SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 1
Descargar para leer sin conexión
Nas sociedades primitivas e no Oriente, a máscara é um objeto sagrado através do qual o
homem se comunica com forças cósmicas e recebe energias da natureza. É um objeto emissor
e receptor de forças. A máscara é um elemento de ligação e de transformação, por isso surge
sempre ligado à dança. É usado nos ritos de passagem, na iniciação da criança ao mundo
adulto. Mas no Ocidente ela quase não tem conotação sagrada, nem provoca em nós os
mesmos efeitos e as mesmas transformações que ocorrem no Oriente.
No teatro nô a máscara colabora para o distanciamento e a desindividualização do ator.
Apresenta o essencial e confere ao personagem um visual tão insólito quanto os sons não
humanos que o nô busca. A máscara é sempre o genérico, é a tipificação, está sempre mais
próxima da idéia. No teatro grego antigo era usada, à princípio, para representar entidades
mitológicas. Na commedia dell’arte representava-se com ela os tipos da sociedade, como já
vinham sendo apresentados pelos atores cômicos desde os primeiros mimos (Mime foi uma
forma teatral cultivada na Grécia e na Roma antigas). Nas sátiras sócio-políticas, no carnaval e
nos festejos populares, é dissimulação; provoca, com seu grotesco irreal, uma inversão de
valores; tem uma função denunciadora e subversiva.
A máscara é sempre metamorfose. Ao esconder um rosto, revela sempre uma outra
personalidade; ao eliminar a pessoa do ator, revela imediatamente um personagem.
Na medida em que a máscara traz a essência de um personagem, ela despersonifica o ator ou
o indivíduo, colocando em seu lugar um conceito abstrato. Ao identificar o homem com uma
máscara, com um protótipo, Alfred Jarry priva-o de sua natureza, de suas peculiaridades e o
transforma em objeto, torna-o uma idéia. Ao mesmo tempo, a humanização do objeto-máscara
implica numa despersonalização do homem.
No Oriente e nos rituais primitivos, a máscara, por si mesma, tem uma significação, tem uma
vida própria, e quando usada no palco ou numa cerimônia, a sua vivência é imediata. Já no
Ocidente, um ator, para usá-la dramaticamente, precisa passar antes por um aprendizado, pois
se ela não for bem manipulada, se o ator não souber animá-la devidamente, a máscara pode,
num primeiro instante, causar um grande impacto, mas só no primeiro instante, porque logo
esse impacto se perde. Ela se torna um objeto morto. Enquanto simples adorno, a máscara
não comunica nada, torna-se estranhamente patética.
Se no Oriente o seu portador se sente transformado com ela, se recebe dela energias, no
Ocidente quem a usa não sente que receba coisa alguma; ao contrário, ele a vê como um
objeto ao qual precisa dar vida. O ator ocidental usa máscaras sem conotação alguma de
passado ou de energias cósmicas, sem outros significados senão aquele que o seu visual lhe
confere.
Por suas qualidades, a máscara é usada como um instrumento de preparação do ator. A
máscara faz com que ele perca a relação habitual que mantém com o mundo à sua volta e lhe
dá uma sensação nova de espaço e tempo, favorecendo também sua introspecção. A máscara
ensina o ator a manter uma atenção contínua sobre seu corpo e sobre seu rosto, obriga-o a
controlar seus movimentos mais lentos e mais energéticos. Ao mesmo tempo em que provoca
uma conscientização do corpo, a máscara favorece a interiorização.
No Oriente, como no Ocidente, qualquer que seja o seu uso, a máscara provoca uma
transformação. Os seus significados são sempre intuitivamente captados, pois a máscara
exclui o pensamento racional.

