Este documento descreve um estudo sobre a prevalência de anemia em gestantes atendidas em uma faculdade no Amapá entre agosto e dezembro de 2013. Os resultados mostraram que 50% das 18 gestantes analisadas eram anêmicas, e que a maioria (60%) apresentava níveis de hemoglobina entre 10,1-11,4g/dL, considerado abaixo do normal. A idade média das pacientes era de 27,3 anos.
1. REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228
59
Volume 15 - Número 2 - 2º Semestre 2015
PREVALÊNCIA DE ANEMIA EM GESTANTES ATENDIDAS NO LABORATÓRIO DA
FACULDADE ESTÁCIO-SEAMA EM MACAPÁ-AP NO ANO DE 2013
Joaquim Amoras Amanajás Neto¹; Claude Porcy2; Rubens Alex de Oliveira Menezes3;
Luiz Carlos Nascimento da Silva4; Flávio Henrique Ferreira Barbosa5
RESUMO
As gestantes em todo Brasil, constituem um dos grupos mais vulneráveis a adquirir anemias carências.
Segundo a OMS uma gestante com dosagem de hemoglobina abaixo de 11 g/dL é considerada anêmica. Esta
anemia pode apresentar graus variados de intensidade, de leve, moderada a grave. Estima-se que, de cada dez
gestantes que fazem o pré-natal, três são anêmicas. A deficiência de ferro, na sua forma mais grave, resulta
no que se denomina anemia ferropênica. As condições socioeconômicas têm intermediado frequentemente, a
concomitância entre a anemia e a deficiência de nutrientes, principalmente de ferro. Fatores como: baixa
renda, baixa escolaridade dos pais, biodisponibilidade de ferro na dieta, assistência à saúde, saneamento e
nutrição influenciam na prevalência da anemia na população, principalmente, infantil. É então de interesse,
visualizar a frequência de gestantes com anemia atendidas no Centro Clinica da Faculdade, tal como colocar
em evidência seus percentuais. Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo e analítico. Observou-se que
nos meses de Agosto a Dezembro de 2013, no total de 18 pacientes analisadas, (50%) destas encontravam-se
com a concentração de hemoglobina abaixo do valor de referência preconizado pela OMS e (60%),
encontram-se na faixa de 10,1 à 11,4 mg/dL, ou seja, com a dosagem de hemoglobina inferior. Cerca de 7
pacientes, (40%) apresentavam valores inferiores a 34% de Hematócrito, considerado relativamente baixo, a
média das pacientes por idade é de 27,3 anos. Sendo assim, estima-se que mais de 60% do total das pacientes
estudadas sofreram de anemia na gravidez devido aos fatores percentuais a baixo do normal.
Palavras-chave: Anemia carências, gravidez, hemoglobina.
PREVALENCE OF ANEMIA IN PREGNANT WOMEN FROM THE LABORATORY
ESTACIO SEAMA COLLEGE IN-MACAPA-AP IN 2013
ABSTRACT
The women throughout Brazil are among the most vulnerable groups to acquire anemia. According to WHO
dosage of a pregnant woman with hemoglobin below 11 g / dL is considered anemic. This anemic can
present varying degrees of intensity, from mild, moderate to severe. It is estimated that out of every ten
women who are prenatal, three are anemic. Iron deficiency, in its most severe form, results in what is called
iron deficiency anemic. Socioeconomic conditions have often brokered the concomitant anemia and
deficiency of nutrients, especially iron. Factors such as low income, low parental education, and
bioavailability of iron in the diet, health care, sanitation and nutrition influence the prevalence of anemia in
the population, especially childrens. Anemic deficiencies, pregnancy, hemoglobin. It is then of interest, view
the frequency of pregnant women with anemia treated at Clinical Center of the College as to highlight their
percentages. It is a descriptive and analytical study. It was observed that in the months of August to
December 2013, a total of 18 patients analyzed (50%) of these were with hemoglobin concentration below
the reference value recommended by WHO and (60%), are in the range of 10.1 to 11.4 mg / dL, ie, with a
hemoglobin concentration below. About 7 patients (40%) had values less than 34% hematocrit, considered
relatively low, the average age of patients is 27.3 years. Therefore, it is estimated that over 60% of patients
studied suffered from anemia in pregnancy due to the low percentage of normal factors.
