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Dezembro de 2009 - no 1401 - ano 68   revista do
                                      empresário
                                      associação comercial do rio de janeiro




Rio SuStentável
Cidade é a primeira do país a
estabelecer metas para diminuir
a emissão de gases de efeito estufa

entReviSta
Maria Elena Johannpeter,
presidente da ONG Parceiros Voluntários
aCRJ - biênio 2009/2011

   Presidente                         GRandeS beneMÉRitoS                     Ricardo Cravo Albin                   Maria Aguinaga de Moraes
   José Luiz Alquéres                 Amaury Temporal                         Roberto Paulo Cezar de Andrade        Maria de Lourdes Teixeira de Moraes
   1º vice-Presidente                 Célio de Oliveira Borja                 Rodrigo Paulo de Pádua Lopes          Maria Luiza Corker C. N. de Almeida
   Ronaldo Cezar Coelho               Clara Perelberg Steinberg               Roger Agnelli                         Maria Regina de A. Corrêa da Câmara
   2º vice-Presidente                 Guilherme Levy                          Rogério Marinho                       Maria Silvia Bastos Marques
   Joaquim Falcão                     Humberto Eustáquio César Mota           Ronaldo Chaer do Nascimento           Maurício Agnelli
                                      Juarez Machado Garcia                   Ronaldo Petis Fernandes               Milton Ferreira Tito
   vice-Presidente de Relações        Lázaro de Mello Brandão                 Rondon Pacheco                        Nelson Sendas
   com o legislativo                  Marcílio Marques Moreira                Rubens Bayma Denys                    Orlando Lima
   Aristóteles Drummond               Paulo Manoel Lenz Cesar Protasio        Sérgio Andrade de Carvalho            Osvaldo Henrique Meireles Torres
                                      Paulo Victor da Costa Monnerat          Sérgio Guilherme Lyra de Aguiar       Oswaldo Antonio Arriaga Schmidt
   núCleo GeStão                      Ruy Barreto                             Suely da Costa V. Mendes de Almeida   Oswaldo Aranha Neto
   vice-Presidente de Recursos                                                Theóphilo de Azeredo Santos           Patrícia Diniz Barcellos Corrêa
   Parcerias e Marketing              entidadeS GRandeS                                                             Paulo César Milani Guimarães
   Cristiano Buarque Franco Neto      beneMÉRitaS                                                                   Paulo Manoel Protásio Filho
   vice-Presidente Jurídico                                                   ConSelho diRetoR                      Paulo Roberto Meinerz
                                      Jornal do Commercio
   Daniel Correa Homem de Carvalho                                                                                  Paulo Roberto Ribeiro Pinto
                                      Banco do Brasil S/A
   vice-Presidente de Patrimônio                                              Alberto Paulo de Garcia Monnerat      Paulo Sérgio Petis Fernandes
                                      IRB – Brasil Resseguros S/A                                                   Pedro José Maria Fernandes Wahmann
   Oswaldo Antonio Arriaga Schmidt                                            Alberto Soares de Sampaio Geyer
   vice-Presidente administrativo                                             Alberto Sozin Furuguem                Raphael José de Oliveira Barreto
   Contábil e Financeiro              beneMÉRitoS                             Aldo Carlos de Moura Gonçalves        Raul Eduardo David de Sanson
   Paulo Roberto Ribeiro Pinto                                                André Guimarães                       Renato Ferreira Mota
   vice-Presidente de associados      Abel Mendes Pinheiro Júnior             Arethuza Figueiredo H. S. de Aguiar   Ricardo Costa Garcia
   e Comercial                        André La Saigne de Botton               Ary S. Graça Fº                       Ricardo Lagares Henriques
   Ronaldo Chaer do Nascimento        Antenor Barros Leal                     Augusto de Rezende Menezes            Ricardo Levy
                                      Antônio Sanchez Galdeano                Bruno Armbrust                        Ricardo Pernambuco Backheuser
   núCleo PRoJeção no                 Aristóteles Drummond                    Carlos Alberto Vieira                 Ricardo Varella
   Mundo de neGóCioS                  Aroldo Araújo                           Carlos Geraldo Langoni                Roberto Antônio Raposo D’Assunção
                                      Arthur Antônio Sendas Filho             Carlos Henrique Moreira               Ronaldo Cezar Coelho
   vice-Presidente de Ética,                                                                                        Ronaldo Goytacaz Cavalheiro
   Governança e Sustentabilidade      Aureo Salles de Barros                  Carlos Moacyr Gomes de Almeida
                                      Benjamin Nasário Fernandes Filho        Carlos Roberto Mendonça Alves Dias    Rosiska Darcy de Oliveira
   Clarissa de Araújo Lins                                                                                          Rudolf Höhn
   vice-Presidente de Relações        Brigitte Barreto                        Carmen Fridman Sirotsky
                                      Carlos Alberto Lenz César Protásio      Celso Fernandez Quintella             Rui Patrício
   internacionais                                                                                                   Ruy Barreto Filho
   José Botafogo Gonçalves            Chaja Ruchla Schulz                     Cesar Augusto Mattos Maia Neumann
                                      Conrado Max Gruenbaum                   Christa Bohnhof-Grühn                 Sávio Luis Ferreira Neves Filho
   vice-Presidente de Comércio                                                                                      Sergio Cavina Boanada
   exterior                           Dahas Chade Zarur                       Cícero Ivanildo Alves Casimiro
                                      Daniel Corrêa Homem de Carvalho         Clarissa de Araujo Lins               Sérgio Francisco M de C Guimarães
   Marco Polo Moreira Leite                                                                                         Sérgio Gomes Malta
   vice-Presidente de Concessões      Daniel Klabin                           Corintho de Arruda Falcão Filho
                                      Dora Martins de Carvalho                Cristiano Buarque Franco Neto         Sérgio Reis da Costa e Silva
   e Serviços Regulados                                                                                             Tácito Naves Sanglard
   Otávio Marques Azevedo             Eduardo Baptista Vianna                 Daniel Plá
                                      Eduardo Lessa Bastos                    Dilio Sérgio Penedo                   Teresa Cristina Gonçalves Pantoja
                                      Francisco Luiz C. da Cunha Horta        Domingos Bulus                        Tomas Tomislav Antonin Zinner
   núCleo Rio
                                      Frederico Axel Lundgren                 Edson de Godoy Bueno                  Vera Costa Gissoni
   vice-Presidente de Petróleo        Guilherme Arinos L.Verde de B. Franco   Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira
   e energia                          Haroldo Bezerra da Cunha                Elisa Dalcin Mendes Pinheiro
   João Carlos de Luca                Haroldo de Barros Collares Chaves       Geraldo César Mota                    diRetoReS ConvoCadoS
   vice-Presidente de                 João Augusto de Souza Lima              Geraldo Rezende Ciribelli             André Urani
   desenvolvimento imobiliário        João Portella Ribeiro Dantas            Germano H. Gerdau Johannpeter         Jacob Kligerman
   José Conde Caldas                  Jonas Barcellos Corrêa Filho            Gilberto Caruso Ramos                 João Carlos de Luca
   vice-Presidente de Cultura         José Antônio do Nascimento Brito        Haroldo João Naylor Rocha             Mozart Vitor Serra
   Rosiska Darcy de Oliveira          José Luiz Alquéres                      Hekel de Miranda Raposo               Ricardo Simonsen
   vice-Presidente de Conselhos       José Maria Teixeira da Cunha Sobrinho   Henrique Bastos Rocha
   empresariais e eventos             Linneo Eduardo de Paula Machado         Humberto Eustáquio César Mota Filho   Sócio honorário
   Sergio Cavina Boanada              Luíz Carlos Trabuco Cappi               Jaime Rotstein                        José Luiz de Magalhães Lins
                                      Manuel Teixeira Rodrigues Fontes        João Roberto Marinho
   viCe-PReSidenteS                   Márcio Castro de Almeida                Joaquim de Arruda Falcão Neto
   Antenor Barros Leal                Marco Antônio Sampaio Moreira Leite     Joel Korn
   Aureo Salles de Barros                                                                                           ConSelho FiSCal
                                      Marco Polo Moreira Leite                José Botafogo Gonçalves
   Benjamin Nasário Fernandes Filho   Marta Maria Ferreira Arakaki            José Carlos Costa da Silva Rosa
   Chaja Ruchla Schulz                                                                                              efetivos
                                      Maurício de Castilho Dinepi             José Conde Caldas
   Dora Martins de Carvalho           Mauro José Miranda Gandra               José de Souza e Silva                 Abel Mendes Pinheiro Júnior
   Juarez Machado Garcia              Mauro Moreira                           José Gustavo de Souza Costa           Carlos Henrique Fróes
   Maria Silvia Bastos Marques        Mauro Ribeiro Viegas                    José Pires de Sá                      Eduardo Costa Garcia
   Marta Maria Ferreira Arakaki       Nelson Janot Marinho                    José Roberto Marinho                  Mauro José Miranda Gandra
   Maurício de Castilho Dinepi        Olavo Egydio Monteiro de Carvalho       Júlio Isnard                          Paulo Sobrino Marques d’Oliveira
                                      Olympio Faissol Pinto                   Julio Luiz Baptista Lopes             Suplente
   ConSelho SuPeRioR                  Omar Carneiro da Cunha                  Laudelino da Costa Mendes Neto        Aureo Ricardo Salles de Barros
                                      Oscar Böechat Filho                     Lilibeth Monteiro de Carvalho         Ferdinando Bastos de Souza
   Presidente                         Otávio Marques Azevedo                  Lucy Villela Barreto Borges
   Humberto Eustáquio César Mota                                                                                    Helena Spyrides
                                      Patrick Larragoiti Lucas                Luiz Antonio de Godoy Alves
   vice-Presidente                    Pedro Ernesto Mariano de Azevedo        Marcelo Henriques de Brito            Secretário Geral
   Rubens Bayma Denys                 Renato Ribeiro Abreu                    Marcos Castrioto de Azambuja          Nestor Rolim Lacerda
SuMáRio


                                                                                                                10         CaPa




                                                                                                  Andréa Mury
                                                                                                                Rio SuStentável
                                                                                                                O Rio é a primeira cidade brasileira a
                                                                                                                estabelecer metas para combater as
                                                                                                                emissões de gases de efeito estufa.
                                                                                                                O plano lançado pela prefeitura do Rio
                                                                                                                tem como parceiros a ACRJ, a FBDS
                                                                                                                e o Rio Como Vamos

                                        Mathias Cramer




6            entReviSta
             Maria Elena Johannpeter,
                                                         16       ConheCiMento
                                                                  Livro revela bastidores da
                                                                                                                25         eSPeCial
                                                                                                                           O vice-presidente da Repú-
             uma das principais lideran-                          festa popular que movimen-                               blica José Alencar é home-
             ças da área social do País                           ta milhões de reais                                      nageado como Sócio Emé-
             fala sobre voluntariado                                                                                       rito da ACRJ



 22               inStituCional                          23            aRtiGo                                    29             ConSelhoS
As mensagens do presidente da ACRJ,                      Jerson Kelman comenta os desafios                      Debates, seminários e outros eventos
José Luiz Alquéres, e do presidente do                   do novo Conselho Empresarial das                       realizados pelos Conselhos da ACRJ
Conselho Superior Humberto Mota                          Indústrias Reguladas da ACRJ



 37               alMoço do
                  eMPReSáRio                             40            aSSoCiadoS
Os principais nomes da política e do                     Conheça nossos associados e junte-
empresariado discutem a conjuntura                       se à ACRJ, uma das instituições mais
nacional                                                 antigas e representativas do Brasil




                            Presidente                            Capa                               Redação
                            José Luiz Alquéres                    Vista Chinesa/RJ                   Rua da Candelária, 9 /11º andar
                            Conselho Editorial                    Foto: Andréa Mury                  cep: 20091-020 - Centro - RJ
                            José Luiz Alquéres                    Fotografia                         (21) 2514-1219/1269
                            Maurício Dinepi                       Ivanoé Gomes Pereira               Publicidade
                            Olavo Monteiro de Carvalho            Projeto Gráfico / Diagramação      (21) 2514-1211/1204/1208
                            Ronaldo Chaer do Nascimento           Dueto Brasil
                            André Urani                                                              www.acrj.org.br
                                                                  (21) 9124-1472 / 7889-3225
                                                                                                                                          Órgão Técnico e Consultivo
                            Gerente de Comunicação                www.duetobrasil.com.br
                                                                                                                                         do Governo Federal no estudo
                            e Jornalista Responsável              Fotolito e Impressão                                                 dos problemas que se relacionam
                            Andréa Mury (MTB nº 23787)            Rower Gráfica & Editora Ltda                                             com a economia nacional.
                            Edição e Revisão                      (21) 3881-3150                                                             Decreto-Lei nº6348,
                            Andréa Mury                                                                                                         de 26/09/1940

Edição no 1401
Dezembro de 2009 - ano 68
entReviSta                               MARIA ELENA PEREIRA JOHANNPEtER




                                               Mathias Cramer
                                                                Andréa Mury


                                                                Construir um Rio Grande do Sul voluntário. Foi com
                                                                essa visão que a administradora de empresas gaú-
                                                                cha, formada pela PUC-RS, Maria Elena Pereira
                                                                Johannpeter fundou, em janeiro de 1997, a ONG
                                                                Parceiros Voluntários, uma organização não-gover-
                                                                namental, sem fins lucrativos e apartidária, que es-
                                                                timula, capta, capacita e encaminha voluntários às
                                                                organizações sociais.
                                                                A iniciativa já conquistou mais de 300 mil voluntá-
                                                                rios em 13 anos de atuação, beneficiando mais de
                                                                1 milhão de pessoas nas 78 cidades que integram
                                                                a Rede Parceiros Voluntários (www.parceirosvolun-
                                                                tarios.org.br). A Parceiros também criou o maior
                                                                movimento de voluntariado jovem do Brasil, que
                                                                envolveu, em 2008, 108 mil estudantes dos ensi-
                                                                nos fundamental e médio de 379 escolas do Rio
                                                                Grande do Sul.
  Em 2008, Maria Elena Johannpeter lançou, juntamente com a escritora Lilian Dreyer, o livro O
  Quinto Poder – Consciência Social de uma Nação. A obra reúne análises e questionamentos
  de especialistas nacionais e internacionais sobre o terceiro Setor, a atuação da sociedade
  civil organizada e o voluntariado, como o professor norte-americano Lester Salamon, um dos
  pioneiros do terceiro Setor no planeta e a queniana Wangari Maathai, ativista distinguida com
  o Prêmio Nobel da Paz.
  Maria Elena integra instituições como a Schwab Foundation, da Suíça, o Conselho Deliberativo
  da Federasul, o Conselho de Cidadania da Federação das Indústrias do RS e o Conselho Pa-
  ranaense de Cidadania Empresarial da Federação das Indústrias do Estado do Paraná.
  A presidente-executiva (Voluntária) da ONG Parceiros Voluntários, uma das principais lideranças
  da área social do País, falou à Revista do Empresário da ACRJ sobre o trabalho desenvolvido
  pela ONG e a importância do trabalho voluntário.


      o que a motivou a fundar a onG     a grande oportunidade de colocar em                      nha pesquisado muito, no Brasil e no
  Parceiros voluntários? em que va-      prática o que eu acreditava veio em                      exterior, exemplos de participação de
  lores está baseado o trabalho da       1996, quando o então presidente da                       pessoas em suas comunidades – sa-
  Parceiros voluntários?                 Federasul (Federação das Associa-                        bendo como o brasileiro é solidário por
      Me - Sempre fui muito inquieta a   ções Comerciais do Rio Grande do                         natureza – percebi que poderíamos
  respeito de me envolver com o outro,   Sul), Mauro Knijnik, me convidou para                    passar de uma cultura paternalista
  me envolver com o social, trabalhar    assumir a diretoria do Departamento                      para uma cultura mais participativa. Ao
  para transformar realidades. Cresci    de Desenvolvimento Social da entida-                     fundar a ONG Parceiros Voluntários foi
  vendo minha mãe agir efetivamen-       de. Como já atuava como conselheira                      essa proposta que fizemos à comuni-
  te, não somente discursando. Mas       de algumas organizações sociais e ti-                    dade gaúcha.

