O documento descreve a evolução da rede urbana e do sistema urbano em Portugal, caracterizando-o como um processo relativamente tardio e lento que se acelerou a partir da década de 1960. O sistema é bipolarizado em torno de Lisboa e Porto, altamente litoralizado e com ausência de cidades médias no interior do país.
2. 2
Como caraterizar o fenómeno urbano
em Portugal?
Um
processo relativamente tardio:
Nove
povoações
detinham o estatuto de
cidade ao longo da
Idade Média
(Braga, Porto, Viseu,
Lamego, Guarda,
Coimbra, Lisboa, Évora
e Silves).
3. 3
Um
processo ligado, inicialmente, a um
número restrito de funções urbanas:
F. religiosa ( as 9 cidades medievais eram
sedes de Diocese)
F. de defesa territorial (posição geoestratégica)
F. económica (atividade comercial)
F. demográfica (concentração populacional)
Monsaraz, Alentejo
4. 4
Um
processo lento e contido até 1974
43 cidades até 1974
159 cidade em 2012 (mais 116 em 38 anos)
Data
Número de
cidades
Intervalo de
tempo (anos)
Cidades em relação
ao total(%)
De 1070 a
1900
34
830
21
1900 a 1973
10
73
6
1974 a 1999
84
25
53
2000 a 2009
31
9
20
(Cidade mais antiga – Braga desde 1070)
5. 5
Um
processo acelerado a partir da década
de 60 do século XX
Forte êxodo rural
Concentração populacional junto ao litoral
LITORALIZAÇÃO
Forte concentração em torno de Lisboa e do
Porto
BIPOLARIZAÇÃO
6. 6
1950
89 Hab/Km²
1970
90 Hab/Km²
2001
112 Hab/Km²
Entre 1950 e 2001, acentuaram-se os contrastes na
distribuição da população. Neste período de 50 anos, o
país evoluiu no sentido da litoralização e da bicefalia.
7. 7
M
L
Neste mapa da
Poluição
Luminosa na
Península
Ibérica
constata-se a
litoralização
como sendo um
problema
comum aos
dois países.
Madrid, tal
como Lisboa
marca uma
macrocefalia
no respetivo
território.
8. 8
Traços fundamentais da Rede
Urbana
Bipolarização
das Áreas Metropolitanas de
Lisboa e Porto;
Contínuo urbano dentro de cada uma das
Áreas Metropolitanas;
Litoralização;
Urbanização difusa;
Ausência de cidades médias no interior do
país.
9. 9
Concentração
dos
principais cidades ao
longo da faixa litoral
ocidental e da faixa
meridional;
Existência de uma
urbanização difusa
composta por um
grande número de
aglomerações de
pequena dimensão
populacional
10. 10
REDE URBANA
CONTINENTAL
Conjunto das aglomerações
urbanas ligadas entre si, por
vias de comunicação e fluxos
diversificados que se
diferenciam pela sua dimensão
e pela sua função.
