O projeto Troca-Troca Experiências Educacionais foi criado em 2001, pela Secretaria de Educação de Olinda, com a intenção de incentivar e valorizar os projetos pedagógicos dos professores da rede.
Os docentes podem publicar e socializar as experiências na Revista “Troca-Troca”, que traz também as propostas vencedoras no Concurso “Anita Paes Barreto”, outro incentivo criado pela Prefeitura de Olinda e que premia os três melhores projetos a cada ano.
A Congregação de Jesus e Maria, conhecida também como os Eudistas, foi fundad...
Revista Troca-Troca: experiências educacionais Nº 4
2. Queridos(as) leitores(as)
A Secretaria de Educação de Olinda apresenta mais um número da revista
“Troca-Troca: experiências educacionais”, resultado de um esforço coletivo
de traduzir experiências da vivência pedagógica do chão da Escola em
uma publicação, a partir do debate, da reflexão, da troca, reafirmando o
pensamento de Paulo Freire, cantado por Raul Seixas e profetizado por D.
Hélder: “Sonho que se sonha só é só um sonho; mas sonho que se sonha
junto é realidade”.
E como produção coletiva a Revista “Troca-Troca: experiências educacionais”
vem marcada por toda diversidade, esperança e criatividade presentes no
processo de aprendizagem da Rede, constituindo-se, assim, numa espécie
de mural da prática pedagógica de Olinda: para uns(umas) gratificante, para
outros(as) desafiante e para todos(as), o reconhecimento de que, apesar das
dificuldades, “uma outra educação é possível”, lembrando mais uma vez o
saudoso mestre Paulo Freire.
O compromisso do governo municipal com o fortalecimento da condição de
Olinda “Cidade Educadora” tem, hoje, na Revista “Troca-Troca: experiências
educacionais” um instrumento importantíssimo de promoção da agenda da
educação para além dos muros da Escola.
Parabéns a todos(as) que vêm contribuindo para o êxito desse processo.
Contem sempre conosco!
Leocádia da Hora
Secretária de Educação de Olinda
3. Ação
REAlizAçãO
PREFEiTURA MUNiCiPAl DE OliNDA
Renildo Calheiros
PREFEiTO
Horácio Reis
ViCE-PREFEiTO
SECRETARiA DE EDUCAçãO DE OliNDA
leocádia Maria da Hora Neta
SECRETáRiA
Maria dos Prazeres Advíncula
SECRETáRiA EXECUTiVA
DiRETORiA DE ENSiNO
Edineide César
DiRETORA
leila loureiro
ASSESSORA TÉCNiCO-PEDAGÓGiCA
Ana Cristina Fonseca
ASSESSORA TÉCNiCA
DEPARTAMENTO DE EDUCAçãO BáSiCA
Fátima Guerra
CHEFE DO DEPARTAMENTO DE EDUCAçãO BáSiCA
COMiSSãO ORGANizADORA
Adaneusa Alves do Nascimento – Coordenadora – Ensino Fundamental
Ana Maria Galvão Brito – Departamento de Gestão
Francisca Nascimento - Departamento de Acompanhamento e Registro Escolar
leilza Ferrer – Divisão de Educação infantil
leonardo Renné – Departamento de Tecnologia Educacional, Comunicação e idiomas
Maria Amélia Feitosa Ferraz – Divisão de Educação de Jovens e Adultos
Rosa Raposo – Divisão de inclusão
Cristiane Goulart – Chefe da Divisão de Ensino Fundamental
ASSESSORiA
Elma Bezerra Marques da Silva
Jeanne Amália de Andrade Tavares
REViSãO
Jeanne Amália de Andrade Tavares
PROJETO GRáFiCO E DiAGRAMAçãO
NúClEO DE PRODUçãO Oi KABUM!-RECiFE
Camilo Maia
Lívia Damares
luiz Alberto
Rodrigo Gomes
TRATAMENTO DE iMAGENS &
FOTOGRAFiA COMPlEMENTAR
Daniela Pinheiro
Denison lima
Capa
Rodrigo Gomes sobre fotos
e desenhos dos projetos
4. A ideia inicial era propor uma ação que estimulasse os(as) professores(as) a registrarem e socializarem
experiências vividas em sala de aula. Na primeira versão, em 2001, os(as) professores(as) traziam o esboço do
seu projeto e, através do acompanhamento da equipe técnica do Ensino Fundamental e assessoria, discutiam
e vislumbravam possíveis (re)direcionamentos às ações pedagógicas. Após esses encontros de elaboração e
reelaboração, os projetos concluídos eram apresentados a professores, em encontros bimestrais, ao longo do
segundo semestre.
A partir da iniciativa de promover encontros para socializar as experiências em 2002/2003, nasceu uma nova
ideia: a criação de uma revista para a publicação dos textos com relatos de experiências dos professores.
A nova idéia foi tomando forma e materializou-se, em 2005, no lançamento do primeiro número da revista
“Troca-Troca, Experiências Educacionais”. Em 2007, houve a publicação do segundo número e, em 2009, a
consolidação dessa iniciativa com o lançamento do terceiro número da Revista.
Ao longo de 2009, com a determinação de dar continuidade a essa ação como Política de Incentivo à
valorização do desempenho do(a) professor(a) da rede municipal, a secretária de Educação, leocádia da
Hora, na perspectiva de ampliar a participação docente e discente, solicitou a formação de uma equipe
composta por duas assessoras e sete técnicos da Diretoria de Ensino para compor uma comissão que
organizasse todo o processo, dos encontros ao lançamento do quarto número em 2010.
A partir da cooperação dessa comissão, o apoio da Diretoria de Ensino e participação da assessoria, a “Ação
Troca-Troca: experiências educacionais” – 2009/2010 foi possível acompanhar os projetos desenvolvidos em
sala de aula por estudantes e professores(as) da Educação Básica nas seguintes etapas e modalidades de
ensino: Educação infantil, Ensino Fundamental e Educação de Jovens e Adultos.
3
Foram realizados cinco encontros, de setembro a dezembro de 2009, com apresentações de práticas
pedagógicas de diferentes áreas do conhecimento, constituindo-se, assim, numa verdadeira dinâmica de
formação de professores(as) desenvolvida com a interação de todos(as) participantes.
Nesse quarto número da revista, estão contemplados 34 projetos, apresentados em forma de relatos escritos
e registros fotográficos, dos quais três se classificaram no Prêmio Anita Paes Barreto 2009. Esse prêmio é
concedido, anualmente, pela Secretaria de Educação de Olinda a professores que desenvolveram projetos
pedagógicos em escolas da rede municipal de Olinda e, assim, contribuíram para a melhoria da aprendizagem
dos estudantes.
A “Ação Troca-Troca: experiências educacionais” vem se consolidando como uma política educacional da
Secretaria de Educação de Olinda, na medida em que estimula a organização e dinamização de projetos
didáticos nas salas de aulas, contribuindo para o sucesso dos processos de ensino e aprendizagem, elevando a
qualidade da Educação Básica das escolas públicas municipais.
Comissão Organizadora
Adaneusa Alves do Nascimento – Coordenadora – Ensino Fundamental
Ana Maria Galvão Brito – Departamento de Gestão
Francisca Nascimento - Departamento de Acompanhamento e Registro Escolar
leilza Ferrer – Divisão de Educação infantil
leonardo Renné – DTECi
Maria Amélia Feitosa Ferraz – Divisão de Educação de Jovens e Adultos
Rosa Raposo – Divisão de inclusão
Cristiane Goulart – Chefe da Divisão de Ensino Fundamental
5. Eis a quarta edição da Revista Troca-Troca: experiências
educacionais!
Isso significa, primeiramente, que a rede municipal de Olinda
incentiva e divulga o trabalho de professores(as) que (re)criaram
uma prática educativa que visa à promoção do desejo de ensinar
e aprender, baseada na igualdade de oportunidades, na crença de
que todos podem aprender, no respeito ao tempo de aprendizagem
individual.
Segundo, que aponta os professores que têm buscado a melhoria
do ensino nas escolas públicas de forma coletiva, quebrando a
grande barreira do individualismo, da competição. Esta revista traz
a experiência de professores que não ficaram isolados, fazendo seu
trabalho sozinho. São professores, professores-multiplicadores,
professores responsáveis por biblioteca, coordenadores pedagógicos
que expuseram o que ocorre no seu dia-a-dia pedagógico,
acreditando que cumpriram de forma competente a tarefa de levar
4 o outro a se encontrar com o conhecimento.
