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Jack
Divulgação




             Jack Welch, com John A. Byrne
                                             Definitivo
                                             Segredos do executivo do século



             Jack Welch é um dos
             líderes empresariais mais
             influentes de todos os
             tempos –e também
             um dos mais polêmicos.
                                             A      Algumas experiências da juventude permanecem presentes duran-
                                             te toda a vida. Aos 65 anos, o lendário Jack Welch começa o livro relem-
                                             brando um jogo de hóquei sobre gelo que disputou na adolescência. Ele
                                             era co-capitão de um time que vencera os três primeiros jogos da tempo-
                                             rada, perdera os seis seguintes e estava disputando o último do ano.
                                                    O jogo começou equilibrado, mas os adversários conseguiram van-
             A reestruturação da
                                             tagem na prorrogação. Em um ataque de frustração, Welch lançou o taco
             General Electric (GE),
                                             ao outro lado da pista, depois patinou até alcançá-lo e se dirigiu ao vestiá-
             que ele realizou na             rio, onde seus companheiros já estavam tirando os patins e o uniforme.
             década de 1980, lhe                    Minutos depois, abriu-se a porta e por ela entrou a mãe de Jack, que
             valeu o apelido “Neutron        andou rapidamente em sua direção. O silêncio foi absoluto; todos os olhos
             Jack” – ele “eliminava”         estavam fixos naquela mulher irlandesa de meia-idade e vestido florido.
             as pessoas sem demolir          Ela cruzou o vestiário, parou diante do filho e, segurando-o pela camise-
             os prédios. Atualmente,         ta, lhe disse bem na cara: “Você é um medíocre! Se não souber perder,
             é conhecido como o criador      nunca saberá vencer”.
             da empresa com o melhor                Welch reconhece que a mãe foi a pessoa que mais o influenciou.
             management dos EUA.             Grace, a quem o filho descreve como “rude e agressiva, carinhosa e gene-
                                             rosa”, sabia julgar o caráter das pessoas e podia reconhecer um farsante a
                                             quilômetros de distância. Welch atribui a ela muitas de suas convicções
                                             sobre como dirigir uma empresa. Entre outras atitudes, competir dura-
                                             mente para vencer, enfrentar a realidade, motivar as pessoas com estímu-
                                             los e sanções, determinar objetivos que possam ser ajustados à medida
                                             que se avança e acompanhar constantemente os funcionários para garan-
                                             tir o cumprimento das tarefas.
J A C K   D E F I N I T I V O                                                                          3




                                      No entanto, o que mais Welch agradece à mãe é a confiança em si
                                mesmo que ela lhe transmitiu. Em sua opinião, a confiança é condição
                                essencial para assumir riscos e para se atrever a pôr em jogo muito mais
                                do que se consegue imaginar. Essa é uma característica fundamental dos
                                bons executivos, que devem ter a capacidade de encorajar seus subordi-
                                nados, desafiá-los a alcançar metas nunca antes pensadas e lhes oferecer
                                recompensas apropriadas quando conseguem atingir o sucesso.
                                      “Minha mãe nunca teve subordinados, mas sabia como alimentar a
                                auto-estima”, lembra Welch. “Sempre tive dificuldades para falar, um tipo
                                de gagueira que não desaparecia. Às vezes causava incidentes cômicos,
                                mas em outras eu ficava envergonhado. Minha mãe encontrou a justifica-
                                tiva perfeita quando me disse: ‘Você é tão inteligente que nenhuma lín-
                                gua é capaz de funcionar na mesma velocidade que seu cérebro’. Deixei
                                de me preocupar com minha gagueira porque acreditei firmemente em
                                suas palavras. Ela me convenceu de que eu poderia conseguir o que qui-
                                sesse”, conta.

                                Os primeiros anos
                                       Jack Welch nasceu em Peabody, Estado de Massachusetts, EUA, em
                                19 de novembro de 1935. Seus quatro avós eram imigrantes irlandeses.
                                Seu pai trabalhava como guarda no trem que ia de Boston ao Maine. “Com
                                seu exemplo aprendi o valor do trabalho duro”, comenta o executivo.
                                       Welch estudou engenharia química na Massachusetts University e
                                fez mestrado na Illinois University. Quando se formou, em 1958, o país
                                estava em plena recessão. Como havia poucas ofertas de emprego, optou
                                por continuar estudando.
                                       Em 1960, ao concluir seu doutorado, decidiu tentar a sorte no mun-
                                do empresarial porque não se considerava com o perfil adequado para o
                                ambiente científico. Depois de estudar duas propostas de trabalho, pas-
                                sou a integrar o grupo encarregado de desenvolver novos plásticos da
                                General Electric. Em 1961, depois de um ano de trabalho duro, recebeu
                                um aumento de salário de mil dólares. Welch comenta que ficou satisfei-
                                to, até saber que as outras quatro pessoas que trabalhavam com ele ti-
                                nham recebido o mesmo prêmio. Achei que merecia mais”, lembra ele.
                                       Frustrado, começou a procurar outro emprego. Estava a ponto de
                                sair da empresa quando um dos gerentes, Reuben Gutoff, conseguiu con-
                                vencê-lo a ficar: ofereceu-lhe mais responsabilidades e um salário maior.
                                       Welch conta que ficou muito impressionado com esse reconheci-
                                mento. A partir de então, a diferenciação –recompensar os melhores e
                                eliminar os ineficientes– foi um componente básico de seu estilo de ges-
                                tão de recursos humanos. “Há quem diga que o tratamento diferenciado
                                prejudica o trabalho em equipe, mas em meu mundo não é assim. Cons-


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J A C K   D E F I N I T I V O                                                                            4




                                troem-se equipes fortes tratando cada indivíduo de forma diferente”,
Welch aconselha                 explica ele.
  os gerentes a
recompensar os                  Riscos e oportunidades
                                       Welch aconselha os gerentes a recompensar os funcionários bem-
  funcionários
                                sucedidos, mas também recomenda que sejam tolerantes com os erros. E
bem-sucedidos,                  acrescenta: “Humilhar alguém que errou pode fazer com que essa pessoa
  mas também                    entre numa espiral descendente de dúvidas e perda de confiança”. Em
recomenda que                   sua opinião, quando se encontram nesse tipo de situação, até mesmo pes-
                                soas fortes, brilhantes e seguras de si mesmas que se equivocaram ao pre-
sejam tolerantes                parar um plano operacional ou que fizeram um acordo ruim começam a
  com os erros                  se questionar e aceitam qualquer coisa para se livrar da situação.
                                       O princípio da tolerância também é aplicável às pessoas que apos-
                                tam em empreendimentos que não produzem o resultado esperado. Se as
                                empresas punirem os funcionários que se atrevem a sonhar e falham, re-
                                forçarão a cultura de aversão ao risco. Em vez disso, Welch sugere identi-
                                ficar as idéias com grande potencial e alocar os recursos necessários para
                                implementá-las.
                                       Por exemplo: no fim da década de 1970, a General Electric se pro-
                                pôs desenvolver uma nova lâmpada incandescente com uma duração dez
                                vezes superior às comuns e com um consumo de energia menor. Investiu
                                US$ 50 milhões no projeto que teve como resultado o lançamento da
                                Halarc, durável e com bom rendimento, mas a um preço (US$ 10,95) que
                                os consumidores não estavam dispostos a pagar. Em lugar de punir os
                                participantes da iniciativa, Welch os recompensou com prêmios em di-
                                nheiro e promoções.
                                       A carreira de Jack na General Electric foi rápida: em 1964 foi no-
                                meado gerente-geral de operação de produtos de polímeros; em 1968,
                                gerente-geral da divisão de plásticos –com faturamento de US$ 26 milhões;
                                e em 1971, responsável pela divisão química e metalúrgica. Essa última
                                promoção trouxe novos desafios. Depois de ter passado 11 anos na área
                                de plástico, da noite para o dia tinha de gerenciar um portfólio de empre-
                                sas que operavam em diversos setores: ferramentas industriais, materiais
                                isolantes, diamantes industriais e produtos elétricos.
                                       “A primeira tarefa foi analisar minha equipe”, comenta Welch. “Salvo
                                algumas exceções, seus membros não estavam à altura das circunstâncias.
                                E devo admitir que naquela época demiti pessoas de forma impulsiva. No
                                decorrer dos anos aprendi como fazer isso melhor.”
                                       Qual é o método certo? Realizar duas ou três entrevistas com a pes-
                                soa em questão para lhe transmitir que não está de acordo com o que ela
                                faz, dando-lhe a oportunidade de mudar sua conduta. Se não mudar, a
                                demissão não será uma surpresa.


