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Mulher samaritana – com 5 maridos e o que
ela tinha agora não era seu, O casamento e
suas fases. Onde foi que você perdeu seu
marido.
O valor do casamento não está no fato de adultos produzirem crianças, mas de crianças produzirem adultos. Peter
de Vries
Você já deve ter observado um adolescente jogar videogame. Na maioria dos joguinhos, os “atletas” humanos
precisam passar de fase em fase para avançar no jogo. Cada fase tem um cenário, tem suas dificuldades próprias, e
cada dificuldade vencida dá pontos de crédito – maior a dificuldade, maior a pontuação – até que, finalmente,
quando são bons no que fazem e chegam à última fase, vencem o jogo!
Se você já notou, a garotada que começa a jogar não vence “de cara”, facilmente. Eles ficam uns dias na primeira ou
nas primeiras fases. Perdem e repetem; perdem e repetem por horas. Aí vem um amiguinho deles e dá alguma dica,
algum macete, e eles conseguem passar pela dificuldade de cada fase.
À medida que os garotos ficam bons, outros amiguinhos passam a procurá-los para obter informações sobre boas
jogadas que os façam passar de fase. Com o tempo, eles também já podem dar suas dicas. Logo essa relação
transforma-se em “uma rede social” na sua casa – quem tem filhos adolescentes sabe bem como é isso, salvo se o
seu filho joga online. Aí é outro papo − um está em São Paulo, outro em Nova Iorque e outro ainda em Pequim. Pois
é, as fases dos joguinhos “caseiros” também já está ficando para trás, não é mesmo?
O que quero dizer é que o casamento não se parece com um jogo de videogame, no qual ou você vence ou você
perde. O casamento é uma história de amor com muitas fases que devem ser superadas conjuntamente. Cada fase
tem a sua situação e as dificuldades próprias. Enquanto atravessa essas fases, cada um de nós também precisa da
ajuda de gente mais madura, que nos dá dicas para avançarmos até às fases seguintes. E com o tempo, teremos
uma rede de casais amigos que se relacionam em companheirismo para se fortalecerem, alimentarem e
encorajarem uns aos outros.
Neste capítulo, quero tratar especificamente de algumas dessas fases mais comuns encontradas na história de um
casal.
Primeira fase: A fase do encantamento.
Gosto dessa fase. E eu a acho, de certo modo, uma fase “engraçada”. Às vezes, viajo para Gramado, na serra
gaúcha, onde muitos jovens casais passam a lua de mel. Lá é comum encontrarmos casais na fase do
encantamento.
Estive em Paris com a minha esposa para comemorarmos as nossas bodas de prata, os nossos 25 anos de
casamento. E, uma vez na França, fomos até os Alpes franceses. Lá eu também observei os casais em lua de mel.
Vou dizer por que a fase do encantamento é interessante. Nessa fase, cada parte do casal não vê a outra parte
como realmente é. O maridinho não vê a esposinha como ela é e a esposinha não vê o maridinho como ele é. Cada
um vê a projeção que fez; cada um vê no outro aquilo que imaginou para si. Olham um para o outro, mas não veem
o que são: veem o que querem ver. Só isso.
Na fase do encantamento tudo é – obviamente – “encantado”. É um conto de fadas. Nessa fase, por exemplo, ela
não ouve (ou vê) o ronco dele como estorvo, incômodo. O ronco soa como uma “sinfonia angelical”. Nessa fase, as
esposinhas encantadas seriam capazes de pedir que eles repetissem o ronco:
– Ronca, meu fofinho.
E ele roncaria… Não é assim?
É nessa fase que a inspiração para a poesia vem até mesmo quando ela baba durante o sono. E os maridinhos
encantados diriam:
– Baba, minha babadinha, porque “até babada você é uma gracinha”.
Não é assim?
Essa é uma fase maravilhosa. É uma fase quando não vemos os defeitos da pessoa amada. Ou se você não quiser
chamar de “defeitos”, podemos chamar de “imperfeições”.
Ele é o seu príncipe, ela é sua princesa. É uma fase fantástica, fase pela qual a maioria dos casais passam sem
maiores problemas.
