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POSSIBILIDADE DA FORMAÇÃO DA SUBJETIVIDADE AUTONOMA PELA
               VIA DA EDUCAÇÃO NA PERSPECTIVA DE ADORNO 1
                                                                   Solange Toldo Soares2


INTRODUÇÃO


          Wolfgang Leo Maar na Guisa de Introdução do livro “Educação e
Emancipação” de Theodor W. Adorno (2006) destaca que a consideração do
referido autor de que a educação não é obrigatoriamente um fator de
emancipação pode soar melancólica, mas significa “a necessidade da crítica
permanente” (p. 11). Maar afirma que Adorno recorre a Auschwitz3 e procura
demonstrar “as dificuldades da formação da subjetividade autônoma pela via
da educação e da cultura nos parâmetros da sociedade burguesa, sem o apoio
de uma crítica objetiva da própria formação social” (p.27).
          Partindo destas considerações de Maar optou-se por estudar e relatar
neste pequeno esboço, como Adorno (2006) aborda a questão da “formação da
subjetividade autônoma pela via da educação” no texto Educação após
Auschwitz do livro Educação e Emancipação.




1
    Este texto foi elaborado com base nas discussões no Seminário Educação e Sociedade nas
     perspectivas de T. Adorno, M. Horkheimer e H. Marcuse no Programa de Pós-Graduação
     em Educação da Universidade Federal do Paraná e fundamentou a elaboração da
     dissertação de mestrado da referida autora em processo de publicação, intitulada como “O
     processo de construção das Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Pedagogia no
     Brasil (1996-2006): ambiguidades nas propostas de formação do pedagogo”.
2
    Pedagoga (UFPR), especialista em Formação Pedagógica do Professor Universitário
     (PUC/PR) e mestre em Educação pela UFPR.

3 Theodor W. Adorno dedicou-se a analisar as causas que levaram a Alemanha culta e
   esclarecida a gerar Adolf Hitler que, segundo dados da Wikipédia, a partir de 1940 construiu
   vários campos de concentração e um campo de extermínio no território dos municípios de
   Auschwitz e Birkenau, na Polônia ocupada. Os campos eram dirigidos pela SS (Schtztaffel –
   Seção de Segurança) comandada por Heirich Himmler. À entrada de Auschwitz I lia-se
   “Arbeit macht frei” (O trabalho liberta), contraditoriamente a frase os prisioneiros judeus
   morriam devido às severas condições de trabalho e desnutrição. Auschwitz II (Birkenau) era
   um campo de extermínio e Auschwitz III (Monowitz) foi utilizado como campo de trabalho
   escravo pela empresa IG Farben.
EDUCAÇÃO APÓS AUSCHWITZ: SÓ FAZ SENTIDO EDUCAR CONTRA A
BARBÁRIE


       Segundo Adorno (2006) são extremamente limitadas as condições para
mudar os pressupostos sociais e políticos, as condições objetivas, que geram
acontecimentos como Auschwitz, por isso, segundo ele, as tentativas de
oposição são direcionadas para o lado subjetivo, no sentido de investir no
sujeito, na formação da subjetividade autônoma e por isso é de extrema
importância a formação da subjetividade autônoma pela via da educação, pois
“a exigência que Auschwitz não se repita é a primeira de todas para a
educação” (ADORNO, 2006, p. 119).
       Para o autor é necessário descobrir os mecanismos que tornam os
perseguidores capazes de cometerem atos de barbárie, pois:

                      (...)Os culpados não são os assassinados, nem mesmo naquele
                     sentido caricato e sofista que ainda hoje seria do agrado de alguns.
                     Culpados são os que, desprovidos de consciência, voltaram contra
                     aqueles seu ódio e sua fúria agressiva (...) (ADORNO, 2006, p.121).


