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Durante a expedição Soja Brasil, os objetivos do Projeto foram mostrar todos os componentes da
cadeia produtiva de soja, discutindo seus aspectos positivos e negativos, além de apresentar o
desempenho das lavouras de soja da safra 2012/2013 em várias localidades do Brasil, revelando a
diversidade de tecnologias próprias para cada situação e ressaltando a pertinência de cada uma de
acordo com características edafoclimáticas regionais.

A expedição visitou 97 localidades em regiões produtoras de soja no Brasil e entrevistou 143
produtores de soja. Com isso, teve-se uma amostra bem representativa de como se desenvolveu
a soja durante o ano safra 2012/2013 e quais foram os principais entraves técnicos que poderiam
comprometer o rendimento da cultura.

Tecnologias aplicadas de forma equivocada contribuíram para que a soja não tivesse seu
rendimento máximo e também promovesse aumentos no custo de produção, porém observamos
lavouras conduzidas com tecnologias adequadas que representaram altos rendimentos com
custos reduzidos.

Do conjunto de situações negativas ressaltamos as seguintes:

SOLOS DESCOBERTOS

O fato técnico que mais chamou atenção durante a expedição foi a enorme quantidade de solos
descobertos, sem nenhum tipo de cobertura. O Solo precisa ser protegido contra o calor
promovido pelo sol, a erosão eólica provocada pelos ventos e o estrago feito pelas águas das
chuvas.

O calor afeta muito as condições microbiológicas dos solos. Um grande número de
microrganismos,     fungos,   bactérias,   actinomicetos     e   principalmente      microrganismos
solubilisadores, responsáveis pela oferta de nutrientes para as plantas, são muito afetados pelo
excesso de calor na camada superficial e tudo isso diminui a fertilidade dos solos

A erosão eólica arrasta pela ação do vento grande quantidade de areia e argila da camada
superficial dos solos.

As águas das chuvas, o problema mais sério, produz uma série de fatos negativos nos solos. O
impacto das gotas de chuva contra o solo destrói as estruturas dos solos e arrasta grande
quantidade de nutrientes quando há escorrimento de água na superfície.
Os solos podem ser protegidos com um conjunto de técnicas de preservação que incluem sistemas
onde se cultivam espécies que produzem grandes quantidades de palha. Milheto, braquiária,
aveia, trigo, são espécies que produzem palha com relação C/N alta, de decomposição lenta. O
cultivo do milheto, solteiro, durante dois meses, produz palha suficiente para proteção do solo
durante todo o ano assim como a braquiária cultivada em consorcio com o milho safrinha.

Os efeitos de adubos químicos são inócuos, quando os solos não oferecem umidade, ação dos
microrganismos e temperaturas amenas, para a efetivação das reações químicas necessárias nos
processos de solubilização dos nutrientes.

PRESENÇA DESCONTROLADA DA PLANTA DANINHA BUVA

O controle de plantas daninhas é uma das preocupações tanto dos agricultores como de técnicos e
pesquisadores. A buva está presente em quase todas as localidades até agora visitadas, e o capim
amargoso mais encontrado no Mato Grosso do Sul e Paraná. Além de grande infestação das duas
espécies, em ambas são encontradas resistências ao glifosato, o que torna seus controles mais
complicados e mais caros.

O manejo dessas plantas exige um conjunto de ações como, por exemplo, a manutenção da
cobertura do solo, com culturas como aveia, ou consórcios de milho safrinha com braquiárias ou o
cultivo do milheto para formação de palha. Tanto é que durante nossa expedição, observamos
que, em fazendas que mantêm o solo coberto durante todo o ano, a presença dessas plantas
daninhas era atenuada ou inexistente.

PLANTAS DE MILHO CONCORRENDO COM A SOJA

Um fato vem ocorrendo em várias regiões há pelo menos três anos e aumentando sua incidência
de ano para ano. Agricultores cultivam milho depois da soja, colhida entre 15 de janeiro ate 15 de
fevereiro, o denominado, milho safrinha. Alguns agricultores optaram pelo milho BT,
geneticamente modificado, no qual foram introduzidos genes específicos de Bacillus thuringienssis
que levam à produção de proteínas tóxicas a determinadas ordens de insetos considerados pragas
(insetos que causam danos econômicos) para a cultura.

Durante a colheita do milho, sempre cai no solo grãos que normalmente germinam, mas são
eliminados quando da dessecação antes da semeadura da soja ou depois da soja germinada com
aplicação do glifosato. Mas tem ocorrido que esse milho “tiguera” ou “guaxo” não é aniquilado
com aplicação do glifosato, sugerido um milho RR. Então a questão é: SEMeou-se um milho BT,
mas a tiguera desse milho se comporta como um milho RR, como pode isso acontecer? Ficam duas
hipóteses: mistura de sementes de milho RR com sementes de milho BT, ou polinização do milho
BT com pólen de milho RR.

O fato é que há um grande problema estabelecido. Em áreas de soja, neste ano, há casos de 65%
de plantas de soja e 35% de plantas de milho. Essa ocorrência, está exigindo dos agricultores
gastos não previstos com herbicidas para controle do milho “tiguera”, ocorrendo casos em que
não há mais controle, ou seja, o milho “tiguera” se desenvolveu, cresceu e não tem mais com ser
controlado no meio da lavora de soja.

ANTECIPAÇÃO DA SEMEADURA DA SOJA ASSOCIADA A VARIEDADES PRECOCES

Em várias regiões do Brasil visitas pela equipe da expedição onde se cultiva soja, lavouras foram
semeadas a partir do dia 21 de setembro. Agricultores que optaram por semear variedades
superprecoces não tiveram rendimentos acima de 42 sacas por hectare. As estiagens ocorridas no
início de outubro, aproximadamente de 15 dias, e em dezembro, com 10 dias, estão associadas a
altas temperaturas e não permitiram um desenvolvimento pleno da cultura.

A semeadura de variedades superprecoces naquela data normalmente não contribui para um
desenvolvimento máximo da soja. Qualquer estresse ligado a fatores climáticos tem efeito
superior em variedades de ciclo superprecoce quando comparado às de ciclo precoce ou
semiprecoce.

Na cidade de Campo Novo dos Parecis, no oeste de Mato Grosso, região entre 500 até 600 metros
de altitude, em função de estiagem ocorrida durante no mês de outubro, a soja semeada no final
de setembro e início de outubro apresentou sérios problemas, como ataque de lagarta elasmo e
falhas no stand. Em algumas lavouras, houve necessidade de replantio.

Durante o ciclo da soja, as condições de umidade do solo, aliadas à capacidade do solo em
fornecer nutrientes, são as principais responsáveis pelo crescimento das plantas e produção de
grãos. Como os nutrientes são disponibilizados às plantas através da solução do solo, quando
ocorre deficiência hídrica, as plantas sofrem carência de água e de nutrientes. Na ausência de
outras limitações, as condições favoráveis de umidade no solo durante o período vegetativo
favorecem o crescimento, resultando em plantas com altura compatível com a colheita
mecanizada. O desejável é que as plantas alcancem uma altura acima de 60 centímetros (cm), por
ocasião da maturação, o que contribui para reduzir as perdas de grãos na operação de colheita.

Para garantir, além da germinação e emergência, uma alta taxa de crescimento das plantas desde
os primeiros estádios de desenvolvimento, o solo, por ocasião da semeadura, deve estar com boa
umidade em todo o perfil.

De forma geral, há uma antecipação da época de semeadura da soja nas regiões de Rondônia e
Centro Oeste. Isso para viabilizar o cultivo do milho safrinha apos a colheita da soja. Vale ressaltar
aqui que, de modo geral, o período preferencial para a semeadura da soja, nessas regiões, vai de
meados de outubro ate 10 de dezembro. Entretanto, é no mês de novembro que se obtém as
maiores produtividades e alturas de planta adequadas. Em áreas bem fertilizadas e com alta
tecnologia, pode-se conseguir boa produção em semeaduras realizadas até 20 de dezembro. No
entanto, em vista dos danos mais severos da ferrugem nas lavouras semeadas mais tarde, a
tendência é iniciar a semeadura o mais cedo possível que garanta altos rendimentos, recaindo na
maioria dos casos em segunda quinzena de outubro e primeira de novembro.

