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“Leituras de Leo Waibel:

natureza e técnica na agricultura catarinense

de ontem e de hoje”




              Aula 3

                                         Curso de Extensão a Distância
                                Universidade Federal de Santa Catarina
                                Centro de Filosofia e Ciências Humanas
                             Programa de Pós-graduação em Geografia

                                                        Organização:
                                              Renata Rogowski Pozzo
                     Doutoranda em Desenvolvimento Regional e Urbano
                                               Bolsista CAPES/REUNI

                                                      Sidnei Niederle
                      Mestrando em Desenvolvimento Regional e Urbano
                                                                 1
                                                       Bolsista CNPq
Aula 3 – 10 a 16/10


Leo Waibel escreve nesta Aula 3 sobre o “Tamanho das
Propriedades”, e propõe a idéia de “minimale Ackemahrung”,
que expressa a mínima quantidade de terra necessária para
proporcionar a um agricultor e sua família a subsistência, ou
ainda, para gerar excedentes mediante a prática de algum dos
sistemas agrícolas descritos na aula anterior.

Nas páginas finais desta aula você encontra Informações
Complementares e, dentro destas, 6 questões para
reflexão.

Nesta aula, nossas discussões serão realizadas
exclusivamente via “Fórum de comentários”, que já está
aberto no aberto blog. Por isso, escolha uma questão,
comente e discuta livremente o texto durante a semana
com seus colegas.

E-mail do curso: cursowaibel@gmail.com
Blog do curso: cursowaibel.blogspot.com


                                                Boa Leitura!




                                                                2
3
4
5
6
Informações Complementares
Aula 3
            Uma preocupação constante de Waibel em seus escritos
refere-se ao tamanho das propriedades dos colonos nas áreas de mata. O
recurso analítico expresso no conceito de minimale Ackernahrung, indica a
quantidade mínima necessária de terra para proporcionar a uma família
agricultora um padrão econômico e cultural decente. Vemos que este é um
problema que incomodou o autor em meados do século XX mas que
continua atual.
            Ao analisar um aspecto como a adequação dos sistemas de
produção relacionados ao tamanho da área dos estabelecimentos na
atualidade, este conceito proposto por Waibel ainda nos é útil. Portanto,
vamos propor duas pequenas reflexões para melhor visualizar esta
questão:


1) Considerando a técnica utilizada na agricultura das várias
regiões de Santa Catarina hoje, em quais destas regiões percebe-
se que o tamanho (normalmente em hectares) de determinada
propriedade garante este padrão econômico e cultural decente?


2) Sabemos que existem Assentamentos de Reforma Agrária na
microrregião de Curitibanos. O tamanho dos lotes foi definido pelo
próprio INCRA, órgão responsável pelos programas fundiários no
Brasil. Perguntamos: quais foram os critérios adotados pelo órgão
para definir este tamanho dos lotes? E, este tamanho é adequado
para garantir a reprodução sócio-econômica de diferentes famílias,
com número diferente de membros e outros aspectos
característicos   do   público   sabidamente    heterogêneo    dos
assentamentos? As diferenças de topografia, fertilidade dos solos,
infraestrutura básica no espaço rural estão sendo consideradas?