  6                                                                           R E V I S TA D O E M P R E S Á R I O D A A C R J - D E Z E M B R O D E 2 0 0 9
MARIA ELENA PEREIRA JOHANNPEtER                                                                      entReviSta

     O trabalho da ONG Parceiros Vo-                          BID, tem o patrocínio da Petrobras e         individualismo, na indiferença frente ao
luntários está baseado em sua missão,                         inúmeras parcerias com empresas, ins-        destino do outro, na falta de responsa-
que é promover, ampliar e qualificar o                        tituições e profissionais liberais. Quando   bilidade coletiva, no desinteresse pelo
atendimento às demandas sociais pelo                          estivermos com o projeto piloto conclu-      bem-estar geral, na busca do consu-
trabalho voluntário, visando à melhoria                       ído, a metodologia também deverá ser         mismo (...), pode-se esperar que essas
da qualidade de vida no Rio Grande                            expandida para outros estados.               condutas debilitem seriamente o tecido
do Sul. Dentre os nossos valores, co-                              Como a srª avalia o desempe-            social e conduzam a toda ordem de
locamos que toda pessoa é solidária e,                        nho do terceiro Setor no brasil?             impactos regressivos”. Assim, entende-
portanto, um voluntário em potencial; a                       Quais os maiores desafios para as            mos que uma das funções das organi-
filantropia e o exercício da cidadania,                       pessoas e organizações que atuam             zações do terceiro Setor é desenvolver
pela prática do voluntariado, como in-                        nesta área?                                  formas democráticas de intervenção
dispensáveis à transformação da reali-                             Me - Como dizia Peter Drucker: “O       social, em que as pessoas sejam capa-
dade social; e, por fim, que o desenvol-                      resultado do terceiro Setor é um ser         zes de construir, de forma cooperativa,
vimento sustentado é alcançado pela                           humano melhor. As instituições sem           a ordem social em que querem viver. O
interação entre os sistemas econômico,                        fins lucrativos são agentes de mudança       sociólogo colombiano Bernardo toro
ambiental e social.                                           humana. Seu ‘produto’ é um paciente          diz isso muito bem: “se a intervenção é
     há perspectivas de estender                              curado, uma criança que aprende, um          assistencialista, cria a dependência; se
esse trabalho a outros estados,                               jovem que se transforma em um adulto         é autoritária, cria a baixa auto-estima; se
como o Rio de Janeiro?                                        com respeito próprio; isto é, toda uma       é clientelista, cria uma cultura de ade-
     Me - temos bases conceituais mui-                        vida transformada”. Para se ter uma          são; se é democrática, cria cidadania e
to fortes e um largo trabalho em todo                         ideia de importância, é só analisarmos       autonomia”.
o Rio Grande do Sul. Essa experiên-                           que, em 2007, o terceiro Setor teve               a srª participou do Fórum Pers-
cia é que alavanca a nossa participa-                         sua participação econômica reconhe-          pectivas para o Marco legal do ter-
ção em outros estados, sempre por                             cida pelo IBGE, quando foi incluido na       ceiro Setor, no Rio de Janeiro, para
intermédio de parcerias locais como,                          composição do cálculo do Produto In-         discutir e avaliar os resultados deste
por exemplo, o curso Gestão para a                            terno Bruto (PIB). Segundo o Centro de       trabalho, elaborado pelo Grupo de
Sustentabilidade, Empreendedorismo                            Estudos da Johns Hopkins University,         institutos, Fundações e empresas
e Redes Colaborativas, que estamos                            dos Estados Unidos, o setor sem fins         (GiFe). Quais foram as principais
levando a instituições do Rio de Janei-                       lucrativos no Brasil representa 5% do        constatações deste encontro?
ro e do Amazonas em parceria com o                            PIB nacional e assegura em torno de               Me - Este é um trabalho que o GIFE
Sebrae Nacional. Essa metodologia                             3 milhões de empregos diretos.               vem construindo, a muitas mãos e ca-
busca instrumentalizar dirigentes de                               Os números da Parceiros Voluntá-        beças, há alguns anos. Este documen-
Organizações da Sociedade Civil para                          rios também mostram um crescimento           to estabelece os cinco temas que a
uma gestão sustentável, desenvolven-                          exponencial. De 2003 a 2009, passou          rede GIFE identifica como prioritários no
do a liderança, o empreendedorismo e                          de 31 mil para 300 mil voluntários ca-       processo de aperfeiçoamento do mar-
o estímulo à formação de redes cola-                          dastrados; o número de empresas ca-          co legal do terceiro setor, que são: (1)
borativas. É importante frisarmos que a                       dastradas saltou de 850 para 2,5 mil;        liberdade de organização e funciona-
Parceiros Voluntários se vê como uma                          e as organizações da sociedade civil         mento para as organizações da socie-
potencializadora de causas sociais por                        conveniadas aumentaram de 1 mil para         dade civil, (2) transparência e controle
dois eixos: encaminhando voluntários                          2,7 mil. Esse movimento todo de mobi-        social (accountability), (3) imunidades e
qualificados e profissionalizando, de-                        lização e articulação traz um benefício      isenções tributárias, (4) incentivos fis-
senvolvendo lideranças e capacitando                          para aproximadamente 1 milhão e meio         cais para iniciativas de interesse público
gerencialmente as Organizações. Outro                         de pessoas.                                  e (5) segurança jurídica, na qualidade
grande desafio que temos é o curso                                 O grande desafio de todos os pa-        de tema transversal.
“Educando para a transparência”, que                          íses no século XXI é a formação do                Agora, com a publicação e propa-
é parte do projeto “Desenvolvimento de                        Capital Social nas comunidades. Eu           gação dessa obra “Perspectivas para
Princípios de transparência e Prestação                       concordo com o economista e soció-           o Marco Legal do terceiro Setor” é
de Contas para Organizações Sociais”.                         logo Bernardo Kliksberg que diz: “se os      que os debates levarão, certamente, a
Esse projeto, realizado com o FUMIN/                          valores dominantes se concentram no          muito boas contribuições, visando um

R E V I S TA D O E M P R E S Á R I O D A A C R J - D E Z E M B R O D E 2 0 0 9                                                                      7
entReviSta                                   MARIA ELENA PEREIRA JOHANNPEtER

  benefício organizacional para o terceiro   lação à mobilização da sociedade                  empresas é essencial para uma gover-
  Setor. A pesquisa, que teve apoio das      civil no sentido de influir e cobrar              nabilidade efetiva. Penso que, para co-
  Fundações Ford e W. K. Kellogg, agora      políticas públicas voltadas ao de-                brarmos posições fora, temos que estar
  será distribuída a associados do GIFE      senvolvimento sustentável?                        cumprindo o nosso papel internamen-
  e disponibilizada para download no site         Me - É sonho de todos os países              te, e nisso os brasileiros estão dando o
  www.gife.org.br                            a solução ou a minimização de proble-             exemplo devido a essa forte mobiliza-
      a crise afetou de algum modo           mas sociais, como a fome, a educação              ção e articulação aqui descrita.
  o investimento das empresas em             para todos, a redução da mortalidade                   a prática do voluntariado já in-
  projetos de Responsabilidade So-           infantil, a não violência, o respeito ao          tegra o dia-a-dia das empresas
  cial (RS) ?                                meio ambiente, entre outros. O Brasil             brasileiras ou ainda é uma reali-
      Me - Como ainda não está muito         também está perseguindo esse sonho.               dade distante? Como estimular o
  forte o entendimento de que o desen-       Para isso, está desenvolvendo ações               maior envolvimento das empresas
  volvimento sustentado está alicerça-       tanto pelos meios governamentais,                 em ações de RSe e a participação
  do, igualitariamente, em três pilares      quanto pela sociedade civil organizada.           de seus colaboradores?
  (econômico - social – ambiental), em       Segundo pesquisa do IBGE, divulgada                    Me - Ainda há muito o que se fazer
  qualquer crise a primeira rubrica a ser    em 2008, estavam registradas cerca de             em relação ao envolvimento de todos os
  cortada, ou pelo menos diminuída, é        338 mil fundações privadas e associa-             setores, mas saber que as lideranças
  a que se refere aos projetos sociais,      ções sem fins lucrativos, que emprega-            empresariais já estão mudando a sua
  ou melhor dizendo, aos projetos que        vam 1 milhão e meio de pessoas em                 concepção sobre o trabalho voluntário,
  dizem respeito ao envolvimento com a       todo o País. São organizações dispos-             é meio caminho andado. A outra me-
  comunidade. É claro que teve reflexo,      tas a sair do discurso e a colocar a mão          tade é uma questão de organização e
  no final de 2008 e inicio de 2009, da      na massa. Essas mãos, geralmente,                 mobilização. O estímulo que buscamos
  crise econômica mundial. Porém, com        têm sido representadas por uma força              oferecer é por meio da metodologia da
  os novos sinais de um retorno do cres-     de trabalho silenciosa, que crê na so-            criação de comitês internos na empre-
  cimento das empresas, os investimen-       lidariedade, na promoção social e na              sa, de responsabilidade social. Hoje, as
  tos estão sendo retomados, embora,         cidadania. Essa força de trabalho não             empresas já percebem que a responsa-
  ainda, com muita cautela.                  busca resultados apenas financeiros;              bilidade social agrega valor à marca. Até
      Mas, como todas as circunstâncias      busca, sim, a recompensa maior: pro-              por uma questão prática: para recebe-
  nos trazem aprendizados, o cenário tor-    jetos de vidas transformados.                     rem certificações ou atuarem no merca-
  nou-se positivo por um lado: as organi-         transformando o sonho em realida-            do externo, as empresas precisam estar
  zações se viram obrigadas a uma ime-       de, os Centros de Voluntariado de SP,             envolvidas com a comunidade. Outro
  diata profissionalização na sua gestão,    RJ, SC e RS, com o apoio do Programa              fator importante é o clima que gera in-
  seja no planejamento, na prestação de      das Nações Unidas para o Desenvol-                ternamente quando os funcionários se
  contas, na prospecção de novas ma-         vimento (PNUD), se uniram formando                juntam para apoiar projetos sociais: os
  neiras de sustentabilidade, etc. Essa é    uma Rede de Colaboração. Hoje, atra-              interrelacionamentos ficam mais facilita-
  uma das razões pelas quais a Parceiros     vés do trabalho voluntário, fomentado             dos, as pessoas mais dispostas, a equi-
  Voluntários se preocupa em capacitar       pela Rede Brasil Voluntário, esta realida-        pe mais unida e focada; melhora a ca-
  gerencialmente as instituições, para       de arregimenta um batalhão de 42 mi-              pacidade na busca de soluções, enfim,
  que crises não venham a acabar com         lhões de voluntários, que impulsionam             cria ou fortalece um capital social interno
  projetos que têm profundo significado      projetos, que articulam soluções.                 na empresa. Não importa o tamanho
  em suas comunidades, pois o resul-              todo indivíduo, família, organização         da empresa: ela é feita por pessoas.
  tado final dessas instituições é medido    e comunidade têm um papel vital a de-             Se elas estão felizes, os resultados são
  em vidas transformadas.                    sempenhar. As artes, as ciências, as              bem mais significativos.
      há uma grande expectativa em           religiões, as instituições educativas, os              a Parceiros voluntários criou um
  torno dos acordos que poderão              meios de comunicação, as empresas,                dos maiores movimentos de volun-
  ser firmados em Copenhague, em             as organizações não-governamentais                tariado jovem do país, que envolve
  busca de uma comunidade global             e os governos: todos são chamados a               também pais e educadores. Como
  sustentável. Como a srª vê o papel         oferecer uma liderança criativa. A par-           incentivar a criança, o jovem a ser
  do brasil neste processo, em re-           ceria entre governo, sociedade civil e            voluntário? Como instituições de

  8                                                                        R E V I S TA D O E M P R E S Á R I O D A A C R J - D E Z E M B R O D E 2 0 0 9
MARIA ELENA PEREIRA JOHANNPEtER                                                                     entReviSta

ensino, empresas e governos po-
dem contribuir para isso?
                                                              “Os governos e as empresas precisam estar
     Me - A ação se chama “tribos nas                         atentos aos jovens, pois eles não são o futuro:
trilhas da Cidadania” e iniciou em 1999,                      são o presente. E é necessário valorizá-los,
por desafio de quatro jovens em sala
de aula. Funciona da seguinte maneira:                        formando-os como cidadãos conscientes de
ao longo de todo o ano, os jovens do                          seus direitos e responsabilidades”
ensino médio, de escolas públicas ou
privadas, desenvolvem ações em suas
comunidades, escolhidas por eles mes-                         como cidadãos conscientes de seus              e sistêmica da realidade. Ele sente-se
mos, buscando atender a três “trilhas”:                       direitos e de suas responsabilidades.          parte de um todo e trabalha para a in-
Educação para a Paz, Meio Ambiente                            O grande biólogo e educador Humber-            tegração e harmonização desse todo.
ou Cultura. A metodologia utilizada na                        to Maturana diz: “educar se constitui no       Dá-lhe o verdadeiro sentido de ser ci-
ação tribos nas trilhas da Cidadania fa-                      processo em que a criança ou o adul-           dadão. Uma das melhores formas de
vorece a co-autoria dos jovens, o traba-                      to convive com o outro e, ao conviver          levar esse “contágio” adiante é, quem
lho em grupo e o compartilhamento de                          com o outro, se transforma esponta-            está fazendo e se sentindo feliz, deve
experiências. também cria condições                           neamente, de maneira que seu modo              propagar para seus familiares, amigos,
para a reflexão e o desenvolvimento de                        de viver se faz progressivamente mais          colegas, enfim, fazendo uma grande
habilidades e competências, qualifican-                       congruente com o do outro no espaço            corrente do bem.
do e fortalecendo a atuação juvenil e                         de convivência”.                                   Qual conselho ou alerta a srª da-
promovendo capacitações de estudan-                               a srª costuma destacar a im-               ria aos empresários brasileiros?
tes em liderança, empreendedorismo,                           portância da Responsabilidade                      Me - Em 2006, a CNI (Confede-
voluntariado e cidadania.                                     Social individual. Como ampliar                ração Brasileira da Indústria) publicou
     Já tivemos ano com mais de 100                           a conscientização da sociedade                 um Manual no qual constava: “a sus-
mil jovens mobilizados e, em 2009, ti-                        para este conceito?                            tentabilidade - além de ser boa para a
vemos mais de 80 mil estudantes, em                               Me - Esse é o conceito que vem             sociedade e para o meio ambiente - é
55 cidades no Rio Grande do Sul. Eles                         embasando o trabalho da Parceiros Vo-          também boa para os negócios. Signi-
têm muito gás, querem viver o “hoje” e                        luntários nesses 13 anos. A RSI - Res-         fica oportunidades para as empresas
vibram quando recebem a oportunida-                           ponsabilidade Social Individual – nos diz      construírem diferenciais competitivos,
de de agir. O que é preciso, na verda-                        que “trabalhar os valores internos faz         reduzirem custos e aprimorarem seus
de, é direcionar essa energia pulsante                        despertar na pessoa o seu verdadeiro           níveis de eficiência e desempenho”.
para o bem dos outros e do próprio jo-                        valor, o que a torna mais ativa e social-      Eu complementaria ainda que, para os
vem. O apoio da escola, do educador                           mente transformadora do mundo ao               próximos anos, as empresas terão de
e dos pais é fundamental. Eles podem                          seu redor”. tudo inicia nesse pequeno          mudar sua atenção para o seu pes-
estimular e orientar o jovem a trabalhar                      núcleo chamado “eu”. A RSI vem an-             soal interno, para satisfazer não ape-
no projeto em áreas de maior afinidade,                       tes da RSE, da RSG (governamental)             nas suas necessidades físicas mas
já pensando em seu futuro quando tiver                        ou de qualquer outra. As pessoas não           também emocionais, mentais e espi-
que decidir por uma formação univer-                          dispõem apenas de habilidades (ca-             rituais. As pessoas desejarão trabalhar
sitária, mas, principalmente, valorizar                       pital humano), conhecimentos (capital          em empresas para onde possam levar
as conquistas dos jovens ao longo das                         intelectual), dinheiro (capital financeiro),   seus mais elevados valores, que lhes
atividades. Os pais podem, inclusive,                         prédios e maquinários (capital físico).        dêem oportunidade de fazer uma di-
participar de ações pontuais junto com                        Possuem também elos de solidarieda-            ferença positiva no mundo e que as
os filhos. O que é comum de vermos e                          de, fraternidade, cooperação, reciproci-       encorajem a tornarem-se tudo o que
isso dá “uma liga” muito grande no inter-                     dade e de confiança que estabelecem            puderem ser. Quando as pessoas
relacionamento.                                               com outras pessoas. São esses elos a           consideram seu trabalho significativo,
     Os governos e as empresas preci-                         chave para resolver os problemas de            alcançam seus mais profundos níveis
sam estar atentos aos jovens, pois eles                       desenvolvimento humano que enfren-             de intuição e criatividade. Isso é bom
não são o futuro: são o presente. E é                         tamos na época atual, pois proporcio-          para elas, é bom para a empresa e é
necessário valorizá-los, formando-os                          nam ao indivíduo uma visão holística           muito bom para as comunidades.

R E V I S TA D O E M P R E S Á R I O D A A C R J - D E Z E M B R O D E 2 0 0 9                                                                    9
CaPa                                         RIO SUStENtáVEL




  Rio Sustentável
                                                                                               Lançamento do Rio Sustentável reuniu
                                                                                               lideranças políticas, empresariais e da
                                                                                               sociedade civil no Palácio da Cidade


  Cidade é a primeira do país a estabelecer metas                                                                                      Cida Belford
  para reduzir a emissão de gases de efeito estufa                                                                                    Andréa Mury


     “A economia depende do am-              efeito estufa em 8% até 2012, em 16%              os bairros da Penha e Barra da tijuca
  biente. Se não há ambiente, se tudo        até 2016 e em 20% até 2020. Com                   e outro na Avenida Brasil; a expansão
  está destruído, não há economia”.          isso, o Rio é a primeira cidade brasilei-         das ciclovias; e a utilização de biocom-
                        Lester Brown         ra a estabelecer metas para combater              bustíveis. A prefeitura estima que só o
                                             as emissões de gases de efeito estufa             corredor t5, da Penha à Barra (onde
       No dia 27 de novembro, a prefeitura   (GEE), preparando-se para se tornar a             serão usados BRts), substituirá 43 li-
  do Rio lançou o Plano Rio Sustentável,     capital da sustentabilidade.                      nhas que hoje circulam nesse trajeto.
  durante uma solenidade no Palácio da           Os detalhes do Plano foram apre-              Com isso, estima-se que até 500 ve-
  Cidade, que reuniu autoridades, empre-     sentados por Carlos Alberto Muniz, que            ículos movidos a diesel sejam tirados
  sários, ambientalistas e acadêmicos. O     dividiu as metas e ações previstas em             de circulação.
  Protocolo de Intenções, assinado pelo      dois eixos principais: um deles voltado               Na área de Habitação, a intenção é
  prefeito Eduardo Paes, pelo vice-prefei-   para a cidade e suas principais fon-              fazer um trabalho de retrofit nos prédios
  to e secretário municipal de Meio Am-      tes de emissão de gases, os resíduos              da cidade. Já para as construções futu-
  biente, Carlos Alberto Muniz, pelo mi-     sólidos e a malha de transportes (os              ras, será adotado um modelo de arqui-
  nistro do Meio Ambiente, Carlos Minc,      quais respondem por 73% do total de               tetura verde para melhorar a eficiência
  e pelos presidentes da Associação          emissões); e outro voltado para as ins-           energética dos prédios.
  Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), da     talações da Companhia Siderúrgica do                  A expansão da política de reflo-
  Fundação Brasileira para o Desenvolvi-     Atlântico (CSA), em Santa Cruz.                   restamento em áreas desmatadas da
  mento Sustentável (FBDS) e do Movi-            Para alavancar o Plano serão en-              cidade também será uma das ações
  mento Rio Como Vamos, José Luiz Al-        volvidos diferentes setores. No de                do Rio Sustentável, além do tratamen-
  quéres, Israel Klabin e Rosiska Darcy de   transportes, as ações prevêem a                   to de resíduos sólidos com a constru-
  Oliveira, respectivamente, tem por ob-     construção de dois corredores de Bus              ção de aterro sanitário para reduzir as
  jetivo reduzir as emissões de gases de     Rapid transit (BRt), um para interligar           emissões em até 30%.

