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Hospital Fernando Fonseca é exemplo de saúde tecnológica
O Processo Clínico Electrónico, implemetando nesta unidade hospitalar, é um factor diferenciador em Portugal e na Europa
Carlos Marçalo | juarezc@revistas.cofina.pt
A
implementação no Hospital
Professor Doutor Fernando
Fonseca – EPE do Processo
Clínico Electrónico (PCE) de
forma transversal às mais de 30 especialida-
des existentes e utilizável pelos diferentes
profissionais de saúde e de apoio colocou
este hospital numa posição de destaque re-
lativamente às unidades hospitalares públi-
cas nacionais e europeias.
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rondou os 175 mil euros e, em 2013, ficou
perto dos 200 mil euros. A estes valores de-
vem ser acrescentados ainda todos os bene-
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ção organizacional efectuada.
Rui Gomes, chiefinformation officer (CIO)
do Hospital Fernando Fonseca, foi premia-
do este ano pela Cionet Portugal como
CIO do Ano, na categoria de Orientação
para Processos de Negócio. O gestor consi-
dera que, por estar numa unidade que faz
parte do Serviço Nacional de Saúde (SNS),
os desafios que tem pela frente não são dife-
rentes dos de outras unidades de saúde.
O que procura é «fazer mais com menos,
para garantir a sustentabilidade da activida-
de, mas sem condicionar, e sempre que pos-
sível melhorando, os níveis e a qualidade da
prestação dos cuidados de saúde».
A falta de investimento e os constrangi-
mentos na contratação e revitalização de
profissionais qualificados, ou mesmo a
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uma constante necessidade de reengenha-
ria dos processos de trabalho.
«Assumir o mesmo nível de produção de
actividade assistencial sem deixar depre-
ciar os níveis de qualidade é certamente o
maior desafio, mas ao mesmo tempo abre
o ensejo à inovação e à criatividade, tal
como aumenta a necessidade de reaprovei-
tamento de recursos que nunca em outro
momento se estimariam úteis. Se olharmos
de forma desperta para todo o ecossistema,
encontraremos sempre um mar de oportu-
nidades, que as nossas organizações po-
dem beneficiar em prol da sua actividade»,
declara Rui Gomes.
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nologias de informação e comunicação
(TIC) é, no entender do CIO, completamen-
te estruturante. «Nunca testemunhei tanto
essa evidência como no momento actual, em
que os órgãos centrais, nomeadamente os
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Saúde (SPMS), estão a passar por uma rees-
truturação profunda da sua orgânica e pela
governação tecnológica do SNS. Mas ao
mesmo tempo deparamo-nos com algum
estrangulamento, resultante das medidas de
racionalização e de redução de custos em
relação às tecnologias de informação e co-
municação na Administração Pública, pre-
vistas na resolução de Conselho de Minis-
tros n.º 12/2012 de 7 de Fevereiro», diz o
CIO do Hospital Fernando Fonseca.
Por mais nobre que seja a resolução, e por
mais importante que seja num cenário de
controlo, normalização e governação tecno-
lógica da AP, «a verdade é que são exacta-
mente os bens e serviços que conseguiriam
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mentos e procedimentos e a gerar eficiência
que não estão a ser estimulados», sublinha.
Na opinião deste especialista em tecnolo-
gias na área da saúde, esta situação vai ter
efeitos nos próximos 10 anos. Rui Gomes
encoraja por isso as administrações das uni-
dades do SNS, principalmente dos hospi-
tais, a apostarem e investirem na capacida-
de de gestão, resiliência e expertise dos seus
departamentos de TIC. O CIO acredita que
ÚLTIMOS TRÊS PROJECTOS DESENVOLVIDOS
Informatização Clínica Transversal – Com este projecto, procurou-se fechar o ciclo
do doente com uma única e transversal plataforma de apoio à prestação de cuidados
especializados. Com custos rudimentares para a dimensão do projecto, aumentou-se
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hospital nacional ou europeu pode aceder, no âmbito da prestação de cuidados de saúde,
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ou parcial dos sistemas de informação.