E, por fim, que estamos cumprindo o grande desafio do séc. XXI
que é tornar a escola pública brasileira um locus de produção de
conhecimento, de pesquisa, de reflexão-ação. Digo isso porque o
mundo se movimenta por quem escreve, divulga conhecimento,
contesta, questiona, propõe, enfim, sai da condição de mero
receptor passivo.
Nas próximas páginas você, meu caro leitor, minha cara leitora,
vai conhecer o trabalho de mestres que dignificam a profissão
de professor ao trabalhar com seriedade, responsabilidade e,
principalmente, com amor, enfrentando as situações adversas da
sala de aula com sabedoria e criatividade.
Jeanne amália de andrade Tavares
Assessora da Ação Troca-troca
6. O número crescente de projetos didáticos realizados pelos
professores e divulgados, ao longo de nove anos, traz a certeza
de que o estímulo, o acompanhamento e o crédito que se dá a
atividade de cada educador, provocam a coragem e paixão para a
realização e registro de um formato de vivência pedagógica que
contribui para que o estudante permaneça com prazer na escola e
que, principalmente, melhore a sua aprendizagem.
Nisso reside o valor cultural e pedagógico da revista “TROCA-TROCA:
experiências educacionais” para a rede municipal de Olinda”, hoje,
resultado de uma ação permanente da Secretaria de Educação,
desenvolvida pela Diretoria de Ensino.
Nessa 4ª edição, a revista divulga projetos didáticos, vivenciados
tanto dentro quanto fora de salas de aulas e, socializados nos
encontros mensais da ação TROCA-TROCA.
Você, leitor(a), certamente, irá se deliciar com esses relatos que
abordam temas variados. Assim, vai conhecer, por exemplo, algumas
possibilidades pedagógicas de um jogo milenar no relato “O xadrez 5
na escola, ou melhor, nas escolas”; sentir a força de um cientista
social que ousou enfrentar a fome, em suas várias dimensões, no
“Você tem fome de quê, Josué?”; observar a beleza da arte e das
cores no “Colorindo e brincando com Cândido Portinari”; reconhecer
que o simples também pode ser belo em “Vitalino: vida e obra
vitalina”; compreender a importância de introduzir as crianças na
temática da diversidade das pessoas humanas no “Aprendendo com
diferenças”; e o cuidado que a escola deve ter com a nutrição das
crianças no relato “Alimentação Saudável: uma (re)construção de
valores”, além de muitos outros.
Dizem que uma ação só acontece se é feita com paixão. Mas a
paixão precisa de uma ocasião e lugar para se materializar. Em
Olinda, ela contou com a participação dos professores, diretores,
técnicos, estudantes e pais, das escolas onde esses trabalhos se
desenvolveram. Atualmente, a minha paixão pela ação TROCA-
TROCA se expressa na forma de assessoria.
Sinto uma paixão alegre e renovadora a cada nova revista, como
também espero que a leitura possa estimular a realização de ações
pedagógicas que promovam aprendizagem dos estudantes.
Boa leitura!
Elma Bezerra Marques da Silva
Assessora da ação TROCA-TROCA
7. Sumário
08 A vida desabrocha na horta e no jardim!
10 Minhas raízes estão na África
13 Aprendendo com as diferenças
15 Heitor Villa Lobos visitando nosso folclore
16 Leão do Norte
18 Mídias Sociais: mecanismos de apoio e comunicação em curso EAD
21 Prêmio leitor de ouro
22 Alimentação saudável: uma (re) construção de valores
24 Bantos e Nagôs: a presença da África no meu bairro
26 Ensinando através das diversas leituras da cultura popular
28 Escola Ministro Marcos Freire no combate à desnutrição
30 Meu Bairro, minha vida: resgatando a noção de pertencimento
32 o teatro e os recursos recicláveis: o lado lúdico do lixo
34 Construção de objetos de aprendizagem: da imaginação ao virtual
36 o uso da água: abordagem interdisciplinar de uma experiência extraclasse
38 Vivendo o folcore e formando leitores e escritores
8. 40 o xadrez na escola, ou melhor, nas escolas: exposição itinerante do xadrez
42 Viajando nos contos de fadas, levando a leitura e a escrita na bagagem
44 Prevenir é melhor que remediar
46 Respeitem os meus cabelos brancos!
48 Tutoria virtual e os futuros caminhos da formação continuada de professores
50 “Se essa rua fosse minha...”
52 Salvem o Beberibe! o rio não pode morrer
54 Colorindo e brincando com as cores de Cândido Portinari
56 Lendas, canções, contos e encantos no caminho da alfabetização
58 Um olhar sobre a obra do mestre Vitalino
61 Villa Lobos um mimo de multiculturalidade
62 “Você tem fome de quê”, Josué?
64 Vitalino, vida e obra vitalina
66 Raízes da minha cidade
68 Pequenos leitores e escritores de olinda registrando histórias em vídeo
70 Amigos do verde
72 Hoje é dia de... ole (oficina de leitura e escrita)!
74 Horta: plantando e colhendo saberes
9. Escola Municipal CaIC Norma Coelho
prOfa. aNa rEIS
A vida desabrocha na horta e no jardim!
A temática do projeto surgiu da
necessidade de refletir junto
com as crianças a importância de
Norma Coelho pelos professores e
coordenadora com as turmas dos
Grupos: iii (3 Anos), iV (4 Anos) e
ambiente e os materiais que
seriam utilizados para o plantio
na horta.
uma alimentação mais saudável V (5 Anos).
e a necessidade de reeducar os O segundo passo foi preparar os
hábitos alimentares para atingir As atividades pedagógicas canteiros e mostrar as sementes
esse objetivo. Além disso, o permitiram a integração dos que seriam plantadas, como
trabalho proporcionou às crianças temas educação, alimentação também a forma de cultivá-las.
a oportunidade de um contato saudável, nutrição e meio Atrelada a essa atividade, foi
com a natureza, ao serem ambiente, tornando a discussão confeccionado um mostruário
realizadas atividades de plantio desses elementos fundamentais com as crianças.
e a colheita de variadas espécies para a exploração da leitura e da
diretamente da horta da escola. escrita. O terceiro passo durou um pouco
mais de tempo, pois consistia em
O projeto foi realizado no Centro O primeiro passo foi apresentar, visitar a horta diariamente para
de Educação infantil Professora numa roda de conversa, o alguns cuidados como regar as
8
10. Arquivo de Ana Reis
9
plantas e limpar os canteiros e flores explorando diversas Acreditamos que a aprendizagem
e observar o desenvolvimento técnicas artísticas explorando tornou-se significativa e prazerosa
das culturas plantadas (coentro, a criatividade das crianças para todos os envolvidos no
couve, quiabo e tomate), (desenho com sementes, pintura projeto, pois a satisfação na
aguardando o tempo da vazada, pintura surpresa e execução de cada atividade
colheita. colagem); leitura dos livros “A era visível nos olhinhos de cada
horta”, textos da coleção “Os criança.
Eis um pouco das atividades vegetais”, “A cesta de Dona
que realizamos ao longo das Maricota”; experiências culinárias
três etapas de desenvolvimento com execução de receitas e
do projeto: observação das degustação de frutas, legumes,
características e classificação chá, lambedor e sucos.
dos vegetais existentes na
horta da escola (ornamentais O referido projeto realizou sua
medicinais e as que servem culminância através da colheita
como alimentos); confecção das hortaliças e frutas (coentro,
de um livro sobre os vegetais tomate, couve e quiabo).
Arquivo de Ana Reis
11. Escola Municipal alto do Sol Nascente
prOfa. CrISTIaNE BELCHIOr dE MELO
Minhas raízes estão na África
e formação da etnia brasileira,
mediante fatos protagonizados
por este povo, além de provocar
a reflexão crítica da história,
cultura e realidade social afro
brasileira. Era necessário rever
com os estudantes a ideia de que
a nossa cultura é influenciada
transversal pelo eurocentrismo.
