Revisão ENEM ensino médio 2024 para o terceiro ano
Artigo bioterra v16_n1_09
1. REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228
Volume 16 - Número 1 - 1º Semestre 2016
COMPARAÇÃO ELETROMIOGRÁFICA DA CONTRAÇÃO DOS MÚSCULOS
PARAVERTEBRAIS E RETO ABDOMINAIS COM O CAVALO AO PASSO EM
DIFERENTES ENCILHAS
Beatriz Rodrigues Barreira¹; Carlos Guilherme de Oliveira Menestrino¹; Danielly Santos Xavier¹;
Mirelle de Oliveira Saes²; Victor Edgar Pitzer Neto³
RESUMO
A equoterapia é uma técnica que utiliza o cavalo como agente fornecedor de ganhos na ordem
física, educacional e psicossocial, benefícios estes, atribuídos às inúmeras combinações de
estímulos gerados pelo dorso do animal. Sendo assim, este estudo teve como escopo principal
comparar os níveis de contrações musculares, em Reto Abdominal (RA) e Paravertebral (PV) com
manta e sela. Foi realizado o teste estatístico t de student para amostras pareadas, sabendo
da relevância do estudo, RA p=0,002 e PV p=0,01. Foram selecionados por conveniência cinco
participantes homens, com idade entre 22 e 25 anos, todos aptos a montaria. Percorreram um trajeto
de 120m, e foram analisados os sinais eletromiográficos quando o animal chegou à linha do
percurso de 70m até 80m, sendo o mesmo percorrido com ambas encilhas. Conclui-se que a
sela utilizada como encilha na equoterapia possui um maior recrutamento de fibras musculares
comparado com a manta.
Palavras-chave: Terapia Assistida por Cavalos, Eletromiografia: Músculos Abdominais.
ELECTROMYOGRAPHIC COMPARISON OF CONTRACTION OF PARASPINAL AND
STRAIGHT ABDOMINAL MUSCLES WHILE RIDING A HORSE AT THE WALK WITH
DIFFERENT SADDLES
ABSTRACT
The equine therapy is a technique that uses the horse as gains provider agent in the physical, educational
and psychosocial order, these benefits attributed to the numerous combinations of stimuli generated by the
animal's back. This study scope was to compare the main levels of muscle contractions in Abdominal
Reto (AR) and paravertebral (PV) using blanket and saddle during riding. It conducted the statistical
Student's t test for paired samples, knowing the relevance of the study, AR p = 0.002 and p = 0.01 PV.
They were selected for convenience five participating men, aged between 22 and 25, all able to mount.
They walked a path of 120m, and electromyographic signals were analyzed when the animal reached the
route of the line 70m to 80m , and the same traversed with both encilhas . It concludes that the seals used
as encilha in equine therapy has a greater recruitment of muscle fibers compared to the blanket.
Keywords: Equine-Assisted Therapy, Electromyography, Abdominal Muscles.
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2. 1 INTRODUÇÃO
A Equoterapia como recurso
terapêutico, não é uma descoberta atual.
Hipócrates (458-370 a.C.) já aconselhava a
equitação como benefício a saúde do homem.
Da mesma forma, Asclepíades de Prússia (124-
40 a.C.) indicava os exercícios a cavalo como
terapia para epilepsia e paralisia. Já Samuel
Theodor de Quelmaz (1697-1758), referenciou
pela primeira vez a ação do dorso do cavalo no
movimento tridimensional (Severo, 2010).
No Brasil, desde 1989 é regulamentada
a prática que utiliza o cavalo como instrumento
terapêutico dentro de uma abordagem
multidisciplinar nas áreas de educação,
equitação e saúde, de acordo com a Associação
Nacional de Equoterapia ANDE-Brasil
(Niehues & Niehues, 2014).
Durante a montaria, a movimentação
do cavalo gera estímulos muito semelhantes à
marcha humana para o cavaleiro, estimulando
assim a movimentação ativa por meio do passo
do cavalo (Pierobon & Galetti, 2008).
Naturalmente, o cavalo possui três andaduras
fisiológicas que consistem no passo, trote e
galope, sendo o passo a melhor andadura para a
prática equoterapêutica (Silveira & Wibelinger,
2011). Com o cavalo ao passo, pode-se variar
entre três andaduras: antepistar, sobrepistar e
transpistar, a frequência está diretamente
relacionada à velocidade e ao passo de cada
andadura (Silva & Nabeiro, 2012).
