A intolerância não requer nenhuma argumentação moral plausível ou lógica para se impor. Trata-se de uma postura que se caracteriza pela arrogância e pelo preconceito, expressos pela força bruta, pelo desdém e por uma atitude de pretensa superioridade, alimentados por um ódio irracional e difuso contra determinado objeto ou sujeito.
3. O Inep divulgou na tarde deste domingo (6) o tema da redação do Enem 2016:
"Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil". Os mais de 8
milhões de candidatos deverão fazer um texto de até 30 linhas com uma proposta
sobre o problema.
Tema da redação do #Enem2016: “Caminhos para combater a intolerância
religiosa no Brasil”.
5. Mas não rasga dinheiro não” (Trecho de Guerra Santa, de Gilberto Gil)
Deste caso, todo mundo certamente lembra. Na véspera de 12 de outubro de 1995, o bispo Von Helder, da
Igreja Universal do Reino de Deus, chutou em seu programa de TV uma imagem de Nossa Senhora de
Aparecida, causando consternação em todo o país. Enquanto chutava a imagem da Santa, também proferia
um discurso carregado de preconceito e ódio, nada condizentes com um representante religioso de Jesus
Cristo. Entre suas declarações, a que mais surpreende é esta: “Não funciona! Ela é feia, PRETA, ela não
tem VALOR NO MERCADO. Ela só serve para atrapalhar os negócios com antigas superstições”. Nesta
declaração, soma-se o preconceito racial à intolerância religiosa. Então o fato da Santa ser preta a torna
mais motivo de ódio? Se a imagem fosse branca, seria menos odiada? O pastor a beijaria ao invés de
chutá-la? E que “valor no mercado” seria esse? Se a santa tivesse “valor de mercado”, então ela seria
aceita pelo pastor e sua Igreja? É bem como diz a letra da música do Gilberto Gil, reproduzida acima, ele
pode ser pinel, mas tem sanidade o suficiente para não rasgar dinheiro. Leia detalhes do episódio na
Wikipedia. Saiba mais sobre ataques de evangélicos a Nossa Senhora. Jovens evangélicos depredam
terreiro de umbanda Este episódio já foi comentado aqui em junho, tendo como fonte uma matéria no portal
de notícias G1. Quatro jovens evangélicos, da
denominação Igreja Geração Jesus Cristo, invadiram um terreiro de umbanda e o depredaram, destruindo
todas as imagens do seu congá (altar), além de terem insultado todos os presentes. Foram presos em
flagrante.
Infelizmente, não são poucos os casos de terreiros invadidos, geralmente por evangélicos de denominações
mais radicais. Porém, entre os adeptos das religiões afro-brasileiras, ainda são poucos que conhecem os
seus direitos e sabem como exercê-los, de modo que muitos desses casos não param na polícia e não são
noticiados pela imprensa. Não é à toa que hoje existem já alguns terreiros contratandoseguranças para
protegerem seu momento de culto de fanáticos religiosos. Perdeu o emprego por ser adepta do kardecismo
Esse é o tipo de caso que tem menos repercussão, mas que acontece com maior freqüência do que todos
os outros citados aqui. Muitas são as pessoas que perdem os seus empregos por questões religiosas. A
protética Michelli Alves de Oliveira, então com 26 anos, havia arrumado emprego em um laboratório em
Copacabana. No dia em que começaria a trabalhar, porém, soube que havia perdido a vaga. Motivo? Ela
era kardecista, enquanto seu empregador era evangélico, declarando-se “um profeta ungido pelo espírito
santo” (modesto ele, não?).
6. No laboratório em questão, todos os funcionários são da mesma religião, não se aceitando ninguém que
declare outra opção religiosa.
Fonte:http://www.oxum.com.br/site/novidadesInterna.asp?idNoticia= 22
Como se defender? Caso tenha sido vítima de intolerância e/ou perseguição religiosa, não vacile, denuncie!