SEMEADURA DA SOJA EM CONDIÇÕES ADVERSAS - SEMEADURA NO PÓ

Alguns agricultores semearam a soja no pó, em condições de solo muito seco e, com isso, sem
chance para que a soja tivesse boa germinação.

A qualidade da semente no caso de semeadura no pó é fundamental. Deve-se consultar, quando
da aquisição das sementes, o Boletim de Análises de Sementes, o Atestado de Origem, o
Certificado de Sementes, ou o Termo de Conformidade das Sementes produzidas, que podem ser
fornecidos pelo produtor ou comerciante das mesmas. No conjunto desses documentos, deve-se
prestar atenção nos itens germinação (%), pureza (%) material inerte (%) e outras sementes (%),
Alguns produtores dispõem também de resultados de testes de vigor, como por exemplo, o de
tetrazólio e de envelhecimento acelerado, muito importantes quando a semeadura é no pó, uma
vez que a semente vai passar por tempo indefinido em condições de estresse.

Outro fator importante quando a semeadura é no pó diz respeito à adubação. O adubo deve cair
ao lado e debaixo das sementes. Caso caia muito perto, haverá uma competição por água entre
adubo e semente, além do fato abrasivo que o adubo pode fazer nas sementes.

LAVAOURAS DE SOJA CONTAMINADAS COM VÁRIOS GÊNEROS DE NEMATOIDES
Em situações de clima seco, os sistemas radiculares comprometidos por nematoides não
conseguem se desenvolver para absorver a água necessária para a soja.

Durante a expedição do Projeto Soja Brasil, observamos várias lavouras de soja com áreas
comprometidas em função da presença de nematoides em praticamente todas as regiões
visitadas, perto de oitenta localidades.

Os fitonematoides são parasitas obrigatórios das plantas. Não se alimentam nem se reproduzem
na ausência de plantas vivas. Podem atingir populações elevadas em áreas cultivadas. A rotação
de culturas tem grande influência sobre a densidade dos fitonematoides, e a adequada sucessão
ou rotação de culturas é um importante fator no seu controle.

A quantidade de lavouras de soja com presença de nematoides é grande e bem além da nossa
expectativa se consideramos que há um conjunto de informações, de tecnologias disponíveis, para
atenuar os danos promovidos por esse parasita.

As propostas de sucessão e rotação de culturas aliadas às informações sobre as reações de
determinadas cultivares de soja quanto aos nematoides, se praticadas pelos agricultores,
asseguram o desenvolvimento pleno da soja de qualquer dano produzido por esse parasita.
Também condições de solo como compactação e pH elevado favorecem a presença e o dano por
nematoides.

Do conjunto de variedades indicadas para todas as regiões produtoras de soja no Brasil, mais de
50 % apresentam resistência ou moderada resistência às principais espécies de nematoides.

A sucessão de culturas soja e milho safrinha são ideais para a permanência e o aumento da
população do nematoide das lesões Pratylenchus brachyurus, e somente a Crotalaria spectabilis
pode diminuir significativamente sua população.

O nematoide de galhas Heterodera glycines tem sua população atenuada com as espécies
vegetais, aveia preta, milheto, nabo, milho, sorgo, algodão, girassol e braquiária ruziziensis.

A presença e o consequente dano na cultura da soja promovidos por nematoides não deveriam
acontecer com tanta magnitude se consideramos o conjunto de informações disponíveis para
controle desse parasita.

FORMAS DE ADUBAÇÃO
Uma prática comum nos últimos anos é a adubação a lanço, tanto do fósforo como do potássio.
Ela tem pontos positivos, mas tem também aspectos negativos. Agricultores alegam que esse tipo
de adubação facilita a tarefa de semeadura, com agilidade e consequente tempo reduzido.

A adubação a lanço do potássio para o cultivo da soja é, em determinadas situações,
recomendada. Em solo arenoso com baixa CTC para se evitar lixiviação, é indicado para
quantidade de K20 maior que 50 kg/ha fazer a adubação de 1/3 da quantidade total indicada na
semeadura ou em pré-semeadura, e 2/3 em cobertura, 30 a 40 dias após a semeadura,
respectivamente, para cultivares de ciclo mais precoce e mais tardio. Considera-se que o potássio
é um nutriente (elemento) de grande mobilidade no solo.

O fósforo é um nutriente (elemento) de baixa mobilidade no solo. À lanço, o fósforo é adicionado
na superfície do solo, ficando muitas vezes inerte (não reagindo) ou concentrado nos primeiros
centímetros do solo. A, prática de adubação fosfatada a lanço, em solos com baixa concentração
deste nutriente, tornar o fósforo limitante, principalmente pela má distribuição no perfil do solo.

A alternativa é semear adubo no período antes da semeadura. Usar a semeadeira só com adubo,
pois desta forma o adubo é enterrado na superfície do solo. Essa prática tem vantagens sobre a
adubação a lanço, pois o fósforo reage melhor com o solo (solubiliza).

PRESENÇA E DESCONTROLE DE PRAGAS SECUNDÁRIAS

Durante o desenvolvimento da cultura da soja, esta fica exposta a um conjunto de
aproximadamente 36 espécies de insetos, com diferentes magnitudes de danos. Danos que se
iniciam nas sementes colocadas no solo até a colheita.

Os danos de insetos/pragas podem ser percebidos já no início, logo após a germinação; porém, o
seu controle está sujeito a uma análise bem criteriosa, fundamentada em resultados de
observação e pesquisa.

Normalmente quando é formada a planilha de custo de produção de uma lavoura de soja, no item
“pragas” (insetos), são considerados os gastos para controle da Lagarta da Soja, Lagarta Falsa
Medideira, dos percevejos Verde, Pequeno, Marrom e o Barriga Verde. A somatória de custos no
item pragas variam de 11 a 15% do custo total.
Em alguns anos, em determinadas localidades e em função do clima, surgem insetos não previstos,
que em muitos casos são considerados como pragas secundárias. Mas, dependendo da
quantidade, exigem controles.

Durante a expedição do Projeto Soja Brasil, foi verificado a incidência de mais seis pragas
imprevistas ou de menor ataque para a cultura da soja, mas que, se não controladas, produziriam
menor rendimento da soja.

1) Corós: os sintomas de ataque vão desde o amarelecimento das folhas e a redução do
crescimento até morte das plantas. São visualizados em reboleiras.

2) Mosca branca: na cultura da soja, a mosca branca causa danos diretos pela sucção da seiva,
provocando alterações no desenvolvimento vegetativo e reprodutivo. Durante a alimentação, a
mosca branca excreta substâncias açucaradas que cobrem as folhas, resultando na formação da
fumagina, que murcha e causa queda das folhas, antecipando o ciclo da cultura.

3) Ácaros: os ácaros causam danos perfurando as células e se alimentando do líquido exsudado
nas bordas das nervuras da face inferior dos folíolos das plantas de soja. Inicialmente, o ataque
resulta na coloração esbranquiçada ou prateada dos folíolos, passando para a coloração
amarelada e, posteriormente, apresentam a cor marrom. Populações elevadas podem causar a
queda prematura de folhas e perdas acentuadas na produção. Na lavoura, pode ocorrer o
definhamento das plantas e quedas na produtividade de grãos da ordem de 50%.

3) Lesmas: as lesmas podem destruir os cotilédones, causar desfolha e até mesmo a morte das
plantas. Na colheita, quando em altas populações, podem provocar o embuchamento das
colhedoras.