            Neste sentido, cabe traçar um paralelo entre os sistemas
produtivos agrários mais comuns e os tamanhos de propriedade. Há que
considerar que as formas de agricultura são complexas e a sua
organização e funcionamento merecem, por um lado, o estudo do processo
de diferenciação geográfica ocorrido ao longo do tempo. Por outro lado, é
necessário retomar a idéia de paisagem cultural, que permitiria ao
observador uma visão de totalidade, necessária para compreender a
diversidade e a complexidade do espaço rural.
                                                                            7
Assim, lembrando das informações da Aula 2 deste curso,
               em que tratamos da forma de utilização das terras, é possível supor que
               a área mínima necessária num sistema extensivo de produção pecuária
               em pastos naturais, sem uso de fertilizantes e outras práticas de
               manejo, deva ser maior do que seria se o pasto fosse de alta qualidade e
               diferentes formas de manejo permitissem a produção de um número
               maior de bois por hectares de pasto.
         Tabela 1: Distribuição dos grupos de área total entre os censos
         agropecuários de 1975, 1985, 1995 e 2006. Brasil, Região Sul e
         Santa Catarina.
                                                                             Variável X Ano
  Unidade        Grupos de
 territorial     área total     Número de estabelecimentos agropecuários Número de estabelecimentos          Área dos estabelecimentos
                                                  (Un)                       agropecuários (%)                  agropecuários (%)
                                 1975       1985       1995       2006   1975 1985 1995 2006                1975 1985 1995 2006
                Total          4.993.252 5.801.809 4.859.865 5.175.489 100      100     100    100          100     100     100    100
                Menos de 10
                               2.601.860   3.064.822   2.402.374   2.477.071   52,1   52,8    49,4   47,9   2,77   2,66   2,23    2,36
                ha
                10 a menos
                               1.898.949   2.160.340   1.916.487   1.971.577    38    37,2    39,4   38,1   18,6   18,6   17,7    19,1
                de 100 ha
Brasil          Menos de 100
                               4.500.809   5.225.162   4.318.861   4.448.648   90,1   90,1    88,9   86     21,4   21,2    20     21,4
                ha
                100 a menos
                               446.170     517.431     469.964     424.906     8,94   8,92    9,67   8,21   35,8   35,1   34,9    34,2
                de 1000 ha
                1000 ha e
                                41.468      50.411      49.358      46.911     0,83   0,87    1,02   0,91   42,9   43,7   45,1    44,4
                mais
                Total          1.156.580   1.198.542   1.003.180   1.006.181   100    100     100    100    100    100    100     100
                Menos de 10
                               460.724     502.675     377.761     406.481     39,8   41,9    37,7   40,4   5,2    5,12   4,28    4,43
                ha
                10 a menos
                               630.591     625.123     555.246     515.456     54,5   52,2    55,4   51,2   36,3   34,6   33,7    32,9
                de 100 ha
Sul             Menos de 100
                               1.091.315   1.127.798   933.007     921.937     94,4   94,1    93     91,6   41,5   39,7    38     37,3
                ha
                100 a menos
                                58.820      64.419      64.390      59.965     5,09   5,37    6,42   5,96    34    36,3   39,3    39,9
                de 1000 ha
                1000 ha e
                                5.202       5.448       5.030       4.468      0,45   0,45    0,5    0,44   24,5    24    22,7    22,7
                mais
                Total          206.505     234.973     203.347     193.663     100    100     100    100    100    100    100     100
                Menos de 10
                                69.921      91.883      72.462      69.390     33,9   39,1    35,6   35,8   5,01   6,05   5,51    5,53
                ha
                10 a menos
                               127.931     133.536     122.036     112.444      62    56,8    60     58,1   50,7   46,6   47,4    47,1
                de 100 ha
Santa
                Menos de 100
Catarina                       197.852     225.419     194.498     181.834     95,8   95,9    95,7   93,9   55,7   52,6   52,9    52,6
                ha
                100 a menos
                                8.170       8.861       8.231       7.256      3,96   3,77    4,05   3,75   28,9   30,4   31,4    29,5
                de 1000 ha
                1000 ha e
                                 475         571         508         451       0,23   0,24    0,25   0,23   15,4    17    15,8   817,9
                mais
   Fonte: IBGE – Censo Agropecuário de 2006.
A tabela 1, acima, apresenta os diferentes grupos de área
classificados pelo IBGE nos Censos agropecuários de 1975, 1985, 1995 e
2006 para o Brasil, a Região Sul e Santa Catarina. No primeiro estrato de
área, no caso do Brasil observa-se uma redução gradativa da participação
percentual deste no total dos estabelecimentos. Passou de 52% em 1975
para menos de 48% em 2006. Da mesma forma, a participação em termos
de área passou de 2,77% para 2,36% no período.
             No outro extremo, por sua vez, os estabelecimentos com área
superior a 1.000 hectares, portanto grandes latifúndios, representavam
0,83% dos estabelecimentos rurais em 1975, passando a 1,02% em 1995 e
novamente diminuindo sua participação para 0,91% em 2006. A área
ocupada por estes poucos estabelecimentos, porém, representava 42,9%
no primeiro ano, 45,1% no segundo e em 2006 estes poucos
estabelecimento concentravam 44,4% das terras no país.
             Dos 5.175.489 estabelecimento rurais existentes no Brasil em
2006, 86% eram de área inferior a 100 hectares, o que representava
naquele ano 21,4% do total das terras. Os 8,21% dos estabelecimentos
com tamanho entre 100 e 1000 hectares concentravam 34,2% das terras.