Segunda fase: A fase do desencantamento.
A segunda fase eu a chamo de fase do desencantamento.
Agora os dois estão em outra situação. Caíram na real e começaram a entender que não existe casamento sem
papel higiênico. O que era cheirosinho também tem seus períodos de “fedidinho” – ou “fedidinha”. O pezinho
delicado também pode ter um chulezinho.
Não existe casamento sem determinadas inconveniências. A permanência no mesmo ambiente forçosamente revela
cada um de nós nas mais diversas situações. A tensão pré-menstrual e as irritações dela, os acessos de raiva e a
impaciência dele. Essa é a fase quando o príncipe azul desbota e a princesinha cheirosa perde o seu buquê. É a
fase do desencantamento: sai o encanto e entra em cena a verdade “nua e crua”, como costumamos dizer.
Terceira fase: A fase do crescei e multiplicai-vos.
Avançamos e chegamos à terceira fase, que já é bem mais complexa, embora não impossível de superar. Essa fase
é interessante porque inaugura ou estabelece a maternidade e a paternidade na vida do casal.
E essa é uma fase delicada.
Se o casal não for sensível e não tiver discernimento e maturidade para administrar as implicações da nova situação
de maternidade e paternidade, pode haver rompimento.
A chegada de uma nova vida na relação de vocês exige que os laços originais estejam bem ajustados. Digo isto
porque vemos casais que sofrem com a chegada de um filho ou uma filha. A nova situação modifica radicalmente as
situações iniciais. A primeira fase já passou e a segunda é transformada pelo novo cenário que surge com a
chegada de um ou mais filhos.
Há uma dica, porém, um macete que ajuda o casal a enfrentar essa nova fase e sair vitorioso: o diálogo e o
planejamento. Querem ter filhos? Desejam crescer e multiplicar-se? Tudo isso é bom e orientado pelo próprio
Senhor. Está na Bíblia. Conversem, porém, e planejem.
E mais: antecipem-se aos problemas. Visualizem o horizonte antes de chegarem a ele. Combinem, conversem,
simulem situações e entrem em acordo sobre como enfrentar e sair delas. Não deixem para resolver os conflitos no
calor do problema.
Tenho um amigo, pastor, que permaneceu casado por dez anos antes de ter o primeiro filho. É um bom tempo dez
anos! Um belo dia, a esposa veio com a conversa de que precisavam “passar de fase”; ela queria um filho. Eles,
então, passaram a conversar constantemente. Cada um falava o que imaginava, o que pensava.
Ela engravidou, e eles continuaram a conversar, combinar, fazer acordos, antes que o filho e alguns inconvenientes
surgissem. Eles falaram sobre coisas como:
– quando quisermos ir ao cinema, vamos deixar o bebê com quem? Combinaram que não dependeriam da família
para essas coisas;
– quando um estiver disciplinando o filho, o que o outro fará? Ficará quieto para não tirar a autoridade de quem
estiver disciplinando o filho;
– quando houver um possível conflito entre os três, que posição irão tomar? O casal é o laço original da família; os
filhos se casam e vão embora. Portanto, num conflito que envolva a todos, o filho será orientado e amado, mas
prevalecerá a posição do casal: o casal ficará unido e o novo membro deverá ajustar-se enquanto estiver debaixo do
mesmo teto.
Esses são alguns exemplos de coisas que foram “costuradas” e combinadas nas conversas que tiveram enquanto
esperavam a chegada do bebê. O garoto nasceu (hoje já está com sete anos de idade) e o casal pode contar vitória
sobre essa fase. Praticamente, em 99% dos casos de conflitos que envolveram o filho, sua educação, disciplina e
tudo o mais, os acordos sobre como resolver as questões já tinham sido feitos com antecedência, com o clima e o
sangue frios. Eles venceram a batalha antes mesmo que ela aparecesse no horizonte.
Este é um bom modo de antecipar-se aos problemas da terceira fase e superá-los sem combates e sem derrotado e
vencedor.