  10                                                                       R E V I S TA D O E M P R E S Á R I O D A A C R J - D E Z E M B R O D E 2 0 0 9
RIO SUStENtáVEL                                                       CaPa

     A macrodrenagem da Bacia de
Jacarepaguá, a ampliação do sistema
                                                              “O Brasil foi pioneiro, foi o primeiro país em
de saneamento da Zona Oeste, a ne-                            desenvolvimento que estabeleceu as metas.
gociação para compensações mitiga-                            Acho que essa questão vai avançando no
doras das emissões produzidas pela
CSA – a empresa já comprometeu-se                             mundo e o Rio de Janeiro vai avançar também”
em reduzir suas emissões de GEE em
17% - e a disseminação da cultura de
sustentabilidade e de eficiência ener-                        tas já estabelecidas por outras cidades,
gética também integram as principais                          mundo afora, mas é a meta que garan-
estratégias do Rio Sustentável, que                           timos que vamos cumprir, sem falsear
será apresentado pela prefeitura na                           números”, declarou.
Convenção das Nações Unidas sobre                                  Entre os decretos assinados estão
Mudança do Clima (COP–15) em Co-                              o Plano de Gestão de Resíduos Sus-
penhague, Dinamarca, entre os dias 7                          tentável; o Programa de Redução de
e 18 de dezembro.                                             Emissão de GEE no setor de transpor-
     Foram assinados seis decretos e                          tes; e o Fórum Carioca de Mudanças
firmado um contrato com o Instituto de                        Climáticas e Desenvolvimento Susten-
Pesquisa e Engenharia da Universidade                         tável. Este último envolverá o poder pú-
Federal do Rio de Janeiro (Coppe) para                        blico, a sociedade civil e acadêmicos.
a realização de um novo inventário de                         O Plano também prevê um programa
emissões. O último teve como base o                           de adaptação do sistema de Saúde e
ano de 1998. O prefeito Eduardo Paes                          Defesa Civil para minimizar os impactos
lembrou que os grandes vilões da ci-                          das mudanças do clima, como proje-          Carlos Minc: o importante é dar o primeiro passo
dade são os lixões, emissores de gás                          ções e prevenção a epidemias e en-
metano, e o gás carbônico emitido pe-                         chentes e um programa de ecoeficiên-
los automóveis. Por isso, estes serão                         cia e sustentabilidade da prefeitura, que   “O Brasil foi pioneiro, foi o primeiro país
os setores que mais receberão inves-                          permitirá a economia de água, energia,      em desenvolvimento que estabeleceu
timentos da prefeitura. De acordo com                         gás e combustíves.                          as metas. Logo em seguida, a Indoné-
Paes, as metas foram estabelecidas                                 O ministro do Meio Ambiente, Carlos    sia e a Coréia também apresentaram
para que a sua administração realize o                        Minc, defendeu que o mais importante        as suas. Houve pressão e os Estados
que está previsto. “Nós estabelecemos                         é dar o primeiro passo, como fez o Rio,     Unidos e a China tiveram que mudar de
uma meta objetiva da redução naquilo                          destacando ainda o pioneirismo do Bra-      posição. Acho que essa questão vai
que é possível. Até 2012, vamos redu-                         sil de se posicionar a favor da redução     avançando no mundo e o Rio de Janei-
zir em 8%. É inferior a algumas das me-                       da emissão de gases de efeito estufa.       ro vai avançar também”, afirmou.


Lixo e excesso de veículos – os grandes vilões




R E V I S TA D O E M P R E S Á R I O D A A C R J - D E Z E M B R O D E 2 0 0 9                                                                        11
CaPa                                          RIO SUStENtáVEL

                                                                                                ticas. “Vamos participar do Fórum, que
                                                                                                será permanente. Cada empresa tem
                                                                                                que pensar sua redução de emissões.
                                                                                                Muitas terão que recorrer à compensa-
                                                                                                ção, pois ainda não há como mudar a
                                                                                                forma de produção”.
                                                                                                     Ele destacou três passos que a
                                                                                                ACRJ define como fundamentais: “o
                                                                                                primeiro passo é medir para conhecer,
                                                                                                utilizando indicadores que possam ser
                                                                                                monitorados. O segundo é praticar nas
                                                                                                empresas ações que as transformem
                                                                                                em modelos de sustentabilidade e
                                                                                                exemplos a serem imitados. E o tercei-
                                                                                                ro passo é divulgar esses conceitos e
                                                                                                vê-los expressos em políticas públicas.
                                                                                                A classe empresarial está engajada”,
  Eduardo Paes e Israel Klabin – Compromisso com o meio ambiente                                afirmou. Em relação à Light, Alquéres
                                                                                                informou que a empresa está desenvol-
                                                                                                vendo um Plano Diretor que prevê, en-
    “O Rio era uma cidade ancorada no passado                                                   tre outros pontos, a criação de uma Re-
   e passa a ser uma cidade projetada no futuro”                                                serva de Proteção Permanente (RPPN)
                                                                                                em torno dos reservatórios de água de
       O ex-prefeito do Rio e presidente da   gio Besserman, também acredita que as             Piraí. “São 20 mil hectares que pode-
  Fundação Brasileira para o Desenvolvi-      Olimpíadas de 2016 serão uma grande               mos reflorestar com espécies da Mata
  mento Sustentável (FBDS), Israel Kla-       oportunidade de mostrar ao mundo que              Atlântica”, explicou, lembrando que cer-
  bin, destacou o momento importante          a cidade está trabalhando em prol da              ca de 95% da água consumida pelos
  para a cidade. “O Rio passa a ser uma       sustentabilidade. Ele ressaltou que a             cariocas saem daqueles reservatórios.
  das primeiras cidades do planeta que        agenda do século XXI é a agenda da
  assume a responsabilidade ambien-           sustentabilidade e a marca do Rio de              Cultura Cidadã
  tal na sua expressão mais importante,       Janeiro, este ativo intangível que hoje é             As ações do Rio Sustentável se-
  que é a contenção das emissões. É           totalmente decisivo na competição dos             rão monitoradas pelo movimento Rio
  um projeto bastante complexo, mul-          negócios e entre as cidades, também é             Como Vamos, que já acompanha os
  tidisciplinar, mas o prefeito merece os     a sustentabilidade. O trabalho conjunto           indicadores de qualidade do município.
  parabéns pela iniciativa”, disse Klabin,    da ACRJ, com a boa base técnica da                A presidente-executiva da instituição e
  lembrando que outras iniciativas desta      FBDS, da prefeitura, da Coppe/UFRJ e              vice-presidente de Cultura da ACRJ,
  ordem, em cidades importantes como          com uma estratégia de engajamento e               Rosiska Darcy de Oliveira, informou que
  Nova Iorque, têm se saído muito bem e       participação da sociedade, com muita              o RCV se comprometeu a monitorar a
  o Rio, com isso, passa a ostentar uma       transparência, além da presença do Rio            evolução dos indicadores de sanea-
  bandeira da maior importância, de atra-     Como Vamos, poderá dar um retorno                 mento, tratamento do lixo e refloresta-
  tivo global com relação ao seu futuro.      extraordinário à cidade do Rio de Janei-          mento. “Vamos acompanhar o que foi
  “Nós teremos aqui a Copa do Mundo,          ro”, declarou.                                    proposto e tornar público o cumprimen-
  as Olimpíadas e vários eventos. O Rio           O presidente da Associação Co-                to ou não das metas por meio desses
  era uma cidade ancorada no passado          mercial do Rio de Janeiro e da Light,             indicadores. As metas de lixo reciclável,
  e passa a ser uma cidade projetada no       José Luiz Alquéres, ressaltou a impor-            por exemplo, dependem muito da aju-
  futuro”, concluiu.                          tância do apoio do empresariado ao Rio            da da população. Cada gesto individual
       Presidente da Câmara técnica de        Sustentável, que pode contribuir agindo           melhora a cidade para todos. Cultura
  Desenvolvimento Sustentável do muni-        como um promotor do Plano, através                cidadã é isso: quem colabora, tem mais
  cípio, o economista e ambientalista Ser-    do Fórum Carioca de Mudanças Climá-               direito de cobrar”, frisou Rosiska.

  12                                                                        R E V I S TA D O E M P R E S Á R I O D A A C R J - D E Z E M B R O D E 2 0 0 9
RIO SUStENtáVEL                                               CaPa

O que é sustentabilidade?                                     em atividades do cotidiano e leva essa     gócios e que não é uma estratégia de
     A palavra mais pronunciada no mun-                       experiência para as organizações ou        marketing”, afirma Clarissa Lins, que su-
do atualmente ainda é desconhecida da                         grupos com os quais interage, inclusive    gere uma espécie de 10 mandamentos
grande maioria das pessoas que não                            na empresa onde trabalha. A empresa        da empresa sustentável:
lidam com questões ambientais. Até                            consciente desse fundamento incorpo-
mesmo profissionais graduados não                             ra as competências individuais numa
sabem ao certo o seu significado. Para                        estratégia que estará integrada ao seu      1. Ter o compromisso da alta lideran-
muitos, é só a palavra da moda.                               capital intelectual e ao sucesso de seus    ça da empresa com a agenda da sus-
     Opiniões à parte, a coordenadora                         negócio”, acrescenta Analice Araújo.        tentabilidade.
adjunta e professora do MBE em Eco-                               O conceito de sustentabilidade          2. Inserir a sustentabilidade na estra-
nomia e Gestão da Sustentabilidade do                         corporativa vem adquirindo força des-       tégia de negócios e não apenas no
Instituto de Economia da UFRJ, Analice                        de 1994, quando o ambientalista John        discurso de comunicação e marke-
Araújo, acredita que a definição mais in-                     Elkington sugeriu a adoção do triple        ting da empresa.
dicada para o termo é a da Comissão                           Bottom Line, uma forma de medir os
Bruntland, que define desenvolvimento                         resultados de uma empresa com base          3. Estabelecer mecanismos de go-
sustentável como aquele “capaz de su-                         nos aspectos econômico, social e am-        vernança que garantam uma gestão
prir as necessidades da geração pre-                          biental. É crescente o número de em-        eficiente da sustentabilidade.
sente sem afetar a habilidade das gera-                       presas preocupadas em apresentar tais       4. Ter definidas políticas corporativas
ções futuras de suprir as suas”.                              resultados em seus relatórios anuais e      fortes, como código de ética, política
     Recomendações do tipo “Feche                             de forma voluntária, mas ainda não é        ambiental e política de sustentabili-
bem a torneira” ou “Use apenas duas                           uma prática comum. “A sustentabilida-       dade.
folhas de papel toalha”, há alguns                            de ainda não é uma realidade em todas
                                                                                                          5. Divulgar amplamente as políticas
anos, eram interpretadas como política                        as empresas, mas é uma realidade em
                                                                                                          corporativas e demais compromissos
de redução de custos das empresas,                            um grupo de empresas que se des-
                                                                                                          assumidos pela empresa.
mas hoje já são entendidas como prá-                          tacam quanto à agenda sustentável.
ticas de um novo modelo de gestão                             Geralmente são empresas lideres de          6. Desdobrar as políticas corporativas
corporativa, mais preocupada com o                            mercado, que sofrem grande pressão          em sistemas de gestão.
desenvolvimento sustentável das or-                           de órgãos reguladores, de consumi-           7. Eleger indicadores – claros e de
ganizações, interessadas em apoiar                            dores ou estão expostas às exigências       fácil apuração – que possam mensu-
campanhas em prol do meio ambiente                            de mercados internacionais”, explica a      rar a evolução da agenda da empre-
e a se adequar às novas exigências de                         diretora executiva da FBDS e vice-pre-      sa, assegurando que tais indicadores
um mercado no qual clientes e con-                            sidente de Ética, Governança e Susten-      são os mais relevantes.
sumidores estão mais conscientes so-                          tabilidade da ACRJ, Clarissa Lins.
bre os impactos negativos que a má                                Buscar orientação junto a institui-     8. Reportar periodicamente, interna e
utilização dos recursos naturais pode                         ções especializadas em serviços de          externamente, a mensuração e a evo-
causar à sociedade.                                           consultoria em gestão da sustentabi-        lução dos indicadores, assumindo o
     Extrair da natureza todas as possi-                      lidade pode ajudar as empresas a se         compromisso de transparência.
bilidades de produzir bens e serviços                         inserirem neste novo modelo de gestão       9. Estabelecer formas estruturadas
necessários à vida diária do homem                            e a fazer parte de listas de indicadores    de diálogo com as principais partes
sem comprometer a capacidade das                              confiáveis e reconhecidos mundialmen-       interessadas (que podem ser consu-
gerações futuras de garantir o seu pró-                       te, como o Índice de Sustentabilidade       midores, fornecedores, colaborado-
prio sustento é o grande desafio dos                          da Bolsa de Nova Iorque, o Dow Jones        res, órgãos reguladores, comunida-
lideres de todo o mundo e de toda a                           Sustainability World Indexes (DJSI), o      des do entorno).
sociedade nas próximas décadas.                               Índice de Sustentabilidade Empresarial
                                                                                                          10. Assumir um compromisso de
“Sustentabilidade é pensar, planejar e                        da Bovespa (ISE), além dos índices das
                                                                                                          transparência com a sociedade, por
agir no presente, mas com os olhos no                         bolsas de Londres, o FtSE4Good, e o
                                                                                                          exemplo, por meio da publicação de
futuro. O indivíduo que incorpora essa                        de Johannesburg, o SRI. “O maior de-
                                                                                                          relatórios de sustentabilidade.
competência aplica os princípios da                           safio das empresas é entender que a
sustentabilidade em sua própria vida,                         sustentabilidade agrega valor aos ne-

R E V I S TA D O E M P R E S Á R I O D A A C R J - D E Z E M B R O D E 2 0 0 9                                                                 13
CaPa                                             RIO SUStENtáVEL


  bons exemplos
  Bradesco e Eletrobrás, empresas associadas da ACRJ,
  são reconhecidas por suas ações de sustentabilidade

       O Banco Bradesco, associado à                                                               tentabilidade. O presidente da Eletro-
  ACRJ desde 1971, integra o Índice Dow                                                            brás, José Antonio Muniz, ressalta que
  Jones de Sustentabilidade, o Índice de                                                           administrar é, cada vez mais, a arte de
  Sustentabilidade Empresarial da Bo-                                                              ir ao encontro do outro. “Quando fala-
  vespa (ISE), está entre as 20 empresas                                                           mos em sustentabilidade, por exemplo,
  premiadas no Guia Exame de Susten-                                                               pensamos na preservação do meio
  tabilidade 2009 e apóia o Pacto Global,                                                          ambiente, na construção de uma ma-
  iniciativa da ONU cujo objetivo é incen-                                                         triz energética limpa e na promoção da
  tivar empresas a adotarem políticas de                                                           economia e da eficiência como formas
  responsabilidade social corporativa e de                                                         de assegurar um futuro livre de polui-
  sustentabilidade. Há mais de 20 anos en-                                                         ção. Mas pensamos também na re-
  gajado na defesa das questões ambien-                                                            lação com as comunidades afetadas
  tais, o Bradesco mantém parceria com                                                             pelos empreendimentos geradores de
  a ONG S.O.S Mata Atlântica, uma das                                                              energia, nos benefícios que podemos
  pioneiras no trabalho de proteção aos                                                            levar a cada recanto do país que rece-
  biomas brasileiros. O Bradesco integra                                                           be a eletricidade pela primeira vez e na
  ainda a Fundação Amazonas Sustentá-            Luiz Carlos Trabuco Cappi                         construção de um ambiente de trabalho
  vel, cujo objetivo é promover a melhoria                                                         inspirador para todos os nossos cola-
  da qualidade de vida das comunidades           ses da sociedade. A cada ano vemos                boradores”, disse Muniz.
  moradoras e usuárias das unidades de           mais empresas aderindo aos conceitos
  conservação no Amazonas. Apoiar pro-           modernos de governança. Se o nosso
  jetos de sustentabilidade e integrar a lista   exemplo servir de estímulo, ótimo: nos
  do índice Dow Jones é um grande orgu-          sentiremos bem com isso”, declarou.               José Antonio Muniz
  lho para o banco. “O Dow Jones é um                A Eletrobrás, associada à ACRJ
  certificado de que nosso negócio tem           desde 1997, é integrante do Índice de
  bases sólidas, uma visão de negócio            Sustentabilidade Empresarial da Boves-
  que privilegia o conjunto da sociedade.        pa (ISE). Em 2006, criou o Comitê de
  Ou seja, está programado para se per-          Sustentabilidade do Sistema Eletrobrás,
  petuar, na medida em que respeita todos        com grupos de trabalho focados no
  os públicos de interesse, estabelecendo        conceito das três dimensões da sus-
  compromissos com valores humanitários          tentabilidade empresarial (triple bottom
  e de proteção ao meio ambiente”, disse         line). Este Comitê empreende uma série
  o presidente do Bradesco, Luiz Carlos          de ações que possibilitaram, dentre ou-
  trabuco Cappi. Benemérito da ACRJ,             tras conquistas, a sua adesão ao Pacto
  Cappi afirma que o banco segue as me-          Global, a inclusão no ISE, a elaboração
  lhores práticas de governança e respon-        do primeiro relatório socioambiental do
  sabilidade social e acredita que todos         Sistema Eletrobrás e a capacitação de
  devem participar, de alguma forma, do          seus colaboradores na metodologia
  esforço pela preservação da civilização.       GRI (Global Reporting Initiative), inter-
  “Não há novidade, apenas bom senso             nacionalmente reconhecida como guia
  e compromisso prático com os interes-          para a elaboração de relatórios de sus-

