SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 6
Descargar para leer sin conexión
ANOTAÇÕES EM FARMACOLOGIA E FARMÁCIA CLÍNICA


    32)          FÁRMACOS ANTIBIÓTICOS
                                                                        paralisia espástica; e a toxina do cólera que induz a secreção de
    A palavra infecção descreve a presença e a multiplicação de         líquido na luz do intestino, provocando diarréia.
um organismo vivo sobre o hospedeiro ou dentro dele.
                                                                             As endotoxinas não contêm proteínas, não são liberadas
     Doença infecciosa são as lesões ou danos patológicos               ativamente pela bactéria durante o crescimento, e não possuem
decorrentes de uma infecção parasitária. A gravidade de uma             atividade enzimática. São constituídas de lipídios e
doença infecciosa pode variar de leve a acarretando risco de            polissacarídeos, encontrados na parede celular das bactérias
vida para o indivíduo, dependendo de muitas variáveis, como a           gram-negativas. As endotoxinas são potentes ativadores de
saúde do hospedeiro quando da infecção e a virulência do                vários sistemas reguladores em seres humanos. Pequenas
microrganismo (potencial de produção de doença). Um grupo               quantidades no sistema circulatório podem causar coagulação,
selecionado de microrganismos, designados como patógenos, é             sangramento, inflamação, hipotensão e febre.
tão virulento que raramente são encontrados na ausência de
                                                                            Fatores de aderência, fatores de evasão e fatores invasivos
doença.
                                                                        são outras característica das células bacterianas que lhe
    A evolução da doença infecciosa pode ser dividida em                conferem seu grau de virulência.
vários estágios distinguíveis depois da entrada do patógeno no               Os antibióticos são fármacos utilizados para o tratamento
hospedeiro:                                                             das infecções bacterianas. No sentido mais estrito, os
                                                                        antibióticos são substâncias produzidas por diversas espécies de
     - período de incubação = o patógeno inicia a replicação            microrganismos que suprimem o crescimento de outros
ativa sem produzir sintomas.                                            microrganismos. Porém, as sulfonamidas e as quinolonas são
                                                                        exemplos de antibióticos sintéticos.
    - estágio prodrômico = aparecimento inicial dos sintomas,
ou vaga sensação de mal estar. Febre baixa, mialgia, cefaléia,               Os antibióticos são classificados de acordo com a sua
fadiga, processos mórbidos. Diz-se que a doença é insidiosa             potência. Os antibióticos bactericidas destroem as bactérias,
quando a fase prodrômica é prolongada.                                  enquanto os antibióticos bacteriostáticos evitam apenas que
                                                                        aquelas se multipliquem e permitem que o organismo elimine as
     - estágio agudo = o hospedeiro sofre impacto máximo do             bactérias resistentes. Para a maioria das infecções, ambos os
processo infeccioso. Rápida proliferação e disseminação do              tipos de antibióticos parecem igualmente eficazes; porém, se o
patógeno. Durante essa fase, subprodutos tóxicos do                     sistema imune está enfraquecido ou a pessoa tem uma infecção
metabolismo microbiano, a lise celular e a resposta imune               grave, como uma endocardite bacteriana ou uma meningite, um
organizada pelo hospedeiro se combinam para produzir danos              antibiótico bactericida costuma ser mais eficaz.
aos tecidos e inflamação.
                                                                               Os quatros mecanismos básicos de ação dos antibióticos
    - período de convalescença = contenção da infecção,                 são:
eliminação progressiva do patógeno, reparo tecidual e a
resolução dos sintomas associados.                                             1)    Ruptura da parede celular bacteriana por inibição da
                                                                                     síntese     de    peptídeoglicanos       (penicilina,
    - resolução = é a eliminação total de um patógeno do corpo                       cefalosporinas, glicopeptídeos, monobactano e
sem sinais ou sintomas residuais de doença.                                          carbapenens);

     A virulência de um microrganismo pode ser medida através                  2)    Inibição da síntese das proteínas bacterianas
de fatores de virulência, que são substâncias ou produtos                            (aminoglicosídeos,     macrolídeos,    tetraciclinas,
gerados por organismos infecciosos que aumentam a sua                                cloranfenicol, oxizolidinonas, estrepetograminas e
capacidade de causar doenças. Os principais fatores de                               rifampicina);
virulência são:
                                                                               3)    Interrupção da síntese do ácido             nucléico
    - toxinas = são as substâncias que alteram ou destroem o                         (fluoroquinolona, ácido malidixico); e
funcionamento normal do hospedeiro ou de suas células. As
toxinas bacterianas podem ser divididas em exotoxinas e                        4)    Interferência no metabolismo normal (sulfonamidas
endotoxinas.                                                                         e trimetoprima).

     As exotoxinas são as proteínas liberadas pela célula                     Os mecanismos de resistência bacteriana consistem na
bacteriana durante o crescimento celular. As exotoxinas                 produção das enzimas que inativam os antibióticos (como as
inativam enzimaticamente ou modificam componentes                       beta-lactamases); mutações genéticas que alteram os locais de
celulares, ocasionando disfunção ou morte celular. Como                 ligação dos antibióticos; vias metabólicas alternativas que
exemplo, pode-se citar as toxinas botulínicas que diminuem a            contornam a atividade antibiótica e alterações na qualidade de
liberação dos neurotransmissores pelos neurônios colinérgicos,          filtração da parede celular bacteriana, que impede o acesso de
causando paralisia flácida; a toxina tetânica diminui a liberação       antibióticos ao local alvo do microrganismo.
dos neurotransmissores pelos neurônios inibitórios, causando


                                                                    1                                                  Marcelo A. Cabral
ANOTAÇÕES EM FARMACOLOGIA E FARMÁCIA CLÍNICA


    Principais classes de fármacos antibióticos:                         Mecanismo de ação: Todos os antibióticos betalactâmicos
                                                                         interferem na síntese do peptidioglicano da parede celular
1) Sulfonamidas:         (Sulfadiazina,         Sulfametoxazol,          bacteriana, após se ligarem à proteína de ligação da penicilina
   Sulfametopirazina, Sulfasalazina)                                     (PLP - transpeptidases e carboxipeptidases). Além disso, o
                                                                         evento bactericida final consiste na inativação de um inibidor
Mecanismo de ação: as sulfonamidas competem com o PABA                   das enzimas autolíticas na parede celular, levando à lise da
pela enzima diidropteroato sintetase; sulfonamidas são análogos          bactéria.
estruturais e antagonistas competitivos do ácido para-                   - As penicilinas podem ser destruídas por enzimas amidases
aminobenzóico, um precursor do ácido fólico, que por sua vez é                e betalactamases (penicilinases). O estreptococos não
essencial para síntese dos precursores do DNA e RNA                           produz betalactamases;
bacterianos.                                                             - A resistência à penicilina pode ser devida à:
A ação da sulfonamida consiste em inibir o crescimento das              • produção de betalactamases pela bactéria;
bactérias: é um bacteriostático. A eficácia terapêutica dos             • redução na permeabilidade da membrana externa
antimicrobianos bacteriostáticos depende do estado imunológico             (aquaporinas);
do hospedeiro.                                                          • modificação dos sítios de ligação à penicilina.
- A ação bacteriostática é impedida na presença de pus e
     produtos de degradação tecidual, visto que contém timidina           -   O ácido clavulânico é utilizado juntamente com a penicilina
     e purinas, que são utilizadas pelas bactérias para contornar             devido seu efeito inibidor de betalactamases. Isso diminui a
     a necessidade de ácido fólico;                                           resistência bacteriana à penicilina.
- A resistência à sulfonamida é mediada por plasmídeo;                    -   Penicilinas e outros antibióticos são haptenos, moléculas
- Aumento do PABA inibe ação antibacteriana das                               que são muito pequenas para suscitar resposta imunológica,
     sulfonamidas.                                                            mas que podem se ligar a proteínas séricas e induzir a
                                                                              produção de anticorpos IgE, com conseqüente produção de
2) Trimetroprima:                                                             reação de hipersensibilidade, e até mesmo anafilaxia.
                                                                          -
   Mecanismo de ação: A trimetroprima inibe a ação do folato,
impedindo a formação do tetraidrofolato e, consequentemente,              4) Cefalosporina: (Cefalexina, Cefuroxima, Cefotaxima,
impossibilitando a formação do DNA.                                          Cefalotina)
-    É bacteriostática.
- Ocorre ação sinérgica quando administradas sulfonamidas e               -   Mecanismo de ação: é idêntico ao das penicilinas –
    trimetoprima em conjunto para inibir a síntese de DNA                     interferência na síntese de peptidioglicanos bacterianos
    bacteriano, pois elas agem na mesma via metabólica, porém                 após ligação às proteinas de ligação de betalactâmicos.
    em fases diferentes.                                                  -   As cefalosporinas possuem sensibilidade variável a
                                                                              betalactamases.
                                                                          -   Resistência bacteriana ocorre devido às betalactamases
                                                                              codificadas por plasmídeos ou cromossomos;