       Há um agravante para a formação da subjetividade autônoma, seja pela
via da educação ou da cultura, segundo Adorno (2006) “a claustrofobia das
pessoas no mundo administrado”. Este sentimento de pressão sufoca os
indivíduos, pois:


                     (...) A pressão do geral dominante sobre tudo que é particular, os
                     homens individualmente e as instituições singulares, tem uma
                     tendência a destroçar o particular e individual juntamente com seu
                     potencial de resistência. Junto com sua identidade e seu potencial de
                     resistência, as pessoas também perdem suas qualidades, graças a
                     qual tem a capacidade de se contrapor ao que em qualquer tempo
                     novamente seduz ao crime. Talvez elas mal tenham condições de
                     resistir quando lhes é ordenado pelas forças estabelecidas que
                     repitam tudo de novo, desde que apenas seja em nome de quaisquer
                     idéias de pouca ou nenhuma credibilidade (p. 122)


       Partindo desta analise, Adorno afirma que educação precisa estar
voltada a auto-reflexão crítica e se concentrar prioritariamente na 1ª infância,
pois conforme os ensinamentos da psicologia todo caráter forma-se neste
período da vida humana. Além disso, a educação em geral precisa voltar-se ao
esclarecimento, para produzir um clima intelectual, cultural e social que evite a
repetição da barbárie ocorrida em Auschwitz, segundo o autor “... um clima em
que os motivos que conduziram ao horror tornem-se de algum modo
conscientes” (p. 123) e ainda:



                     É necessário contrapor-se a uma tal ausência de consciência, é
                     preciso evitar que as pessoas golpeiem para os lados sem refletir a
                     respeito de si próprias. A educação tem sentido unicamente como
                     educação dirigida a uma auto-reflexão crítica (...) (p. 121)



      Contudo, Adorno (2006) afirma que não tem a pretensão de esboçar um
projeto de educação, mas quer indicar alguns pontos nefrálgicos referentes aos
mecanismos subjetivos em geral, sem os quais Auschwitz dificilmente
aconteceria e que levam a compreender as dificuldades da formação da
subjetividade autônoma pela via da educação. Adorno (2006) reforça que o
retorno ou não do fascismo se constitui uma questão social e não uma questão
psicológica, mas ele se refere ao lado psicológico porque “(...) os demais
momentos, mais essenciais, em sua grande medida escapam à ação da
educação, quando não se subtraem inteiramente à interferência dos indivíduos”
(p.124). Sucintamente destacam-se a seguir alguns destes pontos nefrálgicos
mencionados por Adorno (2006).
      O autor alerta que o fascismo está relacionado ao fato de que as antigas
autoridades do império se esfacelaram, mas os indivíduos não se encontravam
preparados para a autodeterminação, as pessoas “... não se revelaram à altura
da liberdade com que foram presenteadas de repente” (ADORNO, 2006, p.123)
e a autoridade de Hitler assumiu dimensão destrutiva. Além disso, outro
agravante é que não se admite o contato com a barbárie que ocorreu em
Auschwitz: “O perigo de que tudo aconteça de novo está em que não se admite
o contato com a questão, rejeitando até mesmo quem apenas a menciona,
como se, ao fazê-lo sem rodeios, este se tornasse o responsável, e não os
verdadeiros culpados” (ADORNO, 2006, p. 125).
      O    autor   registra   também     que    no    campo,     provavelmente,       a
desbarbarização foi ainda maior do que na cidade, por isso “(...) a
desbarbarização do campo constitui-se um dos objetivos educacionais mais
importantes” (p. 126), porém segundo Adorno (2006) pessoas violentas existem
tanto na cidade como no campo devido a relação perturbada e patogênica dos
seres humanos com o corpo devido a consciência mutilada, coisificada:



                     (...) Em cada situação em que a consciência é mutilada, isto se reflete
                     sobre o corpo e a esfera corporal de uma forma não-livre e que é
                     propícia à violência. Basta prestar atenção em um certo tipo de
                     pessoa inculta como até mesmo a sua linguagem – principalmente
                     quando algo é criticado ou exigido – se torna ameaçadora, como se
                     os gestos da fala fossem de uma violência corporal quase
                     incontrolada (...).