  14                                                                           R E V I S TA D O E M P R E S Á R I O D A A C R J - D E Z E M B R O D E 2 0 0 9
RIO SUStENtáVEL                                                 CaPa


3 minutos com                                                 área de madeira de exportação. Nós
                                                              íamos aumentar a oferta da madeira le-
                                                                                                          pecuária, que é o mais difícil. Se a nossa
                                                                                                          soja tiver o estigma que vem de desma-

Carlos Minc
                                                              gal e eles só comprariam madeira para       tamento da Amazônia, não conseguire-
                                                              exportar, baseada na madeira licencia-      mos vender óleo de soja na Europa e
                                                              da de origem conhecida de planos e          nos Estados Unidos. O meu recado é:
Cida Belford                                                  manejos. Assinamos um pacto público         empresários, sigam o exemplo dos se-
                                                              com a Federação Nacional de Seguros         tores que realmente estão avançando,
A contribuição de cada um                                     e o sindicato do Rio de Janeiro. Eles       introduzindo tecnologia limpa, cogera-
    O consumo consciente e a respon-                          só vão fazer seguro para as empresas        ção, eficiência energética, declarando e
sabilidade de cidadania são básicos. É                        que estiverem com o licenciamento           reduzindo suas emissões.
muito bom que o cidadão se proponha                           ambiental em dia, se estiverem enfren-
metas, como melhorar sua coleta, com                          tando seu passivo ambiental, que não        O Brasil é protagonista
a separação domiciliar do lixo; regular                       usem substâncias muito agressivas                Reduzimos muito o desmatamento
o motor do carro para emitir menos;                           ao meio ambiente. Isso é fundamental,       da Amazônia, estamos em uma po-
comprar o eletrodoméstico mais efi-                           pois estamos dando condições mais           sição ofensiva, mas parece uma coi-
ciente. Hoje, no Rio de Janeiro, só 4%                        vantajosas para aquelas empresas que        sa distante. Quando o estado de São
das famílias separam lixo em casa. É                          têm tecnologias mais seguras, mais lim-     Paulo diz que vai reduzir, é interessante.
muito pouco. todos nós temos que ter                          pas, em relação ao meio ambiente, ao        Eles vão reduzir queimada de cana, vão
nossas metas, porque o planeta está                           pulmão das pessoas e as emissões de         fazer cogeração das indústrias. Quan-
ameaçado.                                                     CO2 para o planeta. Fizemos um acor-        do a cidade do Rio diz que vai reduzir,
    Quando a gente diz que o IPI, os                          do público com os bancos privados,          começa a ficar mais perto do dia-a-dia
juros, o crédito podem ser ousados,                           através da Federação Brasileira dos         das pessoas. A questão climática é uma
para ajudar a política ambiental, não                         Bancos (Febraban), conhecido como           questão dos governos, das empresas,
significa reduzir tudo, porque senão o                        Protocolo Verde dos bancos. Então,          da sociedade e das famílias.
Estado quebra. As áreas econômica e                           os bancos também se comprometem                  Ninguém acreditava que o Brasil
financeira têm que calibrar as reduções                       a só dar crédito e financiar atividades     ia apresentar metas. A posição mais
com a temperatura do mercado, com                             sustentáveis àquelas empresas cujas         pró-ativa era minoritária na sociedade
a margem de produção e com a oferta                           ações não impliquem em desmatamen-          e no governo. É bom frisar isso. En-
existente. A minha questão é criar me-                        to, agressão, degradação ambiental.         tão, houve um esforço muito grande.
canismos para estimular o consumo                                 Esse conjunto de atividades aca-        A sociedade civil começou a se mobi-
consciente, de baixo carbono e bai-                           ba sendo, às vezes, mais eficiente do       lizar, querendo que o Brasil desempe-
xo impacto ambiental. Então, vamos                            que mil policiais, do que 300 fiscais do    nhasse um papel mais forte no Fórum
cortar o IPI do carro elétrico, desone-                       Ibama, porque todo empresário, prati-       de Mudanças Climáticas. O professor
rar os equipamentos eólicos e solar, e                        camente, precisa de crédito, de seguro      Luiz Pinguelli, a Suzana Khan, a nossa
também o material reciclado. O Brasil                         para seus equipamentos, suas mer-           Secretária Nacional de Clima, e outros,
não pode perder ‘o vento da história’.                        cadorias transportadas. Se o setor de       mobilizaram as áreas dentro do gover-
Somos a terra dos ventos, do sol, da                          seguros e o bancário incorporam vari-       no e nós mostramos ao presidente Lula
biomassa.                                                     áveis ambientais, climáticas aos seus       e à ministra Dilma que os países do
                                                              padrões, rotinas e critérios, isso signi-   Grupo dos 77 não ficariam ofendidos
Compromisso da classe                                         fica que os mecanismos da economia          se o Brasil ousasse mais, desde que
empresarial                                                   estão incluindo a prevenção ambiental.      não impuséssemos a eles metas ou os
    O empresariado tem dado mostras                               Várias empresas tem declarado que       criticássemos. A agricultura aumenta a
que quer realmente participar. Alguns                         querem também metas. Mas ainda há           produtividade com a recuperação de
exemplos: fizemos a moratória da soja                         uma distância entre a intenção e o ges-     áreas degradadas, integração lavoura-
com os exportadores de soja na Ama-                           to. todo mundo faz juras de amor ao         pecuária, plantio direto. A siderurgia
zônia e eles cumpriram a moratória. A                         planeta. Então, vamos cobrar para ver       ganha produtividade com aço verde.
soja deixou de ser fator de desmata-                          tudo isso realmente acontecer. A gente      tudo isso pode ser um a marca bra-
mento na Amazônia. também fizemos                             fez o pacto da soja, o da madeira e o do    sileira. O Brasil avançou e apresentou
um acordo com os empresários da                               minério. Agora, só falta o acordo com a     essas metas.

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ConheCiMento

                                                                                                Centro do Rio, e provocou muita curio-
                                                                                                sidade. Para explicar os impostos e ti-
                                                                                                rar dúvidas, um grupo de empresários
                                                                                                da ACRJ, liderado pelo presidente da
                                                                                                Conaje, Eduardo Machado, e pela pre-
                                                                                                sidente do Conselho de Jovens Empre-
                                                                                                endedores da ACRJ (Conjove), Vanes-
                                                                                                sa Rouvier, passou o dia na estação.
                                                                                                     O público ficou surpreso com os im-
                                                                                                postos embutidos em produtos como a

                                          Feirão do                                             gasolina, que custa R$ 2,52 o litro e tem
                                                                                                53,03% (R$ 1,34) do seu valor destinado


                                       imposto 2009
                                                                                                a tributos, ou a carne, que sofre taxação
                                                                                                de 17,47%. O bancário Roberto Ferreira
                                                                                                lembrou que, em países como a Suécia,
                                                                                                os impostos também são altos, mas a
  O presidente da Conaje, Eduardo Machado (à esq) e o conselheiro do Conjove/ACRJ,
                                                                                                sua população tem acesso aos serviços
  Paulo Protásio Filho, (centro), orientam consumidores
                                                                                                básicos necessários ao seu desenvol-
                                                                                                vimento. “Quando, aqui no Brasil, uma
      A Constituição estabelece o direito     impostos propicia ineficiência econômi-           autoridade se internaria em um hospital
  de todo cidadão de saber quanto paga        ca, subornos, corrupção, desemprego               público para ter seu filho?”, indagou.
  de impostos. Afinal, são esses impos-       e pobreza. De uma maneira impercep-                    Outra atração do evento foi o impos-
  tos, pagos pelos contribuintes, que ge-     tível são os cidadãos comuns que sus-             tômetro       (www.impostometro.org.br),
  ram recursos para os serviços públicos      tentam a nação com mais da metade                 serviço disponibilizado pela Associação
  em áreas como educação, saúde, se-          dos seus rendimentos. Uma quantia                 Comercial de São Paulo e pelo Institu-
  gurança e transportes, e para sustentar     exagerada que poderia ser utilizada na            to Brasileiro de Planejamento tributário.
  os gastos do Estado. No entanto, falta      fomentação da economia e na geração               Em um computador, as pessoas pude-
  transparência na divulgação dessas in-      de emprego”, critica o especialista.              ram verificar o total arrecadado em im-
  formações.                                       A ACRJ, por meio dos seus conse-             postos, desde 1º de janeiro deste ano,
      Segundo dados da Comissão Eco-          lhos empresariais, tem promovido vá-              nos estados ou municípios brasileiros, e
  nômica para a América Latina e o Cari-      rios eventos, como seminários, pales-             descobrir o que poderia ser construído
  be (Cepal) da ONU, a carga tributária no    tras e debates, para discutir a questão           com esses valores, como por exemplo,
  Brasil corresponde a 36% do Produto         dos impostos, que sobrecarregam pro-              casas populares, escolas ou hospitais.
  Interno Bruto (PIB) do país e é a maior     fissionais e empresas, buscando reunir                 Segundo a presidente do Conjove, a
  da América Latina. Com tamanha arre-        propostas e soluções que contribuam               realização de eventos como o Feirão do
  cadação, a consequência natural seria       para a tão necessária reforma tributária.         Imposto é importante para conscientizar a
  o investimento desses recursos para              Com esta perspectiva, no início de           população sobre a alta taxa tributária em-
  garantir serviços públicos de qualidade.    outubro, a ACRJ, por meio do seu Con-             butida nos produtos e incentivá-la a mu-
  Mas, não é o que se constata.               selho de Jovens Empreendedores, se                dar essa situação, cobrando a aplicação
      O advogado tributarista Condor-         uniu à Confederação Nacional de Jo-               eficiente dos recursos e a redução dos
  cet Rezende, presidente do Conselho         vens Empresários (Conaje), para realizar          tributos. “O cidadão precisa saber que
  de Assuntos Jurídicos e tributários da      a 7ª edição do Feirão do Imposto. Lan-            pode ter voz e que algo pode ser feito,
  ACRJ, alerta que o cidadão comum ain-       çado no Rio, o Feirão foi realizado no            por meio do voto, por exemplo. A partir do
  da não sabe que é ele o principal contri-   dia seguinte em mais de cem cidades               momento que ele tem acesso à informa-
  buinte de todos os impostos. Esse fato      brasileiras, simultaneamente.                     ção, passa a ter base para tomar uma de-
  acontece porque o valor dos impostos             O Feirão do Imposto, que reuniu              cisão. A carga tributária também ocasiona
  já está embutido nos preços dos su-         de produtos alimentícios a aparelhos              o desemprego, porque as empresas es-
  permercados, shoppings, lojas, etc. “O      eletrônicos, foi instalado na movimen-            tão cada vez mais enxutas para poderem
  método brasileiro de recolhimento de        tada estação do Metrô da Cinelândia,              se manter no mercado”, afirmou.

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ConheCiMento


Conselho de Comércio da aCRJ
também discute a carga tributária
Mariana Santos


   O Conselho Empresarial de Co-                              mente sobre as camadas de menor             carga tributária do contribuinte”, criti-
mércio de Bens e Serviços da ACRJ,                            renda do que sobre as classes de            cou Luiz Paulo Corrêa.
presidido por Aldo de Moura Gonçal-                           renda mais elevada. tal situação é              O nível da carga tributária do Brasil
ves, se reuniu no dia 2 de dezembro                           ainda realçada pelo fato de a regres-       é comparável ao de países desenvol-
com o deputado estadual (PSDB) e                              sividade ser mais elevada nas áreas         vidos. Enquanto o PIB em 2008 foi de
presidente da comissão de tributa-                            metropolitanas localizadas nas regi-        R$ 2,88 trilhões, a arrecadação tributá-
ção, Controle da Arrecadação esta-                            ões mais pobres do país.                    ria bruta do país foi de R$ 1,034 trilhão.
dual e Fiscalização dos tributos esta-                            O sistema de cobrança de im-            A receita do setor público cresceu em
duais, Luiz Paulo Corrêa, para discutir                       postos faz com que o consumo seja           uma velocidade maior que a do cres-
o peso da carga tributária no Rio de                          mais tributado do que a renda. Logo,        cimento da economia. Enquanto o PIB
Janeiro e no país.                                            pessoas com rendimento menor pa-            cresceu 5,1% em 2008, a arrecadação
   Para o deputado, o sistema tri-                            gam relativamente mais impostos do          tributária nos três níveis de governo su-
butário opera de maneira regressiva                           que aqueles com ganhos maiores.             biu 8,3%. O sistema tributário brasileiro
sobre a população, recaindo, em                               “A injustiça tributária no Brasil é tris-   é composto por 61 tributos federais,
termos relativos à renda, mais forte-                         te. Quanto mais alta a renda, menor a       estaduais e municipais.




R E V I S TA D O E M P R E S Á R I O D A A C R J - D E Z E M B R O D E 2 0 0 9                                                                  17
ConheCiMento


                                                 uma radiografia
                                                 do Comércio
                                                                                                                                    Mariana Santos


                                                     Ele lembrou que, desde a mudan-             com a Pesquisa Mensal de Empre-
                                                 ça da capital para Brasília em 1960,            go – PME/IBGE, o número de jovens
                                                 o Rio vem passando por um contínuo              ocupados formal e informalmente caiu,
  Mauro Osório, Aldo Gonçalves e Marta Arakaki
                                                 processo de perda de participação               entre março de 2002 e setembro de
                                                 na economia brasileira. Entre 1970 e            2009, de 356 mil para 322 mil ocupa-
     Levantamento comparativo das                2006, o PIB da cidade registrou uma             dos, o que revela a importância de se
  dez principais capitais do país (Rio de        queda de participação de 62,5% no               criar alternativas e perspectivas para os
  Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte,            PIB nacional, uma trajetória que deriva         jovens da cidade, principalmente para
  Curitiba, Brasília, Salvador, Fortaleza,       da transferência da capital e da carên-         os moradores de regiões dominadas
  Porto Alegre, Recife e Manaus) realiza-        cia de estratégias de fomento ao seu            pelo tráfico ou por milícias.
  do pelo Clube de Diretores Lojistas do         desenvolvimento econômico-social.                   Outro dado a destacar é a amplia-
  Rio de Janeiro (CDL-Rio), apontou que              Mauro Osório destacou que o setor           ção da presença de pessoas com fai-
  o crescimento da atividade econômica           de comércio varejista é um forte em-            xa etária mais elevada. O número de
  do Rio, nos últimos 10 anos, alcançou          pregador de jovens. De acordo com               trabalhadores no comércio com 50
  12,5%, enquanto os demais estados              dados da Rais para 2008, enquanto               anos ou mais, com carteira assinada, é
  mantiveram uma média de 38,6%.                 para o total de atividades econômicas           o que registra o crescimento mais ex-
     O estudo, batizado de Radiografia           existentes na cidade do Rio, apenas             pressivo (66,1%) entre todas as faixas
  do Comércio e abrangendo o período             13,6% encontram-se na faixa de 18 a             etárias, de 1998 e 2008.
  de 1998 a 2008, foi apresentado pelo           24 anos de idade, no comércio varejis-              No subtotal de micro empresas, o
  economista da UFRJ e consultor do              ta esse percentual é de 30,1%. “O Rio           crescimento no Rio, entre 1998 e 2008,
  CDL-Rio, Mauro Osório, na reunião do           de Janeiro e a região metropolitana vêm         é de apenas 4,6%, contra 33,1% na ci-
  Conselho Empresarial de Comércio de            recebendo uma série de investimentos            dade de São Paulo e 18,9% de Belo Ho-
  Bens e Serviços da ACRJ, presidido             que podem contribuir, principalmente            rizonte. De acordo com Osório, a pouca
  por Aldo Gonçalves, que contou com             com o refinamento de estratégias, para          evolução das microatividades formais
  a participação da presidente do Con-           sua dinamização econômica e melhoria            no Rio é fruto da falta de dinamismo
  selho de Micro e Pequenas Empresas             nas condições de vida da população              econômico em diversas regiões da ci-
  da entidade, Marta Arakaki.                    carioca em todas as suas localidades”.          dade, como no subúrbio, e de questões
     A pesquisa, cujo objetivo é dar em-             O comércio varejista também tem             vinculadas à formalização de empresas
  basamento a estratégias de fomento ao          conquistado expressiva melhoria na              em determinadas localidades.
  desenvolvimento do Comércio no Rio             qualificação profissional dos trabalha-
  de Janeiro, utilizou dados da Relação          dores do setor. Em 1998, cerca de
  Anual de Informações Sociais (Rais),           32,1% deles tinham o ensino médio
  do Ministério do trabalho e do Em-             completo, já em 2007 o percentual
  prego. Os resultados ficaram aquém             subiu para 58,5%. Para Osório, este é
  do esperado. “Estamos preocupados              um dado importante, primeiro pelo atu-
  com esse crescimento de 12,5%. O               al cenário de crise; segundo, pelo fato
  Rio ficou em último lugar no percentual        de que, o Brasil e suas metrópoles,
  de crescimento da atividade econômi-           ao serem comparados com países de
  ca. Chegou a hora de consolidarmos             similar nível de desenvolvimento, apre-
  um projeto de desenvolvimento para a           sentam um problema particular no que
  cidade em um momento bastante fa-              diz respeito ao emprego para jovens;
  vorável”, disse o economista.                  e por último porque no Rio, de acordo

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ConheCiMento


                                                              desconsideração
                                                              da Pessoa Jurídica
                                                                                                                                        Cida Belford