Procure seu advogado, a delegacia de polícia mais próxima e preste queixa. A constituição brasileira
garante a todos a liberdade de culto religioso e violar esta liberdade é crime que pode dar até dois anos de
prisão, mais multa. Além disso, o crime é imprescritível, o que significa que, não importa há quanto tempo
tenha acontecido, o culpado sempre poderá ser condenado. Relate o seu caso E você? Sofreu ou conhece
outros casos de intolerância religiosa? Então deixe seu relato nos comentários desta postagem. Outras
Fontes de informação Selecionei aqui alguns artigos que tratam do tema em maior profundidade para quem
quiser estudá-lo mais amplamente. Intolerância religiosa. Impactos do neopentecostalismo no campo
religioso afrobrasileiro Nós e os outros: proselitismo e intolerância religiosas nas Igrejas Neopentecostais
Representantes de diferentes religiões dizem não à intolerância religiosa Religious Tolerance. O melhor site
sobre o tema! Combate à intolerância religiosa no Orkut Algumas comunidades interessantes: Intolerância
religiosa/ basta! Intolerância religiosa Não à intolerância religiosa Fonte: HTTP://entremundos.com.br
7. Ir:. Fadel David Antonio Tuma Filho, M:.I:.
Oriente de Rio Claro -SP
8. Introdução
Um lobo interpela um cordeiro
que bebe água num riacho, e diz:
“como ousas sujar a água que eu vou beber? Como castigo,
eu vou devorá-lo”.
- “Como posso sujar sua água, ‘seu’ lobo, se ela corre do seu
lado para o meu?!” – responde o cordeiro.
Sem jeito , o lobo replica – “Muito bem, mas eu soube que
você falou mal de mim ano passado”.
- “Como posso ter falado mal do senhor ano passado?!” –
argumenta o cordeirinho.
- “é... Mas se não foi você foi o seu pai, ou seu irmão, ou seu
tio, não importa...” – arremata o lobo, pulando sobre o
cordeiro e devorando – o.
9. A intolerância não requer nenhuma argumentação
moral plausível ou lógica para se impor. Trata-se de
uma postura que se caracteriza pela arrogância e pelo
preconceito, expressos pela força bruta, pelo desdém e
por uma atitude de pretensa superioridade,
alimentados por um ódio irracional e difuso contra
determinado objeto ou sujeito.
10. A Intolerância como postura individual ou
coletiva
Podemos distinguir a Intolerância como uma postura
pessoal e individualizada, bem como um
comportamento de valor compartilhado por um grupo
social ou uma comunidade nacional ou étnica.
11. Um indivíduo intolerante invariavelmente
possui um histórico de vida marcado por
frustrações e insatisfações que geram o
auto-desprezo, a auto-depreciação e o
desinteresse próprios. Em geral são pessoas
desajustadas da realidade, decorrente da
falta inata de talento ou de flexibilidade
emocional ou pelo fato do indivíduo possuir
algum defeito irreparável no corpo ou na
mente que o impede de realizar seus mais
ambicionados desejos.
12. Na busca de compensações para satisfazer o próprio
ego e camuflar as frustrações e mágoas, o indivíduo
apresenta-se, muitas vezes, com ares de altruísmo e
vaidade ilimitada, escondendo uma falsa humildade.
Não raro, se crê ‘destinado’, como um ‘ser especial’.
‘escolhido’, entendendo sua vida como uma ‘missão’.
13. Existe em todos nós, uma tendência em
localizar as forças modeladoras de
nossa existência fora de nós mesmos.
Neste sentido, é comum tendermos
relacionar a algo ou a alguém os nossos
fracassos ou sucessos. Nos indivíduos
frustrados, a culpa pela própria
incompetência, via de regra é
direcionada para outra pessoa ou grupo
de pessoas ou instituições.
14. O preconceito e a discriminação surgem como
respostas irracionais a essas duas grandes paixões da
alma: o medo e o ódio
15. O desconhecimento e a incerteza quanto às coisas
e os acontecimentos geram o medo – que é a
crescente angústia pela falta de referências para
apreender a identidade das coisas e o rumo dos
acontecimentos em situações de mudanças ou de
conflitos e em momentos contraditórios ou
ambíguos.
16. O indivíduo procura se “livrar” (do medo) lançando
para fora de si os seus temores e pavores. Essa ação se
exprime num ódio, na vontade de aniquilar essa causa
‘externa’ perturbadora, que na verdade continua
dentro do próprio indivíduo
17. É a partir desse estado passional, assentado sobre
uma realidade instável, vivenciada pelo indivíduo,
que o medo e o ódio produzem os estereótipos
sociais que dão a esse indivíduo a ilusão de poder
compreender e controlar o mundo que o cerca,
ofuscando os verdadeiros problemas e suas causas
18. A função dos estereótipos é a simplificação imaginária
da realidade, criando dicotomias imediatamente
compreensíveis, do tipo: bom-mau, limpo-sujo,
bonito-feito, honesto-mentiroso, trabalhador-
preguiçoso, etc.
