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PRÉVIAS DE ESTUDOS EM NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO DO LAMBARI-DO-RABOAMARELO

Eduardo Gianini Abimorad
Zootecnista, Dr., PqC do Polo Regional do Noroeste Paulista/APTA
abimorad@apta.sp.gov.br

Daniela Castellani
Bióloga, Dra., PqC do Polo Regional do Noroeste Paulista/APTA
daniela.castellani@apta.sp.gov.br

Antes de determinar as exigências nutricionais para uma dada espécie de peixe, algumas
etapas de estudos deveriam ser seguidas para dar prévio suporte e melhor interpretação de
resultados aos estudos de exigências e retenção de nutrientes. Uma sequência de estudos
básicos poderia ser adotada (padronizada), para as espécies com potenciais para
aquicultura, sendo estudos sobre: biologia e ecologia da espécie, morfologia e fisiologia do
sistema digestório, hábitos e comportamentos alimentares e a utilização dos alimentos.
Neste último item deve-se atentar para a atratividade, palatabilidade, tempo de transito
gastrointestinal e o tempo de retorno do apetite. Outro aspecto a ser levado em conta é a
digestibilidade de nutrientes e energia dos alimentos e estudos sobre as exigências dos
principais nutrientes dietéticos e energia; assim como estudos posteriores sobre:
processamento de alimentos e dietas práticas, formulação de rações de menor custo e
manejo de alimentação nas condições de cultivo (Ingestão ou nível de arraçoamento,
frequência de arraçoamento, interações com densidade de estocagem, etc.). Neste sentido,
o texto a seguir discorre sobre a biologia e o que já foi estudado sobre alimentação e
nutrição do lambari-do-rabo-amarelo, uma espécie promissora para aquicultura.
O lambari-do-rabo-amarelo ou tambiú (Fig. 1), anteriormente classificado como Astyanax
bimaculatus, pertence à família Characidae e subfamília Tetragonopterinae. Peixe de
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pequeno porte que ocorre na bacia do alto rio Paraná recebeu a nova nomenclatura de
Astyanax altiparanae após revisão realizada por Garutti & Britski (2000) para o gênero
Astyanax.
Apesar de ser muito apreciado na culinária, há tempos atrás o lambari era considerado um
invasor nos viveiros de piscicultura. Atualmente ele é visto como uma espécie de grande
potencial tanto para criações em pequenas propriedades rurais com mão-de-obra familiar,
como para criações mais intensivas em escala comercial. O lambari possui algumas
características desejáveis como alta prolificidade, facilidade para obtenção de alevinos,
adaptação a variações térmicas e crescimento precoce, atingindo peso comercial (10-15 g)
em aproximadamente três meses (Garutti, 2003). Adicionalmente, o lambari apresenta um
mercado promissor, pois é bem aceito como petisco e podendo ainda ser industrializado na
forma de conserva (Porto-Foresti et al., 2005). Mas, é como isca viva para a pesca esportiva
que se tem alavancado sua produção, estimada hoje em aproximadamente 30 milhões de
unidades/ano (Sussel, 2012).

Figura 1. Exemplar de lambari-do-rabo-amarelo, Astyanax altiparanae.

Os peixes do gênero Astyanax forrageiam em todos os níveis tróficos e exibem uma
habilidade em adaptar-se rapidamente a nova alimentação em respostas às mudanças
ambientais (Gomiero & Braga, 2003), ou seja, alimenta-se de tudo um pouco e em toda
coluna d’água. Os itens alimentares encontrados no estomago do lambari-do-rabo-amarelo