Más contenido relacionado

Destacado

Diapositivas taller 3 tics
Diapositivas taller 3 tics Diapositivas taller 3 tics
Diapositivas taller 3 tics Kike Torres
 
DIA DEL ESTUDIANTE COMBATIVO, NUESTRA MEMORIA
DIA DEL ESTUDIANTE COMBATIVO,  NUESTRA MEMORIADIA DEL ESTUDIANTE COMBATIVO,  NUESTRA MEMORIA
DIA DEL ESTUDIANTE COMBATIVO, NUESTRA MEMORIAANDESCOLOMBIA123
 
UNIVERSIDAD TECNICA DE MACHALA
UNIVERSIDAD TECNICA DE MACHALAUNIVERSIDAD TECNICA DE MACHALA
UNIVERSIDAD TECNICA DE MACHALAAnita Linda
 
7-2 and 7-3 Similar Polygons and Triangles.pdf
7-2 and 7-3 Similar Polygons and Triangles.pdf7-2 and 7-3 Similar Polygons and Triangles.pdf
7-2 and 7-3 Similar Polygons and Triangles.pdfbwlomas
 
Above the code principles of startup communications : mass challenge israel
Above the code  principles of startup communications : mass challenge israelAbove the code  principles of startup communications : mass challenge israel
Above the code principles of startup communications : mass challenge israelAlan Weinkrantz
 
outil pour cartes mentales coggle aideinfor
outil pour cartes mentales coggle aideinforoutil pour cartes mentales coggle aideinfor
outil pour cartes mentales coggle aideinforAideinfor
 
Capstone project
Capstone projectCapstone project
Capstone projectAlicia Poe
 
Evaluacion primero
Evaluacion primeroEvaluacion primero
Evaluacion primeroerlenx
 
Realizzazione Cartelline Personalizzate | Mybrochure
Realizzazione Cartelline Personalizzate | MybrochureRealizzazione Cartelline Personalizzate | Mybrochure
Realizzazione Cartelline Personalizzate | MybrochureMyBrochure
 
Lomatium californicum
Lomatium californicumLomatium californicum
Lomatium californicumcvadheim
 
How to clean windows 8 or 8.1 hard drive
How to clean windows 8 or 8.1 hard driveHow to clean windows 8 or 8.1 hard drive
How to clean windows 8 or 8.1 hard drivescarlet christer
 
Daily Report Commodities
Daily Report CommoditiesDaily Report Commodities
Daily Report Commoditieseka rup
 
Cualidades físicas y sus métodos de desarrollo
Cualidades físicas y sus métodos de desarrolloCualidades físicas y sus métodos de desarrollo
Cualidades físicas y sus métodos de desarrolloVenan21
 

Destacado (14)

Social Media for Job Search: Why and How
Social Media for Job Search: Why and HowSocial Media for Job Search: Why and How
Social Media for Job Search: Why and How
 
Diapositivas taller 3 tics
Diapositivas taller 3 tics Diapositivas taller 3 tics
Diapositivas taller 3 tics
 
DIA DEL ESTUDIANTE COMBATIVO, NUESTRA MEMORIA
DIA DEL ESTUDIANTE COMBATIVO,  NUESTRA MEMORIADIA DEL ESTUDIANTE COMBATIVO,  NUESTRA MEMORIA
DIA DEL ESTUDIANTE COMBATIVO, NUESTRA MEMORIA
 
UNIVERSIDAD TECNICA DE MACHALA
UNIVERSIDAD TECNICA DE MACHALAUNIVERSIDAD TECNICA DE MACHALA
UNIVERSIDAD TECNICA DE MACHALA
 
7-2 and 7-3 Similar Polygons and Triangles.pdf
7-2 and 7-3 Similar Polygons and Triangles.pdf7-2 and 7-3 Similar Polygons and Triangles.pdf
7-2 and 7-3 Similar Polygons and Triangles.pdf
 
Above the code principles of startup communications : mass challenge israel
Above the code  principles of startup communications : mass challenge israelAbove the code  principles of startup communications : mass challenge israel
Above the code principles of startup communications : mass challenge israel
 
outil pour cartes mentales coggle aideinfor
outil pour cartes mentales coggle aideinforoutil pour cartes mentales coggle aideinfor
outil pour cartes mentales coggle aideinfor
 
Capstone project
Capstone projectCapstone project
Capstone project
 
Evaluacion primero
Evaluacion primeroEvaluacion primero
Evaluacion primero
 
Realizzazione Cartelline Personalizzate | Mybrochure
Realizzazione Cartelline Personalizzate | MybrochureRealizzazione Cartelline Personalizzate | Mybrochure
Realizzazione Cartelline Personalizzate | Mybrochure
 
Lomatium californicum
Lomatium californicumLomatium californicum
Lomatium californicum
 
How to clean windows 8 or 8.1 hard drive
How to clean windows 8 or 8.1 hard driveHow to clean windows 8 or 8.1 hard drive
How to clean windows 8 or 8.1 hard drive
 