                                HSM Management – Book Summary 3 – 2002
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                                A meta: ser o número um
Em cinco anos, a                       Welch reconhece que, no começo da década de 1970, começou a
 GE demitiu 118                 pensar na possibilidade de se transformar no presidente executivo da
mil funcionários,               General Electric.
                                       Em 1973, quando Reuben Gutoff assumiu o planejamento estraté-
   mais de um
                                gico em escala corporativa, Welch assumiu uma posição executiva que
  quarto de sua                 abrangia, além da subsidiária de produtos químicos e metalúrgicos, as
força de trabalho.              unidades de sistemas de equipamento médico e de peças para eletrodo-
  Desse total, 37               mésticos e produtos eletrônicos. Era um portfólio heterogêneo, com ven-
                                das anuais superiores a US$ 2 bilhões, 46 mil funcionários, 44 fábricas nos
 mil trabalhavam                EUA e operações em diversos países. “A diversidade da empresa, junta-
 em companhias                  mente com o fato de precisar coordenar operações em lugares remotos,
    que foram                   me fez descobrir que grande parte de meu sucesso dependeria das pessoas
vendidas e 81 mil               que contratasse”, explica.
                                       Mas o experiente executivo reconhece que aprendeu com seus
  perderam seus                 próprios erros: “Para cuidar do marketing, eu costumava contratar pes-
  empregos “por                 soas de boa presença que se expressavam corretamente. Algumas eram
    razões de                   eficientes, outras não passavam de um terno com gravata. Meus erros
                                refletiam meus preconceitos. Para a área técnica procurava pessoas for-
 produtividade”
                                madas pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), Princeton ou
                                Cal Tech. Os antecedentes acadêmicos me impressionavam muito. Sem
                                dúvida, eram pessoas brilhantes, mas, com freqüência, não se compro-
                                metiam, perdiam de vista o objetivo. Com o decorrer do tempo, aprendi
                                que eu precisava era de pessoas apaixonadas e com muita vontade de
                                realizar coisas”.
                                       No fim de 1977, Welch assumiu uma responsabilidade ainda maior:
                                a direção da divisão de produtos de consumo de massa, com receitas anuais
                                de US$ 4,2 bilhões (quase 20% do total das vendas da GE), que incluía
                                equipamentos de ar-condicionado, produtos de iluminação, aparelhos de
                                áudio, televisores e a divisão General Electric Credit Corp., responsável
                                pelo crédito ao consumidor.
                                       Com essa promoção, Welch passou a ser um dos cinco candidatos à
                                sucessão de Reg Jones, que naquela época era o presidente da compa-
                                nhia. A nomeação viria em três anos.
                                       “Naquele dia de dezembro de 1980 eu me senti o homem mais
                                afortunado e feliz dos Estados Unidos”, lembra. “Era o trabalho que eu
                                tinha escolhido. Permitiu-me gerenciar uma gama inacreditável de ne-
                                gócios: de motores de avião e geradores de energia a plásticos e serviços
                                médicos e financeiros. Mas o mais importante é que se tratava de um
                                trabalho principalmente relacionado com as pessoas. E durante esses
                                anos eu trabalhei com as pessoas mais sagazes, criativas e competitivas
                                do mundo.”


                                HSM Management – Book Summary 3 – 2002
J A C K   D E F I N I T I V O                                                                                                                         6




                                Neutron Jack
                                       Welch começou a exercer suas novas funções no dia 1º de abril de
                                1981. Naquele momento, a General Electric tinha receitas de US$ 25 mi-
                                lhões e lucro de US$ 1,5 bilhão. Contava com 404 mil funcionários e fa-
                                bricava uma enorme diversidade de produtos: de torradeiras de pão a
                                centrais de energia. Era um ícone da economia norte-americana: a déci-
                                ma corporação em tamanho e capitalização de mercado.
                                       No entanto, a concorrência asiática ameaçava a indústria norte-ameri-
                                cana. Rádios, câmeras fotográficas, aparelhos de TV, aço, navios e, finalmen-
                                te, automóveis viram-se acuados pelos produtos procedentes do Oriente.
                                       A General Electric já tinha diversas frentes vulneráveis, entre elas a
                                dos produtos eletrônicos e utilidades domésticas. Foi então que Welch
                                propôs uma filosofia que se tornou histórica: a companhia só permanece-
                                ria nos mercados em que pudesse ocupar o primeiro ou o segundo lugar
                                (veja gráfico abaixo).
                                       A estratégia gerou incontáveis movimentos durante os anos seguin-
                                tes. Por exemplo, a venda de 71 empresas e linhas de produtos por apro-
                                ximadamente US$ 500 milhões e outras 118 transações (aquisições e
                                joint ventures) avaliadas em mais de US$ 1 bilhão.
                                       Em cinco anos, a GE demitiu 118 mil funcionários, mais de um quar-
                                to de sua força de trabalho. Desse total, 37 mil trabalhavam em compa-
                                nhias que foram vendidas e 81 mil perderam seus empregos “por razões
                                de produtividade”.

                                 NÚMERO 1 OU NÚMERO 2: “REESTRUTURAR, VENDER OU FECHAR”

                                                                                     • Microeletrônica
                                                                                         • Petróleo



                                                                    SERVIÇOS                                  ALTA TECNOLOGIA
                                                                  • Financeiros                          • Equipamentos médicos
                                                                • De informação                             • Materiais em geral
                                                               • De construção e                           • Eletrônica industrial
                                                                   engenharia                              • Equipamento para a
                                                                   • Nucleares                             indústria aeroespacial
                                                                                                             • Motores de avião




                                       • Ar-condicionado central                      NEGÓCIO CENTRAL                       • Pequenos dispositivos
                                      • Grandes transformadores                    • Grandes dispositivos                       • Dispositivos de
                                       • Aparelhos de áudio e TV                        • Iluminação                          distribuição elétrica
                                           • Rádios portáteis                             • Turbinas                                 • Cabos
                                                                                        • Transporte                            • Estações de TV
                                                                                          • Motores
                                                                                    • Equipamentos para
                                                                                        empreiteiros




                                HSM Management – Book Summary 3 – 2002
J A C K   D E F I N I T I V O                                                                           7




                                      Ao mesmo tempo, Welch destinou US$ 75 milhões a projetos que
   Welch queria                 muitos qualificaram de improdutivos: a construção de um ginásio, uma
      atrair os                 casa de hóspedes e um centro de conferências nos escritórios centrais e a
 melhores e mais                remodelação do centro de treinamento para executivos em Crotonville.
                                      O objetivo perseguido por Welch era exigir mais de menos pessoas.
   competitivos
                                E, para defender seus projetos, argumentava que não era possível pedir
 funcionários do                que os funcionários mais brilhantes ficassem quatro semanas em treina-
 mundo. E, para                 mento em um centro deteriorado e que os hóspedes da empresa não po-
  conseguir isso,               diam se hospedar em hotéis de terceira categoria. O ambiente deveria ser
                                um reflexo da excelência.
  estava disposto                     O descontentamento não demorou a se alastrar. Era difícil enten-
  a lhes oferecer               der por que se gastava em apartamentos, esteiras rolantes e centros de
  excelência em                 conferências enquanto grassavam as demissões e se fechavam fábricas.
   treinamento,                 Foi então que a revista Newsweek lançou o apelido “Neutron Jack”, porque
                                as pessoas desapareciam e os prédios continuavam em pé. “Detestei esse
 ótimo ambiente                 apelido e fiquei muito sentido”, diz Welch. “Mas odiava ainda mais a buro-
   de trabalho e                cracia e o esbanjamento”, acrescenta.
oportunidades de
   crescimento                  Talento e comprometimento
                                       Em essência, Welch queria atrair os melhores e mais competitivos
     pessoal e                  funcionários do mundo. E, para conseguir isso, estava disposto a lhes ofe-
    profissional                recer excelência em treinamento, ambiente de trabalho e oportunidades
                                de crescimento pessoal e profissional. Criou então um sistema de qualifi-
                                cação com base em reuniões formais e em encontros informais (durante
                                o almoço, nos corredores e nas reuniões de trabalho). O método, que
                                consiste em testar todas as pessoas em uma grande diversidade de ambien-
                                tes, define, na opinião de Welch, seu estilo de liderança.
                                       Dentro dessa estrutura, uma das ferramentas de avaliação mais im-
                                portantes é a que a GE chamou de “curva da vitalidade”. Todos os anos as
                                empresas que integram o grupo devem classificar seus principais executi-
                                vos e funcionários de acordo com seu desempenho, diferenciando-os em
                                três categorias: os 20% superiores (A), os 70% médios “vitais” (B) e os
                                10% do nível mais baixo (C). Em geral, estes últimos devem sair da em-
                                presa (veja quadro na página seguinte).
                                       Welch descreve os funcionários do grupo A como indivíduos apai-
                                xonados, com grande capacidade de realização, abertos a todo tipo
                                de idéias e com a habilidade de transmitir entusiasmo a todos que os
                                rodeiam.
                                       O grupo B é, na opinião de Welch, o coração da empresa: embora
                                tenham menos paixão, gasta-se menos energia em melhorar seu desem-
                                penho, porque eles mesmos devem buscar a forma de subir para a catego-
                                ria A, e a tarefa dos líderes é ajudá-los a conseguir esse objetivo.