3) A que conclusões podemos chegar a partir destas informações
referentes à região Sul e o Estado de Santa Catarina?

            O Censo Agropecuário de 2006 (IBGE) traz uma novidade que
para a Região Sul e especialmente Santa Catarina amplia a possibilidade de
diagnóstico da realidade rural. Trata-se de estudos específicos sobre a
categoria social reconhecida como Agricultura Familiar, organização
produtiva muito expressiva no estado. Tal medida foi motivada pela
promulgação da Lei 11.326 de 2006 que: “Art. 1o Esta Lei estabelece os
conceitos, princípios e instrumentos destinados à formulação das políticas
públicas direcionadas à Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares
Rurais”.
            Como caracterização de agricultor familiar a Lei estabelece o
seguinte:

Art. 3o     Para os efeitos desta Lei, considera-se agricultor familiar e
empreendedor familiar rural aquele que pratica atividades no meio rural,
atendendo, simultaneamente, aos seguintes requisitos:
I - não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos
fiscais;
II - utilize predominantemente mão-de-obra da própria família nas
atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento;
III - tenha renda familiar predominantemente originada de atividades
econômicas vinculadas ao próprio estabelecimento ou empreendimento;
IV - dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família.        9
A partir da redemocratização do Brasil, em meados da década de
1980, são sinalizadas mudanças na ação do Estado no sentido de apoiar um
amplo segmento social historicamente marginalizado. Volta à cena o debate
sobre reforma agrária e o movimento social do campo se fortalece e inicia um
intenso trabalho reivindicativo (organização sindical se fortalece, surge o
MST, MAB e outros). Aliado a estes processos sociais, já na década de 1990
os agricultores familiares deixam de ser meros coadjuvantes no processo de
desenvolvimento rural do país e despontam como os principais colaboradores
para a sustentabilidade do fornecimento interno de alimentos.
            Em 1996 foi criado o PRONAF (Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar), um amplo programa de crédito
fornecido em condições especiais a este segmento produtivo da sociedade. O
PRONAF também patrocina a instalação, em parceria com municípios, de
infraestrutura no espaço rural (melhoria de estradas, construção de barracões
de apoio à produção e comercialização, financia agroindústrias, etc).
            Neste sentido, apresentamos abaixo (tabela 2) informações
específicas sobre os estabelecimentos deste público. No Brasil, o censo
agropecuário de 2006 identificou 5.175.489 estabelecimentos agropecuários
cuja área total é de 329.941.393 hectares. Mais de 84% destes
estabelecimentos agropecuários se enquadram nos critérios estabelecidos
pela Lei 11.326/2006. Estes, porém, ocupam apenas 24% da área. 75% da
área é dominada por 15% dos estabelecimento agropecuários.
            Análises mais detalhadas deixaremos para os participantes do
curso fazerem a partir da observação da tabela e debate nos Fóruns de
discussão. De qualquer forma, chamamos atenção para alguns aspectos
perceptíveis na Microrregião de Curitibanos. Diferente do que ocorre para o
total do Estado de Santa Catarina, nesta Microrregião é mais expressiva a
presença de estabelecimentos não familiares, estes também ocupando maior
extrato de área. O tamanho médio da área dos estabelecimentos (dividimos a
área em ha pelo número de estabelecimentos) não familiares é de 283,5
hectares, mais que o dobro do estado como um todo. Praticamente 80% da
área da Microrregião está concentrada em 22% dos estabelecimentos. Isto
indica que é mais expressiva a pratica da agropecuária em extensões maiores
de terra.