                                                                          5) Tetraciclinas: (Oxitetraciclina, Doxiciclina, Minociclina e
                                                                             Tetraciclina)

                                                                          -   Mecanismo de ação: as tetraciclinas inibem a síntese de
                                                                              proteínas ao competirem com tRNA pelo local de ligação.
                                                                              São apenas bacteriostáticos.
                                                                          -   As tetraciclinas são quelantes de íons metálicos, portanto
                                                                              não devem ser administradas juntamente com leite, anti-
                                                                              ácidos ou preparações de ferro.
                                                                          -   Deposita-se nos ossos e dentes amarelando-os.

                                                                          6) Cloranfenicol:

                                                                          -   Mecanismo de ação: o clanfenicol inibe da síntese protéica.
                                                                              Liga-se à subunidade 50S do ribossomo bacteriano.
                                                                          -   O uso clínico do cloranfenicol deve ser reservado para
                                                                              infecções graves nas quais os benefícios da droga são
                                                                              maiores do que o risco de toxicidade. Não deve ser usado
                                                                              em recém-nascidos.
                                                                          -   É um bacteriostático, exceto para Haemophilus Influenzae.
3) Penicilinas: (Benzilpenicilina, Fenoximetilpenicilina,
                                                                          -   A resistência é devido à produção de cloranfenicol
   Cloxacilina,    Meticilina,   Ampicilina, Amoxicilina,
                                                                              acetiltransferase, que é mediada por plasmídeo.
   Carbenicilina e Pipericilina)

                                                                    2                                                  Marcelo A. Cabral
ANOTAÇÕES EM FARMACOLOGIA E FARMÁCIA CLÍNICA

    -   O cloranfenicol causa depressão da medula óssea
        resultando em pancitopenia (diminuição dos elementos                    -       Utilizada em infecções causadas por bacterióides, infecções
        figurados do sangue).                                                           das articulações e ossos causadas por estafilococos, e em
                                                                                        conjuntivite estafilocócica.
    7) Aminoglicosídeos:    (Gentamicina, Estreptomicina,                       -       Pode causar colite pseudomembranosa, que é a inflamação
       Amicacina, Tobramicina,   Netilmicina, Neomicina,                                aguda do cólon devido uma toxina necrosante produzida
       Framicetina)                                                                     pelo Clostridium dificile presente na flora intestinal.

    -   Mecanismo ação: os aminoglicosídios inibem a síntese de                 10) Fluoroquinolonas:       (Ciprofloxacina,            Ofloxacina,
        proteínas bacterianas. Sua penetração através da membrana                   Norfloxacina, Acrosoxacina, Pefloxacina)
        celular da bactéria depende, em parte, do transporte ativo
        oxigênio-dependente por um sistema transportador                        -       Mecanismo de ação: as fluoroquinolonas inibem a
        poliamínico. O cloranfenicol bloqueia esse sistema,                             topoisomerase II (DNA girase que é a enzima que produz
        portanto, quando administrados concomitantemente, ocorre                        superespiralamento negativo no DNA), não permitindo a
        antagonismo farmacocinético.                                                    transcrição ou a replicação do genoma bacteriano.
                                                                                -       A ciprofloxacina é a mais usada. É um antibiótico de amplo
    -   Resistência se dá pela falha na penetração do fármaco na                        espectro, eficaz contra microrganismo gram positivo e gram
        parede celular, ou pela sua inativação por enzimas                              negativo. É particularmente ativa contra microrganismos
        microbianas.                                                                    gram negativos, incluindo os resistentes às penicilinas,
    -   Espectro antimicrobiano: os aminoglicosídios são eficazes                       cefalosporinas e aminoglicosídios. Surgiram cepas
        contra microrganismos aeróbicos gram negativos e alguns                         resistentes de S. aureus e P. aeruginosa.
        gram positivos. A gentamicina é o mais usado, porém a                   -       Indicações clínicas: infecções complicadas das vias
        tobramicina é mais indicada no combate a P. aeruginosa.                         urinárias, infecções respiratórias, otite externa invasiva
    -   São altamente polares e não são absorvidos no TGI.                              causada por P. aeruginosa (piercim), osteomielite bacilar
    -   São utilizados principalmente em septicemia.                                    gram negativa, gonorréia, prostatite e cevicite.
    -   Podem causar ototoxidade e nefrotoxidade.
                                                                                11) Glicopeptídeos: (Vancomicina - é um bactericida, exceto
    8) Macrolídeos: (Eritromicina, Claritromicina, Azitromicina,                    estreptococos)
       Anfotericina - antifúngico)
.                                                                               -       Mecanismo de ação: a vancomicina atua ao inibir a síntese
    -   Mecanismo de ação: os macrolídeos ligam-se à subunidade                         da parede celular. É eficaz contra bactérias gram positivas,
        50S do ribossomo bacteriano inibindo a síntese de proteínas                     incluindo o MRSA (Staphilococus aureus resistente a
        bacterianas através de um efeito sobre a translocação.                          meticilina. A meticilina é uma penicilina semi-sintética
        Sofrem competição pelo cloranfenicol e pela clindamicina.                       resistente às betalactamases).
                                                                                -       A vancomicina age de modo sinérgico com
    -    Espectro de ação: Eritromicina – é uma alternativa à                           aminoglicosídios. Deve ser administrada por via
         penicilina – bactérias gram positivas;                                         intarvenosa. Ela só é administrada por via oral para
    -                       Azitromicina – menos ativa contra gram                      combater o clostridium dificile, uma vez que não é
         positivos, porém eficaz contra H. influenzae e toxoplasma                      absorvida pelo TGI.
         gondii. Tratamento das infecções do trato respiratório                 -       Uso clínico: colite pseudomembranosa e infecções por
         inferior (faringite, tonsilite) e superior (pneumonia e                        estafilococos resistentes à múltiplas drogas. A vancomicina
         bronquite), infecções da pele e tecidos moles e otite média.                   é opção nas infecções estafilocócicas graves em pacientes
         Posologia: adultos, 1 dose diária de 500mg durante 3 dias,                     alérgicos a peniclina e cefalosporina.
         ou tratamento de primeira dose de 500mg e depois mais
         quatro doses diárias de 250mg. Crianças, vide bula
         conforme peso.                                                         12) Agentes antimicobacterianos:
    -                      Claritromicina     –    H.     influenzae,
         Mycobacterium avium e H. pilori.                                           -    As principais infecções micobacterianas são: Tuberculose
    - Utilizados no tratamento da difteria, coqueluche,                                  (Mycobacterium        tuberculosis)    e      hanseníase
         pneumonia, diarréia bacteriana.                                                 (Mycobacterium leprae).
                     Claritromicina + amoxicilina + omeprasol –
    tratamento do H. pilory.                                                    a) drogas utilizadas no tratamento da tuberculose:
                                                                                - Terapia farmacológica composta: - primeira fase = duração
    9) Lincosamidas (clindamicina):                                                de dois meses - isoniazida, rifampicina, pirazinamida e
                                                                                   etambutol.
    -   Mecanismo de ação: a clindamicina inibe a síntese de                    - Segunda fase = duração de quatro meses – isoniazida e
        proteína, semelhante ao observado para os macrolídios e o                  rifampicina.
        cloranfenicol.
    -   A clindamicina é ativa contra cocos gram positivos,                 •       ISONIAZIDA:
        incluindo estafilococos resistentes à penicilina, e contra              -     Atividade limitada à micobactérias.
        muitas bactérias anaeróbicas.                                           -     É bacteriostática.


