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Recomendações para o Controle de Pragas
em Hortas Urbanas
Hortas comunitárias normalmente são conduzidas em pequenas áreas; no pátio de
casas e escolas, no terraço de prédios e sacadas de apartamentos, em espaços
públicos comunitários e, em terrenos baldios dentro dos limites das cidades.
Neste tipo de atividade há preferência pelo cultivo de hortaliças de ciclo curto e
de baixo investimento como, alface, couve, cebolinha, coentro, etc. Contudo, isso
não elimina todos os problemas durante a condução da horta. Eventualmente,
torna-se necessária a adoção de medidas de combate a pragas agrícolas, como
insetos sugadores, formigas cortadeiras, lagartas, besouros, ácaros, lesmas e
caracóis. A convivência entre o homem e as pragas pode ser um desafio para a
produção de hortaliças, entretanto, várias medidas de controle mostram-se
efetivas para proteção das plantas, desde que adotadas de forma correta.
O uso de inseticidas e acaricidas químicos sintéticos para o controle de pragas,
embora preconizado na agricultura de larga escala, não é recomendado em hortas
urbanas, pois são conduzidas por famílias, escolas ou pequenas comunidades,
que geralmente buscam a produção de alimentos saudáveis, livres de resíduos
tóxicos e de baixo custo. Além disso, este público nem sempre dispõe de
conhecimento técnico, treinamento e equipamentos adequados para empregar o
controle químico de forma correta e segura.
Com esta Circular Técnica pretende-se disponibilizar uma série de informações
sobre pragas que atacam hortas urbanas e métodos de controle dessas pragas,
com foco no uso de práticas culturais e de defensivos alternativos pouco
agressivos ao ambiente e de baixa toxicidade ao homem, a exemplo do que se
pratica na agricultura orgânica.
Brasília, DF
Novembro, 2009
Autores
ISSN 1415-3033
Circular
Técnica
80
Miguel Michereff Filho
Eng. Agr., DSc., Entomologia
Embrapa Hortaliças, Brasília, DF
miguel@cnph.embrapa.br
Jorge Anderson Guimarães
Biol., DSc., Entomologia
Embrapa Hortaliças, Brasília, DF
jorge.anderson@cnph.embrapa.br
Ronaldo Setti de Liz
Eng. Agr., MSc., Gest. Solos e Água
Embrapa Hortaliças, Brasília, DF
setti@cnph.embrapa.br
Foto:MarcosEsteves
Foto:MarcosEsteves
Recomendações para o Controle de Pragas em Hortas Urbanas 2
Foto:MárcioAraújo
Fotos:MiguelMichereff
1. Pragas das Hortaliças e seu
Controle
A forma de preparo e uso de produtos comerciais e
caseiros para o controle de pragas encontram-se
descritos no item 3 desta publicação.
Formigas cortadeiras
Fig. 1. Formiga cortadeira)
Identificação
Estas formigas também são conhecidas como saúvas
e estão entre as mais importantes pragas da
agricultura brasileira (Figura 1). São insetos com
organização social, que vivem em ninhos
subterrâneos (formigueiros; Figura 2). Cortam folhas,
hastes e flores e transportam estas estruturas
vegetais para o interior da colônia, onde são
utilizadas como substrato para cultivo de um fungo,
do qual as formigas se alimentam.
São facilmente identificadas pela presença de três ou
quatro pares de espinhos nas costas, na região logo
após a cabeça. Elas são mais ativas à noite e nas
horas de temperatura mais amena do dia. Os danos
causados pelas saúvas são facilmente reconhecidos
pelo corte que fazem nas folhas, em formato de
meia-lua ou arco, com desfolha completa da planta
atacada.
Controle
● Barreiras - canais de terra ou canaletas de
cimento, cheios de água e gotas de detergente
neutro, circundando os canteiros de mudas do
viveiro; latas de óleo ou garrafas descartáveis do
tipo “pet”, sem fundo e tampa ou gargalo,
colocadas circundando os caules, sendo
levemente enterradas no solo e untadas com
graxa na parte externa; cultivo permanente de
batata-doce (Ipomoea batatas) ao redor da horta
ou entre os canteiros.
● Planta repelente - cultivo permanente de batata-
doce (Ipomoea batatas) ao redor da horta ou
entre canteiros. A batata-doce é pouco preferida
pelas formigas cortadeiras, pois o látex que
escorre da rama quando é atacada pela formiga
cortadeira causa repelência à praga.
● Planta com ação inseticida - cultivo de gergelim
(Sesamum indicum) ao redor da horta. Embora o
gergelim seja atacado pelas formigas cortadeiras,
substâncias químicas presentes neste vegetal
afetam negativamente a vida das saúvas e
reduzem o tamanho do formigueiro.
● Cinzas - as cinzas de madeira, obtidas
peneirando-se o fundo da churrasqueira ou do
fogão à lenha, atuam como repelente destes
insetos; devem ser misturadas com água e
aplicadas sobre as plantas ao final da tarde.
Fig. 2. Ninho e trilha de formigas cortadeiras.
Recomendações para o Controle de Pragas em Hortas Urbanas3
Insetos sugadores
Identificação
Os insetos sugadores, conhecidos como pulgões,
moscas-brancas, cochonilhas, percevejos, tripes e
cigarrinhas, estão entre as pragas mais importantes
das hortaliças (Figura 3). São insetos pequenos,
possuem formato e cores variadas, podem ter asas
ou não e vivem em grandes populações (colônias) na
Fig. 3. Insetos sugadores que danificam as hortaliças.
face inferior das folhas, em brotações e nas flores.
Sugam a seiva das plantas tornando-as menos
vigorosas e produtivas. Os pulgões, as moscas-
brancas e as cochonilhas também secretam um
líquido açucarado que favorece a formação de uma
película preta sobre as folhas e frutos, popularmente
conhecida como fumagina. Isto reduz a fotossíntese
da planta e deprecia o alimento (folha ou fruto)
devido ao péssimo aspecto.
Controle
● Catação manual - retirada de folhas infestadas,
seguido de esmagamento.
● Armadilhas adesivas - instalação, em
diferentes pontos da horta, de placas ou
garrafas plásticas descartáveis do tipo “pet”
e de pedaços de tábuas pintadas de amarelo
para atração de pulgões e moscas-brancas ou
pintadas de azul para atração de tripes. Estas
armadilhas atrativas devem ser revestidas
com uma camada de cola ou graxa para
retenção dos insetos.