Daily Report Commodities
Daily Report CommoditiesDaily Report Commodities
Daily Report Commodities
 
Cualidades físicas y sus métodos de desarrollo
Cualidades físicas y sus métodos de desarrolloCualidades físicas y sus métodos de desarrollo
Cualidades físicas y sus métodos de desarrollo
 

Más de studio silvio selva

Lei 1574 71- Estatuto dos Servidores Municipais de Bauru
Lei 1574 71- Estatuto dos Servidores Municipais de BauruLei 1574 71- Estatuto dos Servidores Municipais de Bauru
Lei 1574 71- Estatuto dos Servidores Municipais de Baurustudio silvio selva
 
Vamos sair da chuva quando a bomba cair mario bortolotto
Vamos sair da chuva quando a bomba cair  mario bortolotto Vamos sair da chuva quando a bomba cair  mario bortolotto
Vamos sair da chuva quando a bomba cair mario bortolotto studio silvio selva
 
Gabriel garcia marques ninguém escreve ao coronel
Gabriel garcia marques   ninguém escreve ao coronelGabriel garcia marques   ninguém escreve ao coronel
Gabriel garcia marques ninguém escreve ao coronelstudio silvio selva
 
As alegres matronas de windsor W. Shakespeare
As alegres matronas de windsor W. ShakespeareAs alegres matronas de windsor W. Shakespeare
As alegres matronas de windsor W. Shakespearestudio silvio selva
 
"Alegres senhoras de Windsor" William Shakespeare,
"Alegres senhoras de Windsor"  William Shakespeare, "Alegres senhoras de Windsor"  William Shakespeare,
"Alegres senhoras de Windsor" William Shakespeare, studio silvio selva
 
'O casamento do pequeno burgues' bertolt brecht
'O casamento do pequeno burgues'   bertolt brecht'O casamento do pequeno burgues'   bertolt brecht
'O casamento do pequeno burgues' bertolt brechtstudio silvio selva
 
Fulana, Sicrana e Beltrana- Paulo Sacaldassy
Fulana, Sicrana e Beltrana- Paulo SacaldassyFulana, Sicrana e Beltrana- Paulo Sacaldassy
Fulana, Sicrana e Beltrana- Paulo Sacaldassystudio silvio selva
 
máscara cinematográfica de látex
máscara cinematográfica de látexmáscara cinematográfica de látex
máscara cinematográfica de látexstudio silvio selva
 
O 18 de Brumário de Luís Bonaparte
O 18 de Brumário de Luís BonaparteO 18 de Brumário de Luís Bonaparte
O 18 de Brumário de Luís Bonapartestudio silvio selva
 
Mário Bortolotto "HOMENS, SANTOS E DESERTORES"
Mário Bortolotto "HOMENS, SANTOS E DESERTORES"Mário Bortolotto "HOMENS, SANTOS E DESERTORES"
Mário Bortolotto "HOMENS, SANTOS E DESERTORES"studio silvio selva
 
Luigi pirandello "O Homem da Flor na Boca"
Luigi pirandello "O Homem da Flor na Boca"Luigi pirandello "O Homem da Flor na Boca"
Luigi pirandello "O Homem da Flor na Boca"studio silvio selva
 
Gonçalves dias leonor de mendonça
Gonçalves dias leonor de mendonçaGonçalves dias leonor de mendonça
Gonçalves dias leonor de mendonçastudio silvio selva
 
Anton tchekov os maleficios do tabaco
Anton tchekov os maleficios do tabacoAnton tchekov os maleficios do tabaco
Anton tchekov os maleficios do tabacostudio silvio selva
 

Más de studio silvio selva (20)

Lei 1574 71- Estatuto dos Servidores Municipais de Bauru
Lei 1574 71- Estatuto dos Servidores Municipais de BauruLei 1574 71- Estatuto dos Servidores Municipais de Bauru
Lei 1574 71- Estatuto dos Servidores Municipais de Bauru
 
Cenotécnicos do Brasil
Cenotécnicos do BrasilCenotécnicos do Brasil
Cenotécnicos do Brasil
 
Vamos sair da chuva quando a bomba cair mario bortolotto
Vamos sair da chuva quando a bomba cair  mario bortolotto Vamos sair da chuva quando a bomba cair  mario bortolotto
Vamos sair da chuva quando a bomba cair mario bortolotto
 
Gabriel garcia marques ninguém escreve ao coronel
Gabriel garcia marques   ninguém escreve ao coronelGabriel garcia marques   ninguém escreve ao coronel
Gabriel garcia marques ninguém escreve ao coronel
 
As alegres matronas de windsor W. Shakespeare
As alegres matronas de windsor W. ShakespeareAs alegres matronas de windsor W. Shakespeare
As alegres matronas de windsor W. Shakespeare
 
"Alegres senhoras de Windsor" William Shakespeare,
"Alegres senhoras de Windsor"  William Shakespeare, "Alegres senhoras de Windsor"  William Shakespeare,
"Alegres senhoras de Windsor" William Shakespeare,
 
'O casamento do pequeno burgues' bertolt brecht
'O casamento do pequeno burgues'   bertolt brecht'O casamento do pequeno burgues'   bertolt brecht
'O casamento do pequeno burgues' bertolt brecht
 
Fulana, Sicrana e Beltrana- Paulo Sacaldassy
Fulana, Sicrana e Beltrana- Paulo SacaldassyFulana, Sicrana e Beltrana- Paulo Sacaldassy
Fulana, Sicrana e Beltrana- Paulo Sacaldassy
 
Pastelão 1
Pastelão 1Pastelão 1
Pastelão 1
 
O pastel e a torta
O pastel e a tortaO pastel e a torta
O pastel e a torta
 
O pastelao e a torta
O pastelao e a tortaO pastelao e a torta
O pastelao e a torta
 
máscara cinematográfica de látex
máscara cinematográfica de látexmáscara cinematográfica de látex
máscara cinematográfica de látex
 
"Esperando godot" de Beckett
"Esperando godot" de Beckett"Esperando godot" de Beckett
"Esperando godot" de Beckett
 
Molière o tartufo
Molière o tartufoMolière o tartufo
Molière o tartufo
 
O 18 de Brumário de Luís Bonaparte
O 18 de Brumário de Luís BonaparteO 18 de Brumário de Luís Bonaparte
O 18 de Brumário de Luís Bonaparte
 
Mário Bortolotto "HOMENS, SANTOS E DESERTORES"
Mário Bortolotto "HOMENS, SANTOS E DESERTORES"Mário Bortolotto "HOMENS, SANTOS E DESERTORES"
Mário Bortolotto "HOMENS, SANTOS E DESERTORES"
 
Luigi pirandello "O Homem da Flor na Boca"
Luigi pirandello "O Homem da Flor na Boca"Luigi pirandello "O Homem da Flor na Boca"
Luigi pirandello "O Homem da Flor na Boca"
 
Luigi pirandello
Luigi pirandello Luigi pirandello
Luigi pirandello
 
Gonçalves dias leonor de mendonça
Gonçalves dias leonor de mendonçaGonçalves dias leonor de mendonça
Gonçalves dias leonor de mendonça
 
Anton tchekov os maleficios do tabaco
Anton tchekov os maleficios do tabacoAnton tchekov os maleficios do tabaco
Anton tchekov os maleficios do tabaco
 

Último

“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptxthaisamaral9365923
 
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxAD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxkarinedarozabatista
 
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptxApostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptxIsabelaRafael2
 
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfUFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfManuais Formação
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBAline Santana
 
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxSlides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Lírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptx
Lírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptxLírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptx
Lírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptxfabiolalopesmartins1
 
Prova uniasselvi tecnologias da Informação.pdf
Prova uniasselvi tecnologias da Informação.pdfProva uniasselvi tecnologias da Informação.pdf
Prova uniasselvi tecnologias da Informação.pdfArthurRomanof1
 
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolaresALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolaresLilianPiola
 
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasHabilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasCassio Meira Jr.
 
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptxSlides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptxSilvana Silva
 
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdfCultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdfaulasgege
 
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptxA experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptxfabiolalopesmartins1
 
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024Jeanoliveira597523
 
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdfSimulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdfEditoraEnovus
 
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptxQUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptxIsabellaGomes58
 
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfWilliam J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfAdrianaCunha84
 
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasil
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 BrasilGoverno Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasil
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasillucasp132400
 

Último (20)

“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
 
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxAD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
 
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptxApostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
 
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfUFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
 
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxSlides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
 
Lírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptx
Lírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptxLírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptx
Lírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptx
 
Prova uniasselvi tecnologias da Informação.pdf
Prova uniasselvi tecnologias da Informação.pdfProva uniasselvi tecnologias da Informação.pdf
Prova uniasselvi tecnologias da Informação.pdf
 
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
 
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolaresALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
 
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasHabilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
 
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptxSlides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
 
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdfCultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
 
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptxA experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
 
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
 
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdfSimulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
 
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptxQUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
 
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfWilliam J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
 
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasil
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 BrasilGoverno Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasil
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasil
 

Máscara sagrada e instrumento teatral

  • 1. Nas sociedades primitivas e no Oriente, a máscara é um objeto sagrado através do qual o homem se comunica com forças cósmicas e recebe energias da natureza. É um objeto emissor e receptor de forças. A máscara é um elemento de ligação e de transformação, por isso surge sempre ligado à dança. É usado nos ritos de passagem, na iniciação da criança ao mundo adulto. Mas no Ocidente ela quase não tem conotação sagrada, nem provoca em nós os mesmos efeitos e as mesmas transformações que ocorrem no Oriente. No teatro nô a máscara colabora para o distanciamento e a desindividualização do ator. Apresenta o essencial e confere ao personagem um visual tão insólito quanto os sons não humanos que o nô busca. A máscara é sempre o genérico, é a tipificação, está sempre mais próxima da idéia. No teatro grego antigo era usada, à princípio, para representar entidades mitológicas. Na commedia dell’arte representava-se com ela os tipos da sociedade, como já vinham sendo apresentados pelos atores cômicos desde os primeiros mimos (Mime foi uma forma teatral cultivada na Grécia e na Roma antigas). Nas sátiras sócio-políticas, no carnaval e nos festejos populares, é dissimulação; provoca, com seu grotesco irreal, uma inversão de valores; tem uma função denunciadora e subversiva. A máscara é sempre metamorfose. Ao esconder um rosto, revela sempre uma outra personalidade; ao eliminar a pessoa do ator, revela imediatamente um personagem. Na medida em que a máscara traz a essência de um personagem, ela despersonifica o ator ou o indivíduo, colocando em seu lugar um conceito abstrato. Ao identificar o homem com uma máscara, com um protótipo, Alfred Jarry priva-o de sua natureza, de suas peculiaridades e o transforma em objeto, torna-o uma idéia. Ao mesmo tempo, a humanização do objeto-máscara implica numa despersonalização do homem. No Oriente e nos rituais primitivos, a máscara, por si mesma, tem uma significação, tem uma vida própria, e quando usada no palco ou numa cerimônia, a sua vivência é imediata. Já no Ocidente, um ator, para usá-la dramaticamente, precisa passar antes por um aprendizado, pois se ela não for bem manipulada, se o ator não souber animá-la devidamente, a máscara pode, num primeiro instante, causar um grande impacto, mas só no primeiro instante, porque logo esse impacto se perde. Ela se torna um objeto morto. Enquanto simples adorno, a máscara não comunica nada, torna-se estranhamente patética. Se no Oriente o seu portador se sente transformado com ela, se recebe dela energias, no Ocidente quem a usa não sente que receba coisa alguma; ao contrário, ele a vê como um objeto ao qual precisa dar vida. O ator ocidental usa máscaras sem conotação alguma de passado ou de energias cósmicas, sem outros significados senão aquele que o seu visual lhe confere. Por suas qualidades, a máscara é usada como um instrumento de preparação do ator. A máscara faz com que ele perca a relação habitual que mantém com o mundo à sua volta e lhe dá uma sensação nova de espaço e tempo, favorecendo também sua introspecção. A máscara ensina o ator a manter uma atenção contínua sobre seu corpo e sobre seu rosto, obriga-o a controlar seus movimentos mais lentos e mais energéticos. Ao mesmo tempo em que provoca uma conscientização do corpo, a máscara favorece a interiorização. No Oriente, como no Ocidente, qualquer que seja o seu uso, a máscara provoca uma transformação. Os seus significados são sempre intuitivamente captados, pois a máscara exclui o pensamento racional.