                                                                            10
Tabela 2: Distribuição dos estabelecimentos agropecuários, área e
      tamanho médio da propriedade por categoria de produtor. Brasil,
      Região Sul, Santa Catarina e Microrregião de Curitibanos, 2006.

                                     Número de est.   Número de est.    Área dos est.    Área dos est.    Tamanho
    Unidade            Tipo de
                                     agropecuários    agropecuários    agropecuários    agropecuários    médio do est.
   Territorial     estabelecimento
                                         (Un)             (%)              (ha)             (%)             (ha)
                   Total               5.175.489           100          329.941.393          100            63,8
                   Não familiar         807.587            15,6         249.690.940         75,68           309,2
Brasil
                   Agricultura
                                       4.367.902           84,4         80.250.453          24,32            18,4
                   familiar
                   Total               1.006.181           100          41.526.157           100            41,3
                   Não familiar         156.184           15,52         28.459.566          68,53           182,2
Sul
                   Agricultura
                                        849.997           84,48         13.066.591          31,47            15,4
                   familiar
                   Total                193.663            100           6.040.134           100            31,2
                   Não familiar         25.119            12,97          3.395.047          56,21           135,2
Santa Catarina
                   Agricultura
                                        168.544           87,03          2.645.088          43,79            15,7
                   familiar
                   Total                 6.163             100            489.450            100            79,4
                   Não familiar          1.380            22,39           391.257           79,94           283,5
Curitibanos - SC
                   Agricultura
                                         4.783            77,61           98.193            20,06            20,5
                   familiar
Fonte: Censo Agropecuário 2006 - IBGE
                    Por fim, colocamos mais algumas perguntas para reflexão:

 4) Na Síntese Anual da Agricultura de Santa Catarina de 2009/2010,
 publicada pela Epagri/CEPA, conclui-se que a agricultura familiar é a
 grande responsável pela dinamização econômica do setor rural
 catarinense. O que é mais dinâmico na Microrregião de Curitibanos, a
 forma de agricultura praticada nos estabelecimentos familiares, ou a
 agropecuária não familiar, praticada em áreas maiores?

 5) Apenas um sistema agrícola adequado ao tamanho de área é
 suficiente para oferecer ao agricultor e sua família uma condição
 socioeconômica e cultural decente?

 6) Existe infraestrutura e outros serviços instalados no meio rural –
 boas estradas, acesso a informação (educação, acesso a internet,
 etc), escolas, postos de saúde, lazer, etc. – para garantir aos
 agricultores e familiares a condição econômica e cultural decente que
 já era preocupação de Waibel na metade do século XX?
                                                                                                                         11