                                HSM Management – Book Summary 3 – 2002
J A C K   D E F I N I T I V O                                                                                       8




                                 DIFERENCIAÇÃO: CURVA DA VITALIDADE




                                       20% superiores         70% médios “vitais”         10% do nível mais baixo

                                             A                         B                  C



                                       Por fim, o grupo C é formado por funcionários que não conseguem
                                cumprir suas obrigações. Em lugar de entusiasmar os outros, acabam por
                                perturbá-los. “Não é possível perder tempo com eles, nem mesmo para
                                tentar recolocá-los”, afirma Welch.
                                       Obviamente, a curva da vitalidade tem o suporte de um sistema de
                                recompensas que inclui aumentos salariais, opções de ações e promoções.
                                Por exemplo: os funcionários da categoria A recebem prêmios sob a for-
                                ma de aumentos de salários que são de duas a três vezes superiores aos do
                                grupo B, que também recebem aumentos significativos em reconhecimen-
                                to a sua contribuição.
                                       Entretanto, como explica Welch, o sistema tem algumas imperfei-
                                ções: muitas vezes, algumas pessoas que seriam do grupo A constam no
                                grupo B somente porque não têm ambição de subir na empresa. Além
                                disso, identificar os indivíduos do grupo A é fácil, mas é difícil para todos
                                denunciar os que integram a categoria C.
                                       Welch justifica o modelo da seguinte forma: “Algumas pessoas pen-
                                sam que é cruel demitir pessoas que têm rendimento deficiente. Ao con-
                                trário, a crueldade está na falsa bondade de reter pessoas que não cresce-
                                rão nem prosperarão. E seria ainda mais cruel demiti-las mais tarde, quando
                                suas opções de trabalho forem limitadas e estiverem na época de enviar os
                                filhos para a universidade. Aqueles que dizem que a curva da vitalidade é
                                cruel utilizam uma falsa lógica, fruto de uma cultura que pratica a falsa
                                bondade”.
                                       No fim de 1989, Welch teve a idéia de uma “companhia sem frontei-
                                ras” que derrubaria as barreiras entre as funções de engenharia, produ-
                                ção e marketing, entre outras, e que ao mesmo tempo encorajaria a inte-
                                gração com os fornecedores e com os clientes.


                                HSM Management – Book Summary 3 – 2002
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                                       Na prática, essa noção foi traduzida em um impulso ainda maior ao
 No fim de 1989,                trabalho em equipe, assim como em maior abertura em relação às práti-
  Welch teve a                  cas e idéias de outras empresas. Além disso, a avaliação dos gerentes in-
  idéia de uma                  cluiu o nível de comportamento sem fronteiras entre os valores da Gene-
                                ral Electric, acrescentando-o aos já existentes: dar impulso ao sucesso do
“companhia sem
                                cliente, implementar a qualidade 6-Sigma, buscar a excelência, não tole-
 fronteiras” que                rar a burocracia, usar de liderança e energia para se adaptar às mudanças,
  derrubaria as                 entre outros.
 barreiras entre                       Outro passo no sistema de avaliação foi a definição dos tipos de
                                gerentes segundo seu desempenho e sua adesão aos valores da GE. Os
  as funções de                 tipos estabelecidos foram os seguintes:
   engenharia,                  1. Cumpre os compromissos e compartilha os valores da GE.
    produção e                  2. Não cumpre os compromissos nem compartilha os valores da GE –esse
marketing, entre                tipo de gerente não tem futuro na empresa.
                                3. Não cumpre todos os compromissos, mas compartilha os valores da GE
 outras, e que ao               –pessoas que receberão uma segunda e talvez uma terceira oportunidade
  mesmo tempo                   em contextos diferentes.
  encorajaria a                 4. Cumpre seus compromissos e consegue alcançar os objetivos, mas não
 integração com                 compartilha os valores da GE –por exemplo, pressiona os funcionários,
                                em vez de servir como inspiração. Da mesma forma que o tipo 2, esses
os fornecedores e               gerentes não têm futuro na empresa.
 com os clientes                       Welch explica que a mudança de mentalidade ficou refletida nos
                                resultados: as margens operacionais passaram de 11,5% em 1992 para
                                18,5% em 2000, ano em que as receitas chegaram a US$ 130 bilhões e o
                                lucro líquido, a quase US$ 13 bilhões.

                                Capítulo à parte
                                       Se forem contabilizados os resultados de todas as empresas do gru-
                                po, a General Electric Capital foi uma das que atingiram maior cresci-
                                mento e rentabilidade sob a direção de Welch.
                                       Em 1981, ao assumir como presidente executivo, os lucros da GE
                                Capital eram de US$ 67 milhões sobre ativos de US$ 5,2 bilhões; em 2000,
                                os lucros foram de US$ 5,2 bilhões –valor equivalente a 41% dos lucros
                                totais da General Electric– sobre ativos de mais de US$ 370 bilhões.
                                       Na década de 1970, o foco da empresa financeira concentrou-se
                                nos empréstimos tradicionais aos consumidores –hipotecas e leasing de
                                automóveis, entre outros–, em alguns investimentos em bens de raiz e em
                                transporte. Na década de 1980, quando a meta passou a ser um cresci-
                                mento mais rápido, a companhia encorajou seus funcionários a apresen-
                                tar novas idéias. O resultado? Uma maior diversificação: os nichos de ne-
                                gócios financeiros em que a empresa operava passaram de seis em 1977
                                para 28 em 2001.


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                                       “Sempre tomamos muito cuidado com as apostas no setor de servi-
                                ços financeiros”, diz Welch em seu livro. “Não acrescentei novas pautas ao
                                processo de avaliação de risco dos anos 70, mas também não relaxei a
                                disciplina: qualquer acordo de mais de US$ 10 milhões, da mesma forma
                                que qualquer risco comercial por cliente que supere US$ 100 milhões,
                                devia ser previamente discutido pela diretoria.”

                                Os anos 90
                                       Segundo Welch, foram quatro as grandes iniciativas que marcaram
                                o percurso da General Electric durante a última década de sua admi-
                                nistração:
                                  Globalização. A GE foi uma empresa global praticamente desde seu nas-
                                cimento. Basta lembrar que no final do século 19 Thomas Edison instalou
                                o sistema elétrico em Londres e, alguns anos depois, inaugurou uma cen-
                                tral de energia no Japão.
                                       Quando Welch assumiu a presidência executiva, a GE realizava ape-
                                nas um ou dois negócios ao ano fora dos Estados Unidos. Mas a situação
                                mudou no começo dos anos 90: ele se encarregou de colocar alguns de
                                seus melhores funcionários em pontos estratégicos do mundo.
                                       “Voltamos nossa atenção para países em transição ou que passavam
                                por crises, porque pensamos que era neles que estavam as atividades que
                                mais compensariam o risco”, afirma. Dessa forma, a empresa aproveitou
                                oportunidades de negócios, especialmente no setor de serviços financei-
                                ros nos países europeus, que, naquela época, viviam uma profunda de-
                                pressão econômica. E, na metade dos anos 90, foram realizadas mais de 20
                                aquisições e joint ventures no México, que tinha passado por uma desvalori-
                                zação da moeda. Mais tarde, a empresa de serviços financeiros começou a
                                atuar no Japão, país que tradicionalmente tinha rejeitado investimentos
                                estrangeiros.
                                  Serviços. Com exceção do pessoal da GE Medical Systems, os funcioná-
                                rios que operavam no setor industrial da empresa deixavam em segundo
                                plano os serviços de suporte e manutenção: fornecimento de peças adicio-
                                nais ou de substituição de motores de aviões, locomotivas ou equipamen-
                                tos para geração de energia, entre outros. Os engenheiros preferiam criar
                                produtos mais rápidos, inovadores e poderosos e os vendedores voltavam
                                sua atenção para o fornecimento de novos equipamentos aos clientes.
                                       No entanto, a área de serviços era, na opinião de Welch, uma das
                                que contavam com maior potencial de crescimento. Em 1996, durante
                                uma reunião com altos executivos, ele afirmou que, enquanto discutiam a
                                quantidade de turbinas a gás ou motores de avião que venderiam no ano,
                                estavam deixando escapar a oportunidade de oferecer serviços a uma base
                                instalada de 10 mil turbinas e 9 mil motores.


