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CROWDSOURCING NO JORNALISMO 1 
CROWDSOURCING NO JORNALISMO 
Universidade do Minho 
2013/2014 
Gestão do Conhecimento, da Aprendizagem e da Inteligência Organizacional 
André Braga 
Nº61547 
Rui Rocha 
Nº53865 
David Baía 
Nº61553
CROWDSOURCING NO JORNALISMO 2 
ÍNDICE 
Crowdsourcing no jornalismo........................................................................................................................ 1 
2013/2014 ............................................................................................................................................................ 1 
Gestão do Conhecimento, da Aprendizagem e da Inteligência Organizacional ...... 1 
1. Introdução ................................................................................................................................................... 3 
2. Contextualização ..................................................................................................................................... 4 
2.1. Inteligência Coletiva ..................................................................................................................... 4 
3. O Crowdsourcing ..................................................................................................................................... 6 
3.1. O que é o Crowdsourcing? .......................................................................................................... 6 
3.2. Iniciativas de Crowdsourcing .................................................................................................... 6 
3.3. Vantagens e Desvantagens do Crowdsourcing .................................................................. 8 
3.4. Plataformas de Crowdsourcing ................................................................................................. 8 
4. Crowdsourcing no Jornalismo ........................................................................................................ 11 
4.1. Tipos de Crowdsourcing no Jornalismo ............................................................................. 11 
4.1.1. Jornalismo Open Source ...................................................................................................... 11 
4.1.2. Jornalismo Participativo ...................................................................................................... 11 
4.1.3. Jornalismo Colaborativo ...................................................................................................... 12 
4.2. Vantagens e Desvantagens do Crowdsourcing no Jornalismo .................................. 12 
4.3. Impactos económicos e sociais do Crowdsourcing no jornalismo .......................... 13 
4.4. Plataformas de Crowdsourcing associadas ao Jornalismo ......................................... 14 
4.5. Diferenças e semelhanças entre plataformas .................................................................. 16 
5. Análise a Plataformas ......................................................................................................................... 17 
5.1. O Slashdot ........................................................................................................................................ 17 
5.2. O Vourno .......................................................................................................................................... 19 
6. Uma Iniciativa de Citizen Journalism ......................................................................................... 21 
7. Conclusão ................................................................................................................................................... 23 
8. Referências ............................................................................................................................................... 25
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1. Introdução 
Este projeto enquadra-se no âmbito da unidade curricular Gestão do Conhecimento da Aprendizagem e da Inteligência Organizacional (GCAIO), do Mestrado Integrado em Gestão e Engenharia de Sistemas de Informação (MIEGSI). Decorre durante o primeiro semestre do quarto ano, no ano letivo de 2013/2014. 
A equipa é constituída por três elementos e o projeto será desenvolvido em duas fases, numa primeira fase será entregue um relatório intermédio, focado na revisão teórica do tema e na apresentação das plataformas que serão exploradas mais tarde. Na segunda fase será entregue o relatório final que retratará todo o trabalho desenvolvido na execução deste projeto, incidindo mais na exploração das plataformas em análise. Nesta fase proceder-se-á também à apresentação e defesa deste projeto. O presente relatório diz respeito à segunda fase do projeto. 
Neste projeto pretende-se dar resposta à pergunta: “O que é o crowdsourcing?”, mais concretamente o crowdsourcing no jornalismo. Irão ser exploradas as aplicações deste conceito no jornalismo, com recurso a exemplos reais concretos de plataformas atuais que aplicam este conceito. 
Os recentes avanços nas tecnologias da informação, nomeadamente o desenvolvimento da internet alterou as formas de comunicação e participação social drasticamente. Conceitos novos como inteligência coletiva, e nomeadamente o crowdsourcing são representativos dessas alterações. Serão analisados diferentes tipos de crowdsourcing no jornalismo, as suas vantagens e desvantagens, e será ainda explorado o seu impacto em termos económicos e sociais. Serão expostas algumas plataformas de crowdsourcing com o intuito de dar a conhecer como estas operam e de que forma pode ser vantajosa a sua utilização. Espera-se que estes exemplos práticos ajudem a clarificar o conceito de crowdsourcing no jornalismo, e que esta componente mais prática seja elucidativa da forma como este atua no mundo atual e como pode ser vantajosa a sua utilização. Será concebida uma breve explicação por forma a clarificar as principais diferenças e semelhanças entre as diversas plataformas expostas. Inserido nesta parte mais prática do projeto a equipa lançou a sua própria plataforma de crowdsourcing no jornalismo, chamada News UM, que será apresentada em detalhe neste relatório. 
Por último, será analisado todo o trabalho realizado no presente relatório, abordar-se-ão as principais dificuldades sentidas na sua realização, a forma como a equipa se organizou na sua execução e de que forma contribuiu para o nosso enriquecimento académico. Serão expostas as principais conclusões sobre o crowdsourcing no jornalismo, de forma a demonstrar o que apreendemos com a realização deste projeto.
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2. Contextualização 
2.1. Inteligência Coletiva 
A Inteligência Coletiva é um conceito cada vez mais atual devido à enorme relevância e impacto que a comunicação social e a internet têm na vida das populações. Este conceito é definido por Surowiecki (2004) como Sabedoria das Multidões em que argumenta que as decisões obtidas em grupo são quase sempre melhores que as obtidas individualmente pelos elementos do grupo. De acordo com Lévy (2007) a inteligência coletiva é “uma inteligência distribuída por toda parte, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta uma mobilização efetiva das competências”. Para Lévy (1997) graças ao desenvolvimento e expansão da internet, as pessoas “comuns” podem agora colaborar e interagir de forma mais fácil, rápida e eficiente no que toca à partilha dos seus conhecimentos de forma a ajudar a criar melhores soluções. Ainda para Lévy (1999)“o ideal mobilizador da informática não é mais a inteligência artificial, mas sim a inteligência coletiva, para a valorização, utilização otimizada e a criação de sinergias entre as competências, as imaginações e energias atuais, qualquer que fosse a sua diversidade qualitativa e onde quer se situe.” 
Segundo George Por (2006), um dos maiores pioneiros na área de inteligência coletiva definiu a como “a capacidade das comunidades humanas evoluírem em harmonia e de uma ordem mais complexa, através dos diversificados meios/mecanismos de colaboração, integração e por vezes até competição”. 
Tapscott e Williams (2009) definiram a inteligência coletiva como sendo “a capacidade de conjugar o conhecimento de milhões (se não milhares de milhões) de utilizadores de uma forma auto-organizada. De modo a que essa inteligência coletiva seja próspera, é necessário respeitar quatro princípios fundamentais: Abertura, Peering, Partilha e Agir Globalmente. 
 Abertura – O surgimento dos meios de comunicação social é marcado pela relutância das organizações em partilhar ideias, conceitos, conhecimento e metodologias de trabalho, estes eram vistos como uma vantagem competitiva e a sua partilha com o público era encarada como uma perda dessa vantagem. 
 Peering – É um esforço colaborativo, seja de pessoas ou organizações, onde cada parte contribui voluntariamente e de forma aberta com o intuito de desenvolver produtos ou tecnologia. 
 Partilha – Apesar de haver uma certa relutância quanto a partilha de informação referente ao ambiente organizacional, é possível dizer que são várias as organizações que já se aperceberam do potencial da
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mesma. Pois ao haver partilha/colaboração entre as organizações é possível ter a perceção do mercado e assim desenvolver produtos/serviços de melhor qualidade de forma a obter vantagem competitiva no mercado. 
 Agir Globalmente – como todos sabemos são várias as organizações a baixo custo que aumentaram a sua rentabilidade e prestigio no mercado com o avanço da tecnologia e dos meios de comunicação social. Assim e seguindo o exemplo das mesmas, se outras empresas desejaram aumentar o seu volume de negócios e melhorar a qualidade dos produtos/serviços, devem optar por uma abordagem “Open mind” de forma a serem flexíveis ao ponto de avaliarem o que é novo, permanecendo atualizadas com outras praticas organizacionais ao invés de ficarem agarradas as suas convicções.
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3. O Crowdsourcing 
3.1. O que é o Crowdsourcing? 
O termo crowdsourcing proveniente do inglês, que separado em dois significa crowd – multidão e source – fonte, pode-se desta forma perceber melhor o seu significado, ou seja, pode ser entendido como uma fonte de informação proveniente de um conjunto de pessoas. De um ponto de vista mais técnico o crowdsourcing pode ser visto como um modelo de produção de informação que aplica a inteligência e conhecimentos coletivos e voluntários de um conjunto de pessoas com o intuito de resolver problemas, criar conteúdo, soluções ou até novas tecnologias. 
Jeff Howe (2008) define crowdsourcing como sendo “a força de muitos que gera sinergias para realizar melhor tarefas que antes eram privilégio de poucos indivíduos especializados”. 
O crowdsourcing tem-se tornado rapidamente numa nova ferramenta de inovação, servindo para gerar novas ideias, reduzir o tempo de investigação e desenvolvimento de projetos para as mais diversas áreas, possibilitando a diminuição do custo de financiamento de projetos e criando ainda uma espécie de elo entre os clientes, que financiam os projetos, e a organização. 
3.2. Iniciativas de Crowdsourcing 
Graças ao desenvolvimento global e a uma melhor perceção do poder do crowdsourcing foram originados vários tipos de crowdsourcing, ou seja, originaram-se diversas tipologias que apenas têm em comum a um critério de classificação: crowd (multidão). Iremos referenciar então algumas iniciativas de crowdsourcing assim definidas por Doan, Ramakrishnan e Halevy (2011) . De entre os diferentes tipos de iniciativas de crowdsourcing temos: 
 Crowdcasting – Neste tipo de iniciativas de crowdsourcing, um indivíduo, empresa ou organização propõe ao público um problema ou tarefa, sendo recompensado quem resolvê-lo primeiro ou quem fornecer a melhor solução. Nesses problemas ou tarefas, a multidão traz conhecimentos específicos numa área particular, resolvendo um problema individual. 
 Crowdcollaboration – Os indivíduos contribuem com o seu conhecimento e competências para resolver problemas ou ideias de forma colaborativa, enquanto a empresa que inicia o processo fica de fora e geralmente não há recompensa financeira.
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o Crowdstorming – Estas iniciativas são sessões de brainstorming (Um brainstorming é uma reunião destinada a incentivar a total libertação da atividade mental, sem restrições, tendo como objetivo a recolha de um elevado numero de ideias) online, em que as ideias são propostas e a multidão envolve-se com comentários e votos. 
o Crowdsupport – Neste caso, os clientes ou os próprios usuários são os que resolvem as questões ou problemas dos outros, sem ter que ir para o serviço pós-venda. A diferença com crowdstorming é que o crowdsupport procura ajudar. 
 Crowdcontent – nestas tarefas, a multidão usa o seu trabalho e conhecimento para criar ou encontrar conteúdos de vários tipos. Ela difere da crowdcasting porque crowdcontent não é uma competição, mas cada indivíduo irá trabalhar individualmente e, no final, os resultados de todos os participantes serão juntados. Assim, pode-se encontrar três subtipos que diferem na sua relação com os conteúdos tratados: 
o Crowdproduction – Aqui, o público tem de criar o conteúdo, como aquele que é criado ao traduzir pequenos fragmentos de texto. 
o Crowdsearching – Neste caso, os participantes têm de pesquisar o conteúdo disponível na Internet com algum objetivo. Por exemplo, encontrar emails de certos tipos de empresas. 
o Crowdanalyzing – Este caso é semelhante ao crowdsearching, com a diferença que não é feita a pesquisa com documentos de texto da Internet, mas com documentos multimídia, como imagens ou vídeos. 