O estímulo transmitido pelo cavalo ao
passo ao praticante é denominado movimento
tridimensional, que é o resultado de uma série
de movimentos sequenciados e simultâneos
emitidos ao praticante (Clemente et al., 2010).
Se traduz basicamente em movimento para cima
e para baixo, para a direita e para a esquerda,
para a frente e para trás e completado com uma
pequena torção da pelve do cavaleiro (Silveira
& Wibelinger, 2010).
Em um atendimento de trinta minutos, o
cavalo oferece ao praticante em torno de 1.800 a
2.500 ajustes tônicos, cerca de 90 a 110
impulsos nos três planos em apenas um minuto,
estimulando assim o sistema proprioceptivo e os
receptores do sistema vestibular, desenvolvendo
com isso as reações de equilíbrio estático e
dinâmico (Zago et al., 2012).
Na equoterapia são enviados estímulos
que influenciam no processamento sensório e
motor, proporcionando uma significativa
melhora no equilíbrio, coordenação e postura,
gerando inúmeros estímulos ao sistema
vestibular e proprioceptivo em virtude do
constante deslocamento do centro gravitacional,
dissociação de cinturas, mudanças nos campos
visuais, estímulos táteis e olfativos (Barbosa &
Munster, 2013). Sempre há o ajuste tônico do
praticante na montaria, pois o cavalo nunca está
totalmente estático, a troca de apoio das patas, o
deslocamento da cabeça ao olhar para os lados,
as flexões da coluna, o abaixar e alongar do
pescoço, desencadeiam no praticante um ajuste
no seu comportamento muscular, com o
propósito de responder aos desequilíbrios
provocados por esses movimentos (Liporoni &
Oliveira, 2005).
Um grande efeito terapêutico da
equoterapia é oferecido pela dinâmica do
ambiente, ao interagir com o cavalo o praticante
recebe os estímulos gerados por ele e também
pelo ambiente natural diferenciado da área
urbana (Marcelino & Melo, 2006). O animal
tem um efeito positivo por oferecer uma relação
entre amigos, ou seja, horsemenship que
significa relação entre cavalo e homem, os
praticantes interagem com confiança e
motivação, o que os levam a querer voltar na
próxima sessão e montar (Meregillano, 2004).
Na prática da Equoterapia, contamos
com diversos equipamentos e acessórios para
auxiliar e melhor explorar as capacidades do
cavalo como recurso terapêutico, os
equipamentos para montaria mais utilizados são
a manta e a sela, estes podem ser modificados e
adaptados com o objetivo principal de melhorar
e favorecer a postura a ser trabalhada,
auxiliando assim a readaptação e reabilitação do
praticante, os acessórios mais utilizados são os
estribos para dar apoio aos pés do praticante
(Machado et al., 2008).
O eletromiógrafo é um aparelho capaz
de captar a atividade elétrica do músculo por
3. meio de eletrodos sobre a pele ou de forma
intramuscular, com a utilização de agulhas ou
fios fornece informações sobre a condução do
potencial de ação ao longo das fibras
musculares (Corrêa et al., 2008).
Os músculos reto abdominal e
paravertebral são responsáveis pela
estabilização e função da coluna, promovem a
estabilização e reorganização do tronco,
beneficiando o equilíbrio, estabilização da
postura, restabelecendo a desordem motora do
paciente, obtendo uma melhor adequação
postural (Sakakura et al., 2006). Portanto, este
estudo tem como objetivo comparar as
diferentes contrações musculares da
musculatura paravertebral e reto abdominal
proporcionadas pelo cavalo em montaria com o
uso de sela e manta como encilhas.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Estudo de delineamento tipo transversal,
sendo a amostra escolhida por conveniência, no
qual participaram cinco indivíduos de cor
branca, com idade entre 20 e 25 anos, índice de
massa corporal (IMC) entre 18,5 e 24,9,
circunferência abdominal menor que 94 cm,
experiência com cavalos e sem saber o real
motivo da pesquisa. Todos os voluntários não
portavam nenhum tipo de instabilidade da
coluna vertebral, luxação de quadril e ombro,
alterações neuromusculares e posturais severas,
não adaptação à montaria, distúrbios
emocionais, problemas auditivos, visuais e
alergia ao pelo do animal, para que não
houvesse nenhuma alteração do resultado do
estudo.
