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Lição 2 - Um Libertador Para Israel
LIÇÕES BÍBLICAS - 1º Trimestre de 2014 - CPAD - Para jovens e adultos
Tema: Uma Jornada de Fé - A Formação do povo de Israel e sua herança espiritual
Comentário: Pr. Antônio Gilberto
Complementos, ilustrações, questionários e vídeos: Ev. Luiz Henrique de Almeida Silva
Questionário
NÃO DEIXE DE ASSISTIR AOS VÍDEOS DA LIÇÃO ONDE TEMOS MAPAS, FIGURAS, IMAGENS E EXPLICAÇÕES
DETALHADAS DA LIÇÃO
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm

TEXTO ÁUREO
“E disse Deus a Moisés: EU SOU o QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós” (Êx
3.14).
VERDADE PRÁTICA
Assim como Moisés, usado por Deus, libertou Israel do cativeiro, Cristo nos liberta da escravidão do pecado e do mundo.
LEITURA DIÁRIA
Segunda- Hb 3.3 Cristo é superior a Moisés
Terça- Hb 3.5 Moisés, um servo fiel
Quarta - Êx 2.23-2 5 Deus ouve o clamor do povo
Quinta - Êx 3.10 Deus chama Moisés
Sexta - Ex 4.3-8 Deus confirma a liderança de Moisés com sinais
Sábado - Êx 5.1 Moisés diante de Faraó
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Êxodo 3.1-9
1 - E apascentava Moisés o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote em Midiã; e levou o rebanho atrás do deserto e veio ao
monte de Deus, a Horebe.
2 -E apareceu-lhe o Anjo do SENHOR em uma chama de fogo, no meio de uma sarça; e olhou, e eis que a sarça ardia no
fogo, e a sarça não se consumia.
3 - E Moisés disse: Agora me virarei para lá e verei esta grande visão, porque a sarça se não queima.
4 - E, vendo o SENHOR que se virava para lá a ver, bradou Deus a ele do meio da sarça e disse: Moisés! Moisés! E ele
disse: Eis-me aqui.
5 - E disse: Não te chegues para S cá; tira os teus sapatos de teus pés; porque o lugar em que tu estás é terra santa.
6 - Disse mais: Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó. E Moisés encobriu o seu
rosto, porque temeu olhar para Deus.
7 - E disse o SENHOR: Tenho visto atentamente a aflição do meu povo, que está no Egito, e tenho ouvido o seu clamor por
causa dos seus exatores, porque conheci as suas dores.
8 - Portanto, desci para livrá-lo da mão dos egípcios e para fazê-lo subir daquela terra a uma terra boa e larga, a uma terra
que mana leite e mel; ao lugar do cananeu, e do Heteu, e do a morreu, e do Ferezeu, e do Heveu, e do Jebuseu.
9 - E agora, eis que o clamor dos filhos de Israel chegou a mim, e também tenho visto a opressão com que os egípcios os
oprimem.
INTERAÇÃO
Deus tinha um plano traçado para o seu povo através de Moisés. Este o conduziria até Canaã. Moisés foi dia a dia preparado
e lapidado pelo Senhor para cumprir os propósitos divinos. A formação de um líder requer tempo, mas infelizmente muitos na
atualidade não querem respeitar o momento de Deus. Vivemos em uma sociedade imediatista onde as pessoas não admitem
mais esperar.
O enfoque da lição de hoje é o preparo de Moisés para se tornar o libertador do povo de Deus. Quando assumiu a missão de
conduzir os israelitas pelo deserto, Moisés já havia sido preparado pelas universidades egípcias e pelo próprio TodoPoderoso. O Deus que levantou Moisés não mudou, Ele continua a levantar e preparar pessoas para serem usadas na sua
obra. Você está disposto a servir mais a Deus? O Senhor deseja usá-lo em sua obra para que muitos sejam libertos da
escravidão do pecado e da ignorância espiritual.
OBJETIVOS - Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Compreender como se deu a chamada e o preparo de Moisés.
Saber quais foram as desculpas apresentadas por Moisés ao Senhor.
Analisar como foi a apresentação de Moisés a Faraó.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor, reproduza o mapa da página seguinte. Utilize-o para mostrar aos alunos o caminho que Moisés teve que percorrer
de volta ao Egito. Ele andou aproximadamente 320 quilômetros. Enfatize que Deus chamou Moisés para uma importante
Missão — libertar os israelitas do jugo da escravidão. Em obediência ao Senhor, Moisés voltou ao Egito. Muitas vezes Deus
requer que voltemos de onde saímos. Porém, ao retornar, Moisés era um novo homem. Agora não agiria mais segundo as
suas forças, mas em obediência restrita a Deus.
TEXTO ÁUREO
“E disse Deus a Moisés: EU SOU o QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós” (Êx
3.14).
VERDADE PRÁTICA
Assim como Moisés, usado por Deus, libertou Israel do cativeiro, Cristo nos liberta da escravidão do pecado e do mundo.
Resumo da Lição 2 - Um Libertador Para Israel
I - MOISÉS - SUA CHAMADA E SEU PREPARO (ÊX 3.1-17)
1. Deus chama o seu escolhido.
2. O preparo de Moisés (Êx 3.10-15).
3. O objetivo da chamada divina (Êx 3.10).
II - AS DESCULPAS DE MOISÉS E A SUA VOLTA PARA O EGITO
1, O receio de Moisés e suas desculpas.
2. Deus concede poderes a Moisés.
3. O retorno de Moisés.
III - MOISÉS SE APRESENTA A FARAÓ (ÊX 5.1-5)
1. Moisés diante de Faraó.
2. A queixa dos israelitas (Êx 5.20,21).
3. Deus promete livrar seu povo (Êx 6.1).
SINOPSE DO TÓPICO (1) - Moisés foi chamado e preparado por Deus para que cumprisse sua missão com excelência.
SINOPSE DO TÓPICO (2) - Deus não aceitou as escusas de Moisés. Ele também não aceitará as nossas, pois Lie conhece
o mais profundo do nosso ser.
SINOPSE DO TÓPICO (3) - Depois do encontro que Moisés tivera com Deus, ele estava finalmente preparado para
apresentar-se ao rei do Egito.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
COHEN, Armando Chaves. Êxodo 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1998. HAMILTON, Victor P. Manual do Pentateuco. 2. ed.
Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
Revista Ensinador Cristão CPAD, n° 57, p.37.
Moisés foi sendo preparado dia a dia pelo Senhor a fim de que se tornasse o líder do seu povo e os conduzisse rumo à Terra
Prometida. Aprendemos com a segunda lição do trimestre que Deus vocaciona e chama líderes para sua obra, porém
aqueles que forem chamados precisam fazer a sua parte preparando-se. Se você tem um chamado de Deus em sua vida,
prepare-se. Faça a sua parte e deixe que o Senhor faça a dEle.
Moisés é preparado para se tornar o libertador (Êx 3.1-22)
Moisés viveu seus primeiros anos de vida na casa de seus pais. Certamente uma família humilde, porém temente a Deus.
Em seu lar ele foi preparado para poder viver mais tarde no palácio de Faraó. Segundo os historiadores, como príncipe,
Moisés teve uma educação primorosa, pois o texto bíblico de Atos 7.22 declara que ele foi "instruído em toda a ciência dos
egípcios". O conhecimento adquirido por Moisés não foi certamente desperdiçado, mas muito o ajudou como líder do seu
povo, profeta, escritor e legislador.
Deus tinha um propósito definido ao chamar Moisés, Ele também tem um propósito definido em sua vida. Porém, muitos não
querem assumir um compromisso com Deus e a sua obra. Você deseja assumir um compromisso com o Todo-Poderoso?
Ao chamar Moisés, Deus foi bem enfático quanto ao seu propósito: "Para que tires o meu povo do Egito" (Êx 3.8-10). Deus
desejava redimir o seu povo e organizá- -lo como nação a fim de que todas as famílias da terra fossem abençoadas. O
Senhor precisava de um único homem, Moisés, para redimir seu povo da escravidão. Na Nova Aliança, Deus também
necessitava de um único homem, porém este deveria ser perfeito. Então o Todo-Poderoso enviou seu próprio Filho, Jesus
Cristo. Jesus atendeu ao Pai, se fez homem e habitou entre nós para nos libertar da escravidão do pecado (Jo 3.16).
Quantos, ao serem chamados pelo Senhor para alguma obra já não apresentaram uma lista vasta de desculpas? Com
Moisés não foi diferente, ele também apresentou a Deus várias dificuldades. Porém, assim como nós, ele se esqueceu de
que Deus é o nosso Criador. Ele nos conhece melhor do que nós mesmos. As escusas de Moisés, assim como as nossas,
não vão impressionar o Senhor. Confie naquEle que está chamando você e não queira perder tempo com desculpas.
Quem sabe o Senhor não esteja também chamando você para a realização da sua obra? Evite as escusas. Confie no
Senhor e permita que Ele use seus dons e talentos para que muitos sejam libertos da escravidão do pecado.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Deus tinha um plano de libertação para Israel, e iria usar um homem chamado Moisés para tal feito. Neste capítulo
veremos de que forma Deus tratou com Moisés pessoalmente, chamando-o para que fosse uma das grandes figuras
do Antigo Testamento.
COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD.
pag. 16.
MOISÉS O grande líder e legislador dos hebreus, sob cuja mão Deus levou os israelitas do Egito às fronteiras da
terra prometida. Moisés foi a maior personalidade na dispensação do AT, porque foi seu fundador e, como tal,
tipificou o Senhor Jesus Cristo (cf. Hb 3.1-6)
O nome. Em Êxodo 2.10, é feito um trocadilho com o nome Moisés: "E chamou o seu nome Moisés e disse: Porque
das águas o tenho tirado [meshiti-hu]". Há uma questão exegética relacionada à pessoa que deu o nome a Moisés.
Se foi sua mãe, possivelmente a palavra deveria ser explicada como relacionada a masha ("extrair"), uma adaptação
semítica de uma forma egípcia. Por outro lado, a maioria dos estudiosos pensa que a filha do Faraó escolheu o seu
nome, e que a palavra é realmente egípcia, embora existam dificuldades linguísticas em tal opinião. A vida. De
acordo com Êxodo 2.1, os pais de Moisés eram descendentes de Levi, embora não possamos dizer quantas
gerações houve entre Levi e Moisés. A história da infância de Moisés é bem conhecida. Desafiando a ordem do rei
de lançar no rio todo menino que nascesse, os pais esconderam o bebé Moisés em uma arca, uma pequena cesta
de bambu, vedada com piche. Veja Arca de Juncos. A filha do Faraó foi ao rio se banhar, viu a arca, e teve
compaixão da criança. A irmã de Moisés, que estava por perto, armou um plano para que a sua mãe tomasse conta
dele. Assim Deus graciosamente salvou a vida do menino.
Com relação à sua vida na corte egípcia, praticamente nada se sabe, salvo que de acordo com Hebreus 11.24,
Moisés "recusou ser chamado filho da filha de Faraó". Sabemos que ele foi "instruído em toda a ciência dos
egípcios" (At 7.22). Sabemos também que quando cresceu, ele demonstrou interesse pelo bem estar do seu povo.
Ao ver um egípcio espancando um hebreu, Moisés interveio e matou o egípcio. No segundo dia, quando Moisés
tentou intervir na disputa entre dois hebreus, um deles o acusou referindo-se ao assassinato do dia anterior. Moisés
percebeu que sua façanha tinha sido descoberta e fugiu para Midiã, um distrito da Arábia. O Faraó ficou sabendo da
sua atitude e procurou matá-lo.
Ao mesmo tempo, Moisés não temeu a ira do rei (Hb 11.27), mas o desafiou. Em Midiã ele ajudou as filhas de Reuel
(Jetro) a dar de beber ao seu rebanho e mostrou a nobreza do seu caráter ao defendê-las de outros pastores. Ele se
casou com Zípora, uma das filhas de Jetro. Com relação à sua vida como pastor de ovelhas em Midiã, pouco se
sabe, porque o propósito das Escrituras não é tanto enfocar a atenção nos detalhes da vida de Moisés, porém,
mostrar seu lugar na obra de libertação e no cumprimento dos propósitos de Deus. No deserto, Deus apareceu a
Moisés na sarça ardente, pois a obra do Deus da aliança na redenção é cercada por milagres. Este evento tinha
todas as características de um verdadeiro milagre; era um trabalho realizado pelo poder sobrenatural de Deus no
mundo exterior. Deus fez com que a sarça queimasse de forma que Moisés o visse. Isto parece ter sido contrário à
obra providencial usual do Senhor, e assim atende aos requisitos do termo niflaoth ("maravilhas" "aquelas coisas
que são distintas"). Além do mais, o evento tinha o propósito de ser um sinal. Ele indicava a presença de Deus
como um fogo consumidor, e revelava que a sua presença estava com o seu povo. Este evento mostrava que Ele os
libertaria da escravidão, e que não havia se esquecido das suas promessas aos patriarcas. Veja Sarça ardente.
Moisés estava de alguma forma hesitante em retornar ao Egito para encontrar o Faraó e, de modo amoroso, Deus
tratou com ele, assegurando-lhe que estaria com ele. O Senhor permitiu que o irmão de Moisés, Arão agisse como
intermediário ou profeta, declarando a palavra de Moisés - a mensagem dada por Deus - ao Faraó.
O encontro com o Faraó foi muito interessante. Em última análise, ele levou a uma competição entre Jeová, o Deus
de Israel, e o "deus" Faraó, uma representação dos poderes das trevas. Em primeiro lugar, Moisés simplesmente
pediu que os israelitas tivessem permissão para fazer uma pequena viagem ao deserto e adorar ao seu Deus. Como
seu pedido fora recusado, Deus mostrou seus sinais e maravilhas a Faraó. As pragas tiveram a finalidade de
convencer os egípcios e os israelitas de que o Deus de Israel era o Deus Todo-poderoso. As pragas culminaram
com a morte do primogênito do Faraó.
O relato de Êxodo é transmitido de maneira simples e direta. Quando os israelitas chegaram ao Sinai, Deus revelou
que Ele os havia escolhido para serem o seu povo, e deu-lhes sua lei, santa e imutável. Moisés deveria ser o
mediador entre a nação e Deus. As Escrituras relatam as peregrinações dos israelitas até chegarem às fronteiras da
Palestina, porém Moisés não foi autorizado a entrar na terra. Ele morreu e foi sepultado no monte Nebo, e não se
conhece a localização de sua sepultura. Para conhecer mais detalhes sobre o contexto histórico e a data da vida de
Moisés, veja Egito; Êxodo, O A importância. O esboço da vida de Moisés, descrito acima, revela a importância deste
grande homem. Sua verdadeira grandeza é trazida, entretanto, em conexão com um episódio que se passou depois
que os israelitas deixaram o Sinai. Miriã e Arão demonstraram ciúme pelo fato de Deus ter dado revelações a
Moisés. "Porventura, falou o Senhor somente por Moisés? Não falou também por nós?" (Nm 12.2). Moisés não podia
falar em sua própria defesa, por causa da elevada posição que ocupava no plano divino. Ele foi humilde na elevada
posição em que foi colocado por Deus, de forma que se engajar em uma defesa pessoal teria desviado a atenção da
sua posição, e atraído a atenção para si, pessoalmente. Por esta razão, o Senhor interveio subitamente e
esclareceu o relacionamento correto entre Moisés, Arão e Miriã. Para os verdadeiros profetas, Deus se fez conhecer
por intermédio de sonhos e visões; mas para Moisés, que era seu servo e fiel em toda a sua casa, o Senhor falou
diretamente e sem a capa da ambiguidade. O mesmo pensamento é encontrado em Hebreus 3, onde se faz uma
comparação entre Moisés e Cristo. Nesta passagem fica claro que Moisés foi o homem mais exaltado na
dispensação do AT, e ainda que esta dispensação apontava diretamente para o Senhor Jesus Cristo, e nele teria o
seu cumprimento. Enquanto Moisés, como servo, foi fiel em toda a casa de Deus, Cristo, como o Filho, governa
aquela casa. O AT é, em grande parte, o relato da dispensação Mosaica. Entretanto, os profetas e todos os outros
como Miriã e Arão, estavam em uma posição inferior à de Moisés. Por isso, o pecado de Miriã e Arão era tão
abominável. Miriã, que sem dúvida foi a instigadora, foi punida com lepra. Moisés, o homem que ocupou esta
posição exaltada no plano divino do AT, era um homem de verdadeira grandeza. Ele viveu pela fé em Deus (cf. Hb
11.27Ò), e teve uma profunda preocupação pela honra do Deus a quem servia (Nm 14.13ss.). Esta preocupação
também manifestava um desejo genuíno de que os propósitos de Deus fossem cumpridos. Uma leitura cuidadosa de
Hebreus 11 mostra que Moisés tinha consciência de que era um servo de Deus, a serviço do cumprimento dos seus
propósitos de redenção. Moisés chegava a considerar a possibilidade de ter o seu próprio nome riscado do livro de
Deus, para que o seu povo pudesse ser salvo (Êx 32.32). Só um homem com uma profunda devoção poderia ter
servido ao Senhor em tantas situações como Moisés. Ele se mostrou um verdadeiro líder do seu povo. Embora
tenha pecado e, às vezes, demonstrado fraquezas, prosseguiu em sua tarefa até levar o povo à fronteira da terra
prometida. Na época da grande apostasia, no incidente do bezerro de ouro, ele afirmou vigorosamente a sua
liderança. O mesmo ocorreu na rebelião de Corá, Data e Abirão (Nm 16). Só um homem da grandeza de Moisés
poderia ter trazido a nação de Israel do Egito até a terra prometida. Moisés também era um legislador, e será sempre
lembrado neste aspecto. "A lei foi dada por Moisés" (Jo 1.17). Israel recebeu mais do que um código de leis tal
como o código-lei de Hamurabi; na realidade, Moisés era o mediador de uma aliança. Um estudo dos tratados e
alianças feitos pelos antigos heteus indica que ao dar a aliança a Israel, Deus empregou uma forma que foi bem
entendida na época, o chamado tratado de suserania. Entre este tipo de aliança e a aliança de Israel há
similaridades formais. Veja Aliança. Entretanto, há uma diferença profunda em relação ao conteúdo. Os suseranos
heteus impunham uma série de condições que os povos conquistados tinham que obedecer. Entre o rei e o povo não
havia amor ou afeição especial. No caso de Israel, entretanto, tudo era diferente. Israel deveria ouvir a voz de Deus e
obedecê-la, porque Deus era verdadeiramente soberano. Além do mais, Deus havia manifestado o seu amor por
Israel através de sua escolha e redenção. Israel foi a nação que Deus escolheu dentre todas as nações que estão
sobre a face da terra. Ela seria o seu povo peculiar e a proximidade do seu relacionamento com Deus foram
demonstradas através de sua libertação da escravidão do Egito. Israel não prestaria uma obediência baseada na
força, mas como uma nação santa, sem dúvida serviria ao seu Deus em amor, como um reino de sacerdotes. Deus
se revelou a Israel como Jeová, o Deus da aliança, o Deus da libertação. O homem que foi honrado por Deus como
mediador da aliança foi Moisés. Moisés também demonstrou a sua grandeza através de suas produções literárias.
Como mediador da aliança, o servo fiel na casa de Deus, Moisés foi o autor da lei, os cinco livros que falam do
estabelecimento da teocracia. A questão da autoria Mosaica, então, é fundamentalmente teológica. Os livros de
Moisés diferenciam-se de todos os demais livros do AT, pois mostram o pensamento daquele homem que foi
escolhido por Deus para ser mediador da aliança, o pensamento de um legislador.
Isto não sugere que estes livros contenham algo imaginário. Moisés sem dúvida empregou documentos escritos que
foram transmitidos de geração em geração; sem dúvida empregou sua vasta cultura, pois foi um homem criado em
toda a sabedoria e conhecimento dos egípcios (At 7.22). Também não podemos nos esquecer de que os 5 livros da
lei são Escrituras; e, assim, ao escrevê-los, Moisés foi um profeta que revelou as palavras de Deus ao povo. Ele se
tornou o padrão para todos os verdadeiros profetas que se seguiram, culminando no Senhor Jesus Cristo, o Messias
(Dt 18.15,18). Como um escritor das Escrituras, ele estava sob a direção do Espírito Santo, de tal forma que
escreveu sob a inspiração de Deus (2 Tm 3.16; 2 Pe 1.21). Assim, os 5 livros de Moisés, cujo autor humano era um
servo de Deus, são também a Palavra de Deus. Moisés e o golpe na rocha. Depois de uma longa jornada pelo
deserto, Moisés não teve permissão para entrar na terra prometida. O motivo declarado é que ele golpeou a rocha em
Cades. Este foi um ato de desobediência, no qual Deus não estava sendo glorificado. Golpear a rocha também foi
um ato de descrença por parte de Moisés. Aqui, o grande líder hesitou; aqui ele renunciou efetivamente a tudo que
ele mesmo representava, e mostrou descrença na Palavra de Deus. Por este motivo, não lhe foi permitido entrar na
terra prometida. Este episódio é uma mácula no currículo do servo fiel e confiável do Deus da aliança.
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 1300-1302, 1304.
I - MOISÉS - SUA CHAMADA E SEU PREPARO (ÊX 3.1 17)
1. Deus chama o seu escolhido.
Moisés foi chamado por Deus quando estava vivendo em Midiã, com seu sogro Jetro. Ele chegara a Midiã aos 40
anos, fugido do Egito, e agora, aos 80 anos, quando cuidava das ovelhas do sogro, tem um encontro com Deus.
Moisés foi chamado por Deus em uma fase da vida em que, aos olhos humanos, poderia se aposentar e aproveitar
os poucos anos que lhe restariam sem se aborrecer. Mas aqui reside um principio divino: Deus não depende de
nossa faixa etária para nos convocar a ser úteis para Ele. Com certeza havia pessoas mais jovens e mais dispostas
a fazer o que Moisés faria, mas Deus escolheu Moisés para aquela missão.
Deus não apenas escolhe as pessoas para determinadas obras, mas também as convoca. De que adianta ser
escolhido por Deus e não ser informado dessa chamada? Como Deus faz tudo de forma perfeita, Ele mesmo se
encarregou de falar com Moisés de modo sobrenatural e convincente.
COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD.
pag. 16-17.
O ENCONTRO ENTRE DEUS E MOISÉS (3-5)
Em função desses acontecimentos e antes do comissionamento de Moisés, ocorre o episódio da sarça ardente (3.16). O termo hebraico para “sarça” (sêneh) só aparece no Antigo Testamento aqui e em Deuteronômio 33.16, quando
Moisés canta que Deus era “[aquele] que habitava na sarça (ardente)”. Quão oportuno que as últimas palavras de
Moisés registadas nas Escrituras sejam, entre outras coisas, sobre seu primeiro encontro com Deus na sarça
ardente! Essa palavra hebraica soa e faz lembrar a palavra “Sinai” (,sny e snft). Por duas vezes, Deus apareceu a
Moisés de forma incandescente. Primeiro em uma snh (capítulo 3), depois no sny (capítulo 19). Deus costuma
aparecer nos locais mais inesperados, como em uma sarça. Foi próximo a um arbusto que Ele apareceu para Agar
(Gn 21.15, com uma outra palavra hebraica para “arbusto”, síah) e foi em um arbusto, ou sarça, que apareceu pela
primeira vez a Moisés. Falando em lugares inesperados, talvez seja possível estabelecer uma analogia entre o anjo
de Deus que apareceu no meio do nada para o pastor Moisés, fazendo um importante anúncio; e os anjos que
apareceram diante de um grupo de pastores, no meio do nada, a fim de fazer um importante anúncio (Lc 2.8-20).
VICTOR P. HAMILTON. Manual do Pentateuco. Editora CPAD. pag. 160.
O QUE VEMOS E OUVIMOS
Examinemos agora o que Moisés viu e ouviu, atrás do deserto. Teremos ocasião de ver como ele aprende ali lições
que estão muito acima da inteligência dos mais eminentes sábios do Egito. Poderia parecer à razão humana uma
estranha perda de tempo um homem como Moisés ter de passar quarenta anos sem fazer nada senão guardar
ovelhas no deserto. Porém, ele estava ali com Deus, e o tempo assim passado nunca é perdido. É conveniente
recordar que há para o verdadeiro servo de Cristo alguma coisa mais do que mera atividade. Todo aquele que está
sempre em atividade corre o risco de trabalhar demais. Um tal homem deveria meditar cuidadosamente nas palavras
profundamente práticas do Servo perfeito: "Ele desperta-me todas as manhãs, desperta-me o ouvido para que ouça,
como aqueles que aprendem" (Isaías 50:4). O servo deve estar frequentemente na presença do seu mestre, a fim de
poder saber o que deve fazer. O "ouvido" e a "língua" estão intimamente unidos, em vários aspectos; porém, debaixo
do ponto de vista espiritual, ou moral, se o ouvido está fechado e a língua desatada, não restam dúvidas que se dirão
muitas coisas bem tolas. Por isso, "amados irmãos... todo o homem seja pronto para ouvir; tardio para falar" (Tiago
1:19). Esta exortação oportuna baseia-se em dois fatos: a saber, que tudo o que é bom vem do alto, e que o
coração está repleto de maldade, pronto a transbordar. Daí, a necessidade de ter o ouvido aberto e a língua refreada:
rara e admirável ciência!—ciência na qual Moisés fez grande progresso "atrás do deserto", e que todos podem
adquirir, desde que estejam dispostos a aprender nessa escola.