 Crowdfunding – Este tipo de iniciativa, é um mecanismo para obter financiamento onde pessoas fazem pequenas doações com vista a concretização de uma ideia ou projeto. É um sistema de financiamento coletivo, que se baseia na apresentação de pequenos projetos e em que se apela ao cidadão comum para dar um pequeno contributo financeiro, por vezes existe uma recompensa. 
 Crowdopinion – Neste caso, o objetivo é ouvir a opinião dos usuários sobre um tópico ou produto, ou seja, a multidão dá a sua opinião ou julgamento por forma a avaliar. 
 Crowdwisdom – Este método é baseado na ideia de que um grupo de pessoas é, em média, mais bem informados do que um indivíduo. 
 Crowdvoting – Ocorre quando um website reúne opiniões de um grande grupo sobre um determinado tópico. 
 Crowddemocracy – Tem como objetivo permitir à multidão participar em decisões democráticas. 
 Crowdcreation – Trata-se de uma atividade de “criação”, que consiste em pedir a indivíduos e empresas para resolver um dilema particular que cria uma solução satisfatória para o problema específico.
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 Crowdreviews – Tem como objetivo a partilha de informação sobre diversas atividades, de forma a oferecer ajuda a outras. 
3.3. Vantagens e Desvantagens do Crowdsourcing 
Segundo Howe (2006) muitos dos intervenientes em iniciativas de crowdsourcing participam nestes projetos apenas pelo desafio, e para colaborar, sem receber nenhum tipo de remuneração, isto faz com que as empresas disponham de recursos e serviços pelos quais teriam de pagar a custos muito reduzidos, permitindo assim uma enorme poupança nas despesas. 
Estas iniciativas permitem que a informação de chegue de forma muito mais rápida aos utilizadores de informação, isto torna a partilha de informação e conhecimento muito mais fácil e ágil. 
Contudo esta produção acelerada em massa de conteúdos faz com que muitas vezes o resultado final não seja exatamente aquilo que era pretendido, ou seja, ter vários utilizadores a produzirem conteúdo, alguns não especializados, faz com que seja criado conteúdo em demasia que acaba por não corresponder exatamente à ideia original do projeto. Isto leva a que por vezes seja difícil distinguir qual a informação verdadeira, ou mesmo qual a informação essencial e pertinente para o contexto. 
Outra das desvantagens do crowdsourcing é a questão da confidencialidade, com o aumento a este tipo de projetos e com a facilidade de utilização das tecnologias não é fácil manter a barreira da confidencialidade e da privacidade, isto é especialmente grave por exemplo para empresas que pretendam ganhar uma vantagem competitiva em relação aos seus concorrentes e que assim vêm informação que deviam ser confidenciais a serem partilhadas livremente pelo mundo. 
3.4. Plataformas de Crowdsourcing 
As plataformas de crowdsourcing podem ser vistas como um local onde se pode resolver problemas ou tarefas através da colaboração de várias pessoas, permitindo desta forma adquirir uma solução ou resposta bem mais robusta, resultado de diversas opiniões partilhadas pelos utilizadores. 
De um de vista mais harmonioso, pode ser visto como uma prática de filantropia, em que pessoas que apesar de não se conhecerem se identificam umas com as outras, e procuram partilhar ideias de forma a resolver determinados problemas. 
Hoje em dia existem diversas plataformas de crowdsourcing, de inúmeras áreas de interesse, desde desenvolvimento de software, design gráfico, moda, educação, investimentos, ou seja, um sem-número de possibilidades que se oferecem online, seja através de portais, websites, ou fóruns, que juntos canalizam todo o potencial das comunidades online. 
Foram selecionadas algumas plataformas genéricas que aplicam os ideais defendidos pelo crowdsourcing de forma a perceber que este representa várias
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áreas e as diferenças existentes quando comparadas estas plataformas com as de jornalismo: 
 Johnny Cash Project – este projeto permite aos utilizadores e fãs do artista Johnny Cash fazer uma homenagem, através do envio de desenhos, imagens, retratos, etc; que serão utilizados para fazer um vídeo para a música “Ain’t No Grave. As manifestações artísticas são feitas através da plataforma, onde são depois escolhidas as melhores para ser utilizadas no vídeo, permitindo desta forma criar um ideia única e inovadora que pretende imortalizar esta lenda da música. 
 Kickstarter – esta plataforma promove o financiamento de projetos criativos e abrange todo o tipo de áreas de interesse. Ajuda a captação de recursos financeiros necessários doados pelos utilizadores. Os utilizadores são só cobrados pelo investimento feito caso os recursos financeiros necessários mínimos necessários para o projeto avançar sejam atingidos, protegendo desta forma quem faz donativos. Para chamar a atenção de doadores, os detentores do projeto dão extras por quem doar mais dinheiro. 
 33needs – esta aplicação web permite aos investigadores conectarem-se a um conjunto de pequenos empresários espalhados pelo mundo. Esta aplicação web divide os seus projetos em categorias como, educação, comunidade, planeta, entre outros. O objetivo é o de os pequenos empresários colocarem as suas necessidades em termos de financiamento necessário, apresentarem o problema e como pretendem resolvê-lo, para os investidores poderem investir. O 33needs e os responsáveis do projeto recebem uma percentagem de 5% e 3%, respetivamente, do financiamento, contudo não recebem nada caso o objetivo do investimento não seja atingido. Assim os pequenos empresários utilizam a aplicação web para encontrar uma forma de concretizar os seus projetos e o caminho para o sucesso, enquanto os investidores procuram projetos de onde possam tirar proveitos. 
 Crowdrise – esta plataforma permite suportar organizações de voluntariado e caridade através da doação de dinheiro. Os utilizadores podem criar perfis para ajudar a angariar dinheiro para um organização ou para se juntar a um projeto existente. 
 StreetJournal.org – plataforma lançada na cidade de Perm hoje já opera na maioria das grandes cidades de toda a Rússia, ou seja, um exemplo do uso do crowdsourcing para resolver problemas urbanos na Rússia. Além dos cidadãos comuns, as autoridades locais tem usado a plataforma com o intuito, de monitorizarem e acompanharem os problemas que vão surgindo e reagirem rapidamente de forma mais eficiente as necessidades da população. 
 DonorsChoose – permite a professores pedir fundos para necessidades específicas em salas de aula e escolas. Os pedidos podem ser para as mais
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variadas áreas, como ciências, artes, etc; Esta plataforma permite melhorar os níveis de ensino nas escolas, através destes projetos. 
 SellaBand – é um website onde artistas pedem investimento para conseguir gravar álbuns profissionalmente. Os artistas mantém total crédito pelo trabalho desenvolvido e decidem os incentivos a dar aos fãs que doarem dinheiro. O modelo de investimento permite ainda aos artistas entrar em contratos com as editoras. Os artistas mantêm o controlo sobre a sua carreira e têm 100% de liberdade para criarem a música que quiserem. SellaBand permite ainda que editoras criem aqui projetos para os seus artistas de forma a criar uma base de fãs necessária para os artistas darem o próximo passo na carreira.
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4. Crowdsourcing no Jornalismo 
Quando associado ao jornalismo, o crowdsourcing é possível identificar-se em três tipos de abordagens diferentes. 
 Observação geral do dia-a-dia por parte da população que reporta aquilo que viu e ouviu em forma de notícia. 
 No momento dos noticiários, as redações pedem ao seu público-alvo que partilhe fotos, vídeos ou testemunhos de algo que viram. 
 Este último ponto está associado ao jornalismo de investigação, em que o jornalista pede a ajuda dos leitores para que estes se debrucem sobre o tema em questão, a análise, investigue e tire suas próprias conclusões. O papel do jornalista será o de recolher toda essa informação e analisar. 
4.1. Tipos de Crowdsourcing no Jornalismo 
Com o aumento das ferramentas disponíveis e a massificação da internet, o mundo foi-se aos poucos tornando uma “aldeia global”, o que permitiu ma mais fácil comunicação e aproximação das pessoas de diferentes partes do mundo, trazendo consigo um enorme impacto sobre diversas áreas. O jornalismo não foi exceção. Com toda esta massificação, a divulgação e publicação de conteúdos levou ao aparecimento de uma média mais heterogénea e mais participativa. Isto abriu portas a que pessoas independentes se tornassem capazes de produzir e divulgar informação/conhecimentos, originando desta forma diferentes tipos de jornalismo, conhecidos como open source, participativo e colaborativo. 
4.1.1. Jornalismo Open Source 
O conceito de jornalismo open source surgiu pela primeira vez a partir do site Slashdot, onde o editor de um jornal chamado Jane’s Intelligence Reviewi pediu a opinião dos leitores sobre o artigo que queria publicar. As pessoas foram dando a sua opinião o que acabou por levar à rejeição do artigo e à reescrita do mesmo. Desta formas as pessoas passar a perceber que tinham um papel na cobertura da média social, auxiliando os jornalistas a escrever notícias mais precisas e fundamentadas. A partir deste momento diversos autores da área passaram a utilizar termos como jornalismo participativo e jornalismo colaborativo, isto porque o termo open source não se referia essencialmente à publicação de notícias e conteúdos, mas sim ao acesso livre a ferramentas on- line e ao desenvolvimento de software. 
4.1.2. Jornalismo Participativo 
Bowman e Willis (2003) admitem que o jornalismo participativo “é o acto de um cidadão ou grupo de cidadãos que têm um papel activo no processo de recolha, análise, produção e distribuição de informações. O objectivo desta
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participação é oferecer a informação independente, fidedigna, variada, precisa e relevante que uma democracia requer”. 
Primo e Trasel (2006) procuram substituir o termo jornalismo participativo por jornalismo web, e definem-no como “práticas desenvolvidas em secções ou na sua totalidade de um período noticioso na Web, onde a fronteira entre a produção de informação e leitura não pode ser claramente definida porque não existe”. Ainda que se possa cair no erro de achar que jornalismo participativo esta apenas ligado à web, não há nada que impeça um cidadão comum de ter um determinado assunto, foto, vídeo seu, publicado em alguma capa de jornal ou telejornal do mundo. 
Segundo Rocha e Brambilla (2010) no jornalismo participativo está inerente uma participação ao longo do desenvolvimento da notícia, portanto admite-se uma intervenção contínua. 
4.1.3. Jornalismo Colaborativo 
Jornalismo colaborativo é um conceito de jornalismo que admite a intervenção de voluntários que ajudam a desenvolver novas notícias ou a examinar as já existentes. Os participantes são desta forma vistos como um complemento. 
Para Outing (2005) o jornalismo colaborativo não é um termo que possa ser aplicado por todas as organizações, já que é algo muito complexo e com um escopo de variações muito abrangente. 
Segundo Glaser (2006) o jornalismo colaborativo reside na ideia de que com a internet, os utilizadores, mesmo que não possuindo a profissão de jornalistas podem recorrer a ferramentas tecnológicas para ajudar a desenvolver e criar novo conteúdo e informação sozinhos e sem a intervenção de especialistas da área. 
Rocha e Brambilla (2010) admitem que no jornalismo colaborativo existe uma relação pontual entre o público e a notícia a desenvolver, pelo que a intervenção é apenas temporária e ocorre em determinado período de desenvolvimento da notícia. 
Kiss (2005) indica que o jornalismo colaborativo não está, ainda, totalmente desenvolvido e que se encontra rodeado num véu de constante mudança, pelo que admite que o se significado não é consensual. Ainda assim Kiss (2005) acredita que o jornalismo colaborativo está presente quando os utilizadores publicam conteúdo, nas mais diversas formas e nos mais diversos sítios. É um resultado da circunstância já que advém da presença dos utilizadores, que reportam a informação, no local onde se deu o acontecimento. Prova mais comum disso são o envio de vídeos para as estações televisivas, relacionados com catástrofes naturais ou acontecimentos do género. 