4) Lagarta da maça do algodoeiro: em geral, as lagartas comem vagens, mas podem, também, se
alimentar de folhas e brotos terminais. Os danos nas vagens produzem perdas de até 25 % do
rendimento.

5) Lagarta da espiga do milho, Helicoverpa zea: Essa lagarta é uma praga do milho, porém nos
últimos anos têm atacado também a soja. Os danos são observados a partir de formação das
vagens. A lagarta fura as paredes da vagem e se alimenta dos grãos em formação. Podem
comprometer até 30% do rendimento final.
Todas essas seis pragas foram observadas em lavouras percorridas pela nossa expedição. O
controle significa um aumento no custo de produção entre 1,0 até a 4,0 sacas de soja a mais.

Do conjunto de situações positivas ressaltamos as seguintes:

ADUBAÇÃO PARA A SOJA CONSIDERANDO O SISTEMA DE SUCESSÃO E ROTAÇÃO DE CULTURAS

Em clima seco, adubações equilibradas aplicadas no sulco de semeadura favorecem o melhor
aproveitamento de nutrientes necessários à soja, contribuindo para maiores rendimentos.

Entendem-se por “adubar por sistema”, uma prática que leva em consideração, para definição das
quantidades de adubo, os resultados de analises de solo; as demandas nutricionais de cada cultura
que compõem o sistema; a evolução da fertilidade do solo, ou seja, pelos resultados de análises de
solo observar se os principais nutrientes estariam em disponibilidade crescente ou decrescente;
os rendimentos anteriores das culturas que compõem o sistema; a situação de acidez do solo; a
capacidade de troca catiônica (CTC); e os principais nutrientes sempre acima do nível crítico.

A adubação por sistema considera também o efeito residual das adubações anteriores sobre a
sucessão de culturas. Desta forma, é possível uma redução nos custos com adubação sem
comprometer os rendimentos.

A adubação por sistema permite, em muitos casos, adubar uma só cultura da sucessão por safra.
Na fazenda Condor, de propriedade do Engenheiro Agrônomo Valdecir Sovernigo, no município de
Jataí, em Goiás, é feita a sucessão soja, milho e feijão em um mesmo ano-safra. A soja, na safra
2011/2012, foi adubada com 173 quilo (kg)/hectare (ha) de P2O5, 150 kg/ha de K2O e mais 1,5
kg/ha de Boro. O milho, na sequência, foi adubado só com nitrogênio (N), 90 kg/ha de N mais os
micronutrientes, Boro e Cobre. O feijão semeado ainda no ano 2012 foi adubado com 37 kg/ha de
nitrogênio 57 kg/ha de P2O5, e 150 kg /ha de K2O mais Boro via foliar. Nesse processo de
adubação, o milho foi adubado só com nitrogênio.

No custo de produção do milho, normalmente o item adubo representa cerca de 40% dos custos
com insumos, quando se considera na adubação além do nitrogênio, o fósforo e o potássio. Como
o fósforo e o potássio não foram utilizados no processo, a redução de custos representa cerca de
26%.
No ano safra 2011/2012, os rendimentos da sucessão foram 3720 kg/ha de soja, 6900 kg/ha de
milho e 3480 kg/ha de feijão, totalizando mais 14 toneladas de grãos.

PRÁTICA DO PLANTIO DIRETO

Em solos cobertos com palha durante todo o ano reduz-se muito as perdas provocadas pela falta
de umidade nos solos. O sistema de plantio direto (SPD) pressupõe a cobertura permanente do
solo que, preferencialmente, deve ser feita com as culturas comercias ou, quando não, por
culturas de cobertura do solo.

Esta cobertura deverá resultar do cultivo de espécies que dispunham de certos atributos como
grande produção de massa seca, elevada taxa de crescimento, tolerância à seca e ao frio, a não
infestação de áreas, fácil manejo, sistema radicular vigoroso e profundo, elevada capacidade de
reciclagem de nutrientes, fácil produção de sementes, elevada relação C/N, entre outros.

A pequena produção de palha pela soja, aliada à rápida decomposição dos seus resíduos, pode
tornar-se um problema para a viabilização do SPD, especialmente quando essa leguminosa é
cultivada como monocultura. Para contornar essa dificuldade, a soja deve compor sistemas de
rotação de culturas adequadamente planejados. Com isso, haverá permanente cobertura e
suficiente reposição de palhada.

Em Toledo (PR), um grupo de agricultores pratica uma sucessão de culturas que produz cobertura
do solo durante, praticamente, todo o ano/safra. A soja é semeada no início de outubro e colhida
no final de janeiro ate início de fevereiro, em seguida é semeado o milho safrinha que será colhido
em meados de julho. Logo após, é cultivada a aveia preta, que durante dois meses vai produzir
massa, sendo esta dissecada para a nova semeadura de soja.

Essa sucessão de culturas em um mesmo ano/safra irá produzir uma diversidade e um grande
volume de massa seca e, o mais importante, tem apresentado um excelente controle de plantas
daninhas, especialmente a buva.

O CONTROLE DA FERRUGEM DA SOJA

A ferrugem da soja é, sem dúvida, o grande desafio da agricultura. Existem estratégias para
atenuar esse grande problema. Do conjunto de agricultores entrevistados durante nossa
expedição, todos fazem uma aplicação de fungicida de forma preventiva. Uns quando aparece a
primeira flor, outros entre o estádio vegetativo V5 e V6. Outro grupo planta soja logo após o vazio
sanitário e toma como referência para a primeira aplicação de fungicida o surgimento da ferrugem
nesta parcela. Alguns tomam como referência quando as linhas de soja fecham.

O momento certo das aplicações é fundamental, uma vez que o sucesso na primeira pulverização
acarreta o êxito nas aplicações seguintes, podendo ser mais uma ou mais três ou até quatro
dependendo do ciclo e época de semeadura.

Considerando a produção de soja nas duas últimas safras, 2010/2011 com 75.324 mil toneladas, e
2011/2012 com 66.383 mil toneladas - justifica-se a menor produção na ultima safra em função da
seca que ocorreu em várias regiões do Brasil - com o rendimento médio de 3115 kg/ha e de 2651
kg/ha, respectivamente. Informações mostram que o consumo de fungicida na safra 2011/2012 foi
muito menor que o da safra 2010/2011.

A informação acima pode ser compreendida da seguinte forma: as condições climáticas favoráveis
ao desenvolvimento da ferrugem são temperatura entre 18º a 28º C, horas de molhamento foliar
acima de 10 horas, (tempo chuvoso) e presença de orvalho por mais de 6 horas, condições que
ocorreram com menor frequência na safra passada.

A considerar o que está acontecendo nesta safra, as estratégias para as aplicações de fungicidas
devem considerar as questões relativas às condições de umidade mais favoráveis ao
desenvolvimento da ferrugem.

Em períodos úmidos e quentes o controle biológico natural exercido pelo fungo Nomurea rileyl é
muito efetivo no controle da lagarta da soja. Suspeita-se que o uso generalizado de fungicidas para
controlar a ferrugem da soja esteja causando efeitos deletérios nos fungos entomopatogênicos e,
como consequência, levando aos surtos de lagartas como as da lagarta-falsa-medideira. Daí a
importância do desenvolvimento e uso prático de fungicidas seletivos a estes inimigos naturais de
pragas. Retardar a primeira aplicação de fungicida, obviamente sem prejuízo no controle das
doenças da soja, permite o estabelecimento de fungos benéficos que fazem o controle microbiano
da praga.

O ESTABELECIMENTO DE METAS COMO CRITÉRIO PARA A CONDUÇÃO DE LAVOURAS DE SOJA

Fazendas com ótimo sistema de planejamento, com áreas médias de 5000 hectares, têm obtido
um rendimento de soja 58,28 sacas/ha em função do conjunto de tecnologias adotadas.
A rotação de culturas e um perfeito sistema de plantio direto têm assegurado alta rentabilidade,
com 348,00 US$/ha/ano para a soja.