Pluralidade
Cultural O projeto despertou nos
e outros estudantes orgulho pela
possíveis formação étnica e cultural de
assuntos. todos os brasileiros e a alegria
em conhecer, cada vez mais, a
Na sociedade verdadeira História do Brasil,
atual, depois identificando suas negras raízes.
de 120 anos
10 de abolição da O racismo no Brasil é grave e
escravidão dos perigoso, pois se concretiza
negros no Brasil, através de atitudes e linguagens
é lamentável nos implícitas, ninguém assume ser
depararmos ainda preconceituoso ou racista. Essa
com o preconceito e negação alimenta a existência
discriminação com os desse mal na sociedade porque,
afros descendentes, a partir do momento que o
pois o preconceito racismo for assumido, torna-
provém da ignorância, se notório e imprescindível à
da falta de conhecimentos tomada de atitudes e políticas
e intolerância com as sociais e educacionais contra o
diferenças. mesmo. Segundo Orlandi, “Dizer
e silenciar andam juntos... Há,
Este projeto levou os estudantes pois uma declinação política
a conhecerem a história da de significados que resulta no
áfrica, pois é preciso conhecer a silenciamento como forma não
E ste projeto idealizado para
os estudantes do Nível
i da Educação de Jovens e
história daquele continente para
melhor fundamentar o ensino
de calar mas de fazer dizer ‘uma’
coisa, para não deixar de dizer
e a aprendizagem da cultura ‘outras’. Ou seja, o silêncio
Adultos da Escola Alto do Sol africana e afro brasileira que recorta o dizer. Esta é a sua
Nascente – Olinda - PE, amplia fazem parte, obrigatoriamente, dimensão política” (In: Construir
as oportunidades de trabalho do currículo escolar. Almejamos Notícias, 1995: 55).
em sala de aula ao envolver com este trabalho proporcionar
Componentes Curriculares de aos estudantes da EJA a aquisição Ao observar alguns
Geografia, História, Matemática, de conhecimentos sobre comportamentos de estudantes,
Linguagem, Ciências, Filosofia, diversos aspectos desta cultura, materiais pedagógicos, livros
Artes. Além disso, o tema resgatando as contribuições didáticos, currículos, filmes e
dos povos africanos na história
12. desenhos infantis, percebe-se este projeto, a sua culminância Souza, poetisa; Carolina Maria
o quanto o sistema educacional deu-se com uma aula passeio, de Jesus, escritora; Cartola e
brasileiro é omisso e, muitas recurso difundido por Freinet, Jamelão, sambistas.
vezes, incentivador do racismo. A onde os estudantes visitaram o
discriminação racial na sociedade Museu do Estado de Pernambuco, O fechamento deste projeto e do
brasileira acarreta conseqüências no bairro das Graças - Recife, ano letivo de 2008 aconteceu com
que se intensificam no âmbito observaram vários elementos da outra aula passeio, desta vez para
escolar, causando aos indivíduos cultura africana e afro-brasileira o Engenho Canoas, localizado no
negros sentimentos de auto- e se aproximaram, de forma município de Ipojuca - PE. Esse
rejeição, rejeição ao colega mais concreta da história, das engenho foi palco de várias cenas
da mesma cor, introversão, artes e da religiosidade. Utilizar durante o período escravista
pouca participação em sala os sentidos faz com que a e continua em funcionamento
de aula, falta de auto-estima, aprendizagem se efetive, quando produzindo vários produtos
dificuldade de aprendizagem e, vamos ao museu sentimos a regionais.
consequentemente, a repetência história reviver em nós, não se
e evasão escolar. inicialmente trata mais de palavras e figuras Após a visita ao engenho, fomos
este trabalho abordou a geografia abstratas dos livros didáticos, o à Porto de Galinhas. Essa praia,
do continente africano, para isso que vemos, sentimos e tocamos há tempo atrás, era chamada
os estudantes assistiram ao filme se fixa mais profundamente em Porto Rico, devido à extração do
“lugar nenhum na áfrica”. nossa mente. Pau Brasil. Após a abolição dos
Esse filme, além de mostrar escravos, os negros continuavam
as belezas e diversidades do No dia da Consciência Negra, sendo trazidos clandestinamente
continente africano, trata de 20 de novembro, a Diretoria de para Pernambuco. Desviados de
questões culturais que foram Ensino de Olinda, através da Recife, onde havia fiscalização,
enfatizadas e debatidas após a Divisão da EJA, enviou grupos os negros desembarcavam nessa
exibição. de capoeira e afoxé às escolas praia, escondidos em engradados 11
para que os estudantes tivessem de galinhas d’Angola. A chegada
Após o término de todas as mais aproximação com nossa dos escravos na beira mar era
atividades, foram realizados cultura. Na fase final do projeto anunciada pela senha “tem
círculos de cultura para trocar destacamos personalidades negras galinha nova no porto!”. Por
idéias e discutir o assunto lido, importantes em vários setores da causa disso, Porto Rico ficou
ouvido, assistido. sociedade, como: Mestre Vitalino, conhecida como Porto das
artista plástico; luiz Gonzaga, Galinhas. Nessa aula passeio,
O passo seguinte foi debater compositor e cantor; Auta de ainda foram observados aspectos
sobre a luta dos africanos pela
liberdade no solo brasileiro,
os movimentos de resistência
e libertação, as rebeliões, os
Arquivo de Christiane Belchior
quilombos. Como estímulo para
essa etapa, utilizamos outro
filme que oferece aos estudantes
conhecimentos acerca da
história do Brasil e do seu povo:
“Quilombo”. O filme aborda todas
as questões acima e proporcionou
a oportunidade de chamar
a atenção para as questões
geográficas e culturais da região
Nordeste, já que esta foi ícone na
luta pela liberdade, rota de fuga
e de tráfico de escravos.
Para dinamizar e enriquecer
13. Arquivo de Christiane Belchior
12
como a fauna, flora, hidrografia e GRAFSET, 2004.
relevo pernambucanos. CORRÊA, Marlene. Caminhando Nordeste. São
Paulo: FTD, 1994.
BRASil. Educação anti-racista: caminhos aber-
Assim, concluimos o Projeto
tos pela lei Federal nº 10.639/03/ Secretaria de
Minhas Raízes Estão na África e
Educação Continuada, Alfabetização e Diversida-
o ano letivo de 2008 com uma de. - Brasília: Ministério da Educação, Secretaria
imensa, rica e nova bagagem de Educação Continuada, Alfabetização e Diversi-
cultural e étnica, além de um dade, 2005. Texto disponível em http://unesdoc.
novo olhar sobre a participação unesco.org/images/0014/001432/143283por.pdf
dos negros na construção do Acesso em 17/07/2009.
Brasil. revista Construir Notícias, nº 29, ano 05, julho/
agosto de 2006.
rEEfErÊNCIaS BIBLIOGrÁfICaS
E WEBIBLIOGrÁfICaS
BRASil. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro
de 1996. Texto disponível em http://portal.
mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/tvescola/leis/
lein9394.pdf. Acesso em 07/07/09.
BENJAMiM, Roberto. a África está em nós: his-
tória e cultura afro-brasileira. João Pessoa-PB:
14. Escola Municipal Claudino leal
prOfa. adrIaNa MarIa dE aLMEIda araúJO
Aprendendo com as diferenças
P ara viver democraticamente
em uma sociedade, é preciso
respeitar os diferentes grupos
elemento enriquecedor pessoal e
social.
tem pontinhos”? “Ah! Tem esses
pontinhos na caixa dos perfumes
da Natura” foram alguns dos
e culturas que a constituem. comentários das crianças.