4.2. Vantagens e Desvantagens do Crowdsourcing no Jornalismo 
O crowdsourcing associado ao jornalismo é uma mais-valia estratégica quer para consumidores, quer para produtores de notícias. Cria um novo
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paradigma na relação do leitor com a notícia, deixando este, de ser um mero consumidor e passa a ser parte do processo de construção da notícia. Dá ao leitor a oportunidade de interagir com maior facilidade, os veículos agregam mais valor ao conteúdo, torna-se mais fácil despertar interesse no leitor pela notícia e a sua partilha é potenciada, uma vez que um leitor que contribui para a elaboração da notícia está mais propenso a partilhá-la, aqui se mostra também que a utilização da internet e das redes sociais em particular, contribui para o sucesso deste conceito. 
Este crescente fenómeno fomenta a partilha de informação, o facto de compreender a utilização de um grande número de utilizadores para narrar os fatos, faz com que a notícia seja mais desafiada e contestada e tenha por base uma maior diversidade de argumentos. Esta diversidade de origem de proveniência dos factos também constitui uma desvantagem, os dados são recolhidos em parte não por um jornalista mas por um conjunto de utilizadores que podem ser ou não, qualificados. O facto de a comunidade estar inserida neste processo levanta questões de veracidade e dá origem a discussões éticas. 
Em suma, este tipo de abordagem ao jornalismo contribui para a disseminação das notícias, e fornece uma base maior de conhecimento para a produção de material noticioso, esta, pode no entanto ser vista como uma desvantagem, por contar com um espetro alargado de colaboradores, questões éticas e de veracidade podem surgir, retirando credibilidade à notícia. 
4.3. Impactos económicos e sociais do Crowdsourcing no jornalismo 
Hoje em dia o jornalismo está a passar um tempo de metamorfoses entre a desestruturação, o desunir de muito do que até aqui se encontrava agrupado e que constituía até há pouco tempo uma fórmula vencedora, e a reestruturação, a inovação e a procura de novos e duradouros agrupamentos" 
“É possível o crowdsourcing no jornalismo estar a ameaçar o jornalismo convencional?” 
Segundo Demers (2007) a maioria das organizações dos média irão continuar a crescer no século XXI, no entanto a sua capacidade para controlar a informação irá diminuir. Os novos média impulsionados pelo crowdsourcing irão continuar a crescer e a expandir pois os serviços que estes oferecem não podem ser oferecidos pelas grandes organizações a um nível que seja possível tirar lucro. As grandes organizações preferem um público vasto e indiferenciado que oferece o maior lucro possível, no entanto a intervenção da Web 2.0 irá tornar cada vez mais difícil controlar o mercado. 
Uma das teses de Demers é que o aumento da complexidade económica e social leva a uma descentralização do poder e autoridade e estimula o crescimento das democracias. É um facto que os média estão a perder poder para a internet, que permite aos utilizadores contornar a informação oferecida por estes, de forma a procurar notícias, informação e conhecimento.
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Nesta atualidade em que vivemos num mundo cada vez mais cheio de controvérsias, os cidadãos recorrem às armas fornecidas pela Web 2.0 para se fazerem ouvir e demonstrarem os seus interesses. Desta forma representam uma força de combate contra as organizações que não aceitam este novo tipo de jornalismo, e por isso cingem-se ao jornalismo convencional. 
Atualmente, com o problema da guerra na Síria e noutros países, é, principalmente, graças a estes cidadãos que são os olhos e ouvidos do mundo, que se vai sabendo do que se vai passando no país, caso contrário só se saberia aquilo que o governo transmitisse cá para fora. 
Desta forma o aumento no número de escolhas dilui mais ainda o poder dos média, que irão, de qualquer das formas, continuar a ter um forte papel na vida das pessoas nas décadas vindouras, e irão continuar a suportar as elites e instituições poderosas. 
4.4. Plataformas de Crowdsourcing associadas ao Jornalismo 
Estas plataformas de crowdsourcing estão associadas ao jornalismo e permitem a intervenção do utilizador das mais diversas formas, desde a sua intervenção nos mais variados estágios do desenvolvimento de notícias, no financiamento de projetos relacionados com jornalismo, na indicação de que notícias as pessoas querem saber, etc. Todas estas plataformas permitem, ainda, que isto seja feito em vários formatos, seja imagens, texto, vídeo, etc. Todo este conjunto de plataformas procura a interação com os utilizadores de forma a criar novo conteúdo, e por sua vez novo conhecimento de melhor qualidade. Posto isto apresentam-se então algumas plataformas: 
 Wikinews (Crowdsourcing colaborativo) – à semelhança da wikipédia, o wikinews disponibiliza notícias vindas de todo o mundo, em que qualquer utilizador pode adicionar ou editar o conteúdo desde que cite as fontes de informação. Funciona como uma biblioteca de notícias desde as mais antigas até às mais recentes, que é gerida graças a voluntários que prescindem do seu tempo e dinheiro por uma causa maior, neste caso, informar o mundo. 
 Spot.us (Crowdsourcing participativo) – esta plataforma serve para financiamento de projetos de jornalismo. Os utilizadores partilham as suas informações e histórias procurando aumentar as probabilidades de receber financiamento. Os utilizadores podem ser recrutados pelos jornalistas para ajudar na elaboração de conteúdo que será posteriormente publicado no website. Caso o conteúdo de um ou mais jornalistas seja publicado no website, 90% do valor da receita é para o jornalista(s) envolvido(s), pelo que os restantes 10% são atribuídos aos gestores da plataforma. Desta forma os utilizadores tem a possibilidade de participar e ajudar a construir conteúdo que depois pode vir a ser
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publicado. Para que as notícias sejam alvo de possível doação, tem que passar primeiro por um conjunto de medidas definidas pelo Spot.us. 
 Slashdot (Crowdsourcing colaborativo) – é conhecido por ser uma plataforma onde se coloca notícias e comentários relacionados com as áreas das TI. Os utilizadores são livres de enviar artigos que podem mais tarde vir a ser publicados. O Slashdot funciona assim como uma espécie de fórum, em que um dos objetivos é ter os amantes das tecnologias a consultar e a partilhar ideias e notícias na sua página. 
 Global Reporter (Crowdsourcing colaborativo) – nesta plataforma os utilizadores são encorajadas a divulgar assuntos relacionados com as comunidades em que estão inseridos, sendo uma espécie de jornalistas da zona. A informação pode ser reportada em forma de texto, imagens ou vídeos. 
 Global For Me (Crowdsourcing colaborativo) – Global For Me é uma plataforma de notícias que dá o poder de decisão ao cliente, as notícias não são filtradas por nenhum editor, é o cliente que decide que notícias quer receber. Esta plataforma conta com jornalistas de todo os cantos do mundo, pode cobrir histórias desde os locais mais remotos do planeta até algo que acontece mesmo ao meu lado, esta plataforma fornece-nos a oportunidade para pensar globalmente e atuar localmente. Qualquer tópico pode ser explorado e transformado numa notícia, desde que haja interesse suficiente, se vários utilizadores demonstrarem interesse numa notícia sobre um tópico específico, os administradores desta plataforma irão disponibilizar um profissional para produzi uma notícia sobre este assunto. O interesse é então a chave para se conseguir uma história, quanto mais pessoais requisitarem uma determinada história mais hipóteses há de ela ser produzida, e de publicada mais rapidamente, portanto, tudo aqui depende do poder em espalhar a palavra, de fazer com que outros se interessem pela história que querem ver publicada. Esta plataforma vive de donativos, quanto mais pessoas doarem para uma história, mais rápida a sua publicação acontecerá. Existe ainda uma modalidade de donativos em que um utilizador pode ter total controlo sobre a história decidir qual o tema e ter uma palava final antes da sua publicação. Em suma, se utilizadores suficiente desta plataforma, mostrarem interesse numa história, essa história será produzida. 
 Vourno (Crowdsourcing colaborativo) – Vourno é a maior plataforma de financiamento e uma rede de notícias independente assente no jornalismo por vídeo. Oferece aos jornalistas os recursos necessários para produzir notícias com qualidade, relevantes e permite ao público a possibilidade de financiar, avaliar, partilhar e ver essas notícias.
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Qualquer notícia criada por um jornalista pode ser colocada, exposta e distribuída na rede de notícias. O Vourno procura democratizar as notícias e mudar o paradigma do jornalismo. 
4.5. Diferenças e semelhanças entre plataformas 
A partir da análise feita acima podemos afirmar que as plataformas 33needs, Kickstarter, Crowdrise, SellaBand e DonorsChoose são semelhantes por serem plataformas de financiamento, ou seja, crowfounding que apela ao financiamento dos utilizadores interessados para conseguir que os seus projetos sejam tornados realidade. Aprofundando um pouco mais sabemos que o Kickstarter visa projetos criativos e não apoia projetos de caracter social, já as plataformas 33needs e Crowdrise visam essencialmente o apoio a projetos de caracter social (caridade e apoio social). SellaBand procura “vender” uma banda e dar então assim início às suas carreiras. Já o DonorsChoose visam melhorar a qualidade do ensino através de projetos para as escolas. 
As plataformas (Johnny Cash Project, Streetjournal.org) são distintas das restantes, que visam situações e modelos diferentes de aplicação. Johnny Cash Project baseia-se no apelo à criatividade dos utilizadores para participarem num último tributo a um músico, enquanto, Streerjournal.org visa à informação à monitorização quanto a inúmeros problemas urbanos dos cidadãos locais. 
No que diz respeito às plataformas associadas ao jornalismo estas são bastante distintas e com propósitos diferentes. A plataforma Spot.Us é a única plataforma apresentada que recorre ao crowdfunding, enquanto as outras plataformas visam a intervenção dos utilizadores por forma a criar, desenvolver notícias de melhor qualidade e que interessem ao público
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5. Análise a Plataformas 
5.1. O Slashdot 
O Slashdot é conhecido por ser uma plataforma onde se coloca notícias e comentários relacionados com as áreas das TI. Os utilizadores são livres de enviar artigos que podem mais tarde vir a ser publicados. O Slashdot funciona assim como uma espécie de fórum, em que um dos objetivos é ter os amantes das tecnologias a consultar e a partilhar ideias e notícias na sua página. 
O Slashdot apresenta algumas funcionalidades que o distinguem de outras plataformas de crowdsourcing. Essas funcionalidades ajudam a fazer a gestão da plataforma, bem como a garantir qualidade do conteúdo. 
Figura 1- Página do Slahsdot 
 Firehose – O Firehose é uma poderosa ferramenta de visualização de conteúdo. Permite filtrar as notícias que queremos de diversas maneiras. A caixa de mais / menos no lado esquerdo de cada entrada Firehose permite votar nesse item. Um menu é exibido quando se clica, o que lhe dá a opção de adicionar algumas tags positivas ou negativa. Esta Votação e marcação são úteis, pois ajudam a informar outros usuários, e os editores a decidir quais notícias vão para a primeira página. O Firehose possuí, ainda, um sistema de cores que classifica as notícias das mais populares às menos populares. 
 Karma – O Karma é uma funcionalidade que ajuda a identificar o tipo de utilizador que cada um é. O Karma atribui um caráter positivo aqueles utilizadores que publiquem notícias, façam comentários construtivos, ou seja, tenham uma conduta apropriada. Aqueles que se revelem desrespeitosos com os outros utilizadores e que façam comentários que em nada contribuam para uma discussão saudável é lhes então atribuído um caráter negativo.
CROWDSOURCING NO JORNALISMO 18 
 Moderation – Esta funcionalidade procura avaliar os comentários feitos pelos utilizadores, tendo para isso disponível diversas categorias de avaliação, tais como Funny, Off Topic, Overrated, etc. Os utilizadores são sorteados para poderem fazer esta moderação e só o podem fazer durante um limitado período de tempo, dando depois a hipótese a outros. 
 Achievements – É uma funcionalidade que presenteia os utilizadores com títulos relacionados com as suas atividades na plataforma. 