A soja, o milho safra, o algodão e o milho safrinha, rotacionados de forma que a soja só seja
cultivada em um talhão durante duas safras seguidas, têm assegurado alta rentabilidade. São
incluídos em sistema o milheto e o nabo. O milheto destaca-se como uma das principais culturas,
devido ao seu rápido desenvolvimento vegetativo, pois atinge 5 a 8 t/ha de matéria seca entre os
45 e 60 dias após a semeadura, proporcionando excelente cobertura do solo. O uso do milheto
visa a reposição da palhada em área de plantio direto.

O sistema de rotação de culturas adotado em fazenda com o algodão tem proporciona uma
grande redução no custo de produção da soja. A quantidade de adubo usada no algodão cerca de
1300 ate 1600 kg/ha, gera um efeito residual dessa adubação da qual a soja pode aproveitar,
desde que as condições físicas e químicas do solo sejam adequadas. Essas condições acontecem
quando, por exemplo, o teor de matéria orgânica do solo é bom, e isso é obtido quando se pratica
um sistema de rotação em que participe culturas para a produção de palha. Na media a adubação
utilizada é de 300 kg/ha da formula 02-30-10, porém quando a soja vem depois do algodão, essa
quantidade é reduzida para 100 kg/ha, sem nenhum prejuízo de rendimento.

PLANEJAMENTO – CUSTOS – TECNOLOGIAS - ESTRATÉGIAS

O custo de produção de soja pode ser compreendido em duas grandes etapas. A primeira é o
conjunto de atividades até o momento da semeadura e o segundo da germinação até a colheita.
Na primeira etapa são consumidos, em média, 65% dos custos totais, e na segunda, 35%. A
segunda etapa tem uma importância fundamental, pois ela vai garantir o investimento maior
realizado na primeira.

O custo da primeira etapa, 65% do total, uma vez a soja semeada não tem como ser mais alterado.
Porém, o da segunda etapa, 35% do total, pode ser alterado para mais ou para menos. Para mais,
quando surgem imprevistos, como ocorreu neste ano. A falta de chuvas, em muitos casos, levou
os agricultores a aplicar inseticidas não programados, com isso aumento o custo da segunda
etapa.

Mas há situações em que o custo da segunda etapa pode ser reduzido. Por exemplo, o controle de
insetos, quando bem compreendido - levando em consideração todo o conjunto de informações
para a determinação do momento exato das aplicações de inseticidas, em doses certas,
considerando tamanho e numero de insetos por área - pode levar a uma redução de custos nesta
etapa.

CONCEITO AMPLO DE ALTA TECNOLOGIA

A fazenda Passo Cuê, localizada no município de São Miguel do Iguaçu, no oeste do Paraná, fica ás
margens do Lago Itaipu. Da área total da fazenda, 500 alquieres (1210 ha) são cultivados com soja,
milho safra, milho safrinha, trigo, aveia preta e nabo.

Quando se comenta que em tal fazenda usa-se alta tecnologia, normalmente se associa esse
conceito a alto consumo de insumos e produtos modernos. Na fazenda Passo Cuê, e em outras
fazendas, o conceito de alta tecnologia significa a adoção de práticas agrícolas que garantam
preservação do solo e alto rendimento com uso de insumos de forma racional.

Uma prática de alta tecnologia é a adoção de sistemas de rotação e sucessão de culturas.
Anualmente, na fazenda Passo Cuê, 23 % da área agricultável são cultivados com aveia preta mais
nabo, no inverno, cultivo que não tem nenhum valor econômico, mas que garante altos
rendimentos nas culturas subsequentes como milho e soja. Com a formação de palha, reciclagem
de vários nutrientes, aumento no teor de matéria orgânica, essa prática é uma das que têm
assegurado altos rendimentos de soja na fazenda.

O sistema de rotação de culturas adotado na fazenda em questão é uma das práticas agrícolas que
têm permitido, por exemplo, adubar a soja nesta safra 2012/2013 apenas com superfosfato
simples, com 50 até 60 kg/ha de P2O5 , solo com 12 mg dm_3 de P na média geral da fazenda e
0,45 cmolc dm_3 de potássio.

Esse conjunto de práticas agrícolas têm resultado em altos rendimentos de soja na fazenda. No
ano safra 2009/2010, a média foi de 174 sacas/alqueire ou 72 sac/ha. Já no ano 2010/2011, devido
à estiagem, a média foi de 159 sacas/alqueire ou 65 sac/ha.

ALTERANATIVAS PARA O CONTROLE DE NEMATOIDES

Durante a expedição do Projeto Soja Brasil, observamos lavouras de soja com áreas
comprometidas em função da presença de nematoides em praticamente todas as regiões
visitadas, perto de oitenta localidades.
Os fitonematoides são parasitas obrigatórios das plantas. Não se alimentam nem se reproduzem
na ausência de plantas vivas. Podem atingir populações elevadas em áreas cultivadas. A rotação
de culturas tem grande influência sobre a densidade dos fitonematoides, e a adequada sucessão
ou rotação de culturas é um importante fator no seu controle.

A quantidade de lavouras de soja com presença de nematoides é grande e bem além da nossa
expectativa se consideramos que há um conjunto de informações, de tecnologias disponíveis, para
atenuar os danos promovidos por esse parasita.

As propostas de sucessão e rotação de culturas aliadas ás informações sobre as reações de
determinadas cultivares de soja quanto aos nematoides, se praticadas pelos agricultores,
asseguram o desenvolvimento pleno da soja de qualquer dano produzido por esse parasita.
Também condições de solo como compactação e pH elevado favorecem a presença e o dano por
nematoides.

Do conjunto de variedades indicadas para todas as regiões produtoras de soja no Brasil mais de 50
% apresentam resistência ou resistência moderada às principais espécies de nematoides.

A sucessão de culturas soja e milho safrinha são ideais para a permanência e aumento da
população do nematoide das lesões Pratylenchus brachyurus, e somente a Crotalaria spectabilis
pode diminuir significativamente sua população.

O nematoide de galhas Heterodera glycines tem sua população atenuada com as espécies vegetais
aveia preta, milheto, nabo, milho, sorgo, algodão, girassol e braquiária ruziziensis.

A presença e o consequente dano na soja promovidos por nematoides não deveriam acontecer
com tanta magnitude se consideramos o conjunto de informações disponíveis para o controle
desse parasita.

USO DOS CRITÉRIOS ESTABELECIDOS PARA APLICAÇÃO DE INSETECIDAS NO MANEJO
INTEGRADO DE PRAGAS

Em várias localidades encontramos o percevejo em lavouras de soja, ainda no estádio R1 para R2.
A presença deste inseto nas lavouras e neste estádio levou, muitas vezes, o agricultor a fazer
aplicações de inseticidas antecipadas.
Lembramos que o efeito de inseticidas para controle de percevejos é mais eficiente quando são
observados dois percevejos por metro, no caso de produção de grãos e um percevejo por metro
quando for para produção de sementes, e nos estádios entre R3 até R6 .

Muitas vezes, a aplicação dos inseticidas é realizada de forma inadequada, seja através de
aplicações preventivas, junto com o dessecante ou com o herbicida pós-emergente ou mesmo
com as aplicações de fungicidas. Essas práticas bastante comuns hoje nas lavouras de soja -
visando o aproveitamento de operações e aliado às aplicações frequentes de produtos de amplo
espectro de ação, sobretudo na fase inicial do desenvolvimento da soja e o não uso das
amostragens de pagas com o método do pano - têm levado a um grande desequilíbrio nas
lavouras de soja, acarretando sérios problemas como a eliminação do complexo de inimigos
naturais. Na ausência do controle biológico natural, pragas, normalmente consideradas sem
importância econômica, vêm causando preocupações aos sojicultores, com necessidade, muitas
vezes, de controle. Além disso, pragas principais (percevejos) vêm ocorrendo em níveis
populacionais muito elevados, além da ocorrência de populações de insetos resistentes aos
inseticidas químicos, tudo isso levando a um maior custo de produção e consequências drásticas
de poluição ambiental.