● Plantas repelentes - cultivo em volta da horta
ou dentro do canteiro, em fileiras ou em
covas alternadas de coentro (Coriandrum
sativum), tagetes ou cravo-de-defunto
(Tagetes sp.), hortelã (Mentha spp.),
calêndula (Calendula officinalis), mastruz
(Chenopodium ambrosioides), artemisia
(Artemisia sp.) e arruda (Ruta graveolens).
Estas plantas liberam substâncias voláteis
que repelem os insetos sugadores adultos,
mantendo-os afastados das hortaliças.
● Calda de farinha de trigo e água - quando
pulverizada sobre as plantas mata os insetos
por asfixia. Com o passar do tempo a calda
seca ao sol, formando uma camada branca
de pó que cobrirá os insetos e pela ação do
vento esta película é gradativamente
removida das folhas.
● Inseticidas alternativos - pulverização de
extrato de pimenta, alho e sabão neutro; uso
de óleo vegetal de soja ou algodão para
cozinha, misturado em água e sabão
dissolvido ou detergente neutro; pulverização
de preparações caseiras de folhas e de
Recomendações para o Controle de Pragas em Hortas Urbanas 4
Foto:CarlosSolano
Fotos:JorgeA.Guimarães
sementes de nim (Azadirachta indica).
Também existem vários produtos comerciais
à base de óleo de sementes de nim e, neste
caso, deve-se consultar um Engenheiro
Agrônomo.
Fig. 4. Placa amarela adesiva para captura de pulgões e moscas-
brancas.
Lagartas
Identificação
Existem mariposas e borboletas que, durante a sua
fase jovem, ou seja, na forma de lagartas, se
alimentam de folhas e podem perfurar talos, flores e
frutos ainda jovens. Estas lagartas podem apresentar
coloração branco-amarelada, esverdeada ou
amarronzada (Figura 5).
Fig. 5. Ovos e lagartas em hortaliças.
Controle
● Inseticida biológico - produtos comerciais à base
da bactéria Bacillus thuringiensis, que tem ação
exclusiva sobre lagartas. Este inseticida ao ser
ingerido pelas lagartas, juntamente com as
folhas, causa doença e morte do inseto. Esta
bactéria não é prejudicial nem ao homem e nem
aos animais. No mercado brasileiro existem
vários produtos comerciais contendo este agente
de controle biológico e deve-se consultar um
Engenheiro Agrônomo para recomendação da
dosagem certa a ser aplicada.
● Outras medidas - plantas repelentes; catação
manual; inseticidas alternativos à base de nim ou
calda de farinha de trigo e água, conforme
recomendado no controle de insetos sugadores.
Recomendações para o Controle de Pragas em Hortas Urbanas5
Foto:CarlosSolano
Foto:JorgeA.GuimarãesFoto:MiguelMichereffFilho
Foto:CarlosSolano
Vaquinhas
Identificação
São insetos pequenos, cujos adultos se caracterizam
por apresentar o primeiro par de asas rígidas como
um escudo, de cores variadas, com manchas
amarelas, pretas ou acinzentadas (Figura 6). Estes
besouros se alimentam de folhas, hastes e flores.
Controle
● Plantas repelentes - cultivo de coentro, hortelã e
arruda.
● Inseticidas alternativos - preparações caseiras ou
produtos comerciais à base de nim, conforme
recomendado para os insetos sugadores.
Fig. 6. Besouros conhecidos como vaquinhas.
Grilos e Paquinhas
Identificação
São insetos com 2,5 a 3,0 cm de comprimento, de
coloração amarelada ou pardo-escura, que durante o
dia se abrigam em ambientes escuros e úmidos, sob
pedras e restos de plantas (Figura 7). Alimentam-se
de folhas e hastes novas, de tubérculos e raízes.
Controle
• Armadilhas - instalação, em diferentes pontos da
horta, de copos plásticos, latas de óleo ou garrafas
descartáveis do tipo “pet” contendo água e gotas de
detergente neutro, os quais devem ser enterrados no
solo (Figura 8). Semanalmente os insetos mortos
devem ser retirados e a água do recipiente trocada.
Fig. 7. Grilo (acima) e paquinha (abaixo).
Recomendações para o Controle de Pragas em Hortas Urbanas 6
Foto:JorgeA.Guimarães
Foto:GeniL.VillasBôas
Foto:RenataS.deMendonça
Fig 8. Recipiente contendo água e detergente, enterrado no solo
para controle de grilos e paquinhas.
Ácaros
Identificação
Os ácaros são pequenos aracnídeos, com menos de
1 mm de comprimento, que raspam a superfície das
folhas e frutos das hortaliças, sugando o líquido que
extravasa pela destruição das células vegetais
(Figura 9). O ataque destas pragas ocasiona o
amarelecimento ou prateamento das folhas, manchas
escurecidas nos caules e ramos, em forma de
bronzeamento e deformação dos frutos.
Controle
Basicamente igual ao realizado para os insetos
sugadores.
Fig. 9. Teia formada pelo ácaro rajado em folhas de tomateiro.
Lesmas e Caracóis
Identificação
São moluscos terrestres, de corpo mole e mucoso,
que raspam as folhas, flores, ramos novos e raízes
das hortaliças (Figura 10). Preferem locais úmidos e
sombreados e atacam à noite ou em dias chuvosos.
Fig. 10. Ataque de lesma em folha de couve.
Controle
• Iscas e armadilhas - existem várias opções para o
controle destas pragas:
1. Armadilhas feitas com estopas ou panos
embebidos em cerveja ou leite devem ser
distribuídas sobre a superfície do terreno e ao
redor das plantas, ao anoitecer. No dia seguinte,
bem cedo, deve-se virar a estopa ou o pano e
recolher as lesmas e caracóis que se abrigaram
embaixo da armadilha. Estas pragas devem ser
enterradas em valas distantes de poços ou
cisternas, e cobertas por uma camada de cal
virgem não muito espessa. O processo de coleta
deve ser repetido diariamente para a eliminação
efetiva dos caramujos e lesmas. Não é
recomendado o uso de sal de cozinha sobre o
solo ou sobre a plantação. Além de não ter o
efeito desejado, pode contaminar o solo e águas
superficiais e subterrâneas, assim como também,
danificar as plantas. O procedimento de coleta,
manuseio e eliminação de lesmas e caramujos
deve ser feito com as mãos protegidas por luvas
ou sacos plásticos. Ao final da atividade devem-
se descartar as luvas e lavar bem as mãos.