 Jobs – Informa os utilizadores sobre oportunidades de emprego relacionados com as áreas das TI, permitindo-lhes assim a possibilidade de se candidatarem a uma vaga. 
 TV – Oferece notícias relacionadas com as TI em formato de vídeo. 
 Channels – Permite visualizar notícias relacionadas com áreas de Business Intelligence, Data Center, Cloud e Carrers. 
De forma a angariar novos jornalistas, é apresentado o formulário para o envio de uma notícia para o Slashdot. São apenas precisos três tópicos: um título, a notícia e ainda um URL, caso haja necessidade de citar uma fonte. 
Figura 2- Formulário de Submissão de Notícias
CROWDSOURCING NO JORNALISMO 19 
5.2. O Vourno 
Vourno é a maior plataforma de financiamento e uma rede de notícias independente assente no jornalismo por vídeo. Oferece aos jornalistas os recursos necessários para produzir notícias com qualidade, relevantes e permite ao público a possibilidade de financiar, avaliar, partilhar e ver essas notícias. Qualquer notícia criada por um jornalista pode ser colocada, exposta e distribuída na rede de notícias. O Vourno procura democratizar as notícias e mudar o paradigma do jornalismo. O Vourno possuí então quatro principais funcionalidades: 
 Criar um projeto 
 Financiar um projeto 
 Submeter Notícias 
 Ver Notícias 
Figura 3- Página do Vourno 
O Vourno apresenta 5 dicas que eles consideram essenciais para um projeto ter sucesso. 
 Completar o perfil de utilizador 
 Definir claramente o âmbito e objetivos do projeto 
 Efetuar campanhas de difusão do projeto 
 Contactar os média 
 Ser ativo nas redes sociais
CROWDSOURCING NO JORNALISMO 20 
Figura 4 – 5 Dicas para um Projeto com Sucesso 
O formulário de submissão de notícias do Vourno é bastante simples. Apenas e preciso fazer o upload do vídeo a partir do nosso computador ou então fornecer o endereço onde o vídeo esta alojado. 
Figura 5- Formulário de Submissão de Notícias 
Na visualização das notícias o Vourno disponibiliza várias categorias em que se pode selecionar aquela com que queremos que as notícias estejam relacionadas. Oferece a possibilidade de ver as notícias mais recentes, mais populares e ainda as notícias relacionadas com a nossa zona. 
Já dentro de uma notícia tem funcionalidades que permitem avaliar a notícia, contribuindo desta forma para o ranking da notícia.
CROWDSOURCING NO JORNALISMO 21 
Figura 6 - Visualização de uma Notícia 
6. Uma Iniciativa de Citizen Journalism 
Como parte da exploração prática do conceito de crowdsourcing, associado ao jornalismo, a equipa desenvolveu uma iniciativa no seio da Universidade do Minho. Tirando partido das redes sociais, especificamente o facebook, criamos um grupo, chamado News UM, aberto a toda a comunidade estudantil. Este grupo convida todos os frequentadores da Universidade do Minho a partilharem as suas estórias, da forma que entenderem, no formato que desejarem, desde que a notícia seja relacionada com a universidade. Aqui todos podem ser jornalistas e leitores simultaneamente. 
A ideia deste grupo passa também por difundir este conceito, explicar do que se trata, e dar a conhecer plataformas atuais e relevantes. Para tal a equipa elaborou alguns textos explicativos e irá disponibilizar todo o material, em diversos formatos, que julgue relevante. Como uma das primeiras iniciativas, em associação com outra equipa de trabalho, divulgamos um pequeno questionário, criado por ela, com o intuito de perceber qual o estado atual de conhecimento em relação ao conceito de crowdsourcing. O resultado deste 
NEWS UM 
Figura 7 - Logótipo NEWS UM
CROWDSOURCING NO JORNALISMO 22 
questionário será apresentado e discutido no relatório da equipa (Marco Rodrigues 60044, Pedro Matos 60040 e José Pedro Cunha 58322), e posteriormente estes resultados serão divulgados neste grupo e abertos à discussão da comunidade. 
Este grupo, tal como o conceito de crowdsourcing, depende da participação e envolvimento da comunidade, de forma a estimular esse envolvimento, apelamos a que a comunidade se pronunciasse quanto ao seu formato preferido de notícia, texto, vídeo, etc. 
Figura 8 - Publicação 1 NEWS UM 
A equipa pretende estimular a participação de todos, e como tal, em forma de incentivo, está a preparar algumas notícias, lançamos um repto, com dois temas de interesse, “A qualidade das refeições nas cantinas UM” e “Porque não há mais salas disponíveis para os alunos trabalharem em Azurém?”, estes temas encontram-se em votação, aquele que reunir mais votos será posteriormente abordado numa notícia, produzida pela equipa de trabalho, no formato que reunir mais consenso pela comunidade. 
Figura 9 - Publicação 2 NEWS UM 
Com esta iniciativa, a equipa espera dar a conhecer este conceito, atrair adeptos para uma nova forma de encarar o jornalismo e o mesmo tempo criar um espaço útil, de discussão sobre a nossa universidade.
CROWDSOURCING NO JORNALISMO 23 
7. Conclusão 
A proliferação de notícias na internet levou ao surgimento de um novo conceito aplicado ao jornalismo, o crowdsourcing. 
Começamos por contextualizar este conceito com o de Inteligência Coletiva, que pode ser definido como o processo de colaboração e interação em massa entre pessoas, na partilha dos seus conhecimentos para a criação de melhores soluções. 
Num mundo cada vez mais online, esta interação é facilitada e acontece de forma mais frequente e eficaz, pode-se considerar que o público se sente motivado a atuar em comunidade com o objetivo de conquistar uma sensação de identidade e pertença a um grupo, para obter autorrealização pessoal e melhorar os seus conhecimentos através da aprendizagem proporcionada pela interação com outras pessoas, de diferentes culturas e crenças. Este papel ativo do público está intrinsecamente relacionado com a necessidade de ganhar status, de se relacionar com outras pessoas, de compreender e dar sentido aos acontecimentos que o rodeiam, de informar e ser informado, educar e ser educado, criar. (Holanda, 2007) 
O crowdsourcing associado ao jornalismo é uma ferramenta estratégica na produção e disseminação de conteúdo (notícias) nos meios sociais. Possibilita à comunidade participar, colaborar e até produzir conteúdo noticioso. 
Neste novo paradigma os leitores passam a interagir em todos os momentos do processo de criação de uma notícia, desde a investigação até à sua publicação. Isto constitui uma nova relação entre o jornalista e o público, favorecendo a participação do último nas decisões editoriais mas nunca de uma apropriação da função noticiosa, constitui uma ação colaborativa de troca de informações. O jornalista deixa assim de ser o narrador oficial dos factos, é este o princípio fundamental do crowdsourcing associado ao jornalismo (Holanda 2007). 
Identificamos três tipos de crowdsourcing associado ao jornalismo, o jornalismo open source, que foi o primeiro conceito a surgir, muito relacionado com a difusão da internet devido aos comentários e envio de notícias por parte dos seus utilizadores, o jornalismo colaborativo, caraterizado por utilizadores da internet poderem participar ativamente na produção e partilha de conteúdo jornalístico e por último, o jornalismo participativo, onde um grupo de pessoas atuam coletivamente no processo de criação e partilha de material noticioso. 
O crowdsourcing mostra-nos como é possível tirar partido das tecnologias de informação, mais especificamente a internet, permitindo alterar a relação entre produtores e consumidores. O jornalismo, fazendo uso destas tecnologias e conceitos permite aos utilizadores fazer parte ativa no processo noticioso, e assim contribuir para uma maior difusão das notícias, o utilizador naturalmente irá partilhar o conteúdo que ajuda a produzir. Isto, em última análise, leva ao aumento da transparência e qualidade das notícias produzidas. 
Como parte deste projeto, exploramos a componente prática deste conceito. Analisamos algumas das plataformas que identificamos, inscrevemo-nos nelas,
CROWDSOURCING NO JORNALISMO 24 
percebemos o seu funcionamento e tornamo-nos parte desta comunidade. Em adição desenvolvemos ainda a nossa própria plataforma, de forma a perceber, por dentro, o que acarreta este conceito de jornalismo. 
Quanto às plataformas analisadas, concluímos, que todas têm os seus méritos, foram bem desenvolvidas, são simples e funcionais. O Vourno apresenta ser uma plataforma ligada ao formato de notícias por vídeo, enquanto que o Slashdot opta pela utilização do formato em texto. Ainda assim o seu funcionamento é similar e os seus princípios assentam na partilha livre de informação, recorrendo para a isso a uma comunidade. O NEWS UM, a plataforma desenvolvida pelo grupo, foi criada tendo em conta as plataformas analisadas e os conceitos abordados neste projeto, pelo que pretende apoiar os mesmos princípios, criando novos jornalistas no meio em que está inserida, neste caso, a Universidade do Minho.
CROWDSOURCING NO JORNALISMO 25 
8. Referências 
Bowman, S., & Willis, C. (2003). We Media: How Audiences Are Shaping the Future of News and Information. J.D.Lasica. Obtido de Hypergene. 
Brambilla, A. M., & Rocha, J. (2010). Comunicação relacional e as mediações possíveis no jornalismo colaborativo. In: Produção e Colaboração no Jornalismo Digital. Insular. 
Demers, D. (2007). History and Future of Mass Media: An Integrated Perspective. Hampton Pr. 
Doan, A., Ramakrishnan, R., & Halevy, Y. A. (2011). Crowdsourcing Systems on the World-Wide Web. Obtido de Crowdsourcing.org: http://www.crowdsourcing.org/document/crowdsourcing-systems-on- the-world-wide-web/6430 
Glaser, M. (2006). Your Guide to Citizen Journalism. Obtido de PBS: http://www.pbs.org/mediashift/2006/09/your-guide-to-citizen- journalism270 
Howe, J. (2006). The Rise of Crowdsourcing. Obtido de Wired: http://www.wired.com/wired/archive/14.06/crowds_pr.html 
Howe, J. (2008). Crowdsourcing : why the power of the crowd is driving the future of business. New York : Crown Business. 
Kiss, J. (2005). Journalism.co.uk. Obtido de Citizen journalism: Dealing with dinosaurs: http://www.journalism.co.uk/news/citizen-journalism- dealing-with-dinosaurs/s2/a51458/ 
Lévy, P. (1997). A Inteligência Colectiva - Para uma antropologia do ciberespaço. Instituto Piaget. 
Lévy, P. (1999). Cibercultura. 34. 
Lévy, P. (2007). Inteligência coletiva (A). Edições Loyola. 
Outing, S. (2005). The 11 Layers of Citizen Journalism. Obtido de Poynter.: http://www.poynter.org/uncategorized/69328/the-11-layers-of- citizen-journalism/ 
Por, G. (2006). blog of collective inteligence. Obtido de http://www.community- intelligence.com/blogs/public. 
Primo, A., & Träsel, M. (2006). Webjornalismo participativo e a produção aberta de notícias. Obtido de Universidade Federal do Rio Grande do Sul: http://www.ufrgs.br/limc/PDFs/webjornal.pdf
CROWDSOURCING NO JORNALISMO 26 
Surowiecki, J. (2004). The Wisdom of Crowds: Why the Many Are Smarter Than the Few and How Collective Wisdom Shapes Business, Economies, Societies and Nations . Knopf Doubleday Publishing Group. 
Tapscott, D., & Williams, A. D. (2009). Wikinomics: A Nova Economia das Multidões Inteligentes. Quidnovi. 
i Jane’s Intelligence Review é um jornal internacional que se dedica a análise da segurança, desenvolvimento e defesa da segurança nacional.