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Waibel aula 3

  • 1. “Leituras de Leo Waibel: natureza e técnica na agricultura catarinense de ontem e de hoje” Aula 3 Curso de Extensão a Distância Universidade Federal de Santa Catarina Centro de Filosofia e Ciências Humanas Programa de Pós-graduação em Geografia Organização: Renata Rogowski Pozzo Doutoranda em Desenvolvimento Regional e Urbano Bolsista CAPES/REUNI Sidnei Niederle Mestrando em Desenvolvimento Regional e Urbano 1 Bolsista CNPq
  • 2. Aula 3 – 10 a 16/10 Leo Waibel escreve nesta Aula 3 sobre o “Tamanho das Propriedades”, e propõe a idéia de “minimale Ackemahrung”, que expressa a mínima quantidade de terra necessária para proporcionar a um agricultor e sua família a subsistência, ou ainda, para gerar excedentes mediante a prática de algum dos sistemas agrícolas descritos na aula anterior. Nas páginas finais desta aula você encontra Informações Complementares e, dentro destas, 6 questões para reflexão. Nesta aula, nossas discussões serão realizadas exclusivamente via “Fórum de comentários”, que já está aberto no aberto blog. Por isso, escolha uma questão, comente e discuta livremente o texto durante a semana com seus colegas. E-mail do curso: cursowaibel@gmail.com Blog do curso: cursowaibel.blogspot.com Boa Leitura! 2
  • 3. 3
  • 4. 4
  • 5. 5
  • 6. 6
  • 7. Informações Complementares Aula 3 Uma preocupação constante de Waibel em seus escritos refere-se ao tamanho das propriedades dos colonos nas áreas de mata. O recurso analítico expresso no conceito de minimale Ackernahrung, indica a quantidade mínima necessária de terra para proporcionar a uma família agricultora um padrão econômico e cultural decente. Vemos que este é um problema que incomodou o autor em meados do século XX mas que continua atual. Ao analisar um aspecto como a adequação dos sistemas de produção relacionados ao tamanho da área dos estabelecimentos na atualidade, este conceito proposto por Waibel ainda nos é útil. Portanto, vamos propor duas pequenas reflexões para melhor visualizar esta questão: 1) Considerando a técnica utilizada na agricultura das várias regiões de Santa Catarina hoje, em quais destas regiões percebe- se que o tamanho (normalmente em hectares) de determinada propriedade garante este padrão econômico e cultural decente? 2) Sabemos que existem Assentamentos de Reforma Agrária na microrregião de Curitibanos. O tamanho dos lotes foi definido pelo próprio INCRA, órgão responsável pelos programas fundiários no Brasil. Perguntamos: quais foram os critérios adotados pelo órgão para definir este tamanho dos lotes? E, este tamanho é adequado para garantir a reprodução sócio-econômica de diferentes famílias, com número diferente de membros e outros aspectos característicos do público sabidamente heterogêneo dos assentamentos? As diferenças de topografia, fertilidade dos solos, infraestrutura básica no espaço rural estão sendo consideradas? Neste sentido, cabe traçar um paralelo entre os sistemas produtivos agrários mais comuns e os tamanhos de propriedade. Há que considerar que as formas de agricultura são complexas e a sua organização e funcionamento merecem, por um lado, o estudo do processo de diferenciação geográfica ocorrido ao longo do tempo. Por outro lado, é necessário retomar a idéia de paisagem cultural, que permitiria ao observador uma visão de totalidade, necessária para compreender a diversidade e a complexidade do espaço rural. 7
  • 8. Assim, lembrando das informações da Aula 2 deste curso, em que tratamos da forma de utilização das terras, é possível supor que a área mínima necessária num sistema extensivo de produção pecuária em pastos naturais, sem uso de fertilizantes e outras práticas de manejo, deva ser maior do que seria se o pasto fosse de alta qualidade e diferentes formas de manejo permitissem a produção de um número maior de bois por hectares de pasto. Tabela 1: Distribuição dos grupos de área total entre os censos agropecuários de 1975, 1985, 1995 e 2006. Brasil, Região Sul e Santa Catarina. Variável X Ano Unidade Grupos de territorial área total Número de estabelecimentos agropecuários Número de estabelecimentos Área dos estabelecimentos (Un) agropecuários (%) agropecuários (%) 1975 1985 1995 2006 1975 1985 1995 2006 1975 1985 1995 2006 Total 4.993.252 5.801.809 4.859.865 5.175.489 100 100 100 100 100 100 100 100 Menos de 10 2.601.860 3.064.822 2.402.374 2.477.071 52,1 52,8 49,4 47,9 2,77 2,66 2,23 2,36 ha 10 a menos 1.898.949 2.160.340 1.916.487 1.971.577 38 37,2 39,4 38,1 18,6 18,6 17,7 19,1 de 100 ha Brasil Menos de 100 4.500.809 5.225.162 4.318.861 4.448.648 90,1 90,1 88,9 86 21,4 21,2 20 21,4 ha 100 a menos 446.170 517.431 469.964 424.906 8,94 8,92 9,67 8,21 35,8 35,1 34,9 34,2 de 1000 ha 1000 ha e 41.468 50.411 49.358 46.911 0,83 0,87 1,02 0,91 42,9 43,7 45,1 44,4 mais Total 1.156.580 1.198.542 1.003.180 1.006.181 100 100 100 100 100 100 100 100 Menos de 10 460.724 502.675 377.761 406.481 39,8 41,9 37,7 40,4 5,2 5,12 4,28 4,43 ha 10 a menos 630.591 625.123 555.246 515.456 54,5 52,2 55,4 51,2 36,3 34,6 33,7 32,9 de 100 ha Sul Menos de 100 1.091.315 1.127.798 933.007 921.937 94,4 94,1 93 91,6 41,5 39,7 38 37,3 ha 100 a menos 58.820 64.419 64.390 59.965 5,09 5,37 6,42 5,96 34 36,3 39,3 39,9 de 1000 ha 1000 ha e 5.202 5.448 5.030 4.468 0,45 0,45 0,5 0,44 24,5 24 22,7 22,7 mais Total 206.505 234.973 203.347 193.663 100 100 100 100 100 100 100 100 Menos de 10 69.921 91.883 72.462 69.390 33,9 39,1 35,6 35,8 5,01 6,05 5,51 5,53 ha 10 a menos 127.931 133.536 122.036 112.444 62 56,8 60 58,1 50,7 46,6 47,4 47,1 de 100 ha Santa Menos de 100 Catarina 197.852 225.419 194.498 181.834 95,8 95,9 95,7 93,9 55,7 52,6 52,9 52,6 ha 100 a menos 8.170 8.861 8.231 7.256 3,96 3,77 4,05 3,75 28,9 30,4 31,4 29,5 de 1000 ha 1000 ha e 475 571 508 451 0,23 0,24 0,25 0,23 15,4 17 15,8 817,9 mais Fonte: IBGE – Censo Agropecuário de 2006.
  • 9. A tabela 1, acima, apresenta os diferentes grupos de área classificados pelo IBGE nos Censos agropecuários de 1975, 1985, 1995 e 2006 para o Brasil, a Região Sul e Santa Catarina. No primeiro estrato de área, no caso do Brasil observa-se uma redução gradativa da participação percentual deste no total dos estabelecimentos. Passou de 52% em 1975 para menos de 48% em 2006. Da mesma forma, a participação em termos de área passou de 2,77% para 2,36% no período. No outro extremo, por sua vez, os estabelecimentos com área superior a 1.000 hectares, portanto grandes latifúndios, representavam 0,83% dos estabelecimentos rurais em 1975, passando a 1,02% em 1995 e novamente diminuindo sua participação para 0,91% em 2006. A área ocupada por estes poucos estabelecimentos, porém, representava 42,9% no primeiro ano, 45,1% no segundo e em 2006 estes poucos estabelecimento concentravam 44,4% das terras no país. Dos 5.175.489 estabelecimento rurais existentes no Brasil em 2006, 86% eram de área inferior a 100 hectares, o que representava naquele ano 21,4% do total das terras. Os 8,21% dos estabelecimentos com tamanho entre 100 e 1000 hectares concentravam 34,2% das terras. 3) A que conclusões podemos chegar a partir destas informações referentes à região Sul e o Estado de Santa Catarina? O Censo Agropecuário de 2006 (IBGE) traz uma novidade que para a Região Sul e especialmente Santa Catarina amplia a possibilidade de diagnóstico da realidade rural. Trata-se de estudos específicos sobre a categoria social reconhecida como Agricultura Familiar, organização produtiva muito expressiva no estado. Tal medida foi motivada pela promulgação da Lei 11.326 de 2006 que: “Art. 1o Esta Lei estabelece os conceitos, princípios e instrumentos destinados à formulação das políticas públicas direcionadas à Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais”. Como caracterização de agricultor familiar a Lei estabelece o seguinte: Art. 3o Para os efeitos desta Lei, considera-se agricultor familiar e empreendedor familiar rural aquele que pratica atividades no meio rural, atendendo, simultaneamente, aos seguintes requisitos: I - não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais; II - utilize predominantemente mão-de-obra da própria família nas atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento; III - tenha renda familiar predominantemente originada de atividades econômicas vinculadas ao próprio estabelecimento ou empreendimento; IV - dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família. 9
