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14
ISSN 1516-8638
Jaguariúna, SP
Abril, 2004

Leite de Vaca Cru para o
Controle de Oídio

Wagner Bettiol 1

Introdução
Oídios são doenças de plantas causadas por fungos
altamente evoluídos, sendo todos parasitas biotróficos
obrigatórios, ou seja, só crescem no tecido vivo das
plantas. Eles se situam entre os principais fitopatógenos,
ocorrendo em todas as regiões do mundo e na maioria das
espécies vegetais cultivadas. Embora raramente causem a
morte das plantas, eles reduzem o potencial produtivo das
culturas e podem afetar a qualidade do produto (Stadnik &
Rivera, 2001). Os Oídios, também conhecidos como cinza
ou míldio pulverulento, são facilmente reconhecidos, pois
formam colônias esbranquiçadas e de aspecto pulverulento
na superfície das plantas, principalmente sobre a superfície
das folhas.
O controle dos Oídios é realizado por meio do uso de
variedades resistentes e de fungicidas. No caso dos
fungicidas, apesar da eficiência, ocorrem diversos problemas relacionados com a seleção de linhagens resistentes do
patógeno e com a contaminação ambiental, do alimento e
do aplicador. Os problemas com resistência são acentuados
em cultivo protegido, principalmente para os fungicidas

1

sistêmicos. Como a sociedade está exigindo uma produção
de alimento que cause o menor impacto ambiental possível,
se faz necessário o desenvolvimento de alternativas aos
fungicidas no controle dos problemas fitossanitários.

Oídio da abobrinha e do pepino
O Oídio da abobrinha e do pepino, causado pelo fungo
Sphaerotheca fuliginea, é uma das principais doenças dessas
culturas e de outras cucurbitáceas, principalmente em cultivo
protegido. A doença ocorre em toda a parte aérea da planta,
sendo mais abundante na superfície foliar. Os sintomas iniciamse com um crescimento branco pulverulento, formado por
micélio, conidióforos e conídios do fungo, ocupando pequenas
áreas do tecido. A área afetada aumenta de tamanho e pode
tomar toda a extensão do tecido devido à coalescência das
manchas. Plantas atacadas perdem o vigor e a produção é
prejudicada.
O método de controle mais utilizado, nos sistemas convencionais de cultivo, é o emprego de fungicidas, tanto os de
contato, como os sistêmicos, com bons níveis de controle.

Engenheiro Agrônomo, doutor em Fitopatologia, Caixa Postal 69 Cep 13820-000 - Jaguariúna, SP. E-mail: bettiol@cnpma.embrapa.br
2

Leite de Vaca Cru para Controle de Oídio

Entretanto, como nos sistemas de produção orgânica não
é permitido o uso de fungicidas sintéticos, esse grupo de
agricultores dispõe de poucas alternativas de controle
dessa importante doença. Já para os produtores convencionais, o uso de fungicidas, apesar da eficiência,
seleciona linhagens do fungo resistentes aos produtos,
contamina o alimento, o aplicador e o ambiente. Além
disso, a sociedade vem exigindo cada vez mais alimentos produzidos sem agrotóxicos.

Modo de ação do leite
O leite pode agir mais de um modo de ação para controlar o Oídio. Leite fresco pode ter efeito direto contra
Sphaerotheca fuliginea devido às suas propriedades
germicidas; por conter diversos sais e aminoácidos, pode
induzir a resistência das plantas e/ou controlar diretamente o patógeno; pode ainda estimular o controle biológico
natural, formando um filme microbiano na superfície da
folha ou alterar as características físicas, químicas e
biológicas da superfície foliar.

Fig.1. Planta de abobrinha pulverizada semanalmente com água.