      Outro fato é a disponibilidade dos sujeitos “... em ficar do lado do poder,
tomando exteriormente como norma curvar-se ao que é mais forte, constitui
aquela índole dos algozes que nunca mais deve ressurgir” (ADORNO, 2006,
p.124).
      Assim, segundo Adorno (2006) para que Auschwitz não se repita a única
possibilidade seria a autonomia, “o poder para a reflexão, a autodeterminação,
a não-participação” (p.125). A subjetividade autônoma é importante para
contrapor-se ao poder cego dos coletivos, que segundo o ele é o perigo mais
importante a ser enfrentado para que Auschwitz não se repita.
      Adorno (2006) também alerta que a formação da subjetividade
autônoma pela via da educação se dificulta diante de um papel que a educação
tem desempenhado: a severidade. Através deste papel a educação premia a
dor e a capacidade de suportá-la, e o medo é reprimido (ADORNO, 2006).
      Adorno destaca, para finalizar, que a indiferença foi o fator psicológico
que possibilitou a barbárie ocorrida em Auschiwitz:


                     (...) se as pessoas não fossem profundamente indiferentes em
                     relação ao que acontece com todas as outras, excetuando o punhado
                     com que mantém vínculos estreitos e possivelmente por intermédio
                     de alguns interesses concretos, então Auschwitz não teria sido
                     possível, as pessoas não o teriam aceito (p. 134).


      A coisificação da consciência permite às pessoas tornar-se indiferente
ao outro, mas uma consciência dotada de subjetividade autônoma raramente,
portanto a importância da formação da subjetividade autônoma fica evidente:
(...) será difícil evitar o reaparecimento de assassinos de gabinete,
                        por mais abrangentes que sejam as medidas educacionais. Mas que
                        haja pessoas que, em posições subalternas, enquanto serviçais,
                        façam coisas que perpetuam sua própria servidão, tornando-se
                                                                              4
                        indignas; que continue a haver Bogers e Kaduks , contra isto é
                        possível empreender algo mediante a educação e o esclarecimento
                        (p. 138).


       Adorno (2006) alerta que a falta de subjetividade autônoma tornou
Auschwitz real e possibilita a sua repetição a qualquer momento, por isso “(...)
o centro de toda educação política deveria ser que Auschwitz não se repita”
(ADORNO, 2006, p. 137).


REFERENCIAS


ADORNO, T. W. Educação após Auschwitz. In:                           ___    Educação       e
Emancipação. São Paulo: Editora Paz e Terra, 2006.

Auschwitz – Birkenau. Wikipédia. http://pt.wikipedia.org/wiki/Auschwitz-
Birkenau. Acesso em 12 de maio de 2005.

MARR, W. L.. Á Guisa de Introdução: Adorno e a experiência formativa. In:
ADORNO, T. W. Educação e Emancipação. São Paulo: Editora Paz e Terra,
2006.

MAREK, M. Calendário histórico 1963: Começa “Julgamento de Auschwitz”.
Disponível em: http://www.dw-world.de/dw/article/0,,708064,00.html. Acesso
em 12 de maio de 2009.

SOARES, S. T. O processo de construção das diretrizes Curriculares Nacionais
para o curso de Pedagogia no Brasil: ambiguidades nas propostas de formação
do pedagogo. 2010. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade
Federal do Paraná.




4 Adorno cita Bogers e Kaduks se referindo a Wilhelm Boger e Oswald Kaduk (apelidado pelos
   prisioneiros de “Satanás de Auschwitz”) que ingressaram voluntariamente na SS (Schtztaffel
   – Seção de Segurança), juntamente com outros. Estes foram julgados, com outros 20 ex-
   guardas do campo de extermínio nazista, em 1963 e nenhum dos réus demonstrou qualquer
   tipo de arrependimento diante do tribunal. Em 1965 o juiz proclamou 17 condenações e 3
   absolvições (MAREK, s.d).
QUESTÕES PARA DEBATE:
  1. Para Adorno a possibilidade de mudar os pressupostos objetivos
     (sociais e políticos) que geram acontecimentos como Auschwitz é
     extremamente limitada. As tentativas, segundo ele, são impelidas
     necessariamente para o lado subjetivo. Qual função social assume a
     escola nesta perspectiva?


  2. Adorno afirma ser fundamental poder impedir da melhor maneira
     possível a formação do “caráter manipulador” pela transformação das
     condições para tanto, para impedir que Auschwitz não se repita.
     Como a educação poderia contribuir na transformação das condições
     para a formação do caráter manipulador, conforme Adorno?


  3. Ao referir-se à identificação cega aos coletivos, Adorno afirma: “A
     brutalidade de hábitos trais como trotes de qualquer ordem, ou
     quaisquer outros costumes arraigados desse tipo, é precursora
     imediata da violência nazista. Não foi por acaso que os nazistas
     enalteceram e cultivaram tais brutalidades como o nome de
     costumes” (p. 128). Adorno afirma que a ciência poderia inverter essa
     tendência. De que forma a ciência pedagógica poderia fazer esta
     inversão e refrear estes divertimentos populares? Como a ciência e a
     escola tratam tal questão no Brasil?

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Possibilidade da formação da subjetividade autônoma na perspectiva de Adorno

  • 1. POSSIBILIDADE DA FORMAÇÃO DA SUBJETIVIDADE AUTONOMA PELA VIA DA EDUCAÇÃO NA PERSPECTIVA DE ADORNO 1 Solange Toldo Soares2 INTRODUÇÃO Wolfgang Leo Maar na Guisa de Introdução do livro “Educação e Emancipação” de Theodor W. Adorno (2006) destaca que a consideração do referido autor de que a educação não é obrigatoriamente um fator de emancipação pode soar melancólica, mas significa “a necessidade da crítica permanente” (p. 11). Maar afirma que Adorno recorre a Auschwitz3 e procura demonstrar “as dificuldades da formação da subjetividade autônoma pela via da educação e da cultura nos parâmetros da sociedade burguesa, sem o apoio de uma crítica objetiva da própria formação social” (p.27). Partindo destas considerações de Maar optou-se por estudar e relatar neste pequeno esboço, como Adorno (2006) aborda a questão da “formação da subjetividade autônoma pela via da educação” no texto Educação após Auschwitz do livro Educação e Emancipação. 1 Este texto foi elaborado com base nas discussões no Seminário Educação e Sociedade nas perspectivas de T. Adorno, M. Horkheimer e H. Marcuse no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Paraná e fundamentou a elaboração da dissertação de mestrado da referida autora em processo de publicação, intitulada como “O processo de construção das Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Pedagogia no Brasil (1996-2006): ambiguidades nas propostas de formação do pedagogo”. 2 Pedagoga (UFPR), especialista em Formação Pedagógica do Professor Universitário (PUC/PR) e mestre em Educação pela UFPR. 3 Theodor W. Adorno dedicou-se a analisar as causas que levaram a Alemanha culta e esclarecida a gerar Adolf Hitler que, segundo dados da Wikipédia, a partir de 1940 construiu vários campos de concentração e um campo de extermínio no território dos municípios de Auschwitz e Birkenau, na Polônia ocupada. Os campos eram dirigidos pela SS (Schtztaffel – Seção de Segurança) comandada por Heirich Himmler. À entrada de Auschwitz I lia-se “Arbeit macht frei” (O trabalho liberta), contraditoriamente a frase os prisioneiros judeus morriam devido às severas condições de trabalho e desnutrição. Auschwitz II (Birkenau) era um campo de extermínio e Auschwitz III (Monowitz) foi utilizado como campo de trabalho escravo pela empresa IG Farben.
  • 2. EDUCAÇÃO APÓS AUSCHWITZ: SÓ FAZ SENTIDO EDUCAR CONTRA A BARBÁRIE Segundo Adorno (2006) são extremamente limitadas as condições para mudar os pressupostos sociais e políticos, as condições objetivas, que geram acontecimentos como Auschwitz, por isso, segundo ele, as tentativas de oposição são direcionadas para o lado subjetivo, no sentido de investir no sujeito, na formação da subjetividade autônoma e por isso é de extrema importância a formação da subjetividade autônoma pela via da educação, pois “a exigência que Auschwitz não se repita é a primeira de todas para a educação” (ADORNO, 2006, p. 119). Para o autor é necessário