Terceira fase, parte “B”: A fase de aprender a ser pai e a ser mãe.
Existe, digamos, “outra fase” dentro da fase da preparação para a maternidade e a paternidade. Falo de aprender a
ser mãe e aprender a ser pai.
Há uma estreita relação entre a teoria e a prática, em quase tudo. E não seria diferente na questão de ter filhos.
Toda mãe é a maior mãe do mundo até nascer o seu primeiro filho.
Costumo observar as futuras mães; observo como as mulheres que não têm filhos falam daquelas que os têm. Veja
se você já notou uma situação como essa. As mães que não têm filhos, quando veem como as mães de fato lidam
com as situações que surgem, dizem:
– Ah, se fosse meu… Ah, se fosse eu ali…
Passa o tempo, e aquelas que falaram têm o seu próprio filho. O que acontece? Muitas delas não sabem o que
fazer! Isso quando não fazem pior do que a mãe que foi criticada.
O mesmo parece acontecer com os futuros pais. Todo pai é o maior e melhor pai do mundo até nascer o seu
primeiro filho. E não preciso dizer o que acontece daqui para frente, pois o mesmo que acontece às mães, acontece
aos pais.
Terceira fase, parte “C”: A fase do conflito de gerações.
Depois de decidirem ter filhos, a vida do casal muda. Você já deve ter notado isso ou ouvido comentários a respeito.
Até o meu texto mudou depois que toquei no tema “filhos”.
O conflito de gerações é real. Penso na geração do meu pai, naquele conjunto de informações de que ele dispunha,
naquele conjunto de certezas que ele nutria e como esses conjuntos que habitavam a consciência dele foram
usados na minha educação.
Meu pai me levava para a olaria de carroça. A carroça era puxada por um burro. As rodas não tinham pneus de
borracha, eram de ferro e esse ferro entrava em contato direto com o chão.
Imagine que coisa horrorosa. Creio que muitos hoje não sabem sequer o que é uma olaria. Alguns de nossos filhos
pequenos talvez jamais tenham visto uma carroça.
Vamos em frente. Para calçar nossos pés, meu pai comprava Kichute. Sabe o que é um par de Kichute? Se não
sabe, pergunte ao seu marido; ele deve saber. Algumas famílias tinham por hábito calçar seus filhos com Conga,
outras com Bamba “cabeção”.
Aparelho telefônico? Era quase impossível ter um. No tempo do meu pai, eram raras as famílias que tinham telefone.
Tempos atrás, era preciso comprar uma linha, que era caríssima. Era um investimento quase equivalente a comprar
um automóvel. Depois era preciso esperar a disponibilidade de uma linha e, em seguida, a instalação. Era muito
diferente.
Na minha época, já melhorou um pouco.
Hoje você liga para a companhia telefônica da sua região, faz o pedido e na mesma semana já fala ao telefone em
casa, pagando uma taxa mensal baixa e mais a conta daquilo que usar.
Hoje vejo meu filho Pedro, por exemplo, que nunca andou de carroça puxada por um burro. Ele nunca calçou um
Kichute, um Conga − hoje usa-se Nike, Puma.
Na minha infância, eu fazia os carrinhos para brincar. Eu e muita gente. Fazíamos carrinhos de madeira, fazíamos
carrinho de rolimã e andávamos na rua com eles. Íamos ao mato e cortávamos o bambu, descascávamos e
fazíamos as varetas. Depois fazíamos as pipas para empinar − em algumas regiões do Brasil, elas são chamadas de
“barrilete”, “quadrado” ou “papagaio”.
Hoje não. Os meus filhos não querem nem jogar dominó comigo porque “é coisa de velho” – dizem eles. O negócio
hoje é digital. É Playstation, é X-box e tantos outros jogos na internet.
Às vezes, observo os meninos enquanto brincam e não sei nem como é que funciona aquilo. E o pior é que nós
queremos lidar com os nossos filhos pensando como pensávamos há 40 anos atrás. E dizemos:
– No meu tempo, era diferente. Vocês têm que ser como eu.