A SARÇA
"E apareceu-lhe o Anjo do SENHOR em uma, chama de fogo no meio de uma sarça; e olhou, e eis que a sarça ardia
no fogo, e a sarça não se consumia. E Moisés disse: agora me virarei para lá e verei esta grande visão, porque a
sarça se não queima" (versículos 2-3). Era efetivamente uma grande visão, porque uma sarça ardia e não se
consumia. A corte do Faraó nunca poderia oferecer nada de semelhante. Porém, era uma visão graciosa porque nela
era simbolizada de um modo notável a situação dos eleitos de Deus. Eles encontravam-se no meio do forno do
Egito; e o Senhor revelava-se no meio de uma sarça ardente. Porém, assim como a sarça se não consumia,
tampouco eram eles consumidos, porque Deus estava com eles. "O SENHOR dos Exércitos está conosco: o Deus
de Jacó é o nosso refúgio" (SI 46:7). Aqui temos força e segurança, vitória e paz. Deus conosco, Deus em nós, e
Deus por nós. Isto é provisão abundante para todas as necessidades.
Não há nada mais interessante e mais instrutivo do que a maneira como aprouve ao Senhor revelar-Se a Moisés na
passagem que estamos considerando. Ele ia confiar-lhe o encargo de tirar o Seu povo do Egito, para que eles
fossem a Sua Assembleia, para habitar no meio deles tanto no deserto como na terra de Canaã; e é do meio de
uma sarça que lhe fala.
Símbolo belo, solene e próprio do Senhor habitando no meio do Seu povo eleito e resgatado; "O nosso Deus é um
fogo consumidor" (Hb 12:29)-não para MOS consumir, mas para consumir em nós e à nossa volta tudo que é contra
a Sua santidade, e que é, portanto, um perigo para a nossa verdadeira e eterna felicidade. "Mui fiéis são os teus
testemunhos; a santidade convém à tua casa, SENHOR, para sempre" (Salmo 93:5).
O Velho e o Novo Testamento encerram vários casos em que Deus Se manifesta como "um fogo consumidor":
como por exemplo o caso de Nadabe e Abiú, em Levítico 10. Tratava-se de uma ocasião solene. Deus habitava no
meio do Seu povo, e queria manter este numa posição digna de Si Próprio. Não podia ter feito outra coisa. Não seria
para Sua glória nem para proveito dos Seus se Ele tolerasse qualquer: coisa, neles incompatível com a pureza da
Sua presença. O lugar de habitação de Deus tem que ser santo.
Do mesmo modo, em Josué, capítulo 7, temos outra prova notável, no caso de Acã, de que o Senhor não pode
sancionar o mal com a Sua presença, qualquer que seja a forma que o mal possa revestir ou por muito oculto que
possa estar. O Senhor é "um fogo consumidor", e, como tal, tinha de agir a respeito de tudo que pudesse manchar a
Assembleia no meio da qual habitava. Procurar unir a presença de Deus com o pecado não julgado é o indício da
impiedade.
Ananias e Safira (Atos, 5) dão-nos a mesma lição. Deus o Espírito Santo habitava na Igreja, não somente como uma
influência, mas, sim, como uma pessoa divina, de tal maneira que ninguém podia mentir na Sua presença. A Igreja
era, e é ainda agora, morada de Deus; e é Ele Quem deve governar e julgar no meio dela. Os homens podem reviver
em união a concupiscência, a impostura e a hipocrisia; mas Deus não pode fazê-lo. Se quisermos que Deus ande
conosco, devemos julgar os nossos caminhos, ou então Ele os julgará por nós (veja 1 Co 11:29-32).
Em todos estes casos e em muitos mais que podíamos aduzir, vemos a força destas palavras solenes, "a santidade
convém à tua casa, SENHOR, para sempre" (SI 93:5). Para aquele que a tiver compreendido, esta verdade produzirá
sempre sobre ele um efeito moral idêntico àquele que exerceu sobre Moisés: "Não te chegues para cá; tira os teus
sapatos de teus pés; porque o lugar em que tu estás é terra santa" (versículo 5). O lugar da presença de Deus é
santo, e só se pode caminhar por ele com os pés descalços. Deus, habitando no meio do Seu povo, comunica à
Assembleia desse povo um caráter de santidade que é a base de todo o santo afeto e de toda a santa atividade. O
caráter da habitação deriva do caráter d'Aquele que a habita.
A aplicação deste princípio à Igreja, que é agora a habitação de Deus, em Espírito, é da maior importância prática.
Assim como é bem-aventuradamente verdade que Deus habita, pelo Seu Espírito, em cada membro da Igreja, dando
deste modo um caráter de santidade ao indivíduo, é igualmente certo que Ele habita na Assembleia; e, por isso, a
Assembleia deve ser santa. O centro em volta do qual os membros se reúnem é nada menos do que a Pessoa de
um Cristo vivo, vitorioso e glorificado. O poder que os une é nada menos do que o Espírito Santo; e o Senhor Deus
Todo-Poderoso habita neles e entre eles (vede Mt 18:20; 1 Co 6:19; 3:16-17; Ef 2:21-22). Se tais são a santidade e
dignidade que pertencem à morada de Deus, é evidente que nada impuro, quer seja em princípio, quer na prática,
deve ser tolerado. Todos os que estão lugar em que tu estás é terra santa." "Se alguém destruir o templo de Deus,
Deus o destruirá" (1 Co 3:17). Estas palavras são dignas de toda a aceitação da parte de todos os membros da
Assembleia—de cada pedra viva no Seu santo templo! Possamos nós todos aprender a pisar os átrios do Senhor
com os pés descalços!
O Monte Horebe: Santidade e Graça Debaixo de todos os aspectos, as visões de Horebe rendem testemunho, ao
mesmo tempo, da graça e da santidade do Deus de Israel. Se a graça de Deus é infinita, a Sua santidade também o
é; e, assim como a maneira em que Ele se revelou a Moisés nos faz conhecer a primeira, o próprio fato de Se
revelar atesta a última. O Senhor desceu porque era misericordioso; mas, depois de haver descido, é dito que Se
revelou como sendo santo: "Disse mais: Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus
de Jacó. E Moisés encobriu o seu rosto, porque temeu olhar para Deus" (versículo 6). A natureza humana esconderse-á sempre como resultado da presença divina; quando estamos na presença de Deus, com os pés descalços e o
rosto coberto, quer dizer, naquela disposição de alma que esses atos exprimem de um modo tão admirável, estamos
em condições vantajosas para ouvir os doces acentos da graça. Quando o homem ocupa o lugar que lhe compete,
Deus pode falar-lhe em linguagem de pura misericórdia.
"E disse o SENHOR: Tenho visto atentamente a aflição do meu povo, que está no Egito, e tenho ouvido o seu
clamor por causa dos seus exatores, porque conheci as suas dores. Portanto, desci para livrá-lo da mão dos
egípcios e para fazê-lo subir daquela terra a uma terra boa e larga, a uma terra que mana leite e mel;.. .E agora, eis
que o clamor dos filhos de Israel chegou a mim, e também tenho visto a opressão com que os egípcios os oprimem"
(versículos 7 a 9). Neste trecho, a graça absoluta, livre e incondicional do Deus de Abraão brilha em todo o seu
esplendor, livre dos "ses" e dos "mas", dos votos, das resoluções e das condições impostas pelo espírito legalista
do homem. Deus havia para Se manifestar em Sua graça soberana, para realizar a obra de salvação, para cumprir a
Sua promessa a Abraão, promessa repetida a Isaque e a Jacó. Não havia descido para ver se, na realidade, os
herdeiros da promessa estariam em condições de merecer a salvação. Bastava-Lhe que Necessitassem dela.
Ponderarão seu estado oprimido, as suas aflições, as suas lágrimas, os seus suspiros, e a sua pesada servidão;
pois, bendito seja o Seu nome, Ele conta os "ais" do Seu povo e põe as suas lágrimas no Seu odre (Sl 56:8). Não
foi por coisa alguma de bom que houvesse visto neles que os visitou, porque Ele sabia o que havia neles. Numa
palavra, o verdadeiro fundamento da intervenção misericordiosa do Senhor a favor do Seu povo é revelado nestas
palavras: "Eu sou o Deus de Abraão" e "Tenho visto a aflição do meu povo."
Estas palavras revelam um princípio fundamental nos caminhos de Deus. É com base naquilo que Ele é que atua
sempre. "EU SOU" assegura todas as cosias para "O MEU POVO". Certamente, Deus não ia deixar o Seu povo no
meio dos fornos de tijolo do Egito, e debaixo do azorrague dos exatores do Faraó. Era o Seu povo, e, portanto,
queria agir, com respeito a esse povo, de uma maneira digna de Si Próprio. O fato de ser o Seu povo, o objeto
favorecido do Seu amor de eleição e possuidor da Sua promessa incondicional, era suficiente. Nada podia impedir a
manifestação pública da relação que existia entre o Senhor e aqueles a quem, segundo os Seus desígnios eternos,
havia sido assegurada a posse da terra de Canaã. Havia descido para os libertar, e os poderes da terra e do inferno
reunidos não poderiam retê-los nem uma hora além do tempo determinado por Ele. Podia servir-Se, e de fato serviuSe, do Egito como escola, na qual estava o Faraó como um mestre; porém, uma vez cumprida a sua missão, o
mestre e a escola são postos de parte, e o Seu povo é libertado com mão forte e braço estendido.
A GRAÇA DE DEUS LEMBRA-SE SOMENTE DOS ATOS DA FÉ (HEBREUS 11)
Nisto, como em tudo mais, o Mestre bendito forma um contraste notável com os Seus servos mais honrados e
destacados. O próprio Moisés "temeu" (versículo 14), e Paulo teve de se arrepender (2 Co 7:8); porém, o Senhor
Jesus nunca fez uma coisa nem outra. Jamais se viu forçado a recuar um passo, a arrepender-se duma palavra ou a
corrigir um pensamento.
Tudo quanto fez foi absolutamente perfeito. Era tudo fruto dado na estação própria. O curso da Sua vida santa e
celestial deslizava adiante sem obstáculos nem deslizes. A sua vontade estava perfeitamente submissa ao Pai. Os
melhores homens, e até mesmo os mais dedicados, cometem erros; mas é perfeitamente exato que quando mais,
pela graça, nos é dado mortificarmos a nossa vontade, menos erramos. E uma feliz circunstância quando, dum
modo geral, a nossa vida é de fé e de dedicação exclusiva a Cristo.
Assim sucedeu com Moisés. Era um homem de fé, um homem que absorveu em alto grau o espírito do seu Mestre e
que seguiu com maravilhosa firmeza os Seus passos. É certo que antecipou, como notamos, em quarenta anos o
período que Deus destinara para julgar o Egito e libertar Israel; todavia, quando lemos o comentário inspirado do
Capítulo 11 de Hebreus nenhuma menção encontramos deste fato. Encontramos somente o princípio divino que,
dum modo geral, orientou a sua vida: "Pela fé, Moisés, sendo já grande, recusou ser chamado filho da filha de Faraó,
escolhendo, antes, ser maltratado com o povo de Deus do que por, um pouco de tempo, ter o gozo do pecado;
tendo, por maiores riquezas, o vitupério de Cristo do que os tesouros do Egito; porque tinha em vista a recompensa.
Pela fé, deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o invisível" (Hb 11: 24-27). Esta
passagem apresenta-nos os atos de Moisés de uma maneira cheia de graça. É assim que o Espírito Santo sempre
conta a história dos santos do Velho Testamento. Quando descreve a vida dum homem, apresenta-o como ele é,
com todas as suas falhas e imperfeições. Mas quando, no Novo Testamento, comenta essa biografia limita-se a dar
o princípio que o orientou e o resultado da sua atividade. Por isso, não obstante lermos em Êxodo que Moisés "olhou
a uma e a outra banda", e disse; "certamente este negócio foi descoberto", e por fim que "fugiu de diante da face de
Faraó", lemos também na epístola aos Hebreus que o que ele fez, fê-lo "pela fé"— não temeu a ira do rei — e ficou
firme como vendo o invisível.
Assim acontecerá em breve quando vier o Senhor, "o qual também trará à luz as coisas ocultas das trevas e
manifestará os desígnios dos corações; e então cada um receberá de Deus o louvor" (1 Co 4:5). Eis aqui uma
verdade consoladora e preciosa para toda a alma reta e o coração fiel. O coração pode formar muitos projetos que,
por diversas razões, a mão não pode realizar. Todos esses intentos serão manifestados quando o Senhor vier.
Bendita seja a graça divina por nos haver dado uma tal certeza! As devoções do coração são muitos mais preciosas
para Cristo do que as obras mais espaventosas que as mãos possam executar. Estas podem dar algum brilho aos
olhos do homem; mas aquelas são devidamente apreciadas pelo coração de Jesus. As obras podem ser assunto de
conversação dos homens, mas as afeições são manifestadas diante de Deus e dos Seus anjos. Que todos os
servos de Cristo saibam ter os seus corações somente ocupados com Ele e os seus olhos postos na Sua vinda.
C. H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De Êxodo. Editora Associação Religiosa Imprensa da Fé.
2. O preparo de Moisés (Êx 3.10-15).
Deus se utiliza de diversos recursos para treinar aqueles a quem escolheu. Com Moisés não foi diferente. Ele
passou por pelo menos três grandes ambientes em sua vida, onde fora colocado por Deus para exercer seu
ministério futuro como libertador, legislador e líder de um grupo de pessoas que deixaria uma vida de escravidão para
entrar em uma terra própria e se tornarem uma nação.
O primeiro grande ambiente pelo qual Moisés passou foi, sem dúvida, o lar em que foi criado por seus pais. Lá ele
foi instruído sobre seu povo e sua cultura, e certamente aprendeu algo acerca de Deus.
O segundo grande ambiente foi a corte do Egito. Nesse local ele foi ensinado no que o Egito tinha de melhor em
tecnologia e conhecimento, construindo uma vida acadêmica e preparando-se para um futuro brilhante na liderança
egípcia.
O terceiro foi o deserto. A esse lugar Moisés se dirigiu quando matou um egípcio e foi perseguido. Em Midiã, Moisés
constituiu uma família com Zipora, filha de Jetro. Não há indícios de que Moisés tenha se casado no Egito.
Portanto, o preparo de Moisés durou muitos anos, e mesmo que ele não o soubesse, Deus o estava preparando
como instrumento para uma grande missão.
COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD.
pag. 17.
O Pacto Abraâmico foi confirmado a Moisés (Êxo. 2.24). Ele foi nomeado para tornar-se um instrumento especial
desse pacto, passando a desempenhar um papel cêntrico para tirar Israel do Egito e fazê-lo voltar à Terra Prometida.
Jacó e seus filhos, ao fugirem da seca na terra de Canaã, desceram ao Egito para estarem em companhia de José
(ver Gên. 46-50). Isso armou o palco para o exílio e a escravidão naquele país. Agora, essa situação seria revertida,
e o cronograma de Deus estava avançando para uma fase nova. Ver Gên. 15.13,16 e as notas sobre 0 Pacto
Abraâmico em Gên. 15.18.
Os críticos pensam que esta seção é uma mescla das fontes informativas J, E e P(S). Moisés era considerado o
maior de todos os profetas de Israel (Êxo. 34.10); e outros ainda o exaltavam mais do que isso (Núm. 12.6,7). Seja
como for, ele foi o homem escolhido por Deus para aquele momento crítico. Foi mister que ele recebesse uma
autoridade e um poder real, e isso lhe foi concedido pela presença de Deus, que começou quando da teofania que
lhe foi outorgada. Isso faz-nos lembrar da chamada de Isaías (Isa. 6).
A seção à nossa frente consiste em três divisões:
1. Confrontação com Deus (Êxo. 3.1-12)
2. Instruções (Êxo. 3.13-22)
3. Queixas de Moisés (Êxo. 4.1-17).
Êx 3.1 Apascentava Moisés o rebanho. Moisés sentia-se satisfeito no deserto, enquanto ajudava a cuidar do rebanho
de seu sogro. Não havia excitações, mas também não havia ameaças nem necessidades. Tinha tudo 0 de que
precisava, com sua pequena família: sua esposa e seus dois filhos. Mas 0 plano de Deus em breve haveria de agitar
a sua vida, preparando-o para uma importantíssima mis- são. Por igual modo, séculos depois, Davi também foi
arrancado de suas ocupações pastoris para cumprir um notável destino.
Jetro. Em Êxo. 2.18, o nome do sogro de Moisés aparece como Reuel. Ver as notas em Êxo. 2.16-18 quanto ao
problema da aparente confusão de nomes próprios. Talvez Reuel fosse o pai de Jetro.
O lado ocidental do deserto. Essa era a estreita faixa de terra fértil que ficava por trás da planície arenosa,
estendendo-se desde a serra do Sinai até as praias do golfo Elanítico.
Horebe. Chamado algures de “monte de Deus”. Cuidando de seu rebanho, Moisés acabou chegando a esse lugar. E
ali, inesperadamente, teve um encontro com a presença de Deus. Parece que Horebe era o nome de toda a cadeia
montanhosa que havia naquela área. O Sinai era apenas uma parte dessa cadeia, posteriormente conhecido como
Jebel Musa. Alguns estudiosos opinam que Horebe e Sinai eram os nomes de dois picos da serra em pauta. E
Horebe, nesse caso, veio a ser conhecido como “monte de Deus” porque foi ali que Deus apareceu a Moisés.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 312.
A sarça ardente (3.1-6). De acordo com Estêvão (At 7.23), Moisés tinha quarenta anos quando matou o egípcio, e,
depois de outros quarenta anos, ele encontrou o Senhor na sarça ardente (At 7.30). Depois deste período no deserto,
Deus viu que seu povo e Moisés estavam prontos para o milagre de libertação. Aqui, o sogro de Moisés recebe o
nome Jetro (1), embora seja possível que Jetro fosse o filho de Reuel e, portanto, cunhado de Moisés.15 Ainda
pastor, Moisés estava nas proximidades de Horebe, o monte de Deus (1), também chamado Sinai (ver Mapa 3). E
provável que Horebe fosse o nome dado à cadeia de montanhas, ao passo que Sinai dissesse respeito a um grupo
menor ou a um único cume.
Os estudiosos da Bíblia consideram que o anjo do SENHOR (2) na sarça ardente seja Cristo pré-encarnado, embora
o Novo Testamento nunca use essa expressão para se referir a ele. Na Bíblia, uma chama de fogo simboliza a
presença de Deus (Hb 12.29).
Este fato despertou a curiosidade de Moisés, momento em que Deus falou com ele. Então, encobriu o seu rosto,
porque temeu olhar para Deus (6). Ele não podia ficar em pé levianamente na presença de Deus, e aprendeu que a
presença divina santifica o lugar onde Ele aparece (5).
Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 145.
A visão de Deus. 1. Apascentava Moisés o rebanho. O texto hebraico sugere que esta era sua ocupação habitual.
Não há na Bíblia o menor indício de que Midiã fosse uma região onde se minava o cobre, ou que os queneus fossem
ferreiros itinerantes, embora esses pontos de vista sejam prediletos dos estudiosos mais recentes e,
arqueologicamente, tentadores. Certamente havia minas de cobre na Arabá, ao sul do Mar Morto, e durante sua
peregrinação pelo deserto Israel fabricou um grande número de objetos de cobre (cap. 35 seg.), mas além disso não
vai a tradição bíblica.
O lado ocidental do deserto. A palavra hebraica ’ah.ar, “ atrás, detrás” , deve significar “ oeste” do ponto de vista
midianita e portanto pode ser um termo originado em Midiã. Como de costume, no pensamento semita, defronta-se
sempre o leste ao definir direções; atrás, portanto, se refere ao ocidente. Horebe, o monte de Deus. Possivelmente,
“ Horebe, o grande monte” , segundo uma expressão idiomática semita muito comum para descrever força ou
tamanho muito grande (cf. o uso em árabe). Os que usam os símbolos críticos convencionais para descrever as
pressupostas fontes do Pentateuco alegam que “ Horebe” se encontra em material Eloísta e Deuteronomista, ao
passo que “ Sinai” é o nome utilizado em material Jeovista e sacerdotal. Não sabemos por que razão os dois nomes
foram usados, aparentemente alternadamente.
Já foi sugerido que Horebe é uma parte do Sinai, mas isso é pura adivinhação. Horebe é comprovadamente um
nome semita, cujo provável significado é “ deserto” Ou “ desolação” . É possível que fosse o nome semita
correspondente ao nome Sinai, não-semita. Sinai deve ser um nome antigo e, provavelmente, de ligações
etimológicas com o vizinho deserto de Sin. Qualquer ligação com seneh (heb. “ espinheiro” ) ou com Sin (o deus-Lua
de Acade) é resultado de uma etimologia duvidosa. Questão mais séria, à parte de seu nome, é o fato de que não
sabemos onde ficava o “ monte de Deus” (o termo popular, conforme usado neste versículo). Ficaria na Península do
Sinai? Caso a resposta seja afirmativa, ficaria ele ao sul (a área tradicional) ou a nordeste, entre as montanhas de
Seir, fronteiro ao oásis de Cades-Barnéia, onde Israel manteve seu centro tribal por tanto tempo? Ou seria ainda nas
montanhas da Arábia, a nordeste do Golfo de Aqaba? Os detalhes geográficos gerais parecem sugerir a área
meridional da península: o local tradicionalmente apontado, Gebel Musa, “ o monte de Moisés” (2464 metros de
altura) tem muito a seu favor, embora alguns prefiram outras montanhas próximas mais elevadas. Um fato digno de
nota é que, tal como o exílio em Babilônia, este acontecimento tão importante para a fé israelita aconteceu em solo
estrangeiro (cf. a chamada de Abrão) e que, mais tarde, Israel sempre pareceu ignorar e não se importar com a
exata localização do Sinai. Não há qualquer sugestão de peregrinações posteriores ao local, com a possível exceção
da jornada de Elias (1 Reis 19). Israel sabia, entretanto, que o “ monte de Deus” ficava em algum lugar ao sul de
Canaã. Isto fica claro pelas descrições em que Deus vem ajudar Seu povo desde Parã ou Seir ou outras montanhas
vagamente definidas para os lados do sul (Dt 33:2). Este é um contraste marcante em relação à mitologia cananita,
em que os deuses habitavam um monte no extremo norte.
Não há qualquer evidência no pensamento bíblico de que os israelitas sequer pensassem que Deus vivesse no
Sinai. Pelo contrário, Sinai era o lugar em que Deus Se revelara a Moisés (3:2) e sobre o qual, posteriormente, dera
a lei a Seu povo (3:12). O Sinai, portanto, poder-se-ia dizer em terminologia moderna, não era tanto o monte de Deus
quanto se tornaria o monte de Deus em virtude das coisas que ali Ele veio a dizer e fazer; este é um conceito
dinâmico e não estático. Deus, em dias passados, podia ser adorado em qualquer lugar onde aparecesse (20:24) e o
Sinai é apenas mais um exemplo desse fato. É verdade que há numerosas inscrições nabatéias na área do Sinai,
indicando que ao menos mais tarde ele foi considerado uma montanha sagrada. Com base nisso, alega-se que bem
poderia ter sido um lugar sagrado para os próprios midianitas. Isso é impossível desmentir ou comprovar, em vista
da absoluta falta de provas. Moisés, pelo menos, não foi ao monte com qualquer motivo religioso, segundo o texto,
mas apenas para apascentar seu rebanho.
R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 60-61.
A ESCOLA DE DEUS
Vamos agora retomar a história pessoal de Moisés e considerar este grande servo de Deus durante o período tão
interessante da sua vida de solidão, período este que não vai além de quarenta dos seus melhores anos, se assim
podemos dizer. O Senhor, na Sua bondade, Sua sabedoria e Sua fidelidade, põe o Seu servo à parte, livre das
vistas e dos pensamentos dos homens, para o poder educar debaixo da Sua imediata direção. Moisés tinha
necessidade disso. Havia passado quarenta anos na casa do Faraó; e, conquanto a sua estadia ali não deixasse de
ser proveitosa, todavia, tudo que tinha aprendido ali não era nada em comparação com o que aprendeu no deserto. O
tempo passado na corte pode ter sido valioso, mas a sua estadia no deserto era indispensável.