ArquivoS.I.
as mudanças com base nos meios informati-
zados ajudarão a regenerar os serviços pres-
tados, desde os cuidados primários aos con-
tinuados ou diferenciados. «Precisa-se de
energia positiva, visão, credibilidade, resi-
liência, know-how e muito empenho para
dar celeridade aos processos. Existe um
momento para tudo», afirma.
ORÇAMENTO COM TENDÊNCIA
ADIMINUIR
No ano de 2013, o orçamento estimado
para TI era de cerca de 1 milhão de euros.
Contudo, devido à necessidade de conten-
ção absoluta, definida nos objectivos do
Ministério da Saúde, e atendendo às di-
rectivas de racionalização da Administra-
ção Pública, 50% desse valor não foi exe-
cutado. E o cenário traçado para o futuro
não é melhor. Rui Gomes acredita que «a
tendência é que o orçamento diminua, ou,
no melhor dos cenários, fique igual».
Em anos anteriores, por regra, o orçamento
para TI era 60% do valor destinado a Ca-
pex. «Actualmente, para garantir a sustenta-
bilidade de serviços e operações, já só con-
seguimos executar Opex. O valor em Capex
executado é aproximadamente 10% do or-
çamento total», explica o nosso interlocutor.
O CIO lidera uma unidade com 19 elemen-
tos, composta pela equipa de atendimento
de primeira linha, por especialistas técni-
cos de suporte e por especialistas de infra-
-estruturas, inovação, desenvolvimento.
O topo da estrutura é complementado por
gestores de informatização clínica. O Hos-
pital Fernando Fonseca incorpora ainda
Semana Informática | 12 a 18 de Março de 2014
9
Um convite ao desenvolvimento interno
Os constrangimentos orçamentais obrigam as unidades públicas mais dinâmicas a levar a
cabo iniciativas de software house, diminuindo a necessidade de recurso a bens e serviços
externos. No caso deste hospital, a média de projectos a decorrer em simultâneo supera
as três dezenas, mas 50% do orçamento de TI do ano passado não foi executado
Carlos Marçalo | juarezc@revistas.cofina.pt
O
CIO do Hospital Professor Dou-
tor Fernando Fonseca EPE, Rui
Gomes, foi um dos vencedores do
prémio CIO do Ano, na categoria
de Orientação paraProcessos de Negócio, pro-
movido pela Cionet Portugal. O prémio ser-
viu para reconhecer a qualidade do trabalho
que desenvolve hávários anos.
Dada a sua experiência, Rui Gomes revela-
-se preocupado em relação ao mercado
português de TI. Segundo ele, é necessá-
rio, senão urgente, a revitalização do mer-
cado. Mas, devido aos constrangimentos
orçamentais, quase se convidam as unida-
des públicas mais dinâmicas a incorporar
iniciativas de software house, diminuindo
a necessidade de recurso a bens e serviços
externos, explica o CIO.
Esta tendência pode ser arriscada e pode
ter efeitos nocivos a longo prazo, princi-
palmente sobre as peças de software, visto
que pode ser condicionada a sua manuten-
ção, evolução e escalabilidade, defende
o especialista. «Temo pelas pequenas em-
presas, aquelas que normalmente são as
mais ágeis e criativas e cujos custos para
os clientes, financeiramente, são mais inte-
ressantes. Quando vistas numa long tail,
seriam as revitalizadoras de uma economia
mais sustentável e equilibrada para o nosso
mercado de TI», diz Rui Gomes.
A cloud computing, uma das principais
tendências tecnológicas, é para este res-
ponsável um caminho inevitável. Por isso,
já a perspectivar essa tendência, em 2009,
a unidade hospitalar que gere procurou ini-
ciar a conversão de toda a componente de
servidores e postos-clientes para ambien-
tes virtualizados. O passo seguinte passou
pela criação de um centro de dados de re-
duzidas dimensões, perspectivando uma
convergência futura.