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estão representados em proporções semelhantes (50:50) por vegetais (sementes, frutos,
gramíneas, algas e macrófitas) e animais (larvas e insetos aquáticos e terrestres, além de
escamas de peixes), mostrando que se trata de uma espécie onívora com tendência
insetívora (Esteves, 1996; Adrian et al., 2001 e Bennemann et al., 2006).
Características importantes como biologia da espécie, reprodução e densidade de
estocagem tem sido estudadas (Agostinho et al., 1984; Vilela & Hayashi, 2001; Garutti,
2003). Por outro lado, poucos estudos foram realizados em relação aos sistemas de criação,
manejo de despesca e transporte (etapas importantes para comercialização de iscas vivas),
abate, conservação e processamento e, especialmente, em relação à alimentação e
nutrição: os quais podemos citar os trabalhos de Hayashi et al (2004), que recomendam
frequência alimentar de quatro vezes ao dia a temperatura de 25,5 °C, Meurer et al. (2005),
que concluíram melhor nível de arraçoamento a 25°C de 11,5% do peso vivo, Cotan et al
(2006), que determinaram a exigência em energia digestível em 2900 kcal/kg de ração, e a
recente tese de doutorado do Pesquisador da APTA Fabio Rossa Sussel, que mostra que o
lambari é mais exigente em qualidade do que em quantidade de proteína dietética, obtendo
resultados satisfatórios com dieta contendo 26% de proteína bruta, confeccionada com
ingredientes premium.
Entretanto, até o momento, não se tem conhecimento de estudos que determinaram a
exigência em proteína para esta espécie. Para ter-se uma idéia, fábricas de ração
localizadas na Região Noroeste Paulista relatam que recebem de produtores de lambaris
encomendas para confecção de rações que contenham desde 18 a 40% de proteína bruta,
que pode ser considerada uma variação muito grande, mesmo visando diferentes sistemas
de criação; ou seja, aparentemente alguém está fornecendo proteína de mais e outro de
menos.
Visando à formulação de rações completas de menor custo, principalmente as utilizadas em
sistemas de criação intensiva, nos quais o alimento natural é escasso, a proteína é o
nutriente mais oneroso e de maior importância para o crescimento animal. Os peixes, como
outros animais, não possuem uma exigência nutricional especifica para proteína, mas sim
por um adequado balanceamento de aminoácidos (Bicudo & Cyrino, 2009). Desta forma,
Abimorad & Castellani (2011) estimaram as exigências em aminoácidos essenciais
relacionando a média das exigências de algumas espécies onívoras com a composição
aminoacídica da carcaça ou do músculo do lambari. Contudo, os autores ressaltam que
estudos para determinação das exigências em aminoácidos devem ser conduzidos por meio

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de ensaios de dose-resposta ou por outras técnicas como da deleção ou diluição, para
confirmar os valores estimados e obter maior precisão nas formulações de ração para o
lambari.
Por fim, acreditamos que o lambari poderá mudar o cenário da piscicultura em viveiros
escavados no centro-sul do Brasil, sobretudo as de mão-de-obra familiar. Todavia, muito
tem a ser feito em relação à alimentação e nutrição desta espécie que a priori sugere-se
seguir as etapas de estudos descritas no primeiro parágrafo deste texto.

Referências
ABIMORAD, E. G.; CASTELLANI, D. Exigências nutricionais de aminoácidos para o
lambari-do-rabo-amarelo baseadas na composição da carcaça e do músculo. Boletim
do Instituto de Pesca, São Paulo, v. 37, p. 31-38, 2011.
ADRIAN, I. F.; SILVA, H. B. R.; PERETTI, D. Dieta de Astyanax bimaculatus (Linnaeus,
1758) (Characiformes, Characidae), da área de influência do reservatório de Corumbá,
Estado de Goiás, Brasil. Acta Scientiarum Biological Sciences, Maringá, v. 23, p. 435-440,
2001.
AGOSTINHO, C. A.; MOLINARI, S. L.; AGOSTINHO, A. A.; VERANI, J. R. Ciclo
reprodutivo e primeira maturação sexual de fêmeas do lambari, Astyanax bimaculatus
(L) (Osteichthyes-Characidae) do rio Ivaí, Estado do Paraná. Revista Brasileira de
Biologia, v. 44, p. 31-16, 1984.
BENNEMANN, S. T.; CASATTI, L.; OLIVEIRA, D. C. Alimentação de peixes: proposta
para análise de itens registrados em conteúdos gástricos. Biota Neotropica, v. 6, n. 2,
2006. http://www.biotaneotropica.org.br/v6n2/pt/abstract?article+bn01206022006.
COTAN, J. L. V.; LANNA, E. A. T.; BOMFIM, M. A. D.; DONZELE, J. L.; RIBEIRO, F. B.;
SERAFINI, M. A. Níveis de energia digestível e proteína bruta em rações para

alevinos de lambari tambiú. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v. 35, p. 634-640,
2006.
ESTEVES,

K.

E.

Feeding

ecology

of

three

Astyanax

species

(Characidae,

Tetragonopterinae) from a floodplain lake of Mogi-Guagu River, Parana River Basin,
Brazil. Environmental Biology of Fishes, v. 46, p. 83-101, 1996.
GARUTTI, V. Piscicultura ecológica. São Paulo: Editora UNESP, 2003. 332p.

ISSN 2316-5146
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GARUTTI, V.; BRITSKI, H. A. Descrição de uma espécie nova de Astyanax (Teleostei:
Characidae) da bacia do alto rio Paraná e considerações sobre as demais espécies do
gênero na bacia. Comunicações do Museu de Ciências e Tecnologia, Série Zoologia,
PUCRS, Porto Alegre, v. 13, p. 65-88, 2000.
GOMIERO, L. M.; BRAGA, F. M. S. O lambari Astyanax altiparanae (Characidae) pode
ser um dispersor de sementes? Acta Scientiarum Biological Sciences, v. 25, n. 2, p. 353360, 2003.
HAYASHI, C.; MEURER, F.; BOSCOLO, W. R.; LACERDA, C. H. F; KAVATA, L. C. B.
Freqüência de arraçoamento para alevinos de lambari do rabo-amarelo (Astyanax
bimaculatus). Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v. 33, p. 21-26, 2004.
MEURER, F.; HAYASHI, C.; BOSCOLO, W. R.; KAVATA, L. B.; LACERDA, C. H. F. Nível
de arraçoamento para alevinos de lambari-do-rabo-amarelo (Astyanax bimaculatus).
Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v. 34, p. 1835-1840, 2005.
PORTO-FOREST, F.; CASTILHO-ALMEIDA, R. B.; FORESTI, F. Biologia e criação do
lambari-do-rabo-amarelo (Astyanax altiparanae). In: BALDISSEROTTO, B.; GOMES, L.
C. (Ed.). Espécies nativas para piscicultura no Brasil. Santa Maria: Editora UFSM, 2005, p.
105-120.
SUSSEL, F. R. Fontes e níveis de proteína na alimentação do lambari-do-raboamarelo: desempenho produtivo e análise econômica. Tese Doutorado, Universidade de
São Paulo, Pirassununga. 92 f. 2012.
VILELA, C.; HAYASHI, C. Desenvolvimento de juvenis de lambari Astyanax
bimaculatus (Linnaeus, 1758), sob diferentes densidades de estocagem em tanquesrede. Acta Scientiarum Biological Sciences, Maringá, v. 23, p. 491-496, 2001.

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Prévias de estudos em nutrição e alimentação do lambari-do-rabo-amarelo