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Desafios e soluções na produção de soja brasileira

  • 1. Durante a expedição Soja Brasil, os objetivos do Projeto foram mostrar todos os componentes da cadeia produtiva de soja, discutindo seus aspectos positivos e negativos, além de apresentar o desempenho das lavouras de soja da safra 2012/2013 em várias localidades do Brasil, revelando a diversidade de tecnologias próprias para cada situação e ressaltando a pertinência de cada uma de acordo com características edafoclimáticas regionais. A expedição visitou 97 localidades em regiões produtoras de soja no Brasil e entrevistou 143 produtores de soja. Com isso, teve-se uma amostra bem representativa de como se desenvolveu a soja durante o ano safra 2012/2013 e quais foram os principais entraves técnicos que poderiam comprometer o rendimento da cultura. Tecnologias aplicadas de forma equivocada contribuíram para que a soja não tivesse seu rendimento máximo e também promovesse aumentos no custo de produção, porém observamos lavouras conduzidas com tecnologias adequadas que representaram altos rendimentos com custos reduzidos. Do conjunto de situações negativas ressaltamos as seguintes: SOLOS DESCOBERTOS O fato técnico que mais chamou atenção durante a expedição foi a enorme quantidade de solos descobertos, sem nenhum tipo de cobertura. O Solo precisa ser protegido contra o calor promovido pelo sol, a erosão eólica provocada pelos ventos e o estrago feito pelas águas das chuvas. O calor afeta muito as condições microbiológicas dos solos. Um grande número de microrganismos, fungos, bactérias, actinomicetos e principalmente microrganismos solubilisadores, responsáveis pela oferta de nutrientes para as plantas, são muito afetados pelo excesso de calor na camada superficial e tudo isso diminui a fertilidade dos solos A erosão eólica arrasta pela ação do vento grande quantidade de areia e argila da camada superficial dos solos. As águas das chuvas, o problema mais sério, produz uma série de fatos negativos nos solos. O impacto das gotas de chuva contra o solo destrói as estruturas dos solos e arrasta grande quantidade de nutrientes quando há escorrimento de água na superfície.
  • 2. Os solos podem ser protegidos com um conjunto de técnicas de preservação que incluem sistemas onde se cultivam espécies que produzem grandes quantidades de palha. Milheto, braquiária, aveia, trigo, são espécies que produzem palha com relação C/N alta, de decomposição lenta. O cultivo do milheto, solteiro, durante dois meses, produz palha suficiente para proteção do solo durante todo o ano assim como a braquiária cultivada em consorcio com o milho safrinha. Os efeitos de adubos químicos são inócuos, quando os solos não oferecem umidade, ação dos microrganismos e temperaturas amenas, para a efetivação das reações químicas necessárias nos processos de solubilização dos nutrientes. PRESENÇA DESCONTROLADA DA PLANTA DANINHA BUVA O controle de plantas daninhas é uma das preocupações tanto dos agricultores como de técnicos e pesquisadores. A buva está presente em quase todas as localidades até agora visitadas, e o capim amargoso mais encontrado no Mato Grosso do Sul e Paraná. Além de grande infestação das duas espécies, em ambas são encontradas resistências ao glifosato, o que torna seus controles mais complicados e mais caros. O manejo dessas plantas exige um conjunto de ações como, por exemplo, a manutenção da cobertura do solo, com culturas como aveia, ou consórcios de milho safrinha com braquiárias ou o cultivo do milheto para formação de palha. Tanto é que durante nossa expedição, observamos que, em fazendas que mantêm o solo coberto durante todo o ano, a presença dessas plantas daninhas era atenuada ou inexistente. PLANTAS DE MILHO CONCORRENDO COM A SOJA Um fato vem ocorrendo em várias regiões há pelo menos três anos e aumentando sua incidência de ano para ano. Agricultores cultivam milho depois da soja, colhida entre 15 de janeiro ate 15 de fevereiro, o denominado, milho safrinha. Alguns agricultores optaram pelo milho BT, geneticamente modificado, no qual foram introduzidos genes específicos de Bacillus thuringienssis que levam à produção de proteínas tóxicas a determinadas ordens de insetos considerados pragas (insetos que causam danos econômicos) para a cultura. Durante a colheita do milho, sempre cai no solo grãos que normalmente germinam, mas são eliminados quando da dessecação antes da semeadura da soja ou depois da soja germinada com aplicação do glifosato. Mas tem ocorrido que esse milho “tiguera” ou “guaxo” não é aniquilado
  • 3. com aplicação do glifosato, sugerido um milho RR. Então a questão é: SEMeou-se um milho BT, mas a tiguera desse milho se comporta como um milho RR, como pode isso acontecer? Ficam duas hipóteses: mistura de sementes de milho RR com sementes de milho BT, ou polinização do milho BT com pólen de milho RR. O fato é que há um grande problema estabelecido. Em áreas de soja, neste ano, há casos de 65% de plantas de soja e 35% de plantas de milho. Essa ocorrência, está exigindo dos agricultores gastos não previstos com herbicidas para controle do milho “tiguera”, ocorrendo casos em que não há mais controle, ou seja, o milho “tiguera” se desenvolveu, cresceu e não tem mais com ser controlado no meio da lavora de soja. ANTECIPAÇÃO DA SEMEADURA DA SOJA ASSOCIADA A VARIEDADES PRECOCES Em várias regiões do Brasil visitas pela equipe da expedição onde se cultiva soja, lavouras foram semeadas a partir do dia 21 de setembro. Agricultores que optaram por semear variedades superprecoces não tiveram rendimentos acima de 42 sacas por hectare. As estiagens ocorridas no início de outubro, aproximadamente de 15 dias, e em dezembro, com 10 dias, estão associadas a altas temperaturas e não permitiram um desenvolvimento pleno da cultura. A semeadura de variedades superprecoces naquela data normalmente não contribui para um desenvolvimento máximo da soja. Qualquer estresse ligado a fatores climáticos tem efeito superior em variedades de ciclo superprecoce quando comparado às de ciclo precoce ou semiprecoce. Na cidade de Campo Novo dos Parecis, no oeste de Mato Grosso, região entre 500 até 600 metros de altitude, em função de estiagem ocorrida durante no mês de outubro, a soja semeada no final de setembro e início de outubro apresentou sérios problemas, como ataque de lagarta elasmo e falhas no stand. Em algumas lavouras, houve necessidade de replantio. Durante o ciclo da soja, as condições de umidade do solo, aliadas à capacidade do solo em fornecer nutrientes, são as principais responsáveis pelo crescimento das plantas e produção de grãos. Como os nutrientes são disponibilizados às plantas através da solução do solo, quando ocorre deficiência hídrica, as plantas sofrem carência de água e de nutrientes. Na ausência de outras limitações, as condições favoráveis de umidade no solo durante o período vegetativo favorecem o crescimento, resultando em plantas com altura compatível com a colheita