Nada há que possa substituir a comunhão secreta com Deus ou a educação que se recebe debaixo da Sua
disciplina. "Toda a ciência dos egípcios" não havia habilitado Moisés para o serviço a que devia ser chamado. Havia
podido seguir uma carreira brilhante nas escolas do Egito, e deixara-as coberto de honras literárias, com uma
inteligência enriquecida por vastos conhecimentos e o coração cheio de orgulho e vaidade. Havia podido tomar os
seus títulos nas escolas dos homens, mas tinha ainda de aprender o alfabeto na escola de Deus. Porque a
sabedoria e a ciência humanas, por muito valor que tenham em si mesmas, não podem fazer de ninguém um servo
de Deus nem qualificar alguém para desempenhar qualquer cargo no serviço divino. Tais conhecimentos podem
qualificar o homem natural para desempenhar um papel importante diante do mundo: porém é necessário que todo
aquele que Deus quer empregar ao Seu serviço seja dotado de qualidades bem diferentes, qualidades aliás que só
se adquirem no santo retiro da presença de Deus.
Todos os servos de Deus têm aprendido por experiência a verdade do que acabamos de dizer: Moisés em Horeb,
Elias no ribeiro de Kerith, Ezequiel junto ao rio Chebar, Paulo na Arábia, e João em Patmos, são todos exemplos da
grande importância de estarmos a sós com Deus. E se considerarmos o Servo Divino, vemos que o tempo que Ele
passou em retiro foi dez vezes aquele que gastou no Seu ministério público. Ainda que perfeito em inteligência e
vontade, passou trinta anos na casa humilde de um carpinteiro de Nazareth, antes de se manifestar em público. E,
mesmo depois de ter entrado na Sua carreira pública, quantas vezes o vemos afastar-Se das vistas dos homens,
para gozar a solidão santa da presença do Pai! Pode perguntar-se, como poderá a falta de obreiros, que tanto se faz
sentir, ser suprida se é necessário que todos passem por uma educação secreta tão prolongada antes de tomarem o
seu trabalhou Mas isto é um assunto do Mestre, e não nosso. É Ele Quem sabe chamar os obreiros, e Quem sabe
também prepará-los. Não é obra do homem. Só Deus pode chamar e preparar um verdadeiro obreiros, e se Ele toma
muito tempo para educar um tal homem, é porque assim o julga bom; sabemos que, se outra fosse a Sua vontade,
Ele podia realizar esta obra num instante. Uma coisa é evidente: Deus tem tido todos os Seus servos muito tempo a
sós Consigo, tanto antes como depois da sua entrada no ministério público; ninguém poderá dispensar este treino, e
sem esta disciplina, sem este exercício privativo, nunca seremos mais que teóricos superficiais e inúteis. Todo
aquele que se aventura numa carreira pública sem se haver pesado na balança do santuário, e medido na presença
de Deus, parece-se com um navio saindo à vela sem lastro próprio, que terá fatalmente de soçobrar ao primeiro
embate do vento. Pelo contrário, existe para todo aquele que tem passado pelas diferentes classes da escola de
Deus uma profundidade, uma solidez, e uma constância que são os elementos essenciais na formação do carácter
de um verdadeiro e eficiente servo de Deus.
Por isso, quando vemos Moisés, à idade de quarenta anos, afastado de todas as honras e magnificência de uma
corte, para passar quarenta anos na solidão do deserto, podemos esperar vê-lo empreender uma carreira de serviço
notável; no que aliás não ficamos desapontados. Ninguém é verdadeiramente educado senão aquele a quem Deus
educa. Não está dentro das possibilidades do homem preparar um instrumento para serviço do Senhor. A mão do
homem é incapaz de moldar um "vaso idôneo para uso do Senhor" (2 Tm 2:21). Somente Aquele que quer usálo pode prepará-lo; e no caso presente temos um exemplo singularmente belo do Seu modo de o fazer.
No Deserto
"E APASCENTAVA Moisés o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote em Midiã; e levou o rebanho atrás do deserto
e veio ao monte de Deus, a Horebe" (versículo 1). Aqui temos, pois, uma mudança admirável na vida de Moisés.
Lemos em Génesis, capítulo 46:34, que "todo o pastor de ovelhas é abominação para os egípcios" e no entanto,
Moisés, que era "instruído em toda a ciência dos egípcios", é transferido da corte do Egito para trás do deserto para
apascentar um rebanho de ovelhas e preparar-se para o serviço de Deus. Seguramente isto não "é o costume dos
homens" (2 Sm 7:19) nem o curso natural das coisas: é um caminho incompreensível para a carne e o sangue. Nós
havíamos de pensar que a educação de Moisés estava terminada logo que se tornou mestre de toda a sabedoria do
Egito, gozando ao mesmo tempo das vantagens que oferece a este respeito a vida de uma corte. Poderíamos supor
que um homem tão privilegiado havia de ter não apenas uma instrução sólida e extensa mas também uma distinção
tal em suas ações que o tornariam apto para cumprir toda a espécie de serviço. Porém, ver um tal homem, tão bem
dotado e instruído, ser chamado a abandonar a sua elevada posição para ir apascentar ovelhas atrás do deserto, e
qualquer coisa incompreensível para o homem, qualquer coisa que humilha até ao pó o seu orgulho e a sua glória,
mostrando que as vantagens humanas são de pouco valor diante de Deus; mais ainda, que são "como esterco", não
somente aos olhos do Senhor, mas aos olhos de todos aqueles que têm sido ensinados na Sua escola (Fp. 3:8).
Existe uma diferença enorme entre o ensino humano e o divino. Aquele tem por fim cultivar e exaltar a natureza; este
começa por a "secar" e a pôr de lado. "Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque
lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente" (1 Co 2:14). Podeis
esforçar-vos por educar o homem natural tanto quanto puderdes, sem que jamais consigais fazer dele um homem
espiritual. "O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito" (Jo 3:6). Se alguma vez um
"homem natural" educado pôde esperar ter êxito no serviço de Deus, esse tal foi Moisés: ele era "instruído... e
poderoso em suas palavras e obras" (At 7:22); e todavia teve que aprender alguma coisa "atrás do deserto" que as
escolas do Egito nunca lhe haviam ensinado. Paulo aprendeu muito mais na Arábia do que jamais havia aprendido
aos pés de Gamaliel (¹). Ninguém pode ensinar como Deus; e é necessário que todos aqueles que querem aprender
d'Ele estejam a sós com Ele. Foi no deserto que Moisés aprendeu as lições mais preciosas, mais profundas, mais
poderosas e mais duráveis; e é ali que devem encontrar-se todos os que queiram ser formados para o ministério.
C. H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De Êxodo. Editora Associação Religiosa Imprensa da Fé.
3. O objetivo da chamada divina (Êx 3.10).
Êx 3.12 Resposta à Primeira Objeção. Moisés não era apenas Moisés; ele era o Moisés em quem Deus estava
cumprindo o Seu propósito. Esse é um segredo universal de homens verdadeiramente grandes. Eles são
capacitados mediante a presença e o poder divino. O projeto era de Deus, e não de Moisés. Moisés seria apenas um
instrumento. Naturalmente, suas habilidades naturais e seu conhecimento seriam usados no plano. Ele não seria
apenas uma marionete.
O sinal. Temos aqui uma garantia dada por Deus, como se fora uma promessa, de que 0 plano teria êxito, de tal
modo que, ao sair do Egito, o povo de Israel serviria a Deus naquele monte santo, o monte de Deus, Horebe, ou
Sinai. E isso teve cumprimento, como é lógico. A lei foi concedida ali, e Israel tornou-se uma nova espécie de
nação, uma teocracia.
A Moisés foi dado entender que o êxodo seria um empreendimento teocêntrico, envolvendo um sentido cósmico, o
que significa que só o poder divino poderia realizar o feito.
Alguns eruditos pensam que o sinal foi a sarça ardente (vs. 3,4); mas isso é menos provável. Ver Êxo. 24.4,5 quanto
ao cumprimento do sinal, em comparação com Isa. 37.30, outro acontecimento da mesma natureza.
Êx 3.13 A Segunda Objeção. Israel não daria crédito ao radical Moisés, que falava em visões e comissões dadas
pelo Deus de Abraão. Haveriam de considerá-lo um visionário louco. Não o veriam como uma autoridade. Faltava a
Moisés a autoridade divina, de acordo com sua própria estimativa, e o povo de Israel não demoraria a perceber isso.
Moisés teria a tarefa de convencer o povo de Israel de que tinha falado com Deus e tinha recebido sua comissão.
Qual é o seu nome? De acordo com a Bíblia, o nome de uma pessoa indica o seu caráter. Moisés, pois, estava
reivindicando uma nova revelação, e isso requereria um novo nome divino para dar-lhe respaldo. Isso pode ser comparado com a história do novo nome de Jacó, Israel (Gên. 32.27 ss.). “Cria-se nos dias antigos que a essência de
uma pessoa se concentrava em seu nome” (Oxford Annotated Bible, sobre Gên. 32.27). Um novo nome é um novo
“eu”. No caso de Moisés, o novo nome indicava uma nova revelação de Deus, um novo propósito.
Neste versículo está envolvido muito mais do que a ideia de o Deus de Israel ser identificado mediante um nome, em
contraposição aos muitos nomes que eram adorados no Egito, conforme alguns eruditos têm interpretado.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 318.
Embora Deus pudesse ter livrado Israel diretamente por uma palavra, preferiu fazer sua obra por seu servo. Disse
Deus a Moisés: Eu te enviarei a Faraó (10). Este homem, outrora auto designado libertador, tinha de ir à presença do
orgulhoso rei e tirar Israel do Egito sob a direção de Deus.
Identificamos “O Envolvimento de Deus com o seu Povo” em cinco declarações: 1) Tenho visto atentamente, 7; 2)
Tenho ouvido, 7; 3) Conheci, 7; 4) Desci, 8; 5) Eu te enviarei, 10.
c) As instruções divinas (3.11-22). A princípio, Moisés contestou o plano de Deus usá-lo. Viu: a) sua incapacidade:
Quem sou eu?; e b) a impossibilidade da tarefa: E tire do Egito os filhos de Israel? (11). O príncipe que há quarenta
anos era confiante em si mesmo agora temia a tarefa. Era mais sábio no que concerne à capacidade humana de
ocasionar a libertação, mas ainda tinha de aprender o poder de Deus. Como é frequente hesitarmos quando olhamos
para nós mesmos — ato que devemos fazer —; mas não precisamos ter medo quando olhamos para Deus!
Certamente eu serei contigo (12) sugere que quando Deus escolhe um mensageiro, Ele não se baseia na habilidade
do indivíduo, mas na submissão deste à vontade de Deus. Deus assegurou a Moisés que ele e o povo serviriam a
Deus neste monte depois que Israel fosse libertado do Egito. A expressão: Isto te será por sinal, está corretamente
traduzida.
Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 146.
II - AS DESCULPAS DE MOISÉS E A SUA VOLTA PARA O EGITO
1, O receio de Moisés e suas desculpas.
Moisés foi chamado por Deus, mas não atendeu à voz divina imediatamente. Analisemos os textos que se seguem.
Em um primeiro momento (Êx 3.5,6), Deus fala com o pastor Moisés para que tenha temor ao se aproximar, e de
imediato se identifica como sendo o Deus de Abraão, de Isaque e Jacó, uma clara referência de que Ele era
reverenciado pelos antepassados de Moisés.
Após se identificar (Ex 3.7,8), Deus deixa claro que viu a aflição do seu povo e que ia livrá-lo, tirando-os da
escravidão e levando-os a uma terra nova e frutífera.
“Vem agora, pois, e eu te enviarei a Faraó, para que tires o meu povo, os filhos de Israel, do Egito” (Ex 3.10). É
curioso que Deus diz a Moisés que vai tirar seu povo do Egito, para depois dizer a Moisés que ele havia sido
escolhido para ir diante de Faraó e convencer o rei a libertar o povo. Por que Ele mesmo não aparecia a Faraó e
ordenava que o povo fosse solto? Ele tinha de usar alguém para tal função? Sim, Deus tinha de usar Moisés para tal
feito. Como Moisés, precisamos aprender que Deus pode fazer grandes coisas sem utilizar ninguém, mas em
diversas situações Ele se utiliza de pessoas como eu e você, limitadas, para cumprir seus propósitos.
Analisando de forma mais acurada o texto que narra a conversa de Deus com seu servo, poderemos observar:
“Então, Moisés disse a Deus: Quem sou eu, que vá a Faraó e tire do Egito os filhos de Israel? E Deus disse:
Certamente eu serei contigo; e isto te será por sinal de que eu te enviei: quando houveres tirado este povo do Egito,
servireis a Deus neste monte” (Ex 3.11,12).
Moisés já tinha visto a sarça ardendo no deserto, e já ouvira Deus convocando-o para a missão que ocuparia uma
parte importante de sua vida. Mas nem sempre pessoas que serão grandemente utilizadas por Deus estarão de
imediato prontas para obedecer à sua voz quando chamadas. Moisés trouxe seu primeiro questionamento ao Senhor:
“Quem sou eu para falar com Faraó e tirar o povo do Egito?” Aos próprios olhos, Moisés não tinha tal capacidade. É
provável que ele estivesse pensando em seu passado, no crime que havia cometido, no prejuízo que teria se
retornasse ao Egito e alguém se lembrasse do que ele fizera. Mesmo se essa possibilidade fosse remota, o certo é
que Moisés não estava disposto a obedecer à voz de Deus, e deixou claro que não era qualificado para falar com
Faraó.
Observe que Deus disse a Moisés que seria com ele. Deus sabia das limitações daquele homem, mas garantiu-lhe
que o acompanharia. Essa é uma promessa que nos deve fazer refletir, pois não raro, dependemos de muitos
fatores para nos sentirmos seguros para fazer a obra de Deus, como recursos, pessoal e tempo. E do que realmente
precisamos? Da companhia de Deus. Sem ela, nossos recursos, por mais que se mostrem abundantes, serão
insuficientes. Com a presença de Deus, os recursos, por mais escassos, tornam-se instrumentos de abundância e
de milagres diariamente.
Então, disse Moisés a Deus: Eis que quando vier aos filhos de Israel e lhes disser: O Deus de vossos pais me
enviou a vós; e eles me disserem: Qual é o seu nome? Que lhes direi? E disse Deus a Moisés:
EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós. E Deus disse mais a
Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: O SENHOR, o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque
e o Deus de Jacó, me enviou a vós; este é meu nome eternamente, e este é meu memorial de geração em geração.
(Êx 3.13-15) Moisés fez um segundo questionamento ao Senhor: Qual era o nome daquele que o estava
comissionando? Deuses deveriam ter nomes. Os do Egito tinham suas nomenclaturas, e o nome das divindades
geralmente espelhava alguma característica relacionada a um poder ou a um hábito dentro da teologia daquele povo.
O Deus de Abraão, de Isaque e Jacó deveria ter um nome também. A expressão “o Deus de vossos pais” é muito
impessoal. Se Deus tem um nome, porque Moisés não poderia sabe-lo? A resposta divina foi: “Diga aos filhos de
Israel que o EU SOU está mandando você para libertá-los. Lembre-os de que sou o Deus de Abraão, Isaque e
Jacó”. Deus deveria ser identificado como o Deus dos antepassados dos israelitas.
Deus ordena que Moisés procure os anciãos e diga que o Deus dos pais deles tinha aparecido e ordenado a ele que
fosse falar com Faraó. Observe que Deus não apenas trata de falar com Moisés, mas de dar a ele ordens bem
direcionadas e específicas. Ele deveria falar com Faraó que Deus estava ordenando que o rei deixasse o seu povo ir,
mas havia a orientação para que Moisés procurasse os anciãos do povo e comunicasse que Deus tinha visto o que
os egípcios fizeram com os israelitas, que Ele os tiraria do Egito e que eles prestariam culto ao Senhor (Êx 13.1618).
A mensagem foi dada, mas isto não indicava que as coisas seriam fáceis para Moisés. Deus diz a Moisés que Faraó
não era uma pessoa de fácil relacionamento, e que não deixaria o povo sair. Por isso, Deus feriria o Egito e no fim
os israelitas seriam libertos e ainda pediriam aos seus vizinhos egípcios bens em roupas e metais preciosos (Êx
3.19-22).
Moisés apresentou outra desculpa para não obedecer àquilo que Deus estava mandando: os israelitas não
acreditariam nele, e ainda diriam que Deus não havia aparecido a Moisés. Se Moisés não se convenceu
imediatamente de sua chamada, como convenceria os israelitas de que ele era um enviado de Deus? A resposta de
Deus foi imediata, por meio de sinais. Moisés lançou no chão a vara com que liderava as ovelhas de seu sogro, e ela
se transformou em uma serpente. Quando Moisés pegou a serpente pela cauda, ela se transformou em uma vara
novamente. Mas se este sinal foi pouco, Deus tinha outra forma de mostrar seu poder a Moisés:
E disse-lhe mais o Senhor: Mete agora a mão no peito. E, tirando-a, eis que sua mão estava leprosa, branca como a
neve. E disse: Torna a meter a mão no peito. E tornou a meter a mão no peito; depois, tirou-a do peito, e eis que se
tornara como a sua outra carne. E acontecerá que, se eles te não crerem, nem ouvirem a voz do primeiro sinal,
crerão a voz do derradeiro sinal; e, se acontecer que ainda não creiam a estes dois sinais, nem ouçam a tua voz,
tomarás das águas do rio e as derramarás na terra seca; e as águas que tomarás do rio tornar-se-ão em sangue
sobre a terra seca (Êx 4.6-9).
Deus já conversara com Moisés, e lhe mostrou sinais de seu poder. Depois de tantas demonstrações, disse que
confirmaria um terceiro sinal, transformando a água do rio em sangue. O que Moisés queria mais? Ele já tinha visto
dois sinais, e se isso fosse pouco, um terceiro sinal Deus faria. Mas Moisés permaneceu na defensiva: desta vez ele
alegou que não era uma pessoa hábil para realizar discursos que convencessem as pessoas.
O tom de voz de Deus começou a mudar naquela conversa. Deus disse que Moisés fosse fazer seu trabalho que Ele
o ensinaria como deveria falar (Ex 4.10-12). Moisés apenas deveria aprender a confiar no Senhor.
Essas desculpas podem parecer irreais a nós hoje, mas nos lembremos de que Moisés até aquele momento, ao que
parece, não tivera ainda um contato com Deus. Ele pode ter sido criado por uma família piedosa, mas ainda
precisava ter sua própria experiência com o Senhor. E por não ter ainda essa experiência, provavelmente não estava
disposto a obedecer. Para não ficar tão mal aos olhos de Deus, ele sugeriu: “Ah! Senhor! Envia aquele que hás de
enviar, menos a mim” (Ex 4.13, ARA).
Moisés já chegara ao seu limite, e não poderia mais protelar sua obediência ao Senhor. Deus disse-lhe que Arão
seria um companheiro adequado para aquela missão, e que Arão falaria ao povo por Moisés. Desta vez, ele não teria
mais alternativas a não ser obedecer (Ex 4.13-17).
COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD.
pag. 17-21.
Êx 3.11 Quem sou eu para ir...? Moisés Apresentou Quatro Objeções. 1. Inadequação pessoal (3.11). 2. A
autoridade de Deus (investida em Seu nome) entregue a Moisés diante de Israel (3.13). 3. As dúvidas de Israel
acerca da comissão e da autoridade recebida por Moisés da parte de Deus (4.1). 4. A falta de eloquência de Moisés
(4.10).
Moisés iniciou suas queixas falando sobre suas próprias inadequações. O augusto Faraó nem lhe daria ouvidos. É
como se Moisés tivesse dito: Domine, non sum dignos. “Os homens mais aptos para grandes missões geralmente
são os que se julgam mais despreparados. Quando Deus chamou Jeremias para ser um profeta, sua resposta foi:
Ah! Senhor Deus! Eis que não sei falar; porque não passo de uma criança (Jer. 1.6). Ambrósio lutou muito para não
ser nomeado arcebispo de Milão. Agostinho relutou em aceitar a missão na Inglaterra. Anselmo temia aceitar a
liderança da igreja nos dias maus de Rufo” (Ellicott, in loc.).
Durante quarenta anos (Atos 7.30), Moisés tinha sido um humilde pastor no deserto. Estaria ele agora preparado
para ir falar pessoalmente com o Faraó? O Faraó tinha grande poder e um exército bem equipado. E 0 que tinha
Moisés?
Êx 4.14 ... se acendeu a ira do Senhor. Temos aqui uma expressão antropomórfica. Por que o Senhor se irou? Não
porque Moisés estava sendo humilde demais. Antes, estava demonstrando incredulidade e porque, naquele
momento, preferia sacrificar sua grande missão e privilégio em troca de conforto pessoal. A maioria dos homens não
se dispõe a sacrificar-se muito em favor de Deus e do bem. A maioria dos homens é egocêntrica.
O Substituto. O texto apresenta Deus a raciocinar com Moisés, cedendo diante de suas objeções e limitações, e,
por assim dizer, concordando com as suas condições. Todos nós procuramos tratar com Deus dessa maneira, mas
isso é uma ilusão. A sugestão divina foi que, em lugar de substituir Moisés, haveria de reforçá-lo no ponto de sua
fraqueza. Arão, irmão de Moisés, homem que a mente divina sabia ser eloquente (pois, afinal de contas, Deus o
havia criado desse modo, vs. 11), seria um reforço para garantir o sucesso do projeto divino. Fosse como fosse,
conforme minha mãe costumava dizer: “Algumas vezes podemos barganhar com Deus, mas de outras vezes, não”.
Ademais, 0 homem espiritual sabe que, algumas vezes, 0 melhor dos homens precisa ser fortalecido em seus
pontos fracos, a fim de não fracassar. Deus lembra-se de que somos apenas pó. (Sal. 103.14).
A Elevação de Arão. Esse foi um dos fatores que 0 qualificou para sua obra de sumo sacerdote, e qualificou a sua
tribo, a dos levitas, a ocupar o oficio sacerdotal. Arão tornou-se o porta-voz de Moisés. Neste versículo, Arão é
chamado de levita. Alguns críticos pensam que essa afirmação tenha sido feita a fim de conferir a Arão e à sua tribo
a autoridade sacerdotal, mediante um texto de prova bíblico que favorece tal autoridade. O autor sagrado estaria aqui
firmando os levitas como uma ordem sacerdotal autorizada, mediante uma palavra divina.
... se alegrará em seu coração. Provavelmente essas palavras indicam que Arão sentir-se-ia feliz em participar do
projeto de libertação, a despeito de seus perigos, e não apenas que se alegraria por ver Moisés, ao qual talvez já não
visse por algum tempo, que não é aqui designado.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 318.
Moisés percebeu que, como porta-voz de Deus, ele tinha de convencer o povo. As pessoas perguntariam: Quem é
este Deus que está te enviando? Qual é o seu nome? (13). Os deuses egípcios tinham nomes, e as pessoas iam
querer saber o nome do Deus delas.
Aqui em Horebe, Deus disse: EU SOU O QUE SOU (14). O original hebraico é uma forma da palavra Yahweh
(Jeová). O tempo é indefinido, podendo significar igualmente o passado, o presente ou o futuro.20 Deus “se revelou a
Moisés não como o Criador — o Deus de poder — Elohim, mas como o Deus pessoal de Salvação, e tudo o que
contém o ‘eu sou’ será manifestado pelos séculos por vir”.21 Este nome também revelou sua eternidade — Ele era o
Deus de vossos pais e este seria seu nome eternamente: Seu memorial de geração em geração (15). Mais tarde,
este Ser divino disse que seria ele aquele “que é, e que era, e que há de vir, o Todo-poderoso” (Ap 1.8). E evidente
por Gênesis 4.26 (onde Yahweh é traduzido por “o SENHOR”) que aqui Moisés recebeu uma explicação de um nome
há muito conhecido (cf. tb. 6.3 e os comentários feitos ali).
Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 146-147.
10. Eu te enviarei. Davies aponta esta passagem como a comissão apostólica de Moisés. Não há contradição entre
o envio de Moisés e a intenção declarada de Deus de realizar pessoalmente a obra, Deus normalmente trabalha
através da obediência voluntária de Seus servos, realizando Sua vontade. Cristo pode ter tido esta passagem em
mente quando deu uma comissão apostólica semelhante a Seus discípulos (João 20:21).
11. Quem sou eu. Esta não é uma pergunta existencial mas uma expressão de dúvida (cf Jz 6:15). Moisés, ao
contrário de seus anos no Egito, aprendera a desconfiar de si mesmo tão profundamente a ponto de incorrer na ira
de Deus (4:14). Auto-desconfiança só é virtude quando nos leva a confiar em Deus. Caso contrário, termina em
paralisia e incapacidade espirituais, "bem como em completa relutância em levar a cabo qualquer tipo de ação.
Moisés, tal como Elias, é o exemplo do homem que sofreu um “ colapso nervoso” e se encontra completamente
fechado para o trabalho de Deus.
12. Eu serei contigo. A frase “ Eu serei” (hebraico ’ehyeh) é quase com certeza um jogo de palavras com YHWH, o
nome divino, explicado nos versos 14 e 15. O único meio de “ traduzir” o jogo de palavras para o português seria
dizer “ Eu, Deus, serei contigo” . Deus responde à objeção levantada por Moisés quanto à sua incapacidade, de duas
maneiras. Primeiramente Ele promete Sua própria presença; em segundo lugar, dá a Moisés um sinal ou prova de
que está com ele. Depois disso Moisés não tem mais direito de protestar. Já não se trata de falta de autoconfiança
(o que é bom) mas falta de fé (que é pecado). Este será o sinal de que Eu te enviei. A despeito de várias outras
interpretações mais sofisticadas, a explicação mais simples de uma “ prova” é ainda a melhor. A nação que fora
escrava, depois de liberta, adoraria a Deus um dia naquele mesmo Monte Sinai. Como diríamos hoje, era questão de
ver para crer. O sucesso da missão confiada a Moisés provaria além de qualquer dúvida que Deus estava com ele e
o havia enviado.
Tais sinais sempre seguem a fé. Por enquanto, Moisés deve avançar pela fé; a situação é típica da perspectiva
bíblica quanto a sinais. A grande aliança e a doação da Lei no Sinai foram o cumprimento deste sinal (cap. 19 ss).
Basta esta promessa para entendermos a insistência de Moisés perante Faraó de que Israel precisava celebrar uma
festa a YHWH no deserto (5:1); somente assim o sinal poderia ser cumprido.
R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 65-66.
MOISÉS TENTA ESQUIVAR-SE DE DEUS
Longe de sentir-se encorajado com sua experiência na sarça ardente, Moisés inventa uma série de desculpas que
ele acredita desqualificá-lo como escolha de Deus. Quem sabe Deus cometeu um erro de julgamento! Suas
desculpas são:
Incapacidade (ou au Lo dep reciação): “Quem sou eu, que vá a Faraó e tire do Egito os filhos de Israel?” (3.11)
Ignorância'. “Eis que quando vier aos filhos de Israel [...] e eles me disserem: Qual é o seu nome? Que lhes direi?”
(3.13)
Incredulidade-, “Então, respondeu Moisés e disse: Mas eis que me não crerão, nem ouvirão a minha voz, porque
dirão: O Senhor não te apareceu” (4.1).
Inexpressividade. “Ah! Senhor! Eu não sou homem eloquente [...] porque sou pesado de boca e pesado de língua”
(4.10).
Insubordinação-, “Ah! Senhor! Envia aquele que hás de enviai; menos a mim” (4.13 — ARA).
Childs, com correção, comenta: “O avanço do diálogo é mais visceral que racional”.
Felizmente para Moisés, o Deus com quem ele conversou já estava acostumado à desculpas semelhantes. Deus
retorque a cada escusa apresentada.
Incapacidade. Nas várias respostas de Moisés, nota-se que ele considera seus próprios recursos, sem contar com
os recursos de Deus. Logo, para corrigi-lo e refutar sua primeira desculpa, Deus diz: “Eu estarei com você” (Ex 3.12
— NVI). Isso significa que, para Moisés, a principal questão não é “Quem sou eu?”, mas “A quem pertenço?”
(Conforme o que afirma o apóstolo Paulo: “Porque, esta mesma noite, o anjo de Deus, de quem eu sou e a quem
sirvo, esteve comigo” [At 27.23]). D. E. Gowan, em um fascinante estudo dessa expressão (“Eu estarei com você” /
“o Senhor estava com ele”) no Antigo Testamento, frisa que ela é predominantemente utilizada com pessoas em
posição de liderança, ou prestes a assumi-la. E também utilizada com pessoas que enfrentam um sério perigo ou
cuja chance de fracasso é grande. Assim sendo, jamais se pretendeu que ela significasse uma “garantia
incondicional de segurança do status quo [...] (ou) fosse uma expressão comum utilizada em relação a um bemestar geral”. Como garantia.
Deus provê um “sinal” (3.12a). Para decepção de Moisés, o sinal se tornaria evidente somente após ele arriscar a
própria vida (3.12b). O que ele deseja é um sinal antecipado, não posterior; não apenas a palavra do Senhor, mas
um sinal tangível.
Ignorância. Moisés previu que lhe seria perguntado algo que não saberia responder. Pode ser que tal preocupação
tivesse sido motivada por suposições quanto à possibilidade de o nome de Deus ter sido apagado da memória dos
hebreus, visto que já estavam há tanto tempo refugiados no Egito. Mais provavelmente, contudo, ele estava
preocupado com a possibilidade de lhe pedirem para identificar pelo nome o Deus que o enviou, como em um tipo de
teste para validar seu ministério entre eles. Talvez não seja incidental o fato de as Escrituras jamais registrarem
alguém fazendo essa pergunta. Apesar disso, Deus não considera as preocupações de Moisés inválidas.
Em resposta, surge o nome do próprio Deus, Jeová, ou como ele é muitas vezes chamado, o Tetragramaton (ou
seja, o tetragrama formado por quatro letras hebraicasy-h-w-h). E enorme o número de estudiosos que já trataram
dessa questão. Para os principiantes, podemos definir como a terceira pessoa do singular do verbo h-w-h, “ser”, ou
seja: “ele é” ou “ele será”. Via de regra, a tradução no versículo 14 de ’ehyeh ’ashèr ’ehyeh é “eu sou o que sou”,
apesar de uns poucos (como, por exemplo, C. H. Gordon e C. Isbell) estudiosos defenderem que essa frase está na
terceira pessoa e não na primeira pessoa, de modo que deveria ser lida como “Ele é o que Ele é” .
Qual o significado da resposta de Deus? Seria uma evasiva, uma humilhação para Moisés, que, assim como Jacó
(Gn 32.29) ou a mãe de Sansão (Jz 13.6), não tinha direito algum de indagar sobre o nome sagrado? O argumento
apresentado no versículo 14b (“Assim dirás aos filhos de Israel: Eu Sou me enviou a vós”) demonstra que não se
trata de uma evasiva. E uma resposta suficiente e satisfatória para que Moisés atenda ao povo no caso de a questão
ser levantada.
Na sintaxe hebraica, quando o verbo da oração subordinada é o mesmo da oração principal, existem duas traduções
possíveis. E exatamente isso que encontramos aqui: “Eu sou o que Sou” (3.14).
Para exemplificar, podemos citar Êxodo 4.13, onde se lê: “Envia aquele que hás de enviar” (ARA); ou seja, “envie
qualquer outro, menos eu” . Em 1 Samuel 23.13, lemos literalmente: “Então, se levantou Davi com os seus homens
[...] e foram-se aonde puderam”; ou seja, “foram para onde puderam ir”. Nesses dois exemplos, com o orador no
primeiro e o narrador no segundo, vemos expressões deliberadamente genéricas. Ao comentar sobre essa
expressão em Êxodo 3.14, Martin Noth observa: “O tipo de indefinição expressa deixa um grande número de
possibilidades em aberto (‘Eu sou aquilo que quiser ser’)” .
A mesma expressão pode transmitir não apenas indeterminação, mas também veemência e realidade. Êxodo 33.19.
“terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia e me compadecerei de quem me compadecer” , por exemplo, não
expressa indefinição, mas veemência. Da mesma forma, Ezequiel 12.25.
“Porque eu, o Senhor, falarei, e a palavra que eu falar se cumprirá”, significa que o Senhor não pode ser silenciado
ou sua palavra abafada. Um texto neotestamentário semelhante pode ser encontrado na palavras de Pilatos: “O que
escrevi, escrevi” (Jo 19.22).
Sua palavra é imutável e indelével.
Nesse sentido, portanto, “Eu sou o que Sou” significa que “eu estou (com você, onde quer que você esteja), que eu
realmente estou” . Parte dessa nuança é aventada pela tradução da Septuaginta, que traz “Eu sou aquele que é” .
Voltando à sintaxe hebraica, o sujeito da oração subordinada deve concordar em gênero e número com a oração
principal. Sendo assim, Êxodo 20.2 literalmente diz: “Eu sou o Senhor, teu Deus, que [Eu] te tirei da terra do Egito,
da casa da servidão”. E claro que na sintaxe da língua portuguesa o “que” já bastaria como sujeito do verbo, mas em
hebraico, não passa de um conectivo que liga a oração principal à subordinada. Em consequência, o termo
equivalente a “Eu sou o que Sou” seria “Eu sou ele que é”. E visto que ele é, ele está sempre presente, ainda que
em meio à confusão que havia no Egito.
O fato de Deus revelar seu nome a Moisés indica a impossibilidade de poder haver um relacionamento significativo
com alguém cujo nome não se conhece. Contudo, como Terence Fretheim enfatiza, conhecer o nome de alguém
implica em poder honrar ou desonrar esse nome. Deus se dispõe a assumir esse risco, mas não sem antes dar um
alerta. Logo, o Deus que revela seu nome a Moisés em Êxodo 3 e 6 toma o cuidado de proibir seu uso errado em
Êxodo 30 (v. 7).
Incredulidade. Ainda assombrado pela possibilidade de ser rejeitado, Moisés sugere que sua credibilidade será
atacada por seu próprio povo. O povo de Deus é mais difícil de lidar que os inimigos do Altíssimo.
Moisés recebeu três sinais de Deus para comprovar seu chamado divino: uma vara é transformada em cobra e então
novamente em vara; uma mão é tomada pela lepra e então curada; um copo cheio de água do Nilo, ao ser derramado
na terra, transforma-se em sangue (4.2-9). Os dois primeiros, ao menos para Moisés, devem ter sido assustadores.
George Knight comenta: “Deus precisou sacudir de Moisés seus raciocínios egoístas. Moisés precisou aprender que
ninguém menos que Deus o chamava para fazer coisas absurdamente difíceis”.
Inexpressividade. Uma coisa é realizar atos miraculosos, mas o que acontece se a pessoa também precisar falar e
temer ficar com a língua presa ou confundir as palavras? Poderiam alguns tropeços verbais destruir os bons efeitos
dos sinais sobre o povo?
E interessante observar que Estevão fala sobre um Moisés “instruído em toda a ciência dos egípcios e [...] poderoso
em suas palavras e obras” (At 7.22). Ou Estevão está deliberadamente exagerando em sua exposição, ou o que
Moisés demonstrou foi uma falsa humildade; ou seja, negou um dom que Deus efetivamente lhe dera.
Pode ser, no entanto, que Moisés de fato sofresse de algum tipo de problema na fala (Tigay), o que justificaria seus
temores.
Insubordinação. O esforço de Moisés em evitar suas responsabilidades chegam ao clímax em sua quinta objeção:
“Manda outra pessoa” . De modo relutante, Deus cede aos seus desejos, sugerindo que Arão seja o representante de
Moisés. As credenciais de Arão? “Eu sei que ele falará muito bem” (4.14). Como bem? Pelo menos suficientemente
bem para reunir apoio e recursos para a apostasia do bezerro de ouro (Ex 32)!
Satisfeito por Deus tê-lo ao menos suprido de um assistente, Moisés volta até seu sogro para dizer adeus (um tanto
diferente da separação entre Jacó e Labão!) e segue para o Egito.
Em seguida, lemos o mais estranho acontecimento narrado no livro de Êxodo. Antes de chegar a seu destino,
Moisés encontra-se com o Senhor, que tenta matá-lo. (Moisés ou o primogênito de Moisés?) A passagem é
extremamente confusa. Por que Deus procuraria matar Moisés logo após chamá-lo? Na frase “o Senhor o encontrou
e o quis matar”, quem é o “o”? Seria Moisés ou um de seus dois filhos? Caso fosse um filho, qual dos dois? Como
Zípora, uma midianita, sabe como reagir prontamente naquela situação?
Na frase “e o lançou a seus pés”, aos pés de quem ela lançou? Seriam os pés de Moisés, do filho ou do agressor
celestial (a ARA substitui abertamente o “o” por “Moisés”)? Que devemos entender quando Zípora reage
automaticamente: circuncida seu filho com uma pedra afiada e toca os pés de alguém (seria isso um eufemismo
para genitália?) com o prepúcio. Graças à ação rápida da esposa, Moisés (ou seu filho) é salvo. Fretheim comenta
que Zípora, ao salvar Moisés (ou seu filho) da ira de Deus, prenuncia o ministério de intercessão de Moisés (capítulo
32), o qual salva Israel da ira divina.
Se ela não tivesse tomado uma atitude, Moisés (ou seu filho) seria morto. Se Moisés não orasse e implorasse pela
misericórdia de Deus, o povo de Israel seria morto e Deus começaria tudo outra vez com Moisés. Zípora assemelha-
se a Raabe e Rute: três mulheres gentias que demonstram grande sabedoria e coragem, sendo usadas por Deus
para livrar e preservar seu povo.
A história claramente enfatiza a importância da circuncisão como um sinal da aliança. Não se trata de um ritual a ser
realizado conforme a conveniência do momento. Não se pergunta ao adorador se ele acha isso apropriado e
importante. A circuncisão é uma ordenança divina. O ministério junto à família tem precedência sobre o ministério
para com a congregação. A respeito desse incidente, C. H. Gordon comenta: “Ele tem o objetivo de alertar os judeus
de todas as gerações: ‘Não deixem de circuncidar seus filhos! Se nem Moisés conseguiu fugir disso, como poderiam
vocês?’”
A utilidade da narrativa, contudo, vai além de uma lição com fins práticos para as gerações vindouras. Já vimos que
interiormente que a circuncisão era o sinal da aliança especial com Abraão e sua semente (Gn 17). Como mediador
da aliança, Moisés precisa cumprir em si o sinal da aliança. Além do mais, a circuncisão feita por Zípora identifica
Moisés e seu filho como pertencentes à descendência de Abraão. A aliança de Deus com Abraão incluiu Moisés na
qualidade de filho de Abraão. Toda tentativa de se traçar distinções rígidas entre a aliança com os patriarcas e a
aliança firmada no Sinai acaba neutralizada pela correspondência entre as obrigações de Moisés e Abraão.
Greenberg relaciona as temáticas desse relato e da experiência de Jacó em Peniel. Um agressor divino, encoberto
pela escuridão, ataca alguém que está desprevenido. Jacó estava na expectativa de se reconciliar com Esaú.
Moisés estava voltando ao Egito para reunir-se com seus compatriotas e enfrentar Faraó. O sangue ali derramado,
que resultou no livramento de Moisés, prenuncia a libertação de Israel do Egito, também com derramamento de
sangue. As correspondências entre esse incidente, em Êxodo 4. e a Páscoa, em Êxodo 12, são por demais
interessantes. Ambos acontecem à noite (4.24; 12.8,12,29). Em ambos, a circuncisão tem um papel fundamental
(4.25,26; 12.43-49). Ambas utilizam o verbo “lançar” (nãga") em 4.25, Zípora “lançou” o prepúcio aos pés de Moisés
ou de seu filho; enquanto, em 12.22, as pessoas devem “lançar” um pouco de sangue nas vergas e ombreiras das
portas de suas casas. E, acima de tudo, em ambos os casos o sangue derramado protege alguém da ira de Deus.
Para esse episódio, existem outros temas análogos em Gênesis e Êxodo. O Senhor, por exemplo, livra, comissiona
e, então, procura matar Moisés. De forma semelhante, o Senhor livra, comissiona e procura, logo em seguida,
exterminar seu povo (Ex 32.10). Em ambos os casos, o juízo é causado por uma violação dessa aliança. A presteza
de Zípora salvou Moisés e a intercessão de Moisés salvou os israelitas.
Assim como a atitude astuta de Raquel salvou Jacó de Labão a agilidade de Zípora salvou Moisés de Deus. Knight
levanta algumas questões interessantes: “Será que Zípora compreendia esse aspecto da aliança melhor que seu
marido? Cria ela que a união de um homem e uma mulher em aliança refletia a importância da própria aliança divina,
de modo que seu marido havia desonrado tanto ela como a Deus? Seria possível que ela, intuitivamente, tivesse
compreendido a gravidade da revelação de que não há redenção sem o derramamento de sangue?”
Pelo menos no curto prazo, a vida de Moisés não se tornou nem um pouco mais agradável. Após um difícil diálogo
com Deus (3.1—4.17), ele se acha à beira da morte (4.18-26). Ele já havia conhecido a Deus em meio a um debate;
agora, conhecia-o como um divino agressor. Em seguida, há um momento de alívio (4.27-31), quando Moisés é
recebido de volta e se reúne com todo o povo em um culto de adoração e louvor.
O Faraó, no entanto, é obstinado. Ele é totalmente indiferente aos apelos de Moisés (5.3). Ao afirmar: “Não conheço
o Senhor”.
Faraó quer dizer que não reconhece sua autoridade. Sua declaração parece ser uma combinação de desafio e
ignorância. Um Faraó anterior não “conhecera” José (1.8) e aquele Faraó não “conhecia" Jeová como Jeová, tal qual
os patriarcas que, conforme 6.3, são impedidos de “conhecer” Jeová como Jeová.
Para piorar tudo, a carga de trabalho exigida dos hebreus foi aumentada de maneira absurda (5.4-18). Como seria de
se esperar, os hebreus ficam profundamente ressentidos com seu suposto libertador (5.19-21). Que mudança de
ânimo! Num dia, lisonja no outro, repúdio. Diante de um outro libertador, um dia o povo diria: “Hosana”; e então, no
dia seguinte: “Crucifica-o!” Observe a aspereza das palavras de Moisés para Deus nos versículos 22,23. Em sua
raiva e perplexidade, ele dá início a uma tradição de dizer a verdade em oração, novamente verificada em alguns
salmos de lamento (SI 73, por exemplo) e nas “confissões” de Jeremias (Jr 12.1-6; 15.16-18; 20.7).
VICTOR P. HAMILTON. Manual do Pentateuco. Editora CPAD. pag. 162-169.
2. Deus concede poderes a Moisés.
Deus não apenas convocou Moisés para aquela empreitada, mas deu- lhe poderes específicos para que o
representasse. Os sinais que Moisés presenciou eram um prenúncio do que Deus haveria de fazer no Egito. Ele
deveria contar aos hebreus o que presenciara e, mais que isso, deveria, por recomendação divina, pegar a água do
rio e lançá-la na terra, para que se tornasse em sangue. Moisés, portanto, tinha não apenas os sinais para contar
aos hebreus, mas tinha também outro para fazer na frente deles, caso não acreditassem na sua palavra.
COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD.
pag. 21.
Deus Concede Poderes a Moisés (4.1-17)
Os críticos atribuem esta seção a uma combinação das fontes J, E e P(S). Moisés tinha recebido o informe de que
era participante do Pacto Abraâmico (Êxo. 2.24). Tinha recebido o Novo Nome de Deus que impressionaria Israel
com sua autoridade (Êxo. 3.14). Tinha recebido muitas promessas de sucesso (Êxo. 3.16 ss.), a começar pelos
anciãos de Israel, o que culminaria com o resgate de Israel da servidão no Egito. Agora, porém, ele precisava
receber poderes divinos, sendo esse o tema da seção à nossa frente. Esses poderes seriam miraculosos, porquanto
somente milagres de Deus poderiam conseguir o livramento de Israel. Ver as notas sobre o Pacto Abraâmico em
Gên. 15.18, como também os vss. 13 e 16 daquele capítulo.
O texto que se segue destaca mais duas objeções feitas por Moisés. Ver Êxo. 3.11 quanto às três objeções de
Moisés, com suas respectivas referências. Agora, era mister que Moisés autenticasse sua autoridade diante dos
anciãos de Israel (Êxo. 4.1); e também deveria haver alguma provisão para que ele se comunicasse bem, pois não
era homem eloquente (Êxo. 4.10). Deus cuidou paciente e eficazmente dos temores de Moisés. Mas quem não teria
tais temores se tivesse de enfrentar ao Faraó e a uma tarefa aparente- mente impossível? Deus deu a Moisés
poderes miraculosos (vss. 3,5-9) a fim de mostrar-lhe que o projeto divino contaria com o poder de Deus, que se
manifestaria através dele.
No Egito florescia uma mágica supersticiosa. Mas não devemos supor que Moisés participasse dessas artes
mágicas. Foi-lhe dado o poder divino, e não um poder mágico. Alguns estudiosos liberais atribuem esse relato a
meras noções supersticiosas. O homem espiritual, porém, sabe que existem milagres.
Êx 4.1 Eis que não crerão. Moisés referia-se aos anciãos de Israel (ver os vss. 5 e 21). Além disso, o Faraó também
não daria crédito à simples palavra de Moisés. Era mister que ele se tornasse um Moisés dotado de poderes
miraculosos, para que seu testemunho fosse eficaz. Os milagres sempre foram úteis para efeito de autenticação.
Mas também servem de veículos da misericórdia divina. Cf. Atos 7.22. Moisés possuía toda a sabedoria do Egito,
mas agora estava munido de muito mais do que isso. Agora também fora divinamente dotado, o que o distinguia dos
mágicos do Egito.
Os milagres cristalizam-se em torno de certas crises do trato de Deus com o homem” (Ellicott, in loc).
As palavras têm grande valor. Algumas vezes, porém, é mister adicionar obras. E mais ocasionalmente ainda, deve
haver obras miraculosas se os propósitos de Deus tiverem de cumprir-se.
Êx 4.2,3 Uma vara. Provavelmente era um cajado comum. Mas logo a vara seria transformada em uma serpente. A
habilidade dos mágicos egípcios aparentemente incluía a capacidade de hipnotizar uma serpente, fazendo-a tornarse rígida. E assim os mágicos eram capazes de segurar na mão uma serpente hipnotizada, para admiração dos
circunstantes. Era um truque de mágico. Mas fazer um pedaço de madeira transformar-se realmente em uma
serpente era coisa totalmente diversa.
Os céticos pensam que temos aqui uma exibição de antigas artes mágicas, aprendidas no Egito por Moisés. Os
mágicos são capazes de fazer coisas deveras admiráveis, embora tudo não passe de ilusão. Mas quando Moisés
fugiu da serpente, não havia nela nenhuma ilusão! Os egípcios usavam de ilusão e imitação. Moisés, porém,
realizava feitos reais extraordinários. Essa era a diferença vital entre o antigo Moisés e 0 novo Moisés. Se os críticos
veem apenas um elemento supersticioso nessa questão da “vara”, podemos estar certos de que havia ali poder, por
causa do poder que Yahweh tinha atribuído a Moisés. Assim também a coroa de um rei não tem, em si mesma,
nenhuma autoridade. Trata-se apenas de um símbolo dessa autoridade. A vara de Moisés era apenas um objeto de
madeira. Mas pareceu bem a Yahweh agir quando Moisés brandia aquela vara. Esta tornara-se emblema do poder
divino nele investido, que funcionava sempre que isso se tomava necessário. Ver Êxo. 4.17 quanto a notas
adicionais sobre a vara.
O Primeiro Milagre. Temos aqui o primeiro milagre a ser registrado na Bíblia. Os intérpretes judeus ornavam o texto
com toda espécie de descrição pavorosa sobre as serpentes venenosas. Filo, porém, realmente exagerou nos
comentários, ao dizer que a serpente era, de fato, um enorme dragão (De Vita Mosis, 1.1 614).
Êx 4.4 Pega-lhe pela cauda. Moisés fugiu de medo, mas a voz de Deus ordenou- lhe que não tivesse medo e
segurasse a serpente pela cauda, 0 que não exigia pequena coragem! Moisés obedeceu e, para seu espanto, a
serpente transformou-se de novo em uma simples vara. Esse ato final foi necessário para mostrar a Moisés que
aquilo que tinha acontecido não era apenas uma ilusão. Moisés tinha que ver, antes de tudo, a autenticidade do
poder divino, antes que pudesse convencer os outros a esse respeito.
Metáforas. O que os intérpretes judeus dizem aqui, embora interessante, é totalmente inútil. A serpente é concebida
como 0 diabo, ao qual Moisés aprendeu a controlar. Além disso, seus três estados ilustrariam a vida de Israel:
primeiro Israel floresceria no Egito, sob José (a serpente como uma vara); então Israel seria escravizado (a serpente
adquire vida e torna-se perigosa); e, então, Israel seria libertado (a serpente volta a ser uma vara, sem nenhum
dano).
Os intérpretes cristãos veem Cristo aqui: a vara, Sua força; Ele foi lançado por terra em Sua humilhação; finalmente,
foi-Lhe restaurado o poder. Mas outros eruditos pensam mais no ministério de Moisés: a principio, em conforto e em
paz; então, em perigo; finalmente, foi-lhe devolvida a paz e a vitória.
A fé triunfou sobre o mero instinto. O instinto de Moisés consistiu em fugir da serpente. Mediante a fé, porém, foi
capaz de vencer isso e segurar a serpente pela cauda. Por igual modo, ele seria capaz de domar a serpente, ou
seja, o Faraó.
Êx 4.5 Para que creiam. Os milagres autenticam a fé, e esse tem sido sempre o uso da fé. Este versículo faz-nos
voltar aos nomes divinos que figuram com tanta importância neste texto.
Em seguida, Moisés levou a Israel os nomes tradicionais de Yahweh e Elohim, associando-se ao propósito que tinha
operado através dos patriarcas (Êxo. 3.15). E isso é repetido neste versículo. Ver Êxo. 3.13 quanto ao poder
existente no nome de uma pessoa, de acordo com uma antiga crença.
Para que [eles] creiam. Esse “eles” (oculto em nossa versão portuguesa) refere-se aos anciãos de Israel, cuja
cooperação com Moisés seria um sine qua non (sem a qual não) do projeto divino. O vs. 21, porém, aplica a questão
aos egípcios.
“Sem o dom de milagres, nem Moisés teria persuadido os israelitas, nem os apóstolos teriam convertido o mundo”
(Ellicott, in loc.).
Êx 4.6,7 O Segundo Milagre Autenticador. O primeiro milagre, Moisés exibiu diante dos egípcios (Exo. 7.10 ss.). Mas
este segundo milagre não foi efetuado diante do Faraó, pelo menos até onde vai o registro sagrado. Mas talvez o vs.
30 tencione dizer que assim aconteceu.
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1º Trimestre 2014 Lição Bíblica CPAD 02 Um libertador para Israel

  • 1. Home Estudos EBD Discipulado Mapas Igreja Ervália Corinhos Figuras1 Figuras2 Vídeos Fotos Lição 2 - Um Libertador Para Israel LIÇÕES BÍBLICAS - 1º Trimestre de 2014 - CPAD - Para jovens e adultos Tema: Uma Jornada de Fé - A Formação do povo de Israel e sua herança espiritual Comentário: Pr. Antônio Gilberto Complementos, ilustrações, questionários e vídeos: Ev. Luiz Henrique de Almeida Silva Questionário NÃO DEIXE DE ASSISTIR AOS VÍDEOS DA LIÇÃO ONDE TEMOS MAPAS, FIGURAS, IMAGENS E EXPLICAÇÕES DETALHADAS DA LIÇÃO http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm TEXTO ÁUREO “E disse Deus a Moisés: EU SOU o QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós” (Êx 3.14). VERDADE PRÁTICA Assim como Moisés, usado por Deus, libertou Israel do cativeiro, Cristo nos liberta da escravidão do pecado e do mundo. LEITURA DIÁRIA Segunda- Hb 3.3 Cristo é superior a Moisés Terça- Hb 3.5 Moisés, um servo fiel Quarta - Êx 2.23-2 5 Deus ouve o clamor do povo Quinta - Êx 3.10 Deus chama Moisés Sexta - Ex 4.3-8 Deus confirma a liderança de Moisés com sinais Sábado - Êx 5.1 Moisés diante de Faraó LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Êxodo 3.1-9 1 - E apascentava Moisés o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote em Midiã; e levou o rebanho atrás do deserto e veio ao monte de Deus, a Horebe. 2 -E apareceu-lhe o Anjo do SENHOR em uma chama de fogo, no meio de uma sarça; e olhou, e eis que a sarça ardia no
  • 2. fogo, e a sarça não se consumia. 3 - E Moisés disse: Agora me virarei para lá e verei esta grande visão, porque a sarça se não queima. 4 - E, vendo o SENHOR que se virava para lá a ver, bradou Deus a ele do meio da sarça e disse: Moisés! Moisés! E ele disse: Eis-me aqui. 5 - E disse: Não te chegues para S cá; tira os teus sapatos de teus pés; porque o lugar em que tu estás é terra santa. 6 - Disse mais: Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó. E Moisés encobriu o seu rosto, porque temeu olhar para Deus. 7 - E disse o SENHOR: Tenho visto atentamente a aflição do meu povo, que está no Egito, e tenho ouvido o seu clamor por causa dos seus exatores, porque conheci as suas dores. 8 - Portanto, desci para livrá-lo da mão dos egípcios e para fazê-lo subir daquela terra a uma terra boa e larga, a uma terra que mana leite e mel; ao lugar do cananeu, e do Heteu, e do a morreu, e do Ferezeu, e do Heveu, e do Jebuseu. 9 - E agora, eis que o clamor dos filhos de Israel chegou a mim, e também tenho visto a opressão com que os egípcios os oprimem. INTERAÇÃO Deus tinha um plano traçado para o seu povo através de Moisés. Este o conduziria até Canaã. Moisés foi dia a dia preparado e lapidado pelo Senhor para cumprir os propósitos divinos. A formação de um líder requer tempo, mas infelizmente muitos na atualidade não querem respeitar o momento de Deus. Vivemos em uma sociedade imediatista onde as pessoas não admitem mais esperar. O enfoque da lição de hoje é o preparo de Moisés para se tornar o libertador do povo de Deus. Quando assumiu a missão de conduzir os israelitas pelo deserto, Moisés já havia sido preparado pelas universidades egípcias e pelo próprio TodoPoderoso. O Deus que levantou Moisés não mudou, Ele continua a levantar e preparar pessoas para serem usadas na sua obra. Você está disposto a servir mais a Deus? O Senhor deseja usá-lo em sua obra para que muitos sejam libertos da escravidão do pecado e da ignorância espiritual. OBJETIVOS - Após esta aula, o aluno deverá estar apto a: Compreender como se deu a chamada e o preparo de Moisés. Saber quais foram as desculpas apresentadas por Moisés ao Senhor. Analisar como foi a apresentação de Moisés a Faraó. ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA Professor, reproduza o mapa da página seguinte. Utilize-o para mostrar aos alunos o caminho que Moisés teve que percorrer de volta ao Egito. Ele andou aproximadamente 320 quilômetros. Enfatize que Deus chamou Moisés para uma importante Missão — libertar os israelitas do jugo da escravidão. Em obediência ao Senhor, Moisés voltou ao Egito. Muitas vezes Deus requer que voltemos de onde saímos. Porém, ao retornar, Moisés era um novo homem. Agora não agiria mais segundo as suas forças, mas em obediência restrita a Deus. TEXTO ÁUREO “E disse Deus a Moisés: EU SOU o QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós” (Êx 3.14). VERDADE PRÁTICA Assim como Moisés, usado por Deus, libertou Israel do cativeiro, Cristo nos liberta da escravidão do pecado e do mundo. Resumo da Lição 2 - Um Libertador Para Israel I - MOISÉS - SUA CHAMADA E SEU PREPARO (ÊX 3.1-17) 1. Deus chama o seu escolhido. 2. O preparo de Moisés (Êx 3.10-15). 3. O objetivo da chamada divina (Êx 3.10). II - AS DESCULPAS DE MOISÉS E A SUA VOLTA PARA O EGITO 1, O receio de Moisés e suas desculpas. 2. Deus concede poderes a Moisés. 3. O retorno de Moisés. III - MOISÉS SE APRESENTA A FARAÓ (ÊX 5.1-5) 1. Moisés diante de Faraó. 2. A queixa dos israelitas (Êx 5.20,21). 3. Deus promete livrar seu povo (Êx 6.1). SINOPSE DO TÓPICO (1) - Moisés foi chamado e preparado por Deus para que cumprisse sua missão com excelência. SINOPSE DO TÓPICO (2) - Deus não aceitou as escusas de Moisés. Ele também não aceitará as nossas, pois Lie conhece o mais profundo do nosso ser. SINOPSE DO TÓPICO (3) - Depois do encontro que Moisés tivera com Deus, ele estava finalmente preparado para apresentar-se ao rei do Egito.
  • 3. BIBLIOGRAFIA SUGERIDA COHEN, Armando Chaves. Êxodo 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1998. HAMILTON, Victor P. Manual do Pentateuco. 2. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007. Revista Ensinador Cristão CPAD, n° 57, p.37. Moisés foi sendo preparado dia a dia pelo Senhor a fim de que se tornasse o líder do seu povo e os conduzisse rumo à Terra Prometida. Aprendemos com a segunda lição do trimestre que Deus vocaciona e chama líderes para sua obra, porém aqueles que forem chamados precisam fazer a sua parte preparando-se. Se você tem um chamado de Deus em sua vida, prepare-se. Faça a sua parte e deixe que o Senhor faça a dEle. Moisés é preparado para se tornar o libertador (Êx 3.1-22) Moisés viveu seus primeiros anos de vida na casa de seus pais. Certamente uma família humilde, porém temente a Deus. Em seu lar ele foi preparado para poder viver mais tarde no palácio de Faraó. Segundo os historiadores, como príncipe, Moisés teve uma educação primorosa, pois o texto bíblico de Atos 7.22 declara que ele foi "instruído em toda a ciência dos egípcios". O conhecimento adquirido por Moisés não foi certamente desperdiçado, mas muito o ajudou como líder do seu povo, profeta, escritor e legislador. Deus tinha um propósito definido ao chamar Moisés, Ele também tem um propósito definido em sua vida. Porém, muitos não querem assumir um compromisso com Deus e a sua obra. Você deseja assumir um compromisso com o Todo-Poderoso? Ao chamar Moisés, Deus foi bem enfático quanto ao seu propósito: "Para que tires o meu povo do Egito" (Êx 3.8-10). Deus desejava redimir o seu povo e organizá- -lo como nação a fim de que todas as famílias da terra fossem abençoadas. O Senhor precisava de um único homem, Moisés, para redimir seu povo da escravidão. Na Nova Aliança, Deus também necessitava de um único homem, porém este deveria ser perfeito. Então o Todo-Poderoso enviou seu próprio Filho, Jesus Cristo. Jesus atendeu ao Pai, se fez homem e habitou entre nós para nos libertar da escravidão do pecado (Jo 3.16). Quantos, ao serem chamados pelo Senhor para alguma obra já não apresentaram uma lista vasta de desculpas? Com Moisés não foi diferente, ele também apresentou a Deus várias dificuldades. Porém, assim como nós, ele se esqueceu de que Deus é o nosso Criador. Ele nos conhece melhor do que nós mesmos. As escusas de Moisés, assim como as nossas, não vão impressionar o Senhor. Confie naquEle que está chamando você e não queira perder tempo com desculpas. Quem sabe o Senhor não esteja também chamando você para a realização da sua obra? Evite as escusas. Confie no Senhor e permita que Ele use seus dons e talentos para que muitos sejam libertos da escravidão do pecado. COMENTÁRIO INTRODUÇÃO Deus tinha um plano de libertação para Israel, e iria usar um homem chamado Moisés para tal feito. Neste capítulo veremos de que forma Deus tratou com Moisés pessoalmente, chamando-o para que fosse uma das grandes figuras do Antigo Testamento. COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 16. MOISÉS O grande líder e legislador dos hebreus, sob cuja mão Deus levou os israelitas do Egito às fronteiras da terra prometida. Moisés foi a maior personalidade na dispensação do AT, porque foi seu fundador e, como tal, tipificou o Senhor Jesus Cristo (cf. Hb 3.1-6) O nome. Em Êxodo 2.10, é feito um trocadilho com o nome Moisés: "E chamou o seu nome Moisés e disse: Porque das águas o tenho tirado [meshiti-hu]". Há uma questão exegética relacionada à pessoa que deu o nome a Moisés. Se foi sua mãe, possivelmente a palavra deveria ser explicada como relacionada a masha ("extrair"), uma adaptação semítica de uma forma egípcia. Por outro lado, a maioria dos estudiosos pensa que a filha do Faraó escolheu o seu nome, e que a palavra é realmente egípcia, embora existam dificuldades linguísticas em tal opinião. A vida. De acordo com Êxodo 2.1, os pais de Moisés eram descendentes de Levi, embora não possamos dizer quantas gerações houve entre Levi e Moisés. A história da infância de Moisés é bem conhecida. Desafiando a ordem do rei de lançar no rio todo menino que nascesse, os pais esconderam o bebé Moisés em uma arca, uma pequena cesta de bambu, vedada com piche. Veja Arca de Juncos. A filha do Faraó foi ao rio se banhar, viu a arca, e teve compaixão da criança. A irmã de Moisés, que estava por perto, armou um plano para que a sua mãe tomasse conta dele. Assim Deus graciosamente salvou a vida do menino. Com relação à sua vida na corte egípcia, praticamente nada se sabe, salvo que de acordo com Hebreus 11.24, Moisés "recusou ser chamado filho da filha de Faraó". Sabemos que ele foi "instruído em toda a ciência dos egípcios" (At 7.22). Sabemos também que quando cresceu, ele demonstrou interesse pelo bem estar do seu povo. Ao ver um egípcio espancando um hebreu, Moisés interveio e matou o egípcio. No segundo dia, quando Moisés tentou intervir na disputa entre dois hebreus, um deles o acusou referindo-se ao assassinato do dia anterior. Moisés percebeu que sua façanha tinha sido descoberta e fugiu para Midiã, um distrito da Arábia. O Faraó ficou sabendo da sua atitude e procurou matá-lo. Ao mesmo tempo, Moisés não temeu a ira do rei (Hb 11.27), mas o desafiou. Em Midiã ele ajudou as filhas de Reuel (Jetro) a dar de beber ao seu rebanho e mostrou a nobreza do seu caráter ao defendê-las de outros pastores. Ele se casou com Zípora, uma das filhas de Jetro. Com relação à sua vida como pastor de ovelhas em Midiã, pouco se sabe, porque o propósito das Escrituras não é tanto enfocar a atenção nos detalhes da vida de Moisés, porém, mostrar seu lugar na obra de libertação e no cumprimento dos propósitos de Deus. No deserto, Deus apareceu a Moisés na sarça ardente, pois a obra do Deus da aliança na redenção é cercada por milagres. Este evento tinha
  • 4. todas as características de um verdadeiro milagre; era um trabalho realizado pelo poder sobrenatural de Deus no mundo exterior. Deus fez com que a sarça queimasse de forma que Moisés o visse. Isto parece ter sido contrário à obra providencial usual do Senhor, e assim atende aos requisitos do termo niflaoth ("maravilhas" "aquelas coisas que são distintas"). Além do mais, o evento tinha o propósito de ser um sinal. Ele indicava a presença de Deus como um fogo consumidor, e revelava que a sua presença estava com o seu povo. Este evento mostrava que Ele os libertaria da escravidão, e que não havia se esquecido das suas promessas aos patriarcas. Veja Sarça ardente. Moisés estava de alguma forma hesitante em retornar ao Egito para encontrar o Faraó e, de modo amoroso, Deus tratou com ele, assegurando-lhe que estaria com ele. O Senhor permitiu que o irmão de Moisés, Arão agisse como intermediário ou profeta, declarando a palavra de Moisés - a mensagem dada por Deus - ao Faraó. O encontro com o Faraó foi muito interessante. Em última análise, ele levou a uma competição entre Jeová, o Deus de Israel, e o "deus" Faraó, uma representação dos poderes das trevas. Em primeiro lugar, Moisés simplesmente pediu que os israelitas tivessem permissão para fazer uma pequena viagem ao deserto e adorar ao seu Deus. Como seu pedido fora recusado, Deus mostrou seus sinais e maravilhas a Faraó. As pragas tiveram a finalidade de convencer os egípcios e os israelitas de que o Deus de Israel era o Deus Todo-poderoso. As pragas culminaram com a morte do primogênito do Faraó. O relato de Êxodo é transmitido de maneira simples e direta. Quando os israelitas chegaram ao Sinai, Deus revelou que Ele os havia escolhido para serem o seu povo, e deu-lhes sua lei, santa e imutável. Moisés deveria ser o mediador entre a nação e Deus. As Escrituras relatam as peregrinações dos israelitas até chegarem às fronteiras da Palestina, porém Moisés não foi autorizado a entrar na terra. Ele morreu e foi sepultado no monte Nebo, e não se conhece a localização de sua sepultura. Para conhecer mais detalhes sobre o contexto histórico e a data da vida de Moisés, veja Egito; Êxodo, O A importância. O esboço da vida de Moisés, descrito acima, revela a importância deste grande homem. Sua verdadeira grandeza é trazida, entretanto, em conexão com um episódio que se passou depois que os israelitas deixaram o Sinai. Miriã e Arão demonstraram ciúme pelo fato de Deus ter dado revelações a Moisés. "Porventura, falou o Senhor somente por Moisés? Não falou também por nós?" (Nm 12.2). Moisés não podia falar em sua própria defesa, por causa da elevada posição que ocupava no plano divino. Ele foi humilde na elevada posição em que foi colocado por Deus, de forma que se engajar em uma defesa pessoal teria desviado a atenção da sua posição, e atraído a atenção para si, pessoalmente. Por esta razão, o Senhor interveio subitamente e esclareceu o relacionamento correto entre Moisés, Arão e Miriã. Para os verdadeiros profetas, Deus se fez conhecer por intermédio de sonhos e visões; mas para Moisés, que era seu servo e fiel em toda a sua casa, o Senhor falou diretamente e sem a capa da ambiguidade. O mesmo pensamento é encontrado em Hebreus 3, onde se faz uma comparação entre Moisés e Cristo. Nesta passagem fica claro que Moisés foi o homem mais exaltado na dispensação do AT, e ainda que esta dispensação apontava diretamente para o Senhor Jesus Cristo, e nele teria o seu cumprimento. Enquanto Moisés, como servo, foi fiel em toda a casa de Deus, Cristo, como o Filho, governa aquela casa. O AT é, em grande parte, o relato da dispensação Mosaica. Entretanto, os profetas e todos os outros como Miriã e Arão, estavam em uma posição inferior à de Moisés. Por isso, o pecado de Miriã e Arão era tão abominável. Miriã, que sem dúvida foi a instigadora, foi punida com lepra. Moisés, o homem que ocupou esta posição exaltada no plano divino do AT, era um homem de verdadeira grandeza. Ele viveu pela fé em Deus (cf. Hb 11.27Ò), e teve uma profunda preocupação pela honra do Deus a quem servia (Nm 14.13ss.). Esta preocupação também manifestava um desejo genuíno de que os propósitos de Deus fossem cumpridos. Uma leitura cuidadosa de Hebreus 11 mostra que Moisés tinha consciência de que era um servo de Deus, a serviço do cumprimento dos seus propósitos de redenção. Moisés chegava a considerar a possibilidade de ter o seu próprio nome riscado do livro de Deus, para que o seu povo pudesse ser salvo (Êx 32.32). Só um homem com uma profunda devoção poderia ter servido ao Senhor em tantas situações como Moisés. Ele se mostrou um verdadeiro líder do seu povo. Embora tenha pecado e, às vezes, demonstrado fraquezas, prosseguiu em sua tarefa até levar o povo à fronteira da terra prometida. Na época da grande apostasia, no incidente do bezerro de ouro, ele afirmou vigorosamente a sua liderança. O mesmo ocorreu na rebelião de Corá, Data e Abirão (Nm 16). Só um homem da grandeza de Moisés poderia ter trazido a nação de Israel do Egito até a terra prometida. Moisés também era um legislador, e será sempre lembrado neste aspecto. "A lei foi dada por Moisés" (Jo 1.17). Israel recebeu mais do que um código de leis tal como o código-lei de Hamurabi; na realidade, Moisés era o mediador de uma aliança. Um estudo dos tratados e alianças feitos pelos antigos heteus indica que ao dar a aliança a Israel, Deus empregou uma forma que foi bem entendida na época, o chamado tratado de suserania. Entre este tipo de aliança e a aliança de Israel há similaridades formais. Veja Aliança. Entretanto, há uma diferença profunda em relação ao conteúdo. Os suseranos heteus impunham uma série de condições que os povos conquistados tinham que obedecer. Entre o rei e o povo não havia amor ou afeição especial. No caso de Israel, entretanto, tudo era diferente. Israel deveria ouvir a voz de Deus e obedecê-la, porque Deus era verdadeiramente soberano. Além do mais, Deus havia manifestado o seu amor por Israel através de sua escolha e redenção. Israel foi a nação que Deus escolheu dentre todas as nações que estão sobre a face da terra. Ela seria o seu povo peculiar e a proximidade do seu relacionamento com Deus foram demonstradas através de sua libertação da escravidão do Egito. Israel não prestaria uma obediência baseada na força, mas como uma nação santa, sem dúvida serviria ao seu Deus em amor, como um reino de sacerdotes. Deus se revelou a Israel como Jeová, o Deus da aliança, o Deus da libertação. O homem que foi honrado por Deus como mediador da aliança foi Moisés. Moisés também demonstrou a sua grandeza através de suas produções literárias. Como mediador da aliança, o servo fiel na casa de Deus, Moisés foi o autor da lei, os cinco livros que falam do estabelecimento da teocracia. A questão da autoria Mosaica, então, é fundamentalmente teológica. Os livros de Moisés diferenciam-se de todos os demais livros do AT, pois mostram o pensamento daquele homem que foi escolhido por Deus para ser mediador da aliança, o pensamento de um legislador.