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                                       A partir de então, a GE concentrou-se em serviços e, por meio de
   A GE Capital                 aquisições, estimulou o crescimento do setor: de 1977 a 2000, a GE Medi-
    foi uma das                 cal Systems adquiriu 40 empresas de serviços; a GE Power Systems, 31; e a
  empresas que                  GE Aircraft Engines, 17. Os números mostram o resultado desse esforço:
                                as receitas de serviços passaram de US$ 8 bilhões em 1995 para US$ 19
 atingiram maior
                                bilhões em 2001.
  crescimento e                    6-Sigma. 6-Sigma é uma metodologia que procura conseguir um nível
rentabilidade sob               de qualidade de menos de 3,4 defeitos por milhão de operações, tanto
   a direção de                 nos processos de produção como nos de serviços. Isso equivale a 99,99966%
                                de perfeição –nos processos industriais, a média costuma ser de 97%, o
Welch. Em 1981,                 que se denomina nível de qualidade entre três e quatro sigmas.
seus lucros eram                       A iniciativa 6-Sigma, lançada em janeiro de 1996, foi aplicada em
     de US$ 67                  todo o grupo para melhorar a produtividade, reduzir custos e corrigir
 milhões; no ano                processos. Contou com o apoio do sistema de remunerações: o plano de
                                incentivos foi modificado para que 60% da gratificação fosse baseada nos
  2000, foram de                resultados financeiros e os outros 40%, nos resultados atingidos com a
 US$ 5,2 bilhões                metodologia.
                                       Durante o primeiro ano de sua implementação, a General Electric
                                treinou 30 mil funcionários, investiu aproximadamente US$ 200 milhões
                                em treinamento e conseguiu uma economia de US$ 150 milhões; passou
                                de 3 mil projetos 6-Sigma em 1996 para 6 mil em 1997, ano em que as
                                melhoras de produtividade representaram uma economia de US$ 320
                                milhões. Por sua vez, as margens operacionais subiram de 14,8% em 1996
                                para 18,9% em 2000.
                                   E-business. No fim dos anos 90, durante o auge das ponto.com, os inves-
                                tidores deixaram de lado as empresas grandes e antigas e toda a atenção
                                se concentrou nos empreendimentos baseados na Internet.
                                       Welch afirma que nunca caiu na armadilha “velha economia versus
                                nova economia”. Para ele, a única diferença em relação às transações tra-
                                dicionais era a tecnologia. Estava convencido de que as grandes empresas
                                tinham mais possibilidades de progredir do que as novas. Em princípio, já
                                contavam com marcas fortes e estabelecidas, de forma que não precisa-
                                vam fazer grandes esforços de publicidade. Além disso, tinham sistemas
                                de distribuição e depósitos em pleno funcionamento.
                                       Para a GE, o impacto da Internet se manifestou em três áreas: com-
                                pras, processos internos e vendas. O grupo, que comprava US$ 50 milhões
                                em mercadorias e serviços ao ano, teve acesso a um número maior de for-
                                necedores e conseguiu melhores preços por meio dos leilões on-line.
                                       No que se refere aos processos internos, as mudanças incluíram a
                                automação de operações que antes geravam grande fluxo de documen-
                                tos. A digitalização eliminou muitas tarefas de rotina e melhorou a quali-
                                dade de outras.


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                                      De fato, segundo os cálculos de Welch, no ano 2000 os benefícios
                                trazidos pela Internet a essas atividades representaram aproximadamente
                                US$ 150 milhões. Finalmente, a Web serviu para diminuir os tempos de
                                entrega e para melhorar o atendimento ao cliente. Em 2000, a General
                                Electric realizou vendas on-line num total de US$ 7 bilhões.

                                O sucessor
                                       O processo de sucessão começou em 1994, e ele, Welch, então com
                                58 anos, o encarou levando em conta os seguintes pontos:
                                1. O sucessor teria de ser um líder indiscutível da General Electric.
                                2. Deveriam ser evitadas as intrigas políticas.
                                3. A diretoria precisaria participar da decisão.
                                4. O sucessor teria de ser suficientemente jovem para exercer o cargo
                                durante uma década, no mínimo. Segundo Welch, “alguém com menos
                                tempo poderia ficar tentado a realizar ações precipitadas para deixar sua
                                marca na empresa”.
                                       Com a ajuda de Bill Conaty, vice-presidente de recursos humanos,
                                Welch preparou uma lista dos requisitos para ser aspirante ao cargo: inte-
                                gridade, experiência, visão e liderança, entre outros. Depois foram esco-
                                lhidos os candidatos: 23 executivos –entre membros da alta gerência e
                                jovens de grande potencial– com idade entre 36 e 58 anos.
                                       Em junho de 1994, a lista foi oficialmente apresentada à diretoria e,
                                a partir desse momento, a questão da sucessão passou a fazer parte da
                                agenda das reuniões da alta cúpula realizadas em junho e dezembro. Para
                                que os executivos seniores pudessem observar os candidatos num ambien-
                                te informal, foram programados jogos de golfe nos meses de abril e ju-
                                nho. Além disso, nas festas de Natal –das quais também participavam as
                                esposas–, Welch supervisionava cuidadosamente a posição dos candidatos
                                nas mesas, para garantir que os membros da diretoria estivessem em con-
                                tato com os 23 pré-selecionados.
                                       Em 1998 havia oito candidatos competindo e, ao final desse ano,
                                restavam apenas três. “Eleger meu sucessor não só foi a decisão mais im-
                                portante de minha carreira, como também a mais difícil e sofrida”, lem-
                                bra Welch em seu livro. O que tornou a tarefa tão difícil foi o fato de os
                                três finalistas terem superado significativamente todas as expectativas: Jeff
                                Immelt, encarregado da divisão de sistemas médicos; Bob Nardelli, res-
                                ponsável pela área de sistemas de energia; e Jim McNerney, líder da divi-
                                são de motores de avião.
                                       No começo, Welch pretendia manter na empresa os dois candida-
                                tos que não fossem selecionados, mas rapidamente mudou de opinião.
                                Sabia que, provavelmente, optariam por sair e, assim, decidiu “perdê-los
                                em meus próprios termos”. Explicou aos três que, uma vez nomeado o


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                                novo presidente, os outros dois deveriam sair da companhia e pediu que
      Entre os                  eles mesmos indicassem um substituto para o cargo que exerciam.
 atributos de um                      No final de outubro de 2000, Welch escolheu Immelt como seu su-
     presidente                 cessor e a diretoria aprovou sua decisão por unanimidade. Pouco depois,
                                McNerney foi contratado para dirigir a 3M e Nardelli passou a ser o presi-
 executivo estão:
                                dente executivo da Home Depot.
    integridade,
  autoconfiança,                O papel do presidente
paixão por aquilo                      Ao se referir aos atributos de um presidente de empresa, Jack Welch
                                cita integridade, autoconfiança, paixão por aquilo que faz, flexibilidade
       que faz,                 para atingir objetivos cada vez mais exigentes, capacidade de diferenciar
flexibilidade para              os melhores funcionários e boa comunicação, entre outros. Além disso,
 atingir objetivos              determina os princípios a seguir:
   cada vez mais                   Maximizar o conhecimento da organização. O segredo do trabalho do
                                presidente executivo é adotar as melhores idéias de algumas pessoas e
     exigentes,                 transferi-las para toda a empresa.
  capacidade de                    “As pessoas em primeiro lugar, a estratégia depois.” É mais difícil encon-
     diferenciar                trar gente adequada para fazer o trabalho que desenvolver uma estratégia.
                                   Informalidade. A burocracia é asfixiante; a informalidade, libertadora.
    os melhores
                                   A responsabilidade social está baseada em construir empresas fortes e
  funcionários e                competitivas, porque as fracas são uma carga para a sociedade: não pro-
boa comunicação                 duzem lucros, pagam poucos impostos e ameaçam constantemente com
                                demissões.
                                   Comemorações. Comemorar é uma excelente forma de proporcionar
                                energia à organização. O trabalho deve ser produtivo e, ao mesmo tem-
                                po, fonte de divertimento.
                                    As recompensas têm de estar atreladas às medições dos objetivos
                                alcançados.
                                   A estratégia é o resultado da capacidade de responder rapidamente às
                                mudanças à medida que elas acontecem, muito mais do que o resultado
                                de previsões grandiosas.
                                   Os escritórios não vendem nem produzem. Para saber o que está acon-
                                tecendo, é necessário sair à rua.