19. Isso serve para acalmar ou dissimular o medo e
estabelecer objetos visíveis para o ódio, possibilitando
a distinção entre o “eu” (o próprio indivíduo), como
‘bom’, ‘limpo’, ‘bonito’, ‘honesto’, ‘trabalhador’, ets. e o
“outro” (pessoas, instituições ou objetos, símbolos,
etc.) como ‘mau’, ‘sujo’, ‘feio’, ‘mentiroso’, ‘preguiçoso’,
etc.
20. O estereótipo dispensa o uso da razão e da reflexão crítica.
O ódio e o preconceito, geram no indivíduo a
intransigência e o orgulho que se traduzem na
INTOLERÂNCIA.
O intolerante apresenta sempre uma atitude de desrespeito
para com o ponto de vista dos outros e total falta de
compreensão para com suas eventuais fraquezas.
21. A prepotência, a arrogância e o orgulho do intolerante
servem para mascarar sua incompetência, seus
fracassos, seu egoísmo e suas frustrações.
22. O intolerante possui , muitas vezes, uma
falsa tolerância. O fato de ‘aceitar’
(aparentemente, pois no íntimo isso não
ocorre) o erro ou a fraqueza de alguém,
como um ato compassivo ou uma atitude de
condescendência, não o faz tolerante.
A verdadeira tolerância é humilde, mas
convicta.
É um ato consciente, racionalizado, que não
se supõe infalível ou superior face ao modo
de pensar dos outros.
23. A intolerância e suas manifestações
As primeiras manifestações de intolerância muitas
vezes surgem nas brincadeiras de crianças e
adolescentes na escola ou nos grupos de rua ou
vizinhança: o execrável “bullying”
24. O “bullying” ocorre quando os membros de um grupo
humilham e intimidam os elementos mais frágeis ou
que apresentam algum defeito físico ou diferença
racial, social ou sexual. Muitas dessas humilhações e
agressões físicas ou psicológicas acometidas na
juventude, não raro, marcam comportamentos sociais,
morais e psíquicos para o resto da vida de um
indivíduo.
25. A Intolerância é o primeiro passo para consequências
mais graves, como o fanatismo, o nacionalismo
exacerbado e o racismo
26. O fanatismo qualquer que seja sua matiz: religiosa,
política ou ideológica, não se sensibiliza ao apelo
da razão ou do senso moral. Trata-se, pois, de uma
adesão passional a uma pessoa ou a uma idéia, de
tal modo que coíbe ao fanatizado o exercício de sua
capacidade crítica. Disso resulta a sua
predisposição à auto-imolação, o que revela sua
afinidade com a histeria e o masoquismo. O
fanático é perpetuamente incompleto e inseguro e,
se abraça uma causa, não é exatamente por vê-la
como algo justo ou sagrado, mas devido a sua
desesperada necessidade de se apegar a alguma
coisa.
27. O nacionalismo exacerbado e fervoroso, o entusiasmo
religioso ou revolucionário exagerado e doentio, na
verdade, serve muitas vezes de refúgio a uma
consciência culpada.
28. O ódio apaixonado pode dar significação e propósito a uma
vida vazia. Desta maneira, o racista cultiva uma ideologia que
se baseia em premissas pseudocientíficas, que pregam a
superioridade de determinadas raças, etnias ou grupos
sociais. E como tais, estão destinadas a dominar e ‘salvar’ a
humanidade ou a sociedade, subjugando as raças, etnias ou
grupos sociais tidos como ‘inferiores’ ou ‘incapazes’.
29. O ódio e o preconceito estereotipados atingem sua
expressão máxima da intolerância e operam através de
atitudes que vão do “extermínio simbólico”
concretizado por meio de discursos e difusão de idéias
que objetivam atingir desfavoravelmente pessoas,
idéias, instituições ou objetos, símbolos, etc.
30. Até o “extermínio físico”, particularmente de pessoas
e instituições consideradas as ‘causas’ da infelicidade
do intolerante, seja ele um fanático religioso, político
ou ideológico, seja ele um racista ou um nacionalista
exacerbado.
31. A intolerância pode também servir de atitude de
defesa de um grupo social, étnico ou nacional. Muitas
são as causas sociais, econômicas, políticas e
ideológicas que geram atos de intolerância de um
grupo social, étnico ou nacional, muitas vezes em clara
contradição com a formação cultural do próprio grupo.
32. Entretanto, as frustrações coletivas, motivadas pelas
dificuldades nacionais (principalmente de cunho
econômico ou social), pelo desemprego em massa, por
um sentimento de derrota nacional ou mesmo pela
depreciação coletiva da própria nacionalidade, podem
gerar reações irracionais ou soluções imaginárias e
mágicas.
33. Em muitos desses casos, os grupos ou coletividade mais
atingidos buscam compensações às suas limitações reais
ou irreais. É comum fecharem-se num orgulho próprio e
procuram apoio na própria história, nas suas tradições
populares ou culturais, ou mesmo num sentimento
religioso comum.
34. Esse perigoso e insensato caminho pode levar toda
uma coletividade ou grupo social a se escorar em
idéias e valores completamente absurdos, que
ferem o bom senso, a dignidade e a inteligência da
humanidade.
35. Se auto-intitulam o grupo ou o povo “escolhido”, o
grupo ou o povo “eleito”, o povo “especial”, “destinado”
ou “missionário” (calcado num tal “destino manifesto”)
36. Em razão disso adotam a crença de que são injustiçados
ou ameaçados, justificando, assim, suas atitudes de
prepotência, arrogância e intolerância com relação aos
outros povos ou grupos sociais. Daí tratarem com
desdém e desprezo os outros.
37. Dentro da patologia da intolerância, encontramos
desde aquele indivíduo que humilha a esposa e os
filhos, aquele que, num posto de chefia ou revestido de
alguma autoridade, mostra-se prepotente com seus
subordinados.
38. Ou aquele que não tolera o favelado ou o morador da
periferia, ou ainda, aquele que desdenha e humilha o
imigrante pobre, ou o membro de uma minoria étnica, até
os casos mais graves de neonazistas, dos terroristas
fanáticos e mesmo o próprio Estado, através de seus
agentes, que espancam e matam seus opositores ou suas
vítimas, ou os seguidores de seitas que se revestem de
únicos donos da verdade.
40. A Tolerância é uma virtude que deve ser cultivada,
porém, não deve ser confundida com a conivência
interesseira ou com a benevolência pusilânime ou com
um ato de contrição capaz de redimir todos os pecados
41. A Tolerância do homem justo, livre e de bons costumes
deve se alicerçar na LIBERDADE, que se faz necessária
para convivermos com a idéia do direito de cada um ter
a consciência livre e plena, inclusive para considerar
sua própria verdade.
42. A IGUALDADE também deve ser outro alicerce, pois
não somos nem mais nem menos, nem superiores ou
inferiores, mas temos a obrigação de reconhecer o
pluralismo das idéias, culturas e valores, respeitando,
assim, o direito inalienável dos outros pensarem como
quiserem.
43. E por fim, a FRATERNIDADE, através da qual
exercemos o sublime reconhecimento de que somos
todos IRMÃOS, membros da mesma humanidade e do
mesmo planeta, partilhando do mesmo destino
comum e usufruindo da vida como uma dádiva
suprema da Natureza...
44. e da ENERGIA CONSCIENTE DO UNIVERSO, que
reconhecemos como o GRANDE ARQUITETO DO
UNIVERSO
45. REFERÊNCIAS
ABRAMOVICH, F. O Estranho Mundo que se mostra às Crianças.
São Paulo: Círculo do Livro, 1995;
ABRAMOVICH, F. Quem Educa Quem? São Paulo: Círculo do Livro,
1986;
ANTONIO FILHO, F. D. “Reflexões sobre Ética, Moral e Sigilo na
Maçonaria e no Mundo Profano, na Atualidade”: in (Anais) VIII e IX
Encontro de Membros Correspondentes. Juiz de Fora (MG): Loj:.
Frater:. Bras:. De Est:. E Pesq:., 2003, p. 41-46;
CARDOSO, F. H. ; IANNI, O. Homem e Sociedade. São Paulo:
Companhia Editora Nacional, 1975;
FREUD, S. Psicanálise dos Tempos Neuróticos. São Paulo: Edimax,
s/d;
ORLANDO, L. “Tolerância”: in O PRUMO. Florianópolis (SC), ano
XXIV, nº 96, maio/junho; 1994, p. 26;
46. NACHT, S. O Masoquismo. Rio de Janeiro: BUP, 1966 (vol. 61);
NEILL, A. S. Liberdade na Escola. São Paulo: IBRASA, 1967;
REALE, G. O Saber dos Antigos. São Paulo: Loyola, 1999;
SICHES, R. Tratado de Sociologia. Porto Alegre (RS): Editora Globo,
1988 (vol. 2);
SILVA FILHO, A. C. P. Sob a Luz da Psiquiatria. São Paulo: Anhembi,
1963.