descobrir os mecanismos que tornam os perseguidores capazes de cometerem atos de barbárie, pois: (...)Os culpados não são os assassinados, nem mesmo naquele sentido caricato e sofista que ainda hoje seria do agrado de alguns. Culpados são os que, desprovidos de consciência, voltaram contra aqueles seu ódio e sua fúria agressiva (...) (ADORNO, 2006, p.121). Há um agravante para a formação da subjetividade autônoma, seja pela via da educação ou da cultura, segundo Adorno (2006) “a claustrofobia das pessoas no mundo administrado”. Este sentimento de pressão sufoca os indivíduos, pois: (...) A pressão do geral dominante sobre tudo que é particular, os homens individualmente e as instituições singulares, tem uma tendência a destroçar o particular e individual juntamente com seu potencial de resistência. Junto com sua identidade e seu potencial de resistência, as pessoas também perdem suas qualidades, graças a qual tem a capacidade de se contrapor ao que em qualquer tempo novamente seduz ao crime. Talvez elas mal tenham condições de resistir quando lhes é ordenado pelas forças estabelecidas que repitam tudo de novo, desde que apenas seja em nome de quaisquer idéias de pouca ou nenhuma credibilidade (p. 122) Partindo desta analise, Adorno afirma que educação precisa estar voltada a auto-reflexão crítica e se concentrar prioritariamente na 1ª infância, pois conforme os ensinamentos da psicologia todo caráter forma-se neste período da vida humana. Além disso, a educação em geral precisa voltar-se ao esclarecimento, para produzir um clima intelectual, cultural e social que evite a
  • 3. repetição da barbárie ocorrida em Auschwitz, segundo o autor “... um clima em que os motivos que conduziram ao horror tornem-se de algum modo conscientes” (p. 123) e ainda: É necessário contrapor-se a uma tal ausência de consciência, é preciso evitar que as pessoas golpeiem para os lados sem refletir a respeito de si próprias. A educação tem sentido unicamente como educação dirigida a uma auto-reflexão crítica (...) (p. 121) Contudo, Adorno (2006) afirma que não tem a pretensão de esboçar um projeto de educação, mas quer indicar alguns pontos nefrálgicos referentes aos mecanismos subjetivos em geral, sem os quais Auschwitz dificilmente aconteceria e que levam a compreender as dificuldades da formação da subjetividade autônoma pela via da educação. Adorno (2006) reforça que o retorno ou não do fascismo se constitui uma questão social e não uma questão psicológica, mas ele se refere ao lado psicológico porque “(...) os demais momentos, mais essenciais, em sua grande medida escapam à ação da educação, quando não se subtraem inteiramente à interferência dos indivíduos” (p.124). Sucintamente destacam-se a seguir alguns destes pontos nefrálgicos mencionados por Adorno (2006). O autor alerta que o fascismo está relacionado ao fato de que as antigas autoridades do império se esfacelaram, mas os indivíduos não se encontravam preparados para a autodeterminação, as pessoas “... não se revelaram à altura da liberdade com que foram presenteadas de repente” (ADORNO, 2006, p.123) e a autoridade de Hitler assumiu dimensão destrutiva. Além disso, outro agravante é que não se admite o contato com a barbárie que ocorreu em Auschwitz: “O perigo de que tudo aconteça de novo está em que não se admite o contato com a questão, rejeitando até mesmo quem apenas a menciona, como se, ao fazê-lo sem rodeios, este se tornasse o responsável, e não os verdadeiros culpados” (ADORNO, 2006, p. 125). O autor registra também que no campo, provavelmente, a desbarbarização foi ainda maior do que na cidade, por isso “(...) a desbarbarização do campo constitui-se um dos objetivos educacionais mais importantes” (p. 126), porém segundo Adorno (2006) pessoas violentas existem
  • 4. tanto na cidade como no campo devido a relação perturbada e patogênica dos seres humanos com o corpo devido a consciência mutilada, coisificada: (...) Em cada situação em que a consciência é mutilada, isto se reflete sobre o corