1. Teorias
Pellegrino nega que se deve buscar a raiz humanista da medicina, e que tal operação deve
passar pela redescoberta da tradição hipocrática.Beauchamp e Childress, por sua vez, propõem
uma teoria de princípios que determina quatro princípios para a ética biomédica: autonomia da
medicina, não-malefício, benefício e justiça. Robert Veatch propõe cinco pontos fundamentais
na relação entre o médico e o paciente: autonomia,justiça, compromisso, verdade e não matar.
A teoria utilitarista, em contraposição direta com o paradigma tradicional da ética médica,
remove a sacralidade da vida humana do centro da discussão e a substitui pelo paradigma de
maximização da qualidade de vida.
Contra os utilitaristas e consequencilistas, levantaram-se estudiosos da ética, e da bioética,
dos Estados Unidos e da Inglaterra. Um desses expoentes, John Finnis, propõe que a ética não
pode ser feita através de cálculos de maximização do prazer. Como o que era até então
proposto pelos utilitaristas. Fazer isso é tentar colocar em uma equação matemática incerta
probabilidades impossíveis de serem calculadas por estarem no futuro. P.ex., uma doença que é
incurável hoje, amanhã pode ou não ter sua cura descoberta. E, para alguém que tenta decidir
por fazer ou não a eutanásia de um doente nesse estado, pode parecer racional implementar a
morte do doente se for uma ação que atenuará seu sofrimento. Porém, como o futuro é incerto,
a situação poderia ser revertida por inúmeras circunstâncias imprevisíveis, como a descoberta
da cura. Da mesma forma, pareceria para uma mãe com gravidez indesejada um bem fazer um
aborto, na medida em que isso poderia parecer para ela um aumento em sua "qualidade de
vida". Visto que se livraria da responsabilidade de criar um filho e lhe prover os meios e
carinhos para o desenvolvimento. O que não pode ser moral e racional, ao menos a priori, e se
aceito, no mínimo merece fundamentações mais firmes e convincentes. Por isso, tomar como
base a maximização da "qualidade de vida", ou em realidade do prazer, não pode servir como
base racional para se resolver essas questões. Finnis propõe uma (bio)ética com bases racionais
diferenciadas e enraizadas na tradição clássica e nos filósofos analíticos do século XX.