                                                              trimento do consumidor, houver abuso          disso, temos presente a necessidade
                                                              de direito, excesso de poder, infração        de avançarmos culturalmente e esse
                                                              da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos   avanço passa justamente pelo respeito
                                                              estatutos ou contrato social. Já o Có-        às regras estabelecidas. É isso o que
                                                              digo Civil, artigo 50 (Lei 10.406/2002)       objetivamos”, frisou.
Ministro Marco Aurélio Mello                                  tem como pressupostos básicos para a               A falta de fundamentação de juízes
                                                              aplicação da teoria o desvio de finalida-     trabalhistas na aplicação da teoria da
                                                              de e a confusão patrimonial.                  desconsideração da pessoa jurídica
                                                                  O presidente do Conselho Empre-           também foi criticada. O ministro Marco
     Para debater a teoria da descon-                         sarial de Assuntos Jurídicos e tributários    Aurélio Mello reafirmou que toda decisão
sideração da pessoa jurídica, a ACRJ                          da ACRJ, Condorcet Rezende, lembrou           judicial deve ser bem fundamentada. “A
realizou, no início de novembro, o Se-                        que o Código tributário, em seu artigo        fundamentação é necessária. Para trans-
minário Desconsideração da Pessoa                             135, também fundamenta a aplicação            ferir-se a responsabilidade trabalhista do
Jurídica, que reuniu magistrados, advo-                       da desconsideração em caso de fraude.         tomador dos serviços para a pessoa do
gados, especialistas e empresários.                           O texto diz que quando existe a culpa         sócio, para a pessoa da empresa inte-
     A desconsideração da pessoa jurí-                        comprovada dos administradores, a res-        grante do grupo econômico, nós temos
dica pode ser utilizada por um juiz com                       ponsabilidade fiscal passa a ser imputa-      que ter base legal, temos que ter base
o objetivo de penhorar os bens do re-                         da diretamente a eles, “mas sempre que        nos fatos verificados e que se amoldem
clamado e assegurar o pagamento de                            provada a culpa”, ressalva Condorcet.         à lei, ao figurino legal”, declarou.
dívidas aos credores da organização                               Na mesma linha, o conselheiro da               Na Câmara Federal tramita um pro-
devedora. No entanto, esse recurso                            ACRJ Guilherme Stussi Neves ressal-           jeto de lei que visa frear os excessos
vem sendo usado sistematicamente                              tou a importância da comprovação da           cometidos na aplicação da desconsi-
pelo Judiciário que, em muitos casos,                         fraude para a aplicação da teoria da          deração da pessoa jurídica, mas a juíza
criticam os especialistas, não funda-                         desconsideração. “É de extrema im-            trabalhista thereza Christina Nahas não
menta de maneira clara a sua decisão.                         portância a prova da fraude, do desvio        vê a necessidade de novos PL’s. “Não
     Um empresário pode ser gravemen-                         ou da intenção e não somente julgar o         precisamos de uma nova lei. Basta que
te prejudicado, quando o mesmo, ain-                          empresário que não teve sucesso com           se cumpram as já existentes”, concluiu.
da que tenha deixado a sociedade em                           seu negócio. A empresa estar insolven-             O seminário, mediado pela advoga-
um negócio ou seja apenas um acionis-                         te não significa necessariamente que          da e Benemérita da ACRJ Dora Martins
ta minoritário de uma organização, tem                        se deve desconsiderar completamente           de Carvalho, foi dividido em cinco pai-
sua conta bancária bloqueada por uma                          a pessoa jurídica”, frisou.                   néis: Abusos na aplicação indiscrimi-
ordem judicial, uma espécie de penho-                             Um problema observado pelos pa-           nada da teoria da desconsideração da
ra on line, em função de dívidas adqui-                       lestrantes, durante o encontro, é o fato      pessoa jurídica; Responsabilização por
ridas pela empresa da qual foi sócio ou                       de o Judiciário não observar o direito        dívidas trabalhistas; Embargos à execu-
é acionista, mesmo sem ter qualquer                           de ampla defesa do empresário. De             ção e exceção de pré-executividade;
relação com a dívida.                                         acordo com o Ministro do Supremo              Necessidade do devido processo legal
     O artigo 28 do Código de Defesa                          tribunal Federal (StF), Marco Aurélio         e ampla defesa nos processos admi-
do Consumidor (Lei nº 8.078/1990) diz                         Mello, a atuação do Fisco deve ser fi-        nistrativos fiscais e judiciais e Respon-
que o juiz pode desconsiderar a pessoa                        dedigna à Constituição. “Quando nos           sabilização de sócios e administradores
jurídica da sociedade quando, em de-                          reunimos para trocar ideias a respeito        por dívidas fiscais.

R E V I S TA D O E M P R E S Á R I O D A A C R J - D E Z E M B R O D E 2 0 0 9                                                                    19
Revista ACRJ - Dez. 2009
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Revista ACRJ - Dez. 2009

