O documento discute o planejamento territorial no Brasil, especificamente a elaboração de planos diretores municipais. Apresenta os desafios em equilibrar abordagens técnicas versus democráticas no processo e as obrigações legais para a maioria dos municípios brasileiros elaborarem seus planos diretores até 2006. Também resume um caso específico de planejamento para um empreendimento imobiliário na região de Mogi das Cruzes.
2. O PLANEJAMENTO E
A GESTÃO
TERRITORIAL NO
BRASIL: ENTRE O
TECNOCRATISMO E
O DIREITO À CIDADE.
Kazuo Nakano
3. Kazuo Nakano
Doutorando em Demografia pelo
Núcleo de Estudos Populacional da
Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp), mestre em Estruturas
Urbanas e Ambientais pela USP e
pós-graduado em Gestão Urbana e
Ambiental pelo Instituto for Housing
and Urban Development (IHS).
Graduado em Arquitetura e
Urbanismo pela USP. Trabalhou no
Ministério das Cidade e no Instituto
Polis. Diretor do Departamento de
Urbanismo da Secretaria Municipal
de Desenvolvimento Urbano de São
Paulo
UMC
4. Cidades Brasileiras: o legado da
urbanização desigual e excludente
Desigualdade Histórica:
Sócio territoriais acumulados durante séculos de
urbanização;
Padrões desiguais do ponto de vista
social, excludente do ponto de vista territorial;
Predatória do ponto de vista ambiental.
UMC
6. Duas cidades dentro de uma.
Lado os Padrões Urbanísticos estabelecidos por leis e
reconhecidos pelo poder público. Tem acesso a
serviços, a equipamentos e a investimentos públicos
periódicos . Vivem nessa parte uma privilegiada
minoria da população. Quando falta dispositivos esta
camada custe-a. Ex. Violência = Vigilância Privada.
Outro lado grande proliferação de assentamentos
com irregularidades ocupadas por
multidões, precariedade urbanística e déficits de
urbanidade = exclusão territorial, carência de
equipamentos comunitários, demandas por
saneamento básico, dificuldades de acesso, falta de
mobilidade, poucos empregos
UMC
7. A construção social e politica dos
instrumentos jurídicos do direito à cidade.
Inicio do ideário da Reforma Urbana =
déc. 60 – 1963 realização do Seminário
de Habitação e Reforma Urbana – Gov.
JANGO
Gov. FIGUEIREDO = Projeto de Lei nº
775/1983 – formuladas a partir das
discussões da dec.60
UMC
8. Emenda Popular apresentada
na Constituinte de 1988
I- Obrigação do Estado em assegurar os direitos urbanos a
todos os cidadãos.
II- Submissão da propriedade à a sua função
social, prevalecendo o interesse publico sobre o individual.
III- Direito à cidade, traduzida na garantia de acesso aos
benefícios da urbanização por parte de toda a população.
IV- Gestão democrática da cidade, pela institucionalização
da participação direta da sociedade nos processos da
gestão urbana
UMC
9. Segundo Marcelo Lopes de Souza:
“politicas públicas redistibutivista e universalista”
articuladas com “maior democratização do
planejamento e da gestão das
cidades”, amadurecem a concepção
progressista da Reforma Urbana.
Mudar a Cidade: uma introdução
crítica ao planejamento e à
gestão Urbana. RJ: Bettrand, 2002
UMC
11. Pós- Constituintes
1988 inicia-se o processo de elaboração das Leis
Orgânicas Municipais (LOM) (Mogi das Cruzes -
05/04/1990)
Plano Diretor adquire = instrumento básico da
política de desenvolvimento e expansão urbana
municipal. (Mogi das Cruzes - 17/11/2006)
Plano diretor é o Instrumento básico de
um processo de planejamento
municipal para a implantação da
política de desenvolvimento
urbano, norteando a ação dos
agentes públicos e privados.
(ABNT, 1991)
UMC
12. 2001 = O estatuto da Cidade (Lei Federal nº 10.257/2001)
Consolidou o Plano Diretor como instrumento que ordena
as formas de cumprimento das funções sociais da cidade e
das propriedades urbanas.