  • 10. A partir da redemocratização do Brasil, em meados da década de 1980, são sinalizadas mudanças na ação do Estado no sentido de apoiar um amplo segmento social historicamente marginalizado. Volta à cena o debate sobre reforma agrária e o movimento social do campo se fortalece e inicia um intenso trabalho reivindicativo (organização sindical se fortalece, surge o MST, MAB e outros). Aliado a estes processos sociais, já na década de 1990 os agricultores familiares deixam de ser meros coadjuvantes no processo de desenvolvimento rural do país e despontam como os principais colaboradores para a sustentabilidade do fornecimento interno de alimentos. Em 1996 foi criado o PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), um amplo programa de crédito fornecido em condições especiais a este segmento produtivo da sociedade. O PRONAF também patrocina a instalação, em parceria com municípios, de infraestrutura no espaço rural (melhoria de estradas, construção de barracões de apoio à produção e comercialização, financia agroindústrias, etc). Neste sentido, apresentamos abaixo (tabela 2) informações específicas sobre os estabelecimentos deste público. No Brasil, o censo agropecuário de 2006 identificou 5.175.489 estabelecimentos agropecuários cuja área total é de 329.941.393 hectares. Mais de 84% destes estabelecimentos agropecuários se enquadram nos critérios estabelecidos pela Lei 11.326/2006. Estes, porém, ocupam apenas 24% da área. 75% da área é dominada por 15% dos estabelecimento agropecuários. Análises mais detalhadas deixaremos para os participantes do curso fazerem a partir da observação da tabela e debate nos Fóruns de discussão. De qualquer forma, chamamos atenção para alguns aspectos perceptíveis na Microrregião de Curitibanos. Diferente do que ocorre para o total do Estado de Santa Catarina, nesta Microrregião é mais expressiva a presença de estabelecimentos não familiares, estes também ocupando maior extrato de área. O tamanho médio da área dos estabelecimentos (dividimos a área em ha pelo número de estabelecimentos) não familiares é de 283,5 hectares, mais que o dobro do estado como um todo. Praticamente 80% da área da Microrregião está concentrada em 22% dos estabelecimentos. Isto indica que é mais expressiva a pratica da agropecuária em extensões maiores de terra. 10
  • 11. Tabela 2: Distribuição dos estabelecimentos agropecuários, área e tamanho médio da propriedade por categoria de produtor. Brasil, Região Sul, Santa Catarina e Microrregião de Curitibanos, 2006. Número de est. Número de est. Área dos est. Área dos est. Tamanho Unidade Tipo de agropecuários agropecuários agropecuários agropecuários médio do est. Territorial estabelecimento (Un) (%) (ha) (%) (ha) Total 5.175.489 100 329.941.393 100 63,8 Não familiar 807.587 15,6 249.690.940 75,68 309,2 Brasil Agricultura 4.367.902 84,4 80.250.453 24,32 18,4 familiar Total 1.006.181 100 41.526.157 100 41,3 Não familiar 156.184 15,52 28.459.566 68,53 182,2 Sul Agricultura 849.997 84,48 13.066.591 31,47 15,4 familiar Total 193.663 100 6.040.134 100 31,2 Não familiar 25.119 12,97 3.395.047 56,21 135,2 Santa Catarina Agricultura 168.544 87,03 2.645.088 43,79 15,7 familiar Total 6.163 100 489.450 100 79,4 Não familiar 1.380 22,39 391.257 79,94 283,5 Curitibanos - SC Agricultura 4.783 77,61 98.193 20,06 20,5 familiar Fonte: Censo Agropecuário 2006 - IBGE Por fim, colocamos mais algumas perguntas para reflexão: 4) Na Síntese Anual da Agricultura de Santa Catarina de 2009/2010, publicada pela Epagri/CEPA, conclui-se que a agricultura familiar é a grande responsável pela dinamização econômica do setor rural catarinense. O que é mais dinâmico na Microrregião de Curitibanos, a forma de agricultura praticada nos estabelecimentos familiares, ou a agropecuária não familiar, praticada em áreas maiores? 5) Apenas um sistema agrícola adequado ao tamanho de área é suficiente para oferecer ao agricultor e sua família uma condição socioeconômica e cultural decente? 6) Existe infraestrutura e outros serviços instalados no meio rural – boas estradas, acesso a informação (educação, acesso a internet, etc), escolas, postos de saúde, lazer, etc. – para garantir aos agricultores e familiares a condição econômica e cultural decente que já era preocupação de Waibel na metade do século XX? 11