                                                                        3                                                        Marcelo A. Cabral
ANOTAÇÕES EM FARMACOLOGIA E FARMÁCIA CLÍNICA

    -   Mecanismo de ação – inibe a síntese de ácidos micólicos,
        que são componentes da parede celular.                             aqueles com baciloscopia positiva ao final do segundo mês de
                                                                           tratamento.
    -   O metabolismo da isoniazida depende de fatores genéticos
        que determinam se o indivíduo é um acetilador lento ou             b) Fármacos utilizados no tratamento da hanseníase:
        rápido.
                                                                           -   tratamento durante 6 meses com dapsona e rifampicina no
•    RIFAMPICINA:                                                              caso de hanseníase paucibacilar (poucos bacilos);
    - É uma poderosa droga ativa por via oral, que inibe a RNA             -   tratamento durante 2 anos com rifampicina, dapsona e
       polimerase das micobactérias. Induz as enzimas do                       clofazimina no caso de hanseníase do tipo lepromatoso.
       metabolismo    hepático.    Pode-se   verificar    rápido
       desenvolvimento de resistência.
                                                                           13) Outros antimicrobianos beta-lactâmicos:
•    ETAMBUTOL:
    - Inibe o crescimento das micobactérias. Pode surgir                   -   Carbapenêmicos: Imipenem:
       rapidamente a resistência.
                                                                           Mecanismo de ação: atua da mesma forma que os outros
•    PIRAZINAMIDA:                                                         agentes beta-lactâmicos: interfere na síntese do peptidioglicano
    - É um agente tuberculostático           contra   micobactérias        da parede celular bacteriana.
       intracelulares. Rápida resistência.
                                                                           -   Monobactâmicos: Aztreonam:
         Segundo a Nota Técnica sobre as mudanças no tratamento
    da tuberculose no Brasil para dultos e adolescentes, do                Mecanismo de ação: interfere na síntese do peptidioglicano da
    Programa nacional de Controle da Tuberculose – Ministério da           parede celular bacteriana. É apenas ativo contra bactérias Gram-
    Saúde, foi adotado um novo sistema de tratamento para a                negativas aeróbicas, e é resistente à maioria das beta-
    tuberculose, a ser aplicado aos indivíduos com 10 anos ou mais         lactamases.
    de idade. A mudança consiste nas seguintes ações:
         - introdução do etambutol como quarto fármaco na fase             Locais de atuação das principais classes de antibióticos:
    intensiva de tratamento (dois primeiros meses) do esquema
    básico, e tem como justificativa a constatação do aumento da
    resistência primária à isoniazida, e também a resistência
    primária à isoniazida associada à rifanpicina.
         - introdução da apresentação em comprimidos com dose
    fixa combinada dos 4 fármacos (4 em 1) para a fase intensiva do
    tratamento. Os comprimidos são formulados com doses
    reduzidas de isoniazida e pirazinamida em relação às
    anteriormente utilizadas no Brasil. As vantagens da mudança da
    apresentação dos fármacos são, entre outras, o maior conforto
    do paciente pela redução do número de comprimidos a serem
    ingeridos; a impossibilidade de tomada isolada de fármacos e a
    simplificação da gestão farmacêutica em todos os níveis.
              Para crianças até 10 anos continua sendo preconizado o
    tratamento anterior que consiste na tomada de três fármacos
    apenas (rifampicina, isoniazida e pirazinamida) na fase
    intensiva de tratamento.

        Esquema básico para dultos e adolescentes (2RHZE/4RH):



                                                                           Mecanismos bioquímicos de resistência a antibióticos:

                                                                           - Produção de enzimas que inativam o fármaco: por exemplo, as
                                                                           betalactamases, que inativam a penicilina; acetiltransferases,
                                                                           que inativam o cloranfenicol; quinases e outras enzimas, que
                                                                           inativam os aminoglicosídios.
                                                                           - Alteração dos locais de ligação de fármacos: isto ocorre com
                                                                           os aminoglicosídios, a eritromicina e a penicilina.
                                                                           - Redução da captação do fármaco pela bactéria: por exemplo,
        Preconiza-se a solicitação de cultura, identificação e teste       tetraciclinas.
    de sensibilidade em todos os casos e retratamento, e para              - Alterações de enzimas: por exemplo, a diidrofolato redutase
                                                                           torna-se insensível à trimetoprima.

                                                                       4                                                Marcelo A. Cabral
ANOTAÇÕES EM FARMACOLOGIA E FARMÁCIA CLÍNICA

- Muitas bactérias patogênicas desenvolveram resistência aos
antibióticos comumente utilizados; são exemplos:                         prótese valvar)                    vancomicina + gentamicina
          Algumas cepas de estafilococos e enterococos são               Endocardite aguda           (com   Vancomicina + gentamicina +
resitentes a praticamente todos os antibióticos atuais – sendo a         prótese valvar)                    rifanpicina
resistência transferida por transposons e/ou plasmídios. Esses           Acne vulgaris                      Doxicilina,          eritromicina,
microganismos podem causar infecções hospitalares graves e                                                  clindamicina         –        todas
praticamente intratáveis.                                                                                   associadas a isotretionina
          Algumas cepas de Mycobacterium tuberculosis                                                       tópica
tornaram-se resistentes à maioria dos agentes antituberculose.           Antraz cutâneo                     Penicilina G cristalina
          O grave problema clínico acarretado pelos                      Ace rosásea                        Doxicilina,         metronidazol
estafilococos com resistência devido à produção de                                                          (tópico)
betalactamases havia sido solucionado com o desenvolvimento              Erisipela                          Penicilina G procaína ou
de penicilinas semi-sintéticas (como a meticilina) e novos                                                  benzatina,           azitomicina,
antibióticos betalactâmicos (monobactâmicos e carbapenens),                                                 eritromicina
que não eram sensíveis à inativação por essas enzimas. Porém,            Impetigo                           Amoxicilina/clavunato,
surgiram cepas resistentes à meticilina (MRSA – Stafilococos                                                azitromicina, eritromicina
aureus resistentes a meticilina) que passaram a apresentar um            Úlceras de decúbito infectadas     Aminoglicosídeos               anti-
sítio de ligação adicional de betalactâmicos. Até ultimamente, o                                            pseudomonas + clindamicina
glicopeptídio vancomicina era o antibiótico de último recurso                                               ou      cloranfenicol.         Usar
contra o MRSA, mas, ominosamente, em 1997, foram isoladas                                                   sulfadiazina de prata (tópico)
cepas de MRSA resistentes a esse fármaco.                                Mordedura de cão/gato              Amoxicilina/clavunato,
                                                                                                            ampicilina
Exemplos de tratamentos empíricos das infecções:                         Osteomielite (adultos)             Penicilina antiestafilocócica,
                                                                                                            cefalosporinas,
          Infecção                Fármacos primeira escolha                                                 fluorquinolonas
Bronquite crônica                Amoxicilina/clavunato                   Artrite séptica (adultos)          Clindamicina, vancomicina,
Pneumonias                       Penicilina G, vancomicina                                                  penicilina antiestafilocócica
Pneumonia por aspiração          Clindamicina, penicilina G              Tétano                             Penicilina      G        cristalina,
Coqueluche                       Eritromcina, trimetroprima                                                 tetraciclinas, eritromicina
Amigdalite e faringite           Geralmente possui origem                Leptospirose                       Penicilina       G        critalina,
                                 viral                                                                      doxicilina, tetraciclinas
Otite externa                    Gotas       auriculares        de       Peste                              Estreptomicina, gentamicina,
                                 Polimixina B + neomicina +                                                 cloranfenicol, doxicilina
                                 hodrocortisona                          Septicemia (adultos)        sem    Cefalosporinas parenterais de
Otite média                      Amoxicilina/clavu, penicilina.          situações especiais                3ª geração ou penicilinas anti-
Sinusite                         Amoxicilina/clavunato                                                      pseudomonas                       +
Gastrenterite (somente graves)   Ampicilina, amoxicilina                                                    aminoglicosídeos               anti-
Enterocolite (C. difficille)     Vancomicina,      metronidazol                                             pseudomonas; ampicilina +
                                 (oral)                                                                     aminoglicosídeos               anti-
Diarréia dos viajantes           Fluorquinilonas, trimetropima                                              pseudomonas + clindamicina
Úlcera duodenal (H. pylori)      Amoxicilina/      metronidazol/                                            ou imipinem/cilastatina
                                 claritromicina/ composto de             Conjuntivite                       Neomicina/polimixin               B
                                 bismuto                                                                    /gentamicina ou cirpofloxacina
Cólera                           Tetraciclinas                                                              em colírio
Febre tifóde                     Cloranfenicol,     amoxicilina,         Pé diabético                       Clindamicina ou cefalosporina
                                 ciprofloxacina                                                             oral de 1ª geração
Infecção urinária aguda          Trimetropima/sulfametoxazol,            Pé      diabético        crônico   Infecção leve: ciprofloxacina +
                                 amoxicilina/clavunato,                  recorrente                         clidamicina;
                                 azitromicina                                                               Infecção grave: penicilina anti-
Meningites (adultos)             Penicilina     G      cristalina,                                          estafilocócica                    +
                                 clorafenicol, ampicilina                                                   aminoglicosídeos               anti-
Gonorréia                        Penicilina      G      procaína,                                           pseudomonas + clindamicina.
                                 amoxicilina/probenecida
Sífilis                          Penicilina G benzatina                             Infecção                 Fármacos primeira escolha
            Infecção              Fármacos primeira escolha              Doenças dos legionários            Eritromicina
Uretrite                         Doxicilina, azitromicina                Febre reumática                    Penicilina G benzatina (IM)
Cancro mole                      Azitromicina,                           Febre recorrente                   Doxicilina, rifampicina
                                 amoxicilina/clavunato                   Salpingite – inflmação pélvica     Clindamicina                 +
Escabiose                        Permetrina,     benzoato       de                                          aminoglicosídeo           anti-
                                 benzila (tópicos)                                                          pseudomonas, cefalosporina +
Endocardite     aguda     (sem   Penicilina     G      cristalina,                                          tetraciclinas