Esse tempo ou essa fase já passou, assim como o nosso tempo em relação ao dos nossos pais. Quer falar a mesma
língua de seus filhos? Então há uma alternativa: aprenda a lidar com as novas tecnologias digitais. Do contrário,
você não saberá lidar com seus filhos, e que dirá com seus netos.
O conflito de gerações é um subproduto da fase da maternidade e da paternidade. Estou falando da rotina típica de
um garotão que está na pré-adolescência. Depois há o desafio chamado adolescência. A fase da adolescência
costuma ser tão difícil para o adolescente quanto para os pais do adolescente. É uma fase dificílima. Depois vem a
fase gostosa, a da “missão cumprida”, quando o pai vai à formatura do filho e diz algo mais ou menos assim:
– Aleluia! Venci! Meu filho virou homem e está pronto para vencer na vida.
E ainda não acabou, pois os filhos são para sempre. Aí chega a fase dos questionamentos e redefinições. Essa fase
também é conhecida como “a síndrome do ninho vazio”. Os pais que se concentraram e se dedicaram tanto aos
filhos, durante anos a fio, agora os veem se casarem e irem embora. O casal volta para casa, senta-se para tomar
um chá e um pergunta para o outro:
– Quem é você?
Ela havia perdido ele de vista em função dos filhos. Ele havia perdido ela de vista em função dos filhos. Então vem a
fase dos questionamentos e das redefinições. Essa fase não é de todo ruim, pois é seguida por outra fase muito
agradável, que é a fase da reintegração. Agora eles se redescobrem e compreendem que podem viver a vida tão
sonhada. Os filhos casaram e eles podem ir pescar ou fazer a viagem dos sonhos em paz, sem aquela
preocupação:
– Com quem meu filho está agora? Com quem o meu filho saiu? Será que há alguém em casa? Será que estão
cuidando bem dele?
Vocês descobrirão que esta fase deve ser vivida com intensidade um para o outro. Eu espero chegar lá, em nome
de Jesus.
Quando você vê a história por essa perspectiva, deve imaginar que vale a pena construir juntos uma história digna
de ser contada. É preciso chegar lá e chegar bem. Seus filhos e netos falarão e contarão com a boca cheia a história
de vocês. Vale a pena!

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As fases do casamento e como superá-las

  • 1. Mulher samaritana – com 5 maridos e o que ela tinha agora não era seu, O casamento e suas fases. Onde foi que você perdeu seu marido. O valor do casamento não está no fato de adultos produzirem crianças, mas de crianças produzirem adultos. Peter de Vries Você já deve ter observado um adolescente jogar videogame. Na maioria dos joguinhos, os “atletas” humanos precisam passar de fase em fase para avançar no jogo. Cada fase tem um cenário, tem suas dificuldades próprias, e cada dificuldade vencida dá pontos de crédito – maior a dificuldade, maior a pontuação – até que, finalmente, quando são bons no que fazem e chegam à última fase, vencem o jogo! Se você já notou, a garotada que começa a jogar não vence “de cara”, facilmente. Eles ficam uns dias na primeira ou nas primeiras fases. Perdem e repetem; perdem e repetem por horas. Aí vem um amiguinho deles e dá alguma dica, algum macete, e eles conseguem passar pela dificuldade de cada fase. À medida que os garotos ficam bons, outros amiguinhos passam a procurá-los para obter informações sobre boas jogadas que os façam passar de fase. Com o tempo, eles também já podem dar suas dicas. Logo essa relação transforma-se em “uma rede social” na sua casa – quem tem filhos adolescentes sabe bem como é isso, salvo se o seu filho joga online. Aí é outro papo − um está em São Paulo, outro em Nova Iorque e outro ainda em Pequim. Pois é, as fases dos joguinhos “caseiros” também já está ficando para trás, não é mesmo? O que quero dizer é que o casamento não se parece com um jogo de videogame, no qual ou você vence ou você perde. O casamento é uma história de amor com muitas fases que devem ser superadas conjuntamente. Cada fase tem a sua situação e as dificuldades próprias. Enquanto atravessa essas fases, cada um de nós também precisa da ajuda de gente mais madura, que nos dá dicas para avançarmos até às fases seguintes. E com o tempo, teremos uma rede de casais amigos que se relacionam em companheirismo para se fortalecerem, alimentarem e encorajarem uns aos