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Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015
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Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015
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Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015
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Editorial
A
falta de políticas públicas culminou com grandes dificuldades ao setor sucroe-
nergético brasileiro, que vem enfrentando há anos uma crise sem precedentes.
Situação que se agravou ano passado, com a seca. Fato é que a produtividade dos
canaviais paulistas foi comprometida, gerando incertezas quanto à moagem da próxima
safra, que se inicia em abril. É o que você, leitor, vai ver na matéria de capa da edição
deste mês.
A revista de fevereiro mostra também que a nova companhia criada a partir da fusão
das empresas Rumo Logística, do Grupo Cosan, e a ALL (América Latina Logística),
aprovada pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), este mês, resulta
na formação de uma empresa gigante de logística - ferroviária e portuária - envolvendo
investimentos de mais de R$ 8 bilhões até 2020.
Além disso, tem matéria sobre o CAR (Cadastro Ambiental Rural) e sobre os novos
benefícios oferecidos ao setor canavieiro pelo Governo Estadual de São Paulo como tam-
bém sobre os preparativos para a Fenasucro 2015. Entrevistas com Antônio Duarte No-
gueira Júnior, secretário estadual de Transporte e Logística do Estado de São Paulo, e
com o deputado estadual Davi Zaia (PPS-SP) podem ser lidas na edição 104.
Além da Coluna Caipirinha, assinada pelo prof. dr. Marcos Fava Neves, opinam no
“Ponto de Vista” o prof. dr. Paulo Cesar Sentelhas e Bruno Wanderley de Freitas. Já a
gestora técnica da Canaoeste, Alessandra Durigan, a agrônoma Daniela Santa Rosa e o
superintendente da Canaoeste, Luiz Carlos Tasso Júnior, assinam artigo técnico que mos-
tra a comparação de cultivares de cana-de-açúcar.
As notícias do Sistema Copercana, entre elas a inauguração da loja de ferragem e ma-
gazine em Guaíra e a realização de treinamento para operadores de recolhedora de amen-
doim, além de notícias da Canaoeste e Sicoob Cocred, assuntos legais, informações se-
toriais, classificados e dicas de leitura e de português também podem ser conferidas na
revista de fevereiro.
Cadê a Cana?
Boa leitura!
Conselho Editorial
RC
Expediente:
Conselho Editorial:
Antonio Eduardo Tonielo
Augusto César Strini Paixão
Clóvis Aparecido Vanzella
Manoel Carlos de Azevedo Ortolan
Manoel Sérgio Sicchieri
Oscar Bisson
Editora:
Carla Rossini - MTb 39.788
Projeto gráfico e Diagramação:
Rafael H. Mermejo
Equipe de redação e fotos:
Andréia Vital, Fernanda Clariano, Igor Saven-
hago e Rafael H. Mermejo
Comercial e Publicidade:
Marília F. Palaveri
(16) 3946-3300 - Ramal: 2208
atendimento@revistacanavieiros.com.br
Impressão: São Francisco Gráfica e Editora
Revisão: Lueli Vedovato
Tiragem DESTA EDIçÃO:
21.500 exemplares
ISSN: 1982-1530
A Revista Canavieiros é distribuída gratuitamente
aos cooperados, associados e fornecedores do
Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred.
As matérias assinadas e informes publicitários
são de responsabilidade de seus autores. A
reprodução parcial desta revista é autorizada,
desde que citada a fonte.
Endereço da Redação:
A/C Revista Canavieiros
Rua Augusto Zanini, 1591
Sertãozinho – SP - CEP:- 14.170-550
Fone: (16) 3946.3300 - (ramal 2008)
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www.twitter.com/canavieiros
www.facebook.com/RevistaCanavieiros
Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015
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10 - Ponto de Vista
Prof. Dr. Paulo Cesar Sentelhas
Engenheiro Agrônomo, Mestre em Agrometeorologia,
Doutor em Irrigação e Drenagem e Professor de
Agrometeorologia da ESALQ/USP.
Ano IX - Edição 104 - Fevereiro de 2015 - Circulação: Mensal
Índice:
E mais:
Capa - 30
Cadê a Cana?
Seca de 2014 e do início deste
ano compromete produtividade dos
canaviais paulistas, dificulta ob-
tenção de mudas e gera incertezas
quanto à moagem da próxima safra
18 - Notícias Copercana
- Copercana inaugura loja de Ferragem e Magazine em Guaíra
- Copercana realiza o 2º treinamento para operadores de recolhedora de amendoim
28 - Notícias Sicoob Cocred
- Balancete Mensal
Entrevista II
Davi Zaia
.....................página 08
Pontos de Vista
Bruno Wanderley de Freitas
.....................página 12
Nelio Carvalho e Rodrigo Ortega
.....................página 14
Coluna Caipirinha
.....................página 16
Assuntos Legais
.....................página 34
Destaques:
SEBRAE subsidia 50% da participa-
ção de empresas na Fenasucro
.....................página 36
Evento orienta produtores rurais
sobre o preenchimento do CAR
.....................página 38
Setor sucroenergético recebe
mais benefícios em SP
.....................página 40
Informações Setoriais
.....................página 48
Artigo Técnico
.....................página 50
Classificados
.....................página 54
Cultura
.....................página 57
Agende-se
.....................página 58
Foto:RafaelMermejo
44 - Destaque
- Olha o trem: negociação promete
uma revolução na logística do
agronegócio nacional
05 - Entrevista
Antônio Duarte Nogueira Júnior
Secretário de Transportes do Estado de São Paulo
“O terminal de cargas vai aumentar a movimentação de aerona-
ves e trazer novas oportunidades de negócios”
- Parceira da Canaoeste, Lancers inaugura unidade em Sertãozinho-SP para gestão de
benefícios de saúde
- Canaoeste recebe visita de fitopatologista da SRA, principal centro de pesquisa de
cana-de-açúcar australiano
- Canaoeste realiza assembleia geral para prestação de contas
24 - Notícias Canaoeste
Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015
5
Revista Canavieiros: O setor su-
croenergético tem buscado alternati-
vas para minimizar os custos de logís-
tica e, consequentemente, aumentar a
competividade, como investimento em
outros modais. Um exemplo é o ferro-
viário, que integra planos de grupos
como São Martinho e Cosan, o que po-
derá impactar de forma significativa a
cadeia canavieira. Como a Secretaria
de Transportes e Logística enxerga e
pode contribuir com essa investida?
Nogueira: O transporte ferroviário
de cargas é de responsabilidade do Go-
verno Federal. Porém, existe um pro-
jeto importante para o setor no Estado
de São Paulo, que é a implantação do
Ferroanel, que tangenciará a Região
Metropolitana de São Paulo e irá inter-
ligar as regiões de Campinas, Baixada
Santista e Vale do Paraíba. O tramo
Norte ligará as estações de Perus, em
São Paulo, à estação Engenheiro Evan-
gelista de Souza, em Parelheiros. O ob-
jetivo do empreendimento é segregar
o tráfego ferroviário de cargas do de
passageiros, proporcionar melhorias
no transporte coletivo de passageiros
sobre trilhos – CPTM –, administrado
pela Secretaria de Transportes Metro-
politano, e na qualidade de vida da po-
Antônio Duarte Nogueira Júnior
“O terminal de cargas vai aumentar a
movimentação de aeronaves e trazer novas
oportunidades de negócios”
Sétimo candidato a deputado federal mais votado por São Paulo, com 254.051 votos, Antônio
Duarte Nogueira Júnior (PSDB) se licenciou do cargo para assumir, no último dia 7 de janeiro, a
Secretaria de Transportes e Logística do Estado de São Paulo. Presidente do PSDB paulista e creden-
ciado como uma das principais lideranças do partido no país, ele, que nasceu em Ribeirão Preto, é
formado em Agronomia e já ocupou outras duas secretarias em governos tucanos – Habitação, na
gestão de Mário Covas, e Agricultura, já com Alckmin –, tem, entre seus principais desafios, reduzir
o impacto dos custos de logística sobre vários setores da economia paulista, como o agronegócio.
Para a região de Ribeirão Preto-SP, a maior produtora de cana-de-açúcar, açúcar e etanol do pla-
neta, que enfrenta, em Sertãozinho-SP, uma crise sem precedentes na indústria de base atrelada
ao setor, Nogueira destaca os investimentos em rodovias e na implantação do terminal internacio-
nal de cargas no aeroporto Leite Lopes. Confira os principais trechos da entrevista, feita via e-mail.
Igor Savenhago
Foto:AgênciaCâmara/BetoOliveira
Entrevista I
Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015
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Entrevista I
pulação. O Governo Federal demons-
trou interesse em contratar a DERSA,
empresa de capital misto, vinculada
à Secretaria Estadual de Logística e
Transportes, para elaborar o projeto
do tramo Norte. O Governo do Estado
aguarda a manifestação da União para
dar prosseguimento ao projeto.
Revista Canavieiros: Algum pro-
jeto ou obra específica para a região
de Ribeirão Preto, que beneficie o
agronegócio como um todo e, de for-
ma mais específica o setor da cana, do
qual a região é maior produtora mun-
dial, para reduzir os impactos da crise
que assola essa cadeia?
Nogueira: O Governo do Estado,
por meio do DER – Departamento de
Estradas de Rodagem –, está investin-
do em obras viárias importantes para
a região. Nas rodovias da região de
Ribeirão Preto, entre 2011 e 2014, fo-
ram investidos R$ 659 milhões em 28
obras. Outros R$ 96,5 milhões foram
destinados à realização de melhorias
em 47 vicinais. Atualmente, estão em
andamento pelo DER obras de dupli-
cação, recapeamento de pistas, pavi-
mentação na Rodovia Abrão Assed
[SP-333], duplicação e melhorias de
trechos da Rodovia Cândido Portinari
[SP-334], duplicação, melhorias e re-
capeamento de pistas na Rodovia Pre-
feito Fabio Talarico [SP-345] e cons-
trução de ponte sobre o Rio Pardo na
Rodovia Dona Genoveva Lima de Car-
valho Dias [SP-373]. Outra obra vital
para a região de Ribeirão Preto foi a
remodelação do Trevo Waldo Adal-
berto da Silveira, o maior em extensão
do País, com investimento de R$ 120
milhões. O trevo faz a interligação da
Rodovia Anhanguera com a Avenida
Presidente Castelo Branco, sentido
Ribeirão Preto, e Rodovia Antônio
Machado Sant’Anna [SP-255], sentido
Araraquara; da Avenida Castelo Bran-
co com a Rodovia Abrão Assed; e das
rodovias Prefeito Antonio Duarte No-
gueira [SP-322] e Antônio Machado
Sant’Anna com a Anhanguera. Tem 11,
8 mil metros de extensão, oito viadu-
tos, 20 alças de acesso e retorno, além
de passarela de pedestres, que permite
também a travessia de ciclistas. Um
empreendimento que beneficia mais
de 1,5 milhão de moradores de Ribei-
rão Preto e cidades vizinhas, além de
usuários das rodovias que passam pela
região. O Estado também tem investi-
do no setor aéreo. No aeroporto Leite
Lopes, em Ribeirão Preto, administra-
do pelo Departamento Aeroviário do
Estado, o Daesp, está em andamento a
implantação do terminal internacional
de cargas sob responsabilidade da em-
presa privada TEAD. Será o primei-
ro da rede administrada pelo Daesp
a concorrer com o segmento interna-
cional de cargas aéreas, hoje operado
somente pela INFRAERO. Trata-se
do principal aeroporto do Daesp e de
maior movimentação. O terminal de
cargas vai aumentar a movimentação
das atividades de aeronaves cargueiras
e, com isso, trará novas oportunidades
de negócios à cidade e região. Além
disso, está previsto um pacote de obras
estimado em R$ 443 milhões, que serão
executadas pelos Governos Estadual e
Federal e Prefeitura de Ribeirão Preto
para ampliação do terminal de passa-
geiros, construção do novo pátio de ae-
ronaves, deslocamento da pista em 500
metros, implantação da passagem infe-
rior na Avenida Tomaz Alberto Whately
e adequação do sistema viário do entor-
no do aeroporto. Os projetos das obras
foram elaborados pelo DAESP em ju-
lho de 2013 e aprovados pela Secretaria
de Aviação Civil, do Governo Federal,
em novembro de 2014.
Canavieiros: Em relação à expor-
tação de produtos do agronegócio, o
Porto de Santos é o principal do País.
E o local enfrenta uma série de pro-
blemas, como necessidade de draga-
gem e dificuldades de acesso. Como
o Governo do Estado pode interferir
para melhorar essas questões?
Nogueira: O Porto de Santos é de
responsabilidade do Governo Federal.
Mas o Estado realizou obras viárias
importantes para melhorar o acesso ao
porto e o fluxo de veículos na região da
Baixada Santista, no Sistema Anchie-
ta/Imigrantes. Em outubro de 2014,
foi entregue o novo Anel Viário de
Cubatão e a terceira faixa da Rodovia
Cônego Domênico Rangoni [SP-55],
com investimento total de R$ 392,6
milhões. A terceira faixa tem 16 quilô-
metros de extensão, sendo oito quilô-
metros por sentido, e amplia em 50% a
capacidade de tráfego neste segmento.
Também foi implantada, no km 7 da
rodovia, uma faixa de desaceleração.
A via permite uma nova ligação com
a Avenida Santos Dumont e acesso à
margem esquerda do Porto de Santos.
A estimativa é que cerca de 4.700 ca-
minhões passem a usar o novo acesso
como alternativa à Rua do Adubo, no
Guarujá. O novo acesso ao tráfego
permitirá maior fluidez do trânsito e
menos congestionamentos. Já o Anel
Viário de Cubatão interliga as rodovias
Anchieta [SP-150], Cônego Domênico
Rangoni, Imigrantes [SP-160] e Padre
Manoel da Nóbrega [SP-55]. Formado
por seis viadutos e com extensão de 2,8
quilômetros, o Anel Viário Engenheiro
Luiz Antonio Veiga Mesquita permite
que os movimentos entre acessos e re-
tornos ocorram de forma ordenada. A
obra inclui, ainda, uma faixa operacio-
nal entre o km 271,4 e o 273,7.
Agência Câmara
RC
Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015
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Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015
8
Revista Canavieiros: O que pensa sobre a atual situação
do setor sucroenergético?
Davi Zaia: É um desafio importante, que nos preocupa
muito. Mas acredito que a mobilização do setor e o apoio po-
lítico que tem se concentrado em torno disso nos últimos anos
podem buscar novas soluções. O País vai viver ainda um pe-
ríodo muito difícil agora em 2015, mas queremos continuar
firmes para que o setor possa recuperar o seu espaço, a sua con-
dição de ter um bom desenvolvimento. É para isso que vamos
trabalhar firmemente na Assembleia Legislativa de São Paulo
nesse próximo mandato. O Governo Federal, infelizmente, tem
sido muito lento em tomar medidas para resolver essas ques-
tões. Acredito, então, que vamos ter que continuar com a nos-
sa mobilização, para que possamos encontrar alternativas que
ajudem o setor sucroenergético a retomar sua competitividade.
Canavieiros: Diante desse quadro, temos agora o depu-
tado federal Arnaldo Jardim na Secretaria de Agricultura
de Abastecimento de São Paulo. De que forma isso pode ser
um facilitador no diálogo com o Governo Federal?
Zaia: O Arnaldo é uma pessoa de extrema capacidade,
tem uma longa experiência nas articulações políticas, e agora,
como secretário da Agricultura do Estado de São Paulo, vai
ter um papel ainda mais preponderante e, com certeza, muito
mais força, tendo o apoio do governador Geraldo Alckmin
para conduzir as políticas agrícolas e a relação com o Gover-
no Federal, no sentido de que possamos encontrar melhores
soluções. Então, acho que a indicação do Arnaldo para essa
importante secretaria é um momento de comemorar, pela ex-
periência, pelas relações e pelo conhecimento que tem. Isso,
sem sombra de dúvidas, é um alento para todos nós que temos
lutado em defesa do setor sucroenergético.
Entrevista II
Davi Zaia
“Precisamos mobilizar as forças políticas
para buscar as melhores alternativas nas
decisões do Governo Federal”
Igor Savenhago
O deputado estadual Davi Zaia (PPS-SP) reconhece que 2015 será um ano de muitos desafios.
Um cenário preocupante para a economia brasileira e que continuará afetando um setor que
tem sofrido sucessivos baques com as estratégias usadas pelo Governo Federal para controle dos
preços da gasolina, o que comprometeu o etanol. A cadeia produtiva sucroenergética amarga o
fechamento de cerca de 80 usinas nos últimos anos e a extinção de milhares de empregos, como
tem ocorrido nos polos industriais de base de Piracicaba-SP e Sertãozinho-SP.
Para Zaia, não há alternativa a não ser continuar mobilizando quem depende do setor para
cobrar medidas que permitam uma retomada dos investimentos. Segundo ele, esse processo será
facilitado com a posse do deputado federal Arnaldo Jardim como secretário de Agricultura e Abas-
tecimento de São Paulo. A seguir, os principais trechos da entrevista concedida à Revista Canaviei-
ros durante a posse de Jardim, em janeiro
Foto:Divulgação/AssembleiaLegislativa
Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015
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Entrevista II
Canavieiros: Quais os principais
desafios que o novo secretário irá en-
contrar no agronegócio paulista?
Zaia: Existem desafios importantes.
Não só o da seca, que depende menos
da atuação do secretário, já que temos
que contar com a recuperação do meio
ambiente, das chuvas. Por isso, acho
que o Arnaldo vai ter participação im-
portante, principalmente porque apro-
vamos, recentemente, o Programa de
Regularização Ambiental no Estado
[PRA] e, agora, haverá todo um traba-
lho de regulamentação disso, que, cla-
ro, está a cargo da Secretaria de Meio
Ambiente, mas o Arnaldo, aqui na Se-
cretaria de Agricultura, vai poder nos
ajudar muito também nesse sentido.
Acho que foi importante o papel da
Assembleia Legislativa, que discutiu,
abriu, fez as audiências e concluiu em
oito meses, que foi o prazo que tramitou
o projeto do PRA, oferecendo seguran-
ça jurídica a todos os produtores rurais.
Outros programas importantes também
podem ter uma dinamização maior, no
financiamento à agricultura, na busca
por melhores condições para que pos-
samos manter o Estado e o agronegócio
de São Paulo numa posição de ponta.
Canavieiros: Para concluir, quais
são suas perspectivas de trabalho para
os próximos anos em prol do setor su-
croenergético?
Zaia: Vou continuar exercendo meu
mandato na Assembleia com a certeza de
poder acompanhar e estar sempre atuan-
do em contato com o setor sucroenergéti-
co. Acho que temos boas perspectivas
pela frente. O que precisamos é mobilizar
as forças políticas para buscar as melho-
res alternativas nas decisões do Governo
Federal. Temos o governador GeraldoAl-
ckmin, que é uma pessoa atenta e conhece
bem a realidade do nosso Estado. Então,
vão se juntando diversos fatores que po-
dem oferecer um caminho melhor.RC
Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015
10
Ponto de Vista I
Mais um ano com chuvas abaixo do normal em
janeiro traz expectativa de perdas históricas nos
canaviais da região Centro-Sul do Brasil
*Prof. Dr. Paulo Cesar Sentelhas
Prof. Dr. Paulo Cesar Sentelhas
Como é de conhecimento geral, a
agricultura é uma das atividades econô-
micas mais dependentes das condições
meteorológicas, sendo o clima e sua va-
riabilidade os maiores fatores de risco
para o agronegócio, tanto para os siste-
mas de sequeiro como para os irrigados.
Estima-se que cerca de 80% da variabili-
dade da produtividade agrícola venha da
variabilidade climática sazonal e intera-
nual, enquanto que os demais 20% estão
associados às questões econômicas, po-
líticas, de infraestrutura e sociais.
Enquanto que o termo clima descre-
ve a média dos eventos meteorológicos
de uma região, a variabilidade climáti-
ca se refere às oscilações desses even-
tos de um ano para outro (variabilidade
interanual) ou de um local para outro
(variabilidade espacial), fazendo com
que a cada ano em cada local se tenham
condições meteorológicas distintas, ou
seja, variáveis. A Figura 1, para a série
histórica de 1917 a 2014 para Piracica-
ba, SP, ilustra a variabilidade interanu-
al da chuva. A linha verde descreve a
média (1276 mm), também conhecida
como normal climatológica, enquanto
que a linha vermelha indica o valor de
1000 mm, um referencial para indicar
secas severas nessa região. Nota-se
que já houve diversos anos em que as
chuvas ficaram abaixo de 1000 mm,
como nos anos de 1921, 1924, 1978 e
1984, os anos mais secos do período de
registros, com menos de 900 mm anu-
ais. Esses anos, assim como os demais,
incluindo 2014, se caracterizam como
anos de anomalia climática, que é quan-
do a variável meteorológica foge muito
dos padrões normais de variabilidade.
Um dos fatores a influenciar a variabi-
lidade climática no Brasil e no mundo é
o fenômeno (ENOS) El Niño Oscilação
Sul, o qual se apresenta sob três formas,
sendo: fase quente, com o aquecimento
do Oceano Pacífico equatorial além do
Como a cultura da cana-de-açúcar responde de forma direta e indireta às condi-
ções meteorológicas, ou seja, às variações de temperatura, radiação solar, chuva,
umidade do ar, velocidade do vento e também à disponibilidade de água no solo,
qualquer oscilação nessas variáveis meteorológicas irá repercutir no crescimento,
desenvolvimento, produtividade e qualidade dos colmos. Assim, em anos conside-
rados mais próximos do normal, ou seja, do que se espera em termos médios, os
canaviais apresentam melhores desempenhos, porém, quando há variações bruscas
nessas variáveis e isso persiste por vários dias ou meses, os impactos na cana serão
visíveis, resultando em redução de sua produtividade e qualidade.
Um exemplo clássico disso é o que vem acontecendo ao longo dos últimos anos,
mais precisamente no Estado de São Paulo. A partir de 2009, passamos por uma
normal (El Niño); fase fria, com o res-
friamento do Oceano Pacífico equatorial
além do normal (La Niña); e fase neutra,
quando a temperatura da superfície do
Oceano Pacífico equatorial se encon-
tra próximo da normalidade (Neutro).
Apesar de esse fenômeno ser recorrente,
não há uma regra clara e definida para
sua manifestação, assim como para seus
impactos nas diferentes regiões do glo-
bo. Em algumas regiões, esses padrões
são mais bem definidos, como ocorre
no Sul e no extremo Norte/Nordeste do
Brasil. Por outro lado, em grande parte
da região central do País, esse padrão é
indefinido, sendo essa conhecida como
“zona de transição” para as consequên-
cias do fenômeno.
Outro fator de forte influência no cli-
ma na região Centro-Sul do Brasil é a
formação da Zona de Convergência do
Atlântico Sul (ZCAS), a qual é respon-
sável pela formação de intensa nebu-
losidade e chuvas regulares. Quando a
ZCAS se manifesta sobre uma região,
as chuvas ocorrem em grande quantida-
de, ao passo que a sua ausência é res-
ponsável pela ocorrência de veranicos,
ou seja, período de estiagem durante a
estação chuvosa.
Figura 1 – Variabilidade interanual da chuva anual em Piracicaba, SP.
Fonte: Estação Meteorológica da ESALQ/USP.
Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015
11
sequência de anos agrícolas totalmente
distintos em relação ao que chamamos
de normalidade. Em 2009-2010, ano de
El Niño, o Estado foi atingido por chu-
vas muito acima do normal entre julho
e dezembro de 2009, trazendo uma sé-
rie de complicações para as operações
de preparo do solo, plantio e colheita
dos canaviais. Por outro lado, tal con-
dição livrou a cultura da cana dos pro-
blemas relativos ao deficit hídrico. Já os
anos de 2010-2011 e 2011-2012 foram
marcados pelo evento La Niña, com
secas mais pronunciadas e ocorrências
de geadas, especialmente durante o in-
verno de 2011. Entre 2012-2013, ano
considerado neutro do ponto de vista
do fenômeno El Niño, houve chuvas
significativas durante o inverno, o que
foi prejudicial para o processo de ma-
turação dos canaviais, porém trazendo
melhores condições de crescimento das
plantas. Situação semelhante foi obser-
vada em 2013-2014, mas com geadas
moderadas no inverno de 2013, o que
surpreendeu os produtores de um modo
geral. Finalmente o período 2013-2014
iniciou-se como mais um ano de neu-
tralidade, porém com uma situação ex-
tremamente atípica durante o final de
2013 e início de 2014, quando tivemos
em grande parte da região Sudeste o
verão mais seco desde o início dos re-
gistros meteorológicos. Em Piracicaba,
mais especificamente, onde os registros
se iniciaram em 1917, o total de chuvas
do verão de 2013-2014 foi da ordem de
300 mm, enquanto que o normal de-
veria ser de 800 mm. Tal quadro, sem
precedentes neste histórico, foi agrava-
do em razão das altas temperaturas que
atingiram no início de fevereiro cerca
de 38ºC, o valor mais alto desde o ve-
rão de 1955. Isso fez com que o balanço
hídrico ficasse muito deficiente, impac-
tando substancialmente os canaviais,
que praticamente não cresceram devido
à baixa disponibilidade de água no solo.
Sendo assim, a cultura da cana-de-açú-
car, dada sua extensa área no Estado de
SP, foi a que mais sofreu com o verani-
co de 2013-2014, com perdas estimadas
da ordem de 14%, mas oscilando entre
regiões de 10% a mais de 30%.