                                                                     5                                                    Marcelo A. Cabral
ANOTAÇÕES EM FARMACOLOGIA E FARMÁCIA CLÍNICA


Referências Bibliográficas
  1. RANG, H. P. et al. Farmacologia. 4 edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001;
  2. KATZUNG, B. G. Farmacologia: Básica & Clinica. 9 edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006;
  3. CRAIG, C. R.; STITZEL, R. E. Farmacologia Moderna. 6 edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005;
  4. GOLAN, D. E. et al. Princípios de Farmacologia: A Base Fisiopatológica da Farmacoterapia. 2 edição. Rio de
   Janeiro: Guanabara Koogan, 2009;
  5. FUCHS, F. D.; WANNMACHER, L.; FERREIRA, M. B. C. Farmacologia Clínica. 3 edição. Rio de Janeiro: Guanabara
    Koogan, 2004.
  6. GILMAN, A. G. As Bases farmacológicas da Terapêutica. 10 edição. Rio de Janeiro: Mc-Graw Hill, 2005.
  7. CONSTANZO, L. S. Fisiologia. 2 edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
  8. PORTH, C. M. Fisiopatologia. 6 edição. Rio de Janeiro: Ganabara Koogan, 2004
  9. GOODAM & GILMAN. Manual de Farmacologia e Terapêutica. Porto Alegre: AMGH editora Ltda, 2010.


                                                       ЖЖЖЖЖЖ




                                                           6                                            Marcelo A. Cabral

Más contenido relacionado

La actualidad más candente

Principios De Antibioticoterapia
Principios De AntibioticoterapiaPrincipios De Antibioticoterapia
Principios De AntibioticoterapiaRenato sg
 
Seminario antibióticos Professor Evanízio Roque
Seminario  antibióticos Professor Evanízio Roque Seminario  antibióticos Professor Evanízio Roque
Seminario antibióticos Professor Evanízio Roque Tatiana Patrícia
 
Antimicrobianos
AntimicrobianosAntimicrobianos
AntimicrobianosEloi Lago
 
Drogas antimicrobianas
Drogas antimicrobianasDrogas antimicrobianas
Drogas antimicrobianaslubioq123
 
Antimicrobianos final-mga
Antimicrobianos final-mgaAntimicrobianos final-mga
Antimicrobianos final-mgaGlauce Trevisan
 
Aula de Farmacologia sobre Fármacos Antimicrobianos.
Aula de Farmacologia sobre Fármacos Antimicrobianos.Aula de Farmacologia sobre Fármacos Antimicrobianos.
Aula de Farmacologia sobre Fármacos Antimicrobianos.Jaqueline Almeida
 
Antimicrobianos mecanismos-de-resistencia
Antimicrobianos mecanismos-de-resistenciaAntimicrobianos mecanismos-de-resistencia
Antimicrobianos mecanismos-de-resistenciaGlauce Trevisan
 
Antimicrobianos 2015
Antimicrobianos 2015Antimicrobianos 2015
Antimicrobianos 2015Leo Brito
 
Macrolidios - Aminoglicosideos - Lincosamidas
Macrolidios - Aminoglicosideos - LincosamidasMacrolidios - Aminoglicosideos - Lincosamidas
Macrolidios - Aminoglicosideos - LincosamidasSafia Naser
 
Antibioticos Professor Evanizio
Antibioticos Professor EvanizioAntibioticos Professor Evanizio
Antibioticos Professor EvanizioLourenço Neto
 
Noções gerais sobre Antimicrobianos
Noções gerais sobre AntimicrobianosNoções gerais sobre Antimicrobianos
Noções gerais sobre Antimicrobianospaulavmesquita
 
Antibióticos Beta-lactâmicos; Penicilinas
Antibióticos Beta-lactâmicos; PenicilinasAntibióticos Beta-lactâmicos; Penicilinas
Antibióticos Beta-lactâmicos; PenicilinasThaline Eveli Martins
 

La actualidad más candente (20)

Aula 7 Cf1
Aula 7 Cf1Aula 7 Cf1
Aula 7 Cf1
 
Principios De Antibioticoterapia
Principios De AntibioticoterapiaPrincipios De Antibioticoterapia
Principios De Antibioticoterapia
 
Seminario antibióticos Professor Evanízio Roque
Seminario  antibióticos Professor Evanízio Roque Seminario  antibióticos Professor Evanízio Roque
Seminario antibióticos Professor Evanízio Roque
 
Antimicrobianos
AntimicrobianosAntimicrobianos
Antimicrobianos
 
8.2 antibióticos 2
8.2 antibióticos 28.2 antibióticos 2
8.2 antibióticos 2
 
Antibioticos Aminoglicosídeos/ Sulfas+Trimetropim
Antibioticos   Aminoglicosídeos/ Sulfas+TrimetropimAntibioticos   Aminoglicosídeos/ Sulfas+Trimetropim
Antibioticos Aminoglicosídeos/ Sulfas+Trimetropim
 
Antimicrobianos 2012
Antimicrobianos 2012Antimicrobianos 2012
Antimicrobianos 2012
 
Drogas antimicrobianas
Drogas antimicrobianasDrogas antimicrobianas
Drogas antimicrobianas
 
Antimicrobianos final-mga
Antimicrobianos final-mgaAntimicrobianos final-mga
Antimicrobianos final-mga
 
Aula antimicrobianos
Aula antimicrobianosAula antimicrobianos
Aula antimicrobianos
 
Aula de Farmacologia sobre Fármacos Antimicrobianos.
Aula de Farmacologia sobre Fármacos Antimicrobianos.Aula de Farmacologia sobre Fármacos Antimicrobianos.
Aula de Farmacologia sobre Fármacos Antimicrobianos.
 