  • 4. mecanizada. O desejável é que as plantas alcancem uma altura acima de 60 centímetros (cm), por ocasião da maturação, o que contribui para reduzir as perdas de grãos na operação de colheita. Para garantir, além da germinação e emergência, uma alta taxa de crescimento das plantas desde os primeiros estádios de desenvolvimento, o solo, por ocasião da semeadura, deve estar com boa umidade em todo o perfil. De forma geral, há uma antecipação da época de semeadura da soja nas regiões de Rondônia e Centro Oeste. Isso para viabilizar o cultivo do milho safrinha apos a colheita da soja. Vale ressaltar aqui que, de modo geral, o período preferencial para a semeadura da soja, nessas regiões, vai de meados de outubro ate 10 de dezembro. Entretanto, é no mês de novembro que se obtém as maiores produtividades e alturas de planta adequadas. Em áreas bem fertilizadas e com alta tecnologia, pode-se conseguir boa produção em semeaduras realizadas até 20 de dezembro. No entanto, em vista dos danos mais severos da ferrugem nas lavouras semeadas mais tarde, a tendência é iniciar a semeadura o mais cedo possível que garanta altos rendimentos, recaindo na maioria dos casos em segunda quinzena de outubro e primeira de novembro. SEMEADURA DA SOJA EM CONDIÇÕES ADVERSAS - SEMEADURA NO PÓ Alguns agricultores semearam a soja no pó, em condições de solo muito seco e, com isso, sem chance para que a soja tivesse boa germinação. A qualidade da semente no caso de semeadura no pó é fundamental. Deve-se consultar, quando da aquisição das sementes, o Boletim de Análises de Sementes, o Atestado de Origem, o Certificado de Sementes, ou o Termo de Conformidade das Sementes produzidas, que podem ser fornecidos pelo produtor ou comerciante das mesmas. No conjunto desses documentos, deve-se prestar atenção nos itens germinação (%), pureza (%) material inerte (%) e outras sementes (%), Alguns produtores dispõem também de resultados de testes de vigor, como por exemplo, o de tetrazólio e de envelhecimento acelerado, muito importantes quando a semeadura é no pó, uma vez que a semente vai passar por tempo indefinido em condições de estresse. Outro fator importante quando a semeadura é no pó diz respeito à adubação. O adubo deve cair ao lado e debaixo das sementes. Caso caia muito perto, haverá uma competição por água entre adubo e semente, além do fato abrasivo que o adubo pode fazer nas sementes. LAVAOURAS DE SOJA CONTAMINADAS COM VÁRIOS GÊNEROS DE NEMATOIDES
  • 5. Em situações de clima seco, os sistemas radiculares comprometidos por nematoides não conseguem se desenvolver para absorver a água necessária para a soja. Durante a expedição do Projeto Soja Brasil, observamos várias lavouras de soja com áreas comprometidas em função da presença de nematoides em praticamente todas as regiões visitadas, perto de oitenta localidades. Os fitonematoides são parasitas obrigatórios das plantas. Não se alimentam nem se reproduzem na ausência de plantas vivas. Podem atingir populações elevadas em áreas cultivadas. A rotação de culturas tem grande influência sobre a densidade dos fitonematoides, e a adequada sucessão ou rotação de culturas é um importante fator no seu controle. A quantidade de lavouras de soja com presença de nematoides é grande e bem além da nossa expectativa se consideramos que há um conjunto de informações, de tecnologias disponíveis, para atenuar os danos promovidos por esse parasita. As propostas de sucessão e rotação de culturas aliadas às informações sobre as reações de determinadas cultivares de soja quanto aos nematoides, se praticadas pelos agricultores, asseguram o desenvolvimento pleno da soja de qualquer dano produzido por esse parasita. Também condições de solo como compactação e pH elevado favorecem a presença e o dano por nematoides. Do conjunto de variedades indicadas para todas as regiões produtoras de soja no Brasil, mais de 50 % apresentam resistência ou moderada resistência às principais espécies de nematoides. A sucessão de culturas soja e milho safrinha são ideais para a permanência e o aumento da população do nematoide das lesões Pratylenchus brachyurus, e somente a Crotalaria spectabilis pode diminuir significativamente sua população. O nematoide de galhas Heterodera glycines tem sua população atenuada com as espécies vegetais, aveia preta, milheto, nabo, milho, sorgo, algodão, girassol e braquiária ruziziensis. A presença e o consequente dano na cultura da soja promovidos por nematoides não deveriam acontecer com tanta magnitude se consideramos o conjunto de informações disponíveis para controle desse parasita. FORMAS DE ADUBAÇÃO
  • 6. Uma prática comum nos últimos anos é a adubação a lanço, tanto do fósforo como do potássio. Ela tem pontos positivos, mas tem também aspectos negativos. Agricultores alegam que esse tipo de adubação facilita a tarefa de semeadura, com agilidade e consequente tempo reduzido. A adubação a lanço do potássio para o cultivo da soja é, em determinadas situações, recomendada. Em solo arenoso com baixa CTC para se evitar lixiviação, é indicado para quantidade de K20 maior que 50 kg/ha fazer a adubação de 1/3 da quantidade total indicada na semeadura ou em pré-semeadura, e 2/3 em cobertura, 30 a 40 dias após a semeadura, respectivamente, para cultivares de ciclo mais precoce e mais tardio. Considera-se que o potássio é um nutriente (elemento) de grande mobilidade no solo. O fósforo é um nutriente (elemento) de baixa mobilidade no solo. À lanço, o fósforo é adicionado na superfície do solo, ficando muitas vezes inerte (não reagindo) ou concentrado nos primeiros centímetros do solo. A, prática de adubação fosfatada a lanço, em solos com baixa concentração deste nutriente, tornar o fósforo limitante, principalmente pela má distribuição no perfil do solo. A alternativa é semear adubo no período antes da semeadura. Usar a semeadeira só com adubo, pois desta forma o adubo é enterrado na superfície do solo. Essa prática tem vantagens sobre a adubação a lanço, pois o fósforo reage melhor com o solo (solubiliza). PRESENÇA E DESCONTROLE DE PRAGAS SECUNDÁRIAS Durante o desenvolvimento da cultura da soja, esta fica exposta a um conjunto de aproximadamente 36 espécies de insetos, com diferentes magnitudes de danos. Danos que se iniciam nas sementes colocadas no solo até a colheita. Os danos de insetos/pragas podem ser percebidos já no início, logo após a germinação; porém, o seu controle está sujeito a uma análise bem criteriosa, fundamentada em resultados de observação e pesquisa. Normalmente quando é formada a planilha de custo de produção de uma lavoura de soja, no item “pragas” (insetos), são considerados os gastos para controle da Lagarta da Soja, Lagarta Falsa Medideira, dos percevejos Verde, Pequeno, Marrom e o Barriga Verde. A somatória de custos no item pragas variam de 11 a 15% do custo total.
  • 7. Em alguns anos, em determinadas localidades e em função do clima, surgem insetos não previstos, que em muitos casos são considerados como pragas secundárias. Mas, dependendo da quantidade, exigem controles. Durante a expedição do Projeto Soja Brasil, foi verificado a incidência de mais seis pragas imprevistas ou de menor ataque para a cultura da soja, mas que, se não controladas, produziriam menor rendimento da soja. 1) Corós: os sintomas de ataque vão desde o amarelecimento das folhas e a redução do crescimento até morte das plantas. São visualizados em reboleiras. 2) Mosca branca: na cultura da soja, a mosca branca causa danos diretos pela sucção da seiva, provocando alterações no desenvolvimento vegetativo e reprodutivo. Durante a alimentação, a mosca branca excreta substâncias açucaradas que cobrem as folhas, resultando na formação da fumagina, que murcha e causa queda das folhas, antecipando o ciclo da cultura. 3) Ácaros: os ácaros causam danos perfurando as células e se alimentando do líquido exsudado nas bordas das nervuras da face inferior dos folíolos das plantas de soja. Inicialmente, o ataque resulta na coloração esbranquiçada ou prateada dos folíolos, passando para a coloração amarelada e, posteriormente, apresentam a cor marrom. Populações elevadas podem causar a queda prematura de folhas e perdas acentuadas na produção. Na lavoura, pode ocorrer o definhamento das plantas e quedas na produtividade de grãos da ordem de 50%. 3) Lesmas: as lesmas podem destruir os cotilédones, causar desfolha e até mesmo a morte das plantas. Na colheita, quando em altas populações, podem provocar o embuchamento das colhedoras. 4) Lagarta da maça do algodoeiro: em geral, as lagartas comem vagens, mas podem, também, se alimentar de folhas e brotos terminais. Os danos nas vagens produzem perdas de até 25 % do rendimento. 5) Lagarta da espiga do milho, Helicoverpa zea: Essa lagarta é uma praga do milho, porém nos últimos anos têm atacado também a soja. Os danos são observados a partir de formação das vagens. A lagarta fura as paredes da vagem e se alimenta dos grãos em formação. Podem comprometer até 30% do rendimento final.