«A confluência para a cloud computing no
âmbito da Administração Pública é uma
transição quase orgânica e não pode evoluir
sem que antes haja uma consolidação de
base de dados e serviços. Ao mesmo tem-
po, os ambientes aplicacionais têm de ser
regenerados para arquitecturas e platafor-
mas para essa tecnologia», afirma Rui Go-
mes, acrescentando que o Plano Global Es-
tratégico de Racionalização e Redução de
Custos nas TIC na Administração Pública
(PGERRTIC) converge nesse sentido.
Cabe às instituições e aos seus departamen-
tos de TI posicionarem-se desde já, para que
na altura da grande onda dentro da Admi-
nistração Pública, essa convergência possa
ser facilitada. Esse posicionamento passa
pelo avanço da visão e das iniciativas ne-
cessárias, para que, no mínimo, as diferen-
tes entidades públicas edifiquem as suas
clouds privadas, seja de servidores, de
clientes ou de aplicações de negócio.
Outra das grandes tendências tecnológicas é
o big data. O gestor conta que antes de dar
esse passo, o seu departamento está a procu-
rar consolidar três anos de informação clíni-
ca para inclusão e gestão em bloco dos da-
dos. O objectivo é o hospital ter a sua data-
warehouse versátil. Só assim poderá
beneficiar mais tarde de qualquer projecto
orientado para o modelo de big data.
Já no que diz respeito a políticas de BYOD,
o CIO reconhece que o mundo mudou e
que há necessidade de implementar siste-
mas de mobile device management, seja
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para Windows Phone, mas principalmente
Android, por haver maior vulnerabilidade.
«Temos estudado soluções com a Sybase, a
AirWatch, a Symantec, entre outras, no
entanto, mantemos a intenção de só dispo-
nibilizar acessos sync e-mail para ambien-
tes mobile, até que o ecossistema aplicacio-
nal necessite efectivamente de mudar ou
que a nossa infra-estrutura já esteja segura
através de uma dessas camadas de softwa-
re», conclui Rui Gomes.
GOVERNAÇÃO EM VEZ DE GESTÃO
A adopção e a dependência cada vez maior
dos meios informatizados para toda e qual-
quer actividade exigem às organizações o
seu alinhamento com as TIC e vice-versa.
À medida que esta dimensão da gestão au-
menta, torna-se mais fácil encontrar uma
nova geração de CEO e de administradores
com largas competências e capacidades para
o exercício de algumas das funções de um
CIO. «Contudo, o CIO deve focar-se na es-
tratégia em vez de nas operações e deve
desviar-se o mais rapidamente possível da
engenharia para pensar na arquitectura de
processos», conclui Rui Gomes. ◗
ArquivoS.I.
uma Unidade de Investigação e Criativi-
dade em Informática, na qual alunos de
várias universidades e investigadores cola-
boram, de forma voluntária, em projectos
de transferência de tecnologia em enge-
nharia, robótica, mining, medicina transla-
cional e investigação para a área da saúde.
Esta unidade de saúde recorre também a
cerca de 20 parceiros tecnológicos, que
trabalham com a Direcção de Gestão de
Tecnologias e da Informação em regime de
contratação de serviços.
Em 2009, quando o Hospital Fernando
Fonseca integrou o SNS, Rui Gomes tra-
çou como objectivo a realização de 53 pro-
jectos em dois anos, muitos deles estrutu-
rantes e de alguma complexidade, mas
que, reconhece, acabaram por se estender
demasiado no tempo.
«A equipa, na altura, era de quatro técni-
cos, mas dada a sua dedicação e destreza
foi possível concluir em tempo útil os pro-
jectos mais estruturantes e vitais, e que
vieram a apoiar o exercício da actividade
do hospital», explica. Actualmente, a Di-
recção de Gestão de Tecnologias e da In-
formação desenvolve projectos em três
áreas principais: care delivery, support de-
livery e infra-estruturas.
