O documento é uma coleção de poemas e histórias infantis. Contém um poema sobre um pai pedindo para seu filho levá-lo a passear em seu mundo imaginário e histórias como Rapunzel, o lobo e os sete cabritinhos e o pequeno polegar, contadas por crianças. Também discute como as crianças recontam e reinterpretam essas histórias de acordo com sua compreensão.
2. Filho Meu - Toquinho Vem, filho meu,Me leva nessa estradaDe anões, dragões e fadasQue habitam teu quintal. Vem, filho meu,Papai está tão sozinho,Me ensina teu caminho em que o bemVence eternamente o mal. Me dá a tua mão,Me leva passear.No teu mundo encantadoO bicho papão não vai pegar. Vem, filho meu,Vem me fazer contente.Que a vida raramenteConvida a gente pra brincar.
7. As figuras são a ferocidade encarnada ou a benevolência altruísta. Cada figura é essencialmente unidimensional. Totalmente devorador ou totalmente prestativo. Ordenar sentimentos – a vida interna. Dar um sentido. Criar símbolos.
8. Personagens essenciais no desenvolvimento psíquico da criança Ler não é o mesmo que ouvir de alguém a história. Enquanto lê sozinha a criança pensa que só algum estranho – a pessoa que escreveu a história ou arranjou o livro – aprova a retaliação do gigante e sua frustração. Adultos ou gigantes ameaçadores. Mães – Madrastas ou bruxas. Galanteadores vorazes ou lobos. Representação simbólica que a criança utiliza para lidar com a realidade.
9. Fata – Fatum – Fato – Fada(deusa do destino) IDferas, bruxas e lobos, gigantes malvados e dragões: a nossa natureza animal - energia natural. SUPEREGOanimais sábios e prestativos, fadas, pássaros brancos...
10. QUATRO FASES A travessia que leva o herói ou heroína a um lugar diferente, cheio de magia e fantasia. O encontro com a presença diabólica, que pode ser uma bruxa, uma madrasta má ou alguma outra figura com características malévolas. A conquista, no qual o herói ou heroína irá participar de uma luta de vida ou morte com a figura malévola do conto, que resultará na morte desta última. A celebração, onde haverá um casamento ou uma reunião de família em que estarão comemorando a morte da figura malévola e todos então, poderão viver felizes para sempre.
11. Histórias irreais não são falsas. Os contos concentram-se nos processos de mudanças mais do que na felicidade conseguida no final. Caminhos espinhosos são modificados ao caminhar... Apontam um futuro melhor.
12. RELEITURA Shrek (2001) é uma anárquica releitura dos contos de fada, onde um ogro brutamontes (com coração de ouro) junta-se a um jumento falante para entregar uma princesa emancipada a um príncipe pequeno.
13. RELEITURAS “À esquerda uma foto que eu bati da janela do carro, na Serra da Graciosa no Paraná, (set. 2009), as belas flores em velocidade me fizeram lembrar de Monet e Paul Klee...”. Bela Viagem!
14. ILUMINISMO Registra as tonalidades que os objetos adquirem ao refletir a luz solar num determinado momento. As figuras não tem contornos nítidos, pois a linha é uma abstração do ser humano para representar imagens. As sombras podem ser luminosas e coloridas, tal como é a impressão visual que nos causam, e não escuras ou pretas. As cores e tonalidades – é o observador que, ao admirar a pintura, combina as várias cores, obtendo o resultado final. A mistura deixa de ser técnica para se ótica.
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16. Rapunzel Na retextualização, a criança adapta a linguagem de acordo com a sua compreensão. Uma menina (5 anos) reconta da seguinte maneira: “...aí quando o príncipe chegou, ficôtisti e furô o olho com um pauzinho...”. Na história, a bruxa empurrou o príncipe do alto da torre sobre os espinhos que o cegaram. Esses foram “vistos” como pauzinhos que furam.
17. A história deve ser nova a ela de forma que deixe fluir sua imaginação, curiosidade e inquietação, seus saberes e criatividade para que possamos juntos re-olhar a cena a partir de seu foco. Contar histórias sem recursos materiais, observar o que a criança sente, relaciona, re-cria.
18. O Peru de Peruca - Sonia Junqueira Na representação... Uma menina de quase seis anos desenhou uma careta acima da cabeça do peru de peruca. Quando questionada disse ser “a cara da fera”.
