4. 1. BRIEFING
MABE + IED Existe hoje uma escassez de produtos que atendam a
certas necessidades especiais de um público que possui
pequenas ou grandes limitações físicas.
O setor de eletrodomésticos se mostra carente de recursos
que possam surprir tal demanda, uma vez que estes
consumidores, formados em sua maioria por idosos e
deficiente físicos, têm bastante dificuldade de manusear
tais aparelhos.
Preocupado com esta insuficiência, o grupo Mabe
procurou o Instituto Europeo di Design (IED) para criar uma
parceria buscando pesquisar oportunidades e criar
soluções inovadoras que possam reparar tal negligência e
descaso do mercado em atender esta fração de
consumidores.
Estas respostas devem ainda assegurar a viabilidade do
negócio e tornar a produção possível dentro de uma
realidade tangível.
sexta-feira, 9 de novembro de 12
6. 2. METODOLOGIA
IMERSÃO NA MARCA Foi feita uma visita no show room da MABE onde pode ser
feita uma análise dos diversos produtos das 3 marcas (GE,
Continental e Dako) que constituem o grupo. Procurou-se
também visitar lojas e websites para averiguar maior
diversidade de produtos e recursos.
BENCHMARKING Outros grupos foram investigados afim de se certificar das
soluções existentes, dificultando cruzar caminhos ja
percorridos por outras marcas, garantindo assim o
potencial inovador das ideias que surgirão.
COLETA DE DADOS Algumas outras informações tiveram que ser pesquisadas
para dar suporte ao trabalho e fortalecer a defesa das
oportunidades levantadas no processo.
ETNOGRAFIA Enfim, visitou-se 1 Associação e 2 casas onde pudemos
entrar em contato com o público para observar, entrevistar e
entender suas relações com os produtos, coletando o
máximo de informações possível.
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9. 3. PÚBLICO
POPULAÇÃO BRASILEIRA
190MI
Cálculos apontam para a existência de 1,1 milhões
de cegos no Brasil (0,6% da população estimada) e
cerca de 4milhões de deficientes visuais sérios.
fonte: Conselho Brasileiro de Oftalmologia - 2009
1,1MI (0,6%)
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10. 3. PÚBLICO
Por questões sociais conhecidas, a cegueira na população
brasileira distribui-se da seguinte forma estatística:
765mil 414mil 48mil
Regiões de Regiões de
Regiões de
razoavel boa economia
pobre economia
economia e e com bons
e com pobres
com pobres serviços de
serviços de saúde
serviços de saúde
saúde
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12. 3. PÚBLICO: ETNOGRAFIA
MARKIANO CHARAN FILHO
Diretor Presidente da ADEVA
Atentou para o fato de que o avanço tecnológico tem sido
inimigo dos cegos quando deveria ajudar. Os painéis
digitais foram feitos sem qualquer preocupação para este
público, pois não têm quaisquer feedback, tanto tátil
quanto auditivo.
- Dificuldade no uso do micro-ondas, pois o painel é
plano, não tem como identificar os botões.
- Dificuldade para regular o termostato do refrigerador.
- Procura manter as coisas sempre no mesmo lugar, de
preferência com tampa.
- No freezer, é difícil diferenciar os produtos congelados.
- Não cozinha, mora com a mãe
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13. 3. PÚBLICO: ETNOGRAFIA
DONA LIZETE
80 anos, dona de casa
Perdeu a visão aos 40 anos
Ativa na cozinha, hoje possui empregada que lhe ajuda
diariamente, mas ainda cozinha ou assistencia boa parte da
comida feita em casa. Suas maiores dificuldades são
paineis digitais, com destaque para o micro-ondas.
Conta da dificuldade de um painel com superfície lisa, sem
qualquer relevo, pois não consegue se orientar.é
necessário feedbacks que ajudem no manuseio. No fogão
as válvulas giratótias ajudam, porém sem marcações para
identificar os índices de temperatura, continuar
desorientada.
Levantou a questão da limpeza, os cegos têm grande
dificuldade de identificar alguns tipos de sujeiras quando
estas não possuiem odores ou tem pouca textura.
Quando vai à loja comprar um produto novo, testa todos e
escolhe o que melhor se adaptar. Porém tem sua marca
predileta.
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14. 3. PÚBLICO: ETNOGRAFIA
- No fogão, primeiro procura onde está a trempe, põe a mão
na boca, coloca a panela e acende o fogo.