Um padrão de distribuição:
- Irregular
- Litoralizado
- Bicéfalo
Rede = conjunto de nós interligados por eixos/linhas
12. 12
Tal
como a rede urbana, o
sistema revela um padrão:
Irregular
Litoralizado
Bicéfalo
Urbanização difusa
Ausência de cidades
médias no Interior
13. 13
A CARATERIZAÇÃO RECENTE DO
SISTEMA URBANO (2013)
Reforço
da concentração no Litoral continental
LITORALIZAÇÃO
Reforço particular nas Áreas Metropolitanas de
Lisboa e Porto
BIPOLARIZAÇÃO
Perdas populacionais dos centros
metropolitanos
municípios de Lisboa e do
Porto
Aumentos populacionais nos municípios
circundantes a Lisboa e Porto
14. 14
Concentração
em lugares urbanos:
Censo
População em lugares de 2000 ou mais
habitantes
1981
43 %
1991
48 %
2001
55 %
2011
61 %
Continuidade
da tendência de litoralização e
bipolarização:
Densidade
populacional do país em 2011
114,5 Hab/Km²
59 % das freguesias
abaixo da média
41 % das freguesias
acima da média
15. 15
Evolução da ocupação do território
entre 1991 e 2011
Concentração
populacional no Litoral
continental
Densidade populacional mais intensa entre:
Viana do Castelo e Setúbal, a Oeste
Lagos e Vila Real de Stº António, a Sul
Densidades populacionais muito elevadas nas
freguesias metropolitanas de Lisboa e Porto
Total
de freguesias nacionais com mais de
1 000 Hab/Km² = 371 freguesias
16. 16
Despovoamento
do Interior do Continente
Contraste entre o Norte da ilha da Madeira e o
Sul mais densamente povoado
Maiores densidades nas ilhas de São Miguel e
da Terceira na R.A.Açores
Reforço da posição de liderança da região de
Lisboa:
851 Hab/Km² em 1991
940 Hab/Km² em 2011
Taxas de crescimento da população maiores
onde as densidades populacionais também são
maiores.
17. 17
Peso da bipolarização nas áreas metropolitanas
de Lisboa e do Porto
Das 371 freguesias com mais de 1 000 Hab/Km²:
143
localizam-se na
AML – 38%
85 localizam-se na
AMP – 23%
O total destas
freguesias nas duas
AM correspondem a
61% do total
nacional
(38+23=61%)
18. 18
Em síntese, entre 1991 e 2011,
Portugal continuou a manifestar:
Um processo de
bipolarização e de concentração populacional com
incidência no Litoral continental (de Viana do Castelo a Setúbal e
de Lagos a Vila Real de Santo António)
suburbanização (nos lugares urbanos e nas cidades) que favorece a
extensão dos espaços urbanizados e no qual os centros urbanos
de maior importância das áreas metropolitanas perdem
população a favor de centros periféricos
Uma tendência geral para
a manutenção do contínuo urbano nas faixas litorais e
nas áreas metropolitanas
o incremento/reforço da concentração populacional
em alguns lugares urbanos no Interior do país.
Retrato Territorial de Portugal 2011, INE (adaptado)
20. 20
Taxa migratória interna – rácio entre
o saldo migratório interno e a população residente
em 2011
A análise
do mapa do diapositivo anterior permite
localizar as NUTS III atrativas e as repulsivas,
confirmando os resultados que são transmitidos
pelas barras do gráfico ao lado.
A NUTS III mais atrativa, entre 2005 e 2011, foi a
Península de Setúbal e a mais repulsiva foi a
Grande Lisboa.
Nove das NUTS III ganhadoras no saldo migratório
interno localizam-se no litoral.
As NUTS III Grande Lisboa e Grande Porto foram
das mais perdedoras.
21. 21
Os dados de
2011 confirmam
um sistema
urbano de:
- Padrão
irregular
- Acentuada
litoralização
- Destacada
bipolarização
- Numerosas
cidades
difusas de
pequena
dimensão
populacional.
22. 22
Cidades com mais de 100 000
habitantes
Nº habitantes
(2011)
Lisboa
548 000
Porto
238 000
V.N. de Gaia
187 000
AMP
Amadora
175 000
AML
Braga
137 000
Norte
Coimbra
106 000
Centro
Funchal
112 000
R.A.M
Entre 20 000 e 100 000 mil habitantes
Bragança
Vila Real
Viseu
Guarda
Castelo Branco
Évora
Beja
Viana do Castelo
Barcelos
Guimarães
Aveiro
Leiria
Caldas da Rainha
Santarém
Entroncamento
Portimão
Faro
Olhão
Ponta Delgada
23. 23
A Hierarquização Urbana
– Curva de Zipf
Segundo a Lei de Zipf, existe
uma relação entre a
população de um centro
urbano e a posição que ocupa
na rede urbana.
A representação gráfica da
população dos centros
urbanos e o lugar que cada
um ocupa na rede/sistema
urbano permite verificar se
existe regularidade ou não
entre tamanho e posição. No
caso português denuncia um
padrão macrocéfalo
24. 2001
Regra ordem-dimensão (rank-size) – formulada por Zipf (1949) defende que existe
uma correlação entre a população das cidades e o número de ordem ocupado por
cada aglomerado. A aplicação da fórmula empírica a que chegou, Pn=P1/n, leva a
concluir que, por exemplo, ao aglomerado que ocupa o 3º lugar, na ordenação por
ordem decrescente da população, deverá corresponder 1/3 da população do
aglomerado que ocupa o primeiro lugar:
n=3
Se P1=1000, então P3=1000/3
P1=população do primeiro aglomerado
= 333 habitantes
P3=P1/3
24
http://www.civil.ist.utl.pt/~joanaca/prucivil_2006_2007/aulas/Aulas23_24.pdf
25. 25
Em termos teóricos, a aplicação da regra
ordem-dimensão traduz-se graficamente por
uma reta inclinada 45º em relação ao eixo dos
XX onde se colocam as cidades por ordem
decrescente da população. O eixo dos YY, em
escala logarítmica, regista o número de
habitantes de cada aglomerado.
Neste gráfico, extraído do estudo
“Níveis Urbanos no Noroeste de
Portugal” de Luís Paulo Martins,
verificam-se vários aglomerados
que se afastam da reta (situação
ideal). Com 327 368 habitantes em
1981, o Porto destaca-se mesmo
dos lugares mais próximos, casos
de, Braga (63 033) e
V.N.Gaia (62 469). A partir daqui,
existe uma miríade de centros que
vão desde Matosinhos (26 404) a
Caldelas (209).
http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/1503.pdf
26. 26
O Papel das
Cidades Médias
no Sistema
Urbano
Um padrão de
distribuição macrocéfalo
revela uma fraca
presença de centros de
média dimensão. O que
são, então, cidades
médias?
27. 27
Cidades médias, como definir?
São aglomerados populacionais que:
Constituem alternativa às grandes cidades
pelos seus recursos
pelas suas potencialidades
Reforçam a sua posição nos sistemas
urbanos regionais
Distinguem-se:
pela sua Dimensão
escala urbana
pelo seu papel nas políticas de ordenamento e
desenvolvimento
escala regional
28. 28
Uma definição que envolve critérios em
função do peso demográfico, por exemplo:
À
escala europeia
A Comissão Europeia, em 1988/89, considerava
100 000 ≤ Cidades médias ≥ 250 000 habitantes
O Relatório Europeu 2 000+, em 1994, dizia que
20 000 ≤ Cidades médias ≥ 500 000 habitantes
29. 29
Critérios adotados em Portugal para
as cidades não-metropolitanas:
População
superior a 10 000 habitantes
Nível de equipamentos, no mínimo,
supraconcelhio
Papel estratégico na organização do território
nacional, catalisadores de áreas envolventes,
de estruturação de espaços sub-regionais
Papel significativo no âmbito das redes
internacionais
30. 30
Cidades elegíveis para o
subprograma 1 do
PROSIURB
Localização das cidades médias que
beneficiaram de apoios comunitários
na década de 90 do século XX.
As cidades consideradas médias
podem ser classificadas, para além do
peso demográfico, pela sua
funcionalidade em diferentes níveis
funcionais:
Nível 1 – Macro – regional – 100 000
Nível 2 – Regional – 67 000
Nível 3 - Sub-regional – 31 000
Nível 4 – Supra-concelhio - 36 000
Nível 5 – Concelhio – 24 300
habitantes
31. 31
Quais os objetivos do PROSIURB – Programa de
Consolidação do Sistema Urbano Nacional e de
Apoio à Execução dos Planos Diretores
Municipais?
Promover
o crescimento e consolidação das
aglomerações urbanas não metropolitanas
estratégicas para o sistema urbano.