Estatuto das Cidades estabeleceu em seu artigo 50, prazo
até outubro de 2006 para municípios com mais de 20 mil
habitantes e os situados em religiões metropolitanas ou em
aglomerados urbanos.
O Estatuto das Cidades oferece os instrumentos para
enfrentar os processos de exclusão territorial, ampliando as
possibilidades de financiamento de desenvolvimento
urbano e destruição de custos e benefícios da urbanização
com mais equidade.
UMC
13. Estado/Região
Total de
Municípios
Nº de
Municípios
Obrigados
Percentual
Acre 22 5 22,7%
Amazonas 62 28 45,2%
Amapá 16 3 18,8%
Pará 143 85 39,4%
Rondônia 52 17 32,7%
Roraima 15 1 6,7%
Tocantins 139 10 7,2%
Subtotal – Reg. Norte 449 149 33,2%
Alagoas 102 44 43,1%
Bahia 417 164 39,3%
Ceará 184 88 47,8%
Maranhão 217 76 35,0%
Paraíba 223 30 13,5%
Pernambuco 185 97 52,4%
Piauí 223 29 13,0%
Rio Grande do Norte 167 23 13,8%
Sergipe 75 20 26,7%
Subtotal – Reg. Nordeste 1.793 571 31,8%
Distrito Federal 1 1 100,0%
Goiás 246 58 23,6%
Mato Grosso do Sul 78 21 26,9%
Mato Grosso 141 21 14,9%
Subtotal – Reg. Centro Oeste 466 101 21,7%
Espirito Santo 78 32 41,0%
Minas Gerais 853 185 21,7%
Rio de Janeiro 92 59 64,1%
São Paulo 645 250 38,8%
Subtotal – Reg. Sudeste 1.668 526 31,5%
Paraná 399 102 25,6%
Rio Grande do Sul 496 121 24,4%
Santa Catarina 293 113 38,6%
Subtotal Reg. Sul 1.188 336 28,3%
Total Brasil 5.564 1.683 30.2%
Distribuição dos
municípios obrigados
a elaborarem seus
Planos Diretores até
outubro de 2006 por
estado e por região.
Fonte: IBGE e Ministério das
Cidades, 2006.
14. Plano Diretor
Elaboração: Debatidos entre a sociedade
local, mas os instrumentos a serem utilizados
tratam de matérias
tributárias, urbanísticas, politicas e jurídicas que
não são facilmente compreendidas pelos
cidadãos.
Planos Diretores Participativos X Planos Diretores Tecnocráticos
Mogi, 2006
UMC
15.
16.
17.
18.
19.
20.
21.
22. Arujá 51%
Biritiba-Mirim 89%
Caieiras 20%
Cotia 36%
Diadema 22%
Embu 59%
Embu-Guaçu 100%
Ferraz de Vasconcelos 40%
Franco da Rocha 5%
Guarulhos 30%
Itapecerica da Serra 100%
Juquitiba 100%
Mairiporã 80%
Mauá 19%
Mogi das Cruzes 49%
Poá 6%
Ribeirão Pires 100%
Rio Grande da Serra 100%
Salesópolis 98%
Santa Isabel 82%
Santo André 54%
São Bernardo do
Campo
53%
São Lourenço da Serra 100%
São Paulo 36%
Suzano 72%
24. Localização do empreendimento
Pouco mais de
1.000 hectares, denomin
ada Fazenda Rodeio
Urbanização
consolidada, com
sistema viário municipal
Área de reflorestamento
de eucalipto cuja
produção era destinada
a abastecer a indústria
Suzano Papel e Celulose
Atualmente a área está
cadastrada no IPTU
32. O Projeto de Loteamento
Setorização do Projeto:
Setor Cidade
Setor Residencial
Setor Serra
33. Empreendimento planejado para o longo prazo
Horizonte de 20 a 30 anos, pois se trata de um projeto de grande
porte, envolvendo um expressivo aporte de investimentos em infraestrutura e
proteção ambiental.