- Para facilitar, usa sempre as bocas da frente.
- Os botões tem formato que ajudam a saber a temperatura.
- Marca o tempo no relógio de pulso, que fala as horas.
- Sabe que o forno está aceso pelo calor, mas não sabe qual
temperatura está usando.
- No micro-ondas, com botões planos, aperta qualquer um
para ligar, abre a porta para desligar. Para saber se está quente,
abre e experimenta, sente a temperatura.
- No refrigerador, não saber regular a temperatura.
- No freezer, não sabe o que está congelado. Procura lembrar
a embalagem.
- Na máquina de lavar, vai girando o botão e através do som,
reconhece se está enchendo, batendo ou centrifugando.
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16. 3. PÚBLICO: ETNOGRAFIA
ZILDA E JOSÉ BISPO
Ela, 45 anos, cega desde os 13
Ele, 59 anos, cego desde os 16
Casados, ambos trabalham em hospitais com radiologia.
Completamente independentes, moram sozinhos e tem
uma empregada que vai 3 vezes na semana para auxiliar na
limpeza da casa.
Dependem dos sons para se orientarem e o silêncio torna-
se importante para que não percam seus referênciais.
Como todos os relatos, condemam o uso inconsequente
da tecnologia e se sentem prejudicados pela digitalização
dos eletrodomésticos.
Utilizam vários recursos para adaptar os produtos à suas
necessidades e sentem-se frustrados com tal descaso. Na
loja a decisão de compra está na facilidade de operação
que o produto oferece. A marca fica em segundo plano.
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17. 3. PÚBLICO: ETNOGRAFIA
FOGÃO
- Zilda fez um bolo, provando que não tem dificuldade de adaptação.
- O fogão tem acendimento automático.
- A localização da trempe inicialmente é pelo tato. Quando está
quente, localiza pelo calor.
- Usa o som do gás como indicativo de funcionamento.
REFRIGERADOR
- Dificuldade para regular a temperatura.
- Tudo está sempre no mesmo lugar e organiza os alimentos em potes.
MICRO-ONDAS E MÁQUINA DE LAVAR ROUPAS
- Modelo analógico que gira, mais fácil de operar
- Paineis lisos ou touchscreen tornam os produtos quase impossíveis
de serem usados.
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20. 4. DESIGN UNIVERSAL
Design Universal se trata do design de produtos e ambientes usáveis por todas as pessoas,
na maior extensão possível, sem necessidade de adaptação ou projeto especializado.
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21. 4. DESIGN UNIVERSAL: PRINCÍPIOS
USO IGUALITÁRIO
1 O design é útil e vendável para pessoas com diversas habilidades;
FLEXIBILIDADE DE USO
2 O design acomoda uma grande extensão de rpeferências e
habilidades individuais;
USO SIMPLES E INTUITIVO
3 Design de fácil compreensão, independente da experiência,
conhecimento, idioma ou nível de educação do usuário;
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22. 4. DESIGN UNIVERSAL: PRINCÍPIOS
INFORMAÇÃO PERCEPTÍVEL
4 O design comunica a informação necessária de maneira efetiva
ao usuário, independente de condições ambientais ou habilidades
sensoriais do usuário;
TOLERÂNCIA A ERRO
5 O design minimiza perigo e consequências adversas de ações
acidentais ou não-intencionais;
BAIXO ESFORÇO FÍSICO
6 O design pode ser usado de maneira eficiente e confortável com
o mínimo de esforço;
TAMANHO E ESPAÇO PARA ACESSO E USO
7 Tamanho e espaço apropriados são providos para dar acesso,
alcance, possibilidades de manipulação e uso, independente de
tamanho, postura ou nível de mobilidade do usuário;
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24. 5. CONSULTORIA
Na fase de etnografia percebemos que os deficientes Baseando-se na filosofia do DESIGN UNIVERSAL, o
visuais possuem um nível elevado de independência. Suas grupo optou por trabalhar soluções inclusivas, melhorias
limitações são dribladas por outros recursos que utilizam de acessibilidade que facilitem o manuseio dos produtos
para adaptar os produtos às suas necessidades. não só dos cegos, mas também do público idoso,
pessoas com baixa visão e não-alfabetizados.