Recomendações para o Controle de Pragas em Hortas Urbanas7
2. Alternativamente, a colocação de restos de
hortaliças como talos, folhas e outros sobre
jornais ou lona plástica, também servem como
atrativos às lesmas e caramujos.
3. Uso de iscas dentro de caixinhas ou latas
destampadas e enterradas na superfície do solo
ao longo de toda a horta. A isca pode ser uma
pequena quantidade de cerveja ou uma hortaliça,
como chuchu, misturada com sal. As lesmas e os
caracóis são atraídos pela isca e pela ausência de
luz e morrem por causa do sal no fundo do
recipiente.
4. Distribuição de pedaços crus de abóbora ou
chuchu nos canteiros da horta no final da tarde,
procedendo-se no dia seguinte à coleta de lesmas
e caracóis presentes sobre as iscas.
5. O uso de faixas de cal extinta de, pelo menos, 20
cm de largura ao redor da cultura após cada
chuva, ou semanalmente.
2. Inimigos Naturais
Inimigos naturais são organismos que, para
completarem seu desenvolvimento, se alimentam das
pragas. Os inimigos naturais mais conhecidos são os
predadores, como as joaninhas, vespas e bichos
lixeiros, que se alimentam de inúmeros indivíduos de
uma determinada espécie de praga (Figura 11). Os
parasitóides pertencem à outra categoria de inimigos
naturais e, em sua maioria, são vespas diminutas que
se desenvolvem no interior ou sobre o corpo da
praga.
Fig 11. Inimigos naturais de pragas que atacam as hortaliças.
Além destes agentes, existem microrganismos como
fungos, bactérias e vírus que ocasionam doenças e
matam as pragas quando estas alcançam grandes
populações no cultivo.
O uso dos inimigos naturais é conhecido como
controle biológico e se baseia na regulação natural
das populações de insetos e ácaros que se
alimentam de plantas. Assim, o homem pode tirar
proveito deste fato maximizando a ação dos inimigos
naturais, por meio de estratégias como: 1) catação
manual das pragas; 2) uso de barreiras e plantas
repelentes; 3) uso de defensivos alternativos
(extratos vegetais, óleos e caldas); 4) uso de
inseticidas biológicos contendo microrganismos
patogênicos às pragas e, 5) manutenção de plantas
que produzem flores em volta da horta, visto que
estas fornecem alimento complementar, refúgio e
local de reprodução para predadores e parasitóides
das pragas.
Recomendações para o Controle de Pragas em Hortas Urbanas 8
Fotos:MiguelMichereffFilho
3. Receitas para o Controle de Pragas
em Hortas Urbanas
3.1. Calda de farinha de trigo
Preparo:
1. Colocar 20 g de farinha de trigo, aos poucos e
lentamente em recipiente com 1 L de água e
agitar fortemente até a completa mistura da
farinha.
2. Coar a calda para uso.
3.2. Extrato de pimenta-do-reino, alho e
sabão
Ingredientes:
- 100 g de pimenta do reino moída
- 100 g de alho
- 50 g de sabão neutro
- 2 L de álcool
- 2 L de água
Preparo:
1. Colocar 100 g de pimenta do reino moída e 1 L
de álcool em recipiente de vidro com tampa.
Deixar em repouso por uma semana (Figura 12);
2. Triturar 100 g de alho, misturar em 1 L de álcool
e colocar em recipiente de vidro com tampa.
Deixar em repouso durante 7 dias (Figura 12);
3. Dissolver 50 g de sabão neutro em 1 L de água
quente, no dia em que for usar a calda;
4. No dia em que a calda for aplicada nas plantas,
deve-se coar os extratos e depois colocar 20 ml
do extrato de pimenta do reino, 10 ml do extrato
de alho e 100 ml da solução de sabão neutro em
um pulverizador, completando o volume com
água para 1 L. É necessário coar os ingredientes
para evitar entupimento do bico do pulverizador.
3.3. Óleo vegetal de uso culinário
Preparo:
1. Misturar 5 ml do óleo vegetal de algodão ou soja
e 0,5 ml de detergente neutro, completando-se o
volume com água para 1 L de calda.
2. Agitar a suspensão para uso.
Fig. 12. Componentes da calda de pimenta-do-reino, alho e sabão – extratos de alho e de pimenta-do-reino em álcool.
Recomendações para o Controle de Pragas em Hortas Urbanas 9
Fotos:MiguelMichereffFilho
3.4. Preparados de Folhas e de Sementes de Nim (Azadirachta indica)
a) Extrato de folhas verdes a 20% de
concentração (figura 13)
Ingredientes:
- 200 g de folhas e ramos finos verdes picados
- 1 L de água
Preparo:
1. Picar ou triturar as folhas e ramos verdes em
liquidificador e em seguida colocar o material
triturado em um tambor com capacidade para 10
L de água.
2. Deixar essa mistura em repouso por 12 h, tendo
o cuidado de mexer duas a três vezes durante
esse período.
3. Após o período de repouso, deve-se coar o
extrato e utilizar imediatamente.
b) Extrato de folhas secas (pó)
Ingredientes:
- 40 g de folhas secas, moídas
- 1 L de água
Preparo:
1. Secar as folhas à sombra ou em estufa secadora
(à 40o
C durante 3 dias) e triturá-las em moinho
ou em pilão.
2. Adicionar 40 g do pó em 1 L de água e deixar
em repouso por 24 horas.
3. Coar o extrato para uso.
FrutosFrutos
FolhasFolhas
ÁÁrvorervore
SementesSementesFrutosFrutos
FolhasFolhas
ÁÁrvorervore
SementesSementes
Fig. 13. Estruturas do nim utilizadas no preparo de caldas inseticidas.
Recomendações para o Controle de Pragas em Hortas Urbanas10
c) Extrato de sementes
Ingredientes:
- 50 g de sementes secas, sem casca ou 75 g de
sementes com casca
- 1 ml de detergente neutro ou 100 ml de solução
de sabão neutro
- 1 L de água
Preparo:
1. Triturar as sementes em liquidificador ou
moedor, colocar o material triturado num
recipiente com 1 L de água e deixar em
repouso por 12 horas com o cuidado de
mexer duas a três vezes.