                                Epílogo
                                       “Nos últimos 24 anos um amuleto sempre me acompanhou: meu
                                porta-documentos de couro marrom. Rosanne, minha assistente, o deno-
                                minou ‘Mr. Lucky’”, conta Jack Welch.
                                       Foi carregando esse porta-documentos que ele chegou à sede da
                                empresa para começar sua carreira, que culminaria na presidência execu-
                                tiva. E foi carregando o mesmo porta-documentos que ele partiu da mes-
                                ma sede, definitivamente, em setembro de 2001.


                                HSM Management – Book Summary 3 – 2002
J A C K   D E F I N I T I V O                                                                       14




                                       Welch se despediu na reunião anual dos 550 principais líderes da
                                General Electric com estas palavras: “Comecei neste cargo há 20 anos, e
                                juntos mudamos muito. Foi uma jornada divertida, maravilhosa, cheia de
                                grandes lembranças e de amizades duradouras. Não importa o que já fi-
                                zemos. Esqueçam isso. Agora começa um novo jogo: mudanças nunca
                                vistas, a velocidades desconhecidas. Será divertido para aqueles que
                                gostarem do jogo. Será aterrador para aqueles que não conseguirem
                                entendê-lo”.




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  • 1. Jack Divulgação Jack Welch, com John A. Byrne Definitivo Segredos do executivo do século Jack Welch é um dos líderes empresariais mais influentes de todos os tempos –e também um dos mais polêmicos. A Algumas experiências da juventude permanecem presentes duran- te toda a vida. Aos 65 anos, o lendário Jack Welch começa o livro relem- brando um jogo de hóquei sobre gelo que disputou na adolescência. Ele era co-capitão de um time que vencera os três primeiros jogos da tempo- rada, perdera os seis seguintes e estava disputando o último do ano. O jogo começou equilibrado, mas os adversários conseguiram van- A reestruturação da tagem na prorrogação. Em um ataque de frustração, Welch lançou o taco General Electric (GE), ao outro lado da pista, depois patinou até alcançá-lo e se dirigiu ao vestiá- que ele realizou na rio, onde seus companheiros já estavam tirando os patins e o uniforme. década de 1980, lhe Minutos depois, abriu-se a porta e por ela entrou a mãe de Jack, que valeu o apelido “Neutron andou rapidamente em sua direção. O silêncio foi absoluto; todos os olhos Jack” – ele “eliminava” estavam fixos naquela mulher irlandesa de meia-idade e vestido florido. as pessoas sem demolir Ela cruzou o vestiário, parou diante do filho e, segurando-o pela camise- os prédios. Atualmente, ta, lhe disse bem na cara: “Você é um medíocre! Se não souber perder, é conhecido como o criador nunca saberá vencer”. da empresa com o melhor Welch reconhece que a mãe foi a pessoa que mais o influenciou. management dos EUA. Grace, a quem o filho descreve como “rude e agressiva, carinhosa e gene- rosa”, sabia julgar o caráter das pessoas e podia reconhecer um farsante a quilômetros de distância. Welch atribui a ela muitas de suas convicções sobre como dirigir uma empresa. Entre outras atitudes, competir dura- mente para vencer, enfrentar a realidade, motivar as pessoas com estímu- los e sanções, determinar objetivos que possam ser ajustados à medida que se avança e acompanhar constantemente os funcionários para garan- tir o cumprimento das tarefas.
  • 2. J A C K D E F I N I T I V O 3 No entanto, o que mais Welch agradece à mãe é a confiança em si mesmo que ela lhe transmitiu. Em sua opinião, a confiança é condição essencial para assumir riscos e para se atrever a pôr em jogo muito mais do que se consegue imaginar. Essa é uma característica fundamental dos bons executivos, que devem ter a capacidade de encorajar seus subordi- nados, desafiá-los a alcançar metas nunca antes pensadas e lhes oferecer recompensas apropriadas quando conseguem atingir o sucesso. “Minha mãe nunca teve subordinados, mas sabia como alimentar a auto-estima”, lembra Welch. “Sempre tive dificuldades para falar, um tipo de gagueira que não desaparecia. Às vezes causava incidentes cômicos, mas em outras eu ficava envergonhado. Minha mãe encontrou a justifica- tiva perfeita quando me disse: ‘Você é tão inteligente que nenhuma lín- gua é capaz de funcionar na mesma velocidade que seu cérebro’. Deixei de me preocupar com minha gagueira porque acreditei firmemente em suas palavras. Ela me convenceu de que eu poderia conseguir o que qui- sesse”, conta. Os primeiros anos Jack Welch nasceu em Peabody, Estado de Massachusetts, EUA, em 19 de novembro de 1935. Seus quatro avós eram imigrantes irlandeses. Seu pai trabalhava como guarda no trem que ia de Boston ao Maine. “Com seu exemplo aprendi o valor do trabalho duro”, comenta o executivo. Welch estudou engenharia química na Massachusetts University e fez mestrado na Illinois University. Quando se formou, em 1958, o país estava em plena recessão. Como havia poucas ofertas de emprego, optou por continuar estudando. Em 1960, ao concluir seu doutorado, decidiu tentar a sorte no mun- do empresarial porque não se considerava com o perfil adequado para o ambiente científico. Depois de estudar duas propostas de trabalho, pas- sou a integrar o grupo encarregado de desenvolver novos plásticos da General Electric. Em 1961, depois de um ano de trabalho duro, recebeu um aumento de salário de mil dólares. Welch comenta que ficou satisfei- to, até saber que as outras quatro pessoas que trabalhavam com ele ti- nham recebido o mesmo prêmio. Achei que merecia mais”, lembra ele. Frustrado, começou a procurar outro emprego. Estava a ponto de sair da empresa quando um dos gerentes, Reuben Gutoff, conseguiu con- vencê-lo a ficar: ofereceu-lhe mais responsabilidades e um salário maior. Welch conta que ficou muito impressionado com esse reconheci- mento. A partir de então, a diferenciação –recompensar os melhores e eliminar os ineficientes– foi um componente básico de seu estilo de ges- tão de recursos humanos. “Há quem diga que o tratamento diferenciado prejudica o trabalho em equipe, mas em meu mundo não é assim. Cons- HSM Management – Book Summary 3 – 2002
  • 3. J A C K D E F I N I T I V O 4 troem-se equipes fortes tratando cada indivíduo de forma diferente”, Welch aconselha explica ele. os gerentes a recompensar os Riscos e oportunidades Welch aconselha os gerentes a recompensar os funcionários bem- funcionários sucedidos, mas também recomenda que sejam tolerantes com os erros. E bem-sucedidos, acrescenta: “Humilhar alguém que errou pode fazer com que essa pessoa mas também entre numa espiral descendente de dúvidas e perda de confiança”. Em recomenda que sua opinião, quando se encontram nesse tipo de situação, até mesmo pes- soas fortes, brilhantes e seguras de si mesmas que se equivocaram ao pre- sejam tolerantes parar um plano operacional ou que fizeram um acordo ruim começam a com os erros se questionar e aceitam qualquer coisa para se livrar da situação. O princípio da tolerância também é aplicável às pessoas que apos- tam em empreendimentos que não produzem o resultado esperado. Se as empresas punirem os funcionários que se atrevem a sonhar e falham, re- forçarão a cultura de aversão ao risco. Em vez disso, Welch sugere identi- ficar as idéias com grande potencial e alocar os recursos necessários para implementá-las. Por exemplo: no fim da década de 1970, a General Electric se pro- pôs desenvolver uma nova lâmpada incandescente com uma duração dez vezes superior às comuns e com um consumo de energia menor. Investiu US$ 50 milhões no projeto que teve como resultado o lançamento da Halarc, durável e com bom rendimento, mas a um preço (US$ 10,95) que os consumidores não estavam dispostos a pagar. Em lugar de punir os participantes da iniciativa, Welch os recompensou com prêmios em di- nheiro e promoções. A carreira de Jack na General Electric foi rápida: em 1964 foi no- meado gerente-geral de operação de produtos de polímeros; em 1968, gerente-geral da divisão de plásticos –com faturamento de US$ 26 milhões; e em 1971, responsável pela divisão química e metalúrgica. Essa última promoção trouxe novos desafios. Depois de ter passado 11 anos na área de plástico, da noite para o dia tinha de gerenciar um portfólio de empre- sas que operavam em diversos setores: ferramentas industriais, materiais isolantes, diamantes industriais e produtos elétricos. “A primeira tarefa foi analisar minha equipe”, comenta Welch. “Salvo algumas exceções, seus membros não estavam à altura das circunstâncias. E devo admitir que naquela época demiti pessoas de forma impulsiva. No decorrer dos anos aprendi como fazer isso melhor.” Qual é o método certo? Realizar duas ou três entrevistas com a pes- soa em questão para lhe transmitir que não está de acordo com o que ela faz, dando-lhe a oportunidade de mudar sua conduta. Se não mudar, a demissão não será uma surpresa. HSM Management – Book Summary 3 – 2002