  • 1. Dezembro de 2009 - no 1401 - ano 68 revista do empresário associação comercial do rio de janeiro Rio SuStentável Cidade é a primeira do país a estabelecer metas para diminuir a emissão de gases de efeito estufa entReviSta Maria Elena Johannpeter, presidente da ONG Parceiros Voluntários
  • 2.
  • 3.
  • 4. aCRJ - biênio 2009/2011 Presidente GRandeS beneMÉRitoS Ricardo Cravo Albin Maria Aguinaga de Moraes José Luiz Alquéres Amaury Temporal Roberto Paulo Cezar de Andrade Maria de Lourdes Teixeira de Moraes 1º vice-Presidente Célio de Oliveira Borja Rodrigo Paulo de Pádua Lopes Maria Luiza Corker C. N. de Almeida Ronaldo Cezar Coelho Clara Perelberg Steinberg Roger Agnelli Maria Regina de A. Corrêa da Câmara 2º vice-Presidente Guilherme Levy Rogério Marinho Maria Silvia Bastos Marques Joaquim Falcão Humberto Eustáquio César Mota Ronaldo Chaer do Nascimento Maurício Agnelli Juarez Machado Garcia Ronaldo Petis Fernandes Milton Ferreira Tito vice-Presidente de Relações Lázaro de Mello Brandão Rondon Pacheco Nelson Sendas com o legislativo Marcílio Marques Moreira Rubens Bayma Denys Orlando Lima Aristóteles Drummond Paulo Manoel Lenz Cesar Protasio Sérgio Andrade de Carvalho Osvaldo Henrique Meireles Torres Paulo Victor da Costa Monnerat Sérgio Guilherme Lyra de Aguiar Oswaldo Antonio Arriaga Schmidt núCleo GeStão Ruy Barreto Suely da Costa V. Mendes de Almeida Oswaldo Aranha Neto vice-Presidente de Recursos Theóphilo de Azeredo Santos Patrícia Diniz Barcellos Corrêa Parcerias e Marketing entidadeS GRandeS Paulo César Milani Guimarães Cristiano Buarque Franco Neto beneMÉRitaS Paulo Manoel Protásio Filho vice-Presidente Jurídico ConSelho diRetoR Paulo Roberto Meinerz Jornal do Commercio Daniel Correa Homem de Carvalho Paulo Roberto Ribeiro Pinto Banco do Brasil S/A vice-Presidente de Patrimônio Alberto Paulo de Garcia Monnerat Paulo Sérgio Petis Fernandes IRB – Brasil Resseguros S/A Pedro José Maria Fernandes Wahmann Oswaldo Antonio Arriaga Schmidt Alberto Soares de Sampaio Geyer vice-Presidente administrativo Alberto Sozin Furuguem Raphael José de Oliveira Barreto Contábil e Financeiro beneMÉRitoS Aldo Carlos de Moura Gonçalves Raul Eduardo David de Sanson Paulo Roberto Ribeiro Pinto André Guimarães Renato Ferreira Mota vice-Presidente de associados Abel Mendes Pinheiro Júnior Arethuza Figueiredo H. S. de Aguiar Ricardo Costa Garcia e Comercial André La Saigne de Botton Ary S. Graça Fº Ricardo Lagares Henriques Ronaldo Chaer do Nascimento Antenor Barros Leal Augusto de Rezende Menezes Ricardo Levy Antônio Sanchez Galdeano Bruno Armbrust Ricardo Pernambuco Backheuser núCleo PRoJeção no Aristóteles Drummond Carlos Alberto Vieira Ricardo Varella Mundo de neGóCioS Aroldo Araújo Carlos Geraldo Langoni Roberto Antônio Raposo D’Assunção Arthur Antônio Sendas Filho Carlos Henrique Moreira Ronaldo Cezar Coelho vice-Presidente de Ética, Ronaldo Goytacaz Cavalheiro Governança e Sustentabilidade Aureo Salles de Barros Carlos Moacyr Gomes de Almeida Benjamin Nasário Fernandes Filho Carlos Roberto Mendonça Alves Dias Rosiska Darcy de Oliveira Clarissa de Araújo Lins Rudolf Höhn vice-Presidente de Relações Brigitte Barreto Carmen Fridman Sirotsky Carlos Alberto Lenz César Protásio Celso Fernandez Quintella Rui Patrício internacionais Ruy Barreto Filho José Botafogo Gonçalves Chaja Ruchla Schulz Cesar Augusto Mattos Maia Neumann Conrado Max Gruenbaum Christa Bohnhof-Grühn Sávio Luis Ferreira Neves Filho vice-Presidente de Comércio Sergio Cavina Boanada exterior Dahas Chade Zarur Cícero Ivanildo Alves Casimiro Daniel Corrêa Homem de Carvalho Clarissa de Araujo Lins Sérgio Francisco M de C Guimarães Marco Polo Moreira Leite Sérgio Gomes Malta vice-Presidente de Concessões Daniel Klabin Corintho de Arruda Falcão Filho Dora Martins de Carvalho Cristiano Buarque Franco Neto Sérgio Reis da Costa e Silva e Serviços Regulados Tácito Naves Sanglard Otávio Marques Azevedo Eduardo Baptista Vianna Daniel Plá Eduardo Lessa Bastos Dilio Sérgio Penedo Teresa Cristina Gonçalves Pantoja Francisco Luiz C. da Cunha Horta Domingos Bulus Tomas Tomislav Antonin Zinner núCleo Rio Frederico Axel Lundgren Edson de Godoy Bueno Vera Costa Gissoni vice-Presidente de Petróleo Guilherme Arinos L.Verde de B. Franco Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira e energia Haroldo Bezerra da Cunha Elisa Dalcin Mendes Pinheiro João Carlos de Luca Haroldo de Barros Collares Chaves Geraldo César Mota diRetoReS ConvoCadoS vice-Presidente de João Augusto de Souza Lima Geraldo Rezende Ciribelli André Urani desenvolvimento imobiliário João Portella Ribeiro Dantas Germano H. Gerdau Johannpeter Jacob Kligerman José Conde Caldas Jonas Barcellos Corrêa Filho Gilberto Caruso Ramos João Carlos de Luca vice-Presidente de Cultura José Antônio do Nascimento Brito Haroldo João Naylor Rocha Mozart Vitor Serra Rosiska Darcy de Oliveira José Luiz Alquéres Hekel de Miranda Raposo Ricardo Simonsen vice-Presidente de Conselhos José Maria Teixeira da Cunha Sobrinho Henrique Bastos Rocha empresariais e eventos Linneo Eduardo de Paula Machado Humberto Eustáquio César Mota Filho Sócio honorário Sergio Cavina Boanada Luíz Carlos Trabuco Cappi Jaime Rotstein José Luiz de Magalhães Lins Manuel Teixeira Rodrigues Fontes João Roberto Marinho viCe-PReSidenteS Márcio Castro de Almeida Joaquim de Arruda Falcão Neto Antenor Barros Leal Marco Antônio Sampaio Moreira Leite Joel Korn Aureo Salles de Barros ConSelho FiSCal Marco Polo Moreira Leite José Botafogo Gonçalves Benjamin Nasário Fernandes Filho Marta Maria Ferreira Arakaki José Carlos Costa da Silva Rosa Chaja Ruchla Schulz efetivos Maurício de Castilho Dinepi José Conde Caldas Dora Martins de Carvalho Mauro José Miranda Gandra José de Souza e Silva Abel Mendes Pinheiro Júnior Juarez Machado Garcia Mauro Moreira José Gustavo de Souza Costa Carlos Henrique Fróes Maria Silvia Bastos Marques Mauro Ribeiro Viegas José Pires de Sá Eduardo Costa Garcia Marta Maria Ferreira Arakaki Nelson Janot Marinho José Roberto Marinho Mauro José Miranda Gandra Maurício de Castilho Dinepi Olavo Egydio Monteiro de Carvalho Júlio Isnard Paulo Sobrino Marques d’Oliveira Olympio Faissol Pinto Julio Luiz Baptista Lopes Suplente ConSelho SuPeRioR Omar Carneiro da Cunha Laudelino da Costa Mendes Neto Aureo Ricardo Salles de Barros Oscar Böechat Filho Lilibeth Monteiro de Carvalho Ferdinando Bastos de Souza Presidente Otávio Marques Azevedo Lucy Villela Barreto Borges Humberto Eustáquio César Mota Helena Spyrides Patrick Larragoiti Lucas Luiz Antonio de Godoy Alves vice-Presidente Pedro Ernesto Mariano de Azevedo Marcelo Henriques de Brito Secretário Geral Rubens Bayma Denys Renato Ribeiro Abreu Marcos Castrioto de Azambuja Nestor Rolim Lacerda
  • 5. SuMáRio 10 CaPa Andréa Mury Rio SuStentável O Rio é a primeira cidade brasileira a estabelecer metas para combater as emissões de gases de efeito estufa. O plano lançado pela prefeitura do Rio tem como parceiros a ACRJ, a FBDS e o Rio Como Vamos Mathias Cramer 6 entReviSta Maria Elena Johannpeter, 16 ConheCiMento Livro revela bastidores da 25 eSPeCial O vice-presidente da Repú- uma das principais lideran- festa popular que movimen- blica José Alencar é home- ças da área social do País ta milhões de reais nageado como Sócio Emé- fala sobre voluntariado rito da ACRJ 22 inStituCional 23 aRtiGo 29 ConSelhoS As mensagens do presidente da ACRJ, Jerson Kelman comenta os desafios Debates, seminários e outros eventos José Luiz Alquéres, e do presidente do do novo Conselho Empresarial das realizados pelos Conselhos da ACRJ Conselho Superior Humberto Mota Indústrias Reguladas da ACRJ 37 alMoço do eMPReSáRio 40 aSSoCiadoS Os principais nomes da política e do Conheça nossos associados e junte- empresariado discutem a conjuntura se à ACRJ, uma das instituições mais nacional antigas e representativas do Brasil Presidente Capa Redação José Luiz Alquéres Vista Chinesa/RJ Rua da Candelária, 9 /11º andar Conselho Editorial Foto: Andréa Mury cep: 20091-020 - Centro - RJ José Luiz Alquéres Fotografia (21) 2514-1219/1269 Maurício Dinepi Ivanoé Gomes Pereira Publicidade Olavo Monteiro de Carvalho Projeto Gráfico / Diagramação (21) 2514-1211/1204/1208 Ronaldo Chaer do Nascimento Dueto Brasil André Urani www.acrj.org.br (21) 9124-1472 / 7889-3225 Órgão Técnico e Consultivo Gerente de Comunicação www.duetobrasil.com.br do Governo Federal no estudo e Jornalista Responsável Fotolito e Impressão dos problemas que se relacionam Andréa Mury (MTB nº 23787) Rower Gráfica & Editora Ltda com a economia nacional. Edição e Revisão (21) 3881-3150 Decreto-Lei nº6348, Andréa Mury de 26/09/1940 Edição no 1401 Dezembro de 2009 - ano 68
  • 6. entReviSta MARIA ELENA PEREIRA JOHANNPEtER Mathias Cramer Andréa Mury Construir um Rio Grande do Sul voluntário. Foi com essa visão que a administradora de empresas gaú- cha, formada pela PUC-RS, Maria Elena Pereira Johannpeter fundou, em janeiro de 1997, a ONG Parceiros Voluntários, uma organização não-gover- namental, sem fins lucrativos e apartidária, que es- timula, capta, capacita e encaminha voluntários às organizações sociais. A iniciativa já conquistou mais de 300 mil voluntá- rios em 13 anos de atuação, beneficiando mais de 1 milhão de pessoas nas 78 cidades que integram a Rede Parceiros Voluntários (www.parceirosvolun- tarios.org.br). A Parceiros também criou o maior movimento de voluntariado jovem do Brasil, que envolveu, em 2008, 108 mil estudantes dos ensi- nos fundamental e médio de 379 escolas do Rio Grande do Sul. Em 2008, Maria Elena Johannpeter lançou, juntamente com a escritora Lilian Dreyer, o livro O Quinto Poder – Consciência Social de uma Nação. A obra reúne análises e questionamentos de especialistas nacionais e internacionais sobre o terceiro Setor, a atuação da sociedade civil organizada e o voluntariado, como o professor norte-americano Lester Salamon, um dos pioneiros do terceiro Setor no planeta e a queniana Wangari Maathai, ativista distinguida com o Prêmio Nobel da Paz. Maria Elena integra instituições como a Schwab Foundation, da Suíça, o Conselho Deliberativo da Federasul, o Conselho de Cidadania da Federação das Indústrias do RS e o Conselho Pa- ranaense de Cidadania Empresarial da Federação das Indústrias do Estado do Paraná. A presidente-executiva (Voluntária) da ONG Parceiros Voluntários, uma das principais lideranças da área social do País, falou à Revista do Empresário da ACRJ sobre o trabalho desenvolvido pela ONG e a importância do trabalho voluntário. o que a motivou a fundar a onG a grande oportunidade de colocar em nha pesquisado muito, no Brasil e no Parceiros voluntários? em que va- prática o que eu acreditava veio em exterior, exemplos de participação de lores está baseado o trabalho da 1996, quando o então presidente da pessoas em suas comunidades – sa- Parceiros voluntários? Federasul (Federação das Associa- bendo como o brasileiro é solidário por Me - Sempre fui muito inquieta a ções Comerciais do Rio Grande do natureza – percebi que poderíamos respeito de me envolver com o outro, Sul), Mauro Knijnik, me convidou para passar de uma cultura paternalista me envolver com o social, trabalhar assumir a diretoria do Departamento para uma cultura mais participativa. Ao para transformar realidades. Cresci de Desenvolvimento Social da entida- fundar a ONG Parceiros Voluntários foi vendo minha mãe agir efetivamen- de. Como já atuava como conselheira essa proposta que fizemos à comuni- te, não somente discursando. Mas de algumas organizações sociais e ti- dade gaúcha. 6 R E V I S TA D O E M P R E S Á R I O D A A C R J - D E Z E M B R O D E 2 0 0 9
  • 7. MARIA ELENA PEREIRA JOHANNPEtER entReviSta O trabalho da ONG Parceiros Vo- BID, tem o patrocínio da Petrobras e individualismo, na indiferença frente ao luntários está baseado em sua missão, inúmeras parcerias com empresas, ins- destino do outro, na falta de responsa- que é promover, ampliar e qualificar o tituições e profissionais liberais. Quando bilidade coletiva, no desinteresse pelo atendimento às demandas sociais pelo estivermos com o projeto piloto conclu- bem-estar geral, na busca do consu- trabalho voluntário, visando à melhoria ído, a metodologia também deverá ser mismo (...), pode-se esperar que essas da qualidade de vida no Rio Grande expandida para outros estados. condutas debilitem seriamente o tecido do Sul. Dentre os nossos valores, co- Como a srª avalia o desempe- social e conduzam a toda ordem de locamos que toda pessoa é solidária e, nho do terceiro Setor no brasil? impactos regressivos”. Assim, entende- portanto, um voluntário em potencial; a Quais os maiores desafios para as mos que uma das funções das organi- filantropia e o exercício da cidadania, pessoas e organizações que atuam zações do terceiro Setor é desenvolver pela prática do voluntariado, como in- nesta área? formas democráticas de intervenção dispensáveis à transformação da reali- Me - Como dizia Peter Drucker: “O social, em que as pessoas sejam capa- dade social; e, por fim, que o desenvol- resultado do terceiro Setor é um ser zes de construir, de forma cooperativa, vimento sustentado é alcançado pela humano melhor. As instituições sem a ordem social em que querem viver. O interação entre os sistemas econômico, fins lucrativos são agentes de mudança sociólogo colombiano Bernardo toro ambiental e social. humana. Seu ‘produto’ é um paciente diz isso muito bem: “se a intervenção é há perspectivas de estender curado, uma criança que aprende, um assistencialista, cria a dependência; se esse trabalho a outros estados, jovem que se transforma em um adulto é autoritária, cria a baixa auto-estima; se como o Rio de Janeiro? com respeito próprio; isto é, toda uma é clientelista, cria uma cultura de ade- Me - temos bases conceituais mui- vida transformada”. Para se ter uma são; se é democrática, cria cidadania e to fortes e um largo trabalho em todo ideia de importância, é só analisarmos autonomia”. o Rio Grande do Sul. Essa experiên- que, em 2007, o terceiro Setor teve a srª participou do Fórum Pers- cia é que alavanca a nossa participa- sua participação econômica reconhe- pectivas para o Marco legal do ter- ção em outros estados, sempre por cida pelo IBGE, quando foi incluido na ceiro Setor, no Rio de Janeiro, para intermédio de parcerias locais como, composição do cálculo do Produto In- discutir e avaliar os resultados deste por exemplo, o curso Gestão para a terno Bruto (PIB). Segundo o Centro de trabalho, elaborado pelo Grupo de Sustentabilidade, Empreendedorismo Estudos da Johns Hopkins University, institutos, Fundações e empresas e Redes Colaborativas, que estamos dos Estados Unidos, o setor sem fins (GiFe). Quais foram as principais levando a instituições do Rio de Janei- lucrativos no Brasil representa 5% do constatações deste encontro? ro e do Amazonas em parceria com o PIB nacional e assegura em torno de Me - Este é um trabalho que o GIFE Sebrae Nacional. Essa metodologia 3 milhões de empregos diretos. vem construindo, a muitas mãos e ca- busca instrumentalizar dirigentes de Os números da Parceiros Voluntá- beças, há alguns anos. Este documen- Organizações da Sociedade Civil para rios também mostram um crescimento to estabelece os cinco temas que a uma gestão sustentável, desenvolven- exponencial. De 2003 a 2009, passou rede GIFE identifica como prioritários no do a liderança, o empreendedorismo e de 31 mil para 300 mil voluntários ca- processo de aperfeiçoamento do mar- o estímulo à formação de redes cola- dastrados; o número de empresas ca- co legal do terceiro setor, que são: (1) borativas. É importante frisarmos que a dastradas saltou de 850 para 2,5 mil; liberdade de organização e funciona- Parceiros Voluntários se vê como uma e as organizações da sociedade civil mento para as organizações da socie- potencializadora de causas sociais por conveniadas aumentaram de 1 mil para dade civil, (2) transparência e controle dois eixos: encaminhando voluntários 2,7 mil. Esse movimento todo de mobi- social (accountability), (3) imunidades e qualificados e profissionalizando, de- lização e articulação traz um benefício isenções tributárias, (4) incentivos fis- senvolvendo lideranças e capacitando para aproximadamente 1 milhão e meio cais para iniciativas de interesse público gerencialmente as Organizações. Outro de pessoas. e (5) segurança jurídica, na qualidade grande desafio que temos é o curso O grande desafio de todos os pa- de tema transversal. “Educando para a transparência”, que íses no século XXI é a formação do Agora, com a publicação e propa- é parte do projeto “Desenvolvimento de Capital Social nas comunidades. Eu gação dessa obra “Perspectivas para Princípios de transparência e Prestação concordo com o economista e soció- o Marco Legal do terceiro Setor” é de Contas para Organizações Sociais”. logo Bernardo Kliksberg que diz: “se os que os debates levarão, certamente, a Esse projeto, realizado com o FUMIN/ valores dominantes se concentram no muito boas contribuições, visando um R E V I S TA D O E M P R E S Á R I O D A A C R J - D E Z E M B R O D E 2 0 0 9 7
  • 8. entReviSta MARIA ELENA PEREIRA JOHANNPEtER benefício organizacional para o terceiro lação à mobilização da sociedade empresas é essencial para uma gover- Setor. A pesquisa, que teve apoio das civil no sentido de influir e cobrar nabilidade efetiva. Penso que, para co- Fundações Ford e W. K. Kellogg, agora políticas públicas voltadas ao de- brarmos posições fora, temos que estar será distribuída a associados do GIFE senvolvimento sustentável? cumprindo o nosso papel internamen- e disponibilizada para download no site Me - É sonho de todos os países te, e nisso os brasileiros estão dando o www.gife.org.br a solução ou a minimização de proble- exemplo devido a essa forte mobiliza- a crise afetou de algum modo mas sociais, como a fome, a educação ção e articulação aqui descrita. o investimento das empresas em para todos, a redução da mortalidade a prática do voluntariado já in- projetos de Responsabilidade So- infantil, a não violência, o respeito ao tegra o dia-a-dia das empresas cial (RS) ? meio ambiente, entre outros. O Brasil brasileiras ou ainda é uma reali- Me - Como ainda não está muito também está perseguindo esse sonho. dade distante? Como estimular o forte o entendimento de que o desen- Para isso, está desenvolvendo ações maior envolvimento das empresas volvimento sustentado está alicerça- tanto pelos meios governamentais, em ações de RSe e a participação do, igualitariamente, em três pilares quanto pela sociedade civil organizada. de seus colaboradores? (econômico - social – ambiental), em Segundo pesquisa do IBGE, divulgada Me - Ainda há muito o que se fazer qualquer crise a primeira rubrica a ser em 2008, estavam registradas cerca de em relação ao envolvimento de todos os cortada, ou pelo menos diminuída, é 338 mil fundações privadas e associa- setores, mas saber que as lideranças a que se refere aos projetos sociais, ções sem fins lucrativos, que emprega- empresariais já estão mudando a sua ou melhor dizendo, aos projetos que vam 1 milhão e meio de pessoas em concepção sobre o trabalho voluntário, dizem respeito ao envolvimento com a todo o País. São organizações dispos- é meio caminho andado. A outra me- comunidade. É claro que teve reflexo, tas a sair do discurso e a colocar a mão tade é uma questão de organização e no final de 2008 e inicio de 2009, da na massa. Essas mãos, geralmente, mobilização. O estímulo que buscamos crise econômica mundial. Porém, com têm sido representadas por uma força oferecer é por meio da metodologia da os novos sinais de um retorno do cres- de trabalho silenciosa, que crê na so- criação de comitês internos na empre- cimento das empresas, os investimen- lidariedade, na promoção social e na sa, de responsabilidade social. Hoje, as tos estão sendo retomados, embora, cidadania. Essa força de trabalho não empresas já percebem que a responsa- ainda, com muita cautela. busca resultados apenas financeiros; bilidade social agrega valor à marca. Até Mas, como todas as circunstâncias busca, sim, a recompensa maior: pro- por uma questão prática: para recebe- nos trazem aprendizados, o cenário tor- jetos de vidas transformados. rem certificações ou atuarem no merca- nou-se positivo por um lado: as organi- transformando o sonho em realida- do externo, as empresas precisam estar zações se viram obrigadas a uma ime- de, os Centros de Voluntariado de SP, envolvidas com a comunidade. Outro diata profissionalização na sua gestão, RJ, SC e RS, com o apoio do Programa fator importante é o clima que gera in- seja no planejamento, na prestação de das Nações Unidas para o Desenvol- ternamente quando os funcionários se contas, na prospecção de novas ma- vimento (PNUD), se uniram formando juntam para apoiar projetos sociais: os neiras de sustentabilidade, etc. Essa é uma Rede de Colaboração. Hoje, atra- interrelacionamentos ficam mais facilita- uma das razões pelas quais a Parceiros vés do trabalho voluntário, fomentado dos, as pessoas mais dispostas, a equi- Voluntários se preocupa em capacitar pela Rede Brasil Voluntário, esta realida- pe mais unida e focada; melhora a ca- gerencialmente as instituições, para de arregimenta um batalhão de 42 mi- pacidade na busca de soluções, enfim, que crises não venham a acabar com lhões de voluntários, que impulsionam cria ou fortalece um capital social interno projetos que têm profundo significado projetos, que articulam soluções. na empresa. Não importa o tamanho em suas comunidades, pois o resul- todo indivíduo, família, organização da empresa: ela é feita por pessoas. tado final dessas instituições é medido e comunidade têm um papel vital a de- Se elas estão felizes, os resultados são em vidas transformadas. sempenhar. As artes, as ciências, as bem mais significativos. há uma grande expectativa em religiões, as instituições educativas, os a Parceiros voluntários criou um torno dos acordos que poderão meios de comunicação, as empresas, dos maiores movimentos de volun- ser firmados em Copenhague, em as organizações não-governamentais tariado jovem do país, que envolve busca de uma comunidade global e os governos: todos são chamados a também pais e educadores. Como sustentável. Como a srª vê o papel oferecer uma liderança criativa. A par- incentivar a criança, o jovem a ser do brasil neste processo, em re- ceria entre governo, sociedade civil e voluntário? Como instituições de 8 R E V I S TA D O E M P R E S Á R I O D A A C R J - D E Z E M B R O D E 2 0 0 9