Reequilibrar o sistema urbano nacional através
dos Subprogramas:
1 “Valorização das Cidades Médias”
2 “Complementaridade da Rede Urbana”
32. 32
As cidades médias, na sua maioria,
encontram-se integradas:
No
interior de conurbações não
metropolitanas
E/ou na esfera de influência direta das áreas
metropolitanas.
As restantes situam-se em territórios com
perda demográfica e económica, sendo
capitais de distrito, como é o caso de Évora.
33. 33
Sistema urbano caraterizado por:
-
-
-
Duas áreas metropolitanas de
grande dimensão mas frágil
projeção a nível internacional;
Uma extensa mancha litoral de
urbanização difusa onde há
centros urbanos de maior
dimensão mas inferior à cidade
média de acordo com os
padrões europeus;
Uma urbanização linear ao
longo da costa algarvia;
Uma rede de pequenas e
médias cidades no interior,
nalguns casos configurando
eixos e sistemas urbanos
multipolares.
34. 34
As cidades médias são
fundamentais para criar
dinamismo económico e social e
reduzirem as assimetrias
territoriais.
O sistema urbano português
coloca o país numa posição de
desvantagem, porque:
- É fortemente polarizado em
duas áreas metropolitanas;
- Os restantes centros urbanos
têm dimensão demográfica e
funcional insuficiente.
Às cidades médias pretende-se
que assumam protagonismo
integrando redes de cooperação
à escala comunitária e global.
35. 35
Um outra forma de cartografar o
sistema urbano português.
Aqui é possível confirmar os
desequilíbrios já referidos
anteriormente.
A distribuição espacial dos
aglomerados urbanos denuncia:
- a existência de sistemas urbanos
a nível regional (diapositivos 36 e
39).
- A litoralização e metropolização
na ocupação territorial
- a recentragem regional da rede
de cidades de pequena e média
dimensão
- a existência de extensas áreas
em perda.
37. 37
Sistema
Uma conurbação que se estende até Viana do
Castelo e Aveiro, no sentido norte-sul, e para este
em direção a Vila Real, e que integra a Área
Metropolitana do Porto (AMP).
Um sistema polinucleado polarizado pela cidade do
Porto, e por um conjunto de outras polaridades
periféricas e cidades médias.
Sistema
Urbano Regional do Litoral Noroeste:
Urbano Regional do Nordeste:
Sistema de fraca dimensão económica e social.
Vila Real, Peso da Régua, Chaves Mirandela e
Bragança, cidades médias, procuram estruturar um
extenso território rural em perda.
38. 38
Sistema
Urbano Regional do Centro:
Sistema policêntrico assente na presença de
espaços urbano-industriais onde se destacam
várias cidades médias, por exemplo, Aveiro, Ílhavo,
Albergaria-a-Velha, Águeda e Oliveira do Bairro;
Viseu, Coimbra, Condeixa, Soure, Miranda do
Corvo, Figueira da Foz, Leiria, Marinha Grande,
Pombal Ourém, Torres Novas, Tomar, Abrantes e
Entroncamento.
Eixo urbano no Interior com Guarda, Belmonte,
Covilhã, Fundão e Castelo Branco combatendo um
extenso território rural em perda demográfica
através, por exemplo, das potencialidades de um
relacionamento transfronteiriço.
40. 40
Sistema
Um sistema centralizador e polarizador sobre as
periferias onde, Lisboa, constitui o núcleo do sistema
urbano português.
A maior concentração nacional de população e
atividades diversificadas
Sistema
Urbano Regional do Alentejo:
Um sistema localizado num vasto território rural, de
fraca densidade, de povoamento concentrado
Um sistema onde Évora é a “cidade-âncora” e onde
Sines e Santiago do Cacém têm grandes
potencialidades associadas à atividade portuária.
Sistema
Urbano Regional de Lisboa e Vale do Tejo:
Urbano Regional do Algarve:
Sistema urbano linear fruto da urbanização da faixa
litoral e da desertificação da serra.