Antibióticos
AntibióticosAntibióticos
Antibióticos
 
Antimicrobianos mecanismos-de-resistencia
Antimicrobianos mecanismos-de-resistenciaAntimicrobianos mecanismos-de-resistencia
Antimicrobianos mecanismos-de-resistencia
 
Antibióticos
AntibióticosAntibióticos
Antibióticos
 
Antimicrobianos 2015
Antimicrobianos 2015Antimicrobianos 2015
Antimicrobianos 2015
 
Macrolidios - Aminoglicosideos - Lincosamidas
Macrolidios - Aminoglicosideos - LincosamidasMacrolidios - Aminoglicosideos - Lincosamidas
Macrolidios - Aminoglicosideos - Lincosamidas
 
Antibioticos Professor Evanizio
Antibioticos Professor EvanizioAntibioticos Professor Evanizio
Antibioticos Professor Evanizio
 
Antibióticos
AntibióticosAntibióticos
Antibióticos
 
Noções gerais sobre Antimicrobianos
Noções gerais sobre AntimicrobianosNoções gerais sobre Antimicrobianos
Noções gerais sobre Antimicrobianos
 
Antibióticos Beta-lactâmicos; Penicilinas
Antibióticos Beta-lactâmicos; PenicilinasAntibióticos Beta-lactâmicos; Penicilinas
Antibióticos Beta-lactâmicos; Penicilinas
 

Similar a Antibióticos: mecanismos de ação e resistência bacteriana

Como escolher antibioticos
Como escolher antibioticosComo escolher antibioticos
Como escolher antibioticosFredericoMMN
 
Fármacos antibacterianos e Resistência antibiótica .pptx
Fármacos antibacterianos e Resistência antibiótica .pptxFármacos antibacterianos e Resistência antibiótica .pptx
Fármacos antibacterianos e Resistência antibiótica .pptxbudjarne abdul
 
Farmacodinâmica e Farmacologia clínica dos Aminoglicosídeos e Beta-lactâmicos
Farmacodinâmica e Farmacologia clínica dos Aminoglicosídeos e Beta-lactâmicosFarmacodinâmica e Farmacologia clínica dos Aminoglicosídeos e Beta-lactâmicos
Farmacodinâmica e Farmacologia clínica dos Aminoglicosídeos e Beta-lactâmicosedvandef
 
Farmacodinâmica e Farmacologia clínica dos Aminoglicosídeos e Beta-lactâmicos
Farmacodinâmica e Farmacologia clínica dos Aminoglicosídeos e Beta-lactâmicosFarmacodinâmica e Farmacologia clínica dos Aminoglicosídeos e Beta-lactâmicos
Farmacodinâmica e Farmacologia clínica dos Aminoglicosídeos e Beta-lactâmicosantoniohenriquedesou2
 
Controle de microrganismos por agentes in vivo
Controle de microrganismos por agentes in vivoControle de microrganismos por agentes in vivo
Controle de microrganismos por agentes in vivoMaria Teixiera
 
Aula 3 imunidade_inata-_enf-2_2011[1]
Aula 3 imunidade_inata-_enf-2_2011[1]Aula 3 imunidade_inata-_enf-2_2011[1]
Aula 3 imunidade_inata-_enf-2_2011[1]mfernandamb
 
Curso antibióticos e resistência bacteriana prof alexsander
Curso antibióticos e resistência bacteriana prof alexsanderCurso antibióticos e resistência bacteriana prof alexsander
Curso antibióticos e resistência bacteriana prof alexsanderDouglas Lício
 
Farmacologia 16 antibióticos - med resumos - julho-2011
Farmacologia 16   antibióticos - med resumos - julho-2011Farmacologia 16   antibióticos - med resumos - julho-2011
Farmacologia 16 antibióticos - med resumos - julho-2011Jucie Vasconcelos
 
IMUNIDADE A VIRÚS APRESENTAÇÃO (1).pptx
IMUNIDADE A VIRÚS APRESENTAÇÃO (1).pptxIMUNIDADE A VIRÚS APRESENTAÇÃO (1).pptx
IMUNIDADE A VIRÚS APRESENTAÇÃO (1).pptxvaloarnteGritte
 
Antibioticos antibacterianos
Antibioticos antibacterianosAntibioticos antibacterianos
Antibioticos antibacterianosrafaelancelmo
 
Antibioticos e Resistencia Bacteriana a Drogas.ppt
Antibioticos e Resistencia Bacteriana a Drogas.pptAntibioticos e Resistencia Bacteriana a Drogas.ppt
Antibioticos e Resistencia Bacteriana a Drogas.pptBrendonDonato1
 
Antibioticos e Resistencia Bacteriana a Drogas.ppt
Antibioticos e Resistencia Bacteriana a Drogas.pptAntibioticos e Resistencia Bacteriana a Drogas.ppt
Antibioticos e Resistencia Bacteriana a Drogas.pptHelino Junior
 
RESISTÊNCIA BACTERIANA AOS ANTIBIÓTICOS(1).pptx
RESISTÊNCIA BACTERIANA AOS ANTIBIÓTICOS(1).pptxRESISTÊNCIA BACTERIANA AOS ANTIBIÓTICOS(1).pptx
RESISTÊNCIA BACTERIANA AOS ANTIBIÓTICOS(1).pptxNandaBarboza
 

Similar a Antibióticos: mecanismos de ação e resistência bacteriana (20)

Como escolher antibioticos
Como escolher antibioticosComo escolher antibioticos
Como escolher antibioticos
 
Fármacos antibacterianos e Resistência antibiótica .pptx
Fármacos antibacterianos e Resistência antibiótica .pptxFármacos antibacterianos e Resistência antibiótica .pptx
Fármacos antibacterianos e Resistência antibiótica .pptx
 
Antibióticos
AntibióticosAntibióticos
Antibióticos
 
Farmacodinâmica e Farmacologia clínica dos Aminoglicosídeos e Beta-lactâmicos
Farmacodinâmica e Farmacologia clínica dos Aminoglicosídeos e Beta-lactâmicosFarmacodinâmica e Farmacologia clínica dos Aminoglicosídeos e Beta-lactâmicos
Farmacodinâmica e Farmacologia clínica dos Aminoglicosídeos e Beta-lactâmicos
 
Farmacodinâmica e Farmacologia clínica dos Aminoglicosídeos e Beta-lactâmicos
Farmacodinâmica e Farmacologia clínica dos Aminoglicosídeos e Beta-lactâmicosFarmacodinâmica e Farmacologia clínica dos Aminoglicosídeos e Beta-lactâmicos
Farmacodinâmica e Farmacologia clínica dos Aminoglicosídeos e Beta-lactâmicos
 
Controle de microrganismos por agentes in vivo
Controle de microrganismos por agentes in vivoControle de microrganismos por agentes in vivo
Controle de microrganismos por agentes in vivo
 
Antibioticos e suas definiçoes
Antibioticos e suas definiçoesAntibioticos e suas definiçoes
Antibioticos e suas definiçoes
 
Aula 3 imunidade_inata-_enf-2_2011[1]
Aula 3 imunidade_inata-_enf-2_2011[1]Aula 3 imunidade_inata-_enf-2_2011[1]
Aula 3 imunidade_inata-_enf-2_2011[1]
 
Antibacterianos
AntibacterianosAntibacterianos
Antibacterianos
 
Classificação dos antibióticos
Classificação dos antibióticosClassificação dos antibióticos
Classificação dos antibióticos
 
Curso antibióticos e resistência bacteriana prof alexsander
Curso antibióticos e resistência bacteriana prof alexsanderCurso antibióticos e resistência bacteriana prof alexsander
Curso antibióticos e resistência bacteriana prof alexsander
 
15 Imun NãO Esp
15 Imun NãO Esp15 Imun NãO Esp
15 Imun NãO Esp
 
Farmacologia 16 antibióticos - med resumos - julho-2011
Farmacologia 16   antibióticos - med resumos - julho-2011Farmacologia 16   antibióticos - med resumos - julho-2011
Farmacologia 16 antibióticos - med resumos - julho-2011
 
IMUNIDADE A VIRÚS APRESENTAÇÃO (1).pptx
IMUNIDADE A VIRÚS APRESENTAÇÃO (1).pptxIMUNIDADE A VIRÚS APRESENTAÇÃO (1).pptx
IMUNIDADE A VIRÚS APRESENTAÇÃO (1).pptx
 
Antibioticos antibacterianos
Antibioticos antibacterianosAntibioticos antibacterianos
Antibioticos antibacterianos
 
Antibioticos e Resistencia Bacteriana a Drogas.ppt
Antibioticos e Resistencia Bacteriana a Drogas.pptAntibioticos e Resistencia Bacteriana a Drogas.ppt
Antibioticos e Resistencia Bacteriana a Drogas.ppt
 
Antibioticos e Resistencia Bacteriana a Drogas.ppt
Antibioticos e Resistencia Bacteriana a Drogas.pptAntibioticos e Resistencia Bacteriana a Drogas.ppt
Antibioticos e Resistencia Bacteriana a Drogas.ppt
 
Infecções
InfecçõesInfecções
Infecções
 
Virulencia amanda guimaraes
Virulencia amanda guimaraesVirulencia amanda guimaraes
Virulencia amanda guimaraes
 