  • 4. J A C K D E F I N I T I V O 5 A meta: ser o número um Em cinco anos, a Welch reconhece que, no começo da década de 1970, começou a GE demitiu 118 pensar na possibilidade de se transformar no presidente executivo da mil funcionários, General Electric. Em 1973, quando Reuben Gutoff assumiu o planejamento estraté- mais de um gico em escala corporativa, Welch assumiu uma posição executiva que quarto de sua abrangia, além da subsidiária de produtos químicos e metalúrgicos, as força de trabalho. unidades de sistemas de equipamento médico e de peças para eletrodo- Desse total, 37 mésticos e produtos eletrônicos. Era um portfólio heterogêneo, com ven- das anuais superiores a US$ 2 bilhões, 46 mil funcionários, 44 fábricas nos mil trabalhavam EUA e operações em diversos países. “A diversidade da empresa, junta- em companhias mente com o fato de precisar coordenar operações em lugares remotos, que foram me fez descobrir que grande parte de meu sucesso dependeria das pessoas vendidas e 81 mil que contratasse”, explica. Mas o experiente executivo reconhece que aprendeu com seus perderam seus próprios erros: “Para cuidar do marketing, eu costumava contratar pes- empregos “por soas de boa presença que se expressavam corretamente. Algumas eram razões de eficientes, outras não passavam de um terno com gravata. Meus erros refletiam meus preconceitos. Para a área técnica procurava pessoas for- produtividade” madas pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), Princeton ou Cal Tech. Os antecedentes acadêmicos me impressionavam muito. Sem dúvida, eram pessoas brilhantes, mas, com freqüência, não se compro- metiam, perdiam de vista o objetivo. Com o decorrer do tempo, aprendi que eu precisava era de pessoas apaixonadas e com muita vontade de realizar coisas”. No fim de 1977, Welch assumiu uma responsabilidade ainda maior: a direção da divisão de produtos de consumo de massa, com receitas anuais de US$ 4,2 bilhões (quase 20% do total das vendas da GE), que incluía equipamentos de ar-condicionado, produtos de iluminação, aparelhos de áudio, televisores e a divisão General Electric Credit Corp., responsável pelo crédito ao consumidor. Com essa promoção, Welch passou a ser um dos cinco candidatos à sucessão de Reg Jones, que naquela época era o presidente da compa- nhia. A nomeação viria em três anos. “Naquele dia de dezembro de 1980 eu me senti o homem mais afortunado e feliz dos Estados Unidos”, lembra. “Era o trabalho que eu tinha escolhido. Permitiu-me gerenciar uma gama inacreditável de ne- gócios: de motores de avião e geradores de energia a plásticos e serviços médicos e financeiros. Mas o mais importante é que se tratava de um trabalho principalmente relacionado com as pessoas. E durante esses anos eu trabalhei com as pessoas mais sagazes, criativas e competitivas do mundo.” HSM Management – Book Summary 3 – 2002
  • 5. J A C K D E F I N I T I V O 6 Neutron Jack Welch começou a exercer suas novas funções no dia 1º de abril de 1981. Naquele momento, a General Electric tinha receitas de US$ 25 mi- lhões e lucro de US$ 1,5 bilhão. Contava com 404 mil funcionários e fa- bricava uma enorme diversidade de produtos: de torradeiras de pão a centrais de energia. Era um ícone da economia norte-americana: a déci- ma corporação em tamanho e capitalização de mercado. No entanto, a concorrência asiática ameaçava a indústria norte-ameri- cana. Rádios, câmeras fotográficas, aparelhos de TV, aço, navios e, finalmen- te, automóveis viram-se acuados pelos produtos procedentes do Oriente. A General Electric já tinha diversas frentes vulneráveis, entre elas a dos produtos eletrônicos e utilidades domésticas. Foi então que Welch propôs uma filosofia que se tornou histórica: a companhia só permanece- ria nos mercados em que pudesse ocupar o primeiro ou o segundo lugar (veja gráfico abaixo). A estratégia gerou incontáveis movimentos durante os anos seguin- tes. Por exemplo, a venda de 71 empresas e linhas de produtos por apro- ximadamente US$ 500 milhões e outras 118 transações (aquisições e joint ventures) avaliadas em mais de US$ 1 bilhão. Em cinco anos, a GE demitiu 118 mil funcionários, mais de um quar- to de sua força de trabalho. Desse total, 37 mil trabalhavam em compa- nhias que foram vendidas e 81 mil perderam seus empregos “por razões de produtividade”. NÚMERO 1 OU NÚMERO 2: “REESTRUTURAR, VENDER OU FECHAR” • Microeletrônica • Petróleo SERVIÇOS ALTA TECNOLOGIA • Financeiros • Equipamentos médicos • De informação • Materiais em geral • De construção e • Eletrônica industrial engenharia • Equipamento para a • Nucleares indústria aeroespacial • Motores de avião • Ar-condicionado central NEGÓCIO CENTRAL • Pequenos dispositivos • Grandes transformadores • Grandes dispositivos • Dispositivos de • Aparelhos de áudio e TV • Iluminação distribuição elétrica • Rádios portáteis • Turbinas • Cabos • Transporte • Estações de TV • Motores • Equipamentos para empreiteiros HSM Management – Book Summary 3 – 2002
  • 6. J A C K D E F I N I T I V O 7 Ao mesmo tempo, Welch destinou US$ 75 milhões a projetos que Welch queria muitos qualificaram de improdutivos: a construção de um ginásio, uma atrair os casa de hóspedes e um centro de conferências nos escritórios centrais e a melhores e mais remodelação do centro de treinamento para executivos em Crotonville. O objetivo perseguido por Welch era exigir mais de menos pessoas. competitivos E, para defender seus projetos, argumentava que não era possível pedir funcionários do que os funcionários mais brilhantes ficassem quatro semanas em treina- mundo. E, para mento em um centro deteriorado e que os hóspedes da empresa não po- conseguir isso, diam se hospedar em hotéis de terceira categoria. O ambiente deveria ser um reflexo da excelência. estava disposto O descontentamento não demorou a se alastrar. Era difícil enten- a lhes oferecer der por que se gastava em apartamentos, esteiras rolantes e centros de excelência em conferências enquanto grassavam as demissões e se fechavam fábricas. treinamento, Foi então que a revista Newsweek lançou o apelido “Neutron Jack”, porque as pessoas desapareciam e os prédios continuavam em pé. “Detestei esse ótimo ambiente apelido e fiquei muito sentido”, diz Welch. “Mas odiava ainda mais a buro- de trabalho e cracia e o esbanjamento”, acrescenta. oportunidades de crescimento Talento e comprometimento Em essência, Welch queria atrair os melhores e mais competitivos pessoal e funcionários do mundo. E, para conseguir isso, estava disposto a lhes ofe- profissional recer excelência em treinamento, ambiente de trabalho e oportunidades de crescimento pessoal e profissional. Criou então um sistema de qualifi- cação com base em reuniões formais e em encontros informais (durante o almoço, nos corredores e nas reuniões de trabalho). O método, que consiste em testar todas as pessoas em uma grande diversidade de ambien- tes, define, na opinião de Welch, seu estilo de liderança. Dentro dessa estrutura, uma das ferramentas de avaliação mais im- portantes é a que a GE chamou de “curva da vitalidade”. Todos os anos as empresas que integram o grupo devem classificar seus principais executi- vos e funcionários de acordo com seu desempenho, diferenciando-os em três categorias: os 20% superiores (A), os 70% médios “vitais” (B) e os 10% do nível mais baixo (C). Em geral, estes últimos devem sair da em- presa (veja quadro na página seguinte). Welch descreve os funcionários do grupo A como indivíduos apai- xonados, com grande capacidade de realização, abertos a todo tipo de idéias e com a habilidade de transmitir entusiasmo a todos que os rodeiam. O grupo B é, na opinião de Welch, o coração da empresa: embora tenham menos paixão, gasta-se menos energia em melhorar seu desem- penho, porque eles mesmos devem buscar a forma de subir para a catego- ria A, e a tarefa dos líderes é ajudá-los a conseguir esse objetivo. HSM Management – Book Summary 3 – 2002