2. No momento do uso deve-se coar o extrato
em tecido fino de algodão (para evitar o
entupimento do bico do pulverizador) e
adicionar 1 ml de detergente neutro ou
solução de sabão neutro (ver extrato de
pimenta-do-reino, alho e sabão).
d) Óleo bruto extraído de sementes
Ingredientes:
- 50 g de sementes secas, sem casca
- 1 ml de detergente neutro ou 100 ml de solução
de sabão neutro
- 1 L de água
Preparo:
1. Esmagar as sementes em prensa hidráulica,
moedor de café ou pilão, transferindo-se o óleo
extraído para um recipiente escuro, com um
pincel (1 kg de sementes secas rende 150-200
ml de óleo bruto). Armazenar o óleo até 30 dias
da extração, na geladeira.
2. No dia em que a calda for aplicada sobre as
plantas, deve-se misturar 5 ml do óleo de
sementes e 1 ml de detergente neutro,
completando-se o volume com água para 1 L de
calda.
3. Agitar a suspensão para uso.
e) Óleo de nim emulsionável (produto
comercial)
Existem diversos produtos comerciais à base de óleo
de sementes de nim para pronto uso. Para hortaliças
folhosas recomenda-se o uso do inseticida na
concentração de 0,5%, ou seja, para o preparo da
calda deve-se misturar 5 ml do produto comercial em
10 L de água.
4. Cuidados na Aplicação
Os defensivos recomendados devem ser utilizados
imediatamente após a sua mistura com a água. A
aplicação pode ser feita com borrifador de jardim ou
mini-pulverizador (capacidade de 3-5 litros), com jato
direcionado para a face superior e inferior das folhas
e para brotos e pequenos frutos.
Os produtos comerciais e as preparações caseiras à
base de óleos vegetais, extratos de folhas e
sementes, bem como o inseticida biológico com a
bactéria B. thuringiensis, devem ser pulverizados
sempre com vento fraco e no final da tarde, quando
as temperaturas estão mais amenas e o sol fraco.
Não aplicá-los em dias chuvosos ou com
possibilidade de chuva após a pulverização.
Excepcionalmente a calda de farinha de trigo deverá
se aplicada no período da manhã, em dias quentes e
secos, com sol forte, devendo-se cobrir totalmente
as folhas.
Quando necessário, deve-se repetir o tratamento em
intervalos de sete dias. Para garantir as qualidades
organolépticas do alimento, recomenda-se suspender
o uso de todos os defensivos 96 h antes do
consumo das hortaliças.
Referências
AMARO, G. B. SILVA, D. M. da; MARINHO, A. G.;
NASCIMENTO, W. M. Recomendações técnicas para
o cultivo de hortaliças em agricultura familiar.
Brasília, DF: Embrapa Hortaliças, 2007. 16 p.
(Embrapa Hortaliças. Circular Técnica, 47).
Recomendações para o Controle de Pragas em Hortas Urbanas 11
ANDRADE, L. N. T.; NUNES M. U. C. Produtos
alternativos para controle de doenças e pragas em
agricultura orgânica. Aracaju: Embrapa Tabuleiros,
2001. 20 p. (Embrapa Tabuleiros Costeiros.
Documentos, 28).
BURG, I. C.; MAYER, P. H. Prevenção e controle de
pragas e doenças: caldas, biofertilizantes, fitoterapia
animal, formicidas, defensivos naturais e sal mineral.
Francisco Beltrão: Grafit, 2001. 153 p.
BUTLER, L.; MARONEK, D. M. (Ed.). Urban and
agricultural communities: Opportunities for common
ground. Iowa: Council for Agricultural Science and
Technology, 2002. Disponível em:
<http://www.cast-science.org>. Acesso em: 23
out. 2009.
CASTELO BRANCO, M. Uma revisão da agricultura
urbana no mundo em desenvolvimento. In: CASTELO
BRANCO, M.; ALCÂNTARA, F. A.; MELO, P. E.
(Org.). Hortas comunitárias: o projeto Horta Urbana
de Santo Antônio do Descoberto. Brasília, DF:
Embrapa Hortaliças, 2007. v.1, p. 13-23.
CASTELO BRANCO, M.; ALCÂNTARA, F. A.; MELO,
P. E(Org.). Hortas comunitárias: o projeto Horta
Urbana de Santo Antônio do Descoberto. Brasília,
DF: Embrapa Hortaliças, 2007. v.1. 160p.
COELHO, L. M. Informe técnico para o controle do
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(Agência Rural. Documentos, 4).
FAO. Rome declaration on world food security and
world food summit plan of action. Rome, 1996.
FAO. The state of food insecurity in the world:
monitoring progress towards the World Food Summit
and Millennium Development Goals. Rome, 2004,
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de horta urbana. Brasília, DF: Embrapa Hortaliças,
2006. 12 p. (Embrapa Hortaliças. Comunicado
Técnico, 39).
MATOS, F. A. C. Horta doméstica. Brasília, DF:
EMATER, 2002. 48 p.
MONTEIRO, J. P. R.; MONTEIRO, M. S. Hortas
comunitárias de Teresina: agricultura urbana e
perspectivas de desenvolvimento local. Revista de la
Red Iberoamericana de Economia Ecológica,
Barcelona, v. 5, p. 47-60, 2006.
MOUGEOT, L. J. A. Urban agriculture: definition,
presence, potential and risks. In: BARKER, N.;
DUBBELLING, M.; GINDEL, S.; SABEL-KOSCHELLA,
U.; ZEEUW, H. (Ed.). Eurasburg: Growing Cities,
Growing Food-Urban Agriculture on the Policy
Agenda, 2001. p.1-42.
PENTEADO, S. R. Defensivos alternativos e naturais:
para uma agricultura saudável. Campinas: Jornalista
Maria da Graça D´Auria, 1999. 95 p.
SOUZA, J. L. de.; RESENDE, P. Manual de
horticultura orgânica. Viçosa, MG: Aprenda Fácil,
2003. 564 p.
SMIT, J. Urban agriculture: food jobs and sustainable
cities. New York: United Nations Development
Programme, 1996.