outros. Neste capítulo, quero tratar especificamente de algumas dessas fases mais comuns encontradas na história de um casal. Primeira fase: A fase do encantamento. Gosto dessa fase. E eu a acho, de certo modo, uma fase “engraçada”. Às vezes, viajo para Gramado, na serra gaúcha, onde muitos jovens casais passam a lua de mel. Lá é comum encontrarmos casais na fase do encantamento. Estive em Paris com a minha esposa para comemorarmos as nossas bodas de prata, os nossos 25 anos de casamento. E, uma vez na França, fomos até os Alpes franceses. Lá eu também observei os casais em lua de mel. Vou dizer por que a fase do encantamento é interessante. Nessa fase, cada parte do casal não vê a outra parte como realmente é. O maridinho não vê a esposinha como ela é e a esposinha não vê o maridinho como ele é. Cada um vê a projeção que fez; cada um vê no outro aquilo que imaginou para si. Olham um para o outro, mas não veem o que são: veem o que querem ver. Só isso. Na fase do encantamento tudo é – obviamente – “encantado”. É um conto de fadas. Nessa fase, por exemplo, ela não ouve (ou vê) o ronco dele como estorvo, incômodo. O ronco soa como uma “sinfonia angelical”. Nessa fase, as esposinhas encantadas seriam capazes de pedir que eles repetissem o ronco: – Ronca, meu fofinho. E ele roncaria… Não é assim? É nessa fase que a inspiração para a poesia vem até mesmo quando ela baba durante o sono. E os maridinhos encantados diriam:
  • 2. – Baba, minha babadinha, porque “até babada você é uma gracinha”. Não é assim? Essa é uma fase maravilhosa. É uma fase quando não vemos os defeitos da pessoa amada. Ou se você não quiser chamar de “defeitos”, podemos chamar de “imperfeições”. Ele é o seu príncipe, ela é sua princesa. É uma fase fantástica, fase pela qual a maioria dos casais passam sem maiores problemas. Segunda fase: A fase do desencantamento. A segunda fase eu a chamo de fase do desencantamento. Agora os dois estão em outra situação. Caíram na real e começaram a entender que não existe casamento sem papel higiênico. O que era cheirosinho também tem seus períodos de “fedidinho” – ou “fedidinha”. O pezinho delicado também pode ter um chulezinho. Não existe casamento sem determinadas inconveniências. A permanência no mesmo ambiente forçosamente revela cada um de nós nas mais diversas situações. A tensão pré-menstrual e as irritações dela, os acessos de raiva e a impaciência dele. Essa é a fase quando o príncipe azul desbota e a princesinha cheirosa perde o seu buquê. É a fase do desencantamento: sai o encanto e entra em cena a verdade “nua e crua”, como costumamos dizer. Terceira fase: A fase do crescei e multiplicai-vos. Avançamos e chegamos à terceira fase, que já é bem mais complexa, embora não impossível de superar. Essa fase é interessante porque inaugura ou estabelece a maternidade e a paternidade na vida do casal. E essa é uma fase delicada. Se o casal não for sensível e não tiver discernimento e maturidade para administrar as implicações da nova situação de maternidade e paternidade, pode haver rompimento. A chegada de uma nova vida na relação de vocês exige que os laços originais estejam bem ajustados. Digo isto porque vemos casais que sofrem com a chegada de um filho ou uma filha. A nova situação modifica radicalmente as situações iniciais. A primeira fase já passou e a segunda é transformada pelo novo cenário que surge com a chegada de um ou mais filhos. Há uma dica, porém, um macete que ajuda o casal a enfrentar essa nova fase e sair vitorioso: o diálogo e o planejamento. Querem ter filhos? Desejam crescer e multiplicar-se? Tudo isso é bom e orientado pelo próprio Senhor. Está na Bíblia. Conversem, porém, e planejem. E mais: antecipem-se aos problemas. Visualizem o horizonte antes de chegarem a ele. Combinem, conversem, simulem situações e entrem em acordo sobre como enfrentar e sair delas. Não deixem para resolver os conflitos no calor do problema. Tenho um amigo, pastor, que permaneceu casado por dez anos antes de ter o primeiro filho. É um bom tempo dez anos! Um belo dia, a esposa veio com a conversa de que precisavam “passar de fase”; ela queria um filho. Eles, então, passaram a conversar constantemente. Cada um falava o que imaginava, o que pensava. Ela engravidou, e eles continuaram a