RESISTÊNCIA BACTERIANA AOS ANTIBIÓTICOS(1).pptx
RESISTÊNCIA BACTERIANA AOS ANTIBIÓTICOS(1).pptxRESISTÊNCIA BACTERIANA AOS ANTIBIÓTICOS(1).pptx
RESISTÊNCIA BACTERIANA AOS ANTIBIÓTICOS(1).pptx
 

Antibióticos: mecanismos de ação e resistência bacteriana

  • 1. ANOTAÇÕES EM FARMACOLOGIA E FARMÁCIA CLÍNICA 32) FÁRMACOS ANTIBIÓTICOS paralisia espástica; e a toxina do cólera que induz a secreção de A palavra infecção descreve a presença e a multiplicação de líquido na luz do intestino, provocando diarréia. um organismo vivo sobre o hospedeiro ou dentro dele. As endotoxinas não contêm proteínas, não são liberadas Doença infecciosa são as lesões ou danos patológicos ativamente pela bactéria durante o crescimento, e não possuem decorrentes de uma infecção parasitária. A gravidade de uma atividade enzimática. São constituídas de lipídios e doença infecciosa pode variar de leve a acarretando risco de polissacarídeos, encontrados na parede celular das bactérias vida para o indivíduo, dependendo de muitas variáveis, como a gram-negativas. As endotoxinas são potentes ativadores de saúde do hospedeiro quando da infecção e a virulência do vários sistemas reguladores em seres humanos. Pequenas microrganismo (potencial de produção de doença). Um grupo quantidades no sistema circulatório podem causar coagulação, selecionado de microrganismos, designados como patógenos, é sangramento, inflamação, hipotensão e febre. tão virulento que raramente são encontrados na ausência de Fatores de aderência, fatores de evasão e fatores invasivos doença. são outras característica das células bacterianas que lhe A evolução da doença infecciosa pode ser dividida em conferem seu grau de virulência. vários estágios distinguíveis depois da entrada do patógeno no Os antibióticos são fármacos utilizados para o tratamento hospedeiro: das infecções bacterianas. No sentido mais estrito, os antibióticos são substâncias produzidas por diversas espécies de - período de incubação = o patógeno inicia a replicação microrganismos que suprimem o crescimento de outros ativa sem produzir sintomas. microrganismos. Porém, as sulfonamidas e as quinolonas são exemplos de antibióticos sintéticos. - estágio prodrômico = aparecimento inicial dos sintomas, ou vaga sensação de mal estar. Febre baixa, mialgia, cefaléia, Os antibióticos são classificados de acordo com a sua fadiga, processos mórbidos. Diz-se que a doença é insidiosa potência. Os antibióticos bactericidas destroem as bactérias, quando a fase prodrômica é prolongada. enquanto os antibióticos bacteriostáticos evitam apenas que aquelas se multipliquem e permitem que o organismo elimine as - estágio agudo = o hospedeiro sofre impacto máximo do bactérias resistentes. Para a maioria das infecções, ambos os processo infeccioso. Rápida proliferação e disseminação do tipos de antibióticos parecem igualmente eficazes; porém, se o patógeno. Durante essa fase, subprodutos tóxicos do sistema imune está enfraquecido ou a pessoa tem uma infecção metabolismo microbiano, a lise celular e a resposta imune grave, como uma endocardite bacteriana ou uma meningite, um organizada pelo hospedeiro se combinam para produzir danos antibiótico bactericida costuma ser mais eficaz. aos tecidos e inflamação. Os quatros mecanismos básicos de ação dos antibióticos - período de convalescença = contenção da infecção, são: eliminação progressiva do patógeno, reparo tecidual e a resolução dos sintomas associados. 1) Ruptura da parede celular bacteriana por inibição da síntese de peptídeoglicanos (penicilina, - resolução = é a eliminação total de um patógeno do corpo cefalosporinas, glicopeptídeos, monobactano e sem sinais ou sintomas residuais de doença. carbapenens); A virulência de um microrganismo pode ser medida através 2) Inibição da síntese das proteínas bacterianas de fatores de virulência, que são substâncias ou produtos (aminoglicosídeos, macrolídeos, tetraciclinas, gerados por organismos infecciosos que aumentam a sua cloranfenicol, oxizolidinonas, estrepetograminas e capacidade de causar doenças. Os principais fatores de rifampicina); virulência são: 3) Interrupção da síntese do ácido nucléico - toxinas = são as substâncias que alteram ou destroem o (fluoroquinolona, ácido malidixico); e funcionamento normal do hospedeiro ou de suas células. As toxinas bacterianas podem ser divididas em exotoxinas e 4) Interferência no metabolismo normal (sulfonamidas endotoxinas. e trimetoprima). As exotoxinas são as proteínas liberadas pela célula Os mecanismos de resistência bacteriana consistem na bacteriana durante o crescimento celular. As exotoxinas produção das enzimas que inativam os antibióticos (como as inativam enzimaticamente ou modificam componentes beta-lactamases); mutações genéticas que alteram os locais de celulares, ocasionando disfunção ou morte celular. Como ligação dos antibióticos; vias metabólicas alternativas que exemplo, pode-se citar as toxinas botulínicas que diminuem a contornam a atividade antibiótica e alterações na qualidade de liberação dos neurotransmissores pelos neurônios colinérgicos, filtração da parede celular bacteriana, que impede o acesso de causando paralisia flácida; a toxina tetânica diminui a liberação antibióticos ao local alvo do microrganismo. dos neurotransmissores pelos neurônios inibitórios, causando 1 Marcelo A. Cabral
  • 2. ANOTAÇÕES EM FARMACOLOGIA E FARMÁCIA CLÍNICA Principais classes de fármacos antibióticos: Mecanismo de ação: Todos os antibióticos betalactâmicos interferem na síntese do peptidioglicano da parede celular 1) Sulfonamidas: (Sulfadiazina, Sulfametoxazol, bacteriana, após se ligarem à proteína de ligação da penicilina Sulfametopirazina, Sulfasalazina) (PLP - transpeptidases e carboxipeptidases). Além disso, o evento bactericida final consiste na inativação de um inibidor Mecanismo de ação: as sulfonamidas competem com o PABA das enzimas autolíticas na parede celular, levando à lise da pela enzima diidropteroato sintetase; sulfonamidas são análogos bactéria. estruturais e antagonistas competitivos do ácido para- - As penicilinas podem ser destruídas por enzimas amidases aminobenzóico, um precursor do ácido fólico, que por sua vez é e betalactamases (penicilinases). O estreptococos não essencial para síntese dos precursores do DNA e RNA produz betalactamases; bacterianos. - A resistência à penicilina pode ser devida à: A ação da sulfonamida consiste em inibir o crescimento das • produção de betalactamases pela bactéria; bactérias: é um bacteriostático. A eficácia terapêutica dos • redução na permeabilidade da membrana externa antimicrobianos bacteriostáticos depende do estado imunológico (aquaporinas); do hospedeiro. • modificação dos sítios de ligação à penicilina. - A ação bacteriostática é impedida na presença de pus e produtos de degradação tecidual, visto que contém timidina - O ácido clavulânico é utilizado juntamente com a penicilina e purinas, que são utilizadas pelas bactérias para contornar devido seu efeito inibidor de betalactamases. Isso diminui a a necessidade de ácido fólico; resistência bacteriana à penicilina. - A resistência à sulfonamida é mediada por plasmídeo; - Penicilinas e outros antibióticos são haptenos, moléculas - Aumento do PABA inibe ação antibacteriana das que são muito pequenas para suscitar resposta imunológica, sulfonamidas. mas que podem se ligar a proteínas séricas e induzir a produção de anticorpos IgE, com conseqüente produção de 2) Trimetroprima: reação de hipersensibilidade, e até mesmo anafilaxia. - Mecanismo de ação: A trimetroprima inibe a ação do folato, impedindo a formação do tetraidrofolato e, consequentemente, 4) Cefalosporina: (Cefalexina, Cefuroxima, Cefotaxima, impossibilitando a formação do DNA. Cefalotina) - É bacteriostática. - Ocorre