Durante o projeto foram
Baseado nesse pressuposto,
trabalhados, na hora do conto,
o Ministério de Educação
livros como “Menina bonita do Foi a partir desses comentários
implementou a política de
laço de fita” que apresenta a que iniciamos a discussão e
inclusão educacional, pautada
busca da identidade étnica de apresentação dos livros didáticos
nos princípios éticos do respeito
uma menina, “O grande dia” e paradidáticos em Braille,
aos direitos humanos, na proposta
cujo tema é a deficiência física, levando-os a refletir que o fato
pedagógica que propõe ensinar a
“O patinho feio”, entre outros. de uma pessoa possuir uma
todos os estudantes, valorizando
Fazíamos a leitura e, em seguida, deficiência não deve ser motivo
as diferenças de cada um no
os estudantes liam o mesmo livro para impedi-la de ter acesso
processo educacional e na
para a turma. às mesmas oportunidades que
concepção política de construção
as pessoas sem deficiências
de sistemas educacionais com
têm, mesmo que para isso seja
escolas abertas para todos. Outro momento enriquecedor
necessária a utilização de um
A ideia de realizar o projeto foi o de uma mostra de filmes na
recurso específico.
surgiu, a partir das observações escola, onde as crianças tiveram
diárias da relação entre a oportunidade de assistir a
estudantes com deficiência clássicos infantis contados na No caso do deficiente visual,
13
e os colegas de sala, e da Língua Brasileira de Sinais – um recurso indispensável para
possibilidade de reflexão sobre LIBRAS. Neste momento, fizemos apropriação da escrita e leitura
as deficiências e diversidades um levantamento sobre o que em Braille é a reglete e o punção.
presentes na sociedade de forma eles sabiam sobre liBRAS e quem Mostramos estes recursos e como
lúdica e respeitosa. a usava. Timidamente algumas são usados, mostramos também o
crianças diziam: “É o mudo que alfabeto em Braille, comparando-
fala assim.”, “Eu conheço uma os com o alfabeto dactológico
O projeto foi apresentado às pessoa que fala assim.”. (alfabeto do surdo), levando-os
colegas professoras em uma à conclusão de que são alfabetos
reunião pedagógica e, nessa específicos, para pessoas que
conversa, resolvemos que cada Ao visitar a biblioteca,
têm necessidades e maneiras
uma iria pesquisar materiais sobre apresentamos os livros em Braille
diferentes de aprender.
o tema para compor o projeto. e como desafio pedimos que todos
Os materiais foram entregues a lessem. “Tia, como vou ler só
coordenadora que os agrupou,
formando um pequeno acervo
para empréstimo, garantindo,
Arquivo de Adriana Araújo
dessa forma, acesso de todas as
professoras ao material.
Assim, procuramos através de
diversas atividades, respeitando
as especificidades, faixa etária e
o seu nível de desenvolvimento,
proporcionar aos estudantes, o
conhecimento, o respeito e a
valorização das diferenças como
15. A música também esteve presente Adriana que deixaram o recado: BRUNO, Marilda Moraes Garcia. Deficiência
“cada um com as suas diferenças visual: reflexão sobre a prática pedagógica. SP:
como estimuladora da linguagem
laramara, 1997.
verbal e corporal, além de contribuem para harmonia do
MARTiNS, lúcia de Araújo Ramos et al. inclusão:
contribuir como instrumento de universo.”. A diversidade esteve
compartilhando saberes. Petrópolis, RJ: Vozes,
conscientização, uma vez que, presente no jogral apresentado
2006.
através da exploração do texto pelos estudantes da professora SOUZA, Eloysa Godinho. Surdez e significado
escrito da música constituíamos Maria do Carmo, os estudantes da social. São Paulo: Cortez, 1982.
um momento de debate e professora léa também deram o STAiNBACK S. e STAiNBACK w. inclusão: Um guia
reflexão. seu recado cantando: “(...) VOCÊ para educadores. Trad. Magda França lopes.
É ESPECiAl NãO EXiSTE OUTRO Porto Alegre: Artmed, 1999.
iGUAl, DEUS CRiOU VOCÊ ASSiM BElARMiNO, Joana. A valorização do Braille na
Um trabalho tão bonito merecia
DiFERENTE DE MiM.”. educação. Texto disponível em www.intervvox.
um “dia especial”. No final do nce.ufrj.br. Acessado em 18/03/07.
mês de agosto, de forma coletiva, MACHADO. Ana Maria. Menina bonita do laço de
fizemos a culminância do projeto, Com este projeto percebemos fita. São Paulo: Ática, 2004.
onde cada turma apresentou que as crianças das turmas do SECCO, Patrícia Engel. O grande dia. São Paulo:
aos colegas e professores uma 1º e 2º ciclo do turno matutino Melhoramentos, 2003.
atividade relacionada ao tema. conseguiram mudar suas ANDERSEN, Hans Christian. O patinho feio. ziT
atitudes, compreendendo que é Editora, 2005.
essencial respeitar o outro, para CURVELO, Gisélia. O diálogo das cores. Edições
Ah! Foi um momento mágico! Bagaço, 2004.
se construir uma convivência
Ficamos parados, dominados
harmoniosa.
pela emoção ao ver um grupo de
estudantes trazerem as bênçãos Para nós, educadores, ficou ainda
do criador através do “PAi NOSSO” mais evidente que precisamos
em liBRAS, acompanhados pela refletir sobre as diferenças,
professora Ana Paula; a história construindo uma prática mais
do patinho feio também esteve humanitária e consciente que
presente na dramatização leve em conta as capacidades
14
realizada pelos estudantes da e limitações individuais,
professora Verônica, até a menina assegurando, dessa forma, um
bonita do laço de fita esteve exercício de cidadania para
presente com coelhinho e tudo o todos.
que tinha direito através de uma
dramatização realizada pelos REFERÊNCiAS BiBliOGRáFiCAS
estudantes da professora Miriam. E wEBiBliOGRáFiCAS
Vocês já pensaram numa revolta
das cores? Pois, isso também foi BRASil, Ministério da Educação. Diretrizes
possível através da dramatização Nacionais para a Educação Especial na Escola
do livro “O diálogo das cores” Básica/Secretária de Educação Especial na Escola
Básica/Secretaria de Educação Especial. MEC.
pelos estudantes da professora
Arquivo de Adriana Araújo
16. Escola Municipal alto do Sol Nascente
prOfa. EdNa MENdES
Heitor Villa Lobos visitando nosso folclore
D urante uma conversa em
uma reunião no início do
2º semestre, a coordenadora
pelas crianças e produção de
textos; em Artes, exploramos os
elementos da música e da dança;
pesquisadas, montamos um
mural. Esse momento foi muito
rico, pois íamos organizando em
pedagógica nos convidou a em Ciências, apresentamos categorias o que representava
pensar como iríamos trabalhar o origem e a diversidade de o nosso folclore, ou seja, o que
tema folclore com os estudantes alimentos da nossa cultura; em nos representava. A nossa riqueza
durante o mês de agosto. História e Geografia, focamos cultural é tanta que causou
lembrou-nos também que o os elementos e manifestações espanto em alguns estudantes
município de Olinda estava culturais, o espaço geográfico em como Renato que exclamou:
recebendo a Mostra internacional que ocorrem essas manifestações; “Puxa! isso tudo é o nosso
de Música Olinda – MiMO que e, em Matemática, construímos folclore?”. Seus colegas também
prestava homenagem a Heitor algumas situações em que fossem ratificaram suas palavras.
Villa Lobos, logo poderíamos desenvolvidas as habilidades dos
unir os dois assuntos, pois esse eixos números e operações e Propusemos atividades de
compositor contempla, em suas grandezas e medidas. desenho, pintura, quebra-cabeça,
obras, muitos elementos da recorte e colagem e confecção de
cultura pernambucana. iniciamos o trabalho com os bonecos e enfeites com materiais
estudantes apresentando Heitor recicláveis. A cada trabalho, os
Assim, nasceu este projeto que Villa lobos através de fotos, estudantes se empolgavam mais,
teve como objetivos: explorar músicas e história de sua vida. participando coletivamente da
a vida e a obra de Villa lobos, Durante essa roda de conversa atividade proposta.
apresentando a importância do luciano, estudante do 1º ano 15
seu trabalho no contexto nacional do 1º Ciclo perguntou como ele Para a culminância do projeto,
e internacional e conhecer as conseguiu fazer tanta música e montamos uma dramatização em
obras desse autor que trazem seu amiguinho da mesma série, que um estudante representaria
em sua composição a diversidade Renato, perguntou o que era o maestro Villa lobos interagindo
das manifestações folclóricas do reger uma orquestra. com os elementos do folclore
nosso estado. A ideia subjacente do nosso estado. Estudantes
a esse trabalho era “conhecer Trouxemos na aula seguinte das turmas A e B do 1º ano do
características fundamentais um CD com músicas de Villa 1º ciclo apresentaram a música
do Brasil nas dimensões sociais, lobos. Ao ouvir as músicas, as “Carneirinho, carneirão” sob a
materiais e culturais como meio crianças ficaram surpresas, pois regência do personagem-maestro.
para construir progressivamente reconheciam algumas daquelas Uns estudantes recitaram
a noção de identidade nacional músicas. provérbios, outros contaram
e pessoal e o sentimento de piadas, parlendas para o pequeno
pertinência ao país”, como afirma Essa audição provocou um Villa. E, para encerrar, dançamos
o PCN de Língua Portuguesa. debate sobre as brincadeiras, ao som de vários frevos de rua.
cantigas de rodas e festividades
Assim sendo, elaborei uma que os estudantes conheciam e REFERÊNCiAS BiBliOGRáFiCAS
versão preliminar do projeto, participavam. wallace, estudante
apresentei-o, em reunião, aos do 1º ano do 1º Ciclo disse que SANTA ROSA, NEREiDE SCHilARO. Villa lobos. São
Paulo: Callis, 2009. (Coleção Crianças famosas)
professores que concordaram ia ver o carnaval de Olinda,
Cante comigo - cantigas de rodas – v.4. Ultra
em desenvolvê-lo. inicialmente, para ver os bonecos gigantes e
Comunicação.
elaboramos um cronograma para suas amigas, luana e Jennifer,
Revista Nova Escola, março e abril de 2001.
realizar as atividades. Essas disseram que gostavam mais de Coleção lendas do folclore brasileiro (Bumba-
atividades contemplaram os São João e de cantigas de rodas. meu-boi, lobisomem, Boitatá, Saci-pererê e
conteúdos de várias áreas de Bicho-papão).
conhecimento, por exemplo, Em seguida, solicitamos que BRASil. Parâmetros Curriculares Nacionais -
em Língua Portuguesa houve fizessem uma pesquisa na Língua Portuguesa, MEC, Secretaria de Educação
a leitura de histórias, análise família sobre o folclore. Com Fundamental, 1998.
fonológica de palavras escolhidas a produção das informações Material de apoio enviado pela secretaria de
Educação de Olinda.
17. Escola Municipal Monte Castelo
prOfa. Lyza GENNIfEr MOrEIra dE BarrOS SOuSa
Leão do Norte
N o início do segundo semestre
de 2008, numa roda de
conversa com os estudantes
Diante dessas indagações
vislumbrei a possibilidade
de ampliar o conhecimento
sobre a cultura pernambucana
acompanhado de visitas a centros
de divulgação do tema em
do 2º ano do 2º Ciclo sobre a da nossa cultura, a partir da questão (Museu do Mamulengo,
cultura popular pernambucana análise dessa música. Assim, Mercado da Ribeira, Alto da Sé,
e, ao ouvir a musica de lenine acordamos vivenciar o projeto entre outros) e entrevistas a
“Leão do Norte”, vieram à tona leão do Norte, numa perspectiva profissionais envolvidos nessa
alguns questionamentos sobre interdisciplinar que viesse divulgação. Foram realizadas
elementos da música, até então aprofundar alguns nomes também entrevistas com
desconhecidos pelos estudantes, e manifestações populares os familiares e vizinhos dos
como por exemplo, “O que é desconhecidas pelos estudantes. educandos, no intuito de resgatar
calunga? O que é o auto de Ariano a cultura popular de épocas
Suassuna? Quem foi João Cabral? Para realização do trabalho passadas.
O que é macambira?”. de pesquisa foi feito um
levantamento bibliográfico As palavras–chave de cada estrofe
da música formaram um eixo
para pesquisa, com o total de
seis eixos temáticos. intercaladas
a cada eixo aconteceram as
16 visitas ou oficinas de artes. Ao
todo foram três oficinas: bonecos
de barro, mamulengo e dança.
Montamos uma coreografia na
qual cada personagem da cultura
popular pernambucana foi
representado por um estudante,
como se fosse um boneco de
barro que ganhava vida na
medida em que a música falava
seu nome.
As palavras-chave de cada eixo
provocavam rodas de conversa
e, no dia seguinte, os estudantes
traziam para escola o que
encontravam sobre o assunto e,
em grupo, o material pesquisado
era analisado. Eles trouxeram
livros, textos da internet, textos
de jornais e até um cartaz da
campanha de vacinação, no qual
havia bonecos de barro.
Quando um dos estudantes viu
num jornal, trazido para a sala, a
reportagem sobre a obra “Morte e
Arquivo de lyza Sousa
18. Arquivo de lyza Sousa
Vida Severina”, de João Cabral de
Melo Neto, comentou: “Eu já vi a
estátua desse homem perto do rio
quando fui à cidade com a minha
mãe!”.
Trouxe o livro “Morte e Vida
Severina” para lermos alguns
trechos do primeiro capítulo
na sala. Ao final da leitura, um
estudante questionou dizendo:
“Severino é nome de pobre,
não é?” Essa pergunta, quase
afirmação, nos proporcionou
uma discussão sobre a vida dos
retirantes pernambucanos e
percebemos que havia alguns
1995.
Severinos entre as famílias,
inclusive na minha. Nessa 2ª apresentação, estavam Leão do Norte. Disponível em<http://quinteto-
violado.musicas.mus.br/letras/350871>Acesso
presentes alguns representantes
em 02/08/09.
Esta foi apenas uma das situações da Secretaria de Educação e
SUASSUNA, Ariano. Auto da compadecida – 22ª
de aprendizagem ocorridas toda comunidade escolar. Parecia
edição- São Paulo: Agir, 1986.
durante a pesquisa bibliográfica. que um filme de todas as etapas
CABRAl, João de Melo Neto. Morte e vida
Formamos um glossário da música do projeto passavam em minha Severina - 28ª Edição. Rio de Janeiro: José
com os significados das palavras cabeça e acredito que o mesmo Olímpio, 1990.
construídos pela turma. ocorreu para os estudantes. BARROS, weydson leal. Centenário do Frevo – 1.
Meu coração batia no compasso Edição, Olinda, 2008.
No final do mês de agosto, do caboclinho. TEiXEiRA, Francisco. História Pernambuco. São 17
aconteceu na escola a gincana Naquele momento tive a sensação Paulo: ática, 2004.
do folclore e uma das tarefas foi de dever cumprido, pois a turma
apresentar um ritmo da cultura apresentou com segurança o
local. conceito de que cultura é tudo
que é produzido pelo ser humano.
Como a música leão do Norte Partimos da literatura,
tem o ritmo do caboclinho, percorremos a História, chegamos
conseguimos cumprir a tarefa à Geografia, observamos as
com êxito e apresentamos Ciências e culminamos nas
nossas descobertas para todos Artes. Foi uma viagem prazerosa
os colegas. Na ocasião, tivemos que fortaleceu nossa proposta
a presença dos pais que se pedagógica na perspectiva de
perceberam como parte daquela construção da cidadania.
apresentação, inclusive uma mãe
vestiu-se como caboclo de lança E, para concluir este propósito,
e dançou após a apresentação. estamos na 4ª edição da revista
A participação da família traz Troca-troca, contando-lhes um
pouco da vivência neste projeto.
uma contribuição significativa
ao processo de ensino e
aprendizagem.
REFERÊNCiAS BiBliOGRáFiCAS E
wEBiBliOGRáFiCAS
O grupo ficou orgulhoso de sua
apresentação e fomos convidados SIEBERT, Célia. Geografia de Pernambuco. 4ª
para apresentar esta oficina na série, 2a Edição Renovada. São Paulo: FTD,
reinauguração da escola, antes 2005.
em reforma. JORNAl DO COMÉRCiO. Coleção Pernambuco
imortal - Agamenon e o Estado Novo. Recife,
19. Núcleo de Tecnologia educacional, Comunicação e Idiomas – NTECI
prOfaS.: rOSINEIdE pESSOa, ÁurEa MarIa CarLOS E
SIMONE rOdrIGuES dE MELO
Mídias Sociais: mecanismos de apoio
e comunicação em curso EAD
A presente investigação busca passíveis de serem usados no entre organização e os diversos
analisar o uso das mídias cotidiano escolar. Seu emprego públicos que a constituem e com
sociais como ferramentas também objetivou a promoção ela interagem. Devido a essa
comunicacionais em um curso de trocas intelectuais, sociais expansão, as redes sociais se
de formação na modalidade e afetivas. Nesta análise foi tornam cada dia um canal mais
Educação a Distância - EAD, considerado a concepção de importante, que possibilita a
no município de Olinda. Nessa Mídias Sociais e seu emprego interação e manifestação dos
investigação, as autoras e na educação. Por conseguinte, mais diversos tipos de públicos.
também tutoras do Curso de identificar a prática de três As redes sociais
Tecnologias na Educação – tutoras e suas respectivas turmas virtuais funcionariam
CTE/120h -, analisaram tais no uso de mídias, como: Youtube, por meio da interação
ferramentas como promotoras Orkut, e Google Docs e outras. social. Onde se busca
da interação entre os cursistas. Segundo Castells (2002), as redes conectar pessoas
No caso do curso de tecnologias mundiais atribuem uma nova e proporcionar sua
na educação, as adoções dessas morfologia social às sociedades comunicação e,
mídias sociais justificaram- e a difusão da lógica de redes portanto, podem
se diante das dificuldades modifica, de certo modo, os ser utilizadas para
comunicacionais ocorridas no processos produtivos e de forjar laços sociais
18 ambiente E-proinfo. Esta adoção experiência, poder e cultura. (DAMBRÓES e REiS,
teve como objetivos didáticos Deste modo, a internet, segundo 2008). Fica então
integrar os estudantes dentro Pinho (2003), permite uma evidente o vasto
destas novas lógicas de escritas comunicação aberta e dialógica, uso da internet no
e leitura destes recursos, além onde há o estabelecimento de processo ensino
de apresentar estas ferramentas relacionamentos mais próximos, aprendizagem e a
integradoras como instrumentos permanentes e duradouros realização de cursos
na modalidade EAD.
Por sua vez, dentre
Arquivo de rosineide pessoa
as inúmeras mídias
contidas na web 2.0
e sua integração
midiática nas diversas
modalidades de
ensino presenciais
e semipresencias.
Mídias sociais
chegaram como
instrumentos
de comunicação
necessários para o
desenvolvimento
de um novo tipo
de relação entre
educadores e
educandos. Fazer uso
dessas mídias permite
a formação das
20. chamadas comunidades dinâmicas
de aprendizagem (Campos, Roque
e Amaral, 2007). Entretanto, cabe
ao tutor adquirir uma constante
predisposição a aprender e
permitir que seus colaboradores
assumam o protagonismo de
sua aprendizagem. As diversas
mudanças de paradigmas
educacionais veem para atender
o atual perfil dos estudantes
(Oliveira, lima, Novaes & Pessoa,
2007) inclusive dos estudantes
dos cursos EAD.
Foram aplicados questionários aos
cursistas durante os encontros Arquivo de rosineide pessoa
durante as oficinas realizadas no cursistas, ou seja, 8%. Oito
primeiro módulo do curso de CTE cursistas abriram uma página no
por um período de dois meses. Orkut, após iniciarem o curso, e
A pesquisa de natureza qualitativa seis deles, ou seja, 24%, passaram
obteve os dados através das a fazer uso do MSN.
entrevistas e do acesso de suas Na análise dos depoimentos do
páginas pessoais e blogs. As uso das redes sociais pesquisadas,
entrevistas objetivaram investigar constatou-se que essas redes têm
os tipos de aplicações das Mídias sido usadas como ferramentas
Sociais na aprendizagem e seu para a realização de estratégias 19
emprego na comunicação entre de comunicação. As ferramentas
os envolvidos. Os depoimentos mais utilizadas são os blogs, os
colhidos das três tutoras e dos microblogs, os fóruns, os grupos
cursistas se deram nos encontros de discussão das comunidades
presenciais, contatos via AVA/e- online e as ferramentas wiki.
proinfo, nas mensagens dos blogs, Neste estudo observou-se que
nas páginas pessoais e durante as redes sociais estão sendo
as oficinas realizadas no primeiro utilizadas como um novo
presenciais no NTECi. Também módulo do curso de CTE por um instrumento para a realização
foram registrados as entrevistas período de dois meses. de comunicação no curso
pessoais, conversas informais, Participaram da pesquisa 24 de CTE-120. Entretanto, é
além do registro dos acessos cursistas, ou seja, 59% do número necessária uma constante
as páginas pessoais e blogs dos dos estudantes matriculados no avaliação quanto ao seu uso nos
cursistas. Estas ferramentas curso de CTE-120. Destes, 22 cursos semipresenciais visando
metodológicas objetivaram cursistas, ou seja, 92% faz uso aprimorar seu desenvolvimento
investigar como poderiam de alguma mídia social. Dentre como ferramenta de comunicação
ser aplicados pedagogicamente as as mídias, o MSN é a mais usada, social.
Mídias Sociais e como os cursistas perfazendo o percentual de No caso pontual da introdução
estabelecem a comunicação entre 88% dos cursistas, seguidos por dessas mídias, observou-se que
si. Também foram utilizados 75% que utilizam o Orkut e 67% estas serviram para aproximar
o registro dos depoimentos que faz uso do Google docs. Já cursistas e tutores na tentativa
colhidos das três tutoras, dos o percentual de 50% faz uso de de facilitar o aprendizado. Seu
cursistas - durante os encontros outras mídias sociais (Sonico, uso foi estabelecer a interação
presenciais - nos contatos via Hi5, Flickr, Tagged, entre outras). entre pessoas diferentes que
AVA/E-proinfo (Ambiente virtual O número de cursistas que não nem sempre tinham os mesmos
de Aprendizagem), nas mensagens possuíam a mídia mais relatada, conceitos e ideias, mas que
dos blogs, nas páginas pessoais e no caso do MSN foram de dois passam a ter voz ativa, tornando-
21. Arquivo de rosineide pessoa
se então, formadores de opinião. br/web/interna.asp?id_canais=4&id_subcanais=1
Observou-se nos encontros 3&id_noticia=18565&colunista=1> Acessado em
presenciais uma interação 10/06/2009.
20 crescente entre os envolvidos na DAMBRÓS, J. e Reis, C. a marca nas redes
pesquisa, quando da discussão sociais virtuais: uma proposta de gestão
quanto à natureza das interações colaborativa. Anais do XXXi Congresso de
entre eles, uso das linguagens Ciências da Comunicação, intercom/UFRN/
e opiniões positivas sobre o Uem/UnP/Fatern, 02 a 06 de Setembro de
emprego das mídias em suas salas 2008/ organizado por Maria do Carmo Barbosa
e Moacir Barbosa de Souza – São Paulo:
de aula presencial.
intercom, 2008. iSBN 978-85-88537-42-2. Texto
disponível em <http://www.intercom.org.br/
rEfErÊNCIaS BIBLIOGrÁfICaS E
papers/nacionais/2008/resumos/R3-0519-1.
WEBIBLIOGrÁfICaS
pdf>Acessado em 04/03/09.
CAMPOS, G., H. B.; Roque, G. O.; Amaral, S.
B. dialética da Educação à distância. Rio de
Janeiro: Ed. PUC-Rio, 2007.
OliVEiRA, A. G. O., lima, l. F., Novaes, R. A.
G. e Pessoa, R. S. professor-Multiplicador:
propostas de ação e atuação profissional –
Trabalho de Conclusão de Curso de Tecnologia
em Educação. PUC/Rio, 2007.
CASTEllS, M. a sociedade em rede: a era da
informação. São Paulo: Paz e Terra, 2002.
PiNHO, J. B. relações públicas na Internet:
ÁurEa MarIa
Técnicas e Estratégias para informar e
CarLOS E SIMONE
influenciar públicos de interesse. São Paulo:
rOdrIGuES dE
Summus, 2003.
MELO
POMERANz, Ricardo. difícil de decolar.
Disponível em <http://www.b2bmagazine.com.
22. Escola Municipal Monsenhor fabrício
prOfa. rOSaNa LIra MadurEIra
Prêmio leitor de ouro
O bairro de Peixinhos tem literatura, entre outros. O número de leitores cresceu
uma realidade precária cada vez mais e a biblioteca
em termos de infraestrutura, Os objetivos do projeto permaneceu lotada.
saneamento básico e sistema foram atingidos: aumentamos
de transportes. A população a circulação de livros O que não podemos deixar de
é, preponderantemente, de proporcionando mais comemorar é o fato de que cada
baixa renda e convive com conhecimento, colaborando, leitor de Ouro passou a ler em
uma realidade que interfere dessa forma, para elevar o nível torno de cinco a quinze livros por
na vida escolar dos estudantes: intelectual dos estudantes da mês, através de empréstimos,
altos índices de contaminação escola; auxiliamos o processo além de realizar consultas na
por epidemias, proliferação da de aprendizagem dos conteúdos própria biblioteca.
violência, homicídios e tráfico de programáticos ao despertar A premiação propriamente dita:
drogas. o interesse pela pesquisa em certificados, medalhas e livros,
todas as áreas de conhecimento, não foi o mais importante, o
A experiência com o Prêmio leitor através da prática da leitura. que verdadeiramente importou
de Ouro, dentro da nossa escola, foi o fato desse prêmio
mostrou que a prática da leitura Para exemplificar citamos mobilizar quinhentos e vinte
pode ser uma grande aliada uma atividade de pesquisa e dois estudantes, universo de
para promover aprendizagem. desenvolvida pelos estudantes sob estudantes do turno da tarde
As palavras de uma professora o comando do professor Edvaldo, para se inserirem num espaço
da escola confirmam essa ideia: de História, sobre o brasão do importante do mundo letrado que
“Os estudantes com acesso a nome de família. Essa pesquisa do é a biblioteca.
livros de sua preferência, ao brasão teve o papel desenvolver Esses números refletem uma
serem estimulados e orientados nos estudantes o respeito e o conquista que se resume em:
pela professora coordenadora da orgulho de fazer parte de uma conhecimento e cidadania para
21
biblioteca e por seus professores, família tradicional ao resgatar a estes pequenos jovens que
obtiveram um aproveitamento história do nome de família. despontam de sua realidade como
em sala de aula muito acima do cactos nas rochas, ao elevar seus
esperado”. Com o estímulo do prêmio, os sonhos e ampliar horizontes,
estudantes passaram a ler cada através da leitura.
Criamos o prêmio confiantes vez mais e assim, descobriram
no conceito de Paulo Freire de que, através da leitura, rEfErÊNCIaS BIBLIOGrÁfICaS E
que “Estudar é importante, conseguiam fazer o que mais WEBIBLIOGrÁfICaS
ler é muito mais!”, pois a gostavam: viajar para os quatro WEISz, TELMa. O dIÁLOGO ENTrE O ENSINO E
prática da leitura favorece cantos do mundo e entrar no a aprENdIzaGEM. SãO pauLO: EdITOra ÁTICa,
não só a aquisição de túnel do tempo. isso me remete 2002.
conteúdos programáticos, mas, a Francis de Croisset quando ele
MOrIN, EdGar. La TÊTE BIEN faITE. a CaBEça
principalmente, enriquece o diz que “A leitura é a viagem de BEM fEITa. rIO dE JaNEIrO: BErTraNd
crescimento pessoal de cada quem não pode pegar um trem!” BraSIL, 2008.
estudante. (in: Cabral, 2009:7).
SOLÉ, ISaBEL. ESTraTÉGIaS dE LEITura.
pOrTO aLEGrE: arTMEd, 1998.
Assumimos a coordenação da Premiação dos leitores de Ouro
biblioteca, antes fechada, em trouxe muitos ganhos para todos, TOLEdO, LESLIE. fLOrES, LuIza rOdrIGuES.
julho de 2008 e informamos sobre inclusive para meu universo CONzaTTI, MarLI (OrGaNIzadOraS). CIdadE
o prêmio. Após a divulgação particular, mas, sem dúvida, o EduCadOra. SãO pauLO: COrTEz: INSTITuTO
maior presente foi a elevação pauLO frEIrE; BuENOS aIrES: CIudadES
do Prêmio leitor de Ouro, a
EduCadOraS. aMÉrICa LaTINa, 2004.
biblioteca passou a receber da autoestima das crianças e
todas as tardes, em média, entre adolescentes. SEVErINO, aNTôNIO JOaquIM. METOdOLOGIa
sessenta e cem estudantes das dO TraBaLHO CIENTífICO. SãO pauLO:
turmas de 2º ano do 2º Ciclo, Outro fato que não podemos COrTEz, 2009.
dos 1º e 2º anos do 3º Ciclo e 1º deixar de ressaltar foi a CaBraL, MarIa uMBELINa SaNTOS dE SOuza
e 2º anos do 4º Ciclo. O objetivo surpresa do momento seguinte à ET aLL. dESpErTar O prazEr pELa LEITura.
dessa visita era variado: pesquisar premiação: não houve redução TExTO dISpONíVEL EM HTTp://NEad.CTI.furG.
trabalhos escolares, fazer de empréstimos de livros, nem Br/MIdIaS/pdfS/dESpErTar.pdf aCESSO EM
empréstimos de livros de nossa esvaziamento da biblioteca. 15/05/2009.
23. Escola Municipal dona Brites de albuquerque
prOfaS.: CrISTIaNE HOLaNda, MarIa MadaLENa BarBOSa da fONSÊCa,
CarLa CONCEIçãO LayME da SILVa
Alimentação saudável:
Uma (re) construção de valores
A equipe de professores e
funcionários da Escola Dona
Brites observaram que havia um
decidiu participar do projeto
Nutrir, oferecido pela Nestlé
com a parceria da Secretaria
dezembro foram trabalhados
cinco temáticas abordando a
alimentação e o modo de vida
desperdício da merenda por parte de Educação de Olinda. O saudável: A importância do uso
das crianças do 1º e 2º Ciclos. projeto teve inicio a partir de sustentável dos recursos naturais,
Elas jogavam fora determinados indagações das crianças em sala reaproveitamento de alimentos,
alimentos que não eram da sua de aula sobre questões relativas à mudança de hábitos alimentares,
aceitação, muitas vezes faziam natureza e sua preservação. propriedade e receitas com a soja
“guerra” com os biscoitos, As professoras e funcionários(as) e frutas e mudança de hábitos
quando não eram recheados. observaram as dificuldades e alimentares.
Além disso, também se percebeu as deficiências na alimentação Nesses meses, as crianças
o consumo de um grande número das crianças, isso gerou uma demonstraram muito entusiasmo
de alimentos industrializados inquietação, levando o grupo a nas aulas coletivas que
como: salgadinhos, pipocas, abraçar o projeto, priorizando aconteciam em dois momentos:
refrigerantes, confeitos etc. a integração e orientação da no primeiro momento,
Diante dessa realidade, em comunidade escolar como um abordávamos a temática do
abril de 2008, a unidade escolar todo. Nos meses de abril a mês, cantávamos e refletíamos
22
Arquivo de Cristiane Holanda
24. sobre os valores das pessoas Realizamos a nossa Vi Feira de construção de conhecimentos,
humanas. No segundo momento, conhecimentos e o projeto foi tanto por parte das crianças,
executávamos uma receita divulgado para a comunidade, como também pelos adultos,
prática onde os estudantes atingido, dessa forma, um dos demonstrando que a escola,
participavam ativamente, principais objetivos do Projeto ao abordar conteúdos e
preparando e degustando os Político Pedagógico da escola vivências significativas, torna-se
alimentos. que é trabalhar com projetos verdadeiramente, um ambiente
Com este trabalho começamos científicos a partir da educação de aprendizagem e de promoção
a notar mudanças em relação à infantil e divulgar sua produção de mudanças.
alimentação e ao comportamento para a comunidade. Outros
dos educandos que passaram resultados que podemos pontuar,
a valorizar a merenda escolar, encontram-se registrados nas REFERÊNCiAS BiBliOGRáFiCAS
diminuindo o desperdício e fotos, vídeos e relatos do projeto
VIDAL, Eunice Leme. Saúde com sabor. Tatuí,
reduzindo gradativamente que são: aumento da freqüência
São Paulo: Editora Casa Publicadora Brasileira,
o consumo dos lanches e permanência do estudante em
2003.
industrializados na escola. sala de aula; merenda escolar
Serviço Social da indústria - Departamento
O entusiasmo, a alegria e as consumida com mais prazer; Regional de São Paulo. Alimente-se bem. 2ª
motivações em contribuir para a sensibilização e envolvimento edição. São Paulo, 2006.
mudança de hábitos alimentares das professoras, gerando novas Fundação Nestlé Brasil. Kit Nutrir (Guisadinho,
se destacaram de tal forma que a práticas educativas; socialização Receituário 1, Manual Antropométrico). Ed.
escola foi convidada a apresentar das receitas desenvolvidas na Estudo Elias Andreato. São Paulo, 2008.
o projeto em outros espaços, tais escola; resgate dos valores 23
como: na formação dos auxiliares básicos humanos por parte
da ação educativa da Secretaria dos estudantes e funcionários,
de Educação de Olinda, no melhorando a relação
encontro da família com os pais interpessoal do grupo.
e responsáveis da Escola Brites e Finalizando, ressaltamos que
anexos e na igreja Presbiteriana a alimentação foi o ponto de
em Aldeia. partida para muitas reflexões e
Arquivo de Cristiane Holanda
25. Escola alexandre José Barbosa Lima
prOf. EdSON GOMES da SILVa fILHO
Bantos e Nagôs:
a presença da África no meu bairro
O território pernambucano,
em especial, as Terras da
Nova Roma, Olinda, foram, são
em torno da religião de matriz
africana e afrobrasileira, por
não haver, de minha parte, a
essa finalidade, utilizamos a
leitura de contos africanos.