  • 7. J A C K D E F I N I T I V O 8 DIFERENCIAÇÃO: CURVA DA VITALIDADE 20% superiores 70% médios “vitais” 10% do nível mais baixo A B C Por fim, o grupo C é formado por funcionários que não conseguem cumprir suas obrigações. Em lugar de entusiasmar os outros, acabam por perturbá-los. “Não é possível perder tempo com eles, nem mesmo para tentar recolocá-los”, afirma Welch. Obviamente, a curva da vitalidade tem o suporte de um sistema de recompensas que inclui aumentos salariais, opções de ações e promoções. Por exemplo: os funcionários da categoria A recebem prêmios sob a for- ma de aumentos de salários que são de duas a três vezes superiores aos do grupo B, que também recebem aumentos significativos em reconhecimen- to a sua contribuição. Entretanto, como explica Welch, o sistema tem algumas imperfei- ções: muitas vezes, algumas pessoas que seriam do grupo A constam no grupo B somente porque não têm ambição de subir na empresa. Além disso, identificar os indivíduos do grupo A é fácil, mas é difícil para todos denunciar os que integram a categoria C. Welch justifica o modelo da seguinte forma: “Algumas pessoas pen- sam que é cruel demitir pessoas que têm rendimento deficiente. Ao con- trário, a crueldade está na falsa bondade de reter pessoas que não cresce- rão nem prosperarão. E seria ainda mais cruel demiti-las mais tarde, quando suas opções de trabalho forem limitadas e estiverem na época de enviar os filhos para a universidade. Aqueles que dizem que a curva da vitalidade é cruel utilizam uma falsa lógica, fruto de uma cultura que pratica a falsa bondade”. No fim de 1989, Welch teve a idéia de uma “companhia sem frontei- ras” que derrubaria as barreiras entre as funções de engenharia, produ- ção e marketing, entre outras, e que ao mesmo tempo encorajaria a inte- gração com os fornecedores e com os clientes. HSM Management – Book Summary 3 – 2002
  • 8. J A C K D E F I N I T I V O 9 Na prática, essa noção foi traduzida em um impulso ainda maior ao No fim de 1989, trabalho em equipe, assim como em maior abertura em relação às práti- Welch teve a cas e idéias de outras empresas. Além disso, a avaliação dos gerentes in- idéia de uma cluiu o nível de comportamento sem fronteiras entre os valores da Gene- ral Electric, acrescentando-o aos já existentes: dar impulso ao sucesso do “companhia sem cliente, implementar a qualidade 6-Sigma, buscar a excelência, não tole- fronteiras” que rar a burocracia, usar de liderança e energia para se adaptar às mudanças, derrubaria as entre outros. barreiras entre Outro passo no sistema de avaliação foi a definição dos tipos de gerentes segundo seu desempenho e sua adesão aos valores da GE. Os as funções de tipos estabelecidos foram os seguintes: engenharia, 1. Cumpre os compromissos e compartilha os valores da GE. produção e 2. Não cumpre os compromissos nem compartilha os valores da GE –esse marketing, entre tipo de gerente não tem futuro na empresa. 3. Não cumpre todos os compromissos, mas compartilha os valores da GE outras, e que ao –pessoas que receberão uma segunda e talvez uma terceira oportunidade mesmo tempo em contextos diferentes. encorajaria a 4. Cumpre seus compromissos e consegue alcançar os objetivos, mas não integração com compartilha os valores da GE –por exemplo, pressiona os funcionários, em vez de servir como inspiração. Da mesma forma que o tipo 2, esses os fornecedores e gerentes não têm futuro na empresa. com os clientes Welch explica que a mudança de mentalidade ficou refletida nos resultados: as margens operacionais passaram de 11,5% em 1992 para 18,5% em 2000, ano em que as receitas chegaram a US$ 130 bilhões e o lucro líquido, a quase US$ 13 bilhões. Capítulo à parte Se forem contabilizados os resultados de todas as empresas do gru- po, a General Electric Capital foi uma das que atingiram maior cresci- mento e rentabilidade sob a direção de Welch. Em 1981, ao assumir como presidente executivo, os lucros da GE Capital eram de US$ 67 milhões sobre ativos de US$ 5,2 bilhões; em 2000, os lucros foram de US$ 5,2 bilhões –valor equivalente a 41% dos lucros totais da General Electric– sobre ativos de mais de US$ 370 bilhões. Na década de 1970, o foco da empresa financeira concentrou-se nos empréstimos tradicionais aos consumidores –hipotecas e leasing de automóveis, entre outros–, em alguns investimentos em bens de raiz e em transporte. Na década de 1980, quando a meta passou a ser um cresci- mento mais rápido, a companhia encorajou seus funcionários a apresen- tar novas idéias. O resultado? Uma maior diversificação: os nichos de ne- gócios financeiros em que a empresa operava passaram de seis em 1977 para 28 em 2001. HSM Management – Book Summary 3 – 2002
  • 9. J A C K D E F I N I T I V O 10 “Sempre tomamos muito cuidado com as apostas no setor de servi- ços financeiros”, diz Welch em seu livro. “Não acrescentei novas pautas ao processo de avaliação de risco dos anos 70, mas também não relaxei a disciplina: qualquer acordo de mais de US$ 10 milhões, da mesma forma que qualquer risco comercial por cliente que supere US$ 100 milhões, devia ser previamente discutido pela diretoria.” Os anos 90 Segundo Welch, foram quatro as grandes iniciativas que marcaram o percurso da General Electric durante a última década de sua admi- nistração: Globalização. A GE foi uma empresa global praticamente desde seu nas- cimento. Basta lembrar que no final do século 19 Thomas Edison instalou o sistema elétrico em Londres e, alguns anos depois, inaugurou uma cen- tral de energia no Japão. Quando Welch assumiu a presidência executiva, a GE realizava ape- nas um ou dois negócios ao ano fora dos Estados Unidos. Mas a situação mudou no começo dos anos 90: ele se encarregou de colocar alguns de seus melhores funcionários em pontos estratégicos do mundo. “Voltamos nossa atenção para países em transição ou que passavam por crises, porque pensamos que era neles que estavam as atividades que mais compensariam o risco”, afirma. Dessa forma, a empresa aproveitou oportunidades de negócios, especialmente no setor de serviços financei- ros nos países europeus, que, naquela época, viviam uma profunda de- pressão econômica. E, na metade dos anos 90, foram realizadas mais de 20 aquisições e joint ventures no México, que tinha passado por uma desvalori- zação da moeda. Mais tarde, a empresa de serviços financeiros começou a atuar no Japão, país que tradicionalmente tinha rejeitado investimentos estrangeiros. Serviços. Com exceção do pessoal da GE Medical Systems, os funcioná- rios que operavam no setor industrial da empresa deixavam em segundo plano os serviços de suporte e manutenção: fornecimento de peças adicio- nais ou de substituição de motores de aviões, locomotivas ou equipamen- tos para geração de energia, entre outros. Os engenheiros preferiam criar produtos mais rápidos, inovadores e poderosos e os vendedores voltavam sua atenção para o fornecimento de novos equipamentos aos clientes. No entanto, a área de serviços era, na opinião de Welch, uma das que contavam com maior potencial de crescimento. Em 1996, durante uma reunião com altos executivos, ele afirmou que, enquanto discutiam a quantidade de turbinas a gás ou motores de avião que venderiam no ano, estavam deixando escapar a oportunidade de oferecer serviços a uma base instalada de 10 mil turbinas e 9 mil motores. HSM Management – Book Summary 3 – 2002