A pesquisa foi submetida ao Comitê de
Ética em Pesquisa (CEP) da Plataforma Brasil e
aprovado sob número de protocolo 765.803 de
24 de agosto de 2014. Um termo de
Consentimento Livre e Esclarecido foi assinado
pelos participantes, conforme determina a
Resolução n° 196/96 do Conselho Nacional de
Saúde (CNS).
O presente estudo foi realizado no
Centro de Equoterapia da Associação de Pais e
Amigos dos Excepcionais (APAE), localizada
no município de Pelotas, RS. Os animais
escolhidos para a montaria foram seis cavalos,
todos aptos ao trabalho equoterapêutico, de
variados peso, altura, frequência de passo,
andadura e raça indefinida. Foram utilizados
para encilha (A): manta, xerga, cilhão, carona e
estribo aberto. Na encilha (B): sela, xerga,
cilhão, carona e estribo aberto.
Utilizou-se para avaliação dos
voluntários um questionário sócio demográfico
confeccionado pelos autores do estudo. Para a
realização da coleta dos dados, foi utilizado um
eletromiógrafo modelo MIOTOOL 400 da
marca MIOTEC® com dois canais bipolares,
após, os dados foram transportados para o
programa SAD32.
Os músculos selecionados para análise
foram os paravertebrais e reto abdominais,
responsáveis pela manutenção da posição do
tronco dos praticantes durante a montaria. Para
aplicação dos eletrodos de superfície, foi
realizada a tricotomia dos pêlos da região
póstero-inferior do tronco e anterior do abdome
através de lâmina de barbear e a limpeza da pele
realizada através do esfregaço de algodão com
álcool em cada indivíduo para uma melhor
fixação. O posicionamento dos mesmos foi
através da palpação dos músculos paravertebrais
e reto abdominais, de acordo com os protocolos
da SENIAM (Surface EMG for the Nom-
Invasive Assessment of Muscles), sendo o
eletrodo de referência posicionado na clavícula.
Os cavalos foram encilhados
primeiramente com a encilha (A), percorreram
um trajeto de 120 m, no qual foi analisado o
sinal eletromiográfico quando o animal chegou
à linha do percurso, de 70 m até 80 m, que
foram demarcados com cones e posteriormente
foi utilizada a encilha (B) com o cavalo
percorrendo o mesmo trajeto. O mesmo
procedimento foi realizado com o restante dos
cavalos. Todos os participantes selecionados
para o estudo realizaram a montaria com a
encilha (A) e (B) nos seis cavalos.
Cada voluntário recebeu orientações de
montar no meio da sela ou manta sobre o
músculo grande dorsal do animal, sentado sobre
os ísquios, com o corpo ereto e não tenso, por
este motivo os indivíduos não deveriam saber o
real motivo do estudo para não haver nenhuma
alteração nestes dados. O indivíduo durante a
montaria esteve com os pés nos estribos com
flexão de 120º de joelho, que foi verificado
através de goniometria. Cada indivíduo se
4. sustentou sozinho na montaria, sendo
acompanhado bilateralmente por dois
pesquisadores responsáveis a fim de evitar
quaisquer intercorrências e encarregados na
condução do eletromiógrafo e do computador
portátil. O cavalo foi guiado por um auxiliar
guia apto ao trabalho equoterapêutico.
Para o armazenamento dos dados foi
utilizado um microcomputador portátil, houve
uma conversão do sinal analógico para o sinal
digital e os mesmos foram gravados no software
Miograph. Para limpeza dos ruídos captados na
coleta dos dados, a filtragem digital do sinal foi
realizada através do tipo Passa-Banda, com
frequência de corte entre 20 e 500 Hz e para a
análise estatística foi realizado o teste t de
student.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A amostra da pesquisa foi composta por
cinco indivíduos do sexo masculino, cor branca,
com média de idade de 23,2 anos (22-25), altura
média de 1,74 m, média de peso 71,8 Kg e
média de IMC 23,64 Kg/m². Todos os
indivíduos não possuíam nenhuma alteração
neuromuscular.
Através dos dados obtidos, podemos
observar que houve maior ativação da
musculatura paravertebral com o uso da sela
equiparado ao uso da manta em todos os
cavalos, com exceção do cavalo dois, sendo a
média de ativação final descrita em milivolt
(mV). No cavalo um obteve-se 2205,1 mV
contrações com o uso da sela e 1966,1 mV
contrações com o uso da manta. No cavalo três
o resultado foi de 1520,3 mV com a utilização
da sela e 1316,4 mV com o uso da manta. No
cavalo quatro obteve-se com a utilização da sela
o valor de 1845,28 mV e com a manta o valor
de 1654,04 mV. No cavalo cinco, houve uma
maior ativação da musculatura com a utilização
da sela de 857,08 mV e 770,1 mV com o uso da
manta. No cavalo seis obteve-se o mesmo
resultado, uma maior ativação da musculatura
com o uso da sela 2091,46 mV em relação à
manta de 1850 mV. Diferentemente dos dados
encontrados nos demais cavalos, o cavalo dois
obteve uma maior ativação com o emprego da
manta como encilha, sendo seu valor de 929,6
mV em comparação a sela que ativou 903,2 mV
desta musculatura.
Nos dados obtidos com a análise da
musculatura reto abdominal, houve uma maior
ativação em todos os cavalos com a utilização
da sela como encilha comparado ao uso manta,
sendo seus valores médios no cavalo 1
equivalentes a 420,3 mV com a utilização da
sela e 348,6 mV com a utilização da manta. No
cavalo dois os resultados foram de 87,24 mV
com o uso da sela e 59,44 mV com o uso da
manta. No cavalo três verificou-se 267,24 mV
ativações musculares com a utilização da sela e
219,7 mV com o uso da manta. No cavalo
quatro os resultados foram de 323,3 mV com o
uso da sela e 196,94 mV com o uso da manta.
Com o cavalo cinco obteve-se o resultado de
102,74 mV com a utilização da sela e 97,26 mV
com a utilização da manta. Por fim, no cavalo 6
verificou-se a ativação da musculatura reto
abdominal com a sela de 313,9 mV e 289,22
mV com a manta como encilha. Resultados
mostrados no gráficos 1 e 2.
Gráfico 1: contração da musculatura paravertebral em
sela e manta
Gráfico 2: contração da musculatura retoabdominal em
sela e manta
De acordo com os resultados obtidos,
houve um maior recrutamento de unidades
5. motoras da musculatura paravertebral e reto
abdominal com a utilização da sela equiparado
ao uso da manta como encilha, ambas
analisadas com os voluntários com os pés no
estribo a 120º de flexão de joelho. Para análise
estatística foi realizado o teste t de student para
as amostras pareadas e houve diferença
estatisticamente significativa na contração de
ambos os músculos nos dois tipos de montarias.
A média de contração é maior na sela do que na
manta para ambos os músculos, sendo o
paravertebral – p=0,002 e o reto abdominal –
p=0,01, conforme tabela 1.
Tabela 1: média das contrações em paravertebral e
retoabdominal em sela e manta
Ao contrário de todos os outros, o cavalo
dois apresentou uma pequena alteração no
recrutamento de unidades motoras da
musculatura paravertebral com a utilização da
manta como encilha, mostrado no gráfico 1.
Com relação à análise das musculaturas,
houve uma maior ativação da musculatura
paravertebral em relação à musculatura reto
abdominal em todos os cavalos e em ambas as
encilhas. Utilizando a sela como encilha,
observou-se uma média resultante de ativação
das unidades motoras de 1570,4 mV para a
musculatura paravertebral e 252,5 mV para a
musculatura reto abdominal. Já com o uso da
manta houve uma ativação média de 1414,4 mV
para a musculatura paravertebral e 201,9 mV
para a musculatura reto abdominal, conforme
mostra a tabela 1.
Acredita-se que o tipo de encilha utilizada
durante a montaria interfira nos estímulos
proporcionados pelo animal ao praticante.
Sendo assim, esta pesquisa buscou comparar o
recrutamento de unidades motoras da
musculatura paravertebral e reto abdominal
utilizando-se a manta e a sela como encilhas.
Para o presente estudo, foram escolhidos
apenas indivíduos saudáveis com o intuito de
excluir possíveis interferências sobre a atividade
neuromuscular provocada por alterações de
tônus, força muscular ou equilíbrio. Assim,
analisando uma amostra homogênea,
diminuindo o viés dos resultados obtidos através
da eletromiografia de superfície, obtendo-se um
importante parâmetro de normalidade para as
situações avaliadas.