  • 9. MARIA ELENA PEREIRA JOHANNPEtER entReviSta ensino, empresas e governos po- dem contribuir para isso? “Os governos e as empresas precisam estar Me - A ação se chama “tribos nas atentos aos jovens, pois eles não são o futuro: trilhas da Cidadania” e iniciou em 1999, são o presente. E é necessário valorizá-los, por desafio de quatro jovens em sala de aula. Funciona da seguinte maneira: formando-os como cidadãos conscientes de ao longo de todo o ano, os jovens do seus direitos e responsabilidades” ensino médio, de escolas públicas ou privadas, desenvolvem ações em suas comunidades, escolhidas por eles mes- como cidadãos conscientes de seus e sistêmica da realidade. Ele sente-se mos, buscando atender a três “trilhas”: direitos e de suas responsabilidades. parte de um todo e trabalha para a in- Educação para a Paz, Meio Ambiente O grande biólogo e educador Humber- tegração e harmonização desse todo. ou Cultura. A metodologia utilizada na to Maturana diz: “educar se constitui no Dá-lhe o verdadeiro sentido de ser ci- ação tribos nas trilhas da Cidadania fa- processo em que a criança ou o adul- dadão. Uma das melhores formas de vorece a co-autoria dos jovens, o traba- to convive com o outro e, ao conviver levar esse “contágio” adiante é, quem lho em grupo e o compartilhamento de com o outro, se transforma esponta- está fazendo e se sentindo feliz, deve experiências. também cria condições neamente, de maneira que seu modo propagar para seus familiares, amigos, para a reflexão e o desenvolvimento de de viver se faz progressivamente mais colegas, enfim, fazendo uma grande habilidades e competências, qualifican- congruente com o do outro no espaço corrente do bem. do e fortalecendo a atuação juvenil e de convivência”. Qual conselho ou alerta a srª da- promovendo capacitações de estudan- a srª costuma destacar a im- ria aos empresários brasileiros? tes em liderança, empreendedorismo, portância da Responsabilidade Me - Em 2006, a CNI (Confede- voluntariado e cidadania. Social individual. Como ampliar ração Brasileira da Indústria) publicou Já tivemos ano com mais de 100 a conscientização da sociedade um Manual no qual constava: “a sus- mil jovens mobilizados e, em 2009, ti- para este conceito? tentabilidade - além de ser boa para a vemos mais de 80 mil estudantes, em Me - Esse é o conceito que vem sociedade e para o meio ambiente - é 55 cidades no Rio Grande do Sul. Eles embasando o trabalho da Parceiros Vo- também boa para os negócios. Signi- têm muito gás, querem viver o “hoje” e luntários nesses 13 anos. A RSI - Res- fica oportunidades para as empresas vibram quando recebem a oportunida- ponsabilidade Social Individual – nos diz construírem diferenciais competitivos, de de agir. O que é preciso, na verda- que “trabalhar os valores internos faz reduzirem custos e aprimorarem seus de, é direcionar essa energia pulsante despertar na pessoa o seu verdadeiro níveis de eficiência e desempenho”. para o bem dos outros e do próprio jo- valor, o que a torna mais ativa e social- Eu complementaria ainda que, para os vem. O apoio da escola, do educador mente transformadora do mundo ao próximos anos, as empresas terão de e dos pais é fundamental. Eles podem seu redor”. tudo inicia nesse pequeno mudar sua atenção para o seu pes- estimular e orientar o jovem a trabalhar núcleo chamado “eu”. A RSI vem an- soal interno, para satisfazer não ape- no projeto em áreas de maior afinidade, tes da RSE, da RSG (governamental) nas suas necessidades físicas mas já pensando em seu futuro quando tiver ou de qualquer outra. As pessoas não também emocionais, mentais e espi- que decidir por uma formação univer- dispõem apenas de habilidades (ca- rituais. As pessoas desejarão trabalhar sitária, mas, principalmente, valorizar pital humano), conhecimentos (capital em empresas para onde possam levar as conquistas dos jovens ao longo das intelectual), dinheiro (capital financeiro), seus mais elevados valores, que lhes atividades. Os pais podem, inclusive, prédios e maquinários (capital físico). dêem oportunidade de fazer uma di- participar de ações pontuais junto com Possuem também elos de solidarieda- ferença positiva no mundo e que as os filhos. O que é comum de vermos e de, fraternidade, cooperação, reciproci- encorajem a tornarem-se tudo o que isso dá “uma liga” muito grande no inter- dade e de confiança que estabelecem puderem ser. Quando as pessoas relacionamento. com outras pessoas. São esses elos a consideram seu trabalho significativo, Os governos e as empresas preci- chave para resolver os problemas de alcançam seus mais profundos níveis sam estar atentos aos jovens, pois eles desenvolvimento humano que enfren- de intuição e criatividade. Isso é bom não são o futuro: são o presente. E é tamos na época atual, pois proporcio- para elas, é bom para a empresa e é necessário valorizá-los, formando-os nam ao indivíduo uma visão holística muito bom para as comunidades. R E V I S TA D O E M P R E S Á R I O D A A C R J - D E Z E M B R O D E 2 0 0 9 9
  • 10. CaPa RIO SUStENtáVEL Rio Sustentável Lançamento do Rio Sustentável reuniu lideranças políticas, empresariais e da sociedade civil no Palácio da Cidade Cidade é a primeira do país a estabelecer metas Cida Belford para reduzir a emissão de gases de efeito estufa Andréa Mury “A economia depende do am- efeito estufa em 8% até 2012, em 16% os bairros da Penha e Barra da tijuca biente. Se não há ambiente, se tudo até 2016 e em 20% até 2020. Com e outro na Avenida Brasil; a expansão está destruído, não há economia”. isso, o Rio é a primeira cidade brasilei- das ciclovias; e a utilização de biocom- Lester Brown ra a estabelecer metas para combater bustíveis. A prefeitura estima que só o as emissões de gases de efeito estufa corredor t5, da Penha à Barra (onde No dia 27 de novembro, a prefeitura (GEE), preparando-se para se tornar a serão usados BRts), substituirá 43 li- do Rio lançou o Plano Rio Sustentável, capital da sustentabilidade. nhas que hoje circulam nesse trajeto. durante uma solenidade no Palácio da Os detalhes do Plano foram apre- Com isso, estima-se que até 500 ve- Cidade, que reuniu autoridades, empre- sentados por Carlos Alberto Muniz, que ículos movidos a diesel sejam tirados sários, ambientalistas e acadêmicos. O dividiu as metas e ações previstas em de circulação. Protocolo de Intenções, assinado pelo dois eixos principais: um deles voltado Na área de Habitação, a intenção é prefeito Eduardo Paes, pelo vice-prefei- para a cidade e suas principais fon- fazer um trabalho de retrofit nos prédios to e secretário municipal de Meio Am- tes de emissão de gases, os resíduos da cidade. Já para as construções futu- biente, Carlos Alberto Muniz, pelo mi- sólidos e a malha de transportes (os ras, será adotado um modelo de arqui- nistro do Meio Ambiente, Carlos Minc, quais respondem por 73% do total de tetura verde para melhorar a eficiência e pelos presidentes da Associação emissões); e outro voltado para as ins- energética dos prédios. Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), da talações da Companhia Siderúrgica do A expansão da política de reflo- Fundação Brasileira para o Desenvolvi- Atlântico (CSA), em Santa Cruz. restamento em áreas desmatadas da mento Sustentável (FBDS) e do Movi- Para alavancar o Plano serão en- cidade também será uma das ações mento Rio Como Vamos, José Luiz Al- volvidos diferentes setores. No de do Rio Sustentável, além do tratamen- quéres, Israel Klabin e Rosiska Darcy de transportes, as ações prevêem a to de resíduos sólidos com a constru- Oliveira, respectivamente, tem por ob- construção de dois corredores de Bus ção de aterro sanitário para reduzir as jetivo reduzir as emissões de gases de Rapid transit (BRt), um para interligar emissões em até 30%. 10 R E V I S TA D O E M P R E S Á R I O D A A C R J - D E Z E M B R O D E 2 0 0 9
  • 11. RIO SUStENtáVEL CaPa A macrodrenagem da Bacia de Jacarepaguá, a ampliação do sistema “O Brasil foi pioneiro, foi o primeiro país em de saneamento da Zona Oeste, a ne- desenvolvimento que estabeleceu as metas. gociação para compensações mitiga- Acho que essa questão vai avançando no doras das emissões produzidas pela CSA – a empresa já comprometeu-se mundo e o Rio de Janeiro vai avançar também” em reduzir suas emissões de GEE em 17% - e a disseminação da cultura de sustentabilidade e de eficiência ener- tas já estabelecidas por outras cidades, gética também integram as principais mundo afora, mas é a meta que garan- estratégias do Rio Sustentável, que timos que vamos cumprir, sem falsear será apresentado pela prefeitura na números”, declarou. Convenção das Nações Unidas sobre Entre os decretos assinados estão Mudança do Clima (COP–15) em Co- o Plano de Gestão de Resíduos Sus- penhague, Dinamarca, entre os dias 7 tentável; o Programa de Redução de e 18 de dezembro. Emissão de GEE no setor de transpor- Foram assinados seis decretos e tes; e o Fórum Carioca de Mudanças firmado um contrato com o Instituto de Climáticas e Desenvolvimento Susten- Pesquisa e Engenharia da Universidade tável. Este último envolverá o poder pú- Federal do Rio de Janeiro (Coppe) para blico, a sociedade civil e acadêmicos. a realização de um novo inventário de O Plano também prevê um programa emissões. O último teve como base o de adaptação do sistema de Saúde e ano de 1998. O prefeito Eduardo Paes Defesa Civil para minimizar os impactos lembrou que os grandes vilões da ci- das mudanças do clima, como proje- Carlos Minc: o importante é dar o primeiro passo dade são os lixões, emissores de gás ções e prevenção a epidemias e en- metano, e o gás carbônico emitido pe- chentes e um programa de ecoeficiên- los automóveis. Por isso, estes serão cia e sustentabilidade da prefeitura, que “O Brasil foi pioneiro, foi o primeiro país os setores que mais receberão inves- permitirá a economia de água, energia, em desenvolvimento que estabeleceu timentos da prefeitura. De acordo com gás e combustíves. as metas. Logo em seguida, a Indoné- Paes, as metas foram estabelecidas O ministro do Meio Ambiente, Carlos sia e a Coréia também apresentaram para que a sua administração realize o Minc, defendeu que o mais importante as suas. Houve pressão e os Estados que está previsto. “Nós estabelecemos é dar o primeiro passo, como fez o Rio, Unidos e a China tiveram que mudar de uma meta objetiva da redução naquilo destacando ainda o pioneirismo do Bra- posição. Acho que essa questão vai que é possível. Até 2012, vamos redu- sil de se posicionar a favor da redução avançando no mundo e o Rio de Janei- zir em 8%. É inferior a algumas das me- da emissão de gases de efeito estufa. ro vai avançar também”, afirmou. Lixo e excesso de veículos – os grandes vilões R E V I S TA D O E M P R E S Á R I O D A A C R J - D E Z E M B R O D E 2 0 0 9 11
  • 12. CaPa RIO SUStENtáVEL ticas. “Vamos participar do Fórum, que será permanente. Cada empresa tem que pensar sua redução de emissões. Muitas terão que recorrer à compensa- ção, pois ainda não há como mudar a forma de produção”. Ele destacou três passos que a ACRJ define como fundamentais: “o primeiro passo é medir para conhecer, utilizando indicadores que possam ser monitorados. O segundo é praticar nas empresas ações que as transformem em modelos de sustentabilidade e exemplos a serem imitados. E o tercei- ro passo é divulgar esses conceitos e vê-los expressos em políticas públicas. A classe empresarial está engajada”, Eduardo Paes e Israel Klabin – Compromisso com o meio ambiente afirmou. Em relação à Light, Alquéres informou que a empresa está desenvol- vendo um Plano Diretor que prevê, en- “O Rio era uma cidade ancorada no passado tre outros pontos, a criação de uma Re- e passa a ser uma cidade projetada no futuro” serva de Proteção Permanente (RPPN) em torno dos reservatórios de água de O ex-prefeito do Rio e presidente da gio Besserman, também acredita que as Piraí. “São 20 mil hectares que pode- Fundação Brasileira para o Desenvolvi- Olimpíadas de 2016 serão uma grande mos reflorestar com espécies da Mata mento Sustentável (FBDS), Israel Kla- oportunidade de mostrar ao mundo que Atlântica”, explicou, lembrando que cer- bin, destacou o momento importante a cidade está trabalhando em prol da ca de 95% da água consumida pelos para a cidade. “O Rio passa a ser uma sustentabilidade. Ele ressaltou que a cariocas saem daqueles reservatórios. das primeiras cidades do planeta que agenda do século XXI é a agenda da assume a responsabilidade ambien- sustentabilidade e a marca do Rio de Cultura Cidadã tal na sua expressão mais importante, Janeiro, este ativo intangível que hoje é As ações do Rio Sustentável se- que é a contenção das emissões. É totalmente decisivo na competição dos rão monitoradas pelo movimento Rio um projeto bastante complexo, mul- negócios e entre as cidades, também é Como Vamos, que já acompanha os tidisciplinar, mas o prefeito merece os a sustentabilidade. O trabalho conjunto indicadores de qualidade do município. parabéns pela iniciativa”, disse Klabin, da ACRJ, com a boa base técnica da A presidente-executiva da instituição e lembrando que outras iniciativas desta FBDS, da prefeitura, da Coppe/UFRJ e vice-presidente de Cultura da ACRJ, ordem, em cidades importantes como com uma estratégia de engajamento e Rosiska Darcy de Oliveira, informou que Nova Iorque, têm se saído muito bem e participação da sociedade, com muita o RCV se comprometeu a monitorar a o Rio, com isso, passa a ostentar uma transparência, além da presença do Rio evolução dos indicadores de sanea- bandeira da maior importância, de atra- Como Vamos, poderá dar um retorno mento, tratamento do lixo e refloresta- tivo global com relação ao seu futuro. extraordinário à cidade do Rio de Janei- mento. “Vamos acompanhar o que foi “Nós teremos aqui a Copa do Mundo, ro”, declarou. proposto e tornar público o cumprimen- as Olimpíadas e vários eventos. O Rio O presidente da Associação Co- to ou não das metas por meio desses era uma cidade ancorada no passado mercial do Rio de Janeiro e da Light, indicadores. As metas de lixo reciclável, e passa a ser uma cidade projetada no José Luiz Alquéres, ressaltou a impor- por exemplo, dependem muito da aju- futuro”, concluiu. tância do apoio do empresariado ao Rio da da população. Cada gesto individual Presidente da Câmara técnica de Sustentável, que pode contribuir agindo melhora a cidade para todos. Cultura Desenvolvimento Sustentável do muni- como um promotor do Plano, através cidadã é isso: quem colabora, tem mais cípio, o economista e ambientalista Ser- do Fórum Carioca de Mudanças Climá- direito de cobrar”, frisou Rosiska. 12 R E V I S TA D O E M P R E S Á R I O D A A C R J - D E Z E M B R O D E 2 0 0 9
  • 13. RIO SUStENtáVEL CaPa O que é sustentabilidade? em atividades do cotidiano e leva essa gócios e que não é uma estratégia de A palavra mais pronunciada no mun- experiência para as organizações ou marketing”, afirma Clarissa Lins, que su- do atualmente ainda é desconhecida da grupos com os quais interage, inclusive gere uma espécie de 10 mandamentos grande maioria das pessoas que não na empresa onde trabalha. A empresa da empresa sustentável: lidam com questões ambientais. Até consciente desse fundamento incorpo- mesmo profissionais graduados não ra as competências individuais numa sabem ao certo o seu significado. Para estratégia que estará integrada ao seu 1. Ter o compromisso da alta lideran- muitos, é só a palavra da moda. capital intelectual e ao sucesso de seus ça da empresa com a agenda da sus- Opiniões à parte, a coordenadora negócio”, acrescenta Analice Araújo. tentabilidade. adjunta e professora do MBE em Eco- O conceito de sustentabilidade 2. Inserir a sustentabilidade na estra- nomia e Gestão da Sustentabilidade do corporativa vem adquirindo força des- tégia de negócios e não apenas no Instituto de Economia da UFRJ, Analice de 1994, quando o ambientalista John discurso de comunicação e marke- Araújo, acredita que a definição mais in- Elkington sugeriu a adoção do triple ting da empresa. dicada para o termo é a da Comissão Bottom Line, uma forma de medir os Bruntland, que define desenvolvimento resultados de uma empresa com base 3. Estabelecer mecanismos de go- sustentável como aquele “capaz de su- nos aspectos econômico, social e am- vernança que garantam uma gestão prir as necessidades da geração pre- biental. É crescente o número de em- eficiente da sustentabilidade. sente sem afetar a habilidade das gera- presas preocupadas em apresentar tais 4. Ter definidas políticas corporativas ções futuras de suprir as suas”. resultados em seus relatórios anuais e fortes, como código de ética, política Recomendações do tipo “Feche de forma voluntária, mas ainda não é ambiental e política de sustentabili- bem a torneira” ou “Use apenas duas uma prática comum. “A sustentabilida- dade. folhas de papel toalha”, há alguns de ainda não é uma realidade em todas 5. Divulgar amplamente as políticas anos, eram interpretadas como política as empresas, mas é uma realidade em corporativas e demais compromissos de redução de custos das empresas, um grupo de empresas que se des- assumidos pela empresa. mas hoje já são entendidas como prá- tacam quanto à agenda sustentável. ticas de um novo modelo de gestão Geralmente são empresas lideres de 6. Desdobrar as políticas corporativas corporativa, mais preocupada com o mercado, que sofrem grande pressão em sistemas de gestão. desenvolvimento sustentável das or- de órgãos reguladores, de consumi- 7. Eleger indicadores – claros e de ganizações, interessadas em apoiar dores ou estão expostas às exigências fácil apuração – que possam mensu- campanhas em prol do meio ambiente de mercados internacionais”, explica a rar a evolução da agenda da empre- e a se adequar às novas exigências de diretora executiva da FBDS e vice-pre- sa, assegurando que tais indicadores um mercado no qual clientes e con- sidente de Ética, Governança e Susten- são os mais relevantes. sumidores estão mais conscientes so- tabilidade da ACRJ, Clarissa Lins. bre os impactos negativos que a má Buscar orientação junto a institui- 8. Reportar periodicamente, interna e utilização dos recursos naturais pode ções especializadas em serviços de externamente, a mensuração e a evo- causar à sociedade. consultoria em gestão da sustentabi- lução dos indicadores, assumindo o Extrair da natureza todas as possi- lidade pode ajudar as empresas a se compromisso de transparência. bilidades de produzir bens e serviços inserirem neste novo modelo de gestão 9. Estabelecer formas estruturadas necessários à vida diária do homem e a fazer parte de listas de indicadores de diálogo com as principais partes sem comprometer a capacidade das confiáveis e reconhecidos mundialmen- interessadas (que podem ser consu- gerações futuras de garantir o seu pró- te, como o Índice de Sustentabilidade midores, fornecedores, colaborado- prio sustento é o grande desafio dos da Bolsa de Nova Iorque, o Dow Jones res, órgãos reguladores, comunida- lideres de todo o mundo e de toda a Sustainability World Indexes (DJSI), o des do entorno). sociedade nas próximas décadas. Índice de Sustentabilidade Empresarial 10. Assumir um compromisso de “Sustentabilidade é pensar, planejar e da Bovespa (ISE), além dos índices das transparência com a sociedade, por agir no presente, mas com os olhos no bolsas de Londres, o FtSE4Good, e o exemplo, por meio da publicação de futuro. O indivíduo que incorpora essa de Johannesburg, o SRI. “O maior de- relatórios de sustentabilidade. competência aplica os princípios da safio das empresas é entender que a sustentabilidade em sua própria vida, sustentabilidade agrega valor aos ne- R E V I S TA D O E M P R E S Á R I O D A A C R J - D E Z E M B R O D E 2 0 0 9 13