Circular
Técnica, 80
Exemplares desta edição podem ser adquiridos na:
Embrapa Hortaliças
Endereço: BR 060 km 9 Rod. Brasília-Anápolis
C. Postal 218, 70.531-970 Brasília-DF
Fone: (61) 3385-9115
Fax: (61) 3385-9042
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1ª edição
1ª impressão (2009): 1.000 exemplares
Comitê de
Publicações
Expediente
Presidente: Warley Marcos Nascimento
Editor Técnico: Mirtes Freitas Lima
Membros: Jadir Borges Pinheiro
Miguel Michereff Filho
Milza Moreira Lana
Ronessa Bartolomeu de Souza
Normalização Bibliográfica: Rosane M. Parmagnani
Editoração eletrônica: Rosane M. Parmagnani
GOVERNO FEDERAL
Ministério da
Agricultura, Pecuária
e Abastecimento

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Recomendações para o controle de pragas em hortas urbanas

  • 1. Recomendações para o Controle de Pragas em Hortas Urbanas Hortas comunitárias normalmente são conduzidas em pequenas áreas; no pátio de casas e escolas, no terraço de prédios e sacadas de apartamentos, em espaços públicos comunitários e, em terrenos baldios dentro dos limites das cidades. Neste tipo de atividade há preferência pelo cultivo de hortaliças de ciclo curto e de baixo investimento como, alface, couve, cebolinha, coentro, etc. Contudo, isso não elimina todos os problemas durante a condução da horta. Eventualmente, torna-se necessária a adoção de medidas de combate a pragas agrícolas, como insetos sugadores, formigas cortadeiras, lagartas, besouros, ácaros, lesmas e caracóis. A convivência entre o homem e as pragas pode ser um desafio para a produção de hortaliças, entretanto, várias medidas de controle mostram-se efetivas para proteção das plantas, desde que adotadas de forma correta. O uso de inseticidas e acaricidas químicos sintéticos para o controle de pragas, embora preconizado na agricultura de larga escala, não é recomendado em hortas urbanas, pois são conduzidas por famílias, escolas ou pequenas comunidades, que geralmente buscam a produção de alimentos saudáveis, livres de resíduos tóxicos e de baixo custo. Além disso, este público nem sempre dispõe de conhecimento técnico, treinamento e equipamentos adequados para empregar o controle químico de forma correta e segura. Com esta Circular Técnica pretende-se disponibilizar uma série de informações sobre pragas que atacam hortas urbanas e métodos de controle dessas pragas, com foco no uso de práticas culturais e de defensivos alternativos pouco agressivos ao ambiente e de baixa toxicidade ao homem, a exemplo do que se pratica na agricultura orgânica. Brasília, DF Novembro, 2009 Autores ISSN 1415-3033 Circular Técnica 80 Miguel Michereff Filho Eng. Agr., DSc., Entomologia Embrapa Hortaliças, Brasília, DF miguel@cnph.embrapa.br Jorge Anderson Guimarães Biol., DSc., Entomologia Embrapa Hortaliças, Brasília, DF jorge.anderson@cnph.embrapa.br Ronaldo Setti de Liz Eng. Agr., MSc., Gest. Solos e Água Embrapa Hortaliças, Brasília, DF setti@cnph.embrapa.br Foto:MarcosEsteves Foto:MarcosEsteves
  • 2. Recomendações para o Controle de Pragas em Hortas Urbanas 2 Foto:MárcioAraújo Fotos:MiguelMichereff 1. Pragas das Hortaliças e seu Controle A forma de preparo e uso de produtos comerciais e caseiros para o controle de pragas encontram-se descritos no item 3 desta publicação. Formigas cortadeiras Fig. 1. Formiga cortadeira) Identificação Estas formigas também são conhecidas como saúvas e estão entre as mais importantes pragas da agricultura brasileira (Figura 1). São insetos com organização social, que vivem em ninhos subterrâneos (formigueiros; Figura 2). Cortam folhas, hastes e flores e transportam estas estruturas vegetais para o interior da colônia, onde são utilizadas como substrato para cultivo de um fungo, do qual as formigas se alimentam. São facilmente identificadas pela presença de três ou quatro pares de espinhos nas costas, na região logo após a cabeça. Elas são mais ativas à noite e nas horas de temperatura mais amena do dia. Os danos causados pelas saúvas são facilmente reconhecidos pelo corte que fazem nas folhas, em formato de meia-lua ou arco, com desfolha completa da planta atacada. Controle ● Barreiras - canais de terra ou canaletas de cimento, cheios de água e gotas de detergente neutro, circundando os canteiros de mudas do viveiro; latas de óleo ou garrafas descartáveis do tipo “pet”, sem fundo e tampa ou gargalo, colocadas circundando os caules, sendo levemente enterradas no solo e untadas com graxa na parte externa; cultivo permanente de batata-doce (Ipomoea batatas) ao redor da horta ou entre os canteiros. ● Planta repelente - cultivo permanente de batata- doce (Ipomoea batatas) ao redor da horta ou entre canteiros. A batata-doce é pouco preferida pelas formigas cortadeiras, pois o látex que escorre da rama quando é atacada pela formiga cortadeira causa repelência à praga. ● Planta com ação inseticida - cultivo de gergelim (Sesamum indicum) ao redor da horta. Embora o gergelim seja atacado pelas formigas cortadeiras, substâncias químicas presentes neste vegetal afetam negativamente a vida das saúvas e reduzem o tamanho do formigueiro. ● Cinzas - as cinzas de madeira, obtidas peneirando-se o fundo da churrasqueira ou do fogão à lenha, atuam como repelente destes insetos; devem ser misturadas com água e aplicadas sobre as plantas ao final da tarde. Fig. 2. Ninho e trilha de formigas cortadeiras.