Segundo Rui Gomes, poderiam ser conta-
bilizados mais de 30 projectos principais,
contudo, devido à quantidade de projectos
existente no hospital, estes não são medi-
dos pelo nível de conclusão, mas pelo nível
de maturidade adquirido após terem entra-
do em produção. O CIO dá como exemplo
o projecto de desenvolvimento interno do
Processo Clínico Electrónico, que se multi-
plicou e que deu origem a mais 15 a 20 pro-
jectos. Além de cobrir umas 20 especialida-
des médicas distintas, qualquer alteração
neste projecto pode ter impacto directo nas
operações de um universo de mais de 500
profissionais de saúde.
MELHORAR A GOVERNAÇÃO DAS TIC
A estratégia da Direcção de Gestão de Tec-
nologias e da Informação do Hospital Fer-
nando Fonseca passa por dispensar o mais
possível a componente de tecnologia e
crescer em matéria de governação tecnoló-
gica, com serviços e com apoio na área da
reengenharia dos processos de negócio.
Além da iminente necessidade de fazer
evoluções em mais de 50% das soluções
em produção, segundo o CIO, 2014 e 2015
será também um período para desenvolver
projectos de mining e de exploração avan-
çada de dados clínicos; para fazer a migra-
ção da infra-estrutura de rede de dados;
para realizar projectos de gestão de risco
de TI; e, por último, para implementar sis-
temas de controlo à convergência de
BYOD.
Há ainda que referir que todos os projectos
desenvolvidos no Centro de Investigação e
Criatividade em Informática (www.ci2.pt)
resultam de iniciativas lançadas para criar
soluções que, regra geral, não se encon-
tram no mercado ou que são impossíveis
de sustentar ou adaptar à realidade do hos-
pital. ◗
Semana Informática | 12 a 18 de Março de 2014
Rui Gomes, CIO do Hospital
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Hospital Fernando Fonseca destaca-se pela saúde tecnológica

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  • 2. Actualidade8 Hospital Fernando Fonseca é exemplo de saúde tecnológica O Processo Clínico Electrónico, implemetando nesta unidade hospitalar, é um factor diferenciador em Portugal e na Europa Carlos Marçalo | juarezc@revistas.cofina.pt A implementação no Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca – EPE do Processo Clínico Electrónico (PCE) de forma transversal às mais de 30 especialida- des existentes e utilizável pelos diferentes profissionais de saúde e de apoio colocou este hospital numa posição de destaque re- lativamente às unidades hospitalares públi- cas nacionais e europeias. O PCE permitiu aumentar a eficiência de processos, mitigar o risco clínico e reduzir custos. Em 2012, a diminuição de custos rondou os 175 mil euros e, em 2013, ficou perto dos 200 mil euros. A estes valores de- vem ser acrescentados ainda todos os bene- fícios obtidos na sequência da reestrutura- ção organizacional efectuada. Rui Gomes, chiefinformation officer (CIO) do Hospital Fernando Fonseca, foi premia- do este ano pela Cionet Portugal como CIO do Ano, na categoria de Orientação para Processos de Negócio. O gestor consi- dera que, por estar numa unidade que faz parte do Serviço Nacional de Saúde (SNS), os desafios que tem pela frente não são dife- rentes dos de outras unidades de saúde. O que procura é «fazer mais com menos, para garantir a sustentabilidade da activida- de, mas sem condicionar, e sempre que pos- sível melhorando, os níveis e a qualidade da prestação dos cuidados de saúde». A falta de investimento e os constrangi- mentos na contratação e revitalização de profissionais qualificados, ou mesmo a morosidade das reformas na saúde, fazem subir os níveis de exigência, obrigando a uma constante necessidade de reengenha- ria dos processos de trabalho. «Assumir o mesmo nível de produção de actividade assistencial sem deixar depre- ciar os níveis de qualidade é certamente o maior desafio, mas ao mesmo tempo abre o ensejo à inovação e à criatividade, tal como aumenta a necessidade de reaprovei- tamento de recursos que nunca em outro momento se estimariam úteis. Se olharmos de forma desperta para todo o ecossistema, encontraremos sempre um mar de oportu- nidades, que as nossas organizações po- dem beneficiar em prol da sua actividade», declara Rui Gomes. Na resposta a estes desafios, o papel das tec- nologias de informação e comunicação (TIC) é, no entender do CIO, completamen- te estruturante. «Nunca testemunhei tanto essa evidência como no momento actual, em que os órgãos centrais, nomeadamente os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), estão a passar por uma rees- truturação profunda da sua orgânica e pela governação tecnológica do SNS. Mas ao mesmo tempo deparamo-nos com algum estrangulamento, resultante das medidas de racionalização e de redução de custos em relação às tecnologias de informação e co- municação na Administração Pública, pre- vistas na resolução de Conselho de Minis- tros n.º 12/2012 de 7 de Fevereiro», diz o CIO do Hospital Fernando Fonseca. Por mais nobre que seja a resolução, e por mais importante que seja num cenário de controlo, normalização e governação tecno- lógica da AP, «a verdade é que são exacta- mente os bens e serviços que conseguiriam ajudar as organizações a mudar comporta- mentos e procedimentos e a gerar eficiência que não estão a ser estimulados», sublinha. Na opinião deste especialista em tecnolo- gias na área da saúde, esta situação vai ter efeitos nos próximos 10 anos. Rui Gomes encoraja por isso as administrações das uni- dades do SNS, principalmente dos hospi- tais, a apostarem e investirem na capacida- de de gestão, resiliência e expertise dos seus departamentos de TIC. O CIO acredita que ÚLTIMOS TRÊS PROJECTOS DESENVOLVIDOS Informatização Clínica Transversal – Com este projecto, procurou-se fechar o ciclo do doente com uma única e transversal plataforma de apoio à prestação de cuidados especializados. Com custos rudimentares para a dimensão do projecto, aumentou-se a eficiência nas operações entre todas as especialidades do hospital, reduzindo custos, preservando cada vez mais a informação clínica sobre o doente e assegurando a continuidade dos seus cuidados. Projecto de Interoperabilidade global –Através de uma única camada de software de middleware, de um agregador de todo e qualquer meio de conectividade entre as aplicações de care delivery e da componente administrativa, realizou-se, além da conectividade interna entre sistemas e equipamentos, a ligação à Plataforma de Dados de Saúde nacional e a ligação internacional à ePSOS (Europa).Assim, qualquer outro hospital nacional ou europeu pode aceder, no âmbito da prestação de cuidados de saúde, e com mecanismos de segurança e privacidade assegurados, a elementos clínicos dos doentes tão importantes como relatórios de imagiologia, análises, diagnósticos, triagem de doentes, alergias, receitas de medicamentos, ECG, altas médicas, de enfermagem e de urgência, registos para o exterior (consulta, internamento, urgência) e protocolos cirúrgicos. Plano de Continuidade de Negócio –Estabelecimento e adopção de políticas, procedimentos e mecanismos, através de meios informatizados redundantes, e em offline, para suporte a um plano global de continuidade de negócio no caso de quebra total ou parcial dos sistemas de informação. ArquivoS.I. as mudanças com base nos meios informati- zados ajudarão a regenerar os serviços pres- tados, desde os cuidados primários aos con- tinuados ou diferenciados. «Precisa-se de energia positiva, visão, credibilidade, resi- liência, know-how e muito empenho para dar celeridade aos processos. Existe um momento para tudo», afirma. ORÇAMENTO COM TENDÊNCIA ADIMINUIR No ano de 2013, o orçamento estimado para TI era de cerca de 1 milhão de euros. Contudo, devido à necessidade de conten- ção absoluta, definida nos objectivos do Ministério da Saúde, e atendendo às di- rectivas de racionalização da Administra- ção Pública, 50% desse valor não foi exe- cutado. E o cenário traçado para o futuro não é melhor. Rui Gomes acredita que «a tendência é que o orçamento diminua, ou, no melhor dos cenários, fique igual». Em anos anteriores, por regra, o orçamento para TI era 60% do valor destinado a Ca- pex. «Actualmente, para garantir a sustenta- bilidade de serviços e operações, já só con- seguimos executar Opex. O valor em Capex executado é aproximadamente 10% do or- çamento total», explica o nosso interlocutor. O CIO lidera uma unidade com 19 elemen- tos, composta pela equipa de atendimento de primeira linha, por especialistas técni- cos de suporte e por especialistas de infra- -estruturas, inovação, desenvolvimento. O topo da estrutura é complementado por gestores de informatização clínica. O Hos- pital Fernando Fonseca incorpora ainda Semana Informática | 12 a 18 de Março de 2014
  • 3. 9 Um convite ao desenvolvimento interno Os constrangimentos orçamentais obrigam as unidades públicas mais dinâmicas a levar a cabo iniciativas de software house, diminuindo a necessidade de recurso a bens e serviços externos. No caso deste hospital, a média de projectos a decorrer em simultâneo supera as três dezenas, mas 50% do orçamento de TI do ano passado não foi executado Carlos Marçalo | juarezc@revistas.cofina.pt O CIO do Hospital Professor Dou- tor Fernando Fonseca EPE, Rui Gomes, foi um dos vencedores do prémio CIO do Ano, na categoria de Orientação paraProcessos de Negócio, pro- movido pela Cionet Portugal. O prémio ser- viu para reconhecer a qualidade do trabalho que desenvolve hávários anos. Dada a sua experiência, Rui Gomes revela- -se preocupado em relação ao mercado português de TI. Segundo ele, é necessá- rio, senão urgente, a revitalização do mer- cado. Mas, devido aos constrangimentos orçamentais, quase se convidam as unida- des públicas mais dinâmicas a incorporar iniciativas de software house, diminuindo a necessidade de recurso a bens e serviços externos, explica o CIO. Esta tendência pode ser arriscada e pode ter efeitos nocivos a longo prazo, princi- palmente sobre as peças de software, visto que pode ser condicionada a sua manuten- ção, evolução e escalabilidade, defende o especialista. «Temo pelas pequenas em- presas, aquelas que normalmente são as mais ágeis e criativas e cujos custos para os clientes, financeiramente, são mais inte- ressantes. Quando vistas numa long tail, seriam as revitalizadoras de uma economia mais sustentável e equilibrada para o nosso mercado de TI», diz Rui Gomes. A cloud computing, uma das principais tendências tecnológicas, é para este res- ponsável um caminho inevitável. Por isso, já a perspectivar essa tendência, em 2009, a unidade hospitalar que gere procurou ini- ciar a conversão de toda a componente de servidores e postos-clientes para ambien- tes virtualizados. O passo seguinte passou pela criação de um centro de dados de re- duzidas dimensões, perspectivando uma convergência futura. «A confluência para a cloud computing no âmbito da Administração Pública é uma transição quase orgânica e não pode evoluir sem que antes haja uma consolidação de base de dados e serviços. Ao mesmo tem- po, os ambientes aplicacionais têm de ser regenerados para arquitecturas e platafor- mas para essa tecnologia», afirma Rui Go- mes, acrescentando que o Plano Global Es- tratégico de Racionalização e Redução de Custos nas TIC na Administração Pública (PGERRTIC) converge nesse sentido. Cabe às instituições e aos seus departamen- tos de TI posicionarem-se desde já, para que na altura da grande onda dentro da Admi- nistração Pública, essa convergência possa ser facilitada. Esse posicionamento passa pelo avanço da visão e das iniciativas ne- cessárias, para que, no mínimo, as diferen- tes entidades públicas edifiquem as suas clouds privadas, seja de servidores, de clientes ou de aplicações de negócio. Outra das grandes tendências tecnológicas é o big data. O gestor conta que antes de dar esse passo, o seu departamento está a procu- rar consolidar três anos de informação clíni- ca para inclusão e gestão em bloco dos da- dos. O objectivo é o hospital ter a sua data- warehouse versátil. Só assim poderá beneficiar mais tarde de qualquer projecto orientado para o modelo de big data. Já no que diz respeito a políticas de BYOD, o CIO reconhece que o mundo mudou e que há necessidade de implementar siste- mas de mobile device management, seja para ambientes Android, seja para iOS ou para Windows Phone, mas principalmente Android, por haver maior vulnerabilidade. «Temos estudado soluções com a Sybase, a AirWatch, a Symantec, entre outras, no entanto, mantemos a intenção de só dispo- nibilizar acessos sync e-mail para ambien- tes mobile, até que o ecossistema aplicacio- nal necessite efectivamente de mudar ou que a nossa infra-estrutura já esteja segura através de uma dessas camadas de softwa- re», conclui Rui Gomes. GOVERNAÇÃO EM VEZ DE GESTÃO A adopção e a dependência cada vez maior dos meios informatizados para toda e qual- quer actividade exigem às organizações o seu alinhamento com as TIC e vice-versa. À medida que esta dimensão da gestão au- menta, torna-se mais fácil encontrar uma nova geração de CEO e de administradores com largas competências e capacidades para o exercício de algumas das funções de um CIO. «Contudo, o CIO deve focar-se na es- tratégia em vez de nas operações e deve desviar-se o mais rapidamente possível da engenharia para pensar na arquitectura de processos», conclui Rui Gomes. ◗ ArquivoS.I. uma Unidade de Investigação e Criativi- dade em Informática, na qual alunos de várias universidades e investigadores cola- boram, de forma voluntária, em projectos de transferência de tecnologia em enge- nharia, robótica, mining, medicina transla- cional e investigação para a área da saúde. Esta unidade de saúde recorre também a cerca de 20 parceiros tecnológicos, que trabalham com a Direcção de Gestão de Tecnologias e da Informação em regime de contratação de serviços. Em 2009, quando o Hospital Fernando Fonseca integrou o SNS, Rui Gomes tra- çou como objectivo a realização de 53 pro- jectos em dois anos, muitos deles estrutu- rantes e de alguma complexidade, mas que, reconhece, acabaram por se estender demasiado no tempo. «A equipa, na altura, era de quatro técni- cos, mas dada a sua dedicação e destreza foi possível concluir em tempo útil os pro- jectos mais estruturantes e vitais, e que vieram a apoiar o exercício da actividade do hospital», explica. Actualmente, a Di- recção de Gestão de Tecnologias e da In- formação desenvolve projectos em três áreas principais: care delivery, support de- livery e infra-estruturas. Segundo Rui Gomes, poderiam ser conta- bilizados mais de 30 projectos principais, contudo, devido à quantidade de projectos existente no hospital, estes não são medi- dos pelo nível de conclusão, mas pelo nível de maturidade adquirido após terem entra- do em produção. O CIO dá como exemplo o projecto de desenvolvimento interno do Processo Clínico Electrónico, que se multi- plicou e que deu origem a mais 15 a 20 pro- jectos. Além de cobrir umas 20 especialida- des médicas distintas, qualquer alteração neste projecto pode ter impacto directo nas operações de um universo de mais de 500 profissionais de saúde. MELHORAR A GOVERNAÇÃO DAS TIC A estratégia da Direcção de Gestão de Tec- nologias e da Informação do Hospital Fer- nando Fonseca passa por dispensar o mais possível a componente de tecnologia e crescer em matéria de governação tecnoló- gica, com serviços e com apoio na área da reengenharia dos processos de negócio. Além da iminente necessidade de fazer evoluções em mais de 50% das soluções em produção, segundo o CIO, 2014 e 2015 será também um período para desenvolver projectos de mining e de exploração avan- çada de dados clínicos; para fazer a migra- ção da infra-estrutura de rede de dados; para realizar projectos de gestão de risco de TI; e, por último, para implementar sis- temas de controlo à convergência de BYOD. Há ainda que referir que todos os projectos desenvolvidos no Centro de Investigação e Criatividade em Informática (www.ci2.pt) resultam de iniciativas lançadas para criar soluções que, regra geral, não se encon- tram no mercado ou que são impossíveis de sustentar ou adaptar à realidade do hos- pital. ◗ Semana Informática | 12 a 18 de Março de 2014 Rui Gomes, CIO do Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca EPE