1. LITERATURA EM PORTUGAL
A literatura portuguesa constituiu-se na base de um espaço
geográfico uno, o do território português, mas alargou-se a várias
partes do mundo, através da aventura marítima dos Descobrimentos
Portugueses nos séculos XV e XVI, que se concretizou numa
riquíssima literatura de viagens e teve como consequência a
expansão da sua lingua.
2. A LITERATURA PORTUGUESA DESENVOLVE, NAS SUAS ORIGENS, UM LIRISMO DE
INTENSO FULGOR, COM A POESIA TROVADORESCA , E MUITO PARTICULARMENTE
COM AS CANTIGAS DE AMIGO, QUE SE PROLONGA NA LÍRICA CAMONIANA
E CLÁSSICA DE UMA MANEIRA GERAL, RENOVANDO-SE A PARTIR DO ROMANTISMO ,
COM PERSONALIDADES DESTACADAS: GARRETT E O NACIONALISMO ROMÂNTICO
DE EXPRESSÃO AMOROSA; CESÁRIO VERDE E O QUOTIDIANO URBANO
SIMULTANEAMENTE IDEALIZADO E BANAL; ANTERO DE QUENTAL E A DILACERAÇÃO
DO PENSAMENTO IMPLICADO NA EXISTÊNCIA CONCRETA; CAMILO PESSANHA E O
SONHO DA PERFEIÇÃO VERBAL NA CORROSÃO DO TEMPO HUMANO - E UM GRANDE
NÚMERO DE POETAS CONTEMPORÂNEOS.
3. A LITERATURA PORTUGUESA NASCEU FORMALMENTE NO MOMENTO EM QUE SURGIU O
PORTUGUÊS LÍNGUA ESCRITA, NOS SÉCULOS XII E XIII. AINDA QUE SEJA PROVÁVEL A
EXISTÊNCIA DE FORMAS POÉTICAS ANTERIORES, OS PRIMEIROS DOCUMENTOS LITERÁRIOS
CONSERVADOS PERTENCEM PRECISAMENTE À LÍRICA GALEGO-PORTUGUESA , DESENVOLVIDA
ENTRE OS SÉCULOS XII E XIV COM UMA IMPORTANTE INFLUÊNCIA NA POESIA TROVADORESCA
PROVENÇAL. ESTA LÍRICA ERA FORMADA POR CANÇÕES OU CANTIGAS BREVES, DIFUNDIDAS
POR TROVADORES (POETAS) E SEGRÉIS (INSTRUMENTISTAS) E DESENVOLVEU-SE PRIMEIRO
NA GALIZA E NO NORTE DE PORTUGAL. MAIS TARDE TRASLADOU-SE PARA A CORTE
DE AFONSO X O SÁBIO, REI DE CASTELA E DE LEÃO, ONDE AS CANTIGAS CONTINUARAM A SER
ESCRITAS EM GALEGO-PORTUGUÊS.
No final do século XIV, com a Crise de 1383-1385, inicia-se uma nova etapa na literatura portuguesa.
Nesta época, os reis continuaram ligados à criação poética: o Rei D. João I de Portugal escreveu um
Livro da Caça, e seus filhos D. Duate I e Pedro, Duque de Coimbra compuseram tratados morais.
Também nesta época, um escriba anónimo contou a história heróica de Nuno Álvares Pereira
na Crónica do Condestável. A tradição cronística portuguesa começou com Fernão Lopes, quem
compilou as crónicas dos reinados de D. Pedro I, D. Fernando I e D. João I, combinando a paixão pela
exactidão com uma especial destreza para a descrição e o retrato. Gomes Eanes de Zurara, que lhe
sucedeu no posto como cronista oficial e escreveu a Crónica da Guiné e das guerras africanas, é
igualmente um historiador bastante fiável, cujo estilo, no entanto, está afectado pelo pedantismo e a
tendência moralizante. Seu sucessor, Rui de Pina, evitou estes defeitos e ofereceu um relato se não
artístico, pelo menos útil, dos reinados de D. Duarte, D. Afonso V e D. João II. A sua história do reinado
deste último monarca foi, também, reutilizada pelo poeta Garcia de Resende, que a enfeitou com
episódios vividos por si em primeira pessoa e a publicou com o seu nome.
4. O RENASCIMENTO
O Renascimento, como movimento artístico, científico e literário, o que aqui
interessa, floresceu na Europa nos séculos XIV ao XVI, valorizando os temas
em torno do homem (o Humanismo) e a busca de conhecimento e inspiração nas
obras da Antiguidade Clássica (o Classicismo).
O movimento teve início na Itália, sendo Petrarca, Dante e Boccaccio os seus
maiores vultos literários precursores. Francesco Petrarca, em O Cancioneiro,
glorificou o amor na sua poesia lírica e fixa a forma do soneto, Dante Alighieri fez
a síntese da alma medieval com o espírito novo em A Divina Comédia e Giovanni
Boccaccio, no Decameron fez a crítica da sociedade do seu tempo.
O Cancioneiro Gera, publicado por Garcia de Resende em 1516, e referido no
tópico precedente, é o elo de ligação entre o século XV – o século da introdução
do Humanismo em Portugal – e o século XVI – século ainda do Humanismo, mas
por excelência do Classicismo.
5.