  • 14. CaPa RIO SUStENtáVEL bons exemplos Bradesco e Eletrobrás, empresas associadas da ACRJ, são reconhecidas por suas ações de sustentabilidade O Banco Bradesco, associado à tentabilidade. O presidente da Eletro- ACRJ desde 1971, integra o Índice Dow brás, José Antonio Muniz, ressalta que Jones de Sustentabilidade, o Índice de administrar é, cada vez mais, a arte de Sustentabilidade Empresarial da Bo- ir ao encontro do outro. “Quando fala- vespa (ISE), está entre as 20 empresas mos em sustentabilidade, por exemplo, premiadas no Guia Exame de Susten- pensamos na preservação do meio tabilidade 2009 e apóia o Pacto Global, ambiente, na construção de uma ma- iniciativa da ONU cujo objetivo é incen- triz energética limpa e na promoção da tivar empresas a adotarem políticas de economia e da eficiência como formas responsabilidade social corporativa e de de assegurar um futuro livre de polui- sustentabilidade. Há mais de 20 anos en- ção. Mas pensamos também na re- gajado na defesa das questões ambien- lação com as comunidades afetadas tais, o Bradesco mantém parceria com pelos empreendimentos geradores de a ONG S.O.S Mata Atlântica, uma das energia, nos benefícios que podemos pioneiras no trabalho de proteção aos levar a cada recanto do país que rece- biomas brasileiros. O Bradesco integra be a eletricidade pela primeira vez e na ainda a Fundação Amazonas Sustentá- Luiz Carlos Trabuco Cappi construção de um ambiente de trabalho vel, cujo objetivo é promover a melhoria inspirador para todos os nossos cola- da qualidade de vida das comunidades ses da sociedade. A cada ano vemos boradores”, disse Muniz. moradoras e usuárias das unidades de mais empresas aderindo aos conceitos conservação no Amazonas. Apoiar pro- modernos de governança. Se o nosso jetos de sustentabilidade e integrar a lista exemplo servir de estímulo, ótimo: nos do índice Dow Jones é um grande orgu- sentiremos bem com isso”, declarou. José Antonio Muniz lho para o banco. “O Dow Jones é um A Eletrobrás, associada à ACRJ certificado de que nosso negócio tem desde 1997, é integrante do Índice de bases sólidas, uma visão de negócio Sustentabilidade Empresarial da Boves- que privilegia o conjunto da sociedade. pa (ISE). Em 2006, criou o Comitê de Ou seja, está programado para se per- Sustentabilidade do Sistema Eletrobrás, petuar, na medida em que respeita todos com grupos de trabalho focados no os públicos de interesse, estabelecendo conceito das três dimensões da sus- compromissos com valores humanitários tentabilidade empresarial (triple bottom e de proteção ao meio ambiente”, disse line). Este Comitê empreende uma série o presidente do Bradesco, Luiz Carlos de ações que possibilitaram, dentre ou- trabuco Cappi. Benemérito da ACRJ, tras conquistas, a sua adesão ao Pacto Cappi afirma que o banco segue as me- Global, a inclusão no ISE, a elaboração lhores práticas de governança e respon- do primeiro relatório socioambiental do sabilidade social e acredita que todos Sistema Eletrobrás e a capacitação de devem participar, de alguma forma, do seus colaboradores na metodologia esforço pela preservação da civilização. GRI (Global Reporting Initiative), inter- “Não há novidade, apenas bom senso nacionalmente reconhecida como guia e compromisso prático com os interes- para a elaboração de relatórios de sus- 14 R E V I S TA D O E M P R E S Á R I O D A A C R J - D E Z E M B R O D E 2 0 0 9
  • 15. RIO SUStENtáVEL CaPa 3 minutos com área de madeira de exportação. Nós íamos aumentar a oferta da madeira le- pecuária, que é o mais difícil. Se a nossa soja tiver o estigma que vem de desma- Carlos Minc gal e eles só comprariam madeira para tamento da Amazônia, não conseguire- exportar, baseada na madeira licencia- mos vender óleo de soja na Europa e da de origem conhecida de planos e nos Estados Unidos. O meu recado é: Cida Belford manejos. Assinamos um pacto público empresários, sigam o exemplo dos se- com a Federação Nacional de Seguros tores que realmente estão avançando, A contribuição de cada um e o sindicato do Rio de Janeiro. Eles introduzindo tecnologia limpa, cogera- O consumo consciente e a respon- só vão fazer seguro para as empresas ção, eficiência energética, declarando e sabilidade de cidadania são básicos. É que estiverem com o licenciamento reduzindo suas emissões. muito bom que o cidadão se proponha ambiental em dia, se estiverem enfren- metas, como melhorar sua coleta, com tando seu passivo ambiental, que não O Brasil é protagonista a separação domiciliar do lixo; regular usem substâncias muito agressivas Reduzimos muito o desmatamento o motor do carro para emitir menos; ao meio ambiente. Isso é fundamental, da Amazônia, estamos em uma po- comprar o eletrodoméstico mais efi- pois estamos dando condições mais sição ofensiva, mas parece uma coi- ciente. Hoje, no Rio de Janeiro, só 4% vantajosas para aquelas empresas que sa distante. Quando o estado de São das famílias separam lixo em casa. É têm tecnologias mais seguras, mais lim- Paulo diz que vai reduzir, é interessante. muito pouco. todos nós temos que ter pas, em relação ao meio ambiente, ao Eles vão reduzir queimada de cana, vão nossas metas, porque o planeta está pulmão das pessoas e as emissões de fazer cogeração das indústrias. Quan- ameaçado. CO2 para o planeta. Fizemos um acor- do a cidade do Rio diz que vai reduzir, Quando a gente diz que o IPI, os do público com os bancos privados, começa a ficar mais perto do dia-a-dia juros, o crédito podem ser ousados, através da Federação Brasileira dos das pessoas. A questão climática é uma para ajudar a política ambiental, não Bancos (Febraban), conhecido como questão dos governos, das empresas, significa reduzir tudo, porque senão o Protocolo Verde dos bancos. Então, da sociedade e das famílias. Estado quebra. As áreas econômica e os bancos também se comprometem Ninguém acreditava que o Brasil financeira têm que calibrar as reduções a só dar crédito e financiar atividades ia apresentar metas. A posição mais com a temperatura do mercado, com sustentáveis àquelas empresas cujas pró-ativa era minoritária na sociedade a margem de produção e com a oferta ações não impliquem em desmatamen- e no governo. É bom frisar isso. En- existente. A minha questão é criar me- to, agressão, degradação ambiental. tão, houve um esforço muito grande. canismos para estimular o consumo Esse conjunto de atividades aca- A sociedade civil começou a se mobi- consciente, de baixo carbono e bai- ba sendo, às vezes, mais eficiente do lizar, querendo que o Brasil desempe- xo impacto ambiental. Então, vamos que mil policiais, do que 300 fiscais do nhasse um papel mais forte no Fórum cortar o IPI do carro elétrico, desone- Ibama, porque todo empresário, prati- de Mudanças Climáticas. O professor rar os equipamentos eólicos e solar, e camente, precisa de crédito, de seguro Luiz Pinguelli, a Suzana Khan, a nossa também o material reciclado. O Brasil para seus equipamentos, suas mer- Secretária Nacional de Clima, e outros, não pode perder ‘o vento da história’. cadorias transportadas. Se o setor de mobilizaram as áreas dentro do gover- Somos a terra dos ventos, do sol, da seguros e o bancário incorporam vari- no e nós mostramos ao presidente Lula biomassa. áveis ambientais, climáticas aos seus e à ministra Dilma que os países do padrões, rotinas e critérios, isso signi- Grupo dos 77 não ficariam ofendidos Compromisso da classe fica que os mecanismos da economia se o Brasil ousasse mais, desde que empresarial estão incluindo a prevenção ambiental. não impuséssemos a eles metas ou os O empresariado tem dado mostras Várias empresas tem declarado que criticássemos. A agricultura aumenta a que quer realmente participar. Alguns querem também metas. Mas ainda há produtividade com a recuperação de exemplos: fizemos a moratória da soja uma distância entre a intenção e o ges- áreas degradadas, integração lavoura- com os exportadores de soja na Ama- to. todo mundo faz juras de amor ao pecuária, plantio direto. A siderurgia zônia e eles cumpriram a moratória. A planeta. Então, vamos cobrar para ver ganha produtividade com aço verde. soja deixou de ser fator de desmata- tudo isso realmente acontecer. A gente tudo isso pode ser um a marca bra- mento na Amazônia. também fizemos fez o pacto da soja, o da madeira e o do sileira. O Brasil avançou e apresentou um acordo com os empresários da minério. Agora, só falta o acordo com a essas metas. R E V I S TA D O E M P R E S Á R I O D A A C R J - D E Z E M B R O D E 2 0 0 9 15
  • 16. ConheCiMento Centro do Rio, e provocou muita curio- sidade. Para explicar os impostos e ti- rar dúvidas, um grupo de empresários da ACRJ, liderado pelo presidente da Conaje, Eduardo Machado, e pela pre- sidente do Conselho de Jovens Empre- endedores da ACRJ (Conjove), Vanes- sa Rouvier, passou o dia na estação. O público ficou surpreso com os im- postos embutidos em produtos como a Feirão do gasolina, que custa R$ 2,52 o litro e tem 53,03% (R$ 1,34) do seu valor destinado imposto 2009 a tributos, ou a carne, que sofre taxação de 17,47%. O bancário Roberto Ferreira lembrou que, em países como a Suécia, os impostos também são altos, mas a O presidente da Conaje, Eduardo Machado (à esq) e o conselheiro do Conjove/ACRJ, sua população tem acesso aos serviços Paulo Protásio Filho, (centro), orientam consumidores básicos necessários ao seu desenvol- vimento. “Quando, aqui no Brasil, uma A Constituição estabelece o direito impostos propicia ineficiência econômi- autoridade se internaria em um hospital de todo cidadão de saber quanto paga ca, subornos, corrupção, desemprego público para ter seu filho?”, indagou. de impostos. Afinal, são esses impos- e pobreza. De uma maneira impercep- Outra atração do evento foi o impos- tos, pagos pelos contribuintes, que ge- tível são os cidadãos comuns que sus- tômetro (www.impostometro.org.br), ram recursos para os serviços públicos tentam a nação com mais da metade serviço disponibilizado pela Associação em áreas como educação, saúde, se- dos seus rendimentos. Uma quantia Comercial de São Paulo e pelo Institu- gurança e transportes, e para sustentar exagerada que poderia ser utilizada na to Brasileiro de Planejamento tributário. os gastos do Estado. No entanto, falta fomentação da economia e na geração Em um computador, as pessoas pude- transparência na divulgação dessas in- de emprego”, critica o especialista. ram verificar o total arrecadado em im- formações. A ACRJ, por meio dos seus conse- postos, desde 1º de janeiro deste ano, Segundo dados da Comissão Eco- lhos empresariais, tem promovido vá- nos estados ou municípios brasileiros, e nômica para a América Latina e o Cari- rios eventos, como seminários, pales- descobrir o que poderia ser construído be (Cepal) da ONU, a carga tributária no tras e debates, para discutir a questão com esses valores, como por exemplo, Brasil corresponde a 36% do Produto dos impostos, que sobrecarregam pro- casas populares, escolas ou hospitais. Interno Bruto (PIB) do país e é a maior fissionais e empresas, buscando reunir Segundo a presidente do Conjove, a da América Latina. Com tamanha arre- propostas e soluções que contribuam realização de eventos como o Feirão do cadação, a consequência natural seria para a tão necessária reforma tributária. Imposto é importante para conscientizar a o investimento desses recursos para Com esta perspectiva, no início de população sobre a alta taxa tributária em- garantir serviços públicos de qualidade. outubro, a ACRJ, por meio do seu Con- butida nos produtos e incentivá-la a mu- Mas, não é o que se constata. selho de Jovens Empreendedores, se dar essa situação, cobrando a aplicação O advogado tributarista Condor- uniu à Confederação Nacional de Jo- eficiente dos recursos e a redução dos cet Rezende, presidente do Conselho vens Empresários (Conaje), para realizar tributos. “O cidadão precisa saber que de Assuntos Jurídicos e tributários da a 7ª edição do Feirão do Imposto. Lan- pode ter voz e que algo pode ser feito, ACRJ, alerta que o cidadão comum ain- çado no Rio, o Feirão foi realizado no por meio do voto, por exemplo. A partir do da não sabe que é ele o principal contri- dia seguinte em mais de cem cidades momento que ele tem acesso à informa- buinte de todos os impostos. Esse fato brasileiras, simultaneamente. ção, passa a ter base para tomar uma de- acontece porque o valor dos impostos O Feirão do Imposto, que reuniu cisão. A carga tributária também ocasiona já está embutido nos preços dos su- de produtos alimentícios a aparelhos o desemprego, porque as empresas es- permercados, shoppings, lojas, etc. “O eletrônicos, foi instalado na movimen- tão cada vez mais enxutas para poderem método brasileiro de recolhimento de tada estação do Metrô da Cinelândia, se manter no mercado”, afirmou. 16 R E V I S TA D O E M P R E S Á R I O D A A C R J - D E Z E M B R O D E 2 0 0 9
  • 17. ConheCiMento Conselho de Comércio da aCRJ também discute a carga tributária Mariana Santos O Conselho Empresarial de Co- mente sobre as camadas de menor carga tributária do contribuinte”, criti- mércio de Bens e Serviços da ACRJ, renda do que sobre as classes de cou Luiz Paulo Corrêa. presidido por Aldo de Moura Gonçal- renda mais elevada. tal situação é O nível da carga tributária do Brasil ves, se reuniu no dia 2 de dezembro ainda realçada pelo fato de a regres- é comparável ao de países desenvol- com o deputado estadual (PSDB) e sividade ser mais elevada nas áreas vidos. Enquanto o PIB em 2008 foi de presidente da comissão de tributa- metropolitanas localizadas nas regi- R$ 2,88 trilhões, a arrecadação tributá- ção, Controle da Arrecadação esta- ões mais pobres do país. ria bruta do país foi de R$ 1,034 trilhão. dual e Fiscalização dos tributos esta- O sistema de cobrança de im- A receita do setor público cresceu em duais, Luiz Paulo Corrêa, para discutir postos faz com que o consumo seja uma velocidade maior que a do cres- o peso da carga tributária no Rio de mais tributado do que a renda. Logo, cimento da economia. Enquanto o PIB Janeiro e no país. pessoas com rendimento menor pa- cresceu 5,1% em 2008, a arrecadação Para o deputado, o sistema tri- gam relativamente mais impostos do tributária nos três níveis de governo su- butário opera de maneira regressiva que aqueles com ganhos maiores. biu 8,3%. O sistema tributário brasileiro sobre a população, recaindo, em “A injustiça tributária no Brasil é tris- é composto por 61 tributos federais, termos relativos à renda, mais forte- te. Quanto mais alta a renda, menor a estaduais e municipais. R E V I S TA D O E M P R E S Á R I O D A A C R J - D E Z E M B R O D E 2 0 0 9 17
  • 18. ConheCiMento uma radiografia do Comércio Mariana Santos Ele lembrou que, desde a mudan- com a Pesquisa Mensal de Empre- ça da capital para Brasília em 1960, go – PME/IBGE, o número de jovens o Rio vem passando por um contínuo ocupados formal e informalmente caiu, Mauro Osório, Aldo Gonçalves e Marta Arakaki processo de perda de participação entre março de 2002 e setembro de na economia brasileira. Entre 1970 e 2009, de 356 mil para 322 mil ocupa- Levantamento comparativo das 2006, o PIB da cidade registrou uma dos, o que revela a importância de se dez principais capitais do país (Rio de queda de participação de 62,5% no criar alternativas e perspectivas para os Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, PIB nacional, uma trajetória que deriva jovens da cidade, principalmente para Curitiba, Brasília, Salvador, Fortaleza, da transferência da capital e da carên- os moradores de regiões dominadas Porto Alegre, Recife e Manaus) realiza- cia de estratégias de fomento ao seu pelo tráfico ou por milícias. do pelo Clube de Diretores Lojistas do desenvolvimento econômico-social. Outro dado a destacar é a amplia- Rio de Janeiro (CDL-Rio), apontou que Mauro Osório destacou que o setor ção da presença de pessoas com fai- o crescimento da atividade econômica de comércio varejista é um forte em- xa etária mais elevada. O número de do Rio, nos últimos 10 anos, alcançou pregador de jovens. De acordo com trabalhadores no comércio com 50 12,5%, enquanto os demais estados dados da Rais para 2008, enquanto anos ou mais, com carteira assinada, é mantiveram uma média de 38,6%. para o total de atividades econômicas o que registra o crescimento mais ex- O estudo, batizado de Radiografia existentes na cidade do Rio, apenas pressivo (66,1%) entre todas as faixas do Comércio e abrangendo o período 13,6% encontram-se na faixa de 18 a etárias, de 1998 e 2008. de 1998 a 2008, foi apresentado pelo 24 anos de idade, no comércio varejis- No subtotal de micro empresas, o economista da UFRJ e consultor do ta esse percentual é de 30,1%. “O Rio crescimento no Rio, entre 1998 e 2008, CDL-Rio, Mauro Osório, na reunião do de Janeiro e a região metropolitana vêm é de apenas 4,6%, contra 33,1% na ci- Conselho Empresarial de Comércio de recebendo uma série de investimentos dade de São Paulo e 18,9% de Belo Ho- Bens e Serviços da ACRJ, presidido que podem contribuir, principalmente rizonte. De acordo com Osório, a pouca por Aldo Gonçalves, que contou com com o refinamento de estratégias, para evolução das microatividades formais a participação da presidente do Con- sua dinamização econômica e melhoria no Rio é fruto da falta de dinamismo selho de Micro e Pequenas Empresas nas condições de vida da população econômico em diversas regiões da ci- da entidade, Marta Arakaki. carioca em todas as suas localidades”. dade, como no subúrbio, e de questões A pesquisa, cujo objetivo é dar em- O comércio varejista também tem vinculadas à formalização de empresas basamento a estratégias de fomento ao conquistado expressiva melhoria na em determinadas localidades. desenvolvimento do Comércio no Rio qualificação profissional dos trabalha- de Janeiro, utilizou dados da Relação dores do setor. Em 1998, cerca de Anual de Informações Sociais (Rais), 32,1% deles tinham o ensino médio do Ministério do trabalho e do Em- completo, já em 2007 o percentual prego. Os resultados ficaram aquém subiu para 58,5%. Para Osório, este é do esperado. “Estamos preocupados um dado importante, primeiro pelo atu- com esse crescimento de 12,5%. O al cenário de crise; segundo, pelo fato Rio ficou em último lugar no percentual de que, o Brasil e suas metrópoles, de crescimento da atividade econômi- ao serem comparados com países de ca. Chegou a hora de consolidarmos similar nível de desenvolvimento, apre- um projeto de desenvolvimento para a sentam um problema particular no que cidade em um momento bastante fa- diz respeito ao emprego para jovens; vorável”, disse o economista. e por último porque no Rio, de acordo 18 R E V I S TA D O E M P R E S Á R I O D A A C R J - D E Z E M B R O D E 2 0 0 9
  • 19. ConheCiMento desconsideração da Pessoa Jurídica Cida Belford trimento do consumidor, houver abuso disso, temos presente a necessidade de direito, excesso de poder, infração de avançarmos culturalmente e esse da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos avanço passa justamente pelo respeito estatutos ou contrato social. Já o Có- às regras estabelecidas. É isso o que digo Civil, artigo 50 (Lei 10.406/2002) objetivamos”, frisou. Ministro Marco Aurélio Mello tem como pressupostos básicos para a A falta de fundamentação de juízes aplicação da teoria o desvio de finalida- trabalhistas na aplicação da teoria da de e a confusão patrimonial. desconsideração da pessoa jurídica O presidente do Conselho Empre- também foi criticada. O ministro Marco Para debater a teoria da descon- sarial de Assuntos Jurídicos e tributários Aurélio Mello reafirmou que toda decisão sideração da pessoa jurídica, a ACRJ da ACRJ, Condorcet Rezende, lembrou judicial deve ser bem fundamentada. “A realizou, no início de novembro, o Se- que o Código tributário, em seu artigo fundamentação é necessária. Para trans- minário Desconsideração da Pessoa 135, também fundamenta a aplicação ferir-se a responsabilidade trabalhista do Jurídica, que reuniu magistrados, advo- da desconsideração em caso de fraude. tomador dos serviços para a pessoa do gados, especialistas e empresários. O texto diz que quando existe a culpa sócio, para a pessoa da empresa inte- A desconsideração da pessoa jurí- comprovada dos administradores, a res- grante do grupo econômico, nós temos dica pode ser utilizada por um juiz com ponsabilidade fiscal passa a ser imputa- que ter base legal, temos que ter base o objetivo de penhorar os bens do re- da diretamente a eles, “mas sempre que nos fatos verificados e que se amoldem clamado e assegurar o pagamento de provada a culpa”, ressalva Condorcet. à lei, ao figurino legal”, declarou. dívidas aos credores da organização Na mesma linha, o conselheiro da Na Câmara Federal tramita um pro- devedora. No entanto, esse recurso ACRJ Guilherme Stussi Neves ressal- jeto de lei que visa frear os excessos vem sendo usado sistematicamente tou a importância da comprovação da cometidos na aplicação da desconsi- pelo Judiciário que, em muitos casos, fraude para a aplicação da teoria da deração da pessoa jurídica, mas a juíza criticam os especialistas, não funda- desconsideração. “É de extrema im- trabalhista thereza Christina Nahas não menta de maneira clara a sua decisão. portância a prova da fraude, do desvio vê a necessidade de novos PL’s. “Não Um empresário pode ser gravemen- ou da intenção e não somente julgar o precisamos de uma nova lei. Basta que te prejudicado, quando o mesmo, ain- empresário que não teve sucesso com se cumpram as já existentes”, concluiu. da que tenha deixado a sociedade em seu negócio. A empresa estar insolven- O seminário, mediado pela advoga- um negócio ou seja apenas um acionis- te não significa necessariamente que da e Benemérita da ACRJ Dora Martins ta minoritário de uma organização, tem se deve desconsiderar completamente de Carvalho, foi dividido em cinco pai- sua conta bancária bloqueada por uma a pessoa jurídica”, frisou. néis: Abusos na aplicação indiscrimi- ordem judicial, uma espécie de penho- Um problema observado pelos pa- nada da teoria da desconsideração da ra on line, em função de dívidas adqui- lestrantes, durante o encontro, é o fato pessoa jurídica; Responsabilização por ridas pela empresa da qual foi sócio ou de o Judiciário não observar o direito dívidas trabalhistas; Embargos à execu- é acionista, mesmo sem ter qualquer de ampla defesa do empresário. De ção e exceção de pré-executividade; relação com a dívida. acordo com o Ministro do Supremo Necessidade do devido processo legal O artigo 28 do Código de Defesa tribunal Federal (StF), Marco Aurélio e ampla defesa nos processos admi- do Consumidor (Lei nº 8.078/1990) diz Mello, a atuação do Fisco deve ser fi- nistrativos fiscais e judiciais e Respon- que o juiz pode desconsiderar a pessoa dedigna à Constituição. “Quando nos sabilização de sócios e administradores jurídica da sociedade quando, em de- reunimos para trocar ideias a respeito por dívidas fiscais. R E V I S TA D O E M P R E S Á R I O D A A C R J - D E Z E M B R O D E 2 0 0 9 19