  • 8. Todas essas seis pragas foram observadas em lavouras percorridas pela nossa expedição. O controle significa um aumento no custo de produção entre 1,0 até a 4,0 sacas de soja a mais. Do conjunto de situações positivas ressaltamos as seguintes: ADUBAÇÃO PARA A SOJA CONSIDERANDO O SISTEMA DE SUCESSÃO E ROTAÇÃO DE CULTURAS Em clima seco, adubações equilibradas aplicadas no sulco de semeadura favorecem o melhor aproveitamento de nutrientes necessários à soja, contribuindo para maiores rendimentos. Entendem-se por “adubar por sistema”, uma prática que leva em consideração, para definição das quantidades de adubo, os resultados de analises de solo; as demandas nutricionais de cada cultura que compõem o sistema; a evolução da fertilidade do solo, ou seja, pelos resultados de análises de solo observar se os principais nutrientes estariam em disponibilidade crescente ou decrescente; os rendimentos anteriores das culturas que compõem o sistema; a situação de acidez do solo; a capacidade de troca catiônica (CTC); e os principais nutrientes sempre acima do nível crítico. A adubação por sistema considera também o efeito residual das adubações anteriores sobre a sucessão de culturas. Desta forma, é possível uma redução nos custos com adubação sem comprometer os rendimentos. A adubação por sistema permite, em muitos casos, adubar uma só cultura da sucessão por safra. Na fazenda Condor, de propriedade do Engenheiro Agrônomo Valdecir Sovernigo, no município de Jataí, em Goiás, é feita a sucessão soja, milho e feijão em um mesmo ano-safra. A soja, na safra 2011/2012, foi adubada com 173 quilo (kg)/hectare (ha) de P2O5, 150 kg/ha de K2O e mais 1,5 kg/ha de Boro. O milho, na sequência, foi adubado só com nitrogênio (N), 90 kg/ha de N mais os micronutrientes, Boro e Cobre. O feijão semeado ainda no ano 2012 foi adubado com 37 kg/ha de nitrogênio 57 kg/ha de P2O5, e 150 kg /ha de K2O mais Boro via foliar. Nesse processo de adubação, o milho foi adubado só com nitrogênio. No custo de produção do milho, normalmente o item adubo representa cerca de 40% dos custos com insumos, quando se considera na adubação além do nitrogênio, o fósforo e o potássio. Como o fósforo e o potássio não foram utilizados no processo, a redução de custos representa cerca de 26%.
  • 9. No ano safra 2011/2012, os rendimentos da sucessão foram 3720 kg/ha de soja, 6900 kg/ha de milho e 3480 kg/ha de feijão, totalizando mais 14 toneladas de grãos. PRÁTICA DO PLANTIO DIRETO Em solos cobertos com palha durante todo o ano reduz-se muito as perdas provocadas pela falta de umidade nos solos. O sistema de plantio direto (SPD) pressupõe a cobertura permanente do solo que, preferencialmente, deve ser feita com as culturas comercias ou, quando não, por culturas de cobertura do solo. Esta cobertura deverá resultar do cultivo de espécies que dispunham de certos atributos como grande produção de massa seca, elevada taxa de crescimento, tolerância à seca e ao frio, a não infestação de áreas, fácil manejo, sistema radicular vigoroso e profundo, elevada capacidade de reciclagem de nutrientes, fácil produção de sementes, elevada relação C/N, entre outros. A pequena produção de palha pela soja, aliada à rápida decomposição dos seus resíduos, pode tornar-se um problema para a viabilização do SPD, especialmente quando essa leguminosa é cultivada como monocultura. Para contornar essa dificuldade, a soja deve compor sistemas de rotação de culturas adequadamente planejados. Com isso, haverá permanente cobertura e suficiente reposição de palhada. Em Toledo (PR), um grupo de agricultores pratica uma sucessão de culturas que produz cobertura do solo durante, praticamente, todo o ano/safra. A soja é semeada no início de outubro e colhida no final de janeiro ate início de fevereiro, em seguida é semeado o milho safrinha que será colhido em meados de julho. Logo após, é cultivada a aveia preta, que durante dois meses vai produzir massa, sendo esta dissecada para a nova semeadura de soja. Essa sucessão de culturas em um mesmo ano/safra irá produzir uma diversidade e um grande volume de massa seca e, o mais importante, tem apresentado um excelente controle de plantas daninhas, especialmente a buva. O CONTROLE DA FERRUGEM DA SOJA A ferrugem da soja é, sem dúvida, o grande desafio da agricultura. Existem estratégias para atenuar esse grande problema. Do conjunto de agricultores entrevistados durante nossa expedição, todos fazem uma aplicação de fungicida de forma preventiva. Uns quando aparece a
  • 10. primeira flor, outros entre o estádio vegetativo V5 e V6. Outro grupo planta soja logo após o vazio sanitário e toma como referência para a primeira aplicação de fungicida o surgimento da ferrugem nesta parcela. Alguns tomam como referência quando as linhas de soja fecham. O momento certo das aplicações é fundamental, uma vez que o sucesso na primeira pulverização acarreta o êxito nas aplicações seguintes, podendo ser mais uma ou mais três ou até quatro dependendo do ciclo e época de semeadura. Considerando a produção de soja nas duas últimas safras, 2010/2011 com 75.324 mil toneladas, e 2011/2012 com 66.383 mil toneladas - justifica-se a menor produção na ultima safra em função da seca que ocorreu em várias regiões do Brasil - com o rendimento médio de 3115 kg/ha e de 2651 kg/ha, respectivamente. Informações mostram que o consumo de fungicida na safra 2011/2012 foi muito menor que o da safra 2010/2011. A informação acima pode ser compreendida da seguinte forma: as condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento da ferrugem são temperatura entre 18º a 28º C, horas de molhamento foliar acima de 10 horas, (tempo chuvoso) e presença de orvalho por mais de 6 horas, condições que ocorreram com menor frequência na safra passada. A considerar o que está acontecendo nesta safra, as estratégias para as aplicações de fungicidas devem considerar as questões relativas às condições de umidade mais favoráveis ao desenvolvimento da ferrugem. Em períodos úmidos e quentes o controle biológico natural exercido pelo fungo Nomurea rileyl é muito efetivo no controle da lagarta da soja. Suspeita-se que o uso generalizado de fungicidas para controlar a ferrugem da soja esteja causando efeitos deletérios nos fungos entomopatogênicos e, como consequência, levando aos surtos de lagartas como as da lagarta-falsa-medideira. Daí a importância do desenvolvimento e uso prático de fungicidas seletivos a estes inimigos naturais de pragas. Retardar a primeira aplicação de fungicida, obviamente sem prejuízo no controle das doenças da soja, permite o estabelecimento de fungos benéficos que fazem o controle microbiano da praga. O ESTABELECIMENTO DE METAS COMO CRITÉRIO PARA A CONDUÇÃO DE LAVOURAS DE SOJA Fazendas com ótimo sistema de planejamento, com áreas médias de 5000 hectares, têm obtido um rendimento de soja 58,28 sacas/ha em função do conjunto de tecnologias adotadas.