6. REALISMO
Oliveira Martins, Ramalho Ortigão, Eça de Queirós, Antero de Quental eTeófilo
Braga foram alguns dos mais importantes vultos que constituíram a chamada «Geração
de 70», que, a partir da «Questão Coimbrã» (polémica entreCastilho e Pinheiro
Chagas), deu origem às «Conferências do Casino», na qual se enunciaram os mais
importantes preceitos de uma nova cultura, que em grande parte se liga ao realismo de
proveniência francesa e europeia.O realismo procura retomar a objetividade na literatura
(contra o subjetivismo emocional romântico), a sua ligação crítica mas construtiva à
sociedade, e o rigor da escrita poética, assente num rigor reflexivo e numa planificação
composicional.
7. O SIMBOLISMO
Embora Eugénio de Castro seja o
introdutor do Simbolismo,
com Oaristos (1890), o poeta mais
importante desta corrente, ligada ao clima
de inquietação e incompletude da atmosfera
finissecular, que produz correntes de
pensamento de componente idealista (e em
Portugal se agrava com os ecos do
«Ultimato Inglês»), é Camilo
Pessanha.Também Fialho de Almeida, na
prosa, representa esta tendência (embora o
seu estilo impressionista se filie igualmente
na escola naturalista), assim
como Venceslau de Morais (assumindo a
temática da evasão, que concretiza nas
suas viagens ao Oriente e radicando-se no
Japão) e, mais ligados ao séc. XX, António
Patrício,Carlos Malheiro Dias, Teixeira
Gomes e Raul Brandão.Na
poesia, António Nobre e Florbela
Espanca articulam-se ainda com a
mentalidade elegíaca e de aspirações
indecisas característica do simbolismo, que
na prosa produz sensíveis inovações na
narrativa, insistindo na materialidade da
escrita e abalando os mecanismos
tradicionais da representação através do
discurso.
8. O ROMANTISMO
É oficialmente introduzido em Portugal
de Almeida Garrett, e as suas grandes figuras
são este autor e ainda Alexandre
Herculano e Camilo Castelo Branco,
pertencendo este a uma geração mais tardia que
confinará com o advento da escola realista.
9. A INTRODUÇÃO DO DISCURSO DA HISTÓRIA COMO CIÊNCIA (HERCULANO), A
RENOVAÇÃO DO TEATRO (GARRETT) E A CRIAÇÃO DO ROMANCE HISTÓRICO (COM
AMBOS ESTES ESCRITORES, E TODA UMA LINHAGEM DE AUTORES QUE SE
PROLONGA ATÉ INÍCIOS DO SÉC. XX) SÃO CONTRIBUTO DA ESCOLA ROMÂNTICA,
QUE SE CARACTERIZA PELA VALORIZAÇÃO DAS MANIFESTAÇÕES INDIVIDUAIS,
SOBRETUDO NO PLANO DA EMOÇÃO E DO CONFESSIONALISMO, E PELA DEFESA
DOS VALORES DA LIBERDADE (DESDE O PLANO POLÍTICO AO LITERÁRIO,
NOMEADAMENTE VERSICULAR) E DAS ORIGENS (INFÂNCIA, NACIONALIDADE,
TRADIÇÃO, E AINDA A NATUREZA HUMANA CONTRA A AÇÃO CORRUPTORA DA
SOCIEDADE).
10. O MODERNISMO
Ambiência estética cosmopolita que define as artes e a cultura europeia e
internacional na viragem do século, e, muito em especial, durante as suas
primeiras duas ou três décadas.
Em Portugal, está ligada às figuras de Fernando Pessoa, Mário de Sá-
Carneiro,Almada Negreiros e muitos outros, e polariza-se em tomo da
revista Orpheu (1.º número, 1915).
Estética por excelência da diversidade (patente em outras estéticas adjacentes e
movimentos de vanguarda - sensacionismo, paulismo, intersecionismo, etc.), da
questionação dos valores estabelecidos ética e literariamente, da euforia face às
invenções da técnica, da libertação da escrita literária de todas as convenções e de
todas as regras, o modernismo marcou o século XX de um modo muito agudo, a tal
ponto que com ele se articulam constantemente as teorias e as polémicas em torno de
outras duas noções histórico-literárias e estéticas relativamente indeterminadas
(modernidade e pós-modernismo), que só a sua matriz pode ajudar a explicitar.
11. ILUMINISMO
Movimento de ideias que engloba o século XVIII, a partir da
filosofia inglesa e da agonia do regime político absolutista
em França, sobretudo a partir da publicação
da Enciclopédia, de Diderot e D'Alembert, e que valoriza as
noções de natureza, sociedade, espírito crítico e progresso,
estando por isso na base das «modernidades» dos séculos
XIX e XX.
Em Portugal, manifesta-se na sensibilidade cultural dos
«estrangeirados», em prosadores como Luís António
Verney (Verdadeiro Método de Estudar) eMatias
Aires (Reflexões sobre a Vaidade dos Homens), e com os
«árcades» (ex. «Arcádia Lusitana», academia de reflexão e
debate), ex. Correia Garção, Cruz e Silva. Poetas
importantes, ligados ou não à Arcádia: Nicolau
Tolentino, Filinto Elísio, Abade de Jazente; e, mais
ligados já ao espírito emergente da sensibilidade
romântica:Marquesa de Alorna, José Anastácio da
Cunha e Bocage.