  • 3. Recomendações para o Controle de Pragas em Hortas Urbanas3 Insetos sugadores Identificação Os insetos sugadores, conhecidos como pulgões, moscas-brancas, cochonilhas, percevejos, tripes e cigarrinhas, estão entre as pragas mais importantes das hortaliças (Figura 3). São insetos pequenos, possuem formato e cores variadas, podem ter asas ou não e vivem em grandes populações (colônias) na Fig. 3. Insetos sugadores que danificam as hortaliças. face inferior das folhas, em brotações e nas flores. Sugam a seiva das plantas tornando-as menos vigorosas e produtivas. Os pulgões, as moscas- brancas e as cochonilhas também secretam um líquido açucarado que favorece a formação de uma película preta sobre as folhas e frutos, popularmente conhecida como fumagina. Isto reduz a fotossíntese da planta e deprecia o alimento (folha ou fruto) devido ao péssimo aspecto. Controle ● Catação manual - retirada de folhas infestadas, seguido de esmagamento. ● Armadilhas adesivas - instalação, em diferentes pontos da horta, de placas ou garrafas plásticas descartáveis do tipo “pet” e de pedaços de tábuas pintadas de amarelo para atração de pulgões e moscas-brancas ou pintadas de azul para atração de tripes. Estas armadilhas atrativas devem ser revestidas com uma camada de cola ou graxa para retenção dos insetos. ● Plantas repelentes - cultivo em volta da horta ou dentro do canteiro, em fileiras ou em covas alternadas de coentro (Coriandrum sativum), tagetes ou cravo-de-defunto (Tagetes sp.), hortelã (Mentha spp.), calêndula (Calendula officinalis), mastruz (Chenopodium ambrosioides), artemisia (Artemisia sp.) e arruda (Ruta graveolens). Estas plantas liberam substâncias voláteis que repelem os insetos sugadores adultos, mantendo-os afastados das hortaliças. ● Calda de farinha de trigo e água - quando pulverizada sobre as plantas mata os insetos por asfixia. Com o passar do tempo a calda seca ao sol, formando uma camada branca de pó que cobrirá os insetos e pela ação do vento esta película é gradativamente removida das folhas. ● Inseticidas alternativos - pulverização de extrato de pimenta, alho e sabão neutro; uso de óleo vegetal de soja ou algodão para cozinha, misturado em água e sabão dissolvido ou detergente neutro; pulverização de preparações caseiras de folhas e de
  • 4. Recomendações para o Controle de Pragas em Hortas Urbanas 4 Foto:CarlosSolano Fotos:JorgeA.Guimarães sementes de nim (Azadirachta indica). Também existem vários produtos comerciais à base de óleo de sementes de nim e, neste caso, deve-se consultar um Engenheiro Agrônomo. Fig. 4. Placa amarela adesiva para captura de pulgões e moscas- brancas. Lagartas Identificação Existem mariposas e borboletas que, durante a sua fase jovem, ou seja, na forma de lagartas, se alimentam de folhas e podem perfurar talos, flores e frutos ainda jovens. Estas lagartas podem apresentar coloração branco-amarelada, esverdeada ou amarronzada (Figura 5). Fig. 5. Ovos e lagartas em hortaliças. Controle ● Inseticida biológico - produtos comerciais à base da bactéria Bacillus thuringiensis, que tem ação exclusiva sobre lagartas. Este inseticida ao ser ingerido pelas lagartas, juntamente com as folhas, causa doença e morte do inseto. Esta bactéria não é prejudicial nem ao homem e nem aos animais. No mercado brasileiro existem vários produtos comerciais contendo este agente de controle biológico e deve-se consultar um Engenheiro Agrônomo para recomendação da dosagem certa a ser aplicada. ● Outras medidas - plantas repelentes; catação manual; inseticidas alternativos à base de nim ou calda de farinha de trigo e água, conforme recomendado no controle de insetos sugadores.
  • 5. Recomendações para o Controle de Pragas em Hortas Urbanas5 Foto:CarlosSolano Foto:JorgeA.GuimarãesFoto:MiguelMichereffFilho Foto:CarlosSolano Vaquinhas Identificação São insetos pequenos, cujos adultos se caracterizam por apresentar o primeiro par de asas rígidas como um escudo, de cores variadas, com manchas amarelas, pretas ou acinzentadas (Figura 6). Estes besouros se alimentam de folhas, hastes e flores. Controle ● Plantas repelentes - cultivo de coentro, hortelã e arruda. ● Inseticidas alternativos - preparações caseiras ou produtos comerciais à base de nim, conforme recomendado para os insetos sugadores. Fig. 6. Besouros conhecidos como vaquinhas. Grilos e Paquinhas Identificação São insetos com 2,5 a 3,0 cm de comprimento, de coloração amarelada ou pardo-escura, que durante o dia se abrigam em ambientes escuros e úmidos, sob pedras e restos de plantas (Figura 7). Alimentam-se de folhas e hastes novas, de tubérculos e raízes. Controle • Armadilhas - instalação, em diferentes pontos da horta, de copos plásticos, latas de óleo ou garrafas descartáveis do tipo “pet” contendo água e gotas de detergente neutro, os quais devem ser enterrados no solo (Figura 8). Semanalmente os insetos mortos devem ser retirados e a água do recipiente trocada. Fig. 7. Grilo (acima) e paquinha (abaixo).
  • 6. Recomendações para o Controle de Pragas em Hortas Urbanas 6 Foto:JorgeA.Guimarães Foto:GeniL.VillasBôas Foto:RenataS.deMendonça Fig 8. Recipiente contendo água e detergente, enterrado no solo para controle de grilos e paquinhas. Ácaros Identificação Os ácaros são pequenos aracnídeos, com menos de 1 mm de comprimento, que raspam a superfície das folhas e frutos das hortaliças, sugando o líquido que extravasa pela destruição das células vegetais (Figura 9). O ataque destas pragas ocasiona o amarelecimento ou prateamento das folhas, manchas escurecidas nos caules e ramos, em forma de bronzeamento e deformação dos frutos. Controle Basicamente igual ao realizado para os insetos sugadores. Fig. 9. Teia formada pelo ácaro rajado em folhas de tomateiro. Lesmas e Caracóis Identificação São moluscos terrestres, de corpo mole e mucoso, que raspam as folhas, flores, ramos novos e raízes das hortaliças (Figura 10). Preferem locais úmidos e sombreados e atacam à noite ou em dias chuvosos. Fig. 10. Ataque de lesma em folha de couve. Controle • Iscas e armadilhas - existem várias opções para o controle destas pragas: 1. Armadilhas feitas com estopas ou panos embebidos em cerveja ou leite devem ser distribuídas sobre a superfície do terreno e ao redor das plantas, ao anoitecer. No dia seguinte, bem cedo, deve-se virar a estopa ou o pano e recolher as lesmas e caracóis que se abrigaram embaixo da armadilha. Estas pragas devem ser enterradas em valas distantes de poços ou cisternas, e cobertas por uma camada de cal virgem não muito espessa. O processo de coleta deve ser repetido diariamente para a eliminação efetiva dos caramujos e lesmas. Não é recomendado o uso de sal de cozinha sobre o solo ou sobre a plantação. Além de não ter o efeito desejado, pode contaminar o solo e águas superficiais e subterrâneas, assim como também, danificar as plantas. O procedimento de coleta, manuseio e eliminação de lesmas e caramujos deve ser feito com as mãos protegidas por luvas ou sacos plásticos. Ao final da atividade devem- se descartar as luvas e lavar bem as mãos.
