O documento analisa a obra literária "Ensaio sobre a Cegueira" de José Saramago e sua adaptação cinematográfica por Fernando Meirelles. Discutem a pandemia de cegueira branca descrita, o isolamento dos doentes e como a cegueira leva as pessoas a revelarem sua natureza malévola. A narrativa examina como os valores sociais desmoronam no caos e como a cegueira serve como metáfora para a cegueira humana.
1. ISCIA - Comunicação 2009/2010 - TAT - Carla Silva e Joana Cruz Ensaio sobre a Cegueira – obra literária de José Saramago 1995
2. ISCIA - Comunicação 2009/2010 - TAT - Carla Silva e Joana Cruz Ensaio sobre a Cegueira – adaptação cinematográfica de Fernando Meirelles - 2008
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6. ISCIA - Comunicação 2009/2010 - TAT - Carla Silva e Joana Cruz Pandemia Inédita Cegueira Branca Isolamento dos doentes - quarentena Condições primitivas Imunidade de apenas um ser humano Desenvolvimento de todos os sentimentos malévolos dos homens Proliferação da doença por toda a cidade… Acção Saída da quarentena Uma cidade devastada, toda infectada, pessoas cegas guiadas pelo instinto animal O encontro de uma casa Recuperação da visão Cegueira da única pessoa que via em toda a acção???
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10. ISCIA - Comunicação 2009/2010 - TAT - Carla Silva e Joana Cruz Todos os momentos vividos em conjunto potenciam nas personagens o confronto entre a verdade do eu e a do outro deparando-se com a crueldade da morte e com a mudança de perspectiva em relação ao ser A mulher do m é dico é a ú nica que pode ver as belas e horrorosas imagens descritas pelo autor da í que ela não saiba se é uma bên ç ão ou uma maldi ç ão viver numa terra de cegos Talvez seja a sua bondade, a sua preocupação com o marido, mesmo convivendo entre cegos, que a impede de cegar
11. ISCIA - Comunicação 2009/2010 - TAT - Carla Silva e Joana Cruz Saramago opta por: Anonimato das personagens – maneira de universalizar a experiência abrangendo todas as pessoas e todos os nomes Somos remetidos para o universo ficcional e experimentamos a cada página a dolorosa trajectória das personagens Uso de um recurso tipicamente pós-moderno ao confrontar os princípios de civilização que os cegos conheciam – instaurando e subvertendo situações
12. ISCIA - Comunicação 2009/2010 - TAT - Carla Silva e Joana Cruz Leva o leitor à reflexão de que estes instintos que parecem tão vis na ficção são os mesmos que disfarçamos no dia-a-dia de homens civilizados. O romance desencadeia a revolta do leitor perante a torpeza das atitudes dos cegos das outras camaratas Empenho na subsistência individual e mais tarde uso da comida como instrumento de poder O fio condutor do romance é a cegueira - leva não só as personagens como também o leitor a reflectir sobre as relações entre o individual e o colectivo
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14. ISCIA - Comunicação 2009/2010 - TAT - Carla Silva e Joana Cruz Mais importante do que conseguir distinguir quem diz o quê é a própria mensagem Narrador/Autor Saramago constrói uma narrativa na qual se reflecte a sua visão do mundo Figura do narrador não existe e o autor é responsável pelo que narra O autor consegue uma polifonia vocal através da qual várias personagens têm voz e não apenas o narrador/autor tornando-se com frequência difícil distingui-las
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16. ISCIA - Comunicação 2009/2010 - TAT - Carla Silva e Joana Cruz Intromissão do próprio narrador durante todo o discurso recorrendo a várias expressões deícticas O leitor é obrigado a um exercício constante para distinguir a voz da narrativa, do diálogo e do registo dos pensamentos individuais Diálogo das personagens em discurso indirecto livre Relato muito aberto à imaginação do leitor
17. ISCIA - Comunicação 2009/2010 - TAT - Carla Silva e Joana Cruz Filmagens realizadas em Toronto (Canadá), Montevideu (Uruguai) e São Paulo (Brasil) Não há identificação no filme dos locais de produção Concede ao espaço um carácter de indeterminação A cidade filmada pode representar qualquer grande cidade do mundo, transmitindo um elevado nível de abstracção ao espectador
18. ISCIA - Comunicação 2009/2010 - TAT - Carla Silva e Joana Cruz Leva o telespectador a centrar a atenção nas personagens e no “mal branco” A transposição da obra literária para a adaptação cinematográfica foi inteiramente conseguida Os acontecimentos no espaço, por exemplo, do manicómio, que constitui o centro da narrativa ocorrem com lentidão na versão fílmica Realça a deterioração do ambiente e a consequência psicológica dos residentes do local
19. ISCIA - Comunicação 2009/2010 - TAT - Carla Silva e Joana Cruz A lentidão aparece como um contraste do mundo exterior apresentado na cena inicial do trânsito na qual movimentos rápidos e bruscos são projectados para o telespectador O “mal branco” mencionado tantas vezes na narrativa literária é transposto para o filme de modo agressivo O “mar de leite” que toma conta da visão das personagens chega ao telespectador pela luminosidade branca projectada Existe também o recurso a imagens mal enquadradas ou distorcidas, aumento do contraste entre o claro e o escuro e a impossibilidade de distinguir a realidade com clareza Objectivo: fazer o telespectador sentir o mal branco
20. ISCIA - Comunicação 2009/2010 - TAT - Carla Silva e Joana Cruz O som em muitos momentos do filme é tão ou mais intenso do que a própria imagem As imagens criadas por Meirelles evidenciam: A fragilidade do homem perante uma realaidade caótica Levam-nos a penetrar em um universo desconhecido Conduzem o telespectador a repensar os próprios valores e a nossa instabilidade
21. ISCIA - Comunicação 2009/2010 - TAT - Carla Silva e Joana Cruz Considerações Finais Obra e Filme levam o leitor/espectador a uma reflexão sobre a identidade humana A cegueira como metáfora da necessidade do ser humano - abandonar a sua natureza de maldade Personagem feminina (a mulher do médico e única que vê) como réstia de esperança da Humanidade, estando associada a esta figura a sensibilidade, a bondade genuína, grandeza de alma, amor pelo próximo… Produção de um retrato perturbador – simultaneamente intemporal e transversal da condição humana – aliança entre a fantasia e o real Esperança de que podemos vislumbrar uma porta de saída – a humanidade vai ser capaz, um dia, de derrubar as todas as tiranias e inventar uma nova forma de ser e viver…. SE PODES OLHAR, VÊ. SE PODES VER, REPARA…
22. Trabalho de pesquisa apresentado à Unidade Curricular de Técnicas de Análise Textual (TAT), ministrada no Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração ( ISCIA ), de Aveiro Maio de 2010 Autores do trabalho: Carla Silva Joana Cruz Docente: Professora Doutora Dina Baptista