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  • 1. CROWDSOURCING NO JORNALISMO 1 CROWDSOURCING NO JORNALISMO Universidade do Minho 2013/2014 Gestão do Conhecimento, da Aprendizagem e da Inteligência Organizacional André Braga Nº61547 Rui Rocha Nº53865 David Baía Nº61553
  • 2. CROWDSOURCING NO JORNALISMO 2 ÍNDICE Crowdsourcing no jornalismo........................................................................................................................ 1 2013/2014 ............................................................................................................................................................ 1 Gestão do Conhecimento, da Aprendizagem e da Inteligência Organizacional ...... 1 1. Introdução ................................................................................................................................................... 3 2. Contextualização ..................................................................................................................................... 4 2.1. Inteligência Coletiva ..................................................................................................................... 4 3. O Crowdsourcing ..................................................................................................................................... 6 3.1. O que é o Crowdsourcing? .......................................................................................................... 6 3.2. Iniciativas de Crowdsourcing .................................................................................................... 6 3.3. Vantagens e Desvantagens do Crowdsourcing .................................................................. 8 3.4. Plataformas de Crowdsourcing ................................................................................................. 8 4. Crowdsourcing no Jornalismo ........................................................................................................ 11 4.1. Tipos de Crowdsourcing no Jornalismo ............................................................................. 11 4.1.1. Jornalismo Open Source ...................................................................................................... 11 4.1.2. Jornalismo Participativo ...................................................................................................... 11 4.1.3. Jornalismo Colaborativo ...................................................................................................... 12 4.2. Vantagens e Desvantagens do Crowdsourcing no Jornalismo .................................. 12 4.3. Impactos económicos e sociais do Crowdsourcing no jornalismo .......................... 13 4.4. Plataformas de Crowdsourcing associadas ao Jornalismo ......................................... 14 4.5. Diferenças e semelhanças entre plataformas .................................................................. 16 5. Análise a Plataformas ......................................................................................................................... 17 5.1. O Slashdot ........................................................................................................................................ 17 5.2. O Vourno .......................................................................................................................................... 19 6. Uma Iniciativa de Citizen Journalism ......................................................................................... 21 7. Conclusão ................................................................................................................................................... 23 8. Referências ............................................................................................................................................... 25
  • 3. CROWDSOURCING NO JORNALISMO 3 1. Introdução Este projeto enquadra-se no âmbito da unidade curricular Gestão do Conhecimento da Aprendizagem e da Inteligência Organizacional (GCAIO), do Mestrado Integrado em Gestão e Engenharia de Sistemas de Informação (MIEGSI). Decorre durante o primeiro semestre do quarto ano, no ano letivo de 2013/2014. A equipa é constituída por três elementos e o projeto será desenvolvido em duas fases, numa primeira fase será entregue um relatório intermédio, focado na revisão teórica do tema e na apresentação das plataformas que serão exploradas mais tarde. Na segunda fase será entregue o relatório final que retratará todo o trabalho desenvolvido na execução deste projeto, incidindo mais na exploração das plataformas em análise. Nesta fase proceder-se-á também à apresentação e defesa deste projeto. O presente relatório diz respeito à segunda fase do projeto. Neste projeto pretende-se dar resposta à pergunta: “O que é o crowdsourcing?”, mais concretamente o crowdsourcing no jornalismo. Irão ser exploradas as aplicações deste conceito no jornalismo, com recurso a exemplos reais concretos de plataformas atuais que aplicam este conceito. Os recentes avanços nas tecnologias da informação, nomeadamente o desenvolvimento da internet alterou as formas de comunicação e participação social drasticamente. Conceitos novos como inteligência coletiva, e nomeadamente o crowdsourcing são representativos dessas alterações. Serão analisados diferentes tipos de crowdsourcing no jornalismo, as suas vantagens e desvantagens, e será ainda explorado o seu impacto em termos económicos e sociais. Serão expostas algumas plataformas de crowdsourcing com o intuito de dar a conhecer como estas operam e de que forma pode ser vantajosa a sua utilização. Espera-se que estes exemplos práticos ajudem a clarificar o conceito de crowdsourcing no jornalismo, e que esta componente mais prática seja elucidativa da forma como este atua no mundo atual e como pode ser vantajosa a sua utilização. Será concebida uma breve explicação por forma a clarificar as principais diferenças e semelhanças entre as diversas plataformas expostas. Inserido nesta parte mais prática do projeto a equipa lançou a sua própria plataforma de crowdsourcing no jornalismo, chamada News UM, que será apresentada em detalhe neste relatório. Por último, será analisado todo o trabalho realizado no presente relatório, abordar-se-ão as principais dificuldades sentidas na sua realização, a forma como a equipa se organizou na sua execução e de que forma contribuiu para o nosso enriquecimento académico. Serão expostas as principais conclusões sobre o crowdsourcing no jornalismo, de forma a demonstrar o que apreendemos com a realização deste projeto.
  • 4. CROWDSOURCING NO JORNALISMO 4 2. Contextualização 2.1. Inteligência Coletiva A Inteligência Coletiva é um conceito cada vez mais atual devido à enorme relevância e impacto que a comunicação social e a internet têm na vida das populações. Este conceito é definido por Surowiecki (2004) como Sabedoria das Multidões em que argumenta que as decisões obtidas em grupo são quase sempre melhores que as obtidas individualmente pelos elementos do grupo. De acordo com Lévy (2007) a inteligência coletiva é “uma inteligência distribuída por toda parte, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta uma mobilização efetiva das competências”. Para Lévy (1997) graças ao desenvolvimento e expansão da internet, as pessoas “comuns” podem agora colaborar e interagir de forma mais fácil, rápida e eficiente no que toca à partilha dos seus conhecimentos de forma a ajudar a criar melhores soluções. Ainda para Lévy (1999)“o ideal mobilizador da informática não é mais a inteligência artificial, mas sim a inteligência coletiva, para a valorização, utilização otimizada e a criação de sinergias entre as competências, as imaginações e energias atuais, qualquer que fosse a sua diversidade qualitativa e onde quer se situe.” Segundo George Por (2006), um dos maiores pioneiros na área de inteligência coletiva definiu a como “a capacidade das comunidades humanas evoluírem em harmonia e de uma ordem mais complexa, através dos diversificados meios/mecanismos de colaboração, integração e por vezes até competição”. Tapscott e Williams (2009) definiram a inteligência coletiva como sendo “a capacidade de conjugar o conhecimento de milhões (se não milhares de milhões) de utilizadores de uma forma auto-organizada. De modo a que essa inteligência coletiva seja próspera, é necessário respeitar quatro princípios fundamentais: Abertura, Peering, Partilha e Agir Globalmente.  Abertura – O surgimento dos meios de comunicação social é marcado pela relutância das organizações em partilhar ideias, conceitos, conhecimento e metodologias de trabalho, estes eram vistos como uma vantagem competitiva e a sua partilha com o público era encarada como uma perda dessa vantagem.  Peering – É um esforço colaborativo, seja de pessoas ou organizações, onde cada parte contribui voluntariamente e de forma aberta com o intuito de desenvolver produtos ou tecnologia.  Partilha – Apesar de haver uma certa relutância quanto a partilha de informação referente ao ambiente organizacional, é possível dizer que são várias as organizações que já se aperceberam do potencial da
  • 5. CROWDSOURCING NO JORNALISMO 5 mesma. Pois ao haver partilha/colaboração entre as organizações é possível ter a perceção do mercado e assim desenvolver produtos/serviços de melhor qualidade de forma a obter vantagem competitiva no mercado.  Agir Globalmente – como todos sabemos são várias as organizações a baixo custo que aumentaram a sua rentabilidade e prestigio no mercado com o avanço da tecnologia e dos meios de comunicação social. Assim e seguindo o exemplo das mesmas, se outras empresas desejaram aumentar o seu volume de negócios e melhorar a qualidade dos produtos/serviços, devem optar por uma abordagem “Open mind” de forma a serem flexíveis ao ponto de avaliarem o que é novo, permanecendo atualizadas com outras praticas organizacionais ao invés de ficarem agarradas as suas convicções.
  • 6. CROWDSOURCING NO JORNALISMO 6 3. O Crowdsourcing 3.1. O que é o Crowdsourcing? O termo crowdsourcing proveniente do inglês, que separado em dois significa crowd – multidão e source – fonte, pode-se desta forma perceber melhor o seu significado, ou seja, pode ser entendido como uma fonte de informação proveniente de um conjunto de pessoas. De um ponto de vista mais técnico o crowdsourcing pode ser visto como um modelo de produção de informação que aplica a inteligência e conhecimentos coletivos e voluntários de um conjunto de pessoas com o intuito de resolver problemas, criar conteúdo, soluções ou até novas tecnologias. Jeff Howe (2008) define crowdsourcing como sendo “a força de muitos que gera sinergias para realizar melhor tarefas que antes eram privilégio de poucos indivíduos especializados”. O crowdsourcing tem-se tornado rapidamente numa nova ferramenta de inovação, servindo para gerar novas ideias, reduzir o tempo de investigação e desenvolvimento de projetos para as mais diversas áreas, possibilitando a diminuição do custo de financiamento de projetos e criando ainda uma espécie de elo entre os clientes, que financiam os projetos, e a organização. 3.2. Iniciativas de Crowdsourcing Graças ao desenvolvimento global e a uma melhor perceção do poder do crowdsourcing foram originados vários tipos de crowdsourcing, ou seja, originaram-se diversas tipologias que apenas têm em comum a um critério de classificação: crowd (multidão). Iremos referenciar então algumas iniciativas de crowdsourcing assim definidas por Doan, Ramakrishnan e Halevy (2011) . De entre os diferentes tipos de iniciativas de crowdsourcing temos:  Crowdcasting – Neste tipo de iniciativas de crowdsourcing, um indivíduo, empresa ou organização propõe ao público um problema ou tarefa, sendo recompensado quem resolvê-lo primeiro ou quem fornecer a melhor solução. Nesses problemas ou tarefas, a multidão traz conhecimentos específicos numa área particular, resolvendo um problema individual.  Crowdcollaboration – Os indivíduos contribuem com o seu conhecimento e competências para resolver problemas ou ideias de forma colaborativa, enquanto a empresa que inicia o processo fica de fora e geralmente não há recompensa financeira.
  • 7. CROWDSOURCING NO JORNALISMO 7 o Crowdstorming – Estas iniciativas são sessões de brainstorming (Um brainstorming é uma reunião destinada a incentivar a total libertação da atividade mental, sem restrições, tendo como objetivo a recolha de um elevado numero de ideias) online, em que as ideias são propostas e a multidão envolve-se com comentários e votos. o Crowdsupport – Neste caso, os clientes ou os próprios usuários são os que resolvem as questões ou problemas dos outros, sem ter que ir para o serviço pós-venda. A diferença com crowdstorming é que o crowdsupport procura ajudar.  Crowdcontent – nestas tarefas, a multidão usa o seu trabalho e conhecimento para criar ou encontrar conteúdos de vários tipos. Ela difere da crowdcasting porque crowdcontent não é uma competição, mas cada indivíduo irá trabalhar individualmente e, no final, os resultados de todos os participantes serão juntados. Assim, pode-se encontrar três subtipos que diferem na sua relação com os conteúdos tratados: o Crowdproduction – Aqui, o público tem de criar o conteúdo, como aquele que é criado ao traduzir pequenos fragmentos de texto. o Crowdsearching – Neste caso, os participantes têm de pesquisar o conteúdo disponível na Internet com algum objetivo. Por exemplo, encontrar emails de certos tipos de empresas. o Crowdanalyzing – Este caso é semelhante ao crowdsearching, com a diferença que não é feita a pesquisa com documentos de texto da Internet, mas com documentos multimídia, como imagens ou vídeos.  Crowdfunding – Este tipo de iniciativa, é um mecanismo para obter financiamento onde pessoas fazem pequenas doações com vista a concretização de uma ideia ou projeto. É um sistema de financiamento coletivo, que se baseia na apresentação de pequenos projetos e em que se apela ao cidadão comum para dar um pequeno contributo financeiro, por vezes existe uma recompensa.  Crowdopinion – Neste caso, o objetivo é ouvir a opinião dos usuários sobre um tópico ou produto, ou seja, a multidão dá a sua opinião ou julgamento por forma a avaliar.  Crowdwisdom – Este método é baseado na ideia de que um grupo de pessoas é, em média, mais bem informados do que um indivíduo.  Crowdvoting – Ocorre quando um website reúne opiniões de um grande grupo sobre um determinado tópico.  Crowddemocracy – Tem como objetivo permitir à multidão participar em decisões democráticas.  Crowdcreation – Trata-se de uma atividade de “criação”, que consiste em pedir a indivíduos e empresas para resolver um dilema particular que cria uma solução satisfatória para o problema específico.