  • 1. PRÉVIAS DE ESTUDOS EM NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO DO LAMBARI-DO-RABOAMARELO Eduardo Gianini Abimorad Zootecnista, Dr., PqC do Polo Regional do Noroeste Paulista/APTA abimorad@apta.sp.gov.br Daniela Castellani Bióloga, Dra., PqC do Polo Regional do Noroeste Paulista/APTA daniela.castellani@apta.sp.gov.br Antes de determinar as exigências nutricionais para uma dada espécie de peixe, algumas etapas de estudos deveriam ser seguidas para dar prévio suporte e melhor interpretação de resultados aos estudos de exigências e retenção de nutrientes. Uma sequência de estudos básicos poderia ser adotada (padronizada), para as espécies com potenciais para aquicultura, sendo estudos sobre: biologia e ecologia da espécie, morfologia e fisiologia do sistema digestório, hábitos e comportamentos alimentares e a utilização dos alimentos. Neste último item deve-se atentar para a atratividade, palatabilidade, tempo de transito gastrointestinal e o tempo de retorno do apetite. Outro aspecto a ser levado em conta é a digestibilidade de nutrientes e energia dos alimentos e estudos sobre as exigências dos principais nutrientes dietéticos e energia; assim como estudos posteriores sobre: processamento de alimentos e dietas práticas, formulação de rações de menor custo e manejo de alimentação nas condições de cultivo (Ingestão ou nível de arraçoamento, frequência de arraçoamento, interações com densidade de estocagem, etc.). Neste sentido, o texto a seguir discorre sobre a biologia e o que já foi estudado sobre alimentação e nutrição do lambari-do-rabo-amarelo, uma espécie promissora para aquicultura. O lambari-do-rabo-amarelo ou tambiú (Fig. 1), anteriormente classificado como Astyanax bimaculatus, pertence à família Characidae e subfamília Tetragonopterinae. Peixe de
  • 2. www.aptaregional.sp.gov.br pequeno porte que ocorre na bacia do alto rio Paraná recebeu a nova nomenclatura de Astyanax altiparanae após revisão realizada por Garutti & Britski (2000) para o gênero Astyanax. Apesar de ser muito apreciado na culinária, há tempos atrás o lambari era considerado um invasor nos viveiros de piscicultura. Atualmente ele é visto como uma espécie de grande potencial tanto para criações em pequenas propriedades rurais com mão-de-obra familiar, como para criações mais intensivas em escala comercial. O lambari possui algumas características desejáveis como alta prolificidade, facilidade para obtenção de alevinos, adaptação a variações térmicas e crescimento precoce, atingindo peso comercial (10-15 g) em aproximadamente três meses (Garutti, 2003). Adicionalmente, o lambari apresenta um mercado promissor, pois é bem aceito como petisco e podendo ainda ser industrializado na forma de conserva (Porto-Foresti et al., 2005). Mas, é como isca viva para a pesca esportiva que se tem alavancado sua produção, estimada hoje em aproximadamente 30 milhões de unidades/ano (Sussel, 2012). Figura 1. Exemplar de lambari-do-rabo-amarelo, Astyanax altiparanae. Os peixes do gênero Astyanax forrageiam em todos os níveis tróficos e exibem uma habilidade em adaptar-se rapidamente a nova alimentação em respostas às mudanças ambientais (Gomiero & Braga, 2003), ou seja, alimenta-se de tudo um pouco e em toda coluna d’água. Os itens alimentares encontrados no estomago do lambari-do-rabo-amarelo ISSN 2316-5146 Pesquisa & Tecnologia, vol. 10, n. 2, Jul-Dez 2013
  • 3. www.aptaregional.sp.gov.br estão representados em proporções semelhantes (50:50) por vegetais (sementes, frutos, gramíneas, algas e macrófitas) e animais (larvas e insetos aquáticos e terrestres, além de escamas de peixes), mostrando que se trata de uma espécie onívora com tendência insetívora (Esteves, 1996; Adrian et al., 2001 e Bennemann et al., 2006). Características importantes como biologia da espécie, reprodução e densidade de estocagem tem sido estudadas (Agostinho et al., 1984; Vilela & Hayashi, 2001; Garutti, 2003). Por outro lado, poucos estudos foram realizados em relação aos sistemas de criação, manejo de despesca e transporte (etapas importantes para comercialização de iscas vivas), abate, conservação e processamento e, especialmente, em relação à alimentação e nutrição: os quais podemos citar os trabalhos de Hayashi et al (2004), que recomendam frequência alimentar de quatro vezes ao dia a temperatura de 25,5 °C, Meurer et al. (2005), que concluíram melhor nível de arraçoamento a 25°C de 11,5% do peso vivo, Cotan et al (2006), que determinaram a exigência em energia digestível em 2900 kcal/kg de ração, e a recente tese de doutorado do Pesquisador da APTA Fabio Rossa Sussel, que mostra que o lambari é mais exigente em qualidade do que em quantidade de proteína dietética, obtendo resultados satisfatórios com dieta contendo 26% de proteína bruta, confeccionada com ingredientes premium. Entretanto, até o momento, não se tem conhecimento de estudos que determinaram a exigência em proteína para esta espécie. Para ter-se uma idéia, fábricas de ração localizadas na Região Noroeste Paulista relatam que recebem