ação sinérgica quando administradas sulfonamidas e - Mecanismo de ação: é idêntico ao das penicilinas – trimetoprima em conjunto para inibir a síntese de DNA interferência na síntese de peptidioglicanos bacterianos bacteriano, pois elas agem na mesma via metabólica, porém após ligação às proteinas de ligação de betalactâmicos. em fases diferentes. - As cefalosporinas possuem sensibilidade variável a betalactamases. - Resistência bacteriana ocorre devido às betalactamases codificadas por plasmídeos ou cromossomos; 5) Tetraciclinas: (Oxitetraciclina, Doxiciclina, Minociclina e Tetraciclina) - Mecanismo de ação: as tetraciclinas inibem a síntese de proteínas ao competirem com tRNA pelo local de ligação. São apenas bacteriostáticos. - As tetraciclinas são quelantes de íons metálicos, portanto não devem ser administradas juntamente com leite, anti- ácidos ou preparações de ferro. - Deposita-se nos ossos e dentes amarelando-os. 6) Cloranfenicol: - Mecanismo de ação: o clanfenicol inibe da síntese protéica. Liga-se à subunidade 50S do ribossomo bacteriano. - O uso clínico do cloranfenicol deve ser reservado para infecções graves nas quais os benefícios da droga são maiores do que o risco de toxicidade. Não deve ser usado em recém-nascidos. - É um bacteriostático, exceto para Haemophilus Influenzae. 3) Penicilinas: (Benzilpenicilina, Fenoximetilpenicilina, - A resistência é devido à produção de cloranfenicol Cloxacilina, Meticilina, Ampicilina, Amoxicilina, acetiltransferase, que é mediada por plasmídeo. Carbenicilina e Pipericilina) 2 Marcelo A. Cabral
  • 3. ANOTAÇÕES EM FARMACOLOGIA E FARMÁCIA CLÍNICA - O cloranfenicol causa depressão da medula óssea resultando em pancitopenia (diminuição dos elementos - Utilizada em infecções causadas por bacterióides, infecções figurados do sangue). das articulações e ossos causadas por estafilococos, e em conjuntivite estafilocócica. 7) Aminoglicosídeos: (Gentamicina, Estreptomicina, - Pode causar colite pseudomembranosa, que é a inflamação Amicacina, Tobramicina, Netilmicina, Neomicina, aguda do cólon devido uma toxina necrosante produzida Framicetina) pelo Clostridium dificile presente na flora intestinal. - Mecanismo ação: os aminoglicosídios inibem a síntese de 10) Fluoroquinolonas: (Ciprofloxacina, Ofloxacina, proteínas bacterianas. Sua penetração através da membrana Norfloxacina, Acrosoxacina, Pefloxacina) celular da bactéria depende, em parte, do transporte ativo oxigênio-dependente por um sistema transportador - Mecanismo de ação: as fluoroquinolonas inibem a poliamínico. O cloranfenicol bloqueia esse sistema, topoisomerase II (DNA girase que é a enzima que produz portanto, quando administrados concomitantemente, ocorre superespiralamento negativo no DNA), não permitindo a antagonismo farmacocinético. transcrição ou a replicação do genoma bacteriano. - A ciprofloxacina é a mais usada. É um antibiótico de amplo - Resistência se dá pela falha na penetração do fármaco na espectro, eficaz contra microrganismo gram positivo e gram parede celular, ou pela sua inativação por enzimas negativo. É particularmente ativa contra microrganismos microbianas. gram negativos, incluindo os resistentes às penicilinas, - Espectro antimicrobiano: os aminoglicosídios são eficazes cefalosporinas e aminoglicosídios. Surgiram cepas contra microrganismos aeróbicos gram negativos e alguns resistentes de S. aureus e P. aeruginosa. gram positivos. A gentamicina é o mais usado, porém a - Indicações clínicas: infecções complicadas das vias tobramicina é mais indicada no combate a P. aeruginosa. urinárias, infecções respiratórias, otite externa invasiva - São altamente polares e não são absorvidos no TGI. causada por P. aeruginosa (piercim), osteomielite bacilar - São utilizados principalmente em septicemia. gram negativa, gonorréia, prostatite e cevicite. - Podem causar ototoxidade e nefrotoxidade. 11) Glicopeptídeos: (Vancomicina - é um bactericida, exceto 8) Macrolídeos: (Eritromicina, Claritromicina, Azitromicina, estreptococos) Anfotericina - antifúngico) . - Mecanismo de ação: a vancomicina atua ao inibir a síntese - Mecanismo de ação: os macrolídeos ligam-se à subunidade da parede celular. É eficaz contra bactérias gram positivas, 50S do ribossomo bacteriano inibindo a síntese de proteínas incluindo o MRSA (Staphilococus aureus resistente a bacterianas através de um efeito sobre a translocação. meticilina. A meticilina é uma penicilina semi-sintética Sofrem competição pelo cloranfenicol e pela clindamicina. resistente às betalactamases). - A vancomicina age de modo sinérgico com - Espectro de ação: Eritromicina – é uma alternativa à aminoglicosídios. Deve ser administrada por via penicilina – bactérias gram positivas; intarvenosa. Ela só é administrada por via oral para - Azitromicina – menos ativa contra gram combater o clostridium dificile, uma vez que não é positivos, porém eficaz contra H. influenzae e toxoplasma absorvida pelo TGI. gondii. Tratamento das infecções do trato respiratório - Uso clínico: colite pseudomembranosa e infecções por inferior (faringite, tonsilite) e superior (pneumonia e estafilococos resistentes à múltiplas drogas. A vancomicina bronquite), infecções da pele e tecidos moles e otite média. é opção nas infecções estafilocócicas graves em pacientes Posologia: adultos, 1 dose diária de 500mg durante 3 dias, alérgicos a peniclina e cefalosporina. ou tratamento de primeira dose de 500mg e depois mais quatro doses diárias de 250mg. Crianças, vide bula conforme peso. 12) Agentes antimicobacterianos: - Claritromicina – H. influenzae, Mycobacterium avium e H. pilori. - As principais infecções micobacterianas são: Tuberculose - Utilizados no tratamento da difteria, coqueluche, (Mycobacterium tuberculosis) e hanseníase pneumonia, diarréia bacteriana. (Mycobacterium leprae). Claritromicina + amoxicilina + omeprasol – tratamento do H. pilory. a) drogas utilizadas no tratamento da tuberculose: - Terapia farmacológica composta: - primeira fase = duração 9) Lincosamidas (clindamicina): de dois meses - isoniazida, rifampicina, pirazinamida e etambutol. - Mecanismo de ação: a clindamicina inibe a síntese de - Segunda fase = duração de quatro meses – isoniazida e proteína, semelhante ao observado para os macrolídios e o rifampicina. cloranfenicol. - A clindamicina é ativa contra cocos gram positivos, • ISONIAZIDA: incluindo estafilococos resistentes à penicilina, e contra - Atividade limitada à micobactérias. muitas bactérias anaeróbicas. - É bacteriostática. 3 Marcelo A. Cabral
  • 4. ANOTAÇÕES EM FARMACOLOGIA E FARMÁCIA CLÍNICA - Mecanismo de ação – inibe a síntese de ácidos micólicos, que são componentes da parede celular. aqueles com baciloscopia positiva ao final do segundo mês de tratamento. - O metabolismo da isoniazida depende de fatores genéticos que determinam se o indivíduo é um acetilador lento ou b) Fármacos utilizados no tratamento da hanseníase: rápido. - tratamento durante 6 meses com dapsona e rifampicina no • RIFAMPICINA: caso de hanseníase paucibacilar (poucos bacilos); - É uma poderosa droga ativa por via oral, que inibe a RNA - tratamento durante 2 anos com rifampicina, dapsona e polimerase das micobactérias. Induz as enzimas do clofazimina no caso de hanseníase do tipo lepromatoso. metabolismo hepático. Pode-se verificar rápido desenvolvimento de resistência. 