  • 7. Recomendações para o Controle de Pragas em Hortas Urbanas7 2. Alternativamente, a colocação de restos de hortaliças como talos, folhas e outros sobre jornais ou lona plástica, também servem como atrativos às lesmas e caramujos. 3. Uso de iscas dentro de caixinhas ou latas destampadas e enterradas na superfície do solo ao longo de toda a horta. A isca pode ser uma pequena quantidade de cerveja ou uma hortaliça, como chuchu, misturada com sal. As lesmas e os caracóis são atraídos pela isca e pela ausência de luz e morrem por causa do sal no fundo do recipiente. 4. Distribuição de pedaços crus de abóbora ou chuchu nos canteiros da horta no final da tarde, procedendo-se no dia seguinte à coleta de lesmas e caracóis presentes sobre as iscas. 5. O uso de faixas de cal extinta de, pelo menos, 20 cm de largura ao redor da cultura após cada chuva, ou semanalmente. 2. Inimigos Naturais Inimigos naturais são organismos que, para completarem seu desenvolvimento, se alimentam das pragas. Os inimigos naturais mais conhecidos são os predadores, como as joaninhas, vespas e bichos lixeiros, que se alimentam de inúmeros indivíduos de uma determinada espécie de praga (Figura 11). Os parasitóides pertencem à outra categoria de inimigos naturais e, em sua maioria, são vespas diminutas que se desenvolvem no interior ou sobre o corpo da praga. Fig 11. Inimigos naturais de pragas que atacam as hortaliças. Além destes agentes, existem microrganismos como fungos, bactérias e vírus que ocasionam doenças e matam as pragas quando estas alcançam grandes populações no cultivo. O uso dos inimigos naturais é conhecido como controle biológico e se baseia na regulação natural das populações de insetos e ácaros que se alimentam de plantas. Assim, o homem pode tirar proveito deste fato maximizando a ação dos inimigos naturais, por meio de estratégias como: 1) catação manual das pragas; 2) uso de barreiras e plantas repelentes; 3) uso de defensivos alternativos (extratos vegetais, óleos e caldas); 4) uso de inseticidas biológicos contendo microrganismos patogênicos às pragas e, 5) manutenção de plantas que produzem flores em volta da horta, visto que estas fornecem alimento complementar, refúgio e local de reprodução para predadores e parasitóides das pragas.
  • 8. Recomendações para o Controle de Pragas em Hortas Urbanas 8 Fotos:MiguelMichereffFilho 3. Receitas para o Controle de Pragas em Hortas Urbanas 3.1. Calda de farinha de trigo Preparo: 1. Colocar 20 g de farinha de trigo, aos poucos e lentamente em recipiente com 1 L de água e agitar fortemente até a completa mistura da farinha. 2. Coar a calda para uso. 3.2. Extrato de pimenta-do-reino, alho e sabão Ingredientes: - 100 g de pimenta do reino moída - 100 g de alho - 50 g de sabão neutro - 2 L de álcool - 2 L de água Preparo: 1. Colocar 100 g de pimenta do reino moída e 1 L de álcool em recipiente de vidro com tampa. Deixar em repouso por uma semana (Figura 12); 2. Triturar 100 g de alho, misturar em 1 L de álcool e colocar em recipiente de vidro com tampa. Deixar em repouso durante 7 dias (Figura 12); 3. Dissolver 50 g de sabão neutro em 1 L de água quente, no dia em que for usar a calda; 4. No dia em que a calda for aplicada nas plantas, deve-se coar os extratos e depois colocar 20 ml do extrato de pimenta do reino, 10 ml do extrato de alho e 100 ml da solução de sabão neutro em um pulverizador, completando o volume com água para 1 L. É necessário coar os ingredientes para evitar entupimento do bico do pulverizador. 3.3. Óleo vegetal de uso culinário Preparo: 1. Misturar 5 ml do óleo vegetal de algodão ou soja e 0,5 ml de detergente neutro, completando-se o volume com água para 1 L de calda. 2. Agitar a suspensão para uso. Fig. 12. Componentes da calda de pimenta-do-reino, alho e sabão – extratos de alho e de pimenta-do-reino em álcool.
  • 9. Recomendações para o Controle de Pragas em Hortas Urbanas 9 Fotos:MiguelMichereffFilho 3.4. Preparados de Folhas e de Sementes de Nim (Azadirachta indica) a) Extrato de folhas verdes a 20% de concentração (figura 13) Ingredientes: - 200 g de folhas e ramos finos verdes picados - 1 L de água Preparo: 1. Picar ou triturar as folhas e ramos verdes em liquidificador e em seguida colocar o material triturado em um tambor com capacidade para 10 L de água. 2. Deixar essa mistura em repouso por 12 h, tendo o cuidado de mexer duas a três vezes durante esse período. 3. Após o período de repouso, deve-se coar o extrato e utilizar imediatamente. b) Extrato de folhas secas (pó) Ingredientes: - 40 g de folhas secas, moídas - 1 L de água Preparo: 1. Secar as folhas à sombra ou em estufa secadora (à 40o C durante 3 dias) e triturá-las em moinho ou em pilão. 2. Adicionar 40 g do pó em 1 L de água e deixar em repouso por 24 horas. 3. Coar o extrato para uso. FrutosFrutos FolhasFolhas ÁÁrvorervore SementesSementesFrutosFrutos FolhasFolhas ÁÁrvorervore SementesSementes Fig. 13. Estruturas do nim utilizadas no preparo de caldas inseticidas.
