Wesley defende seu ministério itinerante, afirmando que "todo o mundo é sua paróquia". Ele rejeita a ideia de que deve se limitar às paróquias de outros clérigos, dizendo que segue os princípios bíblicos de pregar o evangelho onde quer que seja seu dever. Wesley teme que Hervey tenha se afastado da simplicidade do evangelho ao questionar seu ministério.
1. Carta a James Hervey: O Mundo é Minha Paróquia
LONDRES, 20 de Março de 1739
A
James Hervey
[O mundo é uma grande paróquia]
* James Hervey foi um dos alunos de Wesley no Lincoln College e um dos
Metodistas de Oxford. Sua simpatia e apoio foram muito agradáveis para Wesley em
seus recentes dias de perseguição em Oxford. Quando os irmãos estavam na
Geórgia, Hervey referiu-se a eles como "combatentes gloriosos". Depois do retorno de
Wesley da Geórgia, ele escreveu para "dar boas vindas ao amigo dos meus estudos, o
amigo de minha alma, o amigo de todos os meus interesses valorosos e eternos".
Wesley coloca esta carta em seu Diário, sob a data de 11 de Junho de 1729, e
a descreve como escrita "há algum tempo". O Diário de 20 de Março diz "escrito para
J. Hervey". O criticismo de Hervey que resultou na carta foi preservado; mas seu
significado pode ser reunido da réplica de Wesley e da carta de Hervey, de 21 de
Agosto. A vindicação é um dos clássicos do Avivamento Evangélico. Ela fornece as
famosas palavras na placa de Wesley na Abadia de Westminster, e expõe as fontes
secretas de seus trabalhos como um evangelista.
---
Caro senhor
O melhor retorno que eu posso dar para a espécie de liberdade da qual
você se utiliza, é usar da mesma liberdade para com você. Oh! Que Deus, a quem
servimos, possa santificar isto para nós ambos, e nos ensinar toda a verdade que está
em Jesus!
Você diz que não pode reconciliar algumas partes de meu comportamento com
o caráter que eu tenho há muito sustentado. Não, nem sempre deverei. Portanto, eu
tenho repudiado aquele caráter em toda a ocasião possível. Eu disse a todos em
nosso navio, a todos em Savannah, a todos em Frederica, e isto, repetidas vezes, em
termos expressos: "Eu não sou um cristão; eu apenas sigo na busca, se, por acaso,
posso obter isto". Quando eles solicitaram minhas obras e abnegação, eu respondi
resumidamente: "Embora eu dê todos os meus bens para alimentar o pobre; e meu
corpo para ser queimado, eu sou nada: porque eu não tenho amor; eu não amo a
Deus com todo meu coração". Se eles acrescentaram: "Não. Mas você não pregaria,
como você faz, se você não fosse um cristão". Eu novamente os confrontaria com
Paulo: "Embora eu fale com a língua dos homens e anjos, e não tenha amor, eu sou
2. nada". Mais sinceramente, no entanto, ambos em público, e privado, eu inculquei isto:
"Não estremeçam, vocês, mesmo que eu possa cair; porque o alicerce é firme".
Se você me pergunta sobre qual princípio, então, eu agi, ele foi este: Um
desejo de ser um cristão; e uma convicção de que, o que quer que eu julgue condutivo
a isto, eu com certeza farei; quando quer que eu julgue que eu possa melhor
responder a esta finalidade, para lá é meu dever ir. Sobre este princípio, eu parti para
a América; sobre este, eu visitei a Igreja Moravia, e sobre o mesmo, eu estou pronto
agora (Deus sendo meu ajudador) a seguir para a Abissínia ou China, ou onde quer
que possa agradar a Deus, através desta convicção, me chamar.
Quanto ao seu conselho de que eu poderia me estabelecer no colégio, eu não
tenho trabalho lá, tendo agora nenhum gabinete e nem alunos. E mesmo que a outra
ramificação de sua proposta seja expediente para mim, a saber: "Aceitar pela cura de
almas", haverá tempo suficiente para considerar isto quando algo for oferecido a mim.
Mas, neste meio tempo, você pensa que eu devo ficar quieto; porque,
do contrário, eu poderia invadir o ofício de outro, se interferir com o trabalho de outras
pessoas, e intrometer-me com as almas que não me pertencem. Assim sendo, você
me pergunta: "Como é que eu reúno cristãos, que não estão sob a minha
responsabilidade, para cantarem salmos e orarem e ouvirem as Escrituras serem
expostas?". E penso que é difícil justificar o fazer isto nas paróquias de outros
homens, junto aos princípios católicos.