13) Outros antimicrobianos beta-lactâmicos: • ETAMBUTOL: - Inibe o crescimento das micobactérias. Pode surgir - Carbapenêmicos: Imipenem: rapidamente a resistência. Mecanismo de ação: atua da mesma forma que os outros • PIRAZINAMIDA: agentes beta-lactâmicos: interfere na síntese do peptidioglicano - É um agente tuberculostático contra micobactérias da parede celular bacteriana. intracelulares. Rápida resistência. - Monobactâmicos: Aztreonam: Segundo a Nota Técnica sobre as mudanças no tratamento da tuberculose no Brasil para dultos e adolescentes, do Mecanismo de ação: interfere na síntese do peptidioglicano da Programa nacional de Controle da Tuberculose – Ministério da parede celular bacteriana. É apenas ativo contra bactérias Gram- Saúde, foi adotado um novo sistema de tratamento para a negativas aeróbicas, e é resistente à maioria das beta- tuberculose, a ser aplicado aos indivíduos com 10 anos ou mais lactamases. de idade. A mudança consiste nas seguintes ações: - introdução do etambutol como quarto fármaco na fase Locais de atuação das principais classes de antibióticos: intensiva de tratamento (dois primeiros meses) do esquema básico, e tem como justificativa a constatação do aumento da resistência primária à isoniazida, e também a resistência primária à isoniazida associada à rifanpicina. - introdução da apresentação em comprimidos com dose fixa combinada dos 4 fármacos (4 em 1) para a fase intensiva do tratamento. Os comprimidos são formulados com doses reduzidas de isoniazida e pirazinamida em relação às anteriormente utilizadas no Brasil. As vantagens da mudança da apresentação dos fármacos são, entre outras, o maior conforto do paciente pela redução do número de comprimidos a serem ingeridos; a impossibilidade de tomada isolada de fármacos e a simplificação da gestão farmacêutica em todos os níveis. Para crianças até 10 anos continua sendo preconizado o tratamento anterior que consiste na tomada de três fármacos apenas (rifampicina, isoniazida e pirazinamida) na fase intensiva de tratamento. Esquema básico para dultos e adolescentes (2RHZE/4RH): Mecanismos bioquímicos de resistência a antibióticos: - Produção de enzimas que inativam o fármaco: por exemplo, as betalactamases, que inativam a penicilina; acetiltransferases, que inativam o cloranfenicol; quinases e outras enzimas, que inativam os aminoglicosídios. - Alteração dos locais de ligação de fármacos: isto ocorre com os aminoglicosídios, a eritromicina e a penicilina. - Redução da captação do fármaco pela bactéria: por exemplo, Preconiza-se a solicitação de cultura, identificação e teste tetraciclinas. de sensibilidade em todos os casos e retratamento, e para - Alterações de enzimas: por exemplo, a diidrofolato redutase torna-se insensível à trimetoprima. 4 Marcelo A. Cabral
  • 5. ANOTAÇÕES EM FARMACOLOGIA E FARMÁCIA CLÍNICA - Muitas bactérias patogênicas desenvolveram resistência aos antibióticos comumente utilizados; são exemplos: prótese valvar) vancomicina + gentamicina Algumas cepas de estafilococos e enterococos são Endocardite aguda (com Vancomicina + gentamicina + resitentes a praticamente todos os antibióticos atuais – sendo a prótese valvar) rifanpicina resistência transferida por transposons e/ou plasmídios. Esses Acne vulgaris Doxicilina, eritromicina, microganismos podem causar infecções hospitalares graves e clindamicina – todas praticamente intratáveis. associadas a isotretionina Algumas cepas de Mycobacterium tuberculosis tópica tornaram-se resistentes à maioria dos agentes antituberculose. Antraz cutâneo Penicilina G cristalina O grave problema clínico acarretado pelos Ace rosásea Doxicilina, metronidazol estafilococos com resistência devido à produção de (tópico) betalactamases havia sido solucionado com o desenvolvimento Erisipela Penicilina G procaína ou de penicilinas semi-sintéticas (como a meticilina) e novos benzatina, azitomicina, antibióticos betalactâmicos (monobactâmicos e carbapenens), eritromicina que não eram sensíveis à inativação por essas enzimas. Porém, Impetigo Amoxicilina/clavunato, surgiram cepas resistentes à meticilina (MRSA – Stafilococos azitromicina, eritromicina aureus resistentes a meticilina) que passaram a apresentar um Úlceras de decúbito infectadas Aminoglicosídeos anti- sítio de ligação adicional de betalactâmicos. Até ultimamente, o pseudomonas + clindamicina glicopeptídio vancomicina era o antibiótico de último recurso ou cloranfenicol. Usar contra o MRSA, mas, ominosamente, em 1997, foram isoladas sulfadiazina de prata (tópico) cepas de MRSA resistentes a esse fármaco. Mordedura de cão/gato Amoxicilina/clavunato, ampicilina Exemplos de tratamentos empíricos das infecções: Osteomielite (adultos) Penicilina antiestafilocócica, cefalosporinas, Infecção Fármacos primeira escolha fluorquinolonas Bronquite crônica Amoxicilina/clavunato Artrite séptica (adultos) Clindamicina, vancomicina, Pneumonias Penicilina G, vancomicina penicilina antiestafilocócica Pneumonia por aspiração Clindamicina, penicilina G Tétano Penicilina G cristalina, Coqueluche Eritromcina, trimetroprima tetraciclinas, eritromicina Amigdalite e faringite Geralmente possui origem Leptospirose Penicilina G critalina, viral doxicilina, tetraciclinas Otite externa Gotas auriculares de Peste Estreptomicina, gentamicina, Polimixina B + neomicina + cloranfenicol, doxicilina hodrocortisona Septicemia (adultos) sem Cefalosporinas parenterais de Otite média Amoxicilina/clavu, penicilina. situações especiais 3ª geração ou penicilinas anti- Sinusite Amoxicilina/clavunato pseudomonas + Gastrenterite (somente graves) Ampicilina, amoxicilina aminoglicosídeos anti- Enterocolite (C. difficille) Vancomicina, metronidazol pseudomonas; ampicilina + (oral) aminoglicosídeos anti- Diarréia dos viajantes Fluorquinilonas, trimetropima pseudomonas + clindamicina Úlcera duodenal (H. pylori) Amoxicilina/ metronidazol/ ou imipinem/cilastatina claritromicina/ composto de Conjuntivite Neomicina/polimixin B bismuto /gentamicina ou cirpofloxacina Cólera Tetraciclinas em colírio Febre tifóde Cloranfenicol, amoxicilina, Pé diabético Clindamicina ou cefalosporina ciprofloxacina oral de 1ª geração Infecção urinária aguda Trimetropima/sulfametoxazol, Pé diabético crônico Infecção leve: ciprofloxacina + amoxicilina/clavunato, recorrente clidamicina; azitromicina Infecção grave: penicilina anti- Meningites (adultos) Penicilina G cristalina, estafilocócica + clorafenicol, ampicilina aminoglicosídeos anti- Gonorréia Penicilina G procaína, pseudomonas + clindamicina. amoxicilina/probenecida Sífilis Penicilina G benzatina Infecção Fármacos primeira escolha Infecção Fármacos primeira escolha Doenças dos legionários Eritromicina Uretrite Doxicilina, azitromicina Febre reumática Penicilina G benzatina (IM) Cancro mole Azitromicina, Febre recorrente Doxicilina, rifampicina amoxicilina/clavunato Salpingite – inflmação pélvica Clindamicina + Escabiose Permetrina, benzoato de aminoglicosídeo anti- benzila (tópicos) pseudomonas, cefalosporina + Endocardite aguda (sem Penicilina G cristalina, tetraciclinas 5 Marcelo A. Cabral
  • 6. ANOTAÇÕES EM FARMACOLOGIA E FARMÁCIA CLÍNICA Referências Bibliográficas 1. RANG, H. P. et al. Farmacologia. 4 edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001; 2. KATZUNG, B. G. Farmacologia: Básica & Clinica. 9 edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006; 3. CRAIG, C. R.; STITZEL, R. E. Farmacologia Moderna. 6 edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005; 4. GOLAN, D. E. et al. Princípios de Farmacologia: A Base Fisiopatológica da Farmacoterapia. 2 edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009; 5. FUCHS, F. D.; WANNMACHER, L.; FERREIRA, M. B. C. Farmacologia Clínica. 3 edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. 6. GILMAN, A. G. As Bases farmacológicas da Terapêutica. 10 edição. Rio de Janeiro: Mc-Graw Hill, 2005. 7. CONSTANZO, L. S. Fisiologia. 2 edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. 8. PORTH, C. M. Fisiopatologia. 6 edição. Rio de Janeiro: Ganabara Koogan, 2004 9. GOODAM & GILMAN. Manual de Farmacologia e Terapêutica. Porto Alegre: AMGH editora Ltda, 2010. ЖЖЖЖЖЖ 6 Marcelo A. Cabral