Como utilizar o leite
A pulverização do leite de vaca cru, uma vez por
semana, nas concentrações de 5% e 10%, dependendo da severidade da doença, controla o Oídio da
abobrinha e do pepino de forma semelhante aos
fungicidas recomendados para a cultura. Nas Figuras
1, 2 e 3 observa-se o efeito do leite em comparação
com o uso de fungicida padrão recomendado e com a
pulverização com água apenas, em plantas de abobrinha. Bettiol et al. (1999) observaram que com o
aumento da concentração de leite pulverizado ocorre um
aumento no controle da doença. Entretanto, do ponto
de vista prático, recomenda-se a pulverização do leite a
5 e 10%, uma vez por semana. A concentração de
10% deve ser utilizada quando a infestação de Oídio for
alta. Para se obter a concentração de 5 ou 10%, colocase 5 ou 10 litros de leite em 95 ou 90 litros de água,
respectivamente.
O leite deve ser utilizado preventivamente e toda a
planta deve ser pulverizada. De preferência utilizar

Fig.2. Planta de abobrinha pulverizada semanalmente com leite de vaca cru a 10%.

Fig.3. Planta de abobrinha pulverizada semanalmente com fenarimol (Fungicida).
Leite de Vaca Cru para Controle de Oídio

pulverizador específico para o leite. Entretanto, pode ser
utilizado o mesmo pulverizador de aplicação de fungicidas
desde que este seja lavado. Em relação ao período de aplicação,
recomenda-se preferencialmente nos horários de temperaturas
mais amenas, isto é, no início ou final do dia. O leite não exige o
uso de espalhante adesivo, entretanto, os resultados são melhores
com a sua mistura na calda de aplicação.
O leite para o controle do Oídio de abobrinha e de pepino é
utilizado desde 1996. Inicialmente o leite foi utilizado
exclusivamente por agricultores orgânicos, mas devido à sua
eficiência e ao seu baixo custo passou a ser utilizado
também por agricultores convencionais, sendo esses os
maiores usuários, em área, no momento.

Efeito em outras culturas
Apesar de nossos estudos terem sido realizados com as
culturas de pepino, abobrinha, alface e quiabo, diversos
agricultores vêm utilizando o leite com sucesso para o
controle de Oídio em viveiros de Eucalyptus, em pimentão e
outras hortaliças, em roseira e outras plantas ornamentais,
quando aplicado semanalmente. Dependendo das condições
de cada cultura, ambiente e severidade, a concentração
utilizada pelos agricultores tem variado de 5 a 20%.

Comunicado
Técnico, 13

Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento

Exemplares desta edição podem ser adquiridos na:
Embrapa Meio Ambiente
Endereço: Rodovia SP-340 - Km 127,5
Tanquinho Velho - Caixa Postal 69
Cep.13820-000 - Jaguariúna, SP
Fone: (19) 3867-8700
Fax: (19) 3867-8740
E-mail: sac@cnpma.embrapa.br
1a edição

Considerações finais
O leite não é um contaminante do ambiente ou dos
alimentos, conseqüentemente, pode ser utilizado em
qualquer modelo de agricultura. Recomenda-se de
preferência utilizar o leite de vaca cru, pois o custo é
menor que os leites processados. Os agricultores devem
realizar a comparação de custos entre as alternativas de
controle para fazer a opção mais econômica. Dentre as
vantagens na utilização do leite para o controle do Oídio
pode-se destacar a inexistência de problemas com
resíduos nos alimentos.

Referências Bibliográficas
BETTIOL, W.; ASTIARRAGA, B. D.; LUIZ, A. J. B.
Effectiveness of cow’s milk against zucchini squash
powdery mildew (Sphaerotheca fuliginea) in greenhouse
conditions. Crop Protection, London, v.18, p. 489-492,
1999.
STADNIK, M. J.; RIVERA, M. C. Oídios. Jaguariúna:
Embrapa Meio Ambiente, 2001. 484 p.