Permita-me falar claramente. Se por princípios católicos [universais], você quer
dizer, algum outro do que bíblico, eles valem nada para mim. Eu não admito outra
regra, quer de fé ou prática, que não seja nos princípios bíblicos; mas sobre princípios
bíblicos, eu não penso que seja difícil justificar o que quer que eu faça. Deus nas
Escrituras me ordena, de acordo com meu poder, instruir o ignorante, reformar o
pecaminoso, confirmar o virtuoso. O homem me proíbe de fazer isto na paróquia de
outro; ou seja, em efeito, de fazer isto, afinal, vendo que eu não tenho agora paróquia
que seja minha, nem provavelmente alguma vez terei.
A quem, então, eu devo ouvir, a Deus ou ao homem? "Se for justo obedecer a
homem, preferivelmente a Deus, julgue você. Uma dispensação do Evangelho é
conferida a mim; e, ai de mim, se eu não pregar o Evangelho". Mas onde eu devo
pregá-lo, de acordo com os princípios que você menciona? Porque, não na Europa,
Ásia, África, ou América; nem em algum das partes cristãs, pelo menos, na terra
habitada: porque todos esses são, segundo uma espécie, dividido em paróquias. Se
for dito: "Volte, então, para os ateus, de onde você veio"; mais ainda, nem eu poderia
agora (de acordo com seus princípios) pregar para eles; porque todos os ateus na
Geórgia pertencem à paróquia, tanto da Savannah quanto de Frederica.
Permita-me agora lhe dizer meus princípios nesta matéria. Eu olho para
todo o mundo como minha paróquia; assim tão longe, eu quero dizer, em qualquer
parte dele, que eu estiver, e julgue adequado, correto, e meu dever sagrado declarar,
junto a todos que estão desejosos de ouvir, as boas novas da salvação. Esta é a obra
para a qual, eu sei, Deus me chamou; e certo estou de que suas bênçãos a atendem,
Grande encorajamento eu tenho, portanto, para ser fiel no cumprimento da obra que
3. Ele me deu para fazer. Seu servo eu sou; e, como tal, estou empregado de acordo
com a direção clara de Sua palavra – "quando tiver oportunidade, fazer o bem a todos
os homens". E Sua providência claramente coincide com Sua palavra, que tem me
desimpedido de todas as coisas mais que eu poderia simplesmente atender nesta
mesma coisa: "e seguir livre para fazer o bem".
Se você me pergunta: "Como pode ser? Como pode ser bom, alguém que os
homens dizem toda sorte de mal?". Eu colocarei em sua mente (embora você uma
vez soubesse disto – sim, e muito me estabeleceu naquela grande verdade), por maior
que seja o mal que os homens digam de mim, por causa do meu Senhor, maior o bem
que Ele fará, através de mim. Que é por causa Dele que eu sei, e Ele sabe, e o evento
concorda com isto; porque Ele poderosamente confirma as palavras que eu falo,
através do Espírito Santo dado junto àquele que as ouvem.
Ó, meu amigo, meu coração está sensibilizado em direção a você. Eu temo
que você tenha nisto "causado a ruína da fé". Eu temo que, "satanás, transformado em
um anjo de luz", tenha assaltado você, e prevalecido também. Eu temo que a prole do
inferno, a prudência mundana ou mística, tenha arrastado você para fora da
simplicidade do Evangelho. Como você pôde conceber que o sermos ultrajados e
"odiados por todos os homens" poderia nos tornar menos adequados para o serviço
de nosso Mestre? Como você pode alguma vez pensar em "salvar-se e àqueles que o
ouvem 'sem ser' a imundície e lixo do mundo?'. Até aqui esta Escritura é verdadeira. E
eu me regozijo nela – sim, e me regozijarei. 'Abençoado seja Deus, eu desfruto da
reprovação de Cristo! Ó, que você possa também ser vil, excessivamente vil, por
causa Dele! Deus proíbe que você possa ser alguma vez outro do que geralmente
infame; eu tenho dito universalmente. Se algum homem disser a você que existe um
novo caminho de seguir a Cristo, 'ele é um mentiroso, e a verdade não está nele'".
Eu sou
J. Wesley
(http://diariodejohnwesley.blogspot.com.br/?view=classic) - 06.03.2014 - 9h30