Esse quadro foi marcado principal-
mente pela ausência do posicionamen-
to da ZCAS sobre a região Centro-Sul
do Brasil, trazendo um quadro desola-
dor para a cultura da cana, assim como
para todas as demais culturas de se-
queiro nessa região do País.
O impacto do intenso veranico de
2013-2014 se projetou para os meses
seguintes, com o início da estação seca,
quando normalmente há a diminuição
das chuvas, e ainda para o início da
estação chuvosa de 2014-2015, que se
iniciaram e se mantiveram com chuvas
irregulares. Mais uma vez, a ausência da
ZCAS afastou as chuvas da região Cen-
tro-Sul do Brasil, fazendo com que o to-
tal de janeiro de 2015 ficasse novamente
bem abaixo no normal. Em Piracicaba e
região, as chuvas acumularam no mês
cerca de 100 mm, quando a média é de
230 mm.Além das poucas chuvas, janei-
ro de 2015 voltou a ser de muito calor,
atingindo temperaturas recordes, o que
agravou ainda mais as condições para
os canaviais, elevando o deficit hídrico e
assim as perdas de produtividade.
As perspectivas para os próximos
meses são de que as chuvas voltem ao
seu padrão normal, mas, isso não de-
verá mudar muito o quadro das que-
bras de produtividade esperadas para
as canas de início e meio de safra. A
contabilização das perdas até o mo-
mento é de que as quebras de produ-
tividade sejam maiores do que as do
ano passado, com raras exceções para
as regiões dos Estados de SP e MS,
onde as chuvas ocorreram com maior
intensidade e/ou regularidade.
*Engenheiro Agrônomo, Mestre em
Agrometeorologia, Doutor em Irriga-
ção e Drenagem e Professor de Agro-
meteorologia da ESALQ/USP. RC
Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015
12
Ponto de Vista II
Consumo de combustíveis do ciclo Otto bate
recorde em 2014
*Bruno Wanderley de Freitas
Bruno Wanderley de Freitas
O
consumo de combustíveis do
Ciclo Otto no Brasil atingiu
um recorde de 55,69 bilhões
de litros, em gasolina equivalente, em
2014, crescimento de 8,7% sobre o ano
anterior. O consumo de etanol hidrata-
do foi o que mais contribuiu para este
crescimento. Em 2014, foram consumi-
dos 12,99 bilhões de litros de hidratado,
aumento de 20,1% em relação a 2013,
sendo, portanto, o maior volume consu-
mido de hidratado desde 2010.
O aumento do consumo veio em
resposta à queda do preço do etanol
em meio ao mix mais alcooleiro nesta
safra. Em média, 56,94% da oferta de
ATR (Açúcar Total Recuperável) fo-
ram direcionadas à fabricação de eta-
nol, maior mix de etanol desde a safra
2009/10. Até o final de janeiro, a produ-
ção de etanol hidratado na região Cen-
tro-Sul totalizou 15,15 bilhões de litros,
aumento de 4,7% em um ano, apesar do
recuo de 4,3% na moagem da cana.
Cabe destacar que o ritmo de consu-
mo mensal de etanol hidratado entre os
meses de julho e dezembro só foi me-
nor que o registrado em 2010. Somente
em dezembro, o consumo de hidratado
alcançou 1,380 bilhão de litros.
Na média de janeiro a dezembro, o
consumo de hidratado em 2014 foi de
1,083 bilhão de litros ao mês, contra
901,39 milhões/mês em 2013, 820,85 mi-
lhões/mês em 2012, 908,27 milhões/mês
em 2011 e 1,256 bilhão/mês em 2010.
O aumento do consumo de hidratado
também esteve atrelado à expansão da
frota de veículos flex fuel. Conforme
estimativa da DATAGRO, a frota de ve-
ículos flex fuel alcançou 23,41 milhões
de unidades ao final de 2014, aumento
de 12,4% sobre o tamanho da frota ob-
servada em mesma data de 2013 (20,83
milhões de unidades).
Como resultado, os veículos flex fuel
responderam por 68,9% da frota total de
veículos de Ciclo Otto no Brasil. Já o nú-
mero de carros movidos apenas a gaso-
lina atingiu 10,62 milhões de unidades.
Já o consumo de gasolina A (gasoli-
na pura, sem mistura de anidro) atingiu
33,27 bilhões de litros em 2014, au-
mento de apenas 5,0% em comparação
ao ano anterior. A variação anual do
consumo de etanol anidro, de 14,5%,
foi proporcionalmente maior em rela-
ção ao consumo de gasolina A em virtu-
de do aumento da mistura de 20% para
25% a partir de 2013. Como resultado,
foram consumidos 11,091 bilhões de
litros de anidro em 2014, contra 9,686
bilhões de litros em 2013.
Diante da maior expansão do con-
sumo de etanol, sobretudo de hidrata-
do, comparativamente ao da gasolina,
a participação do etanol na matriz de
consumo de combustíveis do ciclo Otto
subiu para 36,2% em 2014. Em 2013, a
participação era de 33,7%, enquanto em
2012, 31,8%.
Ao contrário do desempenho cres-
cente do mercado de combustíveis do
ciclo Otto, o consumo de (GNV) Gás
Natural Veicular no Brasil sofreu uma
retração em 2014. O consumo mé-
dio diário de GNV atingiu 4.961 10³
m³/dia, 3,2% a menos que em 2013
(5.125 10³ m³/dia).
A retração do setor de GNV decorre
do maior foco do Governo em atender
ao mercado termoelétrico. Quase a to-
talidade dos investimentos recentes
esteve centrada em terminais ligados à
infraestrutura para a geração de energia
elétrica, preterindo, portanto, as distri-
buidoras de combustíveis. O consumo
de Gás Natural pelas termoelétricas su-
biu 27,0% em um ano para 33.410 m³/
dia na média de 2014.
*Economista sênior DATAGRO RC
Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015
13
Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015
14
Ponto de Vista II
Importância da gestão de riscos e controles no
contexto atual do setor sucroenergético
1- Nelio Carvalho*
2- Rodrigo Ortega*
O
setor sucroenergético nacional
vem enfrentando diversas di-
ficuldades financeiras, poten-
cializadas principalmente pela perda de
produtividade agrícola, agravada por
problemas climáticos e pela baixa taxa
de renovação dos canaviais, o que resulta
em uma quebra esperada na produção de
cana-de-açúcar em torno a 5% na safra de
2014/2015 (567 milhões de toneladas de
cana), comparado com a safra 2013/2014
(597 milhões de toneladas), para a região
Centro-Sul do País, segundo a Unica -
União da Indústria de Cana-de-Açúcar.
Além disso, a menor produtividade
no campo incorre no aumento da ociosi-
dade industrial, aumentando os custos de
produção, os quais não conseguem ser
repassados, pois é o mercado quem defi-
ne os preços das commodities, o que, em
última instância, vem contribuindo para
o aumento de endividamento de grande
parte das empresas do setor.
Ainda que haja algumas perspecti-
vas de melhoras para a safra 2015/2016,
como o aumento da produção de cana
em 2,5% na região Centro-Sul do País,
previsto pela Datagro e outras me-
didas governamentais como o aumento
da mistura de etanol anidro na gasolina e
o retorno da cobrança da CIDE (Contri-
buição de Intervenção no Domínio Eco-
nômico), esta recuperação ainda é insu-
ficiente para reverter o quadro atual e,
assim, iniciativas que busquem reduzir
os custos das organizações, mitigar os
riscos nos processos e aumentar a credi-
bilidade da empresa perante o mercado
e investidores podem reduzir prejuízos
operacionais e, consequentemente, con-
tribuir para um início de recuperação.
Dentre essas iniciativas destaca-se o
mapeamento de riscos e controles organi-
zacionais, cujo reconhecimento vem cres-
cendo no setor sucroenergético, principal-
mente após a inserção de grandes grupos
no mercado, provocando uma mudança de
paradigma no setor e destacando a impor-
tância de temas como governança corpora-
tiva, gestão de riscos e controles internos.
Um trabalho com este enfoque pode ser
conduzido em áreas estratégicas da organi-
zação, como em processos agrícolas, visto
que seus custos representam mais de 60%
dos custos totais para produção de açúcar
e etanol e pela maior exposição a fraudes
em virtude da dificuldade de se implantar
controles e processos em áreas distantes da
infraestrutura física de uma unidade indus-
trial e administrativa. Atividades de supri-
mentos também merecem atenção em tra-
balhos de riscos e controles, haja vista que
gastos com compras podem representar de
40 a 70% da receita em uma organização
e, dessa forma, qualquer oportunidade de
redução nesses custos ou de um melhor
controle dos mesmos podem impactar
consideravelmente nos resultados finan-
ceiros (botton line results).
Em um trabalho de mapeamento de
riscos e controles, seguindo as etapas
descritas na Figura 1, é recomendável
que seja iniciado pela revisão dos pro-
cessos, a partir dos quais são identifica-
dos os riscos das operações e a eficácia
de seus controles, gerando inúmeras
oportunidades de aprimoramento das
atividades, as quais devem ser registra-
das e ter sua implantação monitorada
pela alta direção organizacional.
Nelio Carvalho
Fonte: FSA Company
Figura 1: Etapas de um trabalho de
mapeamento de riscos e controles.
Rodrigo Ortega
Nossa experiência ainda demonstra
que é imprescindível o conhecimento
prévio do setor em projetos desta na-
tureza, visto que determinados riscos,
cuja elevada exposição pode incor-
rer em prejuízos substanciais à ope-
ração, são inerentes e específicos às
atividades sucroenergéticas. Assim, é
importante se atentar a questões cuja
fragilidade nos controles é identificada
com frequência em trabalhos no setor,
como descritas em Quadro 1.
Com isso, tais questões exempli-
ficadas, bem como inúmeras outras
relacionadas, devem ter seus riscos
devidamente identificados e mitiga-
dos com a implantação de melhorias,
buscando a substituição de controles
manuais por automatizados e, se ne-
cessário, a alteração significativa dos
processos organizacionais, sempre
priorizando ações que não demandem
investimentos e que assegurem a efi-
cácia do controle.
Dessa maneira, um trabalho de
mapeamento de riscos e controles é
importante que seja conduzido, mes-
mo em um contexto de dificuldades
financeiras, tendo em vista que tem o
potencial de traçar caminhos para re-
cuperação organizacional, favorecen-
do também a adequação a modelos de
governança corporativa pautados na
transparência e confiabilidade prestada
aos stakeholders, valorizando sua ima-
gem ao mercado.
Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015
15
Quadro 1: Questões de destaque em mapeamento de riscos em controles no setor sucroenergético.
*1- Nelio Carvalho, graduado e mestrando em Engenharia de Produção pela UFSCar e consultor especialista da consultoria FSA Company.
*2- Rodrigo Ortega, graduado em Engenharia de Produção Mecânica pela Escola de Engenharia Mauá e gerente da consultoria FSA Company.
Fonte: FSA Company
Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015
16
Como está o nosso agro?
O Brasil vive um cenário de gran-
des incertezas econômicas e políticas.
A inflação de janeiro foi de 1,24% (a
maior desde fevereiro de 2003), as ta-
xas de juros também estão mais altas,
o que aumenta o endividamento e tor-
na mais difícil o acesso a crédito. As
melhores previsões para o PIB preve-
em um crescimento em 2015 de ape-
nas 0,5% e ainda soma-se a isso uma
enorme crise hídrica. No momento em
que escrevo esta coluna, o dólar beira
a R$ 3,00.
Nessa realidade, o ano de 2015 não
começou com um bom desempenho
das exportações do agronegócio. No
mês de janeiro, o setor foi responsável
por US$ 5,64 bilhões em exportações.
O valor é baixo quando comparado
com US$ 5,87 bilhões no mesmo pe-
ríodo de 2014 e ao desempenho em ja-
neiro de 2013 (US$ 6,58 bilhões). Isso
pode ser explicado em partes pela re-
dução nos preços médios dos produtos
exportados pelo País, como é o caso do
açúcar, que sofreu redução dos preços
no período.
O setor sucroalcooleiro foi o segun-
do maior responsável por esse número,
exportando US$ 926 milhões. Desse
montante, o açúcar foi responsável por
90,4% do exportado e, apesar das re-
duções no preço, a quantidade exporta-
da aumentou 9% em relação a janeiro
de 2014, o que é uma boa notícia.
O saldo da balança comercial do
agronegócio foi, mais uma vez, positi-
vo. No mês, as exportações superaram
as importações em 4,4 bilhões de dóla-
res enquanto que a balança comercial
geral do Brasil novamente foi negati-
va: US$ 3,17 bilhões.
Como está nossa cana?
Após um janeiro que judiou dos
nossos canaviais com um calor inten-
so e pouca chuva, fevereiro parece
cuidar melhor da cana. Tem chovido
bem mais, e a cana deve aproveitar. As
estimativas continuam prevendo uma
safra de 15/16 relativamente igual a
14/15. Vem cana, que estamos preci-
sando. Chove chuva, chove sem parar!
Como está nosso açúcar?
Segundo a Archer, as vendas futu-
ras de açúcar (27,3% do total a ser ex-
portado) estão menores do que o que
ocorreu no ano passado no período
(40,88%), mesmo com os preços mé-
dios do travamento estando equivalen-
tes (17,34 cents). Essa situação é refle-
xo do comportamento das tradings que
estão mais cautelosas com relação ao
setor, mesmo com a taxa do dólar ten-
do auxiliado no preço do açúcar e da
expectativa de melhora de preços, que
vai depender muito da safra brasileira
e da alocação de cana para etanol, em
que todos ganhariam.
A OIA (Organização Internacional
Agropecuária) também apresentou, no
início de fevereiro, relatório em que
aponta para provável estabilidade em
seus números e em cotações. Os últimos
números indicam para produção mun-
dial de 182,9 milhões de toneladas, e
consumo de 182,4 mi ton, com algo pró-
ximo a 500 mil toneladas de superavit.
A Rússia soltou estimativa de im-
portação ao redor de 550 mil tonela-
das, um pouco acima do ciclo anterior.
Com a crise que vem passando a Rús-
sia, é uma boa notícia.
Como está nosso etanol?
Com o retorno da CIDE (Contribui-
ção de Intervenção no Domínio Públi-
co) e do PIS-Cofins (R$ 0,22 por litro
de gasolina), o etanol hidratado tam-
bém sofreu aumento em 25 estados bra-
sileiros. Em alguns estados inclusive, o
aumento médio no preço do litro foi de
R$ 0,10 para o etanol e R$ 0,17 para a
gasolina. Por isso algumas regiões ain-
da passarão por aumentos em fevereiro.
Foi finalmente aprovada a mistura
para 27%. Mais cana que se consome
na forma de “gasolina” contribuindo
com o desenvolvimento econômico,
social e ambiental do Brasil.
Agora em março entra em vigor
em Minas Gerais a redução do ICMS
(Imposto Sobre Circulação de Merca-
dorias) sobre o etanol hidratado de 19
para 14 por cento, o que pode dar um
vigor para a produção do estado que
pela falta de chuvas teve a moagem
encerrada mais cedo na safra.
No Brasil hoje temos uma frota de
34 milhões de veículos e 22 milhões
desses são carros com tecnologia flex.
Estudo recente do IAG/USP (Instituto
de Astronomia, Geofísica e Ciências
Atmosféricas) revelou que a concen-
tração de um poluente emitido por ve-
ículos utilizando etanol na atmosfera
se reduziu nos últimos 30 anos devido
principalmente aos avanços na tecnolo-
gia dos motores e na utilização de cata-
lisadores nos escapamentos. Mais uma
evidência de que o etanol é uma ótima
opção para o meio ambiente.
Mesmo com a queda de aproximada-
mente 30 milhões de toneladas da safra
de cana no ano em relação ao esperado,
o setor ainda conseguiu bater o recorde
de 26 bilhões de litros de etanol produ-
zidos nessa safra de acordo com a in-
Coluna Caipirinha
Marcos Fava Neves
Caipirinha
As dificuldades de se prever algo em 2015
Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015
17
dústria. Isso aconteceu porque, apesar
de a quantidade de cana para moagem
ter se reduzido com relação à safra pas-
sada, a baixa no preço do açúcar mes-
mo na entressafra fez com que as usi-
nas optassem pela produção de álcool
até que os estoques mundiais de açúcar
se reduzam. Outro fator que tem contri-
buído é que os dados da ANP (Agência
Nacional de Petróleo) mostram que o
aumento no consumo de etanol suplan-
tou a produção no último ano.
A boa notícia é que a ANP fechou
os números de 2014. Mesmo com a
derrapagem da nossa economia, o con-
sumo de combustíveis cresceu 5,28%
no país, para quase 145 bilhões de
litros. Comparado com 2013, o con-
sumo de etanol cresceu 12,33% em
2014, totalizando 24,08 bi de litros. O
etanol contribuiu fortemente para que
a redução nas importações de gasolina
atingiu quase 28%, mesmo assim tota-
lizando quase 2 bilhões de litros, que
podem tranquilamente serem substitu-
ídos pelo etanol.
Quem é o homenageado do
mês?
Acoluna Caipirinha todo mês
homenageia uma pessoa. Neste
mês a homenagem vai para o Fa-
bio Venturelli, da São Martinho.
A empresa apresentou lucro em
momento difícil do setor graças
à boa gestão e boa estratégia de
comercialização, segurando pro-
dutos e se aproveitando dos bons
momentos. Ao Fabio, extensivo a todo o
time da São Martinho.
Haja Limão: O ministro de Minas e
Energia em entrevista ao Canal Livre
disse que o uso de termelétricas garan-
te o fornecimento de energia sem a ne-
cessidade de racionamento. Isso com
tanto potencial do setor na geração de
energia limpa! Resta esperar que com
o possível apagão e a falta de água fi-
nalmente decole neste ano a cogeração
pela cana, não por planejamento es-
tratégico de nosso Governo, mas por
necessidade. Se é que este Governo vai
ficar por aí...
E sobre a Petrobras??? Aqui falamos
dela desde o início desta coluna, antes
ainda da crise. A gestão da Petrobras
conseguiu produzir o maior limoeiro
do mundo. Deus amado, que quadrilha.
Que destruição do patrimônio de nossos
filhos e netos. Indignação é pouco.
Aliás, parabéns ao setor e a Sertão-
zinho. A marcha em defesa do setor foi
um show!!! Estive lá, na condição de
“ativista”...
Marcos Fava Neves é Professor Titular da FEA/
USP, Campus de Ribeirão Preto. Em 2013 foi
Professor Visitante Internacional da Purdue
University (EUA)
Jose Coral, Mendes Thame e Marcos Fava Neves
RC
Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015
18
Copercana inaugura loja de Ferragem e
Magazine em Guaíra
Notícias Copercana
N
o dia 30 de janeiro, a Coper-
cana inaugurou sua 19ª loja de
Ferragem e Magazine na ave-
nida Dr. João Batista Santana, 2.589, no
centro de Guaíra, cidade com mais de
37.400 habitantes. A inauguração repre-
senta a concretização de um sonho e o
início de uma nova etapa da coopera-
tiva na região. São 944,52 m² de área
construída e um investimento de apro-
ximadamente R$ 174.000,00.
Além de fertilizantes, adubos, de-
fensivos, implementos, ferramentas,
insumos, produtos veterinários, a loja
conta com uma completa linha de ele-
trodomésticos, artigos para cama, mesa,
banho e presentes.
Autoridades do município, diretores
do Sistema Copercana, Canaoeste e Si-
coob Cocred, cooperados, produtores
rurais, clientes, empresas parceiras e a
imprensa local prestigiaram a cerimô-
nia de inauguração.
“Sabemos da pujança que existe em
Guaíra, a cidade é essencialmente agrí-
cola, conta com muitos produtores e a
Copercana veio para somar, fazer uma
parceria que traga mais experiência para
o nosso cooperado de Guaíra. Eu tenho
certeza que a cooperativa vai ser útil para
esses produtores, assim como eles serão
úteis para nós, pois a Copercana precisa
da presença, do consumo e do apoio des-
ses produtores para que possa continuar
atendendo cada vez melhor essa região”,
Fernanda Clariano
disse o presidente da Copercana, Anto-
nio Eduardo Tonielo.
O diretor da Copercana, Pedro Esrael
Bighetti, falou sobre as expectativas no
novo empreendimento. “Apesar do ven-
to não estar soprando a nosso favor e a
favor de quase nenhum brasileiro, devi-
do ao fator clima, Governo e finanças, as
nossas expectativas são muito boas. Nós
O mais novo empreendimento chega para somar e confirmar o bom desempenho da cooperativa,
que conta com lojas espalhadas pelos Estados de São Paulo e Minas Gerais
A 19ª loja de Ferragem e Magazine fica na avenida Dr. João Batista Santana, 2.589,
no centro de Guaíra e o telefone para contato é (17) 3332-2775
Antonio Eduardo Tonielo,
presidente da Copercana
Pedro Esrael Bighetti,
diretor da Copercana
Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015
19
estamos otimistas e vamos passar por
mais essa e falamos para os nossos coo-
perados e produtores que podem ter cer-
teza que vai haver melhora. Estamos nos
instalando em Guaíra, confiantes, chega-
mos para ficar e vamos procurar dar toda
a assistência possível para os produtores
dessa cidade e da região”, garantiu.
“Nós entendemos que, embora o mo-
mento seja difícil, a Copercana está sem-
pre avançando. Guaíra é uma região onde
a agricultura é muito pujante, onde há um
grande número de produtores, uma cida-
de dinâmica na parte financeira, pois aqui
tem uma agricultura bastante intensiva e
esperamos que tenha aqui um bom casa-
mento, que a Copercana seja bem-suce-
dida nos seus negócios ao tempo em que
ela vai prestar também um bom serviço
para a comunidade e para os produtores
rurais dessa região”, analisou o presidente
da Canaoeste, Manoel Ortolan.
Durante o discurso, o vice-prefeito
de Guaíra, Denir Ferreira dos San-
tos, representando o prefeito Sérgio
de Mello, destacou a importância do
investimento para o município. “Para
nós, é um prazer muito grande rece-
ber um investimento como esse, uma
vez que ele trará oportunidade para o
nosso comércio, geração de empre-
go, renda e, mais do que nunca, es-
tão acreditando no potencial da nossa
querida cidade. Em nome do prefeito
Sérgio de Mello, gostaria de agrade-
cer imensamente essa confiança que a
Copercana está depositando em nossa
cidade”, afirmou.
De acordo com o gerente comer-
cial da Copercana, Ricardo Meloni, a
Copercana chegou a Guaíra com uma
gama de produtos que irá fazer toda a
diferença para o dia a dia dos produ-
tores e das donas de casa. “Estamos
trazendo para os cooperados e clientesManoel Ortolan,
presidente da Canaoeste
Vice-prefeito de Guaíra,
Denir Ferreira dos Santos
Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015
20
de Guaíra toda linha de ferragens, fer-
tilizantes, insumos, magazine, dentre
outros produtos e esperamos que essa
loja seja um diferencial na cidade e que
atenda às necessidades de todos, desde
o pequeno ao grande produtor, e tam-
bém às donas de casa”, destacou.
“Em Guaíra não era comum encontrar
uma loja que reunisse a diversidade de
produtos e oportunidades de compras em
um só lugar e a Copercana chegou com
tudo. Estamos com oito funcionários para
poder ajudar os cooperados e clientes da
melhor maneira possível e esperamos fu-
turamente expandir ainda mais”, disse o
gerente da loja de Ferragem e Magazine
de Guaíra, Rodrigo Geraldo Eloi.
Empresas parceiras também
falaram sobre o empreendimento
e as oportunidades
“Para a Bayer, essa parceria com a
Copercana é muito importante. É mais
uma loja que inaugura, é mais um pon-
to de venda onde teremos os nossos
produtos disponíveis. É muito gratifi-
cante ver que a Copercana está cada
vez mais expandindo os seus negócios
e levando junto com ela os nossos pro-
dutos”, ressaltou o representante co-
mercial da Bayer Veterinária, Rafael
Garcia Barbosa.
“Além de expormos nossas ferra-
mentas em todas as lojas de Ferragem
e Magazine da Copercana, procuramos
sempre participar das inaugurações
onde trocamos informações e temos
contato direto com os cooperados e
clientes. Agradecemos a Copercana por
essa parceria de longa data e desejamos
sucesso nos seus empreendimentos”,
disse o promotor técnico da Irwin Fer-
ramentas, Junio Caiuby.
Representando os cooperados de
Guaíra, o vereador e produtor rural,
Marco Antônio Pugliesi, enfatizou o or-
gulho de poder receber a cooperativa na
cidade. “É com grande satisfação que
recebemos a Copercana no nosso muni-
cípio, que além da geração de emprego
também irá contribuir para o desenvol-
vimento da nossa cidade e para o nosso
conforto. Faz 30 anos que minha famí-
lia é cooperada da Copercana e agora
temos o prazer de vê-la chegando em
‘nossa casa’, no ‘nosso quintal’. Du-
rante muitos anos saímos daqui e íamos
até Sertãozinho para fazer nossas com-
pras e hoje o sonho de ter a cooperativa
aqui em Guaíra está se concretizando.
Eu acredito que a Copercana veio para
Guaíra para somar e para ajudar nós, os
agricultores”, salientou Pugliesi.