  • 8. CROWDSOURCING NO JORNALISMO 8  Crowdreviews – Tem como objetivo a partilha de informação sobre diversas atividades, de forma a oferecer ajuda a outras. 3.3. Vantagens e Desvantagens do Crowdsourcing Segundo Howe (2006) muitos dos intervenientes em iniciativas de crowdsourcing participam nestes projetos apenas pelo desafio, e para colaborar, sem receber nenhum tipo de remuneração, isto faz com que as empresas disponham de recursos e serviços pelos quais teriam de pagar a custos muito reduzidos, permitindo assim uma enorme poupança nas despesas. Estas iniciativas permitem que a informação de chegue de forma muito mais rápida aos utilizadores de informação, isto torna a partilha de informação e conhecimento muito mais fácil e ágil. Contudo esta produção acelerada em massa de conteúdos faz com que muitas vezes o resultado final não seja exatamente aquilo que era pretendido, ou seja, ter vários utilizadores a produzirem conteúdo, alguns não especializados, faz com que seja criado conteúdo em demasia que acaba por não corresponder exatamente à ideia original do projeto. Isto leva a que por vezes seja difícil distinguir qual a informação verdadeira, ou mesmo qual a informação essencial e pertinente para o contexto. Outra das desvantagens do crowdsourcing é a questão da confidencialidade, com o aumento a este tipo de projetos e com a facilidade de utilização das tecnologias não é fácil manter a barreira da confidencialidade e da privacidade, isto é especialmente grave por exemplo para empresas que pretendam ganhar uma vantagem competitiva em relação aos seus concorrentes e que assim vêm informação que deviam ser confidenciais a serem partilhadas livremente pelo mundo. 3.4. Plataformas de Crowdsourcing As plataformas de crowdsourcing podem ser vistas como um local onde se pode resolver problemas ou tarefas através da colaboração de várias pessoas, permitindo desta forma adquirir uma solução ou resposta bem mais robusta, resultado de diversas opiniões partilhadas pelos utilizadores. De um de vista mais harmonioso, pode ser visto como uma prática de filantropia, em que pessoas que apesar de não se conhecerem se identificam umas com as outras, e procuram partilhar ideias de forma a resolver determinados problemas. Hoje em dia existem diversas plataformas de crowdsourcing, de inúmeras áreas de interesse, desde desenvolvimento de software, design gráfico, moda, educação, investimentos, ou seja, um sem-número de possibilidades que se oferecem online, seja através de portais, websites, ou fóruns, que juntos canalizam todo o potencial das comunidades online. Foram selecionadas algumas plataformas genéricas que aplicam os ideais defendidos pelo crowdsourcing de forma a perceber que este representa várias
  • 9. CROWDSOURCING NO JORNALISMO 9 áreas e as diferenças existentes quando comparadas estas plataformas com as de jornalismo:  Johnny Cash Project – este projeto permite aos utilizadores e fãs do artista Johnny Cash fazer uma homenagem, através do envio de desenhos, imagens, retratos, etc; que serão utilizados para fazer um vídeo para a música “Ain’t No Grave. As manifestações artísticas são feitas através da plataforma, onde são depois escolhidas as melhores para ser utilizadas no vídeo, permitindo desta forma criar um ideia única e inovadora que pretende imortalizar esta lenda da música.  Kickstarter – esta plataforma promove o financiamento de projetos criativos e abrange todo o tipo de áreas de interesse. Ajuda a captação de recursos financeiros necessários doados pelos utilizadores. Os utilizadores são só cobrados pelo investimento feito caso os recursos financeiros necessários mínimos necessários para o projeto avançar sejam atingidos, protegendo desta forma quem faz donativos. Para chamar a atenção de doadores, os detentores do projeto dão extras por quem doar mais dinheiro.  33needs – esta aplicação web permite aos investigadores conectarem-se a um conjunto de pequenos empresários espalhados pelo mundo. Esta aplicação web divide os seus projetos em categorias como, educação, comunidade, planeta, entre outros. O objetivo é o de os pequenos empresários colocarem as suas necessidades em termos de financiamento necessário, apresentarem o problema e como pretendem resolvê-lo, para os investidores poderem investir. O 33needs e os responsáveis do projeto recebem uma percentagem de 5% e 3%, respetivamente, do financiamento, contudo não recebem nada caso o objetivo do investimento não seja atingido. Assim os pequenos empresários utilizam a aplicação web para encontrar uma forma de concretizar os seus projetos e o caminho para o sucesso, enquanto os investidores procuram projetos de onde possam tirar proveitos.  Crowdrise – esta plataforma permite suportar organizações de voluntariado e caridade através da doação de dinheiro. Os utilizadores podem criar perfis para ajudar a angariar dinheiro para um organização ou para se juntar a um projeto existente.  StreetJournal.org – plataforma lançada na cidade de Perm hoje já opera na maioria das grandes cidades de toda a Rússia, ou seja, um exemplo do uso do crowdsourcing para resolver problemas urbanos na Rússia. Além dos cidadãos comuns, as autoridades locais tem usado a plataforma com o intuito, de monitorizarem e acompanharem os problemas que vão surgindo e reagirem rapidamente de forma mais eficiente as necessidades da população.  DonorsChoose – permite a professores pedir fundos para necessidades específicas em salas de aula e escolas. Os pedidos podem ser para as mais
  • 10. CROWDSOURCING NO JORNALISMO 10 variadas áreas, como ciências, artes, etc; Esta plataforma permite melhorar os níveis de ensino nas escolas, através destes projetos.  SellaBand – é um website onde artistas pedem investimento para conseguir gravar álbuns profissionalmente. Os artistas mantém total crédito pelo trabalho desenvolvido e decidem os incentivos a dar aos fãs que doarem dinheiro. O modelo de investimento permite ainda aos artistas entrar em contratos com as editoras. Os artistas mantêm o controlo sobre a sua carreira e têm 100% de liberdade para criarem a música que quiserem. SellaBand permite ainda que editoras criem aqui projetos para os seus artistas de forma a criar uma base de fãs necessária para os artistas darem o próximo passo na carreira.
  • 11. CROWDSOURCING NO JORNALISMO 11 4. Crowdsourcing no Jornalismo Quando associado ao jornalismo, o crowdsourcing é possível identificar-se em três tipos de abordagens diferentes.  Observação geral do dia-a-dia por parte da população que reporta aquilo que viu e ouviu em forma de notícia.  No momento dos noticiários, as redações pedem ao seu público-alvo que partilhe fotos, vídeos ou testemunhos de algo que viram.  Este último ponto está associado ao jornalismo de investigação, em que o jornalista pede a ajuda dos leitores para que estes se debrucem sobre o tema em questão, a análise, investigue e tire suas próprias conclusões. O papel do jornalista será o de recolher toda essa informação e analisar. 4.1. Tipos de Crowdsourcing no Jornalismo Com o aumento das ferramentas disponíveis e a massificação da internet, o mundo foi-se aos poucos tornando uma “aldeia global”, o que permitiu ma mais fácil comunicação e aproximação das pessoas de diferentes partes do mundo, trazendo consigo um enorme impacto sobre diversas áreas. O jornalismo não foi exceção. Com toda esta massificação, a divulgação e publicação de conteúdos levou ao aparecimento de uma média mais heterogénea e mais participativa. Isto abriu portas a que pessoas independentes se tornassem capazes de produzir e divulgar informação/conhecimentos, originando desta forma diferentes tipos de jornalismo, conhecidos como open source, participativo e colaborativo. 4.1.1. Jornalismo Open Source O conceito de jornalismo open source surgiu pela primeira vez a partir do site Slashdot, onde o editor de um jornal chamado Jane’s Intelligence Reviewi pediu a opinião dos leitores sobre o artigo que queria publicar. As pessoas foram dando a sua opinião o que acabou por levar à rejeição do artigo e à reescrita do mesmo. Desta formas as pessoas passar a perceber que tinham um papel na cobertura da média social, auxiliando os jornalistas a escrever notícias mais precisas e fundamentadas. A partir deste momento diversos autores da área passaram a utilizar termos como jornalismo participativo e jornalismo colaborativo, isto porque o termo open source não se referia essencialmente à publicação de notícias e conteúdos, mas sim ao acesso livre a ferramentas on- line e ao desenvolvimento de software. 4.1.2. Jornalismo Participativo Bowman e Willis (2003) admitem que o jornalismo participativo “é o acto de um cidadão ou grupo de cidadãos que têm um papel activo no processo de recolha, análise, produção e distribuição de informações. O objectivo desta
  • 12. CROWDSOURCING NO JORNALISMO 12 participação é oferecer a informação independente, fidedigna, variada, precisa e relevante que uma democracia requer”. Primo e Trasel (2006) procuram substituir o termo jornalismo participativo por jornalismo web, e definem-no como “práticas desenvolvidas em secções ou na sua totalidade de um período noticioso na Web, onde a fronteira entre a produção de informação e leitura não pode ser claramente definida porque não existe”. Ainda que se possa cair no erro de achar que jornalismo participativo esta apenas ligado à web, não há nada que impeça um cidadão comum de ter um determinado assunto, foto, vídeo seu, publicado em alguma capa de jornal ou telejornal do mundo. Segundo Rocha e Brambilla (2010) no jornalismo participativo está inerente uma participação ao longo do desenvolvimento da notícia, portanto admite-se uma intervenção contínua. 4.1.3. Jornalismo Colaborativo Jornalismo colaborativo é um conceito de jornalismo que admite a intervenção de voluntários que ajudam a desenvolver novas notícias ou a examinar as já existentes. Os participantes são desta forma vistos como um complemento. Para Outing (2005) o jornalismo colaborativo não é um termo que possa ser aplicado por todas as organizações, já que é algo muito complexo e com um escopo de variações muito abrangente. Segundo Glaser (2006) o jornalismo colaborativo reside na ideia de que com a internet, os utilizadores, mesmo que não possuindo a profissão de jornalistas podem recorrer a ferramentas tecnológicas para ajudar a desenvolver e criar novo conteúdo e informação sozinhos e sem a intervenção de especialistas da área. Rocha e Brambilla (2010) admitem que no jornalismo colaborativo existe uma relação pontual entre o público e a notícia a desenvolver, pelo que a intervenção é apenas temporária e ocorre em determinado período de desenvolvimento da notícia. Kiss (2005) indica que o jornalismo colaborativo não está, ainda, totalmente desenvolvido e que se encontra rodeado num véu de constante mudança, pelo que admite que o se significado não é consensual. Ainda assim Kiss (2005) acredita que o jornalismo colaborativo está presente quando os utilizadores publicam conteúdo, nas mais diversas formas e nos mais diversos sítios. É um resultado da circunstância já que advém da presença dos utilizadores, que reportam a informação, no local onde se deu o acontecimento. Prova mais comum disso são o envio de vídeos para as estações televisivas, relacionados com catástrofes naturais ou acontecimentos do género. 4.2. Vantagens e Desvantagens do Crowdsourcing no Jornalismo O crowdsourcing associado ao jornalismo é uma mais-valia estratégica quer para consumidores, quer para produtores de notícias. Cria um novo
  • 13. CROWDSOURCING NO JORNALISMO 13 paradigma na relação do leitor com a notícia, deixando este, de ser um mero consumidor e passa a ser parte do processo de construção da notícia. Dá ao leitor a oportunidade de interagir com maior facilidade, os veículos agregam mais valor ao conteúdo, torna-se mais fácil despertar interesse no leitor pela notícia e a sua partilha é potenciada, uma vez que um leitor que contribui para a elaboração da notícia está mais propenso a partilhá-la, aqui se mostra também que a utilização da internet e das redes sociais em particular, contribui para o sucesso deste conceito. Este crescente fenómeno fomenta a partilha de informação, o facto de compreender a utilização de um grande número de utilizadores para narrar os fatos, faz com que a notícia seja mais desafiada e contestada e tenha por base uma maior diversidade de argumentos. Esta diversidade de origem de proveniência dos factos também constitui uma desvantagem, os dados são recolhidos em parte não por um jornalista mas por um conjunto de utilizadores que podem ser ou não, qualificados. O facto de a comunidade estar inserida neste processo levanta questões de veracidade e dá origem a discussões éticas. Em suma, este tipo de abordagem ao jornalismo contribui para a disseminação das notícias, e fornece uma base maior de conhecimento para a produção de material noticioso, esta, pode no entanto ser vista como uma desvantagem, por contar com um espetro alargado de colaboradores, questões éticas e de veracidade podem surgir, retirando credibilidade à notícia. 4.3. Impactos económicos e sociais do Crowdsourcing no jornalismo Hoje em dia o jornalismo está a passar um tempo de metamorfoses entre a desestruturação, o desunir de muito do que até aqui se encontrava agrupado e que constituía até há pouco tempo uma fórmula vencedora, e a reestruturação, a inovação e a procura de novos e duradouros agrupamentos" “É possível o crowdsourcing no jornalismo estar a ameaçar o jornalismo convencional?” Segundo Demers (2007) a maioria das organizações dos média irão continuar a crescer no século XXI, no entanto a sua capacidade para controlar a informação irá diminuir. Os novos média impulsionados pelo crowdsourcing irão continuar a crescer e a expandir pois os serviços que estes oferecem não podem ser oferecidos pelas grandes organizações a um nível que seja possível tirar lucro. As grandes organizações preferem um público vasto e indiferenciado que oferece o maior lucro possível, no entanto a intervenção da Web 2.0 irá tornar cada vez mais difícil controlar o mercado. Uma das teses de Demers é que o aumento da complexidade económica e social leva a uma descentralização do poder e autoridade e estimula o crescimento das democracias. É um facto que os média estão a perder poder para a internet, que permite aos utilizadores contornar a informação oferecida por estes, de forma a procurar notícias, informação e conhecimento.