Possuem um círculo grande de amizade e a propaganda
boca a boca sobre produtos tem grande poder. A decisão O caminho escolhido opta por resoluções de baixo custo
da compra está na facilidade de operação que o produto que possibilitam uma implementação imediata e atingir
oferece. O preço e a marca ficam em segundo plano. uma parcela relativamente grande de consumidores.
Uma vez que as medidas não terão um impacto grande
Embora a escolha dependa da facilidade do uso e a na produção, provavelmente não influenciará no preço,
capacidade de adaptação seja grande, o nível de tornando o consumo viável.
insatisfação e frustração do público é enorme.
O projeto deve ser considerado então como um guia de
design para inclusão, e pode ser aplicado em todas as
marcas do grupo MABE, fazendo assim com que seus
produtos possuam excelência em Acessibilidade
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25. 5. CONSULTORIA
Dificuldade:
Painéis lisos de membrana encontrados em microondas,
máquinas de lavar roupa e louças, fogões e geladeiras.
São lisos, sem texturas ou saliências, dificuldade de identificar
os botões através do tato e pouco feedback ou resposta
confusa pro usuário.
Soluções:
- Dispositivo giratório, sempre que possível, com clique e
relevos indicativos;
- Funções principais com relevo em braille;
- Indicação do número 5 para orientação sobre os números;
- Audio descrição, audio feedback para estágios do processo
de cozimento, congelamento, lavagem, etc;
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26. 5. CONSULTORIA
Dificuldade:
Painéis digitais touch screen encontrados em microondas, e
alguns refrigeradores.
São lisos, sem texturas ou saliências, difíceis de identificar os
comandos através do tato, nenhum feedback tatil e resposta
sonora confusa.
Soluções:
- Recurso audio descritivo;
- Leitura ao passar o dedo, acionamento com duplo clique;
- Película removível em braille.
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27. 5. CONSULTORIA
Dificuldades específicas: REFRIGERADOR
1) Regulagem da temperatura
(manípulo não permite saber qual número está)
2) Identificação dos produtos congelados
3) Esbarrar e derrubar potes sem tampa
Soluções:
- Manipulo com indicativo de direção;
- Manipulo com clique;
- Números em relevo;
- Botões (1, 2, 3, 4 e 5) para níveis;
- compartimentos diferenciados com descrições em braille;
- Presilhas diferenciadoras (frango, carne moída, bife, peixe, etc.)
- Abas nas prateleiras (tipo bandeja)
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28. 5. CONSULTORIA
Dificuldades específicas: FOGÃO
1) Localização da trempe / centralização da panela na boca;
2) Regulagem de temperatura;
3) Manipulação do forno e chamas do fogão.
Soluções:
- Manipulos com indicativos de direção e identificador de níveis;
- Grafismos com relevos indicando os estágios;
- Timer com resposta auditiva e clique para níveis de minutos;
- Sonorizador para notificar forno ligado ou apagado;
- Saliência nas extremidades das trempes para centralizar
panelas à boca do fogão.
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29. 5. CONSULTORIA
OUTROS
Em suma, o uso do braille deve ser incentivado. Seja na
implementação direta dentro do processo de produção do
produto ou como kit complementar que acompanhe a venda.
Os cegos têm grande dificuldade de utilizar o produto por
completo. Dificilmente eles têm noção de todas as funções de
um produto, sendo privados de todos os recursos os quais
compraram.
Todos os eletrodomesticos devem acompanhar um CD de audio
especial com instruções de uso para cegos. Se possível, um
manual em braille.
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31. 6. CONCLUSÃO
Os deficientes visuais não necessitam de produtos específicos pois se adaptam com
facilidade.
Os pontos críticos identificados podem ter soluções que fazem a inclusão dos cegos e
também portadores de outras deficiências, idosos e analfabetos.
Ações e Oportunidades:
1) Criar campanhas que promovam os produtos e divulguem suas características de
acessibilidade.
2) Orientação em loja no momento da venda que indique os produtos com facilidade de uso
para este público.
3) Fazer parcerias com associações para deficientes visuais, promovendo eventos e cursos
utilizando os novos eletrodomesticos e assim disseminando os beneficios dos produtos.
A MABE deve ser a embaixadora da acessibilidade, se destacar no mercado como empresa
inovadora e socialmente consciente.
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32. “A gente enxerga o que ouvimos e o que sentimos” (Zilda)
OBRIGADO!
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