alcoóis (polares), logo, são moléculas semelhantes; e) Dodecil + metanol: parcialmente solúvel f) Dodecil + butanol: parcialmente solúvel Na segunda parte do experimento, realizada em um tubo capilar, foram medidas as alturas de cada substância para que, a partir da mesma, fosse possível calcular a tensão superficial de cada elemento. Para calcular a tensão superficial, foi utilizada a fórmula de capilaridade representada abaixo. 𝛾 = 𝑟.𝜌.𝑔.∆𝐻 2 (equação 01) Mas para calcular a tensão superficial de cada substância é preciso conhecer o raio do tubo do capilar. Para isso, vamos utilizar a mesma formula acima, empregando o valor da tensão superficial de uma substância conhecida, a água. A tensão superfícial da água foi obtida a partir da tabela 1 abaixo na temperatura ambiante resultando em um valor de 72,516 mN/m. Tabela 1 – Densidade e Tensão Superficial da Água no Ar em Diversas Temperaturas
  • 8. A partir da tensão superfícial pode-se, então, calcular o raio do tubo capilar. Os raios obtidos por cada bancada apresentam-se nas tabelas abaixo. Tabela 2 Bancada A H2O Δh (m) 0,0123 0,013 Δh médio (m) 0,01265 ρ (kg.m-3 ) 998,23 γ (mN.m-1)(teorico) 72,516 r (m) 0,00118 Tabela 3 Tabela 4 Calculados os raios de cada bancada, pode-se então calcular a tensão superficial de cada substância utilizando a mesma formula apresentada acima. Os calculos foram feitos e estão representados nas tabelas abaixo. Bancada B H2O Δh (m) 0,025 0,026 0,024 Δh médio (m) 0,025 ρ (kg.m-3 ) 998,23 γ (mN.m-1)(teorico) 72,075 r (m) 0,00059 Bancada C H2O Δh (m) 0,026 0,025 0,026 Δh médio (m) 0,02567 ρ (kg.m-3 ) 998 γ (mN.m-1)(teorico) 72,075 r (m) 0,00058
  • 9. Tabela 5 Bancada A Alturas medias dos liquidos nos capilares (m) Substância Metanol 1- Butanol Dodecil Δh (m) 0,013 0,012 0,008 0,014 0,011 0,011 Δh (m) 0,0135 0,0115 0,0095 ρ (kg.m-3 ) 790 810 1100 γ (mN.m-1)(exp) 61,2454 53,49283 60,011 γ (mN.m-1)(teorico) 22,07 24,93 25,28 Erro Relativo 178% 115% 137% Tabela 6 Bancada C Alturas medias dos liquidos nos capilares (m) Substância Metanol 1- Butanol Dodecil Δh (m) 0,009 0,011 0,014 0,01 0,012 0,013 0,008 0,01 0,015 Δh médio (m) 0,009 0,011 0,014 ρ (kg.m-3 ) 790 810 1100 γ (mN.m-1)(exp) 20,5345 25,73308 44,477 γ (mN.m-1)(teorico) 22,07 24,93 25,28 Erro Relativo 7% 3% 76% Tabela 7 Bancada D Alturas medias dos liquidos nos capilares (m) Substância Metanol 1- Butanol Dodecil Δh (m) 0,011 0,01 0,013 0,011 0,009 0,013 0,011 0,01 0,012 Δh médio (m) 0,011 0,009667 0,0127 ρ (kg.m-3 ) 790 810 1100 γ (mN.m-1)(exp) 24,4514 22,03162 39,205 γ (mN.m- 1)(teorico) 22,07 24,93 25,28 Erro Relativo 11% 12% 55%
  • 10. 5. Discussão Os resultados obtidos na primeira parte podem ser resumidamente explicados pela frase: “semelhante dissolve semelhante”. Isto é, vimos que moléculas polares são miscíveis com outras moléculas polares, como é o caso da água com o metanol. Do mesmo jeito, moléculas apolares normalmente se misturam com moléculas apolares. No caso da água com o butanol, por exemplo, a miscibilidade é apenas parcial, isso ocorre pois apesar das duas moléculas seres polares, o butanol possui uma cadeia carbônica razoavelmente longa (com quatro carbonos) o que corresponde a uma parte apolar da molécula, diminuindo assim a sua solubilidade com a água, que é uma molécula pequena e completamente polar. Com o dodecil, tem-se um caso atípico. Isto acontece pois ele é um tensoativo, ou seja, uma substância que reduz a tensão superficial da água ou a tensão superficial de dois líquidos não miscíveis entre si, o que favorece a miscibilidade. Na etapa em que as alturas foram medidas para a determinação da tensão superficial, o valor da tensão superficial obtido pela bancada “A” apresenta erros absurdamente altos para todas as substâncias. Isso se deve ao erro de medida das altura pois, para a determinação do ∆H, foi utilizado uma régua, cuja imprecisão é muito alta. Em relação às bancadas “B” e “C”, os erros encontrados são bem menores, tornando-se mais coerentes.
  • 11. 6. Conclusão Através do experimento realizado observou-se o comportamento das substâncias em questão quando isoladas e quando interagem umas com as outras, pode-se ainda calcular e entender a tensão superficial de um fluido e sua relação com o grau de espalhamento e o ângulo de contato em uma superfície. Foi possível, tambêm, determinar a tensão superficial do butanol, metanol e dodecil, porem com uma imprecisão muito grande no caso do Dodecil.
  • 12. 7. Referências Bibliográficas [1] RANGEL, R.N., Práticas de Físico-Química, 2006. 3ed. São Paulo-SP. Ed. Edgard Blucher Ltda. [2] ATKINS, P., PAULA, J. Atkins Physical Chemistry. 8ed. Nova York: Oxford Press. 2006 [3] DE SOUZA, N. J. M., Experimentos em Físico Química, 1995. 2ed. Curitiba-PR. Neoprinte Ltda. [4] <http://www.qgsquimica.com.br/qgs/det_comunicacao.php?id=55&det_comunic =3> acessado em 09/10/2011