19. O Reizinho Mandão, de Ruth Rocha O destaque... Era uma vez um sapo cheio de bolinhas. E aí o rei diz: ‘cala a boca’. E a menina falou: ‘cala a boca”. E ele, o rei, parou de falar. Por uma menina de 4 anos
20. O Reizinho Mandão (releitura de um menino tímido de 8 anos) O rei morreu e o filho colocou as regras. E todo mundo esqueceu como se falava. O rei ficou até feliz. E ficou enjoado de tanto silêncio. Foi procurar em outro país alguém para ajudar ele. Encontrou um velhinho. O velho colocou o dedo no nariz e falou como desfazer a maldição. E ele foi procurar no reino. Portas e janelas fechadas. Uma porta foi abrindo devagarinho, devagarinho, e a velha com cara desconfiada virou o rosto. O rei mal-educado achou uma menina lá no fundo da casa. Ficou perturbando a menina, que disse: “cala a boca seu pai já morreu, quem manda na minha boca sou eu”. Ele saiu do reino e foi transformado em sapo e só o beijo de uma princesa poderia desencantá-lo e deu seu reino p’ro primo.
21. O Reizinho Mandão(menino de 10 anos) Produziu inquietações no mediador, pelas respostas diferentes da esperada. Por que a criança preferiu desenhar ao invés de recontar? As menores ao contrário colocam-se mais à vontade no reconto.
22. O lobo e os sete cabritinhos(menino de 3 anos) “O lobo mau pintou a mão com tinta e soprou a casa dos filhotes. E o filhotes correram, mas, o lobo bebeu água e morreu. E acabou a história”. A criança introduziu o sopro do lobo. Perguntou o que eram cabritinhos e optou por “filhotes”. Quis saber porque a mãe cabra abriu a barriga do lobo e se havia sangue dentro do lobo nesse momento. As acadêmicas preocuparam-se em compreender por que algumas situações são mais significativas. A imaginação daquele que ouve história possibilita a interlocução entre contador e ouvinte. “Sentimos calor humano que o contar proporciona”.
23. O pequeno polegar (menina de 5 anos) A mãe deles estavam muito triste, porque eles tinham sete filhos, porque eles eram muito pobres. O pequeno polegar estava escondido, daí o pai resolveu deixar as crianças na floresta, daí o pequeno polegar ouviu tudo. Daí ele pegou os pãezinhos, daí eles voltaram para casa deles, mas, os passarinhos comeram tudinho. À noite, viram o castelo muito grande. A mulher falou, aqui é o castelo do gigante, pode entrar, tem lugar p'ra todos vocês! Vou esconder vocês debaixo da minha cama.
24. Daí a mulher disse pro gigante: vamos comer o nosso almoço, essas crianças são muito "fininhas" e não dá p'ra comer. Daí ele colocou a coroa na filha dele e célebro nas crianças. Daí as crianças escaparam. Ele ficou escorado no pé de uma árvore. As crianças pegaram a bota mágica, ela foi aumentando e eles fugiram. Daí, o pequeno polegar virou carteiro. Daí, ele deu p'ra todo mundo da cidade.
25. A Lenda da Mandioca (menino de 8 anos) Disse que não recontaria porque tudo o que falasse poderia ser usado contra a sua pessoa. Para descontrai-lo, o mediador conversava sobre uma criança comprando pão para sua mãe em lugar próximo da casa dela. O menino interveio dizendo tratar-se de uma “improbidade administrativa”. O mediador ficou mais boquiaberto. A competência do falante desvela o locus de onde vem. Quais são suas palavras-mundo? Aceitou desenhar...
26. Em seu desenho e escrita, demonstrou-se surpreso ao perceber que a palavra “oca” estivesse “dentro” da palavra “mandioca”.
27. Reconto – Releitura – ReescritaRe-Olhares - Mediações Existe uma significativa relação entre o que o educando é capaz de elaborar e sua história de vida, na fase do desenvolvimento em que se situa. Correlativamente, novas aprendizagens mantêm estreita ligação com os conhecimentos prévios do aluno. O educador, enquanto mediador do conhecimento, traz ao contexto da relação pedagógica compreensões e elaborações próprias daqueles conhecimentos.