O documento discute as diferenças entre práticas eficazes e práticas excelentes. Práticas eficazes visam objetivos externos ao agente enquanto práticas excelentes visam objetivos internos e auto-realização. A aquisição de virtudes intelectuais e de caráter é essencial para práticas excelentes, mas requer o desenvolvimento de bons hábitos através da prática orientada pela razão.
2. Práticas Eficazes e Práticas
Excelentes
● Práticas eficazes: visam atingir de
forma adequada objectivos exteriores
ao agente e incluem actividades
relacionadas com a aquisição de bens
interiores
● Práticas excelentes: visam atingir
objectivos interiores ao agente e
incluem actividades relacionadas com
a aquisição de bens interiores
3. Práticas Eficazes e Práticas
Excelentes
● Uma actividade promove o
florescimento do agente quando
contribui para a sua auto-actualização e
realização pessoal
● Actividade com objectivos internos ao
agente: dá prazer, vale por si própria e
não se destina prioritariamente à
construção de um produto com valor de
mercado
4. Práticas Eficazes e Práticas
Excelentes
● As práticas excelentes geram prazer
por si próprias e o prazer gerado
acompanha a realização da actividade
● As práticas eficazes geram prazer
quando o agente conclui com sucesso
a actividade
● As práticas realizam-se, regra geral,
em instituições
5. Práticas Eficazes e Práticas
Excelentes
● O negócio das instituições é a
produção de bens com valor de
mercado
● A escola é uma instituição, mas o
ensino é uma prática
● Mas a escola é uma instituição de tipo
diferente porque produz bens
interiores (virtudes intelectuais e
virtudes do carácter)
6. Práticas Eficazes e Práticas
Excelentes
● As instituições estão estruturadas em
termos de estatuto, poder e hierarquia
● As práticas excelentes são conjuntos de
actividades que exigem a mobilização das
virtudes intelectuais e das virtudes do
carácter
● O ensino pode ser uma prática excelente
● As instituições visam a eficácia e
enfatizam as práticas eficazes
● Por vezes, há contradição entre a
exigência de produção de práticas eficazes
7. Práticas Eficazes e Práticas
Excelentes
● Quando a escola está impregnada de
virtudes intelectuais e de virtudes do
carácter, essa contradição desaparece
● Bens internos: são considerados bons
em si; não são instrumentais
(exemplos: as virtudes do carácter)
● Bens externos: são bons para alcançar
outros bens; são instrumentais
(exemplos: a fama, a glória e todos os
bens materiais)
8. Práticas Eficazes e Práticas
Excelentes
● As práticas excelentes só têm condições
para se desenvolver nas instituições em
que os bens exteriores estão ao serviço
e dependem dos bens interiores
● Quando acontece o contrário, as
instituições tendem a tornar-se
corruptas e o agente não tem
oportunidade para o desenvolvimento de
práticas excelentes nem para realizar o
seu florescimento pessoal
9. Práticas Eficazes e Práticas
Excelentes
● A ética na prática pedagógica exige a
aquisição e o uso das virtudes
intelectuais (inteligência, sabedoria e
prudência) e das virtudes do carácter
(justiça, coragem, temperança,
esperança, generosidade, amizade,
etc.)
● O problema é que as virtudes do
carácter não se ensinam. Adquirem-se
através da prática e dos hábitos
10. Práticas Eficazes e Práticas
Excelentes
● As virtudes do carácter são adquiridas
da mesma forma que adquirimos a
mestria nas artes e nos ofícios: pela
prática, experiência, exemplo e hábitos.
● Um comunidade hostil à aquisição de
bons hábitos constitui um obstáculo à
aquisição das virtudes do carácter
● Há muitas escolas públicas que são
comunidades hostis à aquisição de
bons hábitos
11. Práticas Eficazes e Práticas
Excelentes
● Quando as políticas educativas
enfatizam a aquisição e a conservação
dos maus hábitos, a escola tende a
tornar-se uma comunidade onde se
adquirem os vícios (imprudência,
insensibilidade, cobardia, preguiça,
desleixo, injustiça, etc.) porque os
vícios adquirem-se da mesma forma
que as virtudes do carácter: pela
prática, o exemplo e os hábitos
12. Práticas Eficazes e Práticas
Excelentes
● Da mesma forma que um mau
professor de piano produz um mau
pianista, também os professores e os
pais pouco preocupados com as
virtudes do carácter tendem a
favorecer o desenvolvimento do mau
carácter nas crianças e nos jovens
13. Práticas Eficazes e Práticas
Excelentes
● O prazer e a dor têm um papel crucial
no processo de habituação e no
desenvolvimento das virtudes do
carácter
● Resulta daqui que a educação correcta
é a que nos faz sentir prazer das
coisas certas e dor das coisas que são
apropriadas à gestação da dor
14. Práticas Eficazes e Práticas
Excelentes
● A aquisição de bons hábitos não se faz
apenas pela repetição
● O uso da razão prática é necessário ao
processo de aperfeiçoamento e
correcção dos hábitos
● O hábito pode ser visto de forma
crítica e reflexiva
● As deficiências no uso da razão
prática não são fixas e podem ser
15. Práticas Eficazes e Práticas
Excelentes
● A criança precisa da orientação de uma razão
externa porque ainda não possui capacidades
deliberativas completamente desenvolvidas
● Quem não possui o domínio da razão prática
necessita da orientação e correcção de um
agente que saiba fazer uso da razão prática
● Nesse sentido, não há educação digna sem o
exercício da autoridade
● Políticas educativas que retirem autoridade aos
professores não podem promover uma
educação digna
16. Práticas Eficazes e Práticas
Excelentes
● Uma vez que a prática não é mecânica e a
repetição tem de ser crítica, o processo
de aprendizagem do uso da razão prática
precisa de um mestre investido de
autoridade
● Mas os professores só podem
desempenhar esse papel se possuírem
as virtudes do carácter, porque um mau
mestre faz do aprendiz um mau
praticante
17. Bibliografia Básica
● Hooft, S. (2006). Understanding Ethics. Bucks: Acumen
● Knight, K. (2007). Aristotelian Philosophy: Ethics and
Politics from Aristotle to Macintyre. Cambridge: Polity
● Knight, K. (Ed.) (1998). The Macintyre Reader.
Cambridge: Polity
● Lannstrom, A. (2006). Loving the Fine. Indiana: Notre
dame University
● Welchman, J. (Ed.) (2006). The Practice of Virtue: Classic
and Contemporary Readings in Virtue Ethics.
Cambridge: Hackett