Keywords: Anemic deficiencies, pregnancy, hemoglobin.
2. 60
INTRODUÇÃO
Sabe-se que a maternidade na segunda
década da vida é especialmente penosa, pois
além de criar problemas de ordem social e
psicológica para a maioria das gestantes,
frequentemente está associada com maior
incidência de intercorrências obstétricas e maior
risco de morbidade e mortalidade materna e
fetal. (BRASIL, 2003).
Visto esse problema como casuística é
importante ressaltar a investigação continua
entre a correlação entre a mãe e seus períodos
gestacionais tal como seu perfil hematológico,
em estudos que contextualizem e
exemplifiquem melhor esse contraste.
No contexto dos países
subdesenvolvidos ou emergentes, a anemia
ferropriva representa uma grave e importante
carência nutricional, porém ela não acomete
somente a população desses países, estando
presente, também, em países desenvolvidos. A
deficiência de ferro constitui um problema de
saúde pública de ordem mundial e que, ainda
hoje, possui uma alta prevalência (FUJIMORI et
al., 2000).
A deficiência de ferro é o agravo
nutricional mais prevalente no mundo, afetando
principalmente lactentes, pré-escolares,
adolescentes e grávidas. A principal
consequência dessa deficiência é a anemia, que
pode ser definida como uma redução anormal da
concentração de hemoglobina no sangue em
níveis menores que 11 g/dL. A anemia também
é uma das principais complicações da gravidez.
Dependendo da gravidade, pode levar à morte
não somente por problema cardiovascular como
também através de hemorragia e sepse
(FUJIMORI et al., 2000).
Estima-se que, de cada dez gestantes que
fazem o pré-natal, três são anêmicas. A
deficiência de ferro, na sua forma mais grave,
resulta no que se denomina anemia ferropênica.
Uma vez que a concentração de hemoglobina é
um parâmetro fácil de determinar, a prevalência
de anemia vem sendo usada como um substituto
da anemia ferropênica. Apesar de essa
abordagem ser útil em lugares onde o principal
tipo de anemia é o por deficiência de ferro, o
mesmo não é válido em lugares onde a etiologia
da anemia é mais complexa e também para
detectar casos mais precoces da deficiência
(GLOVER-AMENGOR; OWUSU;
AKANMORI, 2005).
As condições socioeconômicas têm
intermediado frequentemente, a concomitância
entre a anemia e a deficiência de nutrientes,
principalmente de ferro. Fatores como: baixa
renda, baixa escolaridade dos pais,
biodisponibilidade de ferro na dieta, assistência
à saúde, saneamento e nutrição influenciam na
prevalência da anemia na população,
principalmente, infantil (GLOVER-AMENGOR;
OWUSU; AKANMORI, 2005).
O amento do volume circulatório
materno é uma das mudanças fisiológicas mais
marcantes durante a gravidez, o qual pode
alcançar até 50% do volume pré-gestacional na
trigésima semana de gestação. Tal condição
dificulta o diagnóstico correto da anemia, uma
vez que a concentração da hemoglobina é
alterada pela hemodiluição em diversos graus.
Sendo assim, seria ideal conhecer o status de
ferro da mulher no período pré-concepcional, a
fim de se verificar se a mesma iniciou ou não a
gravidez com estoque suficiente desse mineral.
(GUERRA et al., 1992).
Em regiões onde existem recursos
adequados de diagnóstico, a hemoglobina
deveria ser interpretada sempre que possível em
conjunto com outros critérios para se fornecer
um diagnóstico mais seguro, uma vez que a
utilização de mais de um marcador aumenta
consideravelmente a especificidade do
diagnóstico. Entretanto, em regiões que
apresentam recursos de saúde precários e onde a
anemia é muito prevalente, a hemoglobina e o
hematócrito podem ser utilizados como testes de
triagem ou até mesmo como diagnóstico final,
visto que a concentração de hemoglobina reflete
uma situação de deficiência nutricional já
estabelecida. (SZARFARC et al., 1982).
Os parâmetros mais específicos para a
determinação do status do ferro são: ferro
sérico, ferritina sérica, capacidade de ligação
total do ferro, índice de saturação da
transferrina, protoporfirina eritrocitária e, mais
recentemente, o receptor de transferrina. Nos
casos em que o paciente já está sob terapêutica
de ingestão de ferro, deve-se fazer a análise do
ferro de depósito (ferritina), que poderá dar
informação mais exata sobre a falta de ferro
(SZARFARC et al., 1982). Atualmente, a
dosagem da ferritina sérica, na ausência de
3. 61
infecção ou inflamação, é o parâmetro mais
precoce para a identificação da depleção dos
estoques de ferro (SZARFARC et al., 1982). É
uma medida útil, pois utiliza sangue periférico e
apresenta forte correlação com o ferro em
depósito nos tecidos. (SOUZA; BATISTA-FILHO;
FERREIRA, 2002).
O estudo objetiva-se em visualizar
parâmetros correlativos a anemia carêncial em
mulheres gestantes, colocando em casuística
valores de Faixa etária, hematócrito e
Hemoglobina.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo descritivo e
analítico que será realizado entre os meses de
Agosto á Dezembro de 2013, onde serão obtidos
os valores da série eritrocitária das pacientes
gestantes atendidas no laboratório, processadas
no equipamento de hemograma usado no setor
de hematologia do laboratório de Análises
Clínicas da Faculdade Estácio-Seama; Os
parâmetros hematológicos avaliados serão:
dosagem de hemoglobina e percentual do
hematócrito. A análise estatística será realizada
usando-se o programa Excel 2013. Inicialmente
será feita uma análise exploratória dos dados
por meio de tabela de frequência simples.
RESULTADOS
Segundo as informações coletadas nesta
pesquisa a partir do banco de dados do
laboratório do Centro Clinico da Faculdade
Estácio Seama, durante o período de Agosto à
Dezembro de 2013, 18 (dezoito) gestantes
realizaram coleta para exames da série
vermelha. Desse total, (50%) das pacientes
encontravam-se com a concentração de
hemoglobina abaixo do valor de referência
preconizado pela OMS, ou seja, com a dosagem
de hemoglobina inferior a 11g/dL (Figura 1),
caracterizando um quadro laboratorial de
anemia.
Figura 1 - Níveis de Hemoglobina
Hemoglobina (g/100mL)
3
6
9
10
8
6
4
2
0
10,1-10,5 10,6-11,4 Acima de
11,5
Fonte: Instrumento de Coleta de dados
Analisando a distribuição mensal,
observamos uma frequência maior no mês de
Outubro, cerca de (38%), (Figura 2).
Figura 2 - Distribuição Mensal
Fonte: Instrumento de Coleta de dados
A Figura 1 demonstra que a
concentração de hemoglobina na maioria das
gestantes (60%), encontram-se na faixa de 10,1
à 11,4 mg/dL. Quanto ao percentual do
hematócrito, nota-se que 7 (sete) das gestantes
(40%) apresentavam valores inferiores a 34%,
com uma variação de 34% à 45% (Figura 3).
Figura 3 - Níveis de Hematócrito
8
6
4
2
Hematócrito (%)
Fonte: Instrumento de Coleta de dados
Série 1
AGOSTO
22%
SETEMBRO
5%
OUTUBRO
39%
NOVEMBRO
28%
DEZEMBRO
6%
Frequência
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
NOVEMBRO
DEZEMBRO
0
Abaixo
de 34
34-37 38-47 Acima de
47
Série 1
4. 62
Analisando a faixa etária das gestantes
anêmicas estudadas, calculada em anos, foi de
27, 3 anos com faixa etária distribuída de 20 aos
35 anos (Figura 4).
Figura 4. Faixa Etária
Faixa Etária
11%
Fonte: Instrumento de Coleta de dados
Neste estudo foi obtida uma prevalência
de 60% de gestantes diagnosticadas com
anemia, atendidas no laboratório do Centro
Clinico da Faculdade Estácio Seama. Este
percentual é similar com outros estudos como o
de Fujimore et al., (2000) que retrata de mesma
relevância o percentual elevado de pacientes
gestantes com anemia. Em relação a faixa etária,
foi observado uma maior prevalência em
gestantes entre 20 aos 27 anos, condizendo
similarmente com o mesmo estudo por Fujimore
et al., (2000) que analisa nos mesmos padrões e
a faixa etária juvenil das pacientes que
apresentam quadro de anemia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo verificou por meio de análise
estatística que a prevalência de anemia em
mulheres gestantes atendidas no centro clinico
da Faculdade Estácio Seama é presente, sendo
que cerca de mais de 50% das mulheres
apresentaram níveis discrepantes e abaixo dos
valores de referência de Hemoglina (Hb) e
Hematócrito (Ht), estipulado pela Organização
Mundial de Saúde (OMS).
Das 18 pacientes atendidas, cerca de 3
apresentaram níveis de hemoglobina risco e 15
em zonas limítrofes alarmante, ou seja, todas.
Cerca de 14 pacientes apresentaram níveis de
hematócrito baixo, configurando assim um nível
de anemia carencial considerável. Das gestantes,
cerca de 11, são de idade entre 20-27 anos,
definindo assim, que 61% ou a sua maioria, são
de uma faixa etária jovem que também é a mais
acometida.
Sendo assim, esforços para o campo de
tratamento das anemias entre gestantes deve ser
tomado, em foco de sua casuística apresentar
grande transtornos de saúde para esta
população, já que é ratificado que está é um
risco a saúde mãe e filho.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE,
Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento
de Atenção Básica. 2003. Política nacional de
alimentação e nutrição. 2. ed. rev. – Brasília:
Ministério da Saúde, 346pp.
FUJIMORI, E. et al. 2000. Anemia e
deficiência de ferro em gestantes
adolescentes. Revista de Nutrição, 13(3):177-
184.
GLOVER-AMENGOR, M.; OWUSU, W.B.;
AKANMORI, B.D. 2005. Determinants of
anaemia in pregnancy in Sekyere west
district, Ghana. Ghana Medical Journal,
39(3):102-107.
GUERRA, E.M.; et al , K.G. 1992. Prevalência
de deficiência de ferro em gestantes de
primeira consulta em centros de saúde de
área metropolitana, Brasil. Etiologia da
anemia. Revista de Saúde Pública, 26(2):88-95.
SZARFARC, S.C.; SIQUEIRA, A.A.F.;
MARTINS, I.S.; TANAKA, A.C.D. 1982.
Estudo comparativo de indicadores
bioquímicos de concentração de ferro, em
duas populações de gestantes, com e sem
atendimento pré-natal. Revista de Saúde
Pública, 6:1-6.
SOUZA, A.I.; BATISTA-FILHO, M.;
FERREIRA, L.O.C. 2002. Alterações
hematológicas da gravidez. Revista Brasileira
de Hematologia e Hemoterapia, 24 (1):29-36.
______________________________________
61%
22%
6%
20-27 anos
28-33 anos
34-35 anos
Acima de 36
5. 63
1-Discente da Faculdade Estácio-Seama em
Macapá (AP), Brasil
2-Graduação em Biomedicina pela Faculdade
SEAMA-AP. Mestrado em Biologia Parasitária
pelo Centro Universitário do Maranhão.
Docente de Microbiologia; Biologia Celular;
Hematologia e Bacteriologia da Faculdade
Estácio-Seama em Macapá-AP, Brasil.
3-Graduação em Enfermagem pela
Universidade Federal do Amapá e Mestrado
pelo Programa de Pós Graduação em Ciências
da Saúde da Universidade Federal do Amapá,
UNIFAP. Funcionário do Governo do Estado do
Amapá lotado no Laboratório Central de Saúde
Pública do Amapá - LACEN-AP, Macapá,
Amapá, Brasil.
4-Tecnologia em Radiologia pela Faculdade
Santa Emilia de Rodat. Especialista em Proteção
Radiologica pela Faculdade Santa Emília de
Rodat, tecnólogo em Radioloiga - secretaria de
estado da Saúde-AP e coordenador do curso de
tecnologia em radiologia da Faculdade de
Tecnologia do Amapá - Meta.
5-Professor Adjunto A - Nível 1 (Dedicação
Exclusiva) da Universidade Federal de Sergipe -
UFS, vinculado ao Departamento de Morfologia
na Área de Conhecimento: Microbiologia e
Imunologia.
Correspondência: Claude Porcy - Laboratório de
Microbiologia da Faculdade Estácio-SEAMA,
Avenida Jose Tupinambá, n.1223, bairro Jesus
de Nazaré, CEP: 68908126, E-mail:
claudeporcy@hotmail.com