Os voluntários não foram informados o
real motivo do estudo e deveriam ter
experiência com cavalos, pois segundo Pierobon
(2008) é de suma importância que os praticantes
procurem sustentar a flexibilidade da cintura
pélvica, em razão ao movimento tridimensional
proporcionado pelo animal, o praticante tende a
adquirir uma postura rígida, devido à falta de
experiência ou medo, não recebendo os
estímulos esperados da montaria, devendo o
praticante acompanhar o movimento do balanço
do animal com o corpo relaxado, a fim de
receber as informações proprioceptivas.
No trabalho realizado por Corrêa (2008),
objetivou-se uma avaliação sobre a utilização
dos estribos, da manta e da sela na hipoterapia,
com uma amostra de 17 sujeitos do sexo
masculino com idades entre 9 e 13 anos
mostrando que existe um maior recrutamento
dos músculos anteriores e posteriores do tronco
sobre a manta do que sobre a sela,
independentemente do posicionamento do
sujeito. Diverge deste estudo, pois de acordo
com os resultados, houve um maior
recrutamento das unidades motoras das
musculaturas paravertebral e reto abdominal
com a utilização da sela como encilha.
Pressupõe-se que a amostra do estudo possa
interferir nos resultados, a qual diferiu uma da
outra quanto a idade dos voluntários, sendo a
deste estudo composta por indivíduos com idade
entre 22 e 25 anos, em ambas foram utilizados
sujeitos saudáveis.
Ao analisar a utilização dos estribos, tanto
na manta quanto na sela, Corrêa (2008)
verificou que a única situação em que não
houve diferença estatisticamente significante
entre a montaria com e sem estribos foi para o
reto abdominal quando o sujeito esteve sentado
sobre a manta, no restante observou-se diferença
que sugere uma influência do uso dos estribos
sobre o recrutamento muscular. Neste estudo
observou-se o resultado de p= 0,002 para a
musculatura paravertebral e p= 0,01 para a
musculatura reto abdominal, sendo esses valores
6. estatisticamente significativos para ambas as
musculaturas nas duas encilhas.
Analisando a resultante de Corrêa (2008),
quanto à utilização da sela na montaria
considerando o estribo, em relação à
musculatura reto abdominal, houve uma maior
ativação com a utilização da sela sem os pés no
estribo e a musculatura paravertebral uma maior
ativação com a utilização da sela com os pés no
estribo, concordado com esta pesquisa apenas
em comparação a musculatura paravertebral, em
contrapartida não analisamos a relevância da
utilização nas montarias do pé fora do estribo, e
sim com os pés no estribo.
Ainda de acordo com Corrêa (2008), na
análise da utilização da manta como encilha
considerando os estribos, em relação à
musculatura reto abdominal houve uma maior
ativação com a utilização da manta sem os pés
no estribo e a paravertebral ativou mais com a
utilização da manta com os pés no estribo,
aquiescendo com este estudo, na análise do uso
da manta com estribo, houve um maior
recrutamento da musculatura paravertebral em
relação à musculatura reto abdominal. No
estudo de Corrêa (2008), analisando as
musculaturas paravertebral e reto abdominal,
em ambas as encilhas a musculatura
paravertebral obteve um maior recrutamento de
unidades motoras, concordando com este
estudo, no qual obteve-se um maior
recrutamento da mesma musculatura.
Segundo Espíndula (2012), o melhor
material de montaria para o recrutamento da
musculatura do tronco em pacientes com
hemiparesia espástica é o uso da sela com apoio
dos pés nos estribos, garantindo uma ativação
muscular mais homogênea e um ganho ao final
da sessão. Sua amostra foi composta por três
indivíduos com idades de 13, 17 e 23 anos e
com diagnóstico clínico de paralisia cerebral. Os
músculos multífidos e reto abdominal
apresentaram grande variabilidade na condição
sem apoio dos pés, destacando-se também a alta
atividade do músculo paravertebral,
concordando com este estudo, no qual obteve-se
um maior recrutamento da musculatura
paravertebral em relação ao reto abdominal em
todas as situações e um recrutamento de
unidades motoras maior com a utilização da sela
como encilha, diferindo na amostra, na qual não
utilizamos indivíduos com alguma patologia e
sim saudáveis.