  • 10. Recomendações para o Controle de Pragas em Hortas Urbanas10 c) Extrato de sementes Ingredientes: - 50 g de sementes secas, sem casca ou 75 g de sementes com casca - 1 ml de detergente neutro ou 100 ml de solução de sabão neutro - 1 L de água Preparo: 1. Triturar as sementes em liquidificador ou moedor, colocar o material triturado num recipiente com 1 L de água e deixar em repouso por 12 horas com o cuidado de mexer duas a três vezes. 2. No momento do uso deve-se coar o extrato em tecido fino de algodão (para evitar o entupimento do bico do pulverizador) e adicionar 1 ml de detergente neutro ou solução de sabão neutro (ver extrato de pimenta-do-reino, alho e sabão). d) Óleo bruto extraído de sementes Ingredientes: - 50 g de sementes secas, sem casca - 1 ml de detergente neutro ou 100 ml de solução de sabão neutro - 1 L de água Preparo: 1. Esmagar as sementes em prensa hidráulica, moedor de café ou pilão, transferindo-se o óleo extraído para um recipiente escuro, com um pincel (1 kg de sementes secas rende 150-200 ml de óleo bruto). Armazenar o óleo até 30 dias da extração, na geladeira. 2. No dia em que a calda for aplicada sobre as plantas, deve-se misturar 5 ml do óleo de sementes e 1 ml de detergente neutro, completando-se o volume com água para 1 L de calda. 3. Agitar a suspensão para uso. e) Óleo de nim emulsionável (produto comercial) Existem diversos produtos comerciais à base de óleo de sementes de nim para pronto uso. Para hortaliças folhosas recomenda-se o uso do inseticida na concentração de 0,5%, ou seja, para o preparo da calda deve-se misturar 5 ml do produto comercial em 10 L de água. 4. Cuidados na Aplicação Os defensivos recomendados devem ser utilizados imediatamente após a sua mistura com a água. A aplicação pode ser feita com borrifador de jardim ou mini-pulverizador (capacidade de 3-5 litros), com jato direcionado para a face superior e inferior das folhas e para brotos e pequenos frutos. Os produtos comerciais e as preparações caseiras à base de óleos vegetais, extratos de folhas e sementes, bem como o inseticida biológico com a bactéria B. thuringiensis, devem ser pulverizados sempre com vento fraco e no final da tarde, quando as temperaturas estão mais amenas e o sol fraco. Não aplicá-los em dias chuvosos ou com possibilidade de chuva após a pulverização. Excepcionalmente a calda de farinha de trigo deverá se aplicada no período da manhã, em dias quentes e secos, com sol forte, devendo-se cobrir totalmente as folhas. Quando necessário, deve-se repetir o tratamento em intervalos de sete dias. Para garantir as qualidades organolépticas do alimento, recomenda-se suspender o uso de todos os defensivos 96 h antes do consumo das hortaliças. Referências AMARO, G. B. SILVA, D. M. da; MARINHO, A. G.; NASCIMENTO, W. M. Recomendações técnicas para o cultivo de hortaliças em agricultura familiar. Brasília, DF: Embrapa Hortaliças, 2007. 16 p. (Embrapa Hortaliças. Circular Técnica, 47).
  • 11. Recomendações para o Controle de Pragas em Hortas Urbanas 11 ANDRADE, L. N. T.; NUNES M. U. C. Produtos alternativos para controle de doenças e pragas em agricultura orgânica. Aracaju: Embrapa Tabuleiros, 2001. 20 p. (Embrapa Tabuleiros Costeiros. Documentos, 28). BURG, I. C.; MAYER, P. H. Prevenção e controle de pragas e doenças: caldas, biofertilizantes, fitoterapia animal, formicidas, defensivos naturais e sal mineral. Francisco Beltrão: Grafit, 2001. 153 p. BUTLER, L.; MARONEK, D. M. (Ed.). Urban and agricultural communities: Opportunities for common ground. Iowa: Council for Agricultural Science and Technology, 2002. Disponível em: <http://www.cast-science.org>. Acesso em: 23 out. 2009. CASTELO BRANCO, M. Uma revisão da agricultura urbana no mundo em desenvolvimento. In: CASTELO BRANCO, M.; ALCÂNTARA, F. A.; MELO, P. E. (Org.). Hortas comunitárias: o projeto Horta Urbana de Santo Antônio do Descoberto. Brasília, DF: Embrapa Hortaliças, 2007. v.1, p. 13-23. CASTELO BRANCO, M.; ALCÂNTARA, F. A.; MELO, P. E(Org.). Hortas comunitárias: o projeto Horta Urbana de Santo Antônio do Descoberto. Brasília, DF: Embrapa Hortaliças, 2007. v.1. 160p. COELHO, L. M. Informe técnico para o controle do caramujo africano (Achatina fulica, Bowdch 1822) em Goiás. Goiânia: Agência Rural, 2005. 12 p. (Agência Rural. Documentos, 4). FAO. Rome declaration on world food security and world food summit plan of action. Rome, 1996. FAO. The state of food insecurity in the world: monitoring progress towards the World Food Summit and Millennium Development Goals. Rome, 2004, LIZ, R. S. Etapas para o planejamento e implantação de horta urbana. Brasília, DF: Embrapa Hortaliças, 2006. 12 p. (Embrapa Hortaliças. Comunicado Técnico, 39). MATOS, F. A. C. Horta doméstica. Brasília, DF: EMATER, 2002. 48 p. MONTEIRO, J. P. R.; MONTEIRO, M. S. Hortas comunitárias de Teresina: agricultura urbana e perspectivas de desenvolvimento local. Revista de la Red Iberoamericana de Economia Ecológica, Barcelona, v. 5, p. 47-60, 2006. MOUGEOT, L. J. A. Urban agriculture: definition, presence, potential and risks. In: BARKER, N.; DUBBELLING, M.; GINDEL, S.; SABEL-KOSCHELLA, U.; ZEEUW, H. (Ed.). Eurasburg: Growing Cities, Growing Food-Urban Agriculture on the Policy Agenda, 2001. p.1-42. PENTEADO, S. R. Defensivos alternativos e naturais: para uma agricultura saudável. Campinas: Jornalista Maria da Graça D´Auria, 1999. 95 p. SOUZA, J. L. de.; RESENDE, P. Manual de horticultura orgânica. Viçosa, MG: Aprenda Fácil, 2003. 564 p. SMIT, J. Urban agriculture: food jobs and sustainable cities. New York: United Nations Development Programme, 1996. Circular Técnica, 80 Exemplares desta edição podem ser adquiridos na: Embrapa Hortaliças Endereço: BR 060 km 9 Rod. Brasília-Anápolis C. Postal 218, 70.531-970 Brasília-DF Fone: (61) 3385-9115 Fax: (61) 3385-9042 E-mail: sac@cnph.embrapa.br 1ª edição 1ª impressão (2009): 1.000 exemplares Comitê de Publicações Expediente Presidente: Warley Marcos Nascimento Editor Técnico: Mirtes Freitas Lima Membros: Jadir Borges Pinheiro Miguel Michereff Filho Milza Moreira Lana Ronessa Bartolomeu de Souza Normalização Bibliográfica: Rosane M. Parmagnani Editoração eletrônica: Rosane M. Parmagnani GOVERNO FEDERAL Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento