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CAPÍTULO 6
     “Quando a oportunidade bate à porta, algumas pessoas estão no quintal à
procura de um trevo de quatro folhas”.
     (Autor Anónimo)


     No final da refeição, Rodolfo levou Teresa a casa. A sua amiga tinha o resto do
dia e o domingo para preparar uma apresentação em powerpoint. Trabalhava há dois
anos na Umake.it, uma empresa italiana de apoio à criação do próprio emprego, com
delegações em diversos países europeus. Na segunda-feira seguinte, uma delegação da
casa-mãe estaria em Portugal para assistir à campanha idealizada pela delegação lusa,
cabendo a Teresa a responsabilidade de apresentar as implicações financeiras da mesma.
     Combinaram encontrar-se no fim-de-semana seguinte e, até lá, trocariam
mensagens por e-mail ou telemóvel. Era importante não perder o balanço, agora que o
mistério estava ao rubro.
     — Boa sorte para a apresentação. Só espero é que não meta algoritmos…
     — Obrigada. Não, está descansado. Estatística, muita estatística, isso sim. E
muitos gráficos, para o show-off. Os olhos também comem, sabes?
     — Sei, sei. Os meus comem muito, por acaso, mas nunca fico farto!
     — És incorrigível. O que vale é que já te conheço de ginjeira. Porta-te bem!
     — Beijinho, Teresa. Até para a semana.


     Rodolfo deixou Teresa mesmo à porta de casa. Esperou que ela entrasse e
arrancou, sem destino. Não lhe apetecia muito ir fechar-se sozinho entre quatro paredes,
apesar de o frio não convidar a grandes passeios. Conduziu novamente até perto do mar.
A visão daquelas águas revoltas, paradoxalmente, acalmava-o. À entrada do paredão,
parou o carro e saiu. Alguns pescadores mais intrépidos desafiavam as gélidas
temperaturas, dispersos por aquele comprido braço de pedra que travava a força do
atlântico. Na altura em que passava por um deles, a cana começou a abanar
vigorosamente, sinalizando o ataque de um peixe de grande calibre. Robalo,
provavelmente, ou talvez dourada. Quando ia para iniciar a descida para ver mais de
perto aquela operação de resgate, o seu telefone tocou.
     — Olá, Paulo. Diz coisas!
     — Olá. Tudo bem? Olha, tenho uma proposta para te fazer. Meio desonesta, mas,
enfim, só pode ser influência do meu irmão…
— Vá, desembucha. Sabes que aprecio bastante propostas desonestas, embora não
propriamente de indivíduos que apresentam uma combinação de cromossomas XY no
par 23…
     — Pois, percebo. É o que se arranja. Então aqui vai. Queres ir comigo a Sydney?


     A situação de Ricardo não aparentava ser muito famosa. Por aquilo que tinham
conseguido saber, tinha sido detido na sequência de investigações da Brigada Anti-
Fraude Fiscal. Era suspeito de ter feito umas maroscas para ser reembolsado de IVA,
graças à apresentação de facturas falsas. A alternativa à prisão era o pagamento de uma
multa pesada, a qual Ricardo não estava em condições de satisfazer. Para não variar, o
seu pai estava na disposição de pagar o que fosse preciso para o libertar, mas era
importante tratar de toda a tramitação in loco. Contudo, a sua idade e antecedentes de
trombose venosa numa das pernas punham completamente fora de questão a hipótese de
se deslocar de avião. Paulo, por sua vez, não estava muito agradado com a ideia de
viajar sozinho tantas horas. Ainda para mais para um país que desconhecia. Daí o
convite.


     — Sydney? Austrália? Ah, claro, o teu irmão. Eh, pá, mas isso são mais de 30
horas de viagem, não?
     — Sim, à volta disso. Claro, é uma estopada. Não devia ter…
     — Não, nada disso. Não estou propriamente mal de finanças e, quem sabe, talvez
esteja na Oceania a inspiração de que preciso. Quando vais? Ou melhor, vamos?
     — Estava a pensar ir de segunda a oito. Para a Austrália é preciso visto e, mesmo
com a ajuda da Polícia australiana, não os conseguimos arranjar antes.
     — E bilhetes, já tens? Não me digas que compraste dois à confiança…
     — Não, não comprei. Mas já pesquisei. Com tão pouca antecedência, não
conseguimos encontrar voos baratos, mas já fiz uma pré-reserva, que tenho de confirmar
até amanhã à meia-noite. Alinhas?
     — E há lá coisa melhor para inspirar um escritor do que viajar? Confirma os
bilhetes, Paulo. Queres que te dê já o dinheiro?
     — Nem penses nisso. O meu pai só não vai porque a saúde não deixa e sozinho eu
não me safava. É claro que a viagem é por nossa conta. O meu irmão depois paga, com
juros!
— Sendo assim, que razões é que eu poderia ter para recusar? Vemos depois
melhor a questão do dinheiro. Como é o tempo lá agora, sabes?
      — Pelo que consegui saber, é primavera. Daqui a uns dias começa o verão, pelo
que deve estar uma temperatura bem mais agradável do que esta. Prepara-te para
andares um bocado desnorteado com a mudança do fuso horário!
      — Moda Primavera-Verão, hein? Fantástico. Quanto à diferença de fusos, são
quantas horas, umas seis ou sete, não?
      — Quase acertavas. São onze horas de diferença. Uma loucura!
      — E a viagem, quanto tempo demora? E mudanças de voo?
      — Vamos sair de Lisboa por volta das onze da manhã de segunda e chegamos a
Sidney perto das sete da manhã. Hora local, pelo que, cá, serão oito horas da noite de
terça. Ao todo, cerca de trinta e três horas até lá chegarmos.
      — E escalas, há? Onde? Quantas?
      — Uma, em Londres. Vamos daqui directos a Heathrow e, lá, vamos ter de
esperar umas oito horas pela ligação para Sidney. Vai ser duro…
      — Duro é trabalhar na agricultura, Paulo. Vamos a isto.


      Grande parte da semana seguinte foi passada a fazer os preparativos para a grande
viagem. Tinha-se esquecido de perguntar a Paulo qual a moeda e o seu valor. Numa
rápida pesquisa na internet ficou a saber que a moeda era o dólar australiano, a valer
cerca de setenta e quatro cêntimos do euro. Um euro, 1 dólar e trinta e cinco cêntimos.
Por opção, não tinha cartão de crédito, pelo que, sempre que viajava, gostava de ir
prevenido com algum dinheiro na moeda local. No seu banco conseguiu obter o
dinheiro australiano que pretendia. Segundo o informaram, não seria complicado,
mesmo com cartão de débito, levantar dinheiro numa das muitas máquinas automáticas
do país dos cangurus, embora tivesse de pagar taxas por essa transacção.


      Descobriu também que na Austrália se conduzia pela esquerda. Depois de uma má
experiência em Moçambique, prometera a si mesmo nunca mais se meter a conduzir
num país onde fosse esse o lado da estrada utilizado. As rotundas feitas pelo lado
contrário e as ultrapassagens pela direita, não eram para si. A não ser que tivesse mesmo
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  • 1. CAPÍTULO 6 “Quando a oportunidade bate à porta, algumas pessoas estão no quintal à procura de um trevo de quatro folhas”. (Autor Anónimo) No final da refeição, Rodolfo levou Teresa a casa. A sua amiga tinha o resto do dia e o domingo para preparar uma apresentação em powerpoint. Trabalhava há dois anos na Umake.it, uma empresa italiana de apoio à criação do próprio emprego, com delegações em diversos países europeus. Na segunda-feira seguinte, uma delegação da casa-mãe estaria em Portugal para assistir à campanha idealizada pela delegação lusa, cabendo a Teresa a responsabilidade de apresentar as implicações financeiras da mesma. Combinaram encontrar-se no fim-de-semana seguinte e, até lá, trocariam mensagens por e-mail ou telemóvel. Era importante não perder o balanço, agora que o mistério estava ao rubro. — Boa sorte para a apresentação. Só espero é que não meta algoritmos… — Obrigada. Não, está descansado. Estatística, muita estatística, isso sim. E muitos gráficos, para o show-off. Os olhos também comem, sabes? — Sei, sei. Os meus comem muito, por acaso, mas nunca fico farto! — És incorrigível. O que vale é que já te conheço de ginjeira. Porta-te bem! — Beijinho, Teresa. Até para a semana. Rodolfo deixou Teresa mesmo à porta de casa. Esperou que ela entrasse e arrancou, sem destino. Não lhe apetecia muito ir fechar-se sozinho entre quatro paredes, apesar de o frio não convidar a grandes passeios. Conduziu novamente até perto do mar. A visão daquelas águas revoltas, paradoxalmente, acalmava-o. À entrada do paredão, parou o carro e saiu. Alguns pescadores mais intrépidos desafiavam as gélidas temperaturas, dispersos por aquele comprido braço de pedra que travava a força do atlântico. Na altura em que passava por um deles, a cana começou a abanar vigorosamente, sinalizando o ataque de um peixe de grande calibre. Robalo, provavelmente, ou talvez dourada. Quando ia para iniciar a descida para ver mais de perto aquela operação de resgate, o seu telefone tocou. — Olá, Paulo. Diz coisas! — Olá. Tudo bem? Olha, tenho uma proposta para te fazer. Meio desonesta, mas, enfim, só pode ser influência do meu irmão…
  • 2. — Vá, desembucha. Sabes que aprecio bastante propostas desonestas, embora não propriamente de indivíduos que apresentam uma combinação de cromossomas XY no par 23… — Pois, percebo. É o que se arranja. Então aqui vai. Queres ir comigo a Sydney? A situação de Ricardo não aparentava ser muito famosa. Por aquilo que tinham conseguido saber, tinha sido detido na sequência de investigações da Brigada Anti- Fraude Fiscal. Era suspeito de ter feito umas maroscas para ser reembolsado de IVA, graças à apresentação de facturas falsas. A alternativa à prisão era o pagamento de uma multa pesada, a qual Ricardo não estava em condições de satisfazer. Para não variar, o seu pai estava na disposição de pagar o que fosse preciso para o libertar, mas era importante tratar de toda a tramitação in loco. Contudo, a sua idade e antecedentes de trombose venosa numa das pernas punham completamente fora de questão a hipótese de se deslocar de avião. Paulo, por sua vez, não estava muito agradado com a ideia de viajar sozinho tantas horas. Ainda para mais para um país que desconhecia. Daí o convite. — Sydney? Austrália? Ah, claro, o teu irmão. Eh, pá, mas isso são mais de 30 horas de viagem, não? — Sim, à volta disso. Claro, é uma estopada. Não devia ter… — Não, nada disso. Não estou propriamente mal de finanças e, quem sabe, talvez esteja na Oceania a inspiração de que preciso. Quando vais? Ou melhor, vamos? — Estava a pensar ir de segunda a oito. Para a Austrália é preciso visto e, mesmo com a ajuda da Polícia australiana, não os conseguimos arranjar antes. — E bilhetes, já tens? Não me digas que compraste dois à confiança… — Não, não comprei. Mas já pesquisei. Com tão pouca antecedência, não conseguimos encontrar voos baratos, mas já fiz uma pré-reserva, que tenho de confirmar até amanhã à meia-noite. Alinhas? — E há lá coisa melhor para inspirar um escritor do que viajar? Confirma os bilhetes, Paulo. Queres que te dê já o dinheiro? — Nem penses nisso. O meu pai só não vai porque a saúde não deixa e sozinho eu não me safava. É claro que a viagem é por nossa conta. O meu irmão depois paga, com juros!
  • 3. — Sendo assim, que razões é que eu poderia ter para recusar? Vemos depois melhor a questão do dinheiro. Como é o tempo lá agora, sabes? — Pelo que consegui saber, é primavera. Daqui a uns dias começa o verão, pelo que deve estar uma temperatura bem mais agradável do que esta. Prepara-te para andares um bocado desnorteado com a mudança do fuso horário! — Moda Primavera-Verão, hein? Fantástico. Quanto à diferença de fusos, são quantas horas, umas seis ou sete, não? — Quase acertavas. São onze horas de diferença. Uma loucura! — E a viagem, quanto tempo demora? E mudanças de voo? — Vamos sair de Lisboa por volta das onze da manhã de segunda e chegamos a Sidney perto das sete da manhã. Hora local, pelo que, cá, serão oito horas da noite de terça. Ao todo, cerca de trinta e três horas até lá chegarmos. — E escalas, há? Onde? Quantas? — Uma, em Londres. Vamos daqui directos a Heathrow e, lá, vamos ter de esperar umas oito horas pela ligação para Sidney. Vai ser duro… — Duro é trabalhar na agricultura, Paulo. Vamos a isto. Grande parte da semana seguinte foi passada a fazer os preparativos para a grande viagem. Tinha-se esquecido de perguntar a Paulo qual a moeda e o seu valor. Numa rápida pesquisa na internet ficou a saber que a moeda era o dólar australiano, a valer cerca de setenta e quatro cêntimos do euro. Um euro, 1 dólar e trinta e cinco cêntimos. Por opção, não tinha cartão de crédito, pelo que, sempre que viajava, gostava de ir prevenido com algum dinheiro na moeda local. No seu banco conseguiu obter o dinheiro australiano que pretendia. Segundo o informaram, não seria complicado, mesmo com cartão de débito, levantar dinheiro numa das muitas máquinas automáticas do país dos cangurus, embora tivesse de pagar taxas por essa transacção. Descobriu também que na Austrália se conduzia pela esquerda. Depois de uma má experiência em Moçambique, prometera a si mesmo nunca mais se meter a conduzir num país onde fosse esse o lado da estrada utilizado. As rotundas feitas pelo lado contrário e as ultrapassagens pela direita, não eram para si. A não ser que tivesse mesmo de ser. E ia.