Essas leituras trouxeram à tona
e serão o palco de paradigmas compreensão de minha negritude questionamentos de como
construtores da nossa que aflorou, realmente, quando a História excluía o
nacionalidade. Não se podem um dos estudantes estava sendo protagonismo do povo
descartar, nessa instituição humilhado em relação à cor da africano e como os
sócio-cultural, os aspectos sua pele por um colega de sala e fatos vividos pelos
étnicos dos diferentes povos que por alguns vizinhos da escola. negros eram
ocuparam o lócus olindense, e contados a partir
brasileiro. Essas etnias que, desde A angústia de ver tamanha do olhar do
a restauração pernambucana, discriminação levou-me a indagar colonizador
caminham lado a lado em nossa aos estudantes como eles se branco. isso pôde
sociedade presenciam-se nas percebiam em relação à sua cor. ser percebido,
comidas, no artesanato, nas As respostas oriundas de tal através da
danças, entre tantos outros indagação geraram maior análise
elementos culturalmente desconforto, pois mesmo dos livros
difundidos em nossa população. aqueles que, nitidamente didáticos que
24 apresentavam características
Tal contexto socioeconômico predominantemente da etnia
e cultural esconde em seu negra, não se consideravam
seio um caráter desagregador, assim. Isso me desafiou a
oriundo de parâmetros histórico- resgatar, juntamente com eles, a possuíamos.
sociais difundidos desde a identidade africana, perdida O debate
colônia e estipuladores de um ao longo do tempo. gerado pelas
processo discriminatório, não descobertas
visível, contudo perceptível, e O primeiro passo para o contribuiu
preconceituoso em relação ao desenvolvimento deste projeto para que alguns
africano, seus descendentes e foi a escolha do nome e da estudantes
simpatizantes de sua religiosidade temática. Para isso, professor começassem a se perceber
e de sua cultura. e estudantes do 2º ano do como afrodescendentes
2º Ciclo embrenharam-se na ou afrobrasileiros, ou
Em face disto, foi aprovada a lei pesquisa na busca das etnias simplesmente negros. Também
nº 10.639/03 que altera o artigo africanas que foram trazidas identificamos os heróis negros
36º da lDBN 9394/96 no que diz ao Brasil como escravas, entre pernambucanos, elucidando o
respeito ao ensino de História da as quais, encontramos: Bantos, conteúdo subjacente nas leis
áfrica e dos Afrodescendentes Nagôs, iorubás, Jêjês. Dentre abolicionistas do Brasil.
(alterada em 2008 pela lei essas, selecionamos as nações
11.645/08 que acrescenta o Bantas e Nagôs por percebermos Para finalizar, socializamos os
ensino de História Indígena na claramente elementos residuais conteúdos aprendidos em sala
escola). destes povos na nossa sociedade de aula em eventos onde a
na atualidade. escola toda pôde participar.
Apesar do conhecimento da
legislação vigente, havia uma O segundo passo constituiu- O primeiro evento foi fazer
dificuldade em transpor o se no resgate da identidade uma feijoada onde os
preconceito, principalmente africana de cada um. Para estudantes apresentassem a
26. composição dessa comida típica da turma era de cristãos
e sua história, comparando-a evangélicos.
a outras comidas oriundas das
senzalas pernambucanas e Chegamos ao fim de nosso
nacionais. O segundo evento projeto com a grande lição de
foi participar de uma roda de que para termos um convívio
capoeira, discutindo os aspectos social isento de preconceitos,
religiosos presentes nessa arte. devemos aceitar o outro não
importando qual seja o seu
Por fim, a realização de uma credo religioso, sua cor de
feira de conhecimentos onde pele, seu aspecto físico, pois
os estudantes expuseram seus todos somos cidadão de direitos
trabalhos individuais e coletivos. e a lei suprema nos coloca
Com este trabalho pudemos num patamar de igualdade. As
trabalhar a cultura africana e diferenças existem porque temos
afrodescendente, resgatar a origens em povos diversos, mas
identidade afrodescendente isso não significa que devam
perdida do professor e dos ser usadas para que uns se
estudantes e compreender que sobreponham aos outros. 25
a lei de combate ao racismo
precisa ser duramente aplicada
àqueles que ainda hoje se rEfErÊNCIaS BIBLIOGrÁfICaS
comportam como
COll, Cesar et alii. O construtivismo em sala
se vivêssemos
de aula. São Paulo: Ed. Atica, 2006.
numa sociedade
FREiRE, Paulo. pedagogia do oprimido.São
escravocrata.
Paulo : Paz e Terra. 1996.
____________. pedagogia da autonomia. São
Outro ganho deste Paulo : Paz e Terra, 1995.
projeto foi a compreensão, ____________. pedagogia da Esperança. São
por parte dos estudantes Paulo : Paz e Terra, 1996.
evangélicos, que ninguém pode CURY, Carlos Roberto Jamil. Lei de diretrizes
ser preconceituoso em relação às e Bases da Educaçao - Lei 9394/96. Rio de
religiões africanas. Janeiro: DP&A, 2002.
PERRENOUD, Philippe. dez novas
Essa compreensão se deu, tanto competências para ensinar. Porto Alegre:
Artmed, 2000.
pelo conhecimento adquirido
TORRES, Carlos Alberto. democracia,
nas leituras e debates, como
educação e multiculturalismo: dilemas
também pela observação do
da cidadania em um mundo globalizado.
meu comportamento, pois Petrópolis: Vozes, 2001.
mesmo sendo cristão evangélico TRiNDADE, Azoilda l. da. (org).
valorizei o conhecimento e a Multiculturalismo: mil e uma faces da escola.
vivência dos estudantes que Rio de janeiro: DP&A, 2002.
praticavam cultos de religiões
de matrizes africanas e que
se sentiam discriminados num
universo onde a grande maioria
27. Escola Municipal Monsenhor fabrício
prOf. rICardO LuIz dOS SaNTOS
Ensinando através das diversas leituras
da cultura popular
representantes do PROCON-
C omo situação real, tínhamos
eu, um professor de Arte, um
grupo formado por estudantes
Estado de Pernambuco, a
Agência Nacional de Vigilância
Sanitária - ANViSA, entre outros,
PE, mas sem que despertasse
o interesse dos estudantes por
do 2º ano do 3º Ciclo, 1º e para que se realizasse, assim, o causa da forma como o assunto
2º anos do 4º Ciclo da escola desenvolvimento de um trabalho, foi apresentado. indagado por
municipal de Olinda, Monsenhor possivelmente, até de utilidade esses representantes sobre como
Fabrício, o Serviço de Proteção pública. o código poderia ser apresentado
ao Consumidor - PROCON do de forma atrativa, sugeri que
Para que esse trabalho se a linguagem teatral. Aceitei o
realizasse, fez-se necessário mais desafio de escrever o texto e
do que metas, foi necessário formar um grupo para representá-
acreditar que podíamos realizar lo.
uma educação para fora das
quatro paredes da sala de aula, Assim, nasceu a primeira peça
que fosse sedutora e se fizesse que, a pedido do PROCON-PE,
elemento utilitário em si mesmo. foi filmada, “por acaso”, e
reproduzida no dia seguinte em
isto aconteceu, a partir da televisão local.
26 apresentação de uma peça de
mamulengo, na Escola Monsenhor O efeito de se ver na televisão foi
Fabrício. Essa peça foi montada tão positivo entre os estudantes
para traduzir na linguagem do que a partir de então, começamos
teatro de bonecos, o Código a vislumbrar outras possibilidades
de Defesa do Consumidor como, por exemplo, a formação
que havia sido debatido, de um grupo capaz de elaborar
anteriormente, e executar um projeto que
na escola por trouxesse como objetivo
comunicar temas de utilidade
pública, através da cultura
popular. Esse corajoso grupo foi
batizado de Troupiart.
Partimos então para a
pesquisa sobre teatro, mais
especificamente teatro de
bonecos, principalmente, o
teatro mambembe, o teatro de
arena, entre outros.
Para sistematizar as etapas
do projeto, chegamos à
conclusão da necessidade de
fazer encontros regulares
com o grupo para estudos,
ensaios. Nesses encontros,
os estudantes foram
estimulados a ler textos que
trouxessem informações sobre
Arquivo de Ricardo luiz