Comitê de
publicações

Presidente: Geraldo Stachetti Rodrigues
Secretário-Executivo: Maria Amélia de Toledo Leme
Secretário: Sandro Freitas Nunes
Membros: Cláudio C. de A. Buschinelli, Heloiza F. Filizola,
José Maria Guzman Ferraz, Marcelo A. Boechat Morandi,
Maria Lúcia Saito, Manoel Dornelas de Souza

Expediente

Normalização Bibliográfica: Maria Amélia de Toledo Leme
Editoração eletrônica: Silvana C. Teixeira

3

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  • 1. 14 ISSN 1516-8638 Jaguariúna, SP Abril, 2004 Leite de Vaca Cru para o Controle de Oídio Wagner Bettiol 1 Introdução Oídios são doenças de plantas causadas por fungos altamente evoluídos, sendo todos parasitas biotróficos obrigatórios, ou seja, só crescem no tecido vivo das plantas. Eles se situam entre os principais fitopatógenos, ocorrendo em todas as regiões do mundo e na maioria das espécies vegetais cultivadas. Embora raramente causem a morte das plantas, eles reduzem o potencial produtivo das culturas e podem afetar a qualidade do produto (Stadnik & Rivera, 2001). Os Oídios, também conhecidos como cinza ou míldio pulverulento, são facilmente reconhecidos, pois formam colônias esbranquiçadas e de aspecto pulverulento na superfície das plantas, principalmente sobre a superfície das folhas. O controle dos Oídios é realizado por meio do uso de variedades resistentes e de fungicidas. No caso dos fungicidas, apesar da eficiência, ocorrem diversos problemas relacionados com a seleção de linhagens resistentes do patógeno e com a contaminação ambiental, do alimento e do aplicador. Os problemas com resistência são acentuados em cultivo protegido, principalmente para os fungicidas 1 sistêmicos. Como a sociedade está exigindo uma produção de alimento que cause o menor impacto ambiental possível, se faz necessário o desenvolvimento de alternativas aos fungicidas no controle dos problemas fitossanitários. Oídio da abobrinha e do pepino O Oídio da abobrinha e do pepino, causado pelo fungo Sphaerotheca fuliginea, é uma das principais doenças dessas culturas e de outras cucurbitáceas, principalmente em cultivo protegido. A doença ocorre em toda a parte aérea da planta, sendo mais abundante na superfície foliar. Os sintomas iniciamse com um crescimento branco pulverulento, formado por micélio, conidióforos e conídios do fungo, ocupando pequenas áreas do tecido. A área afetada aumenta de tamanho e pode tomar toda a extensão do tecido devido à coalescência das manchas. Plantas atacadas perdem o vigor e a produção é prejudicada. O método de controle mais utilizado, nos sistemas convencionais de cultivo, é o emprego de fungicidas, tanto os de contato, como os sistêmicos, com bons níveis de controle. Engenheiro Agrônomo, doutor em Fitopatologia, Caixa Postal 69 Cep 13820-000 - Jaguariúna, SP. E-mail: bettiol@cnpma.embrapa.br
  • 2. 2 Leite de Vaca Cru para Controle de Oídio Entretanto, como nos sistemas de produção orgânica não é permitido o uso de fungicidas sintéticos, esse grupo de agricultores dispõe de poucas alternativas de controle dessa importante doença. Já para os produtores convencionais, o uso de fungicidas, apesar da eficiência, seleciona linhagens do fungo resistentes aos produtos, contamina o alimento, o aplicador e o ambiente. Além disso, a sociedade vem exigindo cada vez mais alimentos produzidos sem agrotóxicos. Modo de ação do leite O leite pode agir mais de um modo de ação para controlar o Oídio. Leite fresco pode ter efeito direto contra Sphaerotheca fuliginea devido às suas propriedades germicidas; por conter diversos sais e aminoácidos, pode induzir a resistência das plantas e/ou controlar diretamente o patógeno; pode ainda estimular o controle biológico natural, formando um filme microbiano na superfície da folha ou alterar as características físicas, químicas e biológicas da superfície foliar. Fig.1. Planta de abobrinha pulverizada semanalmente com água. Como utilizar o leite A pulverização