  • 5. Isto não sugere que estes livros contenham algo imaginário. Moisés sem dúvida empregou documentos escritos que foram transmitidos de geração em geração; sem dúvida empregou sua vasta cultura, pois foi um homem criado em toda a sabedoria e conhecimento dos egípcios (At 7.22). Também não podemos nos esquecer de que os 5 livros da lei são Escrituras; e, assim, ao escrevê-los, Moisés foi um profeta que revelou as palavras de Deus ao povo. Ele se tornou o padrão para todos os verdadeiros profetas que se seguiram, culminando no Senhor Jesus Cristo, o Messias (Dt 18.15,18). Como um escritor das Escrituras, ele estava sob a direção do Espírito Santo, de tal forma que escreveu sob a inspiração de Deus (2 Tm 3.16; 2 Pe 1.21). Assim, os 5 livros de Moisés, cujo autor humano era um servo de Deus, são também a Palavra de Deus. Moisés e o golpe na rocha. Depois de uma longa jornada pelo deserto, Moisés não teve permissão para entrar na terra prometida. O motivo declarado é que ele golpeou a rocha em Cades. Este foi um ato de desobediência, no qual Deus não estava sendo glorificado. Golpear a rocha também foi um ato de descrença por parte de Moisés. Aqui, o grande líder hesitou; aqui ele renunciou efetivamente a tudo que ele mesmo representava, e mostrou descrença na Palavra de Deus. Por este motivo, não lhe foi permitido entrar na terra prometida. Este episódio é uma mácula no currículo do servo fiel e confiável do Deus da aliança. PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 1300-1302, 1304. I - MOISÉS - SUA CHAMADA E SEU PREPARO (ÊX 3.1 17) 1. Deus chama o seu escolhido. Moisés foi chamado por Deus quando estava vivendo em Midiã, com seu sogro Jetro. Ele chegara a Midiã aos 40 anos, fugido do Egito, e agora, aos 80 anos, quando cuidava das ovelhas do sogro, tem um encontro com Deus. Moisés foi chamado por Deus em uma fase da vida em que, aos olhos humanos, poderia se aposentar e aproveitar os poucos anos que lhe restariam sem se aborrecer. Mas aqui reside um principio divino: Deus não depende de nossa faixa etária para nos convocar a ser úteis para Ele. Com certeza havia pessoas mais jovens e mais dispostas a fazer o que Moisés faria, mas Deus escolheu Moisés para aquela missão. Deus não apenas escolhe as pessoas para determinadas obras, mas também as convoca. De que adianta ser escolhido por Deus e não ser informado dessa chamada? Como Deus faz tudo de forma perfeita, Ele mesmo se encarregou de falar com Moisés de modo sobrenatural e convincente. COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 16-17. O ENCONTRO ENTRE DEUS E MOISÉS (3-5) Em função desses acontecimentos e antes do comissionamento de Moisés, ocorre o episódio da sarça ardente (3.16). O termo hebraico para “sarça” (sêneh) só aparece no Antigo Testamento aqui e em Deuteronômio 33.16, quando Moisés canta que Deus era “[aquele] que habitava na sarça (ardente)”. Quão oportuno que as últimas palavras de Moisés registadas nas Escrituras sejam, entre outras coisas, sobre seu primeiro encontro com Deus na sarça ardente! Essa palavra hebraica soa e faz lembrar a palavra “Sinai” (,sny e snft). Por duas vezes, Deus apareceu a Moisés de forma incandescente. Primeiro em uma snh (capítulo 3), depois no sny (capítulo 19). Deus costuma aparecer nos locais mais inesperados, como em uma sarça. Foi próximo a um arbusto que Ele apareceu para Agar (Gn 21.15, com uma outra palavra hebraica para “arbusto”, síah) e foi em um arbusto, ou sarça, que apareceu pela primeira vez a Moisés. Falando em lugares inesperados, talvez seja possível estabelecer uma analogia entre o anjo de Deus que apareceu no meio do nada para o pastor Moisés, fazendo um importante anúncio; e os anjos que apareceram diante de um grupo de pastores, no meio do nada, a fim de fazer um importante anúncio (Lc 2.8-20). VICTOR P. HAMILTON. Manual do Pentateuco. Editora CPAD. pag. 160. O QUE VEMOS E OUVIMOS Examinemos agora o que Moisés viu e ouviu, atrás do deserto. Teremos ocasião de ver como ele aprende ali lições que estão muito acima da inteligência dos mais eminentes sábios do Egito. Poderia parecer à razão humana uma estranha perda de tempo um homem como Moisés ter de passar quarenta anos sem fazer nada senão guardar ovelhas no deserto. Porém, ele estava ali com Deus, e o tempo assim passado nunca é perdido. É conveniente recordar que há para o verdadeiro servo de Cristo alguma coisa mais do que mera atividade. Todo aquele que está sempre em atividade corre o risco de trabalhar demais. Um tal homem deveria meditar cuidadosamente nas palavras profundamente práticas do Servo perfeito: "Ele desperta-me todas as manhãs, desperta-me o ouvido para que ouça, como aqueles que aprendem" (Isaías 50:4). O servo deve estar frequentemente na presença do seu mestre, a fim de poder saber o que deve fazer. O "ouvido" e a "língua" estão intimamente unidos, em vários aspectos; porém, debaixo do ponto de vista espiritual, ou moral, se o ouvido está fechado e a língua desatada, não restam dúvidas que se dirão muitas coisas bem tolas. Por isso, "amados irmãos... todo o homem seja pronto para ouvir; tardio para falar" (Tiago 1:19). Esta exortação oportuna baseia-se em dois fatos: a saber, que tudo o que é bom vem do alto, e que o coração está repleto de maldade, pronto a transbordar. Daí, a necessidade de ter o ouvido aberto e a língua refreada: rara e admirável ciência!—ciência na qual Moisés fez grande progresso "atrás do deserto", e que todos podem adquirir, desde que estejam dispostos a aprender nessa escola. A SARÇA "E apareceu-lhe o Anjo do SENHOR em uma, chama de fogo no meio de uma sarça; e olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia. E Moisés disse: agora me virarei para lá e verei esta grande visão, porque a sarça se não queima" (versículos 2-3). Era efetivamente uma grande visão, porque uma sarça ardia e não se consumia. A corte do Faraó nunca poderia oferecer nada de semelhante. Porém, era uma visão graciosa porque nela era simbolizada de um modo notável a situação dos eleitos de Deus. Eles encontravam-se no meio do forno do Egito; e o Senhor revelava-se no meio de uma sarça ardente. Porém, assim como a sarça se não consumia, tampouco eram eles consumidos, porque Deus estava com eles. "O SENHOR dos Exércitos está conosco: o Deus de Jacó é o nosso refúgio" (SI 46:7). Aqui temos força e segurança, vitória e paz. Deus conosco, Deus em nós, e
  • 6. Deus por nós. Isto é provisão abundante para todas as necessidades. Não há nada mais interessante e mais instrutivo do que a maneira como aprouve ao Senhor revelar-Se a Moisés na passagem que estamos considerando. Ele ia confiar-lhe o encargo de tirar o Seu povo do Egito, para que eles fossem a Sua Assembleia, para habitar no meio deles tanto no deserto como na terra de Canaã; e é do meio de uma sarça que lhe fala. Símbolo belo, solene e próprio do Senhor habitando no meio do Seu povo eleito e resgatado; "O nosso Deus é um fogo consumidor" (Hb 12:29)-não para MOS consumir, mas para consumir em nós e à nossa volta tudo que é contra a Sua santidade, e que é, portanto, um perigo para a nossa verdadeira e eterna felicidade. "Mui fiéis são os teus testemunhos; a santidade convém à tua casa, SENHOR, para sempre" (Salmo 93:5). O Velho e o Novo Testamento encerram vários casos em que Deus Se manifesta como "um fogo consumidor": como por exemplo o caso de Nadabe e Abiú, em Levítico 10. Tratava-se de uma ocasião solene. Deus habitava no meio do Seu povo, e queria manter este numa posição digna de Si Próprio. Não podia ter feito outra coisa. Não seria para Sua glória nem para proveito dos Seus se Ele tolerasse qualquer: coisa, neles incompatível com a pureza da Sua presença. O lugar de habitação de Deus tem que ser santo. Do mesmo modo, em Josué, capítulo 7, temos outra prova notável, no caso de Acã, de que o Senhor não pode sancionar o mal com a Sua presença, qualquer que seja a forma que o mal possa revestir ou por muito oculto que possa estar. O Senhor é "um fogo consumidor", e, como tal, tinha de agir a respeito de tudo que pudesse manchar a Assembleia no meio da qual habitava. Procurar unir a presença de Deus com o pecado não julgado é o indício da impiedade. Ananias e Safira (Atos, 5) dão-nos a mesma lição. Deus o Espírito Santo habitava na Igreja, não somente como uma influência, mas, sim, como uma pessoa divina, de tal maneira que ninguém podia mentir na Sua presença. A Igreja era, e é ainda agora, morada de Deus; e é Ele Quem deve governar e julgar no meio dela. Os homens podem reviver em união a concupiscência, a impostura e a hipocrisia; mas Deus não pode fazê-lo. Se quisermos que Deus ande conosco, devemos julgar os nossos caminhos, ou então Ele os julgará por nós (veja 1 Co 11:29-32). Em todos estes casos e em muitos mais que podíamos aduzir, vemos a força destas palavras solenes, "a santidade convém à tua casa, SENHOR, para sempre" (SI 93:5). Para aquele que a tiver compreendido, esta verdade produzirá sempre sobre ele um efeito moral idêntico àquele que exerceu sobre Moisés: "Não te chegues para cá; tira os teus sapatos de teus pés; porque o lugar em que tu estás é terra santa" (versículo 5). O lugar da presença de Deus é santo, e só se pode caminhar por ele com os pés descalços. Deus, habitando no meio do Seu povo, comunica à Assembleia desse povo um caráter de santidade que é a base de todo o santo afeto e de toda a santa atividade. O caráter da habitação deriva do caráter d'Aquele que a habita. A aplicação deste princípio à Igreja, que é agora a habitação de Deus, em Espírito, é da maior importância prática. Assim como é bem-aventuradamente verdade que Deus habita, pelo Seu Espírito, em cada membro da Igreja, dando deste modo um caráter de santidade ao indivíduo, é igualmente certo que Ele habita na Assembleia; e, por isso, a Assembleia deve ser santa. O centro em volta do qual os membros se reúnem é nada menos do que a Pessoa de um Cristo vivo, vitorioso e glorificado. O poder que os une é nada menos do que o Espírito Santo; e o Senhor Deus Todo-Poderoso habita neles e entre eles (vede Mt 18:20; 1 Co 6:19; 3:16-17; Ef 2:21-22). Se tais são a santidade e dignidade que pertencem à morada de Deus, é evidente que nada impuro, quer seja em princípio, quer na prática, deve ser tolerado. Todos os que estão lugar em que tu estás é terra santa." "Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá" (1 Co 3:17). Estas palavras são dignas de toda a aceitação da parte de todos os membros da Assembleia—de cada pedra viva no Seu santo templo! Possamos nós todos aprender a pisar os átrios do Senhor com os pés descalços! O Monte Horebe: Santidade e Graça Debaixo de todos os aspectos, as visões de Horebe rendem testemunho, ao mesmo tempo, da graça e da santidade do Deus de Israel. Se a graça de Deus é infinita, a Sua santidade também o é; e, assim como a maneira em que Ele se revelou a Moisés nos faz conhecer a primeira, o próprio fato de Se revelar atesta a última. O Senhor desceu porque era misericordioso; mas, depois de haver descido, é dito que Se revelou como sendo santo: "Disse mais: Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó. E Moisés encobriu o seu rosto, porque temeu olhar para Deus" (versículo 6). A natureza humana esconderse-á sempre como resultado da presença divina; quando estamos na presença de Deus, com os pés descalços e o rosto coberto, quer dizer, naquela disposição de alma que esses atos exprimem de um modo tão admirável, estamos em condições vantajosas para ouvir os doces acentos da graça. Quando o homem ocupa o lugar que lhe compete, Deus pode falar-lhe em linguagem de pura misericórdia. "E disse o SENHOR: Tenho visto atentamente a aflição do meu povo, que está no Egito, e tenho ouvido o seu clamor por causa dos seus exatores, porque conheci as suas dores. Portanto, desci para livrá-lo da mão dos egípcios e para fazê-lo subir daquela terra a uma terra boa e larga, a uma terra que mana leite e mel;.. .E agora, eis que o clamor dos filhos de Israel chegou a mim, e também tenho visto a opressão com que os egípcios os oprimem" (versículos 7 a 9). Neste trecho, a graça absoluta, livre e incondicional do Deus de Abraão brilha em todo o seu esplendor, livre dos "ses" e dos "mas", dos votos, das resoluções e das condições impostas pelo espírito legalista do homem. Deus havia para Se manifestar em Sua graça soberana, para realizar a obra de salvação, para cumprir a Sua promessa a Abraão, promessa repetida a Isaque e a Jacó. Não havia descido para ver se, na realidade, os herdeiros da promessa estariam em condições de merecer a salvação. Bastava-Lhe que Necessitassem dela. Ponderarão seu estado oprimido, as suas aflições, as suas lágrimas, os seus suspiros, e a sua pesada servidão; pois, bendito seja o Seu nome, Ele conta os "ais" do Seu povo e põe as suas lágrimas no Seu odre (Sl 56:8). Não foi por coisa alguma de bom que houvesse visto neles que os visitou, porque Ele sabia o que havia neles. Numa palavra, o verdadeiro fundamento da intervenção misericordiosa do Senhor a favor do Seu povo é revelado nestas
  • 7. palavras: "Eu sou o Deus de Abraão" e "Tenho visto a aflição do meu povo." Estas palavras revelam um princípio fundamental nos caminhos de Deus. É com base naquilo que Ele é que atua sempre. "EU SOU" assegura todas as cosias para "O MEU POVO". Certamente, Deus não ia deixar o Seu povo no meio dos fornos de tijolo do Egito, e debaixo do azorrague dos exatores do Faraó. Era o Seu povo, e, portanto, queria agir, com respeito a esse povo, de uma maneira digna de Si Próprio. O fato de ser o Seu povo, o objeto favorecido do Seu amor de eleição e possuidor da Sua promessa incondicional, era suficiente. Nada podia impedir a manifestação pública da relação que existia entre o Senhor e aqueles a quem, segundo os Seus desígnios eternos, havia sido assegurada a posse da terra de Canaã. Havia descido para os libertar, e os poderes da terra e do inferno reunidos não poderiam retê-los nem uma hora além do tempo determinado por Ele. Podia servir-Se, e de fato serviuSe, do Egito como escola, na qual estava o Faraó como um mestre; porém, uma vez cumprida a sua missão, o mestre e a escola são postos de parte, e o Seu povo é libertado com mão forte e braço estendido. A GRAÇA DE DEUS LEMBRA-SE SOMENTE DOS ATOS DA FÉ (HEBREUS 11) Nisto, como em tudo mais, o Mestre bendito forma um contraste notável com os Seus servos mais honrados e destacados. O próprio Moisés "temeu" (versículo 14), e Paulo teve de se arrepender (2 Co 7:8); porém, o Senhor Jesus nunca fez uma coisa nem outra. Jamais se viu forçado a recuar um passo, a arrepender-se duma palavra ou a corrigir um pensamento. Tudo quanto fez foi absolutamente perfeito. Era tudo fruto dado na estação própria. O curso da Sua vida santa e celestial deslizava adiante sem obstáculos nem deslizes. A sua vontade estava perfeitamente submissa ao Pai. Os melhores homens, e até mesmo os mais dedicados, cometem erros; mas é perfeitamente exato que quando mais, pela graça, nos é dado mortificarmos a nossa vontade, menos erramos. E uma feliz circunstância quando, dum modo geral, a nossa vida é de fé e de dedicação exclusiva a Cristo. Assim sucedeu com Moisés. Era um homem de fé, um homem que absorveu em alto grau o espírito do seu Mestre e que seguiu com maravilhosa firmeza os Seus passos. É certo que antecipou, como notamos, em quarenta anos o período que Deus destinara para julgar o Egito e libertar Israel; todavia, quando lemos o comentário inspirado do Capítulo 11 de Hebreus nenhuma menção encontramos deste fato. Encontramos somente o princípio divino que, dum modo geral, orientou a sua vida: "Pela fé, Moisés, sendo já grande, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, escolhendo, antes, ser maltratado com o povo de Deus do que por, um pouco de tempo, ter o gozo do pecado; tendo, por maiores riquezas, o vitupério de Cristo do que os tesouros do Egito; porque tinha em vista a recompensa. Pela fé, deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o invisível" (Hb 11: 24-27). Esta passagem apresenta-nos os atos de Moisés de uma maneira cheia de graça. É assim que o Espírito Santo sempre conta a história dos santos do Velho Testamento. Quando descreve a vida dum homem, apresenta-o como ele é, com todas as suas falhas e imperfeições. Mas quando, no Novo Testamento, comenta essa biografia limita-se a dar o princípio que o orientou e o resultado da sua atividade. Por isso, não obstante lermos em Êxodo que Moisés "olhou a uma e a outra banda", e disse; "certamente este negócio foi descoberto", e por fim que "fugiu de diante da face de Faraó", lemos também na epístola aos Hebreus que o que ele fez, fê-lo "pela fé"— não temeu a ira do rei — e ficou firme como vendo o invisível. Assim acontecerá em breve quando vier o Senhor, "o qual também trará à luz as coisas ocultas das trevas e manifestará os desígnios dos corações; e então cada um receberá de Deus o louvor" (1 Co 4:5). Eis aqui uma verdade consoladora e preciosa para toda a alma reta e o coração fiel. O coração pode formar muitos projetos que, por diversas razões, a mão não pode realizar. Todos esses intentos serão manifestados quando o Senhor vier. Bendita seja a graça divina por nos haver dado uma tal certeza! As devoções do coração são muitos mais preciosas para Cristo do que as obras mais espaventosas que as mãos possam executar. Estas podem dar algum brilho aos olhos do homem; mas aquelas são devidamente apreciadas pelo coração de Jesus. As obras podem ser assunto de conversação dos homens, mas as afeições são manifestadas diante de Deus e dos Seus anjos. Que todos os servos de Cristo saibam ter os seus corações somente ocupados com Ele e os seus olhos postos na Sua vinda. C. H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De Êxodo. Editora Associação Religiosa Imprensa da Fé. 2. O preparo de Moisés (Êx 3.10-15). Deus se utiliza de diversos recursos para treinar aqueles a quem escolheu. Com Moisés não foi diferente. Ele passou por pelo menos três grandes ambientes em sua vida, onde fora colocado por Deus para exercer seu ministério futuro como libertador, legislador e líder de um grupo de pessoas que deixaria uma vida de escravidão para entrar em uma terra própria e se tornarem uma nação. O primeiro grande ambiente pelo qual Moisés passou foi, sem dúvida, o lar em que foi criado por seus pais. Lá ele foi instruído sobre seu povo e sua cultura, e certamente aprendeu algo acerca de Deus. O segundo grande ambiente foi a corte do Egito. Nesse local ele foi ensinado no que o Egito tinha de melhor em tecnologia e conhecimento, construindo uma vida acadêmica e preparando-se para um futuro brilhante na liderança egípcia. O terceiro foi o deserto. A esse lugar Moisés se dirigiu quando matou um egípcio e foi perseguido. Em Midiã, Moisés constituiu uma família com Zipora, filha de Jetro. Não há indícios de que Moisés tenha se casado no Egito. Portanto, o preparo de Moisés durou muitos anos, e mesmo que ele não o soubesse, Deus o estava preparando como instrumento para uma grande missão. COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 17. O Pacto Abraâmico foi confirmado a Moisés (Êxo. 2.24). Ele foi nomeado para tornar-se um instrumento especial desse pacto, passando a desempenhar um papel cêntrico para tirar Israel do Egito e fazê-lo voltar à Terra Prometida. Jacó e seus filhos, ao fugirem da seca na terra de Canaã, desceram ao Egito para estarem em companhia de José
  • 8. (ver Gên. 46-50). Isso armou o palco para o exílio e a escravidão naquele país. Agora, essa situação seria revertida, e o cronograma de Deus estava avançando para uma fase nova. Ver Gên. 15.13,16 e as notas sobre 0 Pacto Abraâmico em Gên. 15.18. Os críticos pensam que esta seção é uma mescla das fontes informativas J, E e P(S). Moisés era considerado o maior de todos os profetas de Israel (Êxo. 34.10); e outros ainda o exaltavam mais do que isso (Núm. 12.6,7). Seja como for, ele foi o homem escolhido por Deus para aquele momento crítico. Foi mister que ele recebesse uma autoridade e um poder real, e isso lhe foi concedido pela presença de Deus, que começou quando da teofania que lhe foi outorgada. Isso faz-nos lembrar da chamada de Isaías (Isa. 6). A seção à nossa frente consiste em três divisões: 1. Confrontação com Deus (Êxo. 3.1-12) 2. Instruções (Êxo. 3.13-22) 3. Queixas de Moisés (Êxo. 4.1-17). Êx 3.1 Apascentava Moisés o rebanho. Moisés sentia-se satisfeito no deserto, enquanto ajudava a cuidar do rebanho de seu sogro. Não havia excitações, mas também não havia ameaças nem necessidades. Tinha tudo 0 de que precisava, com sua pequena família: sua esposa e seus dois filhos. Mas 0 plano de Deus em breve haveria de agitar a sua vida, preparando-o para uma importantíssima mis- são. Por igual modo, séculos depois, Davi também foi arrancado de suas ocupações pastoris para cumprir um notável destino. Jetro. Em Êxo. 2.18, o nome do sogro de Moisés aparece como Reuel. Ver as notas em Êxo. 2.16-18 quanto ao problema da aparente confusão de nomes próprios. Talvez Reuel fosse o pai de Jetro. O lado ocidental do deserto. Essa era a estreita faixa de terra fértil que ficava por trás da planície arenosa, estendendo-se desde a serra do Sinai até as praias do golfo Elanítico. Horebe. Chamado algures de “monte de Deus”. Cuidando de seu rebanho, Moisés acabou chegando a esse lugar. E ali, inesperadamente, teve um encontro com a presença de Deus. Parece que Horebe era o nome de toda a cadeia montanhosa que havia naquela área. O Sinai era apenas uma parte dessa cadeia, posteriormente conhecido como Jebel Musa. Alguns estudiosos opinam que Horebe e Sinai eram os nomes de dois picos da serra em pauta. E Horebe, nesse caso, veio a ser conhecido como “monte de Deus” porque foi ali que Deus apareceu a Moisés. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 312. A sarça ardente (3.1-6). De acordo com Estêvão (At 7.23), Moisés tinha quarenta anos quando matou o egípcio, e, depois de outros quarenta anos, ele encontrou o Senhor na sarça ardente (At 7.30). Depois deste período no deserto, Deus viu que seu povo e Moisés estavam prontos para o milagre de libertação. Aqui, o sogro de Moisés recebe o nome Jetro (1), embora seja possível que Jetro fosse o filho de Reuel e, portanto, cunhado de Moisés.15 Ainda pastor, Moisés estava nas proximidades de Horebe, o monte de Deus (1), também chamado Sinai (ver Mapa 3). E provável que Horebe fosse o nome dado à cadeia de montanhas, ao passo que Sinai dissesse respeito a um grupo menor ou a um único cume. Os estudiosos da Bíblia consideram que o anjo do SENHOR (2) na sarça ardente seja Cristo pré-encarnado, embora o Novo Testamento nunca use essa expressão para se referir a ele. Na Bíblia, uma chama de fogo simboliza a presença de Deus (Hb 12.29). Este fato despertou a curiosidade de Moisés, momento em que Deus falou com ele. Então, encobriu o seu rosto, porque temeu olhar para Deus (6). Ele não podia ficar em pé levianamente na presença de Deus, e aprendeu que a presença divina santifica o lugar onde Ele aparece (5). Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 145. A visão de Deus. 1. Apascentava Moisés o rebanho. O texto hebraico sugere que esta era sua ocupação habitual. Não há na Bíblia o menor indício de que Midiã fosse uma região onde se minava o cobre, ou que os queneus fossem ferreiros itinerantes, embora esses pontos de vista sejam prediletos dos estudiosos mais recentes e, arqueologicamente, tentadores. Certamente havia minas de cobre na Arabá, ao sul do Mar Morto, e durante sua peregrinação pelo deserto Israel fabricou um grande número de objetos de cobre (cap. 35 seg.), mas além disso não vai a tradição bíblica. O lado ocidental do deserto. A palavra hebraica ’ah.ar, “ atrás, detrás” , deve significar “ oeste” do ponto de vista midianita e portanto pode ser um termo originado em Midiã. Como de costume, no pensamento semita, defronta-se sempre o leste ao definir direções; atrás, portanto, se refere ao ocidente. Horebe, o monte de Deus. Possivelmente, “ Horebe, o grande monte” , segundo uma expressão idiomática semita muito comum para descrever força ou tamanho muito grande (cf. o uso em árabe). Os que usam os símbolos críticos convencionais para descrever as pressupostas fontes do Pentateuco alegam que “ Horebe” se encontra em material Eloísta e Deuteronomista, ao passo que “ Sinai” é o nome utilizado em material Jeovista e sacerdotal. Não sabemos por que razão os dois nomes foram usados, aparentemente alternadamente. Já foi sugerido que Horebe é uma parte do Sinai, mas isso é pura adivinhação. Horebe é comprovadamente um nome semita, cujo provável significado é “ deserto” Ou “ desolação” . É possível que fosse o nome semita correspondente ao nome Sinai, não-semita. Sinai deve ser um nome antigo e, provavelmente, de ligações etimológicas com o vizinho deserto de Sin. Qualquer ligação com seneh (heb. “ espinheiro” ) ou com Sin (o deus-Lua de Acade) é resultado de uma etimologia duvidosa. Questão mais séria, à parte de seu nome, é o fato de que não sabemos onde ficava o “ monte de Deus” (o termo popular, conforme usado neste versículo). Ficaria na Península do Sinai? Caso a resposta seja afirmativa, ficaria ele ao sul (a área tradicional) ou a nordeste, entre as montanhas de Seir, fronteiro ao oásis de Cades-Barnéia, onde Israel manteve seu centro tribal por tanto tempo? Ou seria ainda nas montanhas da Arábia, a nordeste do Golfo de Aqaba? Os detalhes geográficos gerais parecem sugerir a área meridional da península: o local tradicionalmente apontado, Gebel Musa, “ o monte de Moisés” (2464 metros de
  • 9. altura) tem muito a seu favor, embora alguns prefiram outras montanhas próximas mais elevadas. Um fato digno de nota é que, tal como o exílio em Babilônia, este acontecimento tão importante para a fé israelita aconteceu em solo estrangeiro (cf. a chamada de Abrão) e que, mais tarde, Israel sempre pareceu ignorar e não se importar com a exata localização do Sinai. Não há qualquer sugestão de peregrinações posteriores ao local, com a possível exceção da jornada de Elias (1 Reis 19). Israel sabia, entretanto, que o “ monte de Deus” ficava em algum lugar ao sul de Canaã. Isto fica claro pelas descrições em que Deus vem ajudar Seu povo desde Parã ou Seir ou outras montanhas vagamente definidas para os lados do sul (Dt 33:2). Este é um contraste marcante em relação à mitologia cananita, em que os deuses habitavam um monte no extremo norte. Não há qualquer evidência no pensamento bíblico de que os israelitas sequer pensassem que Deus vivesse no Sinai. Pelo contrário, Sinai era o lugar em que Deus Se revelara a Moisés (3:2) e sobre o qual, posteriormente, dera a lei a Seu povo (3:12). O Sinai, portanto, poder-se-ia dizer em terminologia moderna, não era tanto o monte de Deus quanto se tornaria o monte de Deus em virtude das coisas que ali Ele veio a dizer e fazer; este é um conceito dinâmico e não estático. Deus, em dias passados, podia ser adorado em qualquer lugar onde aparecesse (20:24) e o Sinai é apenas mais um exemplo desse fato. É verdade que há numerosas inscrições nabatéias na área do Sinai, indicando que ao menos mais tarde ele foi considerado uma montanha sagrada. Com base nisso, alega-se que bem poderia ter sido um lugar sagrado para os próprios midianitas. Isso é impossível desmentir ou comprovar, em vista da absoluta falta de provas. Moisés, pelo menos, não foi ao monte com qualquer motivo religioso, segundo o texto, mas apenas para apascentar seu rebanho. R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 60-61. A ESCOLA DE DEUS Vamos agora retomar a história pessoal de Moisés e considerar este grande servo de Deus durante o período tão interessante da sua vida de solidão, período este que não vai além de quarenta dos seus melhores anos, se assim podemos dizer. O Senhor, na Sua bondade, Sua sabedoria e Sua fidelidade, põe o Seu servo à parte, livre das vistas e dos pensamentos dos homens, para o poder educar debaixo da Sua imediata direção. Moisés tinha necessidade disso. Havia passado quarenta anos na casa do Faraó; e, conquanto a sua estadia ali não deixasse de ser proveitosa, todavia, tudo que tinha aprendido ali não era nada em comparação com o que aprendeu no deserto. O tempo passado na corte pode ter sido valioso, mas a sua estadia no deserto era indispensável. Nada há que possa substituir a comunhão secreta com Deus ou a educação que se recebe debaixo da Sua disciplina. "Toda a ciência dos egípcios" não havia habilitado Moisés para o serviço a que devia ser chamado. Havia podido seguir uma carreira brilhante nas escolas do Egito, e deixara-as coberto de honras literárias, com uma inteligência enriquecida por vastos conhecimentos e o coração cheio de orgulho e vaidade. Havia podido tomar os seus títulos nas escolas dos homens, mas tinha ainda de aprender o alfabeto na escola de Deus. Porque a sabedoria e a ciência humanas, por muito valor que tenham em si mesmas, não podem fazer de ninguém um servo de Deus nem qualificar alguém para desempenhar qualquer cargo no serviço divino. Tais conhecimentos podem qualificar o homem natural para desempenhar um papel importante diante do mundo: porém é necessário que todo aquele que Deus quer empregar ao Seu serviço seja dotado de qualidades bem diferentes, qualidades aliás que só se adquirem no santo retiro da presença de Deus. Todos os servos de Deus têm aprendido por experiência a verdade do que acabamos de dizer: Moisés em Horeb, Elias no ribeiro de Kerith, Ezequiel junto ao rio Chebar, Paulo na Arábia, e João em Patmos, são todos exemplos da grande importância de estarmos a sós com Deus. E se considerarmos o Servo Divino, vemos que o tempo que Ele passou em retiro foi dez vezes aquele que gastou no Seu ministério público. Ainda que perfeito em inteligência e vontade, passou trinta anos na casa humilde de um carpinteiro de Nazareth, antes de se manifestar em público. E, mesmo depois de ter entrado na Sua carreira pública, quantas vezes o vemos afastar-Se das vistas dos homens, para gozar a solidão santa da presença do Pai! Pode perguntar-se, como poderá a falta de obreiros, que tanto se faz sentir, ser suprida se é necessário que todos passem por uma educação secreta tão prolongada antes de tomarem o seu trabalhou Mas isto é um assunto do Mestre, e não nosso. É Ele Quem sabe chamar os obreiros, e Quem sabe também prepará-los. Não é obra do homem. Só Deus pode chamar e preparar um verdadeiro obreiros, e se Ele toma muito tempo para educar um tal homem, é porque assim o julga bom; sabemos que, se outra fosse a Sua vontade, Ele podia realizar esta obra num instante. Uma coisa é evidente: Deus tem tido todos os Seus servos muito tempo a sós Consigo, tanto antes como depois da sua entrada no ministério público; ninguém poderá dispensar este treino, e sem esta disciplina, sem este exercício privativo, nunca seremos mais que teóricos superficiais e inúteis. Todo aquele que se aventura numa carreira pública sem se haver pesado na balança do santuário, e medido na presença de Deus, parece-se com um navio saindo à vela sem lastro próprio, que terá fatalmente de soçobrar ao primeiro embate do vento. Pelo contrário, existe para todo aquele que tem passado pelas diferentes classes da escola de Deus uma profundidade, uma solidez, e uma constância que são os elementos essenciais na formação do carácter de um verdadeiro e eficiente servo de Deus. Por isso, quando vemos Moisés, à idade de quarenta anos, afastado de todas as honras e magnificência de uma corte, para passar quarenta anos na solidão do deserto, podemos esperar vê-lo empreender uma carreira de serviço notável; no que aliás não ficamos desapontados. Ninguém é verdadeiramente educado senão aquele a quem Deus educa. Não está dentro das possibilidades do homem preparar um instrumento para serviço do Senhor. A mão do homem é incapaz de moldar um "vaso idôneo para uso do Senhor" (2 Tm 2:21). Somente Aquele que quer usálo pode prepará-lo; e no caso presente temos um exemplo singularmente belo do Seu modo de o fazer. No Deserto "E APASCENTAVA Moisés o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote em Midiã; e levou o rebanho atrás do deserto e veio ao monte de Deus, a Horebe" (versículo 1). Aqui temos, pois, uma mudança admirável na vida de Moisés.