  • 14. CROWDSOURCING NO JORNALISMO 14 Nesta atualidade em que vivemos num mundo cada vez mais cheio de controvérsias, os cidadãos recorrem às armas fornecidas pela Web 2.0 para se fazerem ouvir e demonstrarem os seus interesses. Desta forma representam uma força de combate contra as organizações que não aceitam este novo tipo de jornalismo, e por isso cingem-se ao jornalismo convencional. Atualmente, com o problema da guerra na Síria e noutros países, é, principalmente, graças a estes cidadãos que são os olhos e ouvidos do mundo, que se vai sabendo do que se vai passando no país, caso contrário só se saberia aquilo que o governo transmitisse cá para fora. Desta forma o aumento no número de escolhas dilui mais ainda o poder dos média, que irão, de qualquer das formas, continuar a ter um forte papel na vida das pessoas nas décadas vindouras, e irão continuar a suportar as elites e instituições poderosas. 4.4. Plataformas de Crowdsourcing associadas ao Jornalismo Estas plataformas de crowdsourcing estão associadas ao jornalismo e permitem a intervenção do utilizador das mais diversas formas, desde a sua intervenção nos mais variados estágios do desenvolvimento de notícias, no financiamento de projetos relacionados com jornalismo, na indicação de que notícias as pessoas querem saber, etc. Todas estas plataformas permitem, ainda, que isto seja feito em vários formatos, seja imagens, texto, vídeo, etc. Todo este conjunto de plataformas procura a interação com os utilizadores de forma a criar novo conteúdo, e por sua vez novo conhecimento de melhor qualidade. Posto isto apresentam-se então algumas plataformas:  Wikinews (Crowdsourcing colaborativo) – à semelhança da wikipédia, o wikinews disponibiliza notícias vindas de todo o mundo, em que qualquer utilizador pode adicionar ou editar o conteúdo desde que cite as fontes de informação. Funciona como uma biblioteca de notícias desde as mais antigas até às mais recentes, que é gerida graças a voluntários que prescindem do seu tempo e dinheiro por uma causa maior, neste caso, informar o mundo.  Spot.us (Crowdsourcing participativo) – esta plataforma serve para financiamento de projetos de jornalismo. Os utilizadores partilham as suas informações e histórias procurando aumentar as probabilidades de receber financiamento. Os utilizadores podem ser recrutados pelos jornalistas para ajudar na elaboração de conteúdo que será posteriormente publicado no website. Caso o conteúdo de um ou mais jornalistas seja publicado no website, 90% do valor da receita é para o jornalista(s) envolvido(s), pelo que os restantes 10% são atribuídos aos gestores da plataforma. Desta forma os utilizadores tem a possibilidade de participar e ajudar a construir conteúdo que depois pode vir a ser
  • 15. CROWDSOURCING NO JORNALISMO 15 publicado. Para que as notícias sejam alvo de possível doação, tem que passar primeiro por um conjunto de medidas definidas pelo Spot.us.  Slashdot (Crowdsourcing colaborativo) – é conhecido por ser uma plataforma onde se coloca notícias e comentários relacionados com as áreas das TI. Os utilizadores são livres de enviar artigos que podem mais tarde vir a ser publicados. O Slashdot funciona assim como uma espécie de fórum, em que um dos objetivos é ter os amantes das tecnologias a consultar e a partilhar ideias e notícias na sua página.  Global Reporter (Crowdsourcing colaborativo) – nesta plataforma os utilizadores são encorajadas a divulgar assuntos relacionados com as comunidades em que estão inseridos, sendo uma espécie de jornalistas da zona. A informação pode ser reportada em forma de texto, imagens ou vídeos.  Global For Me (Crowdsourcing colaborativo) – Global For Me é uma plataforma de notícias que dá o poder de decisão ao cliente, as notícias não são filtradas por nenhum editor, é o cliente que decide que notícias quer receber. Esta plataforma conta com jornalistas de todo os cantos do mundo, pode cobrir histórias desde os locais mais remotos do planeta até algo que acontece mesmo ao meu lado, esta plataforma fornece-nos a oportunidade para pensar globalmente e atuar localmente. Qualquer tópico pode ser explorado e transformado numa notícia, desde que haja interesse suficiente, se vários utilizadores demonstrarem interesse numa notícia sobre um tópico específico, os administradores desta plataforma irão disponibilizar um profissional para produzi uma notícia sobre este assunto. O interesse é então a chave para se conseguir uma história, quanto mais pessoais requisitarem uma determinada história mais hipóteses há de ela ser produzida, e de publicada mais rapidamente, portanto, tudo aqui depende do poder em espalhar a palavra, de fazer com que outros se interessem pela história que querem ver publicada. Esta plataforma vive de donativos, quanto mais pessoas doarem para uma história, mais rápida a sua publicação acontecerá. Existe ainda uma modalidade de donativos em que um utilizador pode ter total controlo sobre a história decidir qual o tema e ter uma palava final antes da sua publicação. Em suma, se utilizadores suficiente desta plataforma, mostrarem interesse numa história, essa história será produzida.  Vourno (Crowdsourcing colaborativo) – Vourno é a maior plataforma de financiamento e uma rede de notícias independente assente no jornalismo por vídeo. Oferece aos jornalistas os recursos necessários para produzir notícias com qualidade, relevantes e permite ao público a possibilidade de financiar, avaliar, partilhar e ver essas notícias.
  • 16. CROWDSOURCING NO JORNALISMO 16 Qualquer notícia criada por um jornalista pode ser colocada, exposta e distribuída na rede de notícias. O Vourno procura democratizar as notícias e mudar o paradigma do jornalismo. 4.5. Diferenças e semelhanças entre plataformas A partir da análise feita acima podemos afirmar que as plataformas 33needs, Kickstarter, Crowdrise, SellaBand e DonorsChoose são semelhantes por serem plataformas de financiamento, ou seja, crowfounding que apela ao financiamento dos utilizadores interessados para conseguir que os seus projetos sejam tornados realidade. Aprofundando um pouco mais sabemos que o Kickstarter visa projetos criativos e não apoia projetos de caracter social, já as plataformas 33needs e Crowdrise visam essencialmente o apoio a projetos de caracter social (caridade e apoio social). SellaBand procura “vender” uma banda e dar então assim início às suas carreiras. Já o DonorsChoose visam melhorar a qualidade do ensino através de projetos para as escolas. As plataformas (Johnny Cash Project, Streetjournal.org) são distintas das restantes, que visam situações e modelos diferentes de aplicação. Johnny Cash Project baseia-se no apelo à criatividade dos utilizadores para participarem num último tributo a um músico, enquanto, Streerjournal.org visa à informação à monitorização quanto a inúmeros problemas urbanos dos cidadãos locais. No que diz respeito às plataformas associadas ao jornalismo estas são bastante distintas e com propósitos diferentes. A plataforma Spot.Us é a única plataforma apresentada que recorre ao crowdfunding, enquanto as outras plataformas visam a intervenção dos utilizadores por forma a criar, desenvolver notícias de melhor qualidade e que interessem ao público
  • 17. CROWDSOURCING NO JORNALISMO 17 5. Análise a Plataformas 5.1. O Slashdot O Slashdot é conhecido por ser uma plataforma onde se coloca notícias e comentários relacionados com as áreas das TI. Os utilizadores são livres de enviar artigos que podem mais tarde vir a ser publicados. O Slashdot funciona assim como uma espécie de fórum, em que um dos objetivos é ter os amantes das tecnologias a consultar e a partilhar ideias e notícias na sua página. O Slashdot apresenta algumas funcionalidades que o distinguem de outras plataformas de crowdsourcing. Essas funcionalidades ajudam a fazer a gestão da plataforma, bem como a garantir qualidade do conteúdo. Figura 1- Página do Slahsdot  Firehose – O Firehose é uma poderosa ferramenta de visualização de conteúdo. Permite filtrar as notícias que queremos de diversas maneiras. A caixa de mais / menos no lado esquerdo de cada entrada Firehose permite votar nesse item. Um menu é exibido quando se clica, o que lhe dá a opção de adicionar algumas tags positivas ou negativa. Esta Votação e marcação são úteis, pois ajudam a informar outros usuários, e os editores a decidir quais notícias vão para a primeira página. O Firehose possuí, ainda, um sistema de cores que classifica as notícias das mais populares às menos populares.  Karma – O Karma é uma funcionalidade que ajuda a identificar o tipo de utilizador que cada um é. O Karma atribui um caráter positivo aqueles utilizadores que publiquem notícias, façam comentários construtivos, ou seja, tenham uma conduta apropriada. Aqueles que se revelem desrespeitosos com os outros utilizadores e que façam comentários que em nada contribuam para uma discussão saudável é lhes então atribuído um caráter negativo.