  • 10. J A C K D E F I N I T I V O 11 A partir de então, a GE concentrou-se em serviços e, por meio de A GE Capital aquisições, estimulou o crescimento do setor: de 1977 a 2000, a GE Medi- foi uma das cal Systems adquiriu 40 empresas de serviços; a GE Power Systems, 31; e a empresas que GE Aircraft Engines, 17. Os números mostram o resultado desse esforço: as receitas de serviços passaram de US$ 8 bilhões em 1995 para US$ 19 atingiram maior bilhões em 2001. crescimento e 6-Sigma. 6-Sigma é uma metodologia que procura conseguir um nível rentabilidade sob de qualidade de menos de 3,4 defeitos por milhão de operações, tanto a direção de nos processos de produção como nos de serviços. Isso equivale a 99,99966% de perfeição –nos processos industriais, a média costuma ser de 97%, o Welch. Em 1981, que se denomina nível de qualidade entre três e quatro sigmas. seus lucros eram A iniciativa 6-Sigma, lançada em janeiro de 1996, foi aplicada em de US$ 67 todo o grupo para melhorar a produtividade, reduzir custos e corrigir milhões; no ano processos. Contou com o apoio do sistema de remunerações: o plano de incentivos foi modificado para que 60% da gratificação fosse baseada nos 2000, foram de resultados financeiros e os outros 40%, nos resultados atingidos com a US$ 5,2 bilhões metodologia. Durante o primeiro ano de sua implementação, a General Electric treinou 30 mil funcionários, investiu aproximadamente US$ 200 milhões em treinamento e conseguiu uma economia de US$ 150 milhões; passou de 3 mil projetos 6-Sigma em 1996 para 6 mil em 1997, ano em que as melhoras de produtividade representaram uma economia de US$ 320 milhões. Por sua vez, as margens operacionais subiram de 14,8% em 1996 para 18,9% em 2000. E-business. No fim dos anos 90, durante o auge das ponto.com, os inves- tidores deixaram de lado as empresas grandes e antigas e toda a atenção se concentrou nos empreendimentos baseados na Internet. Welch afirma que nunca caiu na armadilha “velha economia versus nova economia”. Para ele, a única diferença em relação às transações tra- dicionais era a tecnologia. Estava convencido de que as grandes empresas tinham mais possibilidades de progredir do que as novas. Em princípio, já contavam com marcas fortes e estabelecidas, de forma que não precisa- vam fazer grandes esforços de publicidade. Além disso, tinham sistemas de distribuição e depósitos em pleno funcionamento. Para a GE, o impacto da Internet se manifestou em três áreas: com- pras, processos internos e vendas. O grupo, que comprava US$ 50 milhões em mercadorias e serviços ao ano, teve acesso a um número maior de for- necedores e conseguiu melhores preços por meio dos leilões on-line. No que se refere aos processos internos, as mudanças incluíram a automação de operações que antes geravam grande fluxo de documen- tos. A digitalização eliminou muitas tarefas de rotina e melhorou a quali- dade de outras. HSM Management – Book Summary 3 – 2002
  • 11. J A C K D E F I N I T I V O 12 De fato, segundo os cálculos de Welch, no ano 2000 os benefícios trazidos pela Internet a essas atividades representaram aproximadamente US$ 150 milhões. Finalmente, a Web serviu para diminuir os tempos de entrega e para melhorar o atendimento ao cliente. Em 2000, a General Electric realizou vendas on-line num total de US$ 7 bilhões. O sucessor O processo de sucessão começou em 1994, e ele, Welch, então com 58 anos, o encarou levando em conta os seguintes pontos: 1. O sucessor teria de ser um líder indiscutível da General Electric. 2. Deveriam ser evitadas as intrigas políticas. 3. A diretoria precisaria participar da decisão. 4. O sucessor teria de ser suficientemente jovem para exercer o cargo durante uma década, no mínimo. Segundo Welch, “alguém com menos tempo poderia ficar tentado a realizar ações precipitadas para deixar sua marca na empresa”. Com a ajuda de Bill Conaty, vice-presidente de recursos humanos, Welch preparou uma lista dos requisitos para ser aspirante ao cargo: inte- gridade, experiência, visão e liderança, entre outros. Depois foram esco- lhidos os candidatos: 23 executivos –entre membros da alta gerência e jovens de grande potencial– com idade entre 36 e 58 anos. Em junho de 1994, a lista foi oficialmente apresentada à diretoria e, a partir desse momento, a questão da sucessão passou a fazer parte da agenda das reuniões da alta cúpula realizadas em junho e dezembro. Para que os executivos seniores pudessem observar os candidatos num ambien- te informal, foram programados jogos de golfe nos meses de abril e ju- nho. Além disso, nas festas de Natal –das quais também participavam as esposas–, Welch supervisionava cuidadosamente a posição dos candidatos nas mesas, para garantir que os membros da diretoria estivessem em con- tato com os 23 pré-selecionados. Em 1998 havia oito candidatos competindo e, ao final desse ano, restavam apenas três. “Eleger meu sucessor não só foi a decisão mais im- portante de minha carreira, como também a mais difícil e sofrida”, lem- bra Welch em seu livro. O que tornou a tarefa tão difícil foi o fato de os três finalistas terem superado significativamente todas as expectativas: Jeff Immelt, encarregado da divisão de sistemas médicos; Bob Nardelli, res- ponsável pela área de sistemas de energia; e Jim McNerney, líder da divi- são de motores de avião. No começo, Welch pretendia manter na empresa os dois candida- tos que não fossem selecionados, mas rapidamente mudou de opinião. Sabia que, provavelmente, optariam por sair e, assim, decidiu “perdê-los em meus próprios termos”. Explicou aos três que, uma vez nomeado o HSM Management – Book Summary 3 – 2002
  • 12. J A C K D E F I N I T I V O 13 novo presidente, os outros dois deveriam sair da companhia e pediu que Entre os eles mesmos indicassem um substituto para o cargo que exerciam. atributos de um No final de outubro de 2000, Welch escolheu Immelt como seu su- presidente cessor e a diretoria aprovou sua decisão por unanimidade. Pouco depois, McNerney foi contratado para dirigir a 3M e Nardelli passou a ser o presi- executivo estão: dente executivo da Home Depot. integridade, autoconfiança, O papel do presidente paixão por aquilo Ao se referir aos atributos de um presidente de empresa, Jack Welch cita integridade, autoconfiança, paixão por aquilo que faz, flexibilidade que faz, para atingir objetivos cada vez mais exigentes, capacidade de diferenciar flexibilidade para os melhores funcionários e boa comunicação, entre outros. Além disso, atingir objetivos determina os princípios a seguir: cada vez mais Maximizar o conhecimento da organização. O segredo do trabalho do presidente executivo é adotar as melhores idéias de algumas pessoas e exigentes, transferi-las para toda a empresa. capacidade de “As pessoas em primeiro lugar, a estratégia depois.” É mais difícil encon- diferenciar trar gente adequada para fazer o trabalho que desenvolver uma estratégia. Informalidade. A burocracia é asfixiante; a informalidade, libertadora. os melhores A responsabilidade social está baseada em construir empresas fortes e funcionários e competitivas, porque as fracas são uma carga para a sociedade: não pro- boa comunicação duzem lucros, pagam poucos impostos e ameaçam constantemente com demissões. Comemorações. Comemorar é uma excelente forma de proporcionar energia à organização. O trabalho deve ser produtivo e, ao mesmo tem- po, fonte de divertimento. As recompensas têm de estar atreladas às medições dos objetivos alcançados. A estratégia é o resultado da capacidade de responder rapidamente às mudanças à medida que elas acontecem, muito mais do que o resultado de previsões grandiosas. Os escritórios não vendem nem produzem. Para saber o que está acon- tecendo, é necessário sair à rua. Epílogo “Nos últimos 24 anos um amuleto sempre me acompanhou: meu porta-documentos de couro marrom. Rosanne, minha assistente, o deno- minou ‘Mr. Lucky’”, conta Jack Welch. Foi carregando esse porta-documentos que ele chegou à sede da empresa para começar sua carreira, que culminaria na presidência execu- tiva. E foi carregando o mesmo porta-documentos que ele partiu da mes- ma sede, definitivamente, em setembro de 2001. HSM Management – Book Summary 3 – 2002
  • 13. J A C K D E F I N I T I V O 14 Welch se despediu na reunião anual dos 550 principais líderes da General Electric com estas palavras: “Comecei neste cargo há 20 anos, e juntos mudamos muito. Foi uma jornada divertida, maravilhosa, cheia de grandes lembranças e de amizades duradouras. Não importa o que já fi- zemos. Esqueçam isso. Agora começa um novo jogo: mudanças nunca vistas, a velocidades desconhecidas. Será divertido para aqueles que gostarem do jogo. Será aterrador para aqueles que não conseguirem entendê-lo”. HSM Management – Book Summary 3 – 2002