do leite de vaca cru, uma vez por semana, nas concentrações de 5% e 10%, dependendo da severidade da doença, controla o Oídio da abobrinha e do pepino de forma semelhante aos fungicidas recomendados para a cultura. Nas Figuras 1, 2 e 3 observa-se o efeito do leite em comparação com o uso de fungicida padrão recomendado e com a pulverização com água apenas, em plantas de abobrinha. Bettiol et al. (1999) observaram que com o aumento da concentração de leite pulverizado ocorre um aumento no controle da doença. Entretanto, do ponto de vista prático, recomenda-se a pulverização do leite a 5 e 10%, uma vez por semana. A concentração de 10% deve ser utilizada quando a infestação de Oídio for alta. Para se obter a concentração de 5 ou 10%, colocase 5 ou 10 litros de leite em 95 ou 90 litros de água, respectivamente. O leite deve ser utilizado preventivamente e toda a planta deve ser pulverizada. De preferência utilizar Fig.2. Planta de abobrinha pulverizada semanalmente com leite de vaca cru a 10%. Fig.3. Planta de abobrinha pulverizada semanalmente com fenarimol (Fungicida).
  • 3. Leite de Vaca Cru para Controle de Oídio pulverizador específico para o leite. Entretanto, pode ser utilizado o mesmo pulverizador de aplicação de fungicidas desde que este seja lavado. Em relação ao período de aplicação, recomenda-se preferencialmente nos horários de temperaturas mais amenas, isto é, no início ou final do dia. O leite não exige o uso de espalhante adesivo, entretanto, os resultados são melhores com a sua mistura na calda de aplicação. O leite para o controle do Oídio de abobrinha e de pepino é utilizado desde 1996. Inicialmente o leite foi utilizado exclusivamente por agricultores orgânicos, mas devido à sua eficiência e ao seu baixo custo passou a ser utilizado também por agricultores convencionais, sendo esses os maiores usuários, em área, no momento. Efeito em outras culturas Apesar de nossos estudos terem sido realizados com as culturas de pepino, abobrinha, alface e quiabo, diversos agricultores vêm utilizando o leite com sucesso para o controle de Oídio em viveiros de Eucalyptus, em pimentão e outras hortaliças, em roseira e outras plantas ornamentais, quando aplicado semanalmente. Dependendo das condições de cada cultura, ambiente e severidade, a concentração utilizada pelos agricultores tem variado de 5 a 20%. Comunicado Técnico, 13 Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Exemplares desta edição podem ser adquiridos na: Embrapa Meio Ambiente Endereço: Rodovia SP-340 - Km 127,5 Tanquinho Velho - Caixa Postal 69 Cep.13820-000 - Jaguariúna, SP Fone: (19) 3867-8700 Fax: (19) 3867-8740 E-mail: sac@cnpma.embrapa.br 1a edição Considerações finais O leite não é um contaminante do ambiente ou dos alimentos, conseqüentemente, pode ser utilizado em qualquer modelo de agricultura. Recomenda-se de preferência utilizar o leite de vaca cru, pois o custo é menor que os leites processados. Os agricultores devem realizar a comparação de custos entre as alternativas de controle para fazer a opção mais econômica. Dentre as vantagens na utilização do leite para o controle do Oídio pode-se destacar a inexistência de problemas com resíduos nos alimentos. Referências Bibliográficas BETTIOL, W.; ASTIARRAGA, B. D.; LUIZ, A. J. B. Effectiveness of cow’s milk against zucchini squash powdery mildew (Sphaerotheca fuliginea) in greenhouse conditions. Crop Protection, London, v.18, p. 489-492, 1999. STADNIK, M. J.; RIVERA, M. C. Oídios. Jaguariúna: Embrapa Meio Ambiente, 2001. 484 p. Comitê de publicações Presidente: Geraldo Stachetti Rodrigues Secretário-Executivo: Maria Amélia de Toledo Leme Secretário: Sandro Freitas Nunes Membros: Cláudio C. de A. Buschinelli, Heloiza F. Filizola, José Maria Guzman Ferraz, Marcelo A. Boechat Morandi, Maria Lúcia Saito, Manoel Dornelas de Souza Expediente Normalização Bibliográfica: Maria Amélia de Toledo Leme Editoração eletrônica: Silvana C. Teixeira 3