conversar, combinar, fazer acordos, antes que o filho e alguns inconvenientes surgissem. Eles falaram sobre coisas como: – quando quisermos ir ao cinema, vamos deixar o bebê com quem? Combinaram que não dependeriam da família para essas coisas; – quando um estiver disciplinando o filho, o que o outro fará? Ficará quieto para não tirar a autoridade de quem estiver disciplinando o filho; – quando houver um possível conflito entre os três, que posição irão tomar? O casal é o laço original da família; os filhos se casam e vão embora. Portanto, num conflito que envolva a todos, o filho será orientado e amado, mas prevalecerá a posição do casal: o casal ficará unido e o novo membro deverá ajustar-se enquanto estiver debaixo do mesmo teto.
  • 3. Esses são alguns exemplos de coisas que foram “costuradas” e combinadas nas conversas que tiveram enquanto esperavam a chegada do bebê. O garoto nasceu (hoje já está com sete anos de idade) e o casal pode contar vitória sobre essa fase. Praticamente, em 99% dos casos de conflitos que envolveram o filho, sua educação, disciplina e tudo o mais, os acordos sobre como resolver as questões já tinham sido feitos com antecedência, com o clima e o sangue frios. Eles venceram a batalha antes mesmo que ela aparecesse no horizonte. Este é um bom modo de antecipar-se aos problemas da terceira fase e superá-los sem combates e sem derrotado e vencedor. Terceira fase, parte “B”: A fase de aprender a ser pai e a ser mãe. Existe, digamos, “outra fase” dentro da fase da preparação para a maternidade e a paternidade. Falo de aprender a ser mãe e aprender a ser pai. Há uma estreita relação entre a teoria e a prática, em quase tudo. E não seria diferente na questão de ter filhos. Toda mãe é a maior mãe do mundo até nascer o seu primeiro filho. Costumo observar as futuras mães; observo como as mulheres que não têm filhos falam daquelas que os têm. Veja se você já notou uma situação como essa. As mães que não têm filhos, quando veem como as mães de fato lidam com as situações que surgem, dizem: – Ah, se fosse meu… Ah, se fosse eu ali… Passa o tempo, e aquelas que falaram têm o seu próprio filho. O que acontece? Muitas delas não sabem o que fazer! Isso quando não fazem pior do que a mãe que foi criticada. O mesmo parece acontecer com os futuros pais. Todo pai é o maior e melhor pai do mundo até nascer o seu primeiro filho. E não preciso dizer o que acontece daqui para frente, pois o mesmo que acontece às mães, acontece aos pais. Terceira fase, parte “C”: A fase do conflito de gerações. Depois de decidirem ter filhos, a vida do casal muda. Você já deve ter notado isso ou ouvido comentários a respeito. Até o meu texto mudou depois que toquei no tema “filhos”. O conflito de gerações é real. Penso na geração do meu pai, naquele conjunto de informações de que ele dispunha, naquele conjunto de certezas que ele nutria e como esses conjuntos que habitavam a consciência dele foram usados na minha educação. Meu pai me levava para a olaria de carroça. A carroça era puxada por um burro. As rodas não tinham pneus de borracha, eram de ferro e esse ferro entrava em contato direto com o chão. Imagine que coisa horrorosa. Creio que muitos hoje não sabem sequer o que é uma olaria. Alguns de nossos filhos pequenos talvez jamais tenham visto uma carroça. Vamos em frente. Para calçar nossos pés, meu pai comprava Kichute. Sabe o que é um par de Kichute? Se não sabe, pergunte ao seu marido; ele deve saber. Algumas famílias tinham por hábito calçar seus filhos com Conga, outras com Bamba “cabeção”. Aparelho telefônico? Era quase impossível ter um. No tempo do meu pai, eram raras as famílias que tinham telefone. Tempos atrás, era preciso comprar uma linha, que era caríssima. Era um investimento quase equivalente a comprar um automóvel. Depois era preciso esperar a disponibilidade de uma linha e, em seguida, a instalação. Era muito diferente. Na minha época, já melhorou um pouco. Hoje você liga para a companhia telefônica da sua região, faz o pedido e na mesma semana já fala ao telefone em casa, pagando uma taxa mensal baixa e mais a conta daquilo que usar. Hoje vejo meu filho Pedro, por exemplo, que nunca andou de carroça puxada por um burro. Ele nunca calçou um Kichute, um Conga − hoje usa-se Nike, Puma.