Nas condições em que a manta foi
utilizada, obteve-se uma maior ativação
muscular na região cervical (trapézio fibras
superiores), que mostra a possível sobrecarga
nessa região não contribuindo para a
estabilização do tronco e podendo aumentar a
assimetria postural dos pacientes com paralisia
cerebral (Espíndula et al., 2012). Neste trabalho
quando se buscou a ativação com a manta,
obteve-se um maior recrutamento da
musculatura paravertebral do indivíduo para se
manter sobre o cavalo.
Na pesquisa realizada por Espíndula
(2014), quanto ao tipo de material usado na
sessão de equoterapia em pacientes portadores
de síndrome de Down, o uso da manta como
encilha gerou maior atividade muscular,
associado ao praticante com os pés fora do
estribo, promovendo uma melhor otimização do
tônus dos indivíduos analisados. Este trabalho
difere-se por uma maior ativação muscular
paravertebral e reto abdominal com a utilização
da sela com os pés no estribo, podendo esse
resultado se dar em relação à amostra, sendo
esta constituída de cinco indivíduos adultos e
saudáveis e a de Espíndula (2014) constituída de
5 meninos portadores de Síndrome de Down
com idades entre 7 e 16 anos.
O estudo demonstrou que houve
recrutamento de todos os músculos analisados,
sendo eles trapézio/fibras superiores, eretor da
espinha, multífido e reto abdominal. Utilizando
o teste estatístico Kruskal-Wallis p≤0,05
obtiveram o valor, representado em root
meansquare (RMS), para a análise da utilização
de manta com os pés nos estribos 17,48 RMS
(μV), manta sem os pés no estribo 23,59 RMS
(μV), sela com os pés nos estribos 17,23 RMS
(μV) e sela sem os pés nos estribos 13,93 RMS
(μV) (Espíndula et al.,2014). Diferentemente
desta pesquisa, na qual os resultados foram
analisados em milivolt (mV), como mostra o
gráficos 1 e 2. Na análise do uso da manta como
encilha, também obteve-se maior recrutamento
muscular paravertebral em relação à
musculatura reto abdominal, indiferente da
utilização dos pés no estribo ou fora do estribo.
A escolha dos músculos paravertebral e
reto abdominal foi em razão de serem músculos
envolvidos no controle do tronco durante a
7. montaria. Segundo Santos (2006), comparando
a ativação dos paravertebrais através de
eletromiografia de superfície em nove
indivíduos do sexo feminino, em posição
ortostática e sedestação sobre o dorso do cavalo,
analisaram que não houve estatística
significativa nestas comparações, sugerindo que
o esforço muscular necessário para a
manutenção de ambas as posturas é semelhante,
justificando a escolha destas musculaturas para
análise nesta pesquisa.
Conforme Corrêa (2008), ocorre um maior
acionamento dos músculos paravertebrais ao
apoiar os pés sobre os estribos, isso se deve em
decorrência desta musculatura auxiliar o
posicionamento da pelve em retroversão,
levando a um aumento da flexão de quadril na
tentativa de restaurar o padrão pélvico e retorná-
lo a posição neutra, justificando seu maior
recrutamento em todas as pesquisas em relação
à musculatura reto abdominal. O inverso ocorre
quando se utiliza os pés fora do estribo, onde o
praticante tende a ficar com a pelve em
anteroversão, com o quadril em menor flexão,
próximo à posição neutra, e na tentativa de
retorná-la ao padrão pélvico, há um maior
acionamento dos músculos reto abdominal
(Corrêa et al., 2008). Tal resultado é importante,
assim como o das pesquisas supracitadas, para
se direcionar a conduta equoterapêutica em
relação a musculatura que se pretende ativar
mais.
4 CONCLUSÕES
Diante dos resultados obtidos, conclui-se
que houve um maior recrutamento de unidades
motoras da musculatura paravertebral e reto
abdominal com a utilização da sela em relação a
manta como material de encilha.
O estudo sobre a melhor forma de
utilização das encilhas deve ser uma busca
constante, por se tratar de materiais que tem
grande influência sobre a terapia. Recomenda-se
que sejam realizados novos estudos científicos
que levem em consideração a encilha a ser
utilizada na equoterapia, com o intuito de
oferecer aos seus praticantes um tratamento
ainda mais eficaz.
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8. meio de eletrodos sobre a pele ou de forma
intramuscular, com a utilização de agulhas ou
fios fornece informações sobre a condução do
potencial de ação ao longo das fibras
musculares (Corrêa et al., 2008).
Os músculos reto abdominal e
paravertebral são responsáveis pela
estabilização e função da coluna, promovem a
estabilização e reorganização do tronco,
beneficiando o equilíbrio, estabilização da
postura, restabelecendo a desordem motora do
paciente, obtendo uma melhor adequação
postural (Sakakura et al., 2006). Portanto, este
estudo tem como objetivo comparar as
diferentes contrações musculares da
musculatura paravertebral e reto abdominal
proporcionadas pelo cavalo em montaria com o
uso de sela e manta como encilhas.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Estudo de delineamento tipo transversal,
sendo a amostra escolhida por conveniência, no
qual participaram cinco indivíduos de cor
branca, com idade entre 20 e 25 anos, índice de
massa corporal (IMC) entre 18,5 e 24,9,
circunferência abdominal menor que 94 cm,
experiência com cavalos e sem saber o real
motivo da pesquisa. Todos os voluntários não
portavam nenhum tipo de instabilidade da
coluna vertebral, luxação de quadril e ombro,
alterações neuromusculares e posturais severas,
não adaptação à montaria, distúrbios
emocionais, problemas auditivos, visuais e
alergia ao pelo do animal, para que não
houvesse nenhuma alteração do resultado do
estudo.
A pesquisa foi submetida ao Comitê de
Ética em Pesquisa (CEP) da Plataforma Brasil e
aprovado sob número de protocolo 765.803 de
24 de agosto de 2014. Um termo de
Consentimento Livre e Esclarecido foi assinado
pelos participantes, conforme determina a
Resolução n° 196/96 do Conselho Nacional de
Saúde (CNS).
O presente estudo foi realizado no
Centro de Equoterapia da Associação de Pais e
Amigos dos Excepcionais (APAE), localizada
no município de Pelotas, RS. Os animais
escolhidos para a montaria foram seis cavalos,
todos aptos ao trabalho equoterapêutico, de
variados peso, altura, frequência de passo,
andadura e raça indefinida. Foram utilizados
para encilha (A): manta, xerga, cilhão, carona e
estribo aberto. Na encilha (B): sela, xerga,
cilhão, carona e estribo aberto.
Utilizou-se para avaliação dos
voluntários um questionário sócio demográfico
confeccionado pelos autores do estudo. Para a
realização da coleta dos dados, foi utilizado um
eletromiógrafo modelo MIOTOOL 400 da
marca MIOTEC® com dois canais bipolares,
após, os dados foram transportados para o
programa SAD32.
Os músculos selecionados para análise
foram os paravertebrais e reto abdominais,
responsáveis pela manutenção da posição do
tronco dos praticantes durante a montaria. Para
aplicação dos eletrodos de superfície, foi
realizada a tricotomia dos pêlos da região
póstero-inferior do tronco e anterior do abdome
através de lâmina de barbear e a limpeza da pele
realizada através do esfregaço de algodão com
álcool em cada indivíduo para uma melhor
fixação. O posicionamento dos mesmos foi
através da palpação dos músculos paravertebrais
e reto abdominais, de acordo com os protocolos
da SENIAM (Surface EMG for the Nom-
Invasive Assessment of Muscles), sendo o
eletrodo de referência posicionado na clavícula.
Os cavalos foram encilhados
primeiramente com a encilha (A), percorreram
um trajeto de 120 m, no qual foi analisado o
sinal eletromiográfico quando o animal chegou
à linha do percurso, de 70 m até 80 m, que
foram demarcados com cones e posteriormente
foi utilizada a encilha (B) com o cavalo
percorrendo o mesmo trajeto. O mesmo
procedimento foi realizado com o restante dos
cavalos. Todos os participantes selecionados
para o estudo realizaram a montaria com a
encilha (A) e (B) nos seis cavalos.
Cada voluntário recebeu orientações de
montar no meio da sela ou manta sobre o
músculo grande dorsal do animal, sentado sobre
os ísquios, com o corpo ereto e não tenso, por
este motivo os indivíduos não deveriam saber o
real motivo do estudo para não haver nenhuma
alteração nestes dados. O indivíduo durante a
montaria esteve com os pés nos estribos com
flexão de 120º de joelho, que foi verificado
através de goniometria. Cada indivíduo se