Previsão de 14 etapas para a implantação total do projeto.
A cada 2 anos implantação de uma nova etapa;
Implantação ocorrerá em 20 a 30 anos, para as 3 tipologias:
residencial, comércio e serviços;
A ocupação total é estimada para ocorrer em 50 anos ou mais, e deverá
espelhar o ritmo de desenvolvimento da cidade.
34.
35. Etapa/Setor Características
Etapa 1 - Cidade Loteamento para usos mistos, de característica verticalizada, incorporando parte da APP do
ribeirão Botujuru.
Etapa 2 - Residencial Loteamento residencial unifamiliar com lotes de áreas médias de , incorporando 5 lotes
(chácaras) inclusas na APA da serra do Itapeti, como também lotes para comércio/serviço locais.
Etapa 3 - Cidade Loteamento para usos mistos, de característica verticalizada, incorporando parte da APP do
ribeirão Botujuru.
Etapa 4 - Residencial Loteamento residencial unifamiliar, com lotes de áreas médias de , incorporando 3 lotes
(chácaras) inclusas na APA da serra de Itapeti, como também lotes para comércio/serviço locais.
Etapa 5 - Cidade Loteamento de usos mistos, de característica verticalizada, incorporando parte da APP do
ribeirão Botujuru.
Etapa 6 - Residencial Loteamento residencial unifamiliar, com lotes com áreas médias de , incorporando 2 lotes
(chácaras) inclusas na APA da serra de Itapeti, como também lotes para comércio/serviço locais.
Etapa 7 - Cidade Loteamento de usos mistos, de característica verticalizada, incorporando parte da APP do
ribeirão Botujuru.
Etapa 8 - Residencial Loteamento residencial unifamiliar, com lotes de áreas médias de , incorporando 12 lotes
(chácaras) inclusos na APA da serra de Itapeti, como também lotes para comércio/serviço locais.
Etapa 9 - Cidade Loteamento de usos mistos, de característica verticalizada, incorporando parte da APP do
ribeirão Botujuru.
Etapa 10 - Residencial Loteamento residencial unifamiliar, com lotes de áreas médias de , como também lotes para
comércio/serviço locais.
Etapa 11 - Cidade Condomínio residencial multifamiliar vertical, incorporando parte da APP do ribeirão Botujuru.
Etapa 12 - Cidade Condomínio residencial multifamiliar horizontal (casas), onde o Coeficiente de Aproveitamento
Máximo (CA) será igual a 1 (e, portanto, não seguirá a regra geral dos índices urbanísticos).
Etapa 13 - Cidade Loteamento de usos mistos, incorporando uma grande área verde, correspondente à várzea
inundável do ribeirão Botujuru e a APA do rio Tietê.
Etapa 14 - Serra Área remanescente destinada à conservação ambiental, onde será instalada uma
pousada/restaurante e as duas áreas institucionais destinadas uma unidade de ensino de cunho
ambiental-conservacionista.
36. Estudos realizados
Meio Físico Meio Biótico Meio Socioeconômico
Clima
Qualidade do ar
Ruídos e Vibração
Geomorfologia
Geologia e Geotecnia
Solos
Hidrogeologia
Águas subterrâneas
Recursos Hídricos
Superficiais
Flora
Fauna
Unidades de
Conservação
Levantamento da
cobertura vegetal
Patrimônio
Arqueológico e
Cultural
Uso e ocupação do
solo
Atividade econômica
Organização da
Sociedade Civil
Legislação Municipal
Finanças públicas
38. Áreas Verdes
Principais compromissos
Criação de RPPN – Reserva Particular do
Patrimônio Natural na Serra do Itapeti
(3,7 milhões m²)
Conservação e recuperação das Áreas de
Preservação Permanente – APPs
Proteção da APA da Várzea do Tiete
Parque Estadual Várzeas do Tietê
Criação do Parque Linear do Ribeirão
Botujuru
(1,9 milhão m²)
TOTAL PRESERVADO: mais de 5,6