  • 4. Na minha infância, eu fazia os carrinhos para brincar. Eu e muita gente. Fazíamos carrinhos de madeira, fazíamos carrinho de rolimã e andávamos na rua com eles. Íamos ao mato e cortávamos o bambu, descascávamos e fazíamos as varetas. Depois fazíamos as pipas para empinar − em algumas regiões do Brasil, elas são chamadas de “barrilete”, “quadrado” ou “papagaio”. Hoje não. Os meus filhos não querem nem jogar dominó comigo porque “é coisa de velho” – dizem eles. O negócio hoje é digital. É Playstation, é X-box e tantos outros jogos na internet. Às vezes, observo os meninos enquanto brincam e não sei nem como é que funciona aquilo. E o pior é que nós queremos lidar com os nossos filhos pensando como pensávamos há 40 anos atrás. E dizemos: – No meu tempo, era diferente. Vocês têm que ser como eu. Esse tempo ou essa fase já passou, assim como o nosso tempo em relação ao dos nossos pais. Quer falar a mesma língua de seus filhos? Então há uma alternativa: aprenda a lidar com as novas tecnologias digitais. Do contrário, você não saberá lidar com seus filhos, e que dirá com seus netos. O conflito de gerações é um subproduto da fase da maternidade e da paternidade. Estou falando da rotina típica de um garotão que está na pré-adolescência. Depois há o desafio chamado adolescência. A fase da adolescência costuma ser tão difícil para o adolescente quanto para os pais do adolescente. É uma fase dificílima. Depois vem a fase gostosa, a da “missão cumprida”, quando o pai vai à formatura do filho e diz algo mais ou menos assim: – Aleluia! Venci! Meu filho virou homem e está pronto para vencer na vida. E ainda não acabou, pois os filhos são para sempre. Aí chega a fase dos questionamentos e redefinições. Essa fase também é conhecida como “a síndrome do ninho vazio”. Os pais que se concentraram e se dedicaram tanto aos filhos, durante anos a fio, agora os veem se casarem e irem embora. O casal volta para casa, senta-se para tomar um chá e um pergunta para o outro: – Quem é você? Ela havia perdido ele de vista em função dos filhos. Ele havia perdido ela de vista em função dos filhos. Então vem a fase dos questionamentos e das redefinições. Essa fase não é de todo ruim, pois é seguida por outra fase muito agradável, que é a fase da reintegração. Agora eles se redescobrem e compreendem que podem viver a vida tão sonhada. Os filhos casaram e eles podem ir pescar ou fazer a viagem dos sonhos em paz, sem aquela preocupação: – Com quem meu filho está agora? Com quem o meu filho saiu? Será que há alguém em casa? Será que estão cuidando bem dele? Vocês descobrirão que esta fase deve ser vivida com intensidade um para o outro. Eu espero chegar lá, em nome de Jesus. Quando você vê a história por essa perspectiva, deve imaginar que vale a pena construir juntos uma história digna de ser contada. É preciso chegar lá e chegar bem. Seus filhos e netos falarão e contarão com a boca cheia a história de vocês. Vale a pena!