  • 10. Lemos em Génesis, capítulo 46:34, que "todo o pastor de ovelhas é abominação para os egípcios" e no entanto, Moisés, que era "instruído em toda a ciência dos egípcios", é transferido da corte do Egito para trás do deserto para apascentar um rebanho de ovelhas e preparar-se para o serviço de Deus. Seguramente isto não "é o costume dos homens" (2 Sm 7:19) nem o curso natural das coisas: é um caminho incompreensível para a carne e o sangue. Nós havíamos de pensar que a educação de Moisés estava terminada logo que se tornou mestre de toda a sabedoria do Egito, gozando ao mesmo tempo das vantagens que oferece a este respeito a vida de uma corte. Poderíamos supor que um homem tão privilegiado havia de ter não apenas uma instrução sólida e extensa mas também uma distinção tal em suas ações que o tornariam apto para cumprir toda a espécie de serviço. Porém, ver um tal homem, tão bem dotado e instruído, ser chamado a abandonar a sua elevada posição para ir apascentar ovelhas atrás do deserto, e qualquer coisa incompreensível para o homem, qualquer coisa que humilha até ao pó o seu orgulho e a sua glória, mostrando que as vantagens humanas são de pouco valor diante de Deus; mais ainda, que são "como esterco", não somente aos olhos do Senhor, mas aos olhos de todos aqueles que têm sido ensinados na Sua escola (Fp. 3:8). Existe uma diferença enorme entre o ensino humano e o divino. Aquele tem por fim cultivar e exaltar a natureza; este começa por a "secar" e a pôr de lado. "Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente" (1 Co 2:14). Podeis esforçar-vos por educar o homem natural tanto quanto puderdes, sem que jamais consigais fazer dele um homem espiritual. "O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito" (Jo 3:6). Se alguma vez um "homem natural" educado pôde esperar ter êxito no serviço de Deus, esse tal foi Moisés: ele era "instruído... e poderoso em suas palavras e obras" (At 7:22); e todavia teve que aprender alguma coisa "atrás do deserto" que as escolas do Egito nunca lhe haviam ensinado. Paulo aprendeu muito mais na Arábia do que jamais havia aprendido aos pés de Gamaliel (¹). Ninguém pode ensinar como Deus; e é necessário que todos aqueles que querem aprender d'Ele estejam a sós com Ele. Foi no deserto que Moisés aprendeu as lições mais preciosas, mais profundas, mais poderosas e mais duráveis; e é ali que devem encontrar-se todos os que queiram ser formados para o ministério. C. H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De Êxodo. Editora Associação Religiosa Imprensa da Fé. 3. O objetivo da chamada divina (Êx 3.10). Êx 3.12 Resposta à Primeira Objeção. Moisés não era apenas Moisés; ele era o Moisés em quem Deus estava cumprindo o Seu propósito. Esse é um segredo universal de homens verdadeiramente grandes. Eles são capacitados mediante a presença e o poder divino. O projeto era de Deus, e não de Moisés. Moisés seria apenas um instrumento. Naturalmente, suas habilidades naturais e seu conhecimento seriam usados no plano. Ele não seria apenas uma marionete. O sinal. Temos aqui uma garantia dada por Deus, como se fora uma promessa, de que 0 plano teria êxito, de tal modo que, ao sair do Egito, o povo de Israel serviria a Deus naquele monte santo, o monte de Deus, Horebe, ou Sinai. E isso teve cumprimento, como é lógico. A lei foi concedida ali, e Israel tornou-se uma nova espécie de nação, uma teocracia. A Moisés foi dado entender que o êxodo seria um empreendimento teocêntrico, envolvendo um sentido cósmico, o que significa que só o poder divino poderia realizar o feito. Alguns eruditos pensam que o sinal foi a sarça ardente (vs. 3,4); mas isso é menos provável. Ver Êxo. 24.4,5 quanto ao cumprimento do sinal, em comparação com Isa. 37.30, outro acontecimento da mesma natureza. Êx 3.13 A Segunda Objeção. Israel não daria crédito ao radical Moisés, que falava em visões e comissões dadas pelo Deus de Abraão. Haveriam de considerá-lo um visionário louco. Não o veriam como uma autoridade. Faltava a Moisés a autoridade divina, de acordo com sua própria estimativa, e o povo de Israel não demoraria a perceber isso. Moisés teria a tarefa de convencer o povo de Israel de que tinha falado com Deus e tinha recebido sua comissão. Qual é o seu nome? De acordo com a Bíblia, o nome de uma pessoa indica o seu caráter. Moisés, pois, estava reivindicando uma nova revelação, e isso requereria um novo nome divino para dar-lhe respaldo. Isso pode ser comparado com a história do novo nome de Jacó, Israel (Gên. 32.27 ss.). “Cria-se nos dias antigos que a essência de uma pessoa se concentrava em seu nome” (Oxford Annotated Bible, sobre Gên. 32.27). Um novo nome é um novo “eu”. No caso de Moisés, o novo nome indicava uma nova revelação de Deus, um novo propósito. Neste versículo está envolvido muito mais do que a ideia de o Deus de Israel ser identificado mediante um nome, em contraposição aos muitos nomes que eram adorados no Egito, conforme alguns eruditos têm interpretado. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 318. Embora Deus pudesse ter livrado Israel diretamente por uma palavra, preferiu fazer sua obra por seu servo. Disse Deus a Moisés: Eu te enviarei a Faraó (10). Este homem, outrora auto designado libertador, tinha de ir à presença do orgulhoso rei e tirar Israel do Egito sob a direção de Deus. Identificamos “O Envolvimento de Deus com o seu Povo” em cinco declarações: 1) Tenho visto atentamente, 7; 2) Tenho ouvido, 7; 3) Conheci, 7; 4) Desci, 8; 5) Eu te enviarei, 10. c) As instruções divinas (3.11-22). A princípio, Moisés contestou o plano de Deus usá-lo. Viu: a) sua incapacidade: Quem sou eu?; e b) a impossibilidade da tarefa: E tire do Egito os filhos de Israel? (11). O príncipe que há quarenta anos era confiante em si mesmo agora temia a tarefa. Era mais sábio no que concerne à capacidade humana de ocasionar a libertação, mas ainda tinha de aprender o poder de Deus. Como é frequente hesitarmos quando olhamos para nós mesmos — ato que devemos fazer —; mas não precisamos ter medo quando olhamos para Deus! Certamente eu serei contigo (12) sugere que quando Deus escolhe um mensageiro, Ele não se baseia na habilidade do indivíduo, mas na submissão deste à vontade de Deus. Deus assegurou a Moisés que ele e o povo serviriam a Deus neste monte depois que Israel fosse libertado do Egito. A expressão: Isto te será por sinal, está corretamente traduzida. Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 146.
  • 11. II - AS DESCULPAS DE MOISÉS E A SUA VOLTA PARA O EGITO 1, O receio de Moisés e suas desculpas. Moisés foi chamado por Deus, mas não atendeu à voz divina imediatamente. Analisemos os textos que se seguem. Em um primeiro momento (Êx 3.5,6), Deus fala com o pastor Moisés para que tenha temor ao se aproximar, e de imediato se identifica como sendo o Deus de Abraão, de Isaque e Jacó, uma clara referência de que Ele era reverenciado pelos antepassados de Moisés. Após se identificar (Ex 3.7,8), Deus deixa claro que viu a aflição do seu povo e que ia livrá-lo, tirando-os da escravidão e levando-os a uma terra nova e frutífera. “Vem agora, pois, e eu te enviarei a Faraó, para que tires o meu povo, os filhos de Israel, do Egito” (Ex 3.10). É curioso que Deus diz a Moisés que vai tirar seu povo do Egito, para depois dizer a Moisés que ele havia sido escolhido para ir diante de Faraó e convencer o rei a libertar o povo. Por que Ele mesmo não aparecia a Faraó e ordenava que o povo fosse solto? Ele tinha de usar alguém para tal função? Sim, Deus tinha de usar Moisés para tal feito. Como Moisés, precisamos aprender que Deus pode fazer grandes coisas sem utilizar ninguém, mas em diversas situações Ele se utiliza de pessoas como eu e você, limitadas, para cumprir seus propósitos. Analisando de forma mais acurada o texto que narra a conversa de Deus com seu servo, poderemos observar: “Então, Moisés disse a Deus: Quem sou eu, que vá a Faraó e tire do Egito os filhos de Israel? E Deus disse: Certamente eu serei contigo; e isto te será por sinal de que eu te enviei: quando houveres tirado este povo do Egito, servireis a Deus neste monte” (Ex 3.11,12). Moisés já tinha visto a sarça ardendo no deserto, e já ouvira Deus convocando-o para a missão que ocuparia uma parte importante de sua vida. Mas nem sempre pessoas que serão grandemente utilizadas por Deus estarão de imediato prontas para obedecer à sua voz quando chamadas. Moisés trouxe seu primeiro questionamento ao Senhor: “Quem sou eu para falar com Faraó e tirar o povo do Egito?” Aos próprios olhos, Moisés não tinha tal capacidade. É provável que ele estivesse pensando em seu passado, no crime que havia cometido, no prejuízo que teria se retornasse ao Egito e alguém se lembrasse do que ele fizera. Mesmo se essa possibilidade fosse remota, o certo é que Moisés não estava disposto a obedecer à voz de Deus, e deixou claro que não era qualificado para falar com Faraó. Observe que Deus disse a Moisés que seria com ele. Deus sabia das limitações daquele homem, mas garantiu-lhe que o acompanharia. Essa é uma promessa que nos deve fazer refletir, pois não raro, dependemos de muitos fatores para nos sentirmos seguros para fazer a obra de Deus, como recursos, pessoal e tempo. E do que realmente precisamos? Da companhia de Deus. Sem ela, nossos recursos, por mais que se mostrem abundantes, serão insuficientes. Com a presença de Deus, os recursos, por mais escassos, tornam-se instrumentos de abundância e de milagres diariamente. Então, disse Moisés a Deus: Eis que quando vier aos filhos de Israel e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós; e eles me disserem: Qual é o seu nome? Que lhes direi? E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós. E Deus disse mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: O SENHOR, o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó, me enviou a vós; este é meu nome eternamente, e este é meu memorial de geração em geração. (Êx 3.13-15) Moisés fez um segundo questionamento ao Senhor: Qual era o nome daquele que o estava comissionando? Deuses deveriam ter nomes. Os do Egito tinham suas nomenclaturas, e o nome das divindades geralmente espelhava alguma característica relacionada a um poder ou a um hábito dentro da teologia daquele povo. O Deus de Abraão, de Isaque e Jacó deveria ter um nome também. A expressão “o Deus de vossos pais” é muito impessoal. Se Deus tem um nome, porque Moisés não poderia sabe-lo? A resposta divina foi: “Diga aos filhos de Israel que o EU SOU está mandando você para libertá-los. Lembre-os de que sou o Deus de Abraão, Isaque e Jacó”. Deus deveria ser identificado como o Deus dos antepassados dos israelitas. Deus ordena que Moisés procure os anciãos e diga que o Deus dos pais deles tinha aparecido e ordenado a ele que fosse falar com Faraó. Observe que Deus não apenas trata de falar com Moisés, mas de dar a ele ordens bem direcionadas e específicas. Ele deveria falar com Faraó que Deus estava ordenando que o rei deixasse o seu povo ir, mas havia a orientação para que Moisés procurasse os anciãos do povo e comunicasse que Deus tinha visto o que os egípcios fizeram com os israelitas, que Ele os tiraria do Egito e que eles prestariam culto ao Senhor (Êx 13.1618). A mensagem foi dada, mas isto não indicava que as coisas seriam fáceis para Moisés. Deus diz a Moisés que Faraó não era uma pessoa de fácil relacionamento, e que não deixaria o povo sair. Por isso, Deus feriria o Egito e no fim os israelitas seriam libertos e ainda pediriam aos seus vizinhos egípcios bens em roupas e metais preciosos (Êx 3.19-22). Moisés apresentou outra desculpa para não obedecer àquilo que Deus estava mandando: os israelitas não acreditariam nele, e ainda diriam que Deus não havia aparecido a Moisés. Se Moisés não se convenceu imediatamente de sua chamada, como convenceria os israelitas de que ele era um enviado de Deus? A resposta de Deus foi imediata, por meio de sinais. Moisés lançou no chão a vara com que liderava as ovelhas de seu sogro, e ela se transformou em uma serpente. Quando Moisés pegou a serpente pela cauda, ela se transformou em uma vara novamente. Mas se este sinal foi pouco, Deus tinha outra forma de mostrar seu poder a Moisés: E disse-lhe mais o Senhor: Mete agora a mão no peito. E, tirando-a, eis que sua mão estava leprosa, branca como a neve. E disse: Torna a meter a mão no peito. E tornou a meter a mão no peito; depois, tirou-a do peito, e eis que se tornara como a sua outra carne. E acontecerá que, se eles te não crerem, nem ouvirem a voz do primeiro sinal, crerão a voz do derradeiro sinal; e, se acontecer que ainda não creiam a estes dois sinais, nem ouçam a tua voz, tomarás das águas do rio e as derramarás na terra seca; e as águas que tomarás do rio tornar-se-ão em sangue
  • 12. sobre a terra seca (Êx 4.6-9). Deus já conversara com Moisés, e lhe mostrou sinais de seu poder. Depois de tantas demonstrações, disse que confirmaria um terceiro sinal, transformando a água do rio em sangue. O que Moisés queria mais? Ele já tinha visto dois sinais, e se isso fosse pouco, um terceiro sinal Deus faria. Mas Moisés permaneceu na defensiva: desta vez ele alegou que não era uma pessoa hábil para realizar discursos que convencessem as pessoas. O tom de voz de Deus começou a mudar naquela conversa. Deus disse que Moisés fosse fazer seu trabalho que Ele o ensinaria como deveria falar (Ex 4.10-12). Moisés apenas deveria aprender a confiar no Senhor. Essas desculpas podem parecer irreais a nós hoje, mas nos lembremos de que Moisés até aquele momento, ao que parece, não tivera ainda um contato com Deus. Ele pode ter sido criado por uma família piedosa, mas ainda precisava ter sua própria experiência com o Senhor. E por não ter ainda essa experiência, provavelmente não estava disposto a obedecer. Para não ficar tão mal aos olhos de Deus, ele sugeriu: “Ah! Senhor! Envia aquele que hás de enviar, menos a mim” (Ex 4.13, ARA). Moisés já chegara ao seu limite, e não poderia mais protelar sua obediência ao Senhor. Deus disse-lhe que Arão seria um companheiro adequado para aquela missão, e que Arão falaria ao povo por Moisés. Desta vez, ele não teria mais alternativas a não ser obedecer (Ex 4.13-17). COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 17-21. Êx 3.11 Quem sou eu para ir...? Moisés Apresentou Quatro Objeções. 1. Inadequação pessoal (3.11). 2. A autoridade de Deus (investida em Seu nome) entregue a Moisés diante de Israel (3.13). 3. As dúvidas de Israel acerca da comissão e da autoridade recebida por Moisés da parte de Deus (4.1). 4. A falta de eloquência de Moisés (4.10). Moisés iniciou suas queixas falando sobre suas próprias inadequações. O augusto Faraó nem lhe daria ouvidos. É como se Moisés tivesse dito: Domine, non sum dignos. “Os homens mais aptos para grandes missões geralmente são os que se julgam mais despreparados. Quando Deus chamou Jeremias para ser um profeta, sua resposta foi: Ah! Senhor Deus! Eis que não sei falar; porque não passo de uma criança (Jer. 1.6). Ambrósio lutou muito para não ser nomeado arcebispo de Milão. Agostinho relutou em aceitar a missão na Inglaterra. Anselmo temia aceitar a liderança da igreja nos dias maus de Rufo” (Ellicott, in loc.). Durante quarenta anos (Atos 7.30), Moisés tinha sido um humilde pastor no deserto. Estaria ele agora preparado para ir falar pessoalmente com o Faraó? O Faraó tinha grande poder e um exército bem equipado. E 0 que tinha Moisés? Êx 4.14 ... se acendeu a ira do Senhor. Temos aqui uma expressão antropomórfica. Por que o Senhor se irou? Não porque Moisés estava sendo humilde demais. Antes, estava demonstrando incredulidade e porque, naquele momento, preferia sacrificar sua grande missão e privilégio em troca de conforto pessoal. A maioria dos homens não se dispõe a sacrificar-se muito em favor de Deus e do bem. A maioria dos homens é egocêntrica. O Substituto. O texto apresenta Deus a raciocinar com Moisés, cedendo diante de suas objeções e limitações, e, por assim dizer, concordando com as suas condições. Todos nós procuramos tratar com Deus dessa maneira, mas isso é uma ilusão. A sugestão divina foi que, em lugar de substituir Moisés, haveria de reforçá-lo no ponto de sua fraqueza. Arão, irmão de Moisés, homem que a mente divina sabia ser eloquente (pois, afinal de contas, Deus o havia criado desse modo, vs. 11), seria um reforço para garantir o sucesso do projeto divino. Fosse como fosse, conforme minha mãe costumava dizer: “Algumas vezes podemos barganhar com Deus, mas de outras vezes, não”. Ademais, 0 homem espiritual sabe que, algumas vezes, 0 melhor dos homens precisa ser fortalecido em seus pontos fracos, a fim de não fracassar. Deus lembra-se de que somos apenas pó. (Sal. 103.14). A Elevação de Arão. Esse foi um dos fatores que 0 qualificou para sua obra de sumo sacerdote, e qualificou a sua tribo, a dos levitas, a ocupar o oficio sacerdotal. Arão tornou-se o porta-voz de Moisés. Neste versículo, Arão é chamado de levita. Alguns críticos pensam que essa afirmação tenha sido feita a fim de conferir a Arão e à sua tribo a autoridade sacerdotal, mediante um texto de prova bíblico que favorece tal autoridade. O autor sagrado estaria aqui firmando os levitas como uma ordem sacerdotal autorizada, mediante uma palavra divina. ... se alegrará em seu coração. Provavelmente essas palavras indicam que Arão sentir-se-ia feliz em participar do projeto de libertação, a despeito de seus perigos, e não apenas que se alegraria por ver Moisés, ao qual talvez já não visse por algum tempo, que não é aqui designado. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 318. Moisés percebeu que, como porta-voz de Deus, ele tinha de convencer o povo. As pessoas perguntariam: Quem é este Deus que está te enviando? Qual é o seu nome? (13). Os deuses egípcios tinham nomes, e as pessoas iam querer saber o nome do Deus delas. Aqui em Horebe, Deus disse: EU SOU O QUE SOU (14). O original hebraico é uma forma da palavra Yahweh (Jeová). O tempo é indefinido, podendo significar igualmente o passado, o presente ou o futuro.20 Deus “se revelou a Moisés não como o Criador — o Deus de poder — Elohim, mas como o Deus pessoal de Salvação, e tudo o que contém o ‘eu sou’ será manifestado pelos séculos por vir”.21 Este nome também revelou sua eternidade — Ele era o Deus de vossos pais e este seria seu nome eternamente: Seu memorial de geração em geração (15). Mais tarde, este Ser divino disse que seria ele aquele “que é, e que era, e que há de vir, o Todo-poderoso” (Ap 1.8). E evidente por Gênesis 4.26 (onde Yahweh é traduzido por “o SENHOR”) que aqui Moisés recebeu uma explicação de um nome há muito conhecido (cf. tb. 6.3 e os comentários feitos ali). Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 146-147. 10. Eu te enviarei. Davies aponta esta passagem como a comissão apostólica de Moisés. Não há contradição entre o envio de Moisés e a intenção declarada de Deus de realizar pessoalmente a obra, Deus normalmente trabalha
  • 13. através da obediência voluntária de Seus servos, realizando Sua vontade. Cristo pode ter tido esta passagem em mente quando deu uma comissão apostólica semelhante a Seus discípulos (João 20:21). 11. Quem sou eu. Esta não é uma pergunta existencial mas uma expressão de dúvida (cf Jz 6:15). Moisés, ao contrário de seus anos no Egito, aprendera a desconfiar de si mesmo tão profundamente a ponto de incorrer na ira de Deus (4:14). Auto-desconfiança só é virtude quando nos leva a confiar em Deus. Caso contrário, termina em paralisia e incapacidade espirituais, "bem como em completa relutância em levar a cabo qualquer tipo de ação. Moisés, tal como Elias, é o exemplo do homem que sofreu um “ colapso nervoso” e se encontra completamente fechado para o trabalho de Deus. 12. Eu serei contigo. A frase “ Eu serei” (hebraico ’ehyeh) é quase com certeza um jogo de palavras com YHWH, o nome divino, explicado nos versos 14 e 15. O único meio de “ traduzir” o jogo de palavras para o português seria dizer “ Eu, Deus, serei contigo” . Deus responde à objeção levantada por Moisés quanto à sua incapacidade, de duas maneiras. Primeiramente Ele promete Sua própria presença; em segundo lugar, dá a Moisés um sinal ou prova de que está com ele. Depois disso Moisés não tem mais direito de protestar. Já não se trata de falta de autoconfiança (o que é bom) mas falta de fé (que é pecado). Este será o sinal de que Eu te enviei. A despeito de várias outras interpretações mais sofisticadas, a explicação mais simples de uma “ prova” é ainda a melhor. A nação que fora escrava, depois de liberta, adoraria a Deus um dia naquele mesmo Monte Sinai. Como diríamos hoje, era questão de ver para crer. O sucesso da missão confiada a Moisés provaria além de qualquer dúvida que Deus estava com ele e o havia enviado. Tais sinais sempre seguem a fé. Por enquanto, Moisés deve avançar pela fé; a situação é típica da perspectiva bíblica quanto a sinais. A grande aliança e a doação da Lei no Sinai foram o cumprimento deste sinal (cap. 19 ss). Basta esta promessa para entendermos a insistência de Moisés perante Faraó de que Israel precisava celebrar uma festa a YHWH no deserto (5:1); somente assim o sinal poderia ser cumprido. R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 65-66. MOISÉS TENTA ESQUIVAR-SE DE DEUS Longe de sentir-se encorajado com sua experiência na sarça ardente, Moisés inventa uma série de desculpas que ele acredita desqualificá-lo como escolha de Deus. Quem sabe Deus cometeu um erro de julgamento! Suas desculpas são: Incapacidade (ou au Lo dep reciação): “Quem sou eu, que vá a Faraó e tire do Egito os filhos de Israel?” (3.11) Ignorância'. “Eis que quando vier aos filhos de Israel [...] e eles me disserem: Qual é o seu nome? Que lhes direi?” (3.13) Incredulidade-, “Então, respondeu Moisés e disse: Mas eis que me não crerão, nem ouvirão a minha voz, porque dirão: O Senhor não te apareceu” (4.1). Inexpressividade. “Ah! Senhor! Eu não sou homem eloquente [...] porque sou pesado de boca e pesado de língua” (4.10). Insubordinação-, “Ah! Senhor! Envia aquele que hás de enviai; menos a mim” (4.13 — ARA). Childs, com correção, comenta: “O avanço do diálogo é mais visceral que racional”. Felizmente para Moisés, o Deus com quem ele conversou já estava acostumado à desculpas semelhantes. Deus retorque a cada escusa apresentada. Incapacidade. Nas várias respostas de Moisés, nota-se que ele considera seus próprios recursos, sem contar com os recursos de Deus. Logo, para corrigi-lo e refutar sua primeira desculpa, Deus diz: “Eu estarei com você” (Ex 3.12 — NVI). Isso significa que, para Moisés, a principal questão não é “Quem sou eu?”, mas “A quem pertenço?” (Conforme o que afirma o apóstolo Paulo: “Porque, esta mesma noite, o anjo de Deus, de quem eu sou e a quem sirvo, esteve comigo” [At 27.23]). D. E. Gowan, em um fascinante estudo dessa expressão (“Eu estarei com você” / “o Senhor estava com ele”) no Antigo Testamento, frisa que ela é predominantemente utilizada com pessoas em posição de liderança, ou prestes a assumi-la. E também utilizada com pessoas que enfrentam um sério perigo ou cuja chance de fracasso é grande. Assim sendo, jamais se pretendeu que ela significasse uma “garantia incondicional de segurança do status quo [...] (ou) fosse uma expressão comum utilizada em relação a um bemestar geral”. Como garantia. Deus provê um “sinal” (3.12a). Para decepção de Moisés, o sinal se tornaria evidente somente após ele arriscar a própria vida (3.12b). O que ele deseja é um sinal antecipado, não posterior; não apenas a palavra do Senhor, mas um sinal tangível. Ignorância. Moisés previu que lhe seria perguntado algo que não saberia responder. Pode ser que tal preocupação tivesse sido motivada por suposições quanto à possibilidade de o nome de Deus ter sido apagado da memória dos hebreus, visto que já estavam há tanto tempo refugiados no Egito. Mais provavelmente, contudo, ele estava preocupado com a possibilidade de lhe pedirem para identificar pelo nome o Deus que o enviou, como em um tipo de teste para validar seu ministério entre eles. Talvez não seja incidental o fato de as Escrituras jamais registrarem alguém fazendo essa pergunta. Apesar disso, Deus não considera as preocupações de Moisés inválidas. Em resposta, surge o nome do próprio Deus, Jeová, ou como ele é muitas vezes chamado, o Tetragramaton (ou seja, o tetragrama formado por quatro letras hebraicasy-h-w-h). E enorme o número de estudiosos que já trataram dessa questão. Para os principiantes, podemos definir como a terceira pessoa do singular do verbo h-w-h, “ser”, ou seja: “ele é” ou “ele será”. Via de regra, a tradução no versículo 14 de ’ehyeh ’ashèr ’ehyeh é “eu sou o que sou”, apesar de uns poucos (como, por exemplo, C. H. Gordon e C. Isbell) estudiosos defenderem que essa frase está na terceira pessoa e não na primeira pessoa, de modo que deveria ser lida como “Ele é o que Ele é” . Qual o significado da resposta de Deus? Seria uma evasiva, uma humilhação para Moisés, que, assim como Jacó (Gn 32.29) ou a mãe de Sansão (Jz 13.6), não tinha direito algum de indagar sobre o nome sagrado? O argumento
  • 14. apresentado no versículo 14b (“Assim dirás aos filhos de Israel: Eu Sou me enviou a vós”) demonstra que não se trata de uma evasiva. E uma resposta suficiente e satisfatória para que Moisés atenda ao povo no caso de a questão ser levantada. Na sintaxe hebraica, quando o verbo da oração subordinada é o mesmo da oração principal, existem duas traduções possíveis. E exatamente isso que encontramos aqui: “Eu sou o que Sou” (3.14). Para exemplificar, podemos citar Êxodo 4.13, onde se lê: “Envia aquele que hás de enviar” (ARA); ou seja, “envie qualquer outro, menos eu” . Em 1 Samuel 23.13, lemos literalmente: “Então, se levantou Davi com os seus homens [...] e foram-se aonde puderam”; ou seja, “foram para onde puderam ir”. Nesses dois exemplos, com o orador no primeiro e o narrador no segundo, vemos expressões deliberadamente genéricas. Ao comentar sobre essa expressão em Êxodo 3.14, Martin Noth observa: “O tipo de indefinição expressa deixa um grande número de possibilidades em aberto (‘Eu sou aquilo que quiser ser’)” . A mesma expressão pode transmitir não apenas indeterminação, mas também veemência e realidade. Êxodo 33.19. “terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia e me compadecerei de quem me compadecer” , por exemplo, não expressa indefinição, mas veemência. Da mesma forma, Ezequiel 12.25. “Porque eu, o Senhor, falarei, e a palavra que eu falar se cumprirá”, significa que o Senhor não pode ser silenciado ou sua palavra abafada. Um texto neotestamentário semelhante pode ser encontrado na palavras de Pilatos: “O que escrevi, escrevi” (Jo 19.22). Sua palavra é imutável e indelével. Nesse sentido, portanto, “Eu sou o que Sou” significa que “eu estou (com você, onde quer que você esteja), que eu realmente estou” . Parte dessa nuança é aventada pela tradução da Septuaginta, que traz “Eu sou aquele que é” . Voltando à sintaxe hebraica, o sujeito da oração subordinada deve concordar em gênero e número com a oração principal. Sendo assim, Êxodo 20.2 literalmente diz: “Eu sou o Senhor, teu Deus, que [Eu] te tirei da terra do Egito, da casa da servidão”. E claro que na sintaxe da língua portuguesa o “que” já bastaria como sujeito do verbo, mas em hebraico, não passa de um conectivo que liga a oração principal à subordinada. Em consequência, o termo equivalente a “Eu sou o que Sou” seria “Eu sou ele que é”. E visto que ele é, ele está sempre presente, ainda que em meio à confusão que havia no Egito. O fato de Deus revelar seu nome a Moisés indica a impossibilidade de poder haver um relacionamento significativo com alguém cujo nome não se conhece. Contudo, como Terence Fretheim enfatiza, conhecer o nome de alguém implica em poder honrar ou desonrar esse nome. Deus se dispõe a assumir esse risco, mas não sem antes dar um alerta. Logo, o Deus que revela seu nome a Moisés em Êxodo 3 e 6 toma o cuidado de proibir seu uso errado em Êxodo 30 (v. 7). Incredulidade. Ainda assombrado pela possibilidade de ser rejeitado, Moisés sugere que sua credibilidade será atacada por seu próprio povo. O povo de Deus é mais difícil de lidar que os inimigos do Altíssimo. Moisés recebeu três sinais de Deus para comprovar seu chamado divino: uma vara é transformada em cobra e então novamente em vara; uma mão é tomada pela lepra e então curada; um copo cheio de água do Nilo, ao ser derramado na terra, transforma-se em sangue (4.2-9). Os dois primeiros, ao menos para Moisés, devem ter sido assustadores. George Knight comenta: “Deus precisou sacudir de Moisés seus raciocínios egoístas. Moisés precisou aprender que ninguém menos que Deus o chamava para fazer coisas absurdamente difíceis”. Inexpressividade. Uma coisa é realizar atos miraculosos, mas o que acontece se a pessoa também precisar falar e temer ficar com a língua presa ou confundir as palavras? Poderiam alguns tropeços verbais destruir os bons efeitos dos sinais sobre o povo? E interessante observar que Estevão fala sobre um Moisés “instruído em toda a ciência dos egípcios e [...] poderoso em suas palavras e obras” (At 7.22). Ou Estevão está deliberadamente exagerando em sua exposição, ou o que Moisés demonstrou foi uma falsa humildade; ou seja, negou um dom que Deus efetivamente lhe dera. Pode ser, no entanto, que Moisés de fato sofresse de algum tipo de problema na fala (Tigay), o que justificaria seus temores. Insubordinação. O esforço de Moisés em evitar suas responsabilidades chegam ao clímax em sua quinta objeção: “Manda outra pessoa” . De modo relutante, Deus cede aos seus desejos, sugerindo que Arão seja o representante de Moisés. As credenciais de Arão? “Eu sei que ele falará muito bem” (4.14). Como bem? Pelo menos suficientemente bem para reunir apoio e recursos para a apostasia do bezerro de ouro (Ex 32)! Satisfeito por Deus tê-lo ao menos suprido de um assistente, Moisés volta até seu sogro para dizer adeus (um tanto diferente da separação entre Jacó e Labão!) e segue para o Egito. Em seguida, lemos o mais estranho acontecimento narrado no livro de Êxodo. Antes de chegar a seu destino, Moisés encontra-se com o Senhor, que tenta matá-lo. (Moisés ou o primogênito de Moisés?) A passagem é extremamente confusa. Por que Deus procuraria matar Moisés logo após chamá-lo? Na frase “o Senhor o encontrou e o quis matar”, quem é o “o”? Seria Moisés ou um de seus dois filhos? Caso fosse um filho, qual dos dois? Como Zípora, uma midianita, sabe como reagir prontamente naquela situação? Na frase “e o lançou a seus pés”, aos pés de quem ela lançou? Seriam os pés de Moisés, do filho ou do agressor celestial (a ARA substitui abertamente o “o” por “Moisés”)? Que devemos entender quando Zípora reage automaticamente: circuncida seu filho com uma pedra afiada e toca os pés de alguém (seria isso um eufemismo para genitália?) com o prepúcio. Graças à ação rápida da esposa, Moisés (ou seu filho) é salvo. Fretheim comenta que Zípora, ao salvar Moisés (ou seu filho) da ira de Deus, prenuncia o ministério de intercessão de Moisés (capítulo 32), o qual salva Israel da ira divina. Se ela não tivesse tomado uma atitude, Moisés (ou seu filho) seria morto. Se Moisés não orasse e implorasse pela misericórdia de Deus, o povo de Israel seria morto e Deus começaria tudo outra vez com Moisés. Zípora assemelha-
  • 15. se a Raabe e Rute: três mulheres gentias que demonstram grande sabedoria e coragem, sendo usadas por Deus para livrar e preservar seu povo. A história claramente enfatiza a importância da circuncisão como um sinal da aliança. Não se trata de um ritual a ser realizado conforme a conveniência do momento. Não se pergunta ao adorador se ele acha isso apropriado e importante. A circuncisão é uma ordenança divina. O ministério junto à família tem precedência sobre o ministério para com a congregação. A respeito desse incidente, C. H. Gordon comenta: “Ele tem o objetivo de alertar os judeus de todas as gerações: ‘Não deixem de circuncidar seus filhos! Se nem Moisés conseguiu fugir disso, como poderiam vocês?’” A utilidade da narrativa, contudo, vai além de uma lição com fins práticos para as gerações vindouras. Já vimos que interiormente que a circuncisão era o sinal da aliança especial com Abraão e sua semente (Gn 17). Como mediador da aliança, Moisés precisa cumprir em si o sinal da aliança. Além do mais, a circuncisão feita por Zípora identifica Moisés e seu filho como pertencentes à descendência de Abraão. A aliança de Deus com Abraão incluiu Moisés na qualidade de filho de Abraão. Toda tentativa de se traçar distinções rígidas entre a aliança com os patriarcas e a aliança firmada no Sinai acaba neutralizada pela correspondência entre as obrigações de Moisés e Abraão. Greenberg relaciona as temáticas desse relato e da experiência de Jacó em Peniel. Um agressor divino, encoberto pela escuridão, ataca alguém que está desprevenido. Jacó estava na expectativa de se reconciliar com Esaú. Moisés estava voltando ao Egito para reunir-se com seus compatriotas e enfrentar Faraó. O sangue ali derramado, que resultou no livramento de Moisés, prenuncia a libertação de Israel do Egito, também com derramamento de sangue. As correspondências entre esse incidente, em Êxodo 4. e a Páscoa, em Êxodo 12, são por demais interessantes. Ambos acontecem à noite (4.24; 12.8,12,29). Em ambos, a circuncisão tem um papel fundamental (4.25,26; 12.43-49). Ambas utilizam o verbo “lançar” (nãga") em 4.25, Zípora “lançou” o prepúcio aos pés de Moisés ou de seu filho; enquanto, em 12.22, as pessoas devem “lançar” um pouco de sangue nas vergas e ombreiras das portas de suas casas. E, acima de tudo, em ambos os casos o sangue derramado protege alguém da ira de Deus. Para esse episódio, existem outros temas análogos em Gênesis e Êxodo. O Senhor, por exemplo, livra, comissiona e, então, procura matar Moisés. De forma semelhante, o Senhor livra, comissiona e procura, logo em seguida, exterminar seu povo (Ex 32.10). Em ambos os casos, o juízo é causado por uma violação dessa aliança. A presteza de Zípora salvou Moisés e a intercessão de Moisés salvou os israelitas. Assim como a atitude astuta de Raquel salvou Jacó de Labão a agilidade de Zípora salvou Moisés de Deus. Knight levanta algumas questões interessantes: “Será que Zípora compreendia esse aspecto da aliança melhor que seu marido? Cria ela que a união de um homem e uma mulher em aliança refletia a importância da própria aliança divina, de modo que seu marido havia desonrado tanto ela como a Deus? Seria possível que ela, intuitivamente, tivesse compreendido a gravidade da revelação de que não há redenção sem o derramamento de sangue?” Pelo menos no curto prazo, a vida de Moisés não se tornou nem um pouco mais agradável. Após um difícil diálogo com Deus (3.1—4.17), ele se acha à beira da morte (4.18-26). Ele já havia conhecido a Deus em meio a um debate; agora, conhecia-o como um divino agressor. Em seguida, há um momento de alívio (4.27-31), quando Moisés é recebido de volta e se reúne com todo o povo em um culto de adoração e louvor. O Faraó, no entanto, é obstinado. Ele é totalmente indiferente aos apelos de Moisés (5.3). Ao afirmar: “Não conheço o Senhor”. Faraó quer dizer que não reconhece sua autoridade. Sua declaração parece ser uma combinação de desafio e ignorância. Um Faraó anterior não “conhecera” José (1.8) e aquele Faraó não “conhecia" Jeová como Jeová, tal qual os patriarcas que, conforme 6.3, são impedidos de “conhecer” Jeová como Jeová. Para piorar tudo, a carga de trabalho exigida dos hebreus foi aumentada de maneira absurda (5.4-18). Como seria de se esperar, os hebreus ficam profundamente ressentidos com seu suposto libertador (5.19-21). Que mudança de ânimo! Num dia, lisonja no outro, repúdio. Diante de um outro libertador, um dia o povo diria: “Hosana”; e então, no dia seguinte: “Crucifica-o!” Observe a aspereza das palavras de Moisés para Deus nos versículos 22,23. Em sua raiva e perplexidade, ele dá início a uma tradição de dizer a verdade em oração, novamente verificada em alguns salmos de lamento (SI 73, por exemplo) e nas “confissões” de Jeremias (Jr 12.1-6; 15.16-18; 20.7). VICTOR P. HAMILTON. Manual do Pentateuco. Editora CPAD. pag. 162-169. 2. Deus concede poderes a Moisés. Deus não apenas convocou Moisés para aquela empreitada, mas deu- lhe poderes específicos para que o representasse. Os sinais que Moisés presenciou eram um prenúncio do que Deus haveria de fazer no Egito. Ele deveria contar aos hebreus o que presenciara e, mais que isso, deveria, por recomendação divina, pegar a água do rio e lançá-la na terra, para que se tornasse em sangue. Moisés, portanto, tinha não apenas os sinais para contar aos hebreus, mas tinha também outro para fazer na frente deles, caso não acreditassem na sua palavra. COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 21. Deus Concede Poderes a Moisés (4.1-17) Os críticos atribuem esta seção a uma combinação das fontes J, E e P(S). Moisés tinha recebido o informe de que era participante do Pacto Abraâmico (Êxo. 2.24). Tinha recebido o Novo Nome de Deus que impressionaria Israel com sua autoridade (Êxo. 3.14). Tinha recebido muitas promessas de sucesso (Êxo. 3.16 ss.), a começar pelos anciãos de Israel, o que culminaria com o resgate de Israel da servidão no Egito. Agora, porém, ele precisava receber poderes divinos, sendo esse o tema da seção à nossa frente. Esses poderes seriam miraculosos, porquanto somente milagres de Deus poderiam conseguir o livramento de Israel. Ver as notas sobre o Pacto Abraâmico em Gên. 15.18, como também os vss. 13 e 16 daquele capítulo. O texto que se segue destaca mais duas objeções feitas por Moisés. Ver Êxo. 3.11 quanto às três objeções de
  • 16. Moisés, com suas respectivas referências. Agora, era mister que Moisés autenticasse sua autoridade diante dos anciãos de Israel (Êxo. 4.1); e também deveria haver alguma provisão para que ele se comunicasse bem, pois não era homem eloquente (Êxo. 4.10). Deus cuidou paciente e eficazmente dos temores de Moisés. Mas quem não teria tais temores se tivesse de enfrentar ao Faraó e a uma tarefa aparente- mente impossível? Deus deu a Moisés poderes miraculosos (vss. 3,5-9) a fim de mostrar-lhe que o projeto divino contaria com o poder de Deus, que se manifestaria através dele. No Egito florescia uma mágica supersticiosa. Mas não devemos supor que Moisés participasse dessas artes mágicas. Foi-lhe dado o poder divino, e não um poder mágico. Alguns estudiosos liberais atribuem esse relato a meras noções supersticiosas. O homem espiritual, porém, sabe que existem milagres. Êx 4.1 Eis que não crerão. Moisés referia-se aos anciãos de Israel (ver os vss. 5 e 21). Além disso, o Faraó também não daria crédito à simples palavra de Moisés. Era mister que ele se tornasse um Moisés dotado de poderes miraculosos, para que seu testemunho fosse eficaz. Os milagres sempre foram úteis para efeito de autenticação. Mas também servem de veículos da misericórdia divina. Cf. Atos 7.22. Moisés possuía toda a sabedoria do Egito, mas agora estava munido de muito mais do que isso. Agora também fora divinamente dotado, o que o distinguia dos mágicos do Egito. Os milagres cristalizam-se em torno de certas crises do trato de Deus com o homem” (Ellicott, in loc). As palavras têm grande valor. Algumas vezes, porém, é mister adicionar obras. E mais ocasionalmente ainda, deve haver obras miraculosas se os propósitos de Deus tiverem de cumprir-se. Êx 4.2,3 Uma vara. Provavelmente era um cajado comum. Mas logo a vara seria transformada em uma serpente. A habilidade dos mágicos egípcios aparentemente incluía a capacidade de hipnotizar uma serpente, fazendo-a tornarse rígida. E assim os mágicos eram capazes de segurar na mão uma serpente hipnotizada, para admiração dos circunstantes. Era um truque de mágico. Mas fazer um pedaço de madeira transformar-se realmente em uma serpente era coisa totalmente diversa. Os céticos pensam que temos aqui uma exibição de antigas artes mágicas, aprendidas no Egito por Moisés. Os mágicos são capazes de fazer coisas deveras admiráveis, embora tudo não passe de ilusão. Mas quando Moisés fugiu da serpente, não havia nela nenhuma ilusão! Os egípcios usavam de ilusão e imitação. Moisés, porém, realizava feitos reais extraordinários. Essa era a diferença vital entre o antigo Moisés e 0 novo Moisés. Se os críticos veem apenas um elemento supersticioso nessa questão da “vara”, podemos estar certos de que havia ali poder, por causa do poder que Yahweh tinha atribuído a Moisés. Assim também a coroa de um rei não tem, em si mesma, nenhuma autoridade. Trata-se apenas de um símbolo dessa autoridade. A vara de Moisés era apenas um objeto de madeira. Mas pareceu bem a Yahweh agir quando Moisés brandia aquela vara. Esta tornara-se emblema do poder divino nele investido, que funcionava sempre que isso se tomava necessário. Ver Êxo. 4.17 quanto a notas adicionais sobre a vara. O Primeiro Milagre. Temos aqui o primeiro milagre a ser registrado na Bíblia. Os intérpretes judeus ornavam o texto com toda espécie de descrição pavorosa sobre as serpentes venenosas. Filo, porém, realmente exagerou nos comentários, ao dizer que a serpente era, de fato, um enorme dragão (De Vita Mosis, 1.1 614). Êx 4.4 Pega-lhe pela cauda. Moisés fugiu de medo, mas a voz de Deus ordenou- lhe que não tivesse medo e segurasse a serpente pela cauda, 0 que não exigia pequena coragem! Moisés obedeceu e, para seu espanto, a serpente transformou-se de novo em uma simples vara. Esse ato final foi necessário para mostrar a Moisés que aquilo que tinha acontecido não era apenas uma ilusão. Moisés tinha que ver, antes de tudo, a autenticidade do poder divino, antes que pudesse convencer os outros a esse respeito. Metáforas. O que os intérpretes judeus dizem aqui, embora interessante, é totalmente inútil. A serpente é concebida como 0 diabo, ao qual Moisés aprendeu a controlar. Além disso, seus três estados ilustrariam a vida de Israel: primeiro Israel floresceria no Egito, sob José (a serpente como uma vara); então Israel seria escravizado (a serpente adquire vida e torna-se perigosa); e, então, Israel seria libertado (a serpente volta a ser uma vara, sem nenhum dano). Os intérpretes cristãos veem Cristo aqui: a vara, Sua força; Ele foi lançado por terra em Sua humilhação; finalmente, foi-Lhe restaurado o poder. Mas outros eruditos pensam mais no ministério de Moisés: a principio, em conforto e em paz; então, em perigo; finalmente, foi-lhe devolvida a paz e a vitória. A fé triunfou sobre o mero instinto. O instinto de Moisés consistiu em fugir da serpente. Mediante a fé, porém, foi capaz de vencer isso e segurar a serpente pela cauda. Por igual modo, ele seria capaz de domar a serpente, ou seja, o Faraó. Êx 4.5 Para que creiam. Os milagres autenticam a fé, e esse tem sido sempre o uso da fé. Este versículo faz-nos voltar aos nomes divinos que figuram com tanta importância neste texto. Em seguida, Moisés levou a Israel os nomes tradicionais de Yahweh e Elohim, associando-se ao propósito que tinha operado através dos patriarcas (Êxo. 3.15). E isso é repetido neste versículo. Ver Êxo. 3.13 quanto ao poder existente no nome de uma pessoa, de acordo com uma antiga crença. Para que [eles] creiam. Esse “eles” (oculto em nossa versão portuguesa) refere-se aos anciãos de Israel, cuja cooperação com Moisés seria um sine qua non (sem a qual não) do projeto divino. O vs. 21, porém, aplica a questão aos egípcios. “Sem o dom de milagres, nem Moisés teria persuadido os israelitas, nem os apóstolos teriam convertido o mundo” (Ellicott, in loc.). Êx 4.6,7 O Segundo Milagre Autenticador. O primeiro milagre, Moisés exibiu diante dos egípcios (Exo. 7.10 ss.). Mas este segundo milagre não foi efetuado diante do Faraó, pelo menos até onde vai o registro sagrado. Mas talvez o vs. 30 tencione dizer que assim aconteceu.