  • 11. A rotação de culturas e um perfeito sistema de plantio direto têm assegurado alta rentabilidade, com 348,00 US$/ha/ano para a soja. A soja, o milho safra, o algodão e o milho safrinha, rotacionados de forma que a soja só seja cultivada em um talhão durante duas safras seguidas, têm assegurado alta rentabilidade. São incluídos em sistema o milheto e o nabo. O milheto destaca-se como uma das principais culturas, devido ao seu rápido desenvolvimento vegetativo, pois atinge 5 a 8 t/ha de matéria seca entre os 45 e 60 dias após a semeadura, proporcionando excelente cobertura do solo. O uso do milheto visa a reposição da palhada em área de plantio direto. O sistema de rotação de culturas adotado em fazenda com o algodão tem proporciona uma grande redução no custo de produção da soja. A quantidade de adubo usada no algodão cerca de 1300 ate 1600 kg/ha, gera um efeito residual dessa adubação da qual a soja pode aproveitar, desde que as condições físicas e químicas do solo sejam adequadas. Essas condições acontecem quando, por exemplo, o teor de matéria orgânica do solo é bom, e isso é obtido quando se pratica um sistema de rotação em que participe culturas para a produção de palha. Na media a adubação utilizada é de 300 kg/ha da formula 02-30-10, porém quando a soja vem depois do algodão, essa quantidade é reduzida para 100 kg/ha, sem nenhum prejuízo de rendimento. PLANEJAMENTO – CUSTOS – TECNOLOGIAS - ESTRATÉGIAS O custo de produção de soja pode ser compreendido em duas grandes etapas. A primeira é o conjunto de atividades até o momento da semeadura e o segundo da germinação até a colheita. Na primeira etapa são consumidos, em média, 65% dos custos totais, e na segunda, 35%. A segunda etapa tem uma importância fundamental, pois ela vai garantir o investimento maior realizado na primeira. O custo da primeira etapa, 65% do total, uma vez a soja semeada não tem como ser mais alterado. Porém, o da segunda etapa, 35% do total, pode ser alterado para mais ou para menos. Para mais, quando surgem imprevistos, como ocorreu neste ano. A falta de chuvas, em muitos casos, levou os agricultores a aplicar inseticidas não programados, com isso aumento o custo da segunda etapa. Mas há situações em que o custo da segunda etapa pode ser reduzido. Por exemplo, o controle de insetos, quando bem compreendido - levando em consideração todo o conjunto de informações
  • 12. para a determinação do momento exato das aplicações de inseticidas, em doses certas, considerando tamanho e numero de insetos por área - pode levar a uma redução de custos nesta etapa. CONCEITO AMPLO DE ALTA TECNOLOGIA A fazenda Passo Cuê, localizada no município de São Miguel do Iguaçu, no oeste do Paraná, fica ás margens do Lago Itaipu. Da área total da fazenda, 500 alquieres (1210 ha) são cultivados com soja, milho safra, milho safrinha, trigo, aveia preta e nabo. Quando se comenta que em tal fazenda usa-se alta tecnologia, normalmente se associa esse conceito a alto consumo de insumos e produtos modernos. Na fazenda Passo Cuê, e em outras fazendas, o conceito de alta tecnologia significa a adoção de práticas agrícolas que garantam preservação do solo e alto rendimento com uso de insumos de forma racional. Uma prática de alta tecnologia é a adoção de sistemas de rotação e sucessão de culturas. Anualmente, na fazenda Passo Cuê, 23 % da área agricultável são cultivados com aveia preta mais nabo, no inverno, cultivo que não tem nenhum valor econômico, mas que garante altos rendimentos nas culturas subsequentes como milho e soja. Com a formação de palha, reciclagem de vários nutrientes, aumento no teor de matéria orgânica, essa prática é uma das que têm assegurado altos rendimentos de soja na fazenda. O sistema de rotação de culturas adotado na fazenda em questão é uma das práticas agrícolas que têm permitido, por exemplo, adubar a soja nesta safra 2012/2013 apenas com superfosfato simples, com 50 até 60 kg/ha de P2O5 , solo com 12 mg dm_3 de P na média geral da fazenda e 0,45 cmolc dm_3 de potássio. Esse conjunto de práticas agrícolas têm resultado em altos rendimentos de soja na fazenda. No ano safra 2009/2010, a média foi de 174 sacas/alqueire ou 72 sac/ha. Já no ano 2010/2011, devido à estiagem, a média foi de 159 sacas/alqueire ou 65 sac/ha. ALTERANATIVAS PARA O CONTROLE DE NEMATOIDES Durante a expedição do Projeto Soja Brasil, observamos lavouras de soja com áreas comprometidas em função da presença de nematoides em praticamente todas as regiões visitadas, perto de oitenta localidades.
  • 13. Os fitonematoides são parasitas obrigatórios das plantas. Não se alimentam nem se reproduzem na ausência de plantas vivas. Podem atingir populações elevadas em áreas cultivadas. A rotação de culturas tem grande influência sobre a densidade dos fitonematoides, e a adequada sucessão ou rotação de culturas é um importante fator no seu controle. A quantidade de lavouras de soja com presença de nematoides é grande e bem além da nossa expectativa se consideramos que há um conjunto de informações, de tecnologias disponíveis, para atenuar os danos promovidos por esse parasita. As propostas de sucessão e rotação de culturas aliadas ás informações sobre as reações de determinadas cultivares de soja quanto aos nematoides, se praticadas pelos agricultores, asseguram o desenvolvimento pleno da soja de qualquer dano produzido por esse parasita. Também condições de solo como compactação e pH elevado favorecem a presença e o dano por nematoides. Do conjunto de variedades indicadas para todas as regiões produtoras de soja no Brasil mais de 50 % apresentam resistência ou resistência moderada às principais espécies de nematoides. A sucessão de culturas soja e milho safrinha são ideais para a permanência e aumento da população do nematoide das lesões Pratylenchus brachyurus, e somente a Crotalaria spectabilis pode diminuir significativamente sua população. O nematoide de galhas Heterodera glycines tem sua população atenuada com as espécies vegetais aveia preta, milheto, nabo, milho, sorgo, algodão, girassol e braquiária ruziziensis. A presença e o consequente dano na soja promovidos por nematoides não deveriam acontecer com tanta magnitude se consideramos o conjunto de informações disponíveis para o controle desse parasita. USO DOS CRITÉRIOS ESTABELECIDOS PARA APLICAÇÃO DE INSETECIDAS NO MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS Em várias localidades encontramos o percevejo em lavouras de soja, ainda no estádio R1 para R2. A presença deste inseto nas lavouras e neste estádio levou, muitas vezes, o agricultor a fazer aplicações de inseticidas antecipadas.
  • 14. Lembramos que o efeito de inseticidas para controle de percevejos é mais eficiente quando são observados dois percevejos por metro, no caso de produção de grãos e um percevejo por metro quando for para produção de sementes, e nos estádios entre R3 até R6 . Muitas vezes, a aplicação dos inseticidas é realizada de forma inadequada, seja através de aplicações preventivas, junto com o dessecante ou com o herbicida pós-emergente ou mesmo com as aplicações de fungicidas. Essas práticas bastante comuns hoje nas lavouras de soja - visando o aproveitamento de operações e aliado às aplicações frequentes de produtos de amplo espectro de ação, sobretudo na fase inicial do desenvolvimento da soja e o não uso das amostragens de pagas com o método do pano - têm levado a um grande desequilíbrio nas lavouras de soja, acarretando sérios problemas como a eliminação do complexo de inimigos naturais. Na ausência do controle biológico natural, pragas, normalmente consideradas sem importância econômica, vêm causando preocupações aos sojicultores, com necessidade, muitas vezes, de controle. Além disso, pragas principais (percevejos) vêm ocorrendo em níveis populacionais muito elevados, além da ocorrência de populações de insetos resistentes aos inseticidas químicos, tudo isso levando a um maior custo de produção e consequências drásticas de poluição ambiental.