“A Copercana chegou a Guaíra para
contribuir e somar forças aos peque-
nos, médios e grandes produtores da
nossa região. Sabemos que a agricul-
tura tem atravessado um momento
difícil, mas poder contar uma loja do
porte com as características da Coper-
cana nos deixa felizes e confiantes”,
confirmou o diretor de Agricultura de
Guaíra, José Carlos Junqueira.
Após os pronunciamentos, o pa-
dre Edson Pátaro, da paróquia São
Sebastião, proferiu as bênçãos das
novas instalações e logo em seguida,
a diretoria fez o descerramento da
placa de inauguração.
Rodrigo Geraldo Eloi, gerente da loja
de Ferragem e Magazine de Guaíra
Rafael Garcia Barbosa, representante
comercial da Bayer Veterinária
Junio Caiuby, Irwin Ferramentas
Marco Antônio Pugliesi, cooperado
José Carlos Junqueira, diretor de
Agricultura de Guaíra
Notícias Copercana
RC
Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015
21
Endereço da loja: Av. Dr. Oswaldo Scatena, nº 461 - Centro - Batatais/SP
Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015
22
Copercana realiza o 2º treinamento para
operadores de recolhedora de amendoim
Notícias Copercana
A
Uname (Unidade de Grãos da
Copercana), em parceria com a
Indústrias Colombo, fabricante
de colhedeiras de amendoim, realizou no
dia 10 de fevereiro o segundo treinamen-
to consecutivo para produtores e opera-
dores de recolhedoras de amendoim.
O objetivo da parceria é contribuir com
o dia a dia dos produtores que participam
do ProjetoAmendoim, para que melhorem
suas colheitas e, com isso, tenham menos
descontos devido às perdas na hora das
análises realizadas na cooperativa e conse-
quentemente mais lucros.
Aproximadamente 30 pessoas par-
ticiparam do treinamento onde rece-
beram explicações e orientações sobre
o funcionamento de uma colhedeira,
como operar a máquina durante a co-
lheita, manutenção e cuidados e tam-
bém puderam tirar suas dúvidas e tro-
car informações.
“Esse treinamento é muito importan-
te porque reduzindo perdas na colheita
através dos produtores vamos ter um
produto final com mais qualidade e,
consequentemente, teremos um preço
melhor na comercialização desse pro-
duto e com mais ganho para o produtor
também”, afirmou o encarregado téc-
nico do Projeto Amendoim da Uname,
Edgar Matrangolo Júnior.
Fernanda Clariano
Treinamento foi realizado na Uname (Unidade de Grãos da Copercana)
em parceria com a Indústria Colombo
“A intenção do treinamento é que o
operador de máquina tenha a consci-
ência das manutenções necessárias, do
uso correto do equipamento e na dimi-
nuição de impureza para a indústria.
Essa parceria com a cooperativa é de
fundamental importância porque nos
traz ao contato direto com o produtor e
com o operador de máquina”, afirmou
Leandro José Magalhães, marketing de
produtos da Indústrias Colombo.
Edgar Matrangolo Júnior, encarregado
técnico do Projeto Amendoim da Uname
Leandro José Magalhães, marketing de
produtos da Indústrias Colombo
“Participo pela segunda vez desse
treinamento e acho interessante por-
que é sempre bom aprimorar os conhe-
cimentos. As explicações são bem cla-
ras e tudo que aprendo procuro levar
para a roça, repasso para os colegas e
a gente vai trocando informações, tudo
para melhorar. No começo sofríamos
para arrancar o amendoim da forma
correta, mas através dos ensinamen-
tos vamos colocando em prática o que
aprendemos e melhorou muito. Espero
poder aprender mais ainda e com isso
contribuir lá na lavoura”, disse Osmar
Maciel (funcionário do cooperado
Geovani Pinto Neto).
Quem participou aprovou
“As dúvidas que tenho, procuro sa-
nar durante o treinamento e tudo que
aprendo procuro pôr em prática e faz
toda a diferença. Eu tinha algumas dú-
vidas sobre a regulagem da colhedeira
e regulagem do cilindro para não debu-
lhar e, depois das instruções que recebi
no ano passado, melhorou muito a qua-
lidade do produto. Esse treinamento
é muito importante, por isso pretendo
participar de todos e assim ir aprimo-
rando cada vez mais e com isso, evitan-
do perdas também”, destacou Márcio
José Trovo (funcionário do cooperado
Egídio Ângelo Fábio). RC
Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015
23
Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015
24
Almir Torcato, gestor do departamento
Gilberto Leite Araújo,
diretor administrativo da Lancers
O escritório inaugurado em Sertãozinho é exclusivamente destinado aos associados Canaoeste
Fotos: Breno Araújo
Notícias Canaoeste
Parceira da Canaoeste, Lancers inaugura
unidade em Sertãozinho-SP para gestão de
benefícios de saúde
A
inauguração de uma unidade da
Lancers Administradora de Be-
nefícios de Saúde, em Sertãozi-
nho-SP, consolida uma parceria de dois
anos com a Canaoeste. O evento para
apresentação do novo endereço foi re-
alizado no último dia 11 de janeiro. Os
convidados foram recebidos com um
coquetel. Desde 2013, a empresa, com
instalações também em Ribeirão Preto-
-SP e Goiânia-GO, faz um trabalho
conjunto com o RRP (Relacionamen-
tos, Recursos e Projetos) da Canaoeste
para regularização e administração dos
planos de saúde dos associados.
Aatuação da administradora está sen-
do feita em etapas. No ano passado, fo-
ram contemplados os benefícios Unimed
para a região de Bebedouro, Sermed
Sertãozinho e Odontoprev (odontológi-
co). Já para 2015, a meta é estender para
o São Francisco, além de angariar outras
prestadoras de serviço para as regiões
onde a Canaoeste está presente e que
ainda não foram atendidas.
O escritório inaugurado em Sertãozi-
nho, que já está em pleno funcionamen-
to, é exclusivamente disponibilizado
aos associados Canaoeste. Um espaço
para tratar de assuntos burocráticos,
como emissão de cartões e boletos, in-
clusão e exclusão de beneficiários. Em
vez de procurar a operadora do plano de
saúde, o usuário pode pedir que a Lan-
cers faça a intermediação.
A instalação da unidade foi um pedi-
do do RRP para estreitar ainda mais o
contato com os associados. Para o ges-
tor do departamento, Almir Torcato, a
vinda da parceira para Sertãozinho trará
ganhos significativos para a Canaoeste.
“Estamos obtendo sucesso. Funcionou
Igor Savenhago
Escritório oferece comodidade aos associados para resolver assuntos burocráticos, como
emissão de cartões e boletos, além da inclusão e exclusão de beneficiários
com a Unimed Bebedouro, passamos
para a segunda fase com a Sermed Ser-
tãozinho e, com certeza, outras parce-
rias virão. Acredito que, com o know
how da Lancers, com tantos benefícios
em carteira, poderemos oferecer bas-
tante coisa para os nossos associados.
Começamos 2015 com o pé direito”.
Antes da criação do RRP, cuja gestão
foi implantada em 2013, os benefícios de
saúde dos associados estavam congelados
por questões técnicas, administrativas e
burocráticas. A parceria com a Lancers
permitiu dar andamento ao processo.
“Temos um carinho especial pela Canao-
este porque a nossa empresa é jovem, tem
apenas um ano e meio, e a Canaoeste foi
a primeira a acreditar no nosso trabalho”,
afirma o diretor administrativo da Lan-
cers, Gilberto Leite Araújo.
Todos os contratos de benefícios de
saúde dos associados são, agora, geri-
Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015
25
dos pela administradora. “Houve a ne-
cessidade de instalar um espaço físico
em Sertãozinho para dar maior apoio a
este associado, acolhê-lo, orientá-lo e
tirar dúvidas, intervindo junto às ope-
radoras de saúde de forma a facilitar
o acesso a elas, bem como os atendi-
mentos médicos. O usuário, que já vem
ganhando com essa parceria, terá um
conforto ainda maior”, emenda Araújo.
Para ele, a parceria pode ajudar,
inclusive, no enfrentamento da crise
que atinge a cadeia produtiva da cana-
-de-açúcar em Sertãozinho. “Não me
recordo de uma crise maior no setor.
Então, toda ajuda é bem-vinda. A ad-
ministração de benefícios acaba contri-
buindo parcialmente para a recuperação
do setor também, quando a gente pensa
que tem de otimizar todos os recursos,
ajudando o associado na gestão dos
benefícios”. A aposta no setor sucro-
energético, de acordo com o diretor, é
resultado da confiança na retomada dos
investimentos.
Além de oferecer maior comodidade,
a nova unidade consolida, na visão da
gerente operacional da Lancers, Kellen
Rodrigues, o trabalho feito com a Ca-
naoeste. “É uma referência e uma fide-
lização da parceria. Temos uma equipe
disposta a atender todos os associados
e esclarecer as dúvidas com relação a
qualquer necessidade que eles tenham”.
Novos projetos
O planejamento para 2015 já indica
avanços tanto no bem-estar dos usu-
ários quanto na adesão de novos par-
ceiros. Prova disso é que, em breve,
um novo benefício será oferecido aos
O escritório será um espaço para tratar de assuntos burocráticos, como emissão de
cartões e boletos, inclusão e exclusão de beneficiários
Equipamentos fornecidos pela Acto
Kellen Rodrigues,
gerente operacional da Lancers
Patrícia Seabra,
supervisora de vendas da Acto
associados. A empresa Acto Indepen-
dência Assistida, de Ribeirão Preto, que
desenvolve projetos com a Lancers há
seis meses, passará a disponibilizar um
equipamento que permite um monitora-
mento 24 horas da saúde.
Segundo Patrícia Seabra, superviso-
ra de vendas da Acto, o aparelho é li-
gado à linha telefônica e o usuário fica
com um botão de alerta, à prova d’água,
que pode ser usado como pulseira ou
pingente. A tecnologia europeia tem se
difundido bastante no Brasil e é con-
siderada uma inovação na assistência
à saúde. “O botão pode ser apertado
por qualquer motivo. Se o usuário quer
conversar com alguém, temos assis-
tentes que irão bater um papo com ele.
Caso se sinta mal, alguém irá a socor-
ro”, explica Patrícia. Ela lembra que a
principal causa de morte, nestes casos,
não é a falta de socorro, mas a demora
para ele que chegue. “Esta tecnologia
traz segurança a quem usa e tranquili-
dade para a família”.
	
Além de disponibilizar o equipamen-
to, a Acto faz um cadastro de pessoas
próximas ao usuário. Caso haja dificul-
dade de comunicação com a empresa,
atendentes ligam para esses contatos e
informam que algo pode ter ocorrido, já
que o botão foi acionado.
SERVIÇO:
Lancers Sertãozinho
Rua Fioravante Sicchieri, nº 593
Jardim Soljumar
Fone: 16- 3491-2269
Horário de funcionamento: Segunda
a sexta-feira, das 9h às 18h.RC
Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015
26
Notícias Canaoeste
Canaoeste recebe visita de fitopatologista da
SRA, principal centro de pesquisa de
cana-de-açúcar australiano
A
s atividades e serviços pres-
tados pela Canaoeste, sua
área de atuação, indicadores e
história da associação, que comemora
seus 70 anos em 2015, foram apresen-
tados a Robert Magarey, fitopatologis-
ta da SRA (Sugar Research Australia),
principal órgão de pesquisa de varie-
dades de cana-de-açúcar australiano,
durante uma visita à entidade, no dia
10 de fevereiro. O pesquisador tam-
bém conheceu a Uname (Unidade de
Grãos da Copercana) acompanhado
pela gestora técnica Alessandra Duri-
gan, pelo gestor operacional Gustavo
Nogueira, e pelo gestor de RRP (Rela-
cionamento, Recursos e Projetos), Al-
mir Torcato, todos da associação.
O especialista estava no Brasil para
ministrar palestra sobre doenças e pra-
gas que atingem a cana-de-açúcar du-
rante o XXXVIII Congresso Paulista
de Fitopatologia, realizado em feverei-
ro, no Centro de Ciências Agrárias da
UFSCar (Universidade Federal de São
Carlos), em Araras-SP, e aproveitou
para se informar mais sobre a agroin-
dústria canavieira brasileira. “É bastan-
te extraordinário o tamanho da cadeia
de produção de cana-de-açúcar aqui
no Brasil porque é 10 vezes maior do
que na Austrália, então essa escala de
produção é o que mais impressiona”,
alegou.
De acordo com ele, na Austrália,
a cana-de-açúcar é a segunda cultura
agrícola mais importante, atrás apenas
do trigo. “O setor canavieiro australia-
no produz de 28 a 35 milhões de tone-
ladas de cana por ano, o que equivale a
cerca de US$ 2 bilhões de faturamen-
to”, informou Magarey, que na oca-
sião estava acompanhado por Danilo
Andréia Vital
Palestrante em um congresso na UFSCar, realizado em fevereiro, o especialista
Robert Magarey também conheceu a cadeia da cana-de-açúcar brasileira
Eduardo Cursi, engenheiro
agrônomo e pesquisador da
Ridesa (Rede Interuniversitá-
ria para o Desenvolvimento
do Setor Sucroenergético da
Universidade Federal de São
Carlos). Essa foi a segunda
vez que Magarey, que atua
na área de biossegurança da
SRA, concentrando esforços
em estudos sobre doenças que
ocorrem tanto no colmo como
nas folhas da cana-de-açúcar,
visitou o Brasil. A primeira ocorreu em
2007, a convite da Ridesa/UFSCar para
palestrar sobre a ferrugem alaranjada da
cana-de-açúcar.
Ao falar sobre os desafios fitossa-
nitários da Austrália, o pesquisador
alegou que enfrentam muitas dificul-
dades. “Temos muitos problemas com
doenças, como o carvão da cana, a es-
caldadura, o mosaico, as ferrugens ala-
ranjada e marrom, além da ‘pachymetra
root rot’, uma espécie de podridão ra-
dicular que não é incidente no Brasil”,
contou. O carvão da cana também tem
sido motivo de dor de cabeça para os
produtores brasileiros lembrou Gusta-
vo Nogueira, ao advertir que a doença
poderá impactar as próximas safras
nacionais, caso uma solução não seja
tomada. “No Brasil plantam variedades
intermediárias ao carvão, mas como a
quantidade de inóculo está muito gran-
de, essas variedades também estão pe-
gando a doença”, explicou Alessandra
Durigan, informando que já é o terceiro
ano que estão evitando algumas varie-
dades como as RB 966928; CTC 2 e RB
92579 devido a este problema.
Além da estrutura da Canaoeste,
Magarey conheceu as instalações do
PMGCA (Programa de Melhoramento
Genético de Cana-de-Açúcar) da UFS-
Car, integrante da Ridesa, situado no
campus da UFSCar de Araras, incluin-
do o Laboratório de Biotecnologia de
Plantas. Também visitou o Centro de
Cana do IAC (Instituto Agronômico),
em Ribeirão Preto - SP, e a Usina São
Martinho, em Pradópolis-SP.
Durante a sua presença em solo brasi-
leiro, a Ridesa/UFSCar divulgou contra-
to que firmou com o centro de pesquisa
australiano de cana-de-açúcar para troca
de variedades. O acordo prevê que a ins-
tituição receberá 50 variedades australia-
nas e enviará outras 50 para a Austrália,
sendo trocadas 10 variedades por ano, ao
longo de cinco anos. Estes materiais serão
utilizados somente para fins de pesquisa e
cruzamento de variedades de cana.
De acordo com Danilo Cursi, no
primeiro grupo de materiais RB que
vai para a Austrália estão a RB935744,
RB855536, RB855156 e RB855113,
entre outras, todas desenvolvidas pela
Ridesa/UFScar. A primeira remessa de
materiais RB embarca para a Oceania já
em março de 2015, e a Ridesa/UFSCar
receberá as primeiras 10 variedades aus-
tralianas em setembro deste ano. RC
Danilo Cursi, Robert Magarey, Gustavo Nogueira, Alessandra
Durigan e Almir Torcato durante visita
Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015
27
Canaoeste realiza assembleia geral para
prestação de contas
A
Canaoeste realizou uma Assem-
bleia Geral Ordinária, no dia 11
de fevereiro, e reuniu diretores
e associados em seu auditório, em Ser-
tãozinho-SP. A reunião teve como pauta
a apresentação do balanço referente ao
exercício de 2014 e foi conduzida pelo
presidente da entidade, Manoel Ortolan,
na ocasião assessorado pelo diretor tesou-
reiro da Canaoeste e diretor de crédito da
Sicoob Cocred, Francisco César Urenha,
pelo advogado da associação, Juliano
Bortoloti, e pelo gestor de Controladoria
e Contabilidade, Marcos Molezin.
Embora não tenha sido um ano fa-
vorável para o setor sucroenergético,
a Canaoeste buscou estar próxima de
seus associados, que chegam a 2.595
fornecedores de cana-de-açúcar. Diver-
sas ações foram feitas durante o último
ano, como a adequação nos escritórios
regionais da entidade, como também
no campo político e institucional. “Par-
ticipamos de eventos importantes, tais
como Agrishow, Fenasucro, reuniões
no Ministério da Agricultura, no Sena-
do e na Câmara dos Deputados, como
também marcamos presença no Encon-
tro com produtores de cana-de-açúcar,
no WABCG (World Association of Beet
and Cane Growers, em português, As-
sociação Mundial de Plantadores de
Cana e Beterraba), realizado em Lon-
dres, e no 3º Encontro de Gerentes, en-
tre outros” ressaltou Ortolan ao prestar
contas das atividades de 2014.
Na parte técnica, o presidente da en-
tidade destacou, entre os projetos desen-
volvidos, o Harpia, em parceria com a
BASF, para controle de pragas, e o su-
porte técnico na realização do CAR (Ca-
dastro Ambiental Rural). De acordo com
dados apresentados, o departamento téc-
nico realizou 5.782 visitas a associados;
260 visitas ao laboratório de sacarose
Andréia Vital
Associação expõe atividades realizadas em 2014 e apresenta projeto de plano
estratégico para os próximos dez anos
das unidades industriais; 278 visitas aos
departamentos técnicos das unidades in-
dustriais, além de terem sido realizados
3.458 atendimentos a associados.
“A meta é prosseguir na fiscalização
de análises da qualidade da cana entre-
gue pelos associados às indústrias da
nossa região, o que nos dá maior con-
fiança, segurança e tranquilidade quan-
to à aplicação das normas do sistema
Consecana, determinantes do preço da
tonelada de cana com base no quilo do
ATR (Açúcar Total Recuperável), bem
como esclarecermos os nossos associa-
dos em relação às dúvidas e conferência
de cálculos das amostras de sua cana re-
colhida nas próprias indústrias recebe-
doras”, explanou Ortolan.
Outro projeto que ganhou destaque
durante a assembleia foi o “Geladeirote-
ca” da biblioteca da entidade, que ganhou
espaço em diversas mídias, participou de
vários eventos e foi um dos vencedores
do 7º Prêmio Vivaleitura 2014.
Já o departamento jurídico prestou
atendimento a 3.975 associados; reali-
zou 169 visitas a associados; 613 visitas
a órgãos públicos; fez análises e con-
fecção de 143 contratos, 272 projetos e
pareceres técnicos; participou de 46 reu-
niões externas, além de acompanhar o
andamento processual de 944 processos
judiciais e administrativos. No final do
encontro, o presidente da entidade apre-
sentou também o projeto de um plano
estratégico para os próximos 10 anos da
Canaoeste. “Eu acho que este trabalho
será base para reformularmos a associa-
ção dentro daquilo que o produtor quer,
e não somente o que nós acreditamos
que seja bom para ele”. O plano, que
visa uma Canaoeste melhor em 2025,
será semelhante ao realizado pela Orpla-
na, a qual Ortolan também é presiden-
te, intitulado Caminhos da Cana, e que
mapeou as principais iniciativas a serem
implantadas pela entidade em sua área
de abrangência nos próximos anos.
De acordo com Marcos Fava Neves,
a ação visa rever as ações e moderni-
zar de forma estruturante a associação
para que ela mantenha sua excelência e
amplie suas ações visando à sustenta-
bilidade econômica, social e ambiental
de seus cooperados. “Trata-se de um
trabalho de seis meses, onde mergulha-
remos a fundo e junto com os produto-
res e excelente equipe que têm esta or-
ganização, construiremos a Canaoeste
2025. Teremos diversos projetos es-
tratégicos para serem implementados
e garantir o futuro desta associação”,
conclui o consultor criador do Markes-
trat (Centro de Pesquisas e Projetos em
Marketing e Estratégia da USP), que
coordenará o projeto.
A mesa foi composta pelo gestor de Controladoria e Contabilidade, Marcos Molezin,
pelo advogado da associação, Juliano Bortoloti, o presidente da entidade, Manoel
Ortolan e o 1º Tesoureiro da Canaoeste, Francisco César Urenha
RC
Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015
28
Notícias Sicoob Cocred
Balancete Mensal - (prazos segregados)
Cooperativa De Crédito Dos Produtores Rurais e Empresários do
Interior Paulista - Balancete Mensal (Prazos Segregados)
- Janeiro/2015 - “valores em milhares de reais”
Sertãozinho/SP, 31 de Janeiro de 2015.
Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015
29
Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015
30
Cadê
todo o ano passado e início de 2015. Na
fazenda, a situação não chega a ser tão
crítica, mas Rossetti estima uma queda
de 15% na produtividade nas áreas com
cana de começo de safra, que respondem
pelo mesmo percentual do total plantado,
o equivalente a 70 hectares. Nesses pon-
tos, que deveriam render 100 toneladas
por hectare, em média, o crescimento da
plantação está, segundo ele, pelo menos
um mês atrasado.
Em outra área, com cana de meio de
safra, para a qual ele leva a reportagem,
o exemplo dos prejuízos é claro. “Aqui,
a cana secou tanto que, quando a colhe-
deira passou, arrancou as touceiras”.
No local, as grandes e inúmeras falhas
dividem espaço com plantas que ainda
resistem, mas que não atingiram o ta-
manho ideal. “Ainda bem que esta área
em que estamos é pequena. Se estivesse
tudo assim, seria desolador”.
Outra preocupação dele é com as
canas destinadas a “olhadura” – pro-
Seca de 2014 e do início deste ano compromete produtividade dos canaviais paulistas,
dificulta obtenção de mudas e gera incertezas quanto à moagem da próxima safra
Igor Savenhago
Reportagem de Capa
a cana ?
cesso de extração das gemas para dar
origem a novas plantas. Cultivadas
desde março do ano passado, elas fi-
caram praticamente paralisadas com
a estiagem. Com o desenvolvimento
prejudicado, Rossetti precisará dispor
de uma área 10% maior para atingir a
produção projetada inicialmente.
As consequências de toda essa situ-
ação aparecem nas estatísticas de al-
guns dos principais institutos de pes-
C
anaviais com desenvolvimento
abaixo do esperado e dificulda-
des para a obtenção de mudas.
O cenário enfrentado pelos produtores
de cana de várias regiões do Estado de
São Paulo anuncia uma safra 2015/16
preocupante na Região Centro-Sul do
País e com números muito próximos
do período 2014/15, que está termi-
nando. Com início marcado oficial-
mente para o dia 1º de abril, o próximo
ciclo será de queda na produtividade e
novas incertezas com relação à moa-
gem e aos aspectos climáticos.
O panorama chegou a mudar até a cor
da paisagem. Não é raro observar áreas
em que o verde característico das folhas
deu lugar a um amarelo pálido, sem
vida. No caminho para a Fazenda San-
to Antônio, de propriedade de Roberto
Rossetti, associado Canaoeste, em Ser-
tãozinho-SP, a câmera fotográfica, para
onde vira, capta imagens de cana peque-
na e seca. Resultado da estiagem que
castigou o Estado durante praticamente
Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015
31
quisa e associações que representam
o setor sucroenergético, quando o as-
sunto são as perspectivas de moagem.
A Archer Consulting, em seu último
levantamento, estimou que o Centro-
-Sul irá processar, em 2015/16, pouco
mais de 573 milhões de toneladas de
cana, volume que representa apenas
0,62% de aumento diante do atual
ciclo, previsto para fechar em 570,1
milhões de toneladas.
Já a Unica (União da Indústria
de Cana-de-Açúcar), entidade que
congrega as usinas da região, chegou
a divulgar, em dezembro, que os nú-
meros devem variar de estáveis para
uma queda de até 3,6%, realidade
bem distinta da temporada anterior
à seca, a de 2013/14, quando foram
moídas 597 milhões de toneladas, um
recorde. Além dos problemas climáti-
cos recentes, deve-se considerar que
cerca de 80 usinas fecharam no país
desde 2008 por causa de dificuldades
financeiras.
A falta de chuvas principalmente
no final de 2014 e início deste ano,
momentos importantes do cresci-
mento da cana-de-açúcar, que, geral-
mente, vai até março, fará com que a
próxima safra comece mal na visão de
Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presi-
dente da Abag (Associação Brasileira
do Agronegócio) e sócio-diretor da
Consultoria Canaplan. No ano passa-
do, mesmo com o solo mais úmido,
resultado das chuvas de 2013, a que-
da na safra em relação às estimativas
iniciais foi de cerca de 40 milhões de
toneladas. Para Carvalho, caso as pre-
cipitações não voltem agora em 2015,
a estiagem prolongada que afetou o
Estado de São Paulo no decorrer do
ano passado será muito sentida.
De acordo com Orivaldo Brunini,
pesquisador do IAC (Instituto Agro-
nômico de Campinas), a seca com-
prometeu canaviais em todo o Estado,
com predominância para a região de
Araçatuba e a faixa que vai de Ara-
raquara até São José do Rio Preto,
passando por Sertãozinho e Ribeirão
Preto-SP. Nessas zonas de abrangên-
cia, ele estima que a perda de produti-
vidade seja de até 15%. “Um aspecto
relevante é que a seca, da forma como
ocorreu em 2014, tinha uma probabi-
lidade de acontecer de uma em cem,
ou seja, a cada cem anos, ela só é pos-
sível uma vez. E foi em 2014”.
Dados do próprio IAC mostram
que, na sua estação em Ribeirão Preto,
o índice pluviométrico foi o pior apu-
rado em toda a história das medições,
que são feitas desde 1934. Durante o
ano de 2014, foram registrados 802
milímetros, contra 1515 em 2013. Nos
últimos 20 anos, a média foi de 1445
milímetros, parecida com a dos últi-
mos dez anos, que foi de 1464, e a dos
últimos cinco – 1429. Desde 1994, os
volumes de chuvas que mais se apro-
ximaram do ano passado foram em
2012, com 1045 milímetros, em 2010,
com 1195, e em 2001, com 1223.
Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015
32
Canaoeste e Copercana
Quando levados em conta especifica-
mente os municípios da área de abran-
gência da Canaoeste, a situação é muito
parecida. Dados colhidos em Barretos,
Bebedouro, Cravinhos, Ituverava, Mor-
ro Agudo, Pitangueiras, Pontal, Ribeirão
Preto, Serrana, Sertãozinho, Severínia,
Terra Roxa e Viradouro, todos municí-
pios paulistas, a média de chuvas du-
rante todo o ano de 2014 foi de 906,1
milímetros. No ano anterior, o volume
apurado havia sido de 1557 milímetros.
Uma queda de 41,8%. Feita mês
a mês, a análise aponta menor pre-
cipitação em dez deles, em relação
a 2013. Apenas em julho e agosto, o
volume de chuvas do ano passado su-
perou o do ano anterior, como pode
Fonte: Canaoeste
Chuvas – Acumulado 2014
Fonte:Canaoeste
No cami
ser visualizado na tabela abaixo. Já
no gráfico, é possível perceber a di-
ferença substancial nas curvas que
representam as médias de um ano na
comparação com o outro.
No índice exclusivo para a Fa-
zenda Santa Rita, de propriedade da
Copercana em Terra Roxa-SP, cujo
objetivo é disponibilizar mudas para
cooperados e associados, a produção
foi bastante afetada. Segundo a ges-
tora técnica e o gestor operacional
da Canaoeste, Alessandra Durigan
e Gustavo Nogueira, o fornecimen-
to provavelmente não será feito este
ano. Lá, o volume de chuvas chegou
a 957 milímetros no decorrer de 2014,
enquanto que, em 2013, bateu os 1823
milímetros, quase o dobro. Nos últi-
mos 19, dez e cinco anos, as médias
variaram de 1526 a 1629 milímetros.
“Em função do deficit hídrico, é co-
mum observarmos canaviais na área
de abrangência da Canaoeste, prin-
cipalmente os colhidos no início da
safra, atrasados quanto ao seu desen-
volvimento vegetativo. E isso poderá
influenciar nos dados de produtividade
da safra 2015/16”, afirmam eles.
Na Uname (Unidade de Grãos da
Copercana), no entroncamento das
Rodovias Armando Salles de Oliveira
e Carlos Tonani, saída de Sertãozinho
para Ribeirão Preto, os índices não fo-
ram muito diferentes. Em 2014, choveu
na unidade um total de 942 milímetros,
ante 1695 em 2013. As médias dos úl-
timos 16, dez e cinco anos variaram de
1400 a 1482 milímetros.
Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015
33
Choveu pouco em 2014
Com propriedades em Bebedouro-
-SP e Viradouro-SP, o produtor de
cana Heros Mira de Assumpção, ou-
Unidade	 2014	 2013	 Média últimos	 Média últimos
	 	 	 10 anos 	 5 anos
IAC Ribeirão Preto	 802	1515	 1464	 1429
Uname (Unidade de
Grãos da Copercana)	 942	1695	 1400	 1482
Fazenda Santa Rita
(Copercana) – Terra Roxa-SP	 957	1823	 1629	 1526
tro associado Canaoeste, diz que suas
variedades precoces não cresceram
como deveriam. Elas ocupam cerca
de 30 hectares, que correspondem a
um terço das áreas dele, onde a que-
da na produtividade deve ser de 12%
a 15%. “Faltou chuva quando a cana
mais precisava”, relata. “Com isso, as
falhas foram aumentando”.
O agricultor também enfrentou di-
ficuldades no plantio, que foram fei-
tos por uma usina. “Não tive limitação
quanto ao número de mudas, mas nas
variedades sim. Nem todas estavam em
estágio adequado de desenvolvimento”.
O quadro só não é pior na região
porque, segundo Maximiliano Salles
Heros Mira de Assumpção, produtor de
cana em Viradouro e Bebedouro
Scarpari, pesquisador do IAC em Ri-
beirão Preto, este mês de fevereiro
teve um quadro um pouco mais fa-
vorável. “Choveu um pouco, o que
permitiu que algumas áreas degrada-
das se recuperassem. Não fosse isso,
o cenário seria bem ruim, mas teve
uma leve melhora”. Ele explica que,
caso as precipitações continuem, as
canas de meio e de final de safra
tendem a melhorar seu desenvolvi-
mento, diferente das precoces, mais
comprometidas. “O problema é que
está difícil o pessoal dos institutos
meteorológicos acertarem. Por isso,
sempre montamos três cenários de
safra. Um baseado nas previsões, um
que prevê um cenário mais favorável
e outro, mais desfavorável”. RC
inho para a Fazenda Santo Antônio, em Sertãozinho,
folhas amareladas denunciam a falta de chuva
Fonte: Canaoeste
Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015
34
CCIR – Certificado de Cadastro de Imóvel Rural
P
rezados leitores, tenho atendido
recentemente inúmeros proprie-
tários rurais que, por problemas
com o seu CCIR (Certificado de Cadas-
tro de Imóveis Rurais), não estão conse-
guindo efetuar diversas ações relativas
à administração de seu negócio rural.
Em razão disso, nas linhas ulteriores
passarei a explicar de forma sucinta do
que se trata o CCIR, para que serve e
como regularizá-lo.
Nosso País instituiu a obrigatorie-
dade do CCIR para os imóveis rurais.
Se trata de um documento emitido pelo
Incra (Instituto Nacional de Coloni-
zação e Reforma Agrária) que constitui
prova do cadastro do imóvel rural junto ao
SNCR (Sistema Nacional de Cadastro Ru-
ral) . É por meio do CCIR que é efetuada a
cobrança da Taxa de Serviços Cadastrais.
Como dito, é um documento obriga-
tório para o proprietário ou possuidor
de um imóvel rural, uma vez que sem
ele não é possível desmembrar, arren-
dar, hipotecar, vender ou prometer em
venda o imóvel rural, nem mesmo ho-
mologar partilha amigável ou judicial
Juliano Bortoloti
Advogado da Canaoeste
Assuntos Legais
(sucessão causa mortis), de acordo com
os termos da Lei Federal nº. 4.947/66
e 10.267/2001. Ainda observando refe-
ridas normas, o CCIR é imprescindível
para o registro da propriedade em car-
tório, para inventários, para o acesso a
financiamentos e créditos rurais e para
a aposentadoria rural. Por isso, somente
com o cadastramento do imóvel rural, o
proprietário obterá o CCIR.
Outro aspecto importante é que as
informações constantes do CCIR são
exclusivamente cadastrais e de uso go-
vernamental na elaboração de políticas
públicas, razão pela qual “não fazem
prova de propriedade ou de direitos a ela
relativos”, de acordo com o estabelecido
no parágrafo único do artigo 3º da Lei n.º
5.868, de 12 de dezembro de 1972.
Em 10 de dezembro de 2014, o
INCRA expediu o Ofício Circular
33/2014/DFC/Incra, endereçado às
Corregedorias Gerais de Justiça de to-
dos os Estados Federados, inclusive o
Distrito Federal, dando ciência sobre o
lançamento do CCIR 2010-2014, orien-
tando que, a partir do dia 08 de janeiro
de 2015, todos os proprietários, titulares
de domínio útil ou possuidores a qual-
quer título de imóvel rural deveriam/
devem acessar o endereço eletrônico
http://ccirweb.serpro.gov.br/ccirweb/
emissao/formEmissaoCCIRWeb.asp e
emitir o Novo CCIR 2010-2014, ou po-
dem fazê-lo junto as Salas da Cidada-
nia nas superintendências regionais do
Incra, Unidades Avançadas, Salas da
Cidadania Digital ou UMC (Unidades
Municipais de Cadastramento). Para
validar o CCIR, é necessário, porém,
efetuar o pagamento da taxa cadastral
na rede de atendimento da CEF (Caixa
Econômica Federal .
Também foi informado que a partir
do exercício do ano de 2015, o lança-
mento do CCIR passará a ser anual,
com validade do Certificado para cada
exercício, sendo que o CCIR de 2015
já está programado para lançamento em
setembro de 2015.
Portanto, todos os proprietários/pos-
suidores de imóveis rurais que ainda não
fizeram o último CCIR de suas proprie-
dades, que o façam sob pena de inviabi-
lizar a administração de seu negócio.RCAcesse o endereço (http://bit.ly/CCIRural) para emissão do Novo CCIR 2010-2014
Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015
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Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015
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Destaque I
SEBRAE subsidia 50% da participação de
empresas na Fenasucro
C
om o intuito de promover a
competitividade e o desenvol-
vimento sustentável das micro
e pequenas empresas e fomentar o em-
preendedorismo, foi lançado no início
de fevereiro o Projeto MetalMecânica
2015, em Sertãozinho – SP. Realizado
pelo SEBRAE (Serviço Brasileiro de
Apoio às Micro e Pequenas Empresas)
em parceria com o CEISE Br (Centro
Nacional das Indústrias do Setor Sucro-
energético e Biocombustíveis), através
do PAE Sertãozinho (Posto de Aten-
dimento ao Empreendedor), o projeto
oferecerá orientações de planejamento,
marketing, vendas, finanças, acesso ao
mercado e gestão de pessoas através de
palestras, cursos e consultorias a em-
presas da cadeia metalmecânica.
De acordo com o representante do
SEBRAE, Fábio Menezes de Souza, o
fundamento do programa é desenvolver
este setor para melhorar sua produção,
sua inovação e seu marketing. “Existem
várias ações como as de capacitação e
de acesso ao mercado, entre elas a par-
ticipação em feiras, como a Fenasucro,
com subsídio como também ações de
visita técnica em feiras e participação
Entidade, em parceria com CEISE Br, lança projeto para impulsionar
negócios de fornecedores da cadeia metalmecânica
Andréia Vital
nas rodadas de negócios”, disse
ele, reforçando a importância em
aderir ao projeto. A excelência
da ação também foi destacada
pelo diretor do CEISE Br, Apare-
cido Luiz, ao dar as boas-vindas
no evento, que contou com a pre-
sença de empresários, consulto-
res e imprensa.
Uma das principais vertentes
do projeto é viabilizar o acesso
das micro e pequenas empresas
na Fenasucro. “Este é um ano difícil
para todos e temos uma grande feira
pela frente como a Fenasucro, que é
uma ótima oportunidade de fazer ne-
gócios,” explicou o representante do
SEBRAE. Souza ressaltou também que
inovação é a palavra da vez e será pre-
ciso usar a criatividade para superar a
crise, ao ministrar na ocasião, a palestra
“Inove para Ganhar Mais”.
Dobra espaço do SEBRAE na
Fenasucro
No ano passado, o espaço SEBRAE
contou com a participação de 16 em-
presas, sendo três delas de outras locais
(São José do Rio Preto, Piracicaba e
Araçatuba). Este ano 32 empresas serão
contempladas, sendo 20 da região e 12
de outras localidades. Além de 50% do
subsídio do valor do estande, contarão
com montagem básica, energia e lim-
peza. “A quantidade de participantes
dobrou devido à demanda de escritó-
rios da entidade de outras regiões’’, ex-
plicou Souza, contanto que os espaços
destinados a cada estande será de 15m²
e 16m² e ficarão nos pavilhões 1 e 2 do
centro de exposição.
Para o diretor da Fenasucro, Gabriel
Godoy, o envolvimento do SEBRAE
com a feira é relevante. “O SEBRAE
é a uma grande fonte de inovação em
termos de novas indústrias, ou seja, ele
tem um contato muito forte com pe-
quenos investidores e é muito impor-
tante tê-lo dentro da Fenasucro porque
a feira dá oportunidade para todos.
Não é só para grandes empresas”, dis-
se ele, adiantando que a edição deste
ano apresentará mais conteúdo, com
seminários em parcerias com diversas
empresas. “Embora exista uma expec-
tativa que o ano seja difícil, a procura
pela feira está excelente, muito grande,
e tendo em vista as modificações que
tivemos neste ano, da parte governa-
mental, creio que o mercado deve co-
meçar a acelerar”, previu, afirmando
que 550 marcas devem participar da
feira nesta 23ª edição da Fenasucro.
Fábio Menezes de Souza,
representante do SEBRAE
Aparecido Luiz,
diretor do CEISE Br
RC
Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015
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Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015
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Destaque II
Evento na sede do IAC, em Ribeirão Preto-SP,
orienta produtores rurais sobre o preenchimento
do CAR (Cadastro Ambiental Rural)
A
pouco mais de dois meses do
prazo limite para cadastro dos
proprietários rurais brasileiros
no CAR (Cadastro Ambiental Rural),
existem ainda muitas dúvidas sobre o
procedimento. O que são, de fato, as
APPs (Áreas de Proteção Permanente)?
Aquele brejo da fazenda é área de pre-
servação? Essas são, segundo a advoga-
da Samanta Pineda, assessora jurídica da
Frente Parlamentar da Agricultura, algu-
mas das questões mais frequentes que
dificultam a adesão rápida ao cadastro.
Samantafoiapalestrantedoworkshop
realizado na sede regional do IAC (Ins-
tituto Agronômico), em Ribeirão Preto-
-SP, no dia 6 de fevereiro, para responder
aos principais questionamentos sobre o
CAR. Durante quatro horas, ela apresen-
tou, a 112 inscritos, dificuldades como
reconhecimento de tipos de vegetação
e como eles devem ser informados no
ato do preenchimento, em que casos os
produtores rurais ficam isentos de repor
áreas desmatadas, entre outros. O evento
foi apoiado pela ABAG-RP (Associação
Brasileira do Agronegócio, regional de
Ribeirão Preto).
O CAR é uma ferramenta imprescin-
dível para a implantação do PRAPaulista
(Programa de Regularização Ambiental),
aprovado em dezembro do ano passado
na Assembleia Legislativa do Estado de
São Paulo e que passa, ainda, pela fase de
regulamentação. Por exigência do novo
Código Florestal, todos os Estados preci-
sam definir os seus PRAs. No caso de São
Paulo, o programa prevê aumentar, em 20
anos, a cobertura vegetal nativa de 17%
para 24%, com o acréscimo de 1,7 milhão
de árvores, além de estimular a formação
de corredores ecológicos e a manutenção
de outros recursos naturais, como nascen-
tes e mananciais.
Durante quatro horas, a advogada Samanta Pineda, assessora jurídica da
Frente Parlamentar da Agricultura, tirou dúvidas de 112 inscritos
Igor Savenhago
“As dúvidas ainda persistem e os
produtores não conseguem preencher
o CAR. Não porque não querem ade-
rir, mas porque essas questões práti-
cas que eles acabam encontrando nas
propriedades impedem de dar uma
declaração fiel. ‘Esta fazenda é minha
e a do lado é minha e do meu irmão.
É um CAR ou são dois?’ São ques-
tões que não estão regulamentadas na
legislação, mas que aparecem a todo
momento quando se vai preencher o
cadastro”, afirmou Samanta.
Ela disse, ainda, que a aprovação
do PRA animou os donos de proprie-
dades a regularizar suas situações, mas
a falta de regulamentação atrapalha.
“Falta um decreto que regulamente a
aplicação do Programa de Regulariza-
ção Ambiental. Então, esse evento vai
tirar dúvidas de como proceder. A im-
portância é que os produtores acabam
saindo daqui sabendo o que fazer e com
uma certa articulação política para que
possam regularizar, efetivamente, suas
áreas de preservação permanente e re-
serva legal”. A mobilização, na visão
dela, é importante para evitar que in-
fluências de ONGs “sem compromisso
com a produção sustentável” ofereçam
o risco de provocar uma redução dos
“direitos que já foram duramente con-
quistados até aqui”.
O prazo final para preenchimento do
CAR é o dia 6 de maio. Até 5 de fe-
vereiro, segundo o Ministério do Meio
Ambiente, responsável pelo acompa-
nhamento do cadastro, 551 mil inser-
ções já haviam sido feitas, correspon-
dentes a um total de 132 milhões de
hectares, 40% do que deve ser cadastra-
do. A região mais avançada era a Norte,
com 62% da meta, seguida pela Centro-
Mais de 100 interessados participaram do evento, realizado na sede do IAC, em Ribeirão Preto-SP
Samanta Pineda, assessora jurídica da
Frente Parlamentar da Agricultura
Fotos: Breno Araújo
Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015
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-Oeste, com 41%, e pela Sudeste, com
18,5%. A região Nordeste atingia um
índice de 9,2% e a Sul, 4,7%. “Como
estamos regulamentando uma lei esta-
dual, que é o Programa de Regulariza-
ção Ambiental, acredito que esse seja
o momento apropriado para dirimir as
dúvidas”, declarou o diretor executivo
da ABAG-RP, Marcos Matos.
Orientações
Para fazer o cadastramento, o produ-
tor deve acessar um endereço eletrônico
(http://www.car.gov.br/#/), baixar um
módulo de cadastro, preenchê-lo e enviá-
-lo com as informações da localidade e
delimitação da área, acompanhadas de
imagens de satélite. Por causa das dúvidas,
Marcos Matos, diretor executivo da
ABAG Ribeirão Preto
Vinícius Antonio, produtor de cana e
consultor agrícola
muitos estão procurando serviços especia-
lizados, em sindicatos rurais, empresas de
consultorias e associações, como a Cana-
oeste, que, no ano passado, por conta das
dificuldades enfrentadas por seus associa-
dos na confecção do cadastro, montou a
Estação CAR, uma equipe multidiscipli-
nar composta de agrônomos, desenhistas,
topógrafos e especialistas no assunto.
Vinícius Antonio é dono de uma
empresa de consultoria, em Igarapava-
-SP, e produtor de cana. Ele afirma que,
independente da regulamentação do
PRA, a recomendação é que o produtor
cumpra o prazo estipulado para o CAR.
“Orientamos dessa forma. E depois va-
mos sanando as dúvidas na questão da
legislação. Eventos como esse nos aju-
dam a ajudar o agricultor”.
Para Antonio, as medidas que estão
sendo adotadas são benéficas, tanto à
agricultura como ao meio ambiente.
“Sinto que o produtor era tratado como
criminoso e, na verdade, não é desse
jeito. Somos preservacionistas, que-
remos conservar. Temos cuidado com
a água, com as matas, porque não tem
como produzir sem um equilíbrio am-
biental. E o CAR veio organizar um
pouco essas questões”.
O técnico agrícola Valdecir Aparecido
Vasconcelos, do Sindicato Rural de Ibi-
tinga-SP e Tabatinga-SP concorda, mas
conta que a procura está além do espera-
do. Com 900 associados e mais de duas
mil propriedades cadastradas, o sindicato
só está conseguindo agendar os próximos
interessados a partir do dia 10 de maio,
quatro dias depois do prazo limite.
Para tentar evitar o atraso, mais um
funcionário seria contratado. “Alguns
produtores ficam bravos comigo. ‘Como
assim, marcar para depois do prazo?’
Mas não está vencendo”. Por isso, ele
espera uma prorrogação. “Estamos espe-
rançosos que esse prazo seja estendido
pelo menos para mais um ano, para que
consigamos, até maio de 2016, atender
a todos os nossos associados e também
aos produtores do Estado”.RC
Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015
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Destaque III
Setor sucroenergético recebe mais
benefícios em SP
O
governador de São Paulo, Ge-
raldo Alckmin, assinou decreto,
no início de fevereiro, alterando
o regulamento do ICMS (Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços)
para simplificar, racionalizar e atualizar
as normas tributárias do setor sucroener-
gético, desburocratizando as obrigações
tributárias sem perder arrecadação, nem
o controle sobre as atividades desenvol-
vidas. Com o ato, municípios com usi-
nas ou atividades que norteiam a cadeia
do setor devem se sentir mais aliviados.
Além disso, benefícios diretos deverão
respingar nas usinas.
São Paulo já possui o menor ICMS
do Brasil para o etanol hidratado. En-
quanto a média das demais unidades
da federação fica em 22%, no Estado
a arrecadação junto ao segmento é de
12%. A nova medida estende o diferi-
mento do ICMS - antes previsto ape-
nas para a cana-de-açúcar - a todas as
demais matérias-primas, como milho,
sorgo sacarino, eucalipto, palha, cavaco
e outros resíduos da colheita, além dos
subprodutos resultantes do processo de
industrialização para produção de açú-
car, etanol e geração de energia limpa a
partir de biomassa, como o melaço e o
bagaço de cana.
Medida reduz custos de produtores de açúcar, etanol e energia e restaura o método de cálculo
do valor adicionado dos municípios que possuem usinas
Andréia Vital
Ao assinar o decreto, Alckmin afir-
mou que o incentivo pode aumentar
muito a produção de eletricidade no
Estado de São Paulo através da bio-
eletricidade. “Essa medida facilita e
racionaliza a questão tributária e faz
o diferimento de ICMS para insumos,
não só para o bagaço e a palha da cana.
A meta é aumentar muito a produção
de eletricidade do Estado de São Pau-
lo”, explicou.
O decreto assinado pelo governador
Alckmin promove também a simpli-
ficação dos procedimentos tributários
das empresas do setor, dispensando de
emissão de documento fiscal em cada
operação de fornecimento de combus-
tível, lubrificante ou insumo agrícola
para fornecedores, transportadores de
matéria-prima ou consumo próprio. As
operações poderão ser reunidas em um
único documento fiscal, lançado no úl-
timo dia de cada mês. Este benefício
também é extensivo ao estabelecimento
centralizador de compras de insumos
das empresas agrícolas do setor. O apri-
moramento da nova legislação contou
com a colaboração da UNICA (União da
Indústria de Cana-de-Açúcar), Copersu-
car, São Martinho, Raízen, Bunge, Bio-
sev, Noble, Odebrecht, Guarani e Zilor.
De acordo com o Governo Estadual,
a mudança no regulamento do ICMS
restaura o método de cálculo do valor
adicionado da produção de açúcar e
álcool de usinas credenciadas pela Se-
cretaria da Fazenda instaladas em mu-
nicípios que integram a cadeia do setor
sucroalcooleiro, com impactos positi-
vos no indicador que determina a dis-
tribuição dos repasses do ICMS para as
prefeituras.
Insumos, como amido de milho, gli-
cose, xarope de glicose, amido modifi-
cado e dextrina de milho e colas fabri-
cadas a base de amido, utilizados pela
Governador de São Paulo se reuniu com lideranças do agronegócio na ocasião
Geraldo Alckmin, Maurício Gasparini, Manoel Ortolan e
o deputado Welson Gasparini na cerimônia de assinatura do ato
Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015
41
Especialistas opinam sobre incentivos
Arnaldo Jardim e Cláudia Tonielo
parabenizam Alckmin pela iniciativa
indústria alimentícia também foram
desonerados. A medida altera a base
de cálculo do ICMS passando dos 18%
para 7% a carga tributária que incide
nas saídas de amido de milho e deriva-
dos realizadas pelos fabricantes ou seus
centros de distribuição. O decreto au-
toriza também o diferimento do ICMS
das remessas de produtos do fabricante
para seus centros de distribuição, me-
diante regime especial, sendo assim, o
recolhimento do imposto devido passa
a ocorrer somente no momento da saída
das mercadorias.
As desonerações e simplificações
propostas pelo Governo de São Paulo,
além de trazerem mais competitividade
ao setor, sinalizam com a determinação
do Governo de tornar a matriz energé-
tica paulista ainda mais limpa e reno-
vável, dentro da meta de atingir 69%
de participação de energias limpas na
matriz até 2020, o que só será possível
com o fortalecimento do setor da bioe-
nergia, que fornece etanol e bioeletrici-
dade ao Estado que mais consome ener-
gia na federação, afirma o presidente de
honra da UDOP (União dos Produtores
de Bioenergia), Antonio Cesar Salibe.
“Acredito que as ações anunciadas
pelo governador Geraldo Alckmin de-
vem ampliar ainda mais os benefícios e
simplificar as operações do setor sucro-
energético, trazendo ainda mais com-
petitividade ao segmento, além de ser-
virem como parâmetro para que mais
Estados sigam o exemplo paulista”, dis-
se ele desabafando. “Quiçá o Governo
Federal pudesse seguir o exemplo pau-
lista e incentivar a geração de bioeletri-
cidade no momento em que o País vive
uma de suas piores crises energéticas
da história”. Para ele, o incentivo dado
deve impulsionar ainda mais a produ-
ção de bioeletricidade, permitindo que
muitos investimentos que estavam pa-
rados possam sair do papel e fazer com
que a energia adormecida nos canaviais
alivie o estresse energético vivido hoje
no Estado e em todo o País.
Segundo o secretário de Agricultura
e Abastecimento do Estado de São Pau-
lo, Arnaldo Jardim, o auxílio vem em
boa hora. “Do ponto de vista prático,
a medida possibilita e agiliza o uso de
diferimentos, amplia o conceito de co-
geração de energia e permite que, além
do uso do bagaço da cana para gerar
eletricidade, outros materiais podem
ser usados para produzir energia. Isso
pode aumentar significativamente a
participação da bioletricidade na matriz
energética paulista”, afirmou.
A iniciativa também foi aprovada
pelo presidente da Copercana, Antonio
Eduardo Tonielo. “Eu acho que toda
medida que está sendo tomada é impor-
tante, principalmente quando se reduz a
burocracia. Inclusive, esse fato do Go-
verno começar a explorar a compra de
energia para o Estado é louvável, pois
encurta o caminho entre o produtor e o
Estado. Além de ser boa para o setor,
vai estimular a produção de energia”,
afirmou.
Para Marcos Fava Neves, prof. titu-
lar da FEA/USP, toda redução de tribu-
tos é importante para que o setor volte
a oferecer as condições para retomada
dos investimentos e do crescimento.
“Portanto, é louvável, ajuda, mas está
longe de ser o que precisamos para a
volta dos investimentos, que é uma po-
lítica pública de longo prazo que defina
o papel do etanol e da cogeração, entre
outros, na matriz energética do Brasil
em 2025”, alertou ele.
Opinião compartilhada com o pre-
sidente da Canaoeste (Associação dos
Plantadores de Cana do Oeste do Esta-
do de São Paulo) e Orplana (Organiza-
ção de Plantadores de Cana da Região
Centro-Sul do Brasil), Manoel Ortolan.
Presente na cerimônia de assinatura do
ato, o executivo reforçou que embora
as medidas do governador Alckmin não
impactem diretamente o fornecedor,
trazem melhorias para agroindústria ca-
navieira e, consequentemente, acabam
indiretamente beneficiando os produ-
tores de cana-de açúcar. “Eu acho que
no âmbito geral ajudam no sentido que
contribuem com alguns produtos, como
no caso do milho. Inclusive a questão da
regulamentação, equalização do ICMS,
ajudará o setor como um todo”, lembrou.
Já para Jair Pires, diretor executivo
da MBF Agribusiness, não há bene-
fício econômico/financeiro, apenas a
melhoria do controle da arrecadação e
redução da burocracia. “Insistimos no
sentido do setor criar suas próprias dis-
tribuidoras de combustíveis e, aí sim,
reduzir seus custos com logística, sem
que ocorra queda no recolhimento dos
impostos”, concluiu.
Antonio Eduardo Tonielo aparece ao lado do deputado estadual Welson
Gasparini, do vereador de Ribeirão Preto Maurício Gasparini e do governador
Geraldo Alckmin no Salão de Despachos do Palácio dos Bandeirantes
Foto:AssessoriadeImprensadoDeputadoGasparini
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Setor sucroenergético e logística em SP

  • 1. Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015 1
  • 2. Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015 2
  • 3. Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015 3 Editorial A falta de políticas públicas culminou com grandes dificuldades ao setor sucroe- nergético brasileiro, que vem enfrentando há anos uma crise sem precedentes. Situação que se agravou ano passado, com a seca. Fato é que a produtividade dos canaviais paulistas foi comprometida, gerando incertezas quanto à moagem da próxima safra, que se inicia em abril. É o que você, leitor, vai ver na matéria de capa da edição deste mês. A revista de fevereiro mostra também que a nova companhia criada a partir da fusão das empresas Rumo Logística, do Grupo Cosan, e a ALL (América Latina Logística), aprovada pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), este mês, resulta na formação de uma empresa gigante de logística - ferroviária e portuária - envolvendo investimentos de mais de R$ 8 bilhões até 2020. Além disso, tem matéria sobre o CAR (Cadastro Ambiental Rural) e sobre os novos benefícios oferecidos ao setor canavieiro pelo Governo Estadual de São Paulo como tam- bém sobre os preparativos para a Fenasucro 2015. Entrevistas com Antônio Duarte No- gueira Júnior, secretário estadual de Transporte e Logística do Estado de São Paulo, e com o deputado estadual Davi Zaia (PPS-SP) podem ser lidas na edição 104. Além da Coluna Caipirinha, assinada pelo prof. dr. Marcos Fava Neves, opinam no “Ponto de Vista” o prof. dr. Paulo Cesar Sentelhas e Bruno Wanderley de Freitas. Já a gestora técnica da Canaoeste, Alessandra Durigan, a agrônoma Daniela Santa Rosa e o superintendente da Canaoeste, Luiz Carlos Tasso Júnior, assinam artigo técnico que mos- tra a comparação de cultivares de cana-de-açúcar. As notícias do Sistema Copercana, entre elas a inauguração da loja de ferragem e ma- gazine em Guaíra e a realização de treinamento para operadores de recolhedora de amen- doim, além de notícias da Canaoeste e Sicoob Cocred, assuntos legais, informações se- toriais, classificados e dicas de leitura e de português também podem ser conferidas na revista de fevereiro. Cadê a Cana? Boa leitura! Conselho Editorial RC Expediente: Conselho Editorial: Antonio Eduardo Tonielo Augusto César Strini Paixão Clóvis Aparecido Vanzella Manoel Carlos de Azevedo Ortolan Manoel Sérgio Sicchieri Oscar Bisson Editora: Carla Rossini - MTb 39.788 Projeto gráfico e Diagramação: Rafael H. Mermejo Equipe de redação e fotos: Andréia Vital, Fernanda Clariano, Igor Saven- hago e Rafael H. Mermejo Comercial e Publicidade: Marília F. Palaveri (16) 3946-3300 - Ramal: 2208 atendimento@revistacanavieiros.com.br Impressão: São Francisco Gráfica e Editora Revisão: Lueli Vedovato Tiragem DESTA EDIçÃO: 21.500 exemplares ISSN: 1982-1530 A Revista Canavieiros é distribuída gratuitamente aos cooperados, associados e fornecedores do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred. As matérias assinadas e informes publicitários são de responsabilidade de seus autores. A reprodução parcial desta revista é autorizada, desde que citada a fonte. Endereço da Redação: A/C Revista Canavieiros Rua Augusto Zanini, 1591 Sertãozinho – SP - CEP:- 14.170-550 Fone: (16) 3946.3300 - (ramal 2008) redacao@revistacanavieiros.com.br www.revistacanavieiros.com.br www.twitter.com/canavieiros www.facebook.com/RevistaCanavieiros
  • 4. Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015 4 10 - Ponto de Vista Prof. Dr. Paulo Cesar Sentelhas Engenheiro Agrônomo, Mestre em Agrometeorologia, Doutor em Irrigação e Drenagem e Professor de Agrometeorologia da ESALQ/USP. Ano IX - Edição 104 - Fevereiro de 2015 - Circulação: Mensal Índice: E mais: Capa - 30 Cadê a Cana? Seca de 2014 e do início deste ano compromete produtividade dos canaviais paulistas, dificulta ob- tenção de mudas e gera incertezas quanto à moagem da próxima safra 18 - Notícias Copercana - Copercana inaugura loja de Ferragem e Magazine em Guaíra - Copercana realiza o 2º treinamento para operadores de recolhedora de amendoim 28 - Notícias Sicoob Cocred - Balancete Mensal Entrevista II Davi Zaia .....................página 08 Pontos de Vista Bruno Wanderley de Freitas .....................página 12 Nelio Carvalho e Rodrigo Ortega .....................página 14 Coluna Caipirinha .....................página 16 Assuntos Legais .....................página 34 Destaques: SEBRAE subsidia 50% da participa- ção de empresas na Fenasucro .....................página 36 Evento orienta produtores rurais sobre o preenchimento do CAR .....................página 38 Setor sucroenergético recebe mais benefícios em SP .....................página 40 Informações Setoriais .....................página 48 Artigo Técnico .....................página 50 Classificados .....................página 54 Cultura .....................página 57 Agende-se .....................página 58 Foto:RafaelMermejo 44 - Destaque - Olha o trem: negociação promete uma revolução na logística do agronegócio nacional 05 - Entrevista Antônio Duarte Nogueira Júnior Secretário de Transportes do Estado de São Paulo “O terminal de cargas vai aumentar a movimentação de aerona- ves e trazer novas oportunidades de negócios” - Parceira da Canaoeste, Lancers inaugura unidade em Sertãozinho-SP para gestão de benefícios de saúde - Canaoeste recebe visita de fitopatologista da SRA, principal centro de pesquisa de cana-de-açúcar australiano - Canaoeste realiza assembleia geral para prestação de contas 24 - Notícias Canaoeste
  • 5. Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015 5 Revista Canavieiros: O setor su- croenergético tem buscado alternati- vas para minimizar os custos de logís- tica e, consequentemente, aumentar a competividade, como investimento em outros modais. Um exemplo é o ferro- viário, que integra planos de grupos como São Martinho e Cosan, o que po- derá impactar de forma significativa a cadeia canavieira. Como a Secretaria de Transportes e Logística enxerga e pode contribuir com essa investida? Nogueira: O transporte ferroviário de cargas é de responsabilidade do Go- verno Federal. Porém, existe um pro- jeto importante para o setor no Estado de São Paulo, que é a implantação do Ferroanel, que tangenciará a Região Metropolitana de São Paulo e irá inter- ligar as regiões de Campinas, Baixada Santista e Vale do Paraíba. O tramo Norte ligará as estações de Perus, em São Paulo, à estação Engenheiro Evan- gelista de Souza, em Parelheiros. O ob- jetivo do empreendimento é segregar o tráfego ferroviário de cargas do de passageiros, proporcionar melhorias no transporte coletivo de passageiros sobre trilhos – CPTM –, administrado pela Secretaria de Transportes Metro- politano, e na qualidade de vida da po- Antônio Duarte Nogueira Júnior “O terminal de cargas vai aumentar a movimentação de aeronaves e trazer novas oportunidades de negócios” Sétimo candidato a deputado federal mais votado por São Paulo, com 254.051 votos, Antônio Duarte Nogueira Júnior (PSDB) se licenciou do cargo para assumir, no último dia 7 de janeiro, a Secretaria de Transportes e Logística do Estado de São Paulo. Presidente do PSDB paulista e creden- ciado como uma das principais lideranças do partido no país, ele, que nasceu em Ribeirão Preto, é formado em Agronomia e já ocupou outras duas secretarias em governos tucanos – Habitação, na gestão de Mário Covas, e Agricultura, já com Alckmin –, tem, entre seus principais desafios, reduzir o impacto dos custos de logística sobre vários setores da economia paulista, como o agronegócio. Para a região de Ribeirão Preto-SP, a maior produtora de cana-de-açúcar, açúcar e etanol do pla- neta, que enfrenta, em Sertãozinho-SP, uma crise sem precedentes na indústria de base atrelada ao setor, Nogueira destaca os investimentos em rodovias e na implantação do terminal internacio- nal de cargas no aeroporto Leite Lopes. Confira os principais trechos da entrevista, feita via e-mail. Igor Savenhago Foto:AgênciaCâmara/BetoOliveira Entrevista I
  • 6. Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015 6 Entrevista I pulação. O Governo Federal demons- trou interesse em contratar a DERSA, empresa de capital misto, vinculada à Secretaria Estadual de Logística e Transportes, para elaborar o projeto do tramo Norte. O Governo do Estado aguarda a manifestação da União para dar prosseguimento ao projeto. Revista Canavieiros: Algum pro- jeto ou obra específica para a região de Ribeirão Preto, que beneficie o agronegócio como um todo e, de for- ma mais específica o setor da cana, do qual a região é maior produtora mun- dial, para reduzir os impactos da crise que assola essa cadeia? Nogueira: O Governo do Estado, por meio do DER – Departamento de Estradas de Rodagem –, está investin- do em obras viárias importantes para a região. Nas rodovias da região de Ribeirão Preto, entre 2011 e 2014, fo- ram investidos R$ 659 milhões em 28 obras. Outros R$ 96,5 milhões foram destinados à realização de melhorias em 47 vicinais. Atualmente, estão em andamento pelo DER obras de dupli- cação, recapeamento de pistas, pavi- mentação na Rodovia Abrão Assed [SP-333], duplicação e melhorias de trechos da Rodovia Cândido Portinari [SP-334], duplicação, melhorias e re- capeamento de pistas na Rodovia Pre- feito Fabio Talarico [SP-345] e cons- trução de ponte sobre o Rio Pardo na Rodovia Dona Genoveva Lima de Car- valho Dias [SP-373]. Outra obra vital para a região de Ribeirão Preto foi a remodelação do Trevo Waldo Adal- berto da Silveira, o maior em extensão do País, com investimento de R$ 120 milhões. O trevo faz a interligação da Rodovia Anhanguera com a Avenida Presidente Castelo Branco, sentido Ribeirão Preto, e Rodovia Antônio Machado Sant’Anna [SP-255], sentido Araraquara; da Avenida Castelo Bran- co com a Rodovia Abrão Assed; e das rodovias Prefeito Antonio Duarte No- gueira [SP-322] e Antônio Machado Sant’Anna com a Anhanguera. Tem 11, 8 mil metros de extensão, oito viadu- tos, 20 alças de acesso e retorno, além de passarela de pedestres, que permite também a travessia de ciclistas. Um empreendimento que beneficia mais de 1,5 milhão de moradores de Ribei- rão Preto e cidades vizinhas, além de usuários das rodovias que passam pela região. O Estado também tem investi- do no setor aéreo. No aeroporto Leite Lopes, em Ribeirão Preto, administra- do pelo Departamento Aeroviário do Estado, o Daesp, está em andamento a implantação do terminal internacional de cargas sob responsabilidade da em- presa privada TEAD. Será o primei- ro da rede administrada pelo Daesp a concorrer com o segmento interna- cional de cargas aéreas, hoje operado somente pela INFRAERO. Trata-se do principal aeroporto do Daesp e de maior movimentação. O terminal de cargas vai aumentar a movimentação das atividades de aeronaves cargueiras e, com isso, trará novas oportunidades de negócios à cidade e região. Além disso, está previsto um pacote de obras estimado em R$ 443 milhões, que serão executadas pelos Governos Estadual e Federal e Prefeitura de Ribeirão Preto para ampliação do terminal de passa- geiros, construção do novo pátio de ae- ronaves, deslocamento da pista em 500 metros, implantação da passagem infe- rior na Avenida Tomaz Alberto Whately e adequação do sistema viário do entor- no do aeroporto. Os projetos das obras foram elaborados pelo DAESP em ju- lho de 2013 e aprovados pela Secretaria de Aviação Civil, do Governo Federal, em novembro de 2014. Canavieiros: Em relação à expor- tação de produtos do agronegócio, o Porto de Santos é o principal do País. E o local enfrenta uma série de pro- blemas, como necessidade de draga- gem e dificuldades de acesso. Como o Governo do Estado pode interferir para melhorar essas questões? Nogueira: O Porto de Santos é de responsabilidade do Governo Federal. Mas o Estado realizou obras viárias importantes para melhorar o acesso ao porto e o fluxo de veículos na região da Baixada Santista, no Sistema Anchie- ta/Imigrantes. Em outubro de 2014, foi entregue o novo Anel Viário de Cubatão e a terceira faixa da Rodovia Cônego Domênico Rangoni [SP-55], com investimento total de R$ 392,6 milhões. A terceira faixa tem 16 quilô- metros de extensão, sendo oito quilô- metros por sentido, e amplia em 50% a capacidade de tráfego neste segmento. Também foi implantada, no km 7 da rodovia, uma faixa de desaceleração. A via permite uma nova ligação com a Avenida Santos Dumont e acesso à margem esquerda do Porto de Santos. A estimativa é que cerca de 4.700 ca- minhões passem a usar o novo acesso como alternativa à Rua do Adubo, no Guarujá. O novo acesso ao tráfego permitirá maior fluidez do trânsito e menos congestionamentos. Já o Anel Viário de Cubatão interliga as rodovias Anchieta [SP-150], Cônego Domênico Rangoni, Imigrantes [SP-160] e Padre Manoel da Nóbrega [SP-55]. Formado por seis viadutos e com extensão de 2,8 quilômetros, o Anel Viário Engenheiro Luiz Antonio Veiga Mesquita permite que os movimentos entre acessos e re- tornos ocorram de forma ordenada. A obra inclui, ainda, uma faixa operacio- nal entre o km 271,4 e o 273,7. Agência Câmara RC
  • 7. Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015 7
  • 8. Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015 8 Revista Canavieiros: O que pensa sobre a atual situação do setor sucroenergético? Davi Zaia: É um desafio importante, que nos preocupa muito. Mas acredito que a mobilização do setor e o apoio po- lítico que tem se concentrado em torno disso nos últimos anos podem buscar novas soluções. O País vai viver ainda um pe- ríodo muito difícil agora em 2015, mas queremos continuar firmes para que o setor possa recuperar o seu espaço, a sua con- dição de ter um bom desenvolvimento. É para isso que vamos trabalhar firmemente na Assembleia Legislativa de São Paulo nesse próximo mandato. O Governo Federal, infelizmente, tem sido muito lento em tomar medidas para resolver essas ques- tões. Acredito, então, que vamos ter que continuar com a nos- sa mobilização, para que possamos encontrar alternativas que ajudem o setor sucroenergético a retomar sua competitividade. Canavieiros: Diante desse quadro, temos agora o depu- tado federal Arnaldo Jardim na Secretaria de Agricultura de Abastecimento de São Paulo. De que forma isso pode ser um facilitador no diálogo com o Governo Federal? Zaia: O Arnaldo é uma pessoa de extrema capacidade, tem uma longa experiência nas articulações políticas, e agora, como secretário da Agricultura do Estado de São Paulo, vai ter um papel ainda mais preponderante e, com certeza, muito mais força, tendo o apoio do governador Geraldo Alckmin para conduzir as políticas agrícolas e a relação com o Gover- no Federal, no sentido de que possamos encontrar melhores soluções. Então, acho que a indicação do Arnaldo para essa importante secretaria é um momento de comemorar, pela ex- periência, pelas relações e pelo conhecimento que tem. Isso, sem sombra de dúvidas, é um alento para todos nós que temos lutado em defesa do setor sucroenergético. Entrevista II Davi Zaia “Precisamos mobilizar as forças políticas para buscar as melhores alternativas nas decisões do Governo Federal” Igor Savenhago O deputado estadual Davi Zaia (PPS-SP) reconhece que 2015 será um ano de muitos desafios. Um cenário preocupante para a economia brasileira e que continuará afetando um setor que tem sofrido sucessivos baques com as estratégias usadas pelo Governo Federal para controle dos preços da gasolina, o que comprometeu o etanol. A cadeia produtiva sucroenergética amarga o fechamento de cerca de 80 usinas nos últimos anos e a extinção de milhares de empregos, como tem ocorrido nos polos industriais de base de Piracicaba-SP e Sertãozinho-SP. Para Zaia, não há alternativa a não ser continuar mobilizando quem depende do setor para cobrar medidas que permitam uma retomada dos investimentos. Segundo ele, esse processo será facilitado com a posse do deputado federal Arnaldo Jardim como secretário de Agricultura e Abas- tecimento de São Paulo. A seguir, os principais trechos da entrevista concedida à Revista Canaviei- ros durante a posse de Jardim, em janeiro Foto:Divulgação/AssembleiaLegislativa
  • 9. Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015 9 Entrevista II Canavieiros: Quais os principais desafios que o novo secretário irá en- contrar no agronegócio paulista? Zaia: Existem desafios importantes. Não só o da seca, que depende menos da atuação do secretário, já que temos que contar com a recuperação do meio ambiente, das chuvas. Por isso, acho que o Arnaldo vai ter participação im- portante, principalmente porque apro- vamos, recentemente, o Programa de Regularização Ambiental no Estado [PRA] e, agora, haverá todo um traba- lho de regulamentação disso, que, cla- ro, está a cargo da Secretaria de Meio Ambiente, mas o Arnaldo, aqui na Se- cretaria de Agricultura, vai poder nos ajudar muito também nesse sentido. Acho que foi importante o papel da Assembleia Legislativa, que discutiu, abriu, fez as audiências e concluiu em oito meses, que foi o prazo que tramitou o projeto do PRA, oferecendo seguran- ça jurídica a todos os produtores rurais. Outros programas importantes também podem ter uma dinamização maior, no financiamento à agricultura, na busca por melhores condições para que pos- samos manter o Estado e o agronegócio de São Paulo numa posição de ponta. Canavieiros: Para concluir, quais são suas perspectivas de trabalho para os próximos anos em prol do setor su- croenergético? Zaia: Vou continuar exercendo meu mandato na Assembleia com a certeza de poder acompanhar e estar sempre atuan- do em contato com o setor sucroenergéti- co. Acho que temos boas perspectivas pela frente. O que precisamos é mobilizar as forças políticas para buscar as melho- res alternativas nas decisões do Governo Federal. Temos o governador GeraldoAl- ckmin, que é uma pessoa atenta e conhece bem a realidade do nosso Estado. Então, vão se juntando diversos fatores que po- dem oferecer um caminho melhor.RC
  • 10. Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015 10 Ponto de Vista I Mais um ano com chuvas abaixo do normal em janeiro traz expectativa de perdas históricas nos canaviais da região Centro-Sul do Brasil *Prof. Dr. Paulo Cesar Sentelhas Prof. Dr. Paulo Cesar Sentelhas Como é de conhecimento geral, a agricultura é uma das atividades econô- micas mais dependentes das condições meteorológicas, sendo o clima e sua va- riabilidade os maiores fatores de risco para o agronegócio, tanto para os siste- mas de sequeiro como para os irrigados. Estima-se que cerca de 80% da variabili- dade da produtividade agrícola venha da variabilidade climática sazonal e intera- nual, enquanto que os demais 20% estão associados às questões econômicas, po- líticas, de infraestrutura e sociais. Enquanto que o termo clima descre- ve a média dos eventos meteorológicos de uma região, a variabilidade climáti- ca se refere às oscilações desses even- tos de um ano para outro (variabilidade interanual) ou de um local para outro (variabilidade espacial), fazendo com que a cada ano em cada local se tenham condições meteorológicas distintas, ou seja, variáveis. A Figura 1, para a série histórica de 1917 a 2014 para Piracica- ba, SP, ilustra a variabilidade interanu- al da chuva. A linha verde descreve a média (1276 mm), também conhecida como normal climatológica, enquanto que a linha vermelha indica o valor de 1000 mm, um referencial para indicar secas severas nessa região. Nota-se que já houve diversos anos em que as chuvas ficaram abaixo de 1000 mm, como nos anos de 1921, 1924, 1978 e 1984, os anos mais secos do período de registros, com menos de 900 mm anu- ais. Esses anos, assim como os demais, incluindo 2014, se caracterizam como anos de anomalia climática, que é quan- do a variável meteorológica foge muito dos padrões normais de variabilidade. Um dos fatores a influenciar a variabi- lidade climática no Brasil e no mundo é o fenômeno (ENOS) El Niño Oscilação Sul, o qual se apresenta sob três formas, sendo: fase quente, com o aquecimento do Oceano Pacífico equatorial além do Como a cultura da cana-de-açúcar responde de forma direta e indireta às condi- ções meteorológicas, ou seja, às variações de temperatura, radiação solar, chuva, umidade do ar, velocidade do vento e também à disponibilidade de água no solo, qualquer oscilação nessas variáveis meteorológicas irá repercutir no crescimento, desenvolvimento, produtividade e qualidade dos colmos. Assim, em anos conside- rados mais próximos do normal, ou seja, do que se espera em termos médios, os canaviais apresentam melhores desempenhos, porém, quando há variações bruscas nessas variáveis e isso persiste por vários dias ou meses, os impactos na cana serão visíveis, resultando em redução de sua produtividade e qualidade. Um exemplo clássico disso é o que vem acontecendo ao longo dos últimos anos, mais precisamente no Estado de São Paulo. A partir de 2009, passamos por uma normal (El Niño); fase fria, com o res- friamento do Oceano Pacífico equatorial além do normal (La Niña); e fase neutra, quando a temperatura da superfície do Oceano Pacífico equatorial se encon- tra próximo da normalidade (Neutro). Apesar de esse fenômeno ser recorrente, não há uma regra clara e definida para sua manifestação, assim como para seus impactos nas diferentes regiões do glo- bo. Em algumas regiões, esses padrões são mais bem definidos, como ocorre no Sul e no extremo Norte/Nordeste do Brasil. Por outro lado, em grande parte da região central do País, esse padrão é indefinido, sendo essa conhecida como “zona de transição” para as consequên- cias do fenômeno. Outro fator de forte influência no cli- ma na região Centro-Sul do Brasil é a formação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), a qual é respon- sável pela formação de intensa nebu- losidade e chuvas regulares. Quando a ZCAS se manifesta sobre uma região, as chuvas ocorrem em grande quantida- de, ao passo que a sua ausência é res- ponsável pela ocorrência de veranicos, ou seja, período de estiagem durante a estação chuvosa. Figura 1 – Variabilidade interanual da chuva anual em Piracicaba, SP. Fonte: Estação Meteorológica da ESALQ/USP.
  • 11. Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015 11 sequência de anos agrícolas totalmente distintos em relação ao que chamamos de normalidade. Em 2009-2010, ano de El Niño, o Estado foi atingido por chu- vas muito acima do normal entre julho e dezembro de 2009, trazendo uma sé- rie de complicações para as operações de preparo do solo, plantio e colheita dos canaviais. Por outro lado, tal con- dição livrou a cultura da cana dos pro- blemas relativos ao deficit hídrico. Já os anos de 2010-2011 e 2011-2012 foram marcados pelo evento La Niña, com secas mais pronunciadas e ocorrências de geadas, especialmente durante o in- verno de 2011. Entre 2012-2013, ano considerado neutro do ponto de vista do fenômeno El Niño, houve chuvas significativas durante o inverno, o que foi prejudicial para o processo de ma- turação dos canaviais, porém trazendo melhores condições de crescimento das plantas. Situação semelhante foi obser- vada em 2013-2014, mas com geadas moderadas no inverno de 2013, o que surpreendeu os produtores de um modo geral. Finalmente o período 2013-2014 iniciou-se como mais um ano de neu- tralidade, porém com uma situação ex- tremamente atípica durante o final de 2013 e início de 2014, quando tivemos em grande parte da região Sudeste o verão mais seco desde o início dos re- gistros meteorológicos. Em Piracicaba, mais especificamente, onde os registros se iniciaram em 1917, o total de chuvas do verão de 2013-2014 foi da ordem de 300 mm, enquanto que o normal de- veria ser de 800 mm. Tal quadro, sem precedentes neste histórico, foi agrava- do em razão das altas temperaturas que atingiram no início de fevereiro cerca de 38ºC, o valor mais alto desde o ve- rão de 1955. Isso fez com que o balanço hídrico ficasse muito deficiente, impac- tando substancialmente os canaviais, que praticamente não cresceram devido à baixa disponibilidade de água no solo. Sendo assim, a cultura da cana-de-açú- car, dada sua extensa área no Estado de SP, foi a que mais sofreu com o verani- co de 2013-2014, com perdas estimadas da ordem de 14%, mas oscilando entre regiões de 10% a mais de 30%. Esse quadro foi marcado principal- mente pela ausência do posicionamen- to da ZCAS sobre a região Centro-Sul do Brasil, trazendo um quadro desola- dor para a cultura da cana, assim como para todas as demais culturas de se- queiro nessa região do País. O impacto do intenso veranico de 2013-2014 se projetou para os meses seguintes, com o início da estação seca, quando normalmente há a diminuição das chuvas, e ainda para o início da estação chuvosa de 2014-2015, que se iniciaram e se mantiveram com chuvas irregulares. Mais uma vez, a ausência da ZCAS afastou as chuvas da região Cen- tro-Sul do Brasil, fazendo com que o to- tal de janeiro de 2015 ficasse novamente bem abaixo no normal. Em Piracicaba e região, as chuvas acumularam no mês cerca de 100 mm, quando a média é de 230 mm.Além das poucas chuvas, janei- ro de 2015 voltou a ser de muito calor, atingindo temperaturas recordes, o que agravou ainda mais as condições para os canaviais, elevando o deficit hídrico e assim as perdas de produtividade. As perspectivas para os próximos meses são de que as chuvas voltem ao seu padrão normal, mas, isso não de- verá mudar muito o quadro das que- bras de produtividade esperadas para as canas de início e meio de safra. A contabilização das perdas até o mo- mento é de que as quebras de produ- tividade sejam maiores do que as do ano passado, com raras exceções para as regiões dos Estados de SP e MS, onde as chuvas ocorreram com maior intensidade e/ou regularidade. *Engenheiro Agrônomo, Mestre em Agrometeorologia, Doutor em Irriga- ção e Drenagem e Professor de Agro- meteorologia da ESALQ/USP. RC
  • 12. Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015 12 Ponto de Vista II Consumo de combustíveis do ciclo Otto bate recorde em 2014 *Bruno Wanderley de Freitas Bruno Wanderley de Freitas O consumo de combustíveis do Ciclo Otto no Brasil atingiu um recorde de 55,69 bilhões de litros, em gasolina equivalente, em 2014, crescimento de 8,7% sobre o ano anterior. O consumo de etanol hidrata- do foi o que mais contribuiu para este crescimento. Em 2014, foram consumi- dos 12,99 bilhões de litros de hidratado, aumento de 20,1% em relação a 2013, sendo, portanto, o maior volume consu- mido de hidratado desde 2010. O aumento do consumo veio em resposta à queda do preço do etanol em meio ao mix mais alcooleiro nesta safra. Em média, 56,94% da oferta de ATR (Açúcar Total Recuperável) fo- ram direcionadas à fabricação de eta- nol, maior mix de etanol desde a safra 2009/10. Até o final de janeiro, a produ- ção de etanol hidratado na região Cen- tro-Sul totalizou 15,15 bilhões de litros, aumento de 4,7% em um ano, apesar do recuo de 4,3% na moagem da cana. Cabe destacar que o ritmo de consu- mo mensal de etanol hidratado entre os meses de julho e dezembro só foi me- nor que o registrado em 2010. Somente em dezembro, o consumo de hidratado alcançou 1,380 bilhão de litros. Na média de janeiro a dezembro, o consumo de hidratado em 2014 foi de 1,083 bilhão de litros ao mês, contra 901,39 milhões/mês em 2013, 820,85 mi- lhões/mês em 2012, 908,27 milhões/mês em 2011 e 1,256 bilhão/mês em 2010. O aumento do consumo de hidratado também esteve atrelado à expansão da frota de veículos flex fuel. Conforme estimativa da DATAGRO, a frota de ve- ículos flex fuel alcançou 23,41 milhões de unidades ao final de 2014, aumento de 12,4% sobre o tamanho da frota ob- servada em mesma data de 2013 (20,83 milhões de unidades). Como resultado, os veículos flex fuel responderam por 68,9% da frota total de veículos de Ciclo Otto no Brasil. Já o nú- mero de carros movidos apenas a gaso- lina atingiu 10,62 milhões de unidades. Já o consumo de gasolina A (gasoli- na pura, sem mistura de anidro) atingiu 33,27 bilhões de litros em 2014, au- mento de apenas 5,0% em comparação ao ano anterior. A variação anual do consumo de etanol anidro, de 14,5%, foi proporcionalmente maior em rela- ção ao consumo de gasolina A em virtu- de do aumento da mistura de 20% para 25% a partir de 2013. Como resultado, foram consumidos 11,091 bilhões de litros de anidro em 2014, contra 9,686 bilhões de litros em 2013. Diante da maior expansão do con- sumo de etanol, sobretudo de hidrata- do, comparativamente ao da gasolina, a participação do etanol na matriz de consumo de combustíveis do ciclo Otto subiu para 36,2% em 2014. Em 2013, a participação era de 33,7%, enquanto em 2012, 31,8%. Ao contrário do desempenho cres- cente do mercado de combustíveis do ciclo Otto, o consumo de (GNV) Gás Natural Veicular no Brasil sofreu uma retração em 2014. O consumo mé- dio diário de GNV atingiu 4.961 10³ m³/dia, 3,2% a menos que em 2013 (5.125 10³ m³/dia). A retração do setor de GNV decorre do maior foco do Governo em atender ao mercado termoelétrico. Quase a to- talidade dos investimentos recentes esteve centrada em terminais ligados à infraestrutura para a geração de energia elétrica, preterindo, portanto, as distri- buidoras de combustíveis. O consumo de Gás Natural pelas termoelétricas su- biu 27,0% em um ano para 33.410 m³/ dia na média de 2014. *Economista sênior DATAGRO RC
  • 13. Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015 13
  • 14. Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015 14 Ponto de Vista II Importância da gestão de riscos e controles no contexto atual do setor sucroenergético 1- Nelio Carvalho* 2- Rodrigo Ortega* O setor sucroenergético nacional vem enfrentando diversas di- ficuldades financeiras, poten- cializadas principalmente pela perda de produtividade agrícola, agravada por problemas climáticos e pela baixa taxa de renovação dos canaviais, o que resulta em uma quebra esperada na produção de cana-de-açúcar em torno a 5% na safra de 2014/2015 (567 milhões de toneladas de cana), comparado com a safra 2013/2014 (597 milhões de toneladas), para a região Centro-Sul do País, segundo a Unica - União da Indústria de Cana-de-Açúcar. Além disso, a menor produtividade no campo incorre no aumento da ociosi- dade industrial, aumentando os custos de produção, os quais não conseguem ser repassados, pois é o mercado quem defi- ne os preços das commodities, o que, em última instância, vem contribuindo para o aumento de endividamento de grande parte das empresas do setor. Ainda que haja algumas perspecti- vas de melhoras para a safra 2015/2016, como o aumento da produção de cana em 2,5% na região Centro-Sul do País, previsto pela Datagro e outras me- didas governamentais como o aumento da mistura de etanol anidro na gasolina e o retorno da cobrança da CIDE (Contri- buição de Intervenção no Domínio Eco- nômico), esta recuperação ainda é insu- ficiente para reverter o quadro atual e, assim, iniciativas que busquem reduzir os custos das organizações, mitigar os riscos nos processos e aumentar a credi- bilidade da empresa perante o mercado e investidores podem reduzir prejuízos operacionais e, consequentemente, con- tribuir para um início de recuperação. Dentre essas iniciativas destaca-se o mapeamento de riscos e controles organi- zacionais, cujo reconhecimento vem cres- cendo no setor sucroenergético, principal- mente após a inserção de grandes grupos no mercado, provocando uma mudança de paradigma no setor e destacando a impor- tância de temas como governança corpora- tiva, gestão de riscos e controles internos. Um trabalho com este enfoque pode ser conduzido em áreas estratégicas da organi- zação, como em processos agrícolas, visto que seus custos representam mais de 60% dos custos totais para produção de açúcar e etanol e pela maior exposição a fraudes em virtude da dificuldade de se implantar controles e processos em áreas distantes da infraestrutura física de uma unidade indus- trial e administrativa. Atividades de supri- mentos também merecem atenção em tra- balhos de riscos e controles, haja vista que gastos com compras podem representar de 40 a 70% da receita em uma organização e, dessa forma, qualquer oportunidade de redução nesses custos ou de um melhor controle dos mesmos podem impactar consideravelmente nos resultados finan- ceiros (botton line results). Em um trabalho de mapeamento de riscos e controles, seguindo as etapas descritas na Figura 1, é recomendável que seja iniciado pela revisão dos pro- cessos, a partir dos quais são identifica- dos os riscos das operações e a eficácia de seus controles, gerando inúmeras oportunidades de aprimoramento das atividades, as quais devem ser registra- das e ter sua implantação monitorada pela alta direção organizacional. Nelio Carvalho Fonte: FSA Company Figura 1: Etapas de um trabalho de mapeamento de riscos e controles. Rodrigo Ortega Nossa experiência ainda demonstra que é imprescindível o conhecimento prévio do setor em projetos desta na- tureza, visto que determinados riscos, cuja elevada exposição pode incor- rer em prejuízos substanciais à ope- ração, são inerentes e específicos às atividades sucroenergéticas. Assim, é importante se atentar a questões cuja fragilidade nos controles é identificada com frequência em trabalhos no setor, como descritas em Quadro 1. Com isso, tais questões exempli- ficadas, bem como inúmeras outras relacionadas, devem ter seus riscos devidamente identificados e mitiga- dos com a implantação de melhorias, buscando a substituição de controles manuais por automatizados e, se ne- cessário, a alteração significativa dos processos organizacionais, sempre priorizando ações que não demandem investimentos e que assegurem a efi- cácia do controle. Dessa maneira, um trabalho de mapeamento de riscos e controles é importante que seja conduzido, mes- mo em um contexto de dificuldades financeiras, tendo em vista que tem o potencial de traçar caminhos para re- cuperação organizacional, favorecen- do também a adequação a modelos de governança corporativa pautados na transparência e confiabilidade prestada aos stakeholders, valorizando sua ima- gem ao mercado.
  • 15. Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015 15 Quadro 1: Questões de destaque em mapeamento de riscos em controles no setor sucroenergético. *1- Nelio Carvalho, graduado e mestrando em Engenharia de Produção pela UFSCar e consultor especialista da consultoria FSA Company. *2- Rodrigo Ortega, graduado em Engenharia de Produção Mecânica pela Escola de Engenharia Mauá e gerente da consultoria FSA Company. Fonte: FSA Company
  • 16. Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015 16 Como está o nosso agro? O Brasil vive um cenário de gran- des incertezas econômicas e políticas. A inflação de janeiro foi de 1,24% (a maior desde fevereiro de 2003), as ta- xas de juros também estão mais altas, o que aumenta o endividamento e tor- na mais difícil o acesso a crédito. As melhores previsões para o PIB preve- em um crescimento em 2015 de ape- nas 0,5% e ainda soma-se a isso uma enorme crise hídrica. No momento em que escrevo esta coluna, o dólar beira a R$ 3,00. Nessa realidade, o ano de 2015 não começou com um bom desempenho das exportações do agronegócio. No mês de janeiro, o setor foi responsável por US$ 5,64 bilhões em exportações. O valor é baixo quando comparado com US$ 5,87 bilhões no mesmo pe- ríodo de 2014 e ao desempenho em ja- neiro de 2013 (US$ 6,58 bilhões). Isso pode ser explicado em partes pela re- dução nos preços médios dos produtos exportados pelo País, como é o caso do açúcar, que sofreu redução dos preços no período. O setor sucroalcooleiro foi o segun- do maior responsável por esse número, exportando US$ 926 milhões. Desse montante, o açúcar foi responsável por 90,4% do exportado e, apesar das re- duções no preço, a quantidade exporta- da aumentou 9% em relação a janeiro de 2014, o que é uma boa notícia. O saldo da balança comercial do agronegócio foi, mais uma vez, positi- vo. No mês, as exportações superaram as importações em 4,4 bilhões de dóla- res enquanto que a balança comercial geral do Brasil novamente foi negati- va: US$ 3,17 bilhões. Como está nossa cana? Após um janeiro que judiou dos nossos canaviais com um calor inten- so e pouca chuva, fevereiro parece cuidar melhor da cana. Tem chovido bem mais, e a cana deve aproveitar. As estimativas continuam prevendo uma safra de 15/16 relativamente igual a 14/15. Vem cana, que estamos preci- sando. Chove chuva, chove sem parar! Como está nosso açúcar? Segundo a Archer, as vendas futu- ras de açúcar (27,3% do total a ser ex- portado) estão menores do que o que ocorreu no ano passado no período (40,88%), mesmo com os preços mé- dios do travamento estando equivalen- tes (17,34 cents). Essa situação é refle- xo do comportamento das tradings que estão mais cautelosas com relação ao setor, mesmo com a taxa do dólar ten- do auxiliado no preço do açúcar e da expectativa de melhora de preços, que vai depender muito da safra brasileira e da alocação de cana para etanol, em que todos ganhariam. A OIA (Organização Internacional Agropecuária) também apresentou, no início de fevereiro, relatório em que aponta para provável estabilidade em seus números e em cotações. Os últimos números indicam para produção mun- dial de 182,9 milhões de toneladas, e consumo de 182,4 mi ton, com algo pró- ximo a 500 mil toneladas de superavit. A Rússia soltou estimativa de im- portação ao redor de 550 mil tonela- das, um pouco acima do ciclo anterior. Com a crise que vem passando a Rús- sia, é uma boa notícia. Como está nosso etanol? Com o retorno da CIDE (Contribui- ção de Intervenção no Domínio Públi- co) e do PIS-Cofins (R$ 0,22 por litro de gasolina), o etanol hidratado tam- bém sofreu aumento em 25 estados bra- sileiros. Em alguns estados inclusive, o aumento médio no preço do litro foi de R$ 0,10 para o etanol e R$ 0,17 para a gasolina. Por isso algumas regiões ain- da passarão por aumentos em fevereiro. Foi finalmente aprovada a mistura para 27%. Mais cana que se consome na forma de “gasolina” contribuindo com o desenvolvimento econômico, social e ambiental do Brasil. Agora em março entra em vigor em Minas Gerais a redução do ICMS (Imposto Sobre Circulação de Merca- dorias) sobre o etanol hidratado de 19 para 14 por cento, o que pode dar um vigor para a produção do estado que pela falta de chuvas teve a moagem encerrada mais cedo na safra. No Brasil hoje temos uma frota de 34 milhões de veículos e 22 milhões desses são carros com tecnologia flex. Estudo recente do IAG/USP (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas) revelou que a concen- tração de um poluente emitido por ve- ículos utilizando etanol na atmosfera se reduziu nos últimos 30 anos devido principalmente aos avanços na tecnolo- gia dos motores e na utilização de cata- lisadores nos escapamentos. Mais uma evidência de que o etanol é uma ótima opção para o meio ambiente. Mesmo com a queda de aproximada- mente 30 milhões de toneladas da safra de cana no ano em relação ao esperado, o setor ainda conseguiu bater o recorde de 26 bilhões de litros de etanol produ- zidos nessa safra de acordo com a in- Coluna Caipirinha Marcos Fava Neves Caipirinha As dificuldades de se prever algo em 2015
  • 17. Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015 17 dústria. Isso aconteceu porque, apesar de a quantidade de cana para moagem ter se reduzido com relação à safra pas- sada, a baixa no preço do açúcar mes- mo na entressafra fez com que as usi- nas optassem pela produção de álcool até que os estoques mundiais de açúcar se reduzam. Outro fator que tem contri- buído é que os dados da ANP (Agência Nacional de Petróleo) mostram que o aumento no consumo de etanol suplan- tou a produção no último ano. A boa notícia é que a ANP fechou os números de 2014. Mesmo com a derrapagem da nossa economia, o con- sumo de combustíveis cresceu 5,28% no país, para quase 145 bilhões de litros. Comparado com 2013, o con- sumo de etanol cresceu 12,33% em 2014, totalizando 24,08 bi de litros. O etanol contribuiu fortemente para que a redução nas importações de gasolina atingiu quase 28%, mesmo assim tota- lizando quase 2 bilhões de litros, que podem tranquilamente serem substitu- ídos pelo etanol. Quem é o homenageado do mês? Acoluna Caipirinha todo mês homenageia uma pessoa. Neste mês a homenagem vai para o Fa- bio Venturelli, da São Martinho. A empresa apresentou lucro em momento difícil do setor graças à boa gestão e boa estratégia de comercialização, segurando pro- dutos e se aproveitando dos bons momentos. Ao Fabio, extensivo a todo o time da São Martinho. Haja Limão: O ministro de Minas e Energia em entrevista ao Canal Livre disse que o uso de termelétricas garan- te o fornecimento de energia sem a ne- cessidade de racionamento. Isso com tanto potencial do setor na geração de energia limpa! Resta esperar que com o possível apagão e a falta de água fi- nalmente decole neste ano a cogeração pela cana, não por planejamento es- tratégico de nosso Governo, mas por necessidade. Se é que este Governo vai ficar por aí... E sobre a Petrobras??? Aqui falamos dela desde o início desta coluna, antes ainda da crise. A gestão da Petrobras conseguiu produzir o maior limoeiro do mundo. Deus amado, que quadrilha. Que destruição do patrimônio de nossos filhos e netos. Indignação é pouco. Aliás, parabéns ao setor e a Sertão- zinho. A marcha em defesa do setor foi um show!!! Estive lá, na condição de “ativista”... Marcos Fava Neves é Professor Titular da FEA/ USP, Campus de Ribeirão Preto. Em 2013 foi Professor Visitante Internacional da Purdue University (EUA) Jose Coral, Mendes Thame e Marcos Fava Neves RC
  • 18. Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015 18 Copercana inaugura loja de Ferragem e Magazine em Guaíra Notícias Copercana N o dia 30 de janeiro, a Coper- cana inaugurou sua 19ª loja de Ferragem e Magazine na ave- nida Dr. João Batista Santana, 2.589, no centro de Guaíra, cidade com mais de 37.400 habitantes. A inauguração repre- senta a concretização de um sonho e o início de uma nova etapa da coopera- tiva na região. São 944,52 m² de área construída e um investimento de apro- ximadamente R$ 174.000,00. Além de fertilizantes, adubos, de- fensivos, implementos, ferramentas, insumos, produtos veterinários, a loja conta com uma completa linha de ele- trodomésticos, artigos para cama, mesa, banho e presentes. Autoridades do município, diretores do Sistema Copercana, Canaoeste e Si- coob Cocred, cooperados, produtores rurais, clientes, empresas parceiras e a imprensa local prestigiaram a cerimô- nia de inauguração. “Sabemos da pujança que existe em Guaíra, a cidade é essencialmente agrí- cola, conta com muitos produtores e a Copercana veio para somar, fazer uma parceria que traga mais experiência para o nosso cooperado de Guaíra. Eu tenho certeza que a cooperativa vai ser útil para esses produtores, assim como eles serão úteis para nós, pois a Copercana precisa da presença, do consumo e do apoio des- ses produtores para que possa continuar atendendo cada vez melhor essa região”, Fernanda Clariano disse o presidente da Copercana, Anto- nio Eduardo Tonielo. O diretor da Copercana, Pedro Esrael Bighetti, falou sobre as expectativas no novo empreendimento. “Apesar do ven- to não estar soprando a nosso favor e a favor de quase nenhum brasileiro, devi- do ao fator clima, Governo e finanças, as nossas expectativas são muito boas. Nós O mais novo empreendimento chega para somar e confirmar o bom desempenho da cooperativa, que conta com lojas espalhadas pelos Estados de São Paulo e Minas Gerais A 19ª loja de Ferragem e Magazine fica na avenida Dr. João Batista Santana, 2.589, no centro de Guaíra e o telefone para contato é (17) 3332-2775 Antonio Eduardo Tonielo, presidente da Copercana Pedro Esrael Bighetti, diretor da Copercana
  • 19. Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015 19 estamos otimistas e vamos passar por mais essa e falamos para os nossos coo- perados e produtores que podem ter cer- teza que vai haver melhora. Estamos nos instalando em Guaíra, confiantes, chega- mos para ficar e vamos procurar dar toda a assistência possível para os produtores dessa cidade e da região”, garantiu. “Nós entendemos que, embora o mo- mento seja difícil, a Copercana está sem- pre avançando. Guaíra é uma região onde a agricultura é muito pujante, onde há um grande número de produtores, uma cida- de dinâmica na parte financeira, pois aqui tem uma agricultura bastante intensiva e esperamos que tenha aqui um bom casa- mento, que a Copercana seja bem-suce- dida nos seus negócios ao tempo em que ela vai prestar também um bom serviço para a comunidade e para os produtores rurais dessa região”, analisou o presidente da Canaoeste, Manoel Ortolan. Durante o discurso, o vice-prefeito de Guaíra, Denir Ferreira dos San- tos, representando o prefeito Sérgio de Mello, destacou a importância do investimento para o município. “Para nós, é um prazer muito grande rece- ber um investimento como esse, uma vez que ele trará oportunidade para o nosso comércio, geração de empre- go, renda e, mais do que nunca, es- tão acreditando no potencial da nossa querida cidade. Em nome do prefeito Sérgio de Mello, gostaria de agrade- cer imensamente essa confiança que a Copercana está depositando em nossa cidade”, afirmou. De acordo com o gerente comer- cial da Copercana, Ricardo Meloni, a Copercana chegou a Guaíra com uma gama de produtos que irá fazer toda a diferença para o dia a dia dos produ- tores e das donas de casa. “Estamos trazendo para os cooperados e clientesManoel Ortolan, presidente da Canaoeste Vice-prefeito de Guaíra, Denir Ferreira dos Santos
  • 20. Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015 20 de Guaíra toda linha de ferragens, fer- tilizantes, insumos, magazine, dentre outros produtos e esperamos que essa loja seja um diferencial na cidade e que atenda às necessidades de todos, desde o pequeno ao grande produtor, e tam- bém às donas de casa”, destacou. “Em Guaíra não era comum encontrar uma loja que reunisse a diversidade de produtos e oportunidades de compras em um só lugar e a Copercana chegou com tudo. Estamos com oito funcionários para poder ajudar os cooperados e clientes da melhor maneira possível e esperamos fu- turamente expandir ainda mais”, disse o gerente da loja de Ferragem e Magazine de Guaíra, Rodrigo Geraldo Eloi. Empresas parceiras também falaram sobre o empreendimento e as oportunidades “Para a Bayer, essa parceria com a Copercana é muito importante. É mais uma loja que inaugura, é mais um pon- to de venda onde teremos os nossos produtos disponíveis. É muito gratifi- cante ver que a Copercana está cada vez mais expandindo os seus negócios e levando junto com ela os nossos pro- dutos”, ressaltou o representante co- mercial da Bayer Veterinária, Rafael Garcia Barbosa. “Além de expormos nossas ferra- mentas em todas as lojas de Ferragem e Magazine da Copercana, procuramos sempre participar das inaugurações onde trocamos informações e temos contato direto com os cooperados e clientes. Agradecemos a Copercana por essa parceria de longa data e desejamos sucesso nos seus empreendimentos”, disse o promotor técnico da Irwin Fer- ramentas, Junio Caiuby. Representando os cooperados de Guaíra, o vereador e produtor rural, Marco Antônio Pugliesi, enfatizou o or- gulho de poder receber a cooperativa na cidade. “É com grande satisfação que recebemos a Copercana no nosso muni- cípio, que além da geração de emprego também irá contribuir para o desenvol- vimento da nossa cidade e para o nosso conforto. Faz 30 anos que minha famí- lia é cooperada da Copercana e agora temos o prazer de vê-la chegando em ‘nossa casa’, no ‘nosso quintal’. Du- rante muitos anos saímos daqui e íamos até Sertãozinho para fazer nossas com- pras e hoje o sonho de ter a cooperativa aqui em Guaíra está se concretizando. Eu acredito que a Copercana veio para Guaíra para somar e para ajudar nós, os agricultores”, salientou Pugliesi. “A Copercana chegou a Guaíra para contribuir e somar forças aos peque- nos, médios e grandes produtores da nossa região. Sabemos que a agricul- tura tem atravessado um momento difícil, mas poder contar uma loja do porte com as características da Coper- cana nos deixa felizes e confiantes”, confirmou o diretor de Agricultura de Guaíra, José Carlos Junqueira. Após os pronunciamentos, o pa- dre Edson Pátaro, da paróquia São Sebastião, proferiu as bênçãos das novas instalações e logo em seguida, a diretoria fez o descerramento da placa de inauguração. Rodrigo Geraldo Eloi, gerente da loja de Ferragem e Magazine de Guaíra Rafael Garcia Barbosa, representante comercial da Bayer Veterinária Junio Caiuby, Irwin Ferramentas Marco Antônio Pugliesi, cooperado José Carlos Junqueira, diretor de Agricultura de Guaíra Notícias Copercana RC
  • 21. Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015 21 Endereço da loja: Av. Dr. Oswaldo Scatena, nº 461 - Centro - Batatais/SP
  • 22. Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015 22 Copercana realiza o 2º treinamento para operadores de recolhedora de amendoim Notícias Copercana A Uname (Unidade de Grãos da Copercana), em parceria com a Indústrias Colombo, fabricante de colhedeiras de amendoim, realizou no dia 10 de fevereiro o segundo treinamen- to consecutivo para produtores e opera- dores de recolhedoras de amendoim. O objetivo da parceria é contribuir com o dia a dia dos produtores que participam do ProjetoAmendoim, para que melhorem suas colheitas e, com isso, tenham menos descontos devido às perdas na hora das análises realizadas na cooperativa e conse- quentemente mais lucros. Aproximadamente 30 pessoas par- ticiparam do treinamento onde rece- beram explicações e orientações sobre o funcionamento de uma colhedeira, como operar a máquina durante a co- lheita, manutenção e cuidados e tam- bém puderam tirar suas dúvidas e tro- car informações. “Esse treinamento é muito importan- te porque reduzindo perdas na colheita através dos produtores vamos ter um produto final com mais qualidade e, consequentemente, teremos um preço melhor na comercialização desse pro- duto e com mais ganho para o produtor também”, afirmou o encarregado téc- nico do Projeto Amendoim da Uname, Edgar Matrangolo Júnior. Fernanda Clariano Treinamento foi realizado na Uname (Unidade de Grãos da Copercana) em parceria com a Indústria Colombo “A intenção do treinamento é que o operador de máquina tenha a consci- ência das manutenções necessárias, do uso correto do equipamento e na dimi- nuição de impureza para a indústria. Essa parceria com a cooperativa é de fundamental importância porque nos traz ao contato direto com o produtor e com o operador de máquina”, afirmou Leandro José Magalhães, marketing de produtos da Indústrias Colombo. Edgar Matrangolo Júnior, encarregado técnico do Projeto Amendoim da Uname Leandro José Magalhães, marketing de produtos da Indústrias Colombo “Participo pela segunda vez desse treinamento e acho interessante por- que é sempre bom aprimorar os conhe- cimentos. As explicações são bem cla- ras e tudo que aprendo procuro levar para a roça, repasso para os colegas e a gente vai trocando informações, tudo para melhorar. No começo sofríamos para arrancar o amendoim da forma correta, mas através dos ensinamen- tos vamos colocando em prática o que aprendemos e melhorou muito. Espero poder aprender mais ainda e com isso contribuir lá na lavoura”, disse Osmar Maciel (funcionário do cooperado Geovani Pinto Neto). Quem participou aprovou “As dúvidas que tenho, procuro sa- nar durante o treinamento e tudo que aprendo procuro pôr em prática e faz toda a diferença. Eu tinha algumas dú- vidas sobre a regulagem da colhedeira e regulagem do cilindro para não debu- lhar e, depois das instruções que recebi no ano passado, melhorou muito a qua- lidade do produto. Esse treinamento é muito importante, por isso pretendo participar de todos e assim ir aprimo- rando cada vez mais e com isso, evitan- do perdas também”, destacou Márcio José Trovo (funcionário do cooperado Egídio Ângelo Fábio). RC
  • 23. Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015 23
  • 24. Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015 24 Almir Torcato, gestor do departamento Gilberto Leite Araújo, diretor administrativo da Lancers O escritório inaugurado em Sertãozinho é exclusivamente destinado aos associados Canaoeste Fotos: Breno Araújo Notícias Canaoeste Parceira da Canaoeste, Lancers inaugura unidade em Sertãozinho-SP para gestão de benefícios de saúde A inauguração de uma unidade da Lancers Administradora de Be- nefícios de Saúde, em Sertãozi- nho-SP, consolida uma parceria de dois anos com a Canaoeste. O evento para apresentação do novo endereço foi re- alizado no último dia 11 de janeiro. Os convidados foram recebidos com um coquetel. Desde 2013, a empresa, com instalações também em Ribeirão Preto- -SP e Goiânia-GO, faz um trabalho conjunto com o RRP (Relacionamen- tos, Recursos e Projetos) da Canaoeste para regularização e administração dos planos de saúde dos associados. Aatuação da administradora está sen- do feita em etapas. No ano passado, fo- ram contemplados os benefícios Unimed para a região de Bebedouro, Sermed Sertãozinho e Odontoprev (odontológi- co). Já para 2015, a meta é estender para o São Francisco, além de angariar outras prestadoras de serviço para as regiões onde a Canaoeste está presente e que ainda não foram atendidas. O escritório inaugurado em Sertãozi- nho, que já está em pleno funcionamen- to, é exclusivamente disponibilizado aos associados Canaoeste. Um espaço para tratar de assuntos burocráticos, como emissão de cartões e boletos, in- clusão e exclusão de beneficiários. Em vez de procurar a operadora do plano de saúde, o usuário pode pedir que a Lan- cers faça a intermediação. A instalação da unidade foi um pedi- do do RRP para estreitar ainda mais o contato com os associados. Para o ges- tor do departamento, Almir Torcato, a vinda da parceira para Sertãozinho trará ganhos significativos para a Canaoeste. “Estamos obtendo sucesso. Funcionou Igor Savenhago Escritório oferece comodidade aos associados para resolver assuntos burocráticos, como emissão de cartões e boletos, além da inclusão e exclusão de beneficiários com a Unimed Bebedouro, passamos para a segunda fase com a Sermed Ser- tãozinho e, com certeza, outras parce- rias virão. Acredito que, com o know how da Lancers, com tantos benefícios em carteira, poderemos oferecer bas- tante coisa para os nossos associados. Começamos 2015 com o pé direito”. Antes da criação do RRP, cuja gestão foi implantada em 2013, os benefícios de saúde dos associados estavam congelados por questões técnicas, administrativas e burocráticas. A parceria com a Lancers permitiu dar andamento ao processo. “Temos um carinho especial pela Canao- este porque a nossa empresa é jovem, tem apenas um ano e meio, e a Canaoeste foi a primeira a acreditar no nosso trabalho”, afirma o diretor administrativo da Lan- cers, Gilberto Leite Araújo. Todos os contratos de benefícios de saúde dos associados são, agora, geri-
  • 25. Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015 25 dos pela administradora. “Houve a ne- cessidade de instalar um espaço físico em Sertãozinho para dar maior apoio a este associado, acolhê-lo, orientá-lo e tirar dúvidas, intervindo junto às ope- radoras de saúde de forma a facilitar o acesso a elas, bem como os atendi- mentos médicos. O usuário, que já vem ganhando com essa parceria, terá um conforto ainda maior”, emenda Araújo. Para ele, a parceria pode ajudar, inclusive, no enfrentamento da crise que atinge a cadeia produtiva da cana- -de-açúcar em Sertãozinho. “Não me recordo de uma crise maior no setor. Então, toda ajuda é bem-vinda. A ad- ministração de benefícios acaba contri- buindo parcialmente para a recuperação do setor também, quando a gente pensa que tem de otimizar todos os recursos, ajudando o associado na gestão dos benefícios”. A aposta no setor sucro- energético, de acordo com o diretor, é resultado da confiança na retomada dos investimentos. Além de oferecer maior comodidade, a nova unidade consolida, na visão da gerente operacional da Lancers, Kellen Rodrigues, o trabalho feito com a Ca- naoeste. “É uma referência e uma fide- lização da parceria. Temos uma equipe disposta a atender todos os associados e esclarecer as dúvidas com relação a qualquer necessidade que eles tenham”. Novos projetos O planejamento para 2015 já indica avanços tanto no bem-estar dos usu- ários quanto na adesão de novos par- ceiros. Prova disso é que, em breve, um novo benefício será oferecido aos O escritório será um espaço para tratar de assuntos burocráticos, como emissão de cartões e boletos, inclusão e exclusão de beneficiários Equipamentos fornecidos pela Acto Kellen Rodrigues, gerente operacional da Lancers Patrícia Seabra, supervisora de vendas da Acto associados. A empresa Acto Indepen- dência Assistida, de Ribeirão Preto, que desenvolve projetos com a Lancers há seis meses, passará a disponibilizar um equipamento que permite um monitora- mento 24 horas da saúde. Segundo Patrícia Seabra, superviso- ra de vendas da Acto, o aparelho é li- gado à linha telefônica e o usuário fica com um botão de alerta, à prova d’água, que pode ser usado como pulseira ou pingente. A tecnologia europeia tem se difundido bastante no Brasil e é con- siderada uma inovação na assistência à saúde. “O botão pode ser apertado por qualquer motivo. Se o usuário quer conversar com alguém, temos assis- tentes que irão bater um papo com ele. Caso se sinta mal, alguém irá a socor- ro”, explica Patrícia. Ela lembra que a principal causa de morte, nestes casos, não é a falta de socorro, mas a demora para ele que chegue. “Esta tecnologia traz segurança a quem usa e tranquili- dade para a família”. Além de disponibilizar o equipamen- to, a Acto faz um cadastro de pessoas próximas ao usuário. Caso haja dificul- dade de comunicação com a empresa, atendentes ligam para esses contatos e informam que algo pode ter ocorrido, já que o botão foi acionado. SERVIÇO: Lancers Sertãozinho Rua Fioravante Sicchieri, nº 593 Jardim Soljumar Fone: 16- 3491-2269 Horário de funcionamento: Segunda a sexta-feira, das 9h às 18h.RC
  • 26. Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015 26 Notícias Canaoeste Canaoeste recebe visita de fitopatologista da SRA, principal centro de pesquisa de cana-de-açúcar australiano A s atividades e serviços pres- tados pela Canaoeste, sua área de atuação, indicadores e história da associação, que comemora seus 70 anos em 2015, foram apresen- tados a Robert Magarey, fitopatologis- ta da SRA (Sugar Research Australia), principal órgão de pesquisa de varie- dades de cana-de-açúcar australiano, durante uma visita à entidade, no dia 10 de fevereiro. O pesquisador tam- bém conheceu a Uname (Unidade de Grãos da Copercana) acompanhado pela gestora técnica Alessandra Duri- gan, pelo gestor operacional Gustavo Nogueira, e pelo gestor de RRP (Rela- cionamento, Recursos e Projetos), Al- mir Torcato, todos da associação. O especialista estava no Brasil para ministrar palestra sobre doenças e pra- gas que atingem a cana-de-açúcar du- rante o XXXVIII Congresso Paulista de Fitopatologia, realizado em feverei- ro, no Centro de Ciências Agrárias da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), em Araras-SP, e aproveitou para se informar mais sobre a agroin- dústria canavieira brasileira. “É bastan- te extraordinário o tamanho da cadeia de produção de cana-de-açúcar aqui no Brasil porque é 10 vezes maior do que na Austrália, então essa escala de produção é o que mais impressiona”, alegou. De acordo com ele, na Austrália, a cana-de-açúcar é a segunda cultura agrícola mais importante, atrás apenas do trigo. “O setor canavieiro australia- no produz de 28 a 35 milhões de tone- ladas de cana por ano, o que equivale a cerca de US$ 2 bilhões de faturamen- to”, informou Magarey, que na oca- sião estava acompanhado por Danilo Andréia Vital Palestrante em um congresso na UFSCar, realizado em fevereiro, o especialista Robert Magarey também conheceu a cadeia da cana-de-açúcar brasileira Eduardo Cursi, engenheiro agrônomo e pesquisador da Ridesa (Rede Interuniversitá- ria para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético da Universidade Federal de São Carlos). Essa foi a segunda vez que Magarey, que atua na área de biossegurança da SRA, concentrando esforços em estudos sobre doenças que ocorrem tanto no colmo como nas folhas da cana-de-açúcar, visitou o Brasil. A primeira ocorreu em 2007, a convite da Ridesa/UFSCar para palestrar sobre a ferrugem alaranjada da cana-de-açúcar. Ao falar sobre os desafios fitossa- nitários da Austrália, o pesquisador alegou que enfrentam muitas dificul- dades. “Temos muitos problemas com doenças, como o carvão da cana, a es- caldadura, o mosaico, as ferrugens ala- ranjada e marrom, além da ‘pachymetra root rot’, uma espécie de podridão ra- dicular que não é incidente no Brasil”, contou. O carvão da cana também tem sido motivo de dor de cabeça para os produtores brasileiros lembrou Gusta- vo Nogueira, ao advertir que a doença poderá impactar as próximas safras nacionais, caso uma solução não seja tomada. “No Brasil plantam variedades intermediárias ao carvão, mas como a quantidade de inóculo está muito gran- de, essas variedades também estão pe- gando a doença”, explicou Alessandra Durigan, informando que já é o terceiro ano que estão evitando algumas varie- dades como as RB 966928; CTC 2 e RB 92579 devido a este problema. Além da estrutura da Canaoeste, Magarey conheceu as instalações do PMGCA (Programa de Melhoramento Genético de Cana-de-Açúcar) da UFS- Car, integrante da Ridesa, situado no campus da UFSCar de Araras, incluin- do o Laboratório de Biotecnologia de Plantas. Também visitou o Centro de Cana do IAC (Instituto Agronômico), em Ribeirão Preto - SP, e a Usina São Martinho, em Pradópolis-SP. Durante a sua presença em solo brasi- leiro, a Ridesa/UFSCar divulgou contra- to que firmou com o centro de pesquisa australiano de cana-de-açúcar para troca de variedades. O acordo prevê que a ins- tituição receberá 50 variedades australia- nas e enviará outras 50 para a Austrália, sendo trocadas 10 variedades por ano, ao longo de cinco anos. Estes materiais serão utilizados somente para fins de pesquisa e cruzamento de variedades de cana. De acordo com Danilo Cursi, no primeiro grupo de materiais RB que vai para a Austrália estão a RB935744, RB855536, RB855156 e RB855113, entre outras, todas desenvolvidas pela Ridesa/UFScar. A primeira remessa de materiais RB embarca para a Oceania já em março de 2015, e a Ridesa/UFSCar receberá as primeiras 10 variedades aus- tralianas em setembro deste ano. RC Danilo Cursi, Robert Magarey, Gustavo Nogueira, Alessandra Durigan e Almir Torcato durante visita
  • 27. Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015 27 Canaoeste realiza assembleia geral para prestação de contas A Canaoeste realizou uma Assem- bleia Geral Ordinária, no dia 11 de fevereiro, e reuniu diretores e associados em seu auditório, em Ser- tãozinho-SP. A reunião teve como pauta a apresentação do balanço referente ao exercício de 2014 e foi conduzida pelo presidente da entidade, Manoel Ortolan, na ocasião assessorado pelo diretor tesou- reiro da Canaoeste e diretor de crédito da Sicoob Cocred, Francisco César Urenha, pelo advogado da associação, Juliano Bortoloti, e pelo gestor de Controladoria e Contabilidade, Marcos Molezin. Embora não tenha sido um ano fa- vorável para o setor sucroenergético, a Canaoeste buscou estar próxima de seus associados, que chegam a 2.595 fornecedores de cana-de-açúcar. Diver- sas ações foram feitas durante o último ano, como a adequação nos escritórios regionais da entidade, como também no campo político e institucional. “Par- ticipamos de eventos importantes, tais como Agrishow, Fenasucro, reuniões no Ministério da Agricultura, no Sena- do e na Câmara dos Deputados, como também marcamos presença no Encon- tro com produtores de cana-de-açúcar, no WABCG (World Association of Beet and Cane Growers, em português, As- sociação Mundial de Plantadores de Cana e Beterraba), realizado em Lon- dres, e no 3º Encontro de Gerentes, en- tre outros” ressaltou Ortolan ao prestar contas das atividades de 2014. Na parte técnica, o presidente da en- tidade destacou, entre os projetos desen- volvidos, o Harpia, em parceria com a BASF, para controle de pragas, e o su- porte técnico na realização do CAR (Ca- dastro Ambiental Rural). De acordo com dados apresentados, o departamento téc- nico realizou 5.782 visitas a associados; 260 visitas ao laboratório de sacarose Andréia Vital Associação expõe atividades realizadas em 2014 e apresenta projeto de plano estratégico para os próximos dez anos das unidades industriais; 278 visitas aos departamentos técnicos das unidades in- dustriais, além de terem sido realizados 3.458 atendimentos a associados. “A meta é prosseguir na fiscalização de análises da qualidade da cana entre- gue pelos associados às indústrias da nossa região, o que nos dá maior con- fiança, segurança e tranquilidade quan- to à aplicação das normas do sistema Consecana, determinantes do preço da tonelada de cana com base no quilo do ATR (Açúcar Total Recuperável), bem como esclarecermos os nossos associa- dos em relação às dúvidas e conferência de cálculos das amostras de sua cana re- colhida nas próprias indústrias recebe- doras”, explanou Ortolan. Outro projeto que ganhou destaque durante a assembleia foi o “Geladeirote- ca” da biblioteca da entidade, que ganhou espaço em diversas mídias, participou de vários eventos e foi um dos vencedores do 7º Prêmio Vivaleitura 2014. Já o departamento jurídico prestou atendimento a 3.975 associados; reali- zou 169 visitas a associados; 613 visitas a órgãos públicos; fez análises e con- fecção de 143 contratos, 272 projetos e pareceres técnicos; participou de 46 reu- niões externas, além de acompanhar o andamento processual de 944 processos judiciais e administrativos. No final do encontro, o presidente da entidade apre- sentou também o projeto de um plano estratégico para os próximos 10 anos da Canaoeste. “Eu acho que este trabalho será base para reformularmos a associa- ção dentro daquilo que o produtor quer, e não somente o que nós acreditamos que seja bom para ele”. O plano, que visa uma Canaoeste melhor em 2025, será semelhante ao realizado pela Orpla- na, a qual Ortolan também é presiden- te, intitulado Caminhos da Cana, e que mapeou as principais iniciativas a serem implantadas pela entidade em sua área de abrangência nos próximos anos. De acordo com Marcos Fava Neves, a ação visa rever as ações e moderni- zar de forma estruturante a associação para que ela mantenha sua excelência e amplie suas ações visando à sustenta- bilidade econômica, social e ambiental de seus cooperados. “Trata-se de um trabalho de seis meses, onde mergulha- remos a fundo e junto com os produto- res e excelente equipe que têm esta or- ganização, construiremos a Canaoeste 2025. Teremos diversos projetos es- tratégicos para serem implementados e garantir o futuro desta associação”, conclui o consultor criador do Markes- trat (Centro de Pesquisas e Projetos em Marketing e Estratégia da USP), que coordenará o projeto. A mesa foi composta pelo gestor de Controladoria e Contabilidade, Marcos Molezin, pelo advogado da associação, Juliano Bortoloti, o presidente da entidade, Manoel Ortolan e o 1º Tesoureiro da Canaoeste, Francisco César Urenha RC
  • 28. Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015 28 Notícias Sicoob Cocred Balancete Mensal - (prazos segregados) Cooperativa De Crédito Dos Produtores Rurais e Empresários do Interior Paulista - Balancete Mensal (Prazos Segregados) - Janeiro/2015 - “valores em milhares de reais” Sertãozinho/SP, 31 de Janeiro de 2015.
  • 29. Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015 29
  • 30. Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015 30 Cadê todo o ano passado e início de 2015. Na fazenda, a situação não chega a ser tão crítica, mas Rossetti estima uma queda de 15% na produtividade nas áreas com cana de começo de safra, que respondem pelo mesmo percentual do total plantado, o equivalente a 70 hectares. Nesses pon- tos, que deveriam render 100 toneladas por hectare, em média, o crescimento da plantação está, segundo ele, pelo menos um mês atrasado. Em outra área, com cana de meio de safra, para a qual ele leva a reportagem, o exemplo dos prejuízos é claro. “Aqui, a cana secou tanto que, quando a colhe- deira passou, arrancou as touceiras”. No local, as grandes e inúmeras falhas dividem espaço com plantas que ainda resistem, mas que não atingiram o ta- manho ideal. “Ainda bem que esta área em que estamos é pequena. Se estivesse tudo assim, seria desolador”. Outra preocupação dele é com as canas destinadas a “olhadura” – pro- Seca de 2014 e do início deste ano compromete produtividade dos canaviais paulistas, dificulta obtenção de mudas e gera incertezas quanto à moagem da próxima safra Igor Savenhago Reportagem de Capa a cana ? cesso de extração das gemas para dar origem a novas plantas. Cultivadas desde março do ano passado, elas fi- caram praticamente paralisadas com a estiagem. Com o desenvolvimento prejudicado, Rossetti precisará dispor de uma área 10% maior para atingir a produção projetada inicialmente. As consequências de toda essa situ- ação aparecem nas estatísticas de al- guns dos principais institutos de pes- C anaviais com desenvolvimento abaixo do esperado e dificulda- des para a obtenção de mudas. O cenário enfrentado pelos produtores de cana de várias regiões do Estado de São Paulo anuncia uma safra 2015/16 preocupante na Região Centro-Sul do País e com números muito próximos do período 2014/15, que está termi- nando. Com início marcado oficial- mente para o dia 1º de abril, o próximo ciclo será de queda na produtividade e novas incertezas com relação à moa- gem e aos aspectos climáticos. O panorama chegou a mudar até a cor da paisagem. Não é raro observar áreas em que o verde característico das folhas deu lugar a um amarelo pálido, sem vida. No caminho para a Fazenda San- to Antônio, de propriedade de Roberto Rossetti, associado Canaoeste, em Ser- tãozinho-SP, a câmera fotográfica, para onde vira, capta imagens de cana peque- na e seca. Resultado da estiagem que castigou o Estado durante praticamente
  • 31. Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015 31 quisa e associações que representam o setor sucroenergético, quando o as- sunto são as perspectivas de moagem. A Archer Consulting, em seu último levantamento, estimou que o Centro- -Sul irá processar, em 2015/16, pouco mais de 573 milhões de toneladas de cana, volume que representa apenas 0,62% de aumento diante do atual ciclo, previsto para fechar em 570,1 milhões de toneladas. Já a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), entidade que congrega as usinas da região, chegou a divulgar, em dezembro, que os nú- meros devem variar de estáveis para uma queda de até 3,6%, realidade bem distinta da temporada anterior à seca, a de 2013/14, quando foram moídas 597 milhões de toneladas, um recorde. Além dos problemas climáti- cos recentes, deve-se considerar que cerca de 80 usinas fecharam no país desde 2008 por causa de dificuldades financeiras. A falta de chuvas principalmente no final de 2014 e início deste ano, momentos importantes do cresci- mento da cana-de-açúcar, que, geral- mente, vai até março, fará com que a próxima safra comece mal na visão de Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presi- dente da Abag (Associação Brasileira do Agronegócio) e sócio-diretor da Consultoria Canaplan. No ano passa- do, mesmo com o solo mais úmido, resultado das chuvas de 2013, a que- da na safra em relação às estimativas iniciais foi de cerca de 40 milhões de toneladas. Para Carvalho, caso as pre- cipitações não voltem agora em 2015, a estiagem prolongada que afetou o Estado de São Paulo no decorrer do ano passado será muito sentida. De acordo com Orivaldo Brunini, pesquisador do IAC (Instituto Agro- nômico de Campinas), a seca com- prometeu canaviais em todo o Estado, com predominância para a região de Araçatuba e a faixa que vai de Ara- raquara até São José do Rio Preto, passando por Sertãozinho e Ribeirão Preto-SP. Nessas zonas de abrangên- cia, ele estima que a perda de produti- vidade seja de até 15%. “Um aspecto relevante é que a seca, da forma como ocorreu em 2014, tinha uma probabi- lidade de acontecer de uma em cem, ou seja, a cada cem anos, ela só é pos- sível uma vez. E foi em 2014”. Dados do próprio IAC mostram que, na sua estação em Ribeirão Preto, o índice pluviométrico foi o pior apu- rado em toda a história das medições, que são feitas desde 1934. Durante o ano de 2014, foram registrados 802 milímetros, contra 1515 em 2013. Nos últimos 20 anos, a média foi de 1445 milímetros, parecida com a dos últi- mos dez anos, que foi de 1464, e a dos últimos cinco – 1429. Desde 1994, os volumes de chuvas que mais se apro- ximaram do ano passado foram em 2012, com 1045 milímetros, em 2010, com 1195, e em 2001, com 1223.
  • 32. Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015 32 Canaoeste e Copercana Quando levados em conta especifica- mente os municípios da área de abran- gência da Canaoeste, a situação é muito parecida. Dados colhidos em Barretos, Bebedouro, Cravinhos, Ituverava, Mor- ro Agudo, Pitangueiras, Pontal, Ribeirão Preto, Serrana, Sertãozinho, Severínia, Terra Roxa e Viradouro, todos municí- pios paulistas, a média de chuvas du- rante todo o ano de 2014 foi de 906,1 milímetros. No ano anterior, o volume apurado havia sido de 1557 milímetros. Uma queda de 41,8%. Feita mês a mês, a análise aponta menor pre- cipitação em dez deles, em relação a 2013. Apenas em julho e agosto, o volume de chuvas do ano passado su- perou o do ano anterior, como pode Fonte: Canaoeste Chuvas – Acumulado 2014 Fonte:Canaoeste No cami ser visualizado na tabela abaixo. Já no gráfico, é possível perceber a di- ferença substancial nas curvas que representam as médias de um ano na comparação com o outro. No índice exclusivo para a Fa- zenda Santa Rita, de propriedade da Copercana em Terra Roxa-SP, cujo objetivo é disponibilizar mudas para cooperados e associados, a produção foi bastante afetada. Segundo a ges- tora técnica e o gestor operacional da Canaoeste, Alessandra Durigan e Gustavo Nogueira, o fornecimen- to provavelmente não será feito este ano. Lá, o volume de chuvas chegou a 957 milímetros no decorrer de 2014, enquanto que, em 2013, bateu os 1823 milímetros, quase o dobro. Nos últi- mos 19, dez e cinco anos, as médias variaram de 1526 a 1629 milímetros. “Em função do deficit hídrico, é co- mum observarmos canaviais na área de abrangência da Canaoeste, prin- cipalmente os colhidos no início da safra, atrasados quanto ao seu desen- volvimento vegetativo. E isso poderá influenciar nos dados de produtividade da safra 2015/16”, afirmam eles. Na Uname (Unidade de Grãos da Copercana), no entroncamento das Rodovias Armando Salles de Oliveira e Carlos Tonani, saída de Sertãozinho para Ribeirão Preto, os índices não fo- ram muito diferentes. Em 2014, choveu na unidade um total de 942 milímetros, ante 1695 em 2013. As médias dos úl- timos 16, dez e cinco anos variaram de 1400 a 1482 milímetros.
  • 33. Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015 33 Choveu pouco em 2014 Com propriedades em Bebedouro- -SP e Viradouro-SP, o produtor de cana Heros Mira de Assumpção, ou- Unidade 2014 2013 Média últimos Média últimos 10 anos 5 anos IAC Ribeirão Preto 802 1515 1464 1429 Uname (Unidade de Grãos da Copercana) 942 1695 1400 1482 Fazenda Santa Rita (Copercana) – Terra Roxa-SP 957 1823 1629 1526 tro associado Canaoeste, diz que suas variedades precoces não cresceram como deveriam. Elas ocupam cerca de 30 hectares, que correspondem a um terço das áreas dele, onde a que- da na produtividade deve ser de 12% a 15%. “Faltou chuva quando a cana mais precisava”, relata. “Com isso, as falhas foram aumentando”. O agricultor também enfrentou di- ficuldades no plantio, que foram fei- tos por uma usina. “Não tive limitação quanto ao número de mudas, mas nas variedades sim. Nem todas estavam em estágio adequado de desenvolvimento”. O quadro só não é pior na região porque, segundo Maximiliano Salles Heros Mira de Assumpção, produtor de cana em Viradouro e Bebedouro Scarpari, pesquisador do IAC em Ri- beirão Preto, este mês de fevereiro teve um quadro um pouco mais fa- vorável. “Choveu um pouco, o que permitiu que algumas áreas degrada- das se recuperassem. Não fosse isso, o cenário seria bem ruim, mas teve uma leve melhora”. Ele explica que, caso as precipitações continuem, as canas de meio e de final de safra tendem a melhorar seu desenvolvi- mento, diferente das precoces, mais comprometidas. “O problema é que está difícil o pessoal dos institutos meteorológicos acertarem. Por isso, sempre montamos três cenários de safra. Um baseado nas previsões, um que prevê um cenário mais favorável e outro, mais desfavorável”. RC inho para a Fazenda Santo Antônio, em Sertãozinho, folhas amareladas denunciam a falta de chuva Fonte: Canaoeste
  • 34. Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015 34 CCIR – Certificado de Cadastro de Imóvel Rural P rezados leitores, tenho atendido recentemente inúmeros proprie- tários rurais que, por problemas com o seu CCIR (Certificado de Cadas- tro de Imóveis Rurais), não estão conse- guindo efetuar diversas ações relativas à administração de seu negócio rural. Em razão disso, nas linhas ulteriores passarei a explicar de forma sucinta do que se trata o CCIR, para que serve e como regularizá-lo. Nosso País instituiu a obrigatorie- dade do CCIR para os imóveis rurais. Se trata de um documento emitido pelo Incra (Instituto Nacional de Coloni- zação e Reforma Agrária) que constitui prova do cadastro do imóvel rural junto ao SNCR (Sistema Nacional de Cadastro Ru- ral) . É por meio do CCIR que é efetuada a cobrança da Taxa de Serviços Cadastrais. Como dito, é um documento obriga- tório para o proprietário ou possuidor de um imóvel rural, uma vez que sem ele não é possível desmembrar, arren- dar, hipotecar, vender ou prometer em venda o imóvel rural, nem mesmo ho- mologar partilha amigável ou judicial Juliano Bortoloti Advogado da Canaoeste Assuntos Legais (sucessão causa mortis), de acordo com os termos da Lei Federal nº. 4.947/66 e 10.267/2001. Ainda observando refe- ridas normas, o CCIR é imprescindível para o registro da propriedade em car- tório, para inventários, para o acesso a financiamentos e créditos rurais e para a aposentadoria rural. Por isso, somente com o cadastramento do imóvel rural, o proprietário obterá o CCIR. Outro aspecto importante é que as informações constantes do CCIR são exclusivamente cadastrais e de uso go- vernamental na elaboração de políticas públicas, razão pela qual “não fazem prova de propriedade ou de direitos a ela relativos”, de acordo com o estabelecido no parágrafo único do artigo 3º da Lei n.º 5.868, de 12 de dezembro de 1972. Em 10 de dezembro de 2014, o INCRA expediu o Ofício Circular 33/2014/DFC/Incra, endereçado às Corregedorias Gerais de Justiça de to- dos os Estados Federados, inclusive o Distrito Federal, dando ciência sobre o lançamento do CCIR 2010-2014, orien- tando que, a partir do dia 08 de janeiro de 2015, todos os proprietários, titulares de domínio útil ou possuidores a qual- quer título de imóvel rural deveriam/ devem acessar o endereço eletrônico http://ccirweb.serpro.gov.br/ccirweb/ emissao/formEmissaoCCIRWeb.asp e emitir o Novo CCIR 2010-2014, ou po- dem fazê-lo junto as Salas da Cidada- nia nas superintendências regionais do Incra, Unidades Avançadas, Salas da Cidadania Digital ou UMC (Unidades Municipais de Cadastramento). Para validar o CCIR, é necessário, porém, efetuar o pagamento da taxa cadastral na rede de atendimento da CEF (Caixa Econômica Federal . Também foi informado que a partir do exercício do ano de 2015, o lança- mento do CCIR passará a ser anual, com validade do Certificado para cada exercício, sendo que o CCIR de 2015 já está programado para lançamento em setembro de 2015. Portanto, todos os proprietários/pos- suidores de imóveis rurais que ainda não fizeram o último CCIR de suas proprie- dades, que o façam sob pena de inviabi- lizar a administração de seu negócio.RCAcesse o endereço (http://bit.ly/CCIRural) para emissão do Novo CCIR 2010-2014
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  • 36. Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015 36 Destaque I SEBRAE subsidia 50% da participação de empresas na Fenasucro C om o intuito de promover a competitividade e o desenvol- vimento sustentável das micro e pequenas empresas e fomentar o em- preendedorismo, foi lançado no início de fevereiro o Projeto MetalMecânica 2015, em Sertãozinho – SP. Realizado pelo SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) em parceria com o CEISE Br (Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucro- energético e Biocombustíveis), através do PAE Sertãozinho (Posto de Aten- dimento ao Empreendedor), o projeto oferecerá orientações de planejamento, marketing, vendas, finanças, acesso ao mercado e gestão de pessoas através de palestras, cursos e consultorias a em- presas da cadeia metalmecânica. De acordo com o representante do SEBRAE, Fábio Menezes de Souza, o fundamento do programa é desenvolver este setor para melhorar sua produção, sua inovação e seu marketing. “Existem várias ações como as de capacitação e de acesso ao mercado, entre elas a par- ticipação em feiras, como a Fenasucro, com subsídio como também ações de visita técnica em feiras e participação Entidade, em parceria com CEISE Br, lança projeto para impulsionar negócios de fornecedores da cadeia metalmecânica Andréia Vital nas rodadas de negócios”, disse ele, reforçando a importância em aderir ao projeto. A excelência da ação também foi destacada pelo diretor do CEISE Br, Apare- cido Luiz, ao dar as boas-vindas no evento, que contou com a pre- sença de empresários, consulto- res e imprensa. Uma das principais vertentes do projeto é viabilizar o acesso das micro e pequenas empresas na Fenasucro. “Este é um ano difícil para todos e temos uma grande feira pela frente como a Fenasucro, que é uma ótima oportunidade de fazer ne- gócios,” explicou o representante do SEBRAE. Souza ressaltou também que inovação é a palavra da vez e será pre- ciso usar a criatividade para superar a crise, ao ministrar na ocasião, a palestra “Inove para Ganhar Mais”. Dobra espaço do SEBRAE na Fenasucro No ano passado, o espaço SEBRAE contou com a participação de 16 em- presas, sendo três delas de outras locais (São José do Rio Preto, Piracicaba e Araçatuba). Este ano 32 empresas serão contempladas, sendo 20 da região e 12 de outras localidades. Além de 50% do subsídio do valor do estande, contarão com montagem básica, energia e lim- peza. “A quantidade de participantes dobrou devido à demanda de escritó- rios da entidade de outras regiões’’, ex- plicou Souza, contanto que os espaços destinados a cada estande será de 15m² e 16m² e ficarão nos pavilhões 1 e 2 do centro de exposição. Para o diretor da Fenasucro, Gabriel Godoy, o envolvimento do SEBRAE com a feira é relevante. “O SEBRAE é a uma grande fonte de inovação em termos de novas indústrias, ou seja, ele tem um contato muito forte com pe- quenos investidores e é muito impor- tante tê-lo dentro da Fenasucro porque a feira dá oportunidade para todos. Não é só para grandes empresas”, dis- se ele, adiantando que a edição deste ano apresentará mais conteúdo, com seminários em parcerias com diversas empresas. “Embora exista uma expec- tativa que o ano seja difícil, a procura pela feira está excelente, muito grande, e tendo em vista as modificações que tivemos neste ano, da parte governa- mental, creio que o mercado deve co- meçar a acelerar”, previu, afirmando que 550 marcas devem participar da feira nesta 23ª edição da Fenasucro. Fábio Menezes de Souza, representante do SEBRAE Aparecido Luiz, diretor do CEISE Br RC
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  • 38. Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015 38 Destaque II Evento na sede do IAC, em Ribeirão Preto-SP, orienta produtores rurais sobre o preenchimento do CAR (Cadastro Ambiental Rural) A pouco mais de dois meses do prazo limite para cadastro dos proprietários rurais brasileiros no CAR (Cadastro Ambiental Rural), existem ainda muitas dúvidas sobre o procedimento. O que são, de fato, as APPs (Áreas de Proteção Permanente)? Aquele brejo da fazenda é área de pre- servação? Essas são, segundo a advoga- da Samanta Pineda, assessora jurídica da Frente Parlamentar da Agricultura, algu- mas das questões mais frequentes que dificultam a adesão rápida ao cadastro. Samantafoiapalestrantedoworkshop realizado na sede regional do IAC (Ins- tituto Agronômico), em Ribeirão Preto- -SP, no dia 6 de fevereiro, para responder aos principais questionamentos sobre o CAR. Durante quatro horas, ela apresen- tou, a 112 inscritos, dificuldades como reconhecimento de tipos de vegetação e como eles devem ser informados no ato do preenchimento, em que casos os produtores rurais ficam isentos de repor áreas desmatadas, entre outros. O evento foi apoiado pela ABAG-RP (Associação Brasileira do Agronegócio, regional de Ribeirão Preto). O CAR é uma ferramenta imprescin- dível para a implantação do PRAPaulista (Programa de Regularização Ambiental), aprovado em dezembro do ano passado na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e que passa, ainda, pela fase de regulamentação. Por exigência do novo Código Florestal, todos os Estados preci- sam definir os seus PRAs. No caso de São Paulo, o programa prevê aumentar, em 20 anos, a cobertura vegetal nativa de 17% para 24%, com o acréscimo de 1,7 milhão de árvores, além de estimular a formação de corredores ecológicos e a manutenção de outros recursos naturais, como nascen- tes e mananciais. Durante quatro horas, a advogada Samanta Pineda, assessora jurídica da Frente Parlamentar da Agricultura, tirou dúvidas de 112 inscritos Igor Savenhago “As dúvidas ainda persistem e os produtores não conseguem preencher o CAR. Não porque não querem ade- rir, mas porque essas questões práti- cas que eles acabam encontrando nas propriedades impedem de dar uma declaração fiel. ‘Esta fazenda é minha e a do lado é minha e do meu irmão. É um CAR ou são dois?’ São ques- tões que não estão regulamentadas na legislação, mas que aparecem a todo momento quando se vai preencher o cadastro”, afirmou Samanta. Ela disse, ainda, que a aprovação do PRA animou os donos de proprie- dades a regularizar suas situações, mas a falta de regulamentação atrapalha. “Falta um decreto que regulamente a aplicação do Programa de Regulariza- ção Ambiental. Então, esse evento vai tirar dúvidas de como proceder. A im- portância é que os produtores acabam saindo daqui sabendo o que fazer e com uma certa articulação política para que possam regularizar, efetivamente, suas áreas de preservação permanente e re- serva legal”. A mobilização, na visão dela, é importante para evitar que in- fluências de ONGs “sem compromisso com a produção sustentável” ofereçam o risco de provocar uma redução dos “direitos que já foram duramente con- quistados até aqui”. O prazo final para preenchimento do CAR é o dia 6 de maio. Até 5 de fe- vereiro, segundo o Ministério do Meio Ambiente, responsável pelo acompa- nhamento do cadastro, 551 mil inser- ções já haviam sido feitas, correspon- dentes a um total de 132 milhões de hectares, 40% do que deve ser cadastra- do. A região mais avançada era a Norte, com 62% da meta, seguida pela Centro- Mais de 100 interessados participaram do evento, realizado na sede do IAC, em Ribeirão Preto-SP Samanta Pineda, assessora jurídica da Frente Parlamentar da Agricultura Fotos: Breno Araújo
  • 39. Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015 39 -Oeste, com 41%, e pela Sudeste, com 18,5%. A região Nordeste atingia um índice de 9,2% e a Sul, 4,7%. “Como estamos regulamentando uma lei esta- dual, que é o Programa de Regulariza- ção Ambiental, acredito que esse seja o momento apropriado para dirimir as dúvidas”, declarou o diretor executivo da ABAG-RP, Marcos Matos. Orientações Para fazer o cadastramento, o produ- tor deve acessar um endereço eletrônico (http://www.car.gov.br/#/), baixar um módulo de cadastro, preenchê-lo e enviá- -lo com as informações da localidade e delimitação da área, acompanhadas de imagens de satélite. Por causa das dúvidas, Marcos Matos, diretor executivo da ABAG Ribeirão Preto Vinícius Antonio, produtor de cana e consultor agrícola muitos estão procurando serviços especia- lizados, em sindicatos rurais, empresas de consultorias e associações, como a Cana- oeste, que, no ano passado, por conta das dificuldades enfrentadas por seus associa- dos na confecção do cadastro, montou a Estação CAR, uma equipe multidiscipli- nar composta de agrônomos, desenhistas, topógrafos e especialistas no assunto. Vinícius Antonio é dono de uma empresa de consultoria, em Igarapava- -SP, e produtor de cana. Ele afirma que, independente da regulamentação do PRA, a recomendação é que o produtor cumpra o prazo estipulado para o CAR. “Orientamos dessa forma. E depois va- mos sanando as dúvidas na questão da legislação. Eventos como esse nos aju- dam a ajudar o agricultor”. Para Antonio, as medidas que estão sendo adotadas são benéficas, tanto à agricultura como ao meio ambiente. “Sinto que o produtor era tratado como criminoso e, na verdade, não é desse jeito. Somos preservacionistas, que- remos conservar. Temos cuidado com a água, com as matas, porque não tem como produzir sem um equilíbrio am- biental. E o CAR veio organizar um pouco essas questões”. O técnico agrícola Valdecir Aparecido Vasconcelos, do Sindicato Rural de Ibi- tinga-SP e Tabatinga-SP concorda, mas conta que a procura está além do espera- do. Com 900 associados e mais de duas mil propriedades cadastradas, o sindicato só está conseguindo agendar os próximos interessados a partir do dia 10 de maio, quatro dias depois do prazo limite. Para tentar evitar o atraso, mais um funcionário seria contratado. “Alguns produtores ficam bravos comigo. ‘Como assim, marcar para depois do prazo?’ Mas não está vencendo”. Por isso, ele espera uma prorrogação. “Estamos espe- rançosos que esse prazo seja estendido pelo menos para mais um ano, para que consigamos, até maio de 2016, atender a todos os nossos associados e também aos produtores do Estado”.RC
  • 40. Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015 40 Destaque III Setor sucroenergético recebe mais benefícios em SP O governador de São Paulo, Ge- raldo Alckmin, assinou decreto, no início de fevereiro, alterando o regulamento do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) para simplificar, racionalizar e atualizar as normas tributárias do setor sucroener- gético, desburocratizando as obrigações tributárias sem perder arrecadação, nem o controle sobre as atividades desenvol- vidas. Com o ato, municípios com usi- nas ou atividades que norteiam a cadeia do setor devem se sentir mais aliviados. Além disso, benefícios diretos deverão respingar nas usinas. São Paulo já possui o menor ICMS do Brasil para o etanol hidratado. En- quanto a média das demais unidades da federação fica em 22%, no Estado a arrecadação junto ao segmento é de 12%. A nova medida estende o diferi- mento do ICMS - antes previsto ape- nas para a cana-de-açúcar - a todas as demais matérias-primas, como milho, sorgo sacarino, eucalipto, palha, cavaco e outros resíduos da colheita, além dos subprodutos resultantes do processo de industrialização para produção de açú- car, etanol e geração de energia limpa a partir de biomassa, como o melaço e o bagaço de cana. Medida reduz custos de produtores de açúcar, etanol e energia e restaura o método de cálculo do valor adicionado dos municípios que possuem usinas Andréia Vital Ao assinar o decreto, Alckmin afir- mou que o incentivo pode aumentar muito a produção de eletricidade no Estado de São Paulo através da bio- eletricidade. “Essa medida facilita e racionaliza a questão tributária e faz o diferimento de ICMS para insumos, não só para o bagaço e a palha da cana. A meta é aumentar muito a produção de eletricidade do Estado de São Pau- lo”, explicou. O decreto assinado pelo governador Alckmin promove também a simpli- ficação dos procedimentos tributários das empresas do setor, dispensando de emissão de documento fiscal em cada operação de fornecimento de combus- tível, lubrificante ou insumo agrícola para fornecedores, transportadores de matéria-prima ou consumo próprio. As operações poderão ser reunidas em um único documento fiscal, lançado no úl- timo dia de cada mês. Este benefício também é extensivo ao estabelecimento centralizador de compras de insumos das empresas agrícolas do setor. O apri- moramento da nova legislação contou com a colaboração da UNICA (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), Copersu- car, São Martinho, Raízen, Bunge, Bio- sev, Noble, Odebrecht, Guarani e Zilor. De acordo com o Governo Estadual, a mudança no regulamento do ICMS restaura o método de cálculo do valor adicionado da produção de açúcar e álcool de usinas credenciadas pela Se- cretaria da Fazenda instaladas em mu- nicípios que integram a cadeia do setor sucroalcooleiro, com impactos positi- vos no indicador que determina a dis- tribuição dos repasses do ICMS para as prefeituras. Insumos, como amido de milho, gli- cose, xarope de glicose, amido modifi- cado e dextrina de milho e colas fabri- cadas a base de amido, utilizados pela Governador de São Paulo se reuniu com lideranças do agronegócio na ocasião Geraldo Alckmin, Maurício Gasparini, Manoel Ortolan e o deputado Welson Gasparini na cerimônia de assinatura do ato
  • 41. Revista Canavieiros - Fevereiro de 2015 41 Especialistas opinam sobre incentivos Arnaldo Jardim e Cláudia Tonielo parabenizam Alckmin pela iniciativa indústria alimentícia também foram desonerados. A medida altera a base de cálculo do ICMS passando dos 18% para 7% a carga tributária que incide nas saídas de amido de milho e deriva- dos realizadas pelos fabricantes ou seus centros de distribuição. O decreto au- toriza também o diferimento do ICMS das remessas de produtos do fabricante para seus centros de distribuição, me- diante regime especial, sendo assim, o recolhimento do imposto devido passa a ocorrer somente no momento da saída das mercadorias. As desonerações e simplificações propostas pelo Governo de São Paulo, além de trazerem mais competitividade ao setor, sinalizam com a determinação do Governo de tornar a matriz energé- tica paulista ainda mais limpa e reno- vável, dentro da meta de atingir 69% de participação de energias limpas na matriz até 2020, o que só será possível com o fortalecimento do setor da bioe- nergia, que fornece etanol e bioeletrici- dade ao Estado que mais consome ener- gia na federação, afirma o presidente de honra da UDOP (União dos Produtores de Bioenergia), Antonio Cesar Salibe. “Acredito que as ações anunciadas pelo governador Geraldo Alckmin de- vem ampliar ainda mais os benefícios e simplificar as operações do setor sucro- energético, trazendo ainda mais com- petitividade ao segmento, além de ser- virem como parâmetro para que mais Estados sigam o exemplo paulista”, dis- se ele desabafando. “Quiçá o Governo Federal pudesse seguir o exemplo pau- lista e incentivar a geração de bioeletri- cidade no momento em que o País vive uma de suas piores crises energéticas da história”. Para ele, o incentivo dado deve impulsionar ainda mais a produ- ção de bioeletricidade, permitindo que muitos investimentos que estavam pa- rados possam sair do papel e fazer com que a energia adormecida nos canaviais alivie o estresse energético vivido hoje no Estado e em todo o País. Segundo o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Pau- lo, Arnaldo Jardim, o auxílio vem em boa hora. “Do ponto de vista prático, a medida possibilita e agiliza o uso de diferimentos, amplia o conceito de co- geração de energia e permite que, além do uso do bagaço da cana para gerar eletricidade, outros materiais podem ser usados para produzir energia. Isso pode aumentar significativamente a participação da bioletricidade na matriz energética paulista”, afirmou. A iniciativa também foi aprovada pelo presidente da Copercana, Antonio Eduardo Tonielo. “Eu acho que toda medida que está sendo tomada é impor- tante, principalmente quando se reduz a burocracia. Inclusive, esse fato do Go- verno começar a explorar a compra de energia para o Estado é louvável, pois encurta o caminho entre o produtor e o Estado. Além de ser boa para o setor, vai estimular a produção de energia”, afirmou. Para Marcos Fava Neves, prof. titu- lar da FEA/USP, toda redução de tribu- tos é importante para que o setor volte a oferecer as condições para retomada dos investimentos e do crescimento. “Portanto, é louvável, ajuda, mas está longe de ser o que precisamos para a volta dos investimentos, que é uma po- lítica pública de longo prazo que defina o papel do etanol e da cogeração, entre outros, na matriz energética do Brasil em 2025”, alertou ele. Opinião compartilhada com o pre- sidente da Canaoeste (Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Esta- do de São Paulo) e Orplana (Organiza- ção de Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil), Manoel Ortolan. Presente na cerimônia de assinatura do ato, o executivo reforçou que embora as medidas do governador Alckmin não impactem diretamente o fornecedor, trazem melhorias para agroindústria ca- navieira e, consequentemente, acabam indiretamente beneficiando os produ- tores de cana-de açúcar. “Eu acho que no âmbito geral ajudam no sentido que contribuem com alguns produtos, como no caso do milho. Inclusive a questão da regulamentação, equalização do ICMS, ajudará o setor como um todo”, lembrou. Já para Jair Pires, diretor executivo da MBF Agribusiness, não há bene- fício econômico/financeiro, apenas a melhoria do controle da arrecadação e redução da burocracia. “Insistimos no sentido do setor criar suas próprias dis- tribuidoras de combustíveis e, aí sim, reduzir seus custos com logística, sem que ocorra queda no recolhimento dos impostos”, concluiu. Antonio Eduardo Tonielo aparece ao lado do deputado estadual Welson Gasparini, do vereador de Ribeirão Preto Maurício Gasparini e do governador Geraldo Alckmin no Salão de Despachos do Palácio dos Bandeirantes Foto:AssessoriadeImprensadoDeputadoGasparini