de produtores de lambaris encomendas para confecção de rações que contenham desde 18 a 40% de proteína bruta, que pode ser considerada uma variação muito grande, mesmo visando diferentes sistemas de criação; ou seja, aparentemente alguém está fornecendo proteína de mais e outro de menos. Visando à formulação de rações completas de menor custo, principalmente as utilizadas em sistemas de criação intensiva, nos quais o alimento natural é escasso, a proteína é o nutriente mais oneroso e de maior importância para o crescimento animal. Os peixes, como outros animais, não possuem uma exigência nutricional especifica para proteína, mas sim por um adequado balanceamento de aminoácidos (Bicudo & Cyrino, 2009). Desta forma, Abimorad & Castellani (2011) estimaram as exigências em aminoácidos essenciais relacionando a média das exigências de algumas espécies onívoras com a composição aminoacídica da carcaça ou do músculo do lambari. Contudo, os autores ressaltam que estudos para determinação das exigências em aminoácidos devem ser conduzidos por meio ISSN 2316-5146 Pesquisa & Tecnologia, vol. 10, n. 2, Jul-Dez 2013
  • 4. www.aptaregional.sp.gov.br de ensaios de dose-resposta ou por outras técnicas como da deleção ou diluição, para confirmar os valores estimados e obter maior precisão nas formulações de ração para o lambari. Por fim, acreditamos que o lambari poderá mudar o cenário da piscicultura em viveiros escavados no centro-sul do Brasil, sobretudo as de mão-de-obra familiar. Todavia, muito tem a ser feito em relação à alimentação e nutrição desta espécie que a priori sugere-se seguir as etapas de estudos descritas no primeiro parágrafo deste texto. Referências ABIMORAD, E. G.; CASTELLANI, D. Exigências nutricionais de aminoácidos para o lambari-do-rabo-amarelo baseadas na composição da carcaça e do músculo. Boletim do Instituto de Pesca, São Paulo, v. 37, p. 31-38, 2011. ADRIAN, I. F.; SILVA, H. B. R.; PERETTI, D. Dieta de Astyanax bimaculatus (Linnaeus, 1758) (Characiformes, Characidae), da área de influência do reservatório de Corumbá, Estado de Goiás, Brasil. Acta Scientiarum Biological Sciences, Maringá, v. 23, p. 435-440, 2001. AGOSTINHO, C. A.; MOLINARI, S. L.; AGOSTINHO, A. A.; VERANI, J. R. Ciclo reprodutivo e primeira maturação sexual de fêmeas do lambari, Astyanax bimaculatus (L) (Osteichthyes-Characidae) do rio Ivaí, Estado do Paraná. Revista Brasileira de Biologia, v. 44, p. 31-16, 1984. BENNEMANN, S. T.; CASATTI, L.; OLIVEIRA, D. C. Alimentação de peixes: proposta para análise de itens registrados em conteúdos gástricos. Biota Neotropica, v. 6, n. 2, 2006. http://www.biotaneotropica.org.br/v6n2/pt/abstract?article+bn01206022006. COTAN, J. L. V.; LANNA, E. A. T.; BOMFIM, M. A. D.; DONZELE, J. L.; RIBEIRO, F. B.; SERAFINI, M. A. Níveis de energia digestível e proteína bruta em rações para alevinos de lambari tambiú. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v. 35, p. 634-640, 2006. ESTEVES, K. E. Feeding ecology of three Astyanax species (Characidae, Tetragonopterinae) from a floodplain lake of Mogi-Guagu River, Parana River Basin, Brazil. Environmental Biology of Fishes, v. 46, p. 83-101, 1996. GARUTTI, V. Piscicultura ecológica. São Paulo: Editora UNESP, 2003. 332p. ISSN 2316-5146 Pesquisa & Tecnologia, vol. 10, n. 2, Jul-Dez 2013
  • 5. www.aptaregional.sp.gov.br GARUTTI, V.; BRITSKI, H. A. Descrição de uma espécie nova de Astyanax (Teleostei: Characidae) da bacia do alto rio Paraná e considerações sobre as demais espécies do gênero na bacia. Comunicações do Museu de Ciências e Tecnologia, Série Zoologia, PUCRS, Porto Alegre, v. 13, p. 65-88, 2000. GOMIERO, L. M.; BRAGA, F. M. S. O lambari Astyanax altiparanae (Characidae) pode ser um dispersor de sementes? Acta Scientiarum Biological Sciences, v. 25, n. 2, p. 353360, 2003. HAYASHI, C.; MEURER, F.; BOSCOLO, W. R.; LACERDA, C. H. F; KAVATA, L. C. B. Freqüência de arraçoamento para alevinos de lambari do rabo-amarelo (Astyanax bimaculatus). Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v. 33, p. 21-26, 2004. MEURER, F.; HAYASHI, C.; BOSCOLO, W. R.; KAVATA, L. B.; LACERDA, C. H. F. Nível de arraçoamento para alevinos de lambari-do-rabo-amarelo (Astyanax bimaculatus). Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v. 34, p. 1835-1840, 2005. PORTO-FOREST, F.; CASTILHO-ALMEIDA, R. B.; FORESTI, F. Biologia e criação do lambari-do-rabo-amarelo (Astyanax altiparanae). In: BALDISSEROTTO, B.; GOMES, L. C. (Ed.). Espécies nativas para piscicultura no Brasil. Santa Maria: Editora UFSM, 2005, p. 105-120. SUSSEL, F. R. Fontes e níveis de proteína na alimentação do lambari-do-raboamarelo: desempenho produtivo e análise econômica. Tese Doutorado, Universidade de São Paulo, Pirassununga. 92 f. 2012. VILELA, C.; HAYASHI, C. Desenvolvimento de juvenis de lambari Astyanax bimaculatus (Linnaeus, 1758), sob diferentes densidades de estocagem em tanquesrede. Acta Scientiarum Biological Sciences, Maringá, v. 23, p. 491-496, 2001. ISSN 2316-5146 Pesquisa & Tecnologia, vol. 10, n. 2, Jul-Dez 2013