  • 18. CROWDSOURCING NO JORNALISMO 18  Moderation – Esta funcionalidade procura avaliar os comentários feitos pelos utilizadores, tendo para isso disponível diversas categorias de avaliação, tais como Funny, Off Topic, Overrated, etc. Os utilizadores são sorteados para poderem fazer esta moderação e só o podem fazer durante um limitado período de tempo, dando depois a hipótese a outros.  Achievements – É uma funcionalidade que presenteia os utilizadores com títulos relacionados com as suas atividades na plataforma.  Jobs – Informa os utilizadores sobre oportunidades de emprego relacionados com as áreas das TI, permitindo-lhes assim a possibilidade de se candidatarem a uma vaga.  TV – Oferece notícias relacionadas com as TI em formato de vídeo.  Channels – Permite visualizar notícias relacionadas com áreas de Business Intelligence, Data Center, Cloud e Carrers. De forma a angariar novos jornalistas, é apresentado o formulário para o envio de uma notícia para o Slashdot. São apenas precisos três tópicos: um título, a notícia e ainda um URL, caso haja necessidade de citar uma fonte. Figura 2- Formulário de Submissão de Notícias
  • 19. CROWDSOURCING NO JORNALISMO 19 5.2. O Vourno Vourno é a maior plataforma de financiamento e uma rede de notícias independente assente no jornalismo por vídeo. Oferece aos jornalistas os recursos necessários para produzir notícias com qualidade, relevantes e permite ao público a possibilidade de financiar, avaliar, partilhar e ver essas notícias. Qualquer notícia criada por um jornalista pode ser colocada, exposta e distribuída na rede de notícias. O Vourno procura democratizar as notícias e mudar o paradigma do jornalismo. O Vourno possuí então quatro principais funcionalidades:  Criar um projeto  Financiar um projeto  Submeter Notícias  Ver Notícias Figura 3- Página do Vourno O Vourno apresenta 5 dicas que eles consideram essenciais para um projeto ter sucesso.  Completar o perfil de utilizador  Definir claramente o âmbito e objetivos do projeto  Efetuar campanhas de difusão do projeto  Contactar os média  Ser ativo nas redes sociais
  • 20. CROWDSOURCING NO JORNALISMO 20 Figura 4 – 5 Dicas para um Projeto com Sucesso O formulário de submissão de notícias do Vourno é bastante simples. Apenas e preciso fazer o upload do vídeo a partir do nosso computador ou então fornecer o endereço onde o vídeo esta alojado. Figura 5- Formulário de Submissão de Notícias Na visualização das notícias o Vourno disponibiliza várias categorias em que se pode selecionar aquela com que queremos que as notícias estejam relacionadas. Oferece a possibilidade de ver as notícias mais recentes, mais populares e ainda as notícias relacionadas com a nossa zona. Já dentro de uma notícia tem funcionalidades que permitem avaliar a notícia, contribuindo desta forma para o ranking da notícia.
  • 21. CROWDSOURCING NO JORNALISMO 21 Figura 6 - Visualização de uma Notícia 6. Uma Iniciativa de Citizen Journalism Como parte da exploração prática do conceito de crowdsourcing, associado ao jornalismo, a equipa desenvolveu uma iniciativa no seio da Universidade do Minho. Tirando partido das redes sociais, especificamente o facebook, criamos um grupo, chamado News UM, aberto a toda a comunidade estudantil. Este grupo convida todos os frequentadores da Universidade do Minho a partilharem as suas estórias, da forma que entenderem, no formato que desejarem, desde que a notícia seja relacionada com a universidade. Aqui todos podem ser jornalistas e leitores simultaneamente. A ideia deste grupo passa também por difundir este conceito, explicar do que se trata, e dar a conhecer plataformas atuais e relevantes. Para tal a equipa elaborou alguns textos explicativos e irá disponibilizar todo o material, em diversos formatos, que julgue relevante. Como uma das primeiras iniciativas, em associação com outra equipa de trabalho, divulgamos um pequeno questionário, criado por ela, com o intuito de perceber qual o estado atual de conhecimento em relação ao conceito de crowdsourcing. O resultado deste NEWS UM Figura 7 - Logótipo NEWS UM
  • 22. CROWDSOURCING NO JORNALISMO 22 questionário será apresentado e discutido no relatório da equipa (Marco Rodrigues 60044, Pedro Matos 60040 e José Pedro Cunha 58322), e posteriormente estes resultados serão divulgados neste grupo e abertos à discussão da comunidade. Este grupo, tal como o conceito de crowdsourcing, depende da participação e envolvimento da comunidade, de forma a estimular esse envolvimento, apelamos a que a comunidade se pronunciasse quanto ao seu formato preferido de notícia, texto, vídeo, etc. Figura 8 - Publicação 1 NEWS UM A equipa pretende estimular a participação de todos, e como tal, em forma de incentivo, está a preparar algumas notícias, lançamos um repto, com dois temas de interesse, “A qualidade das refeições nas cantinas UM” e “Porque não há mais salas disponíveis para os alunos trabalharem em Azurém?”, estes temas encontram-se em votação, aquele que reunir mais votos será posteriormente abordado numa notícia, produzida pela equipa de trabalho, no formato que reunir mais consenso pela comunidade. Figura 9 - Publicação 2 NEWS UM Com esta iniciativa, a equipa espera dar a conhecer este conceito, atrair adeptos para uma nova forma de encarar o jornalismo e o mesmo tempo criar um espaço útil, de discussão sobre a nossa universidade.
  • 23. CROWDSOURCING NO JORNALISMO 23 7. Conclusão A proliferação de notícias na internet levou ao surgimento de um novo conceito aplicado ao jornalismo, o crowdsourcing. Começamos por contextualizar este conceito com o de Inteligência Coletiva, que pode ser definido como o processo de colaboração e interação em massa entre pessoas, na partilha dos seus conhecimentos para a criação de melhores soluções. Num mundo cada vez mais online, esta interação é facilitada e acontece de forma mais frequente e eficaz, pode-se considerar que o público se sente motivado a atuar em comunidade com o objetivo de conquistar uma sensação de identidade e pertença a um grupo, para obter autorrealização pessoal e melhorar os seus conhecimentos através da aprendizagem proporcionada pela interação com outras pessoas, de diferentes culturas e crenças. Este papel ativo do público está intrinsecamente relacionado com a necessidade de ganhar status, de se relacionar com outras pessoas, de compreender e dar sentido aos acontecimentos que o rodeiam, de informar e ser informado, educar e ser educado, criar. (Holanda, 2007) O crowdsourcing associado ao jornalismo é uma ferramenta estratégica na produção e disseminação de conteúdo (notícias) nos meios sociais. Possibilita à comunidade participar, colaborar e até produzir conteúdo noticioso. Neste novo paradigma os leitores passam a interagir em todos os momentos do processo de criação de uma notícia, desde a investigação até à sua publicação. Isto constitui uma nova relação entre o jornalista e o público, favorecendo a participação do último nas decisões editoriais mas nunca de uma apropriação da função noticiosa, constitui uma ação colaborativa de troca de informações. O jornalista deixa assim de ser o narrador oficial dos factos, é este o princípio fundamental do crowdsourcing associado ao jornalismo (Holanda 2007). Identificamos três tipos de crowdsourcing associado ao jornalismo, o jornalismo open source, que foi o primeiro conceito a surgir, muito relacionado com a difusão da internet devido aos comentários e envio de notícias por parte dos seus utilizadores, o jornalismo colaborativo, caraterizado por utilizadores da internet poderem participar ativamente na produção e partilha de conteúdo jornalístico e por último, o jornalismo participativo, onde um grupo de pessoas atuam coletivamente no processo de criação e partilha de material noticioso. O crowdsourcing mostra-nos como é possível tirar partido das tecnologias de informação, mais especificamente a internet, permitindo alterar a relação entre produtores e consumidores. O jornalismo, fazendo uso destas tecnologias e conceitos permite aos utilizadores fazer parte ativa no processo noticioso, e assim contribuir para uma maior difusão das notícias, o utilizador naturalmente irá partilhar o conteúdo que ajuda a produzir. Isto, em última análise, leva ao aumento da transparência e qualidade das notícias produzidas. Como parte deste projeto, exploramos a componente prática deste conceito. Analisamos algumas das plataformas que identificamos, inscrevemo-nos nelas,
  • 24. CROWDSOURCING NO JORNALISMO 24 percebemos o seu funcionamento e tornamo-nos parte desta comunidade. Em adição desenvolvemos ainda a nossa própria plataforma, de forma a perceber, por dentro, o que acarreta este conceito de jornalismo. Quanto às plataformas analisadas, concluímos, que todas têm os seus méritos, foram bem desenvolvidas, são simples e funcionais. O Vourno apresenta ser uma plataforma ligada ao formato de notícias por vídeo, enquanto que o Slashdot opta pela utilização do formato em texto. Ainda assim o seu funcionamento é similar e os seus princípios assentam na partilha livre de informação, recorrendo para a isso a uma comunidade. O NEWS UM, a plataforma desenvolvida pelo grupo, foi criada tendo em conta as plataformas analisadas e os conceitos abordados neste projeto, pelo que pretende apoiar os mesmos princípios, criando novos jornalistas no meio em que está inserida, neste caso, a Universidade do Minho.
  • 25. CROWDSOURCING NO JORNALISMO 25 8. Referências Bowman, S., & Willis, C. (2003). We Media: How Audiences Are Shaping the Future of News and Information. J.D.Lasica. Obtido de Hypergene. Brambilla, A. M., & Rocha, J. (2010). Comunicação relacional e as mediações possíveis no jornalismo colaborativo. In: Produção e Colaboração no Jornalismo Digital. Insular. Demers, D. (2007). History and Future of Mass Media: An Integrated Perspective. Hampton Pr. Doan, A., Ramakrishnan, R., & Halevy, Y. A. (2011). Crowdsourcing Systems on the World-Wide Web. Obtido de Crowdsourcing.org: http://www.crowdsourcing.org/document/crowdsourcing-systems-on- the-world-wide-web/6430 Glaser, M. (2006). Your Guide to Citizen Journalism. Obtido de PBS: http://www.pbs.org/mediashift/2006/09/your-guide-to-citizen- journalism270 Howe, J. (2006). The Rise of Crowdsourcing. Obtido de Wired: http://www.wired.com/wired/archive/14.06/crowds_pr.html Howe, J. (2008). Crowdsourcing : why the power of the crowd is driving the future of business. New York : Crown Business. Kiss, J. (2005). Journalism.co.uk. Obtido de Citizen journalism: Dealing with dinosaurs: http://www.journalism.co.uk/news/citizen-journalism- dealing-with-dinosaurs/s2/a51458/ Lévy, P. (1997). A Inteligência Colectiva - Para uma antropologia do ciberespaço. Instituto Piaget. Lévy, P. (1999). Cibercultura. 34. Lévy, P. (2007). Inteligência coletiva (A). Edições Loyola. Outing, S. (2005). The 11 Layers of Citizen Journalism. Obtido de Poynter.: http://www.poynter.org/uncategorized/69328/the-11-layers-of- citizen-journalism/ Por, G. (2006). blog of collective inteligence. Obtido de http://www.community- intelligence.com/blogs/public. Primo, A., & Träsel, M. (2006). Webjornalismo participativo e a produção aberta de notícias. Obtido de Universidade Federal do Rio Grande do Sul: http://www.ufrgs.br/limc/PDFs/webjornal.pdf
  • 26. CROWDSOURCING NO JORNALISMO 26 Surowiecki, J. (2004). The Wisdom of Crowds: Why the Many Are Smarter Than the Few and How Collective Wisdom Shapes Business, Economies, Societies and Nations . Knopf Doubleday Publishing Group. Tapscott, D., & Williams, A. D. (2009). Wikinomics: A Nova Economia das Multidões Inteligentes. Quidnovi. i Jane’s Intelligence Review é um jornal internacional que se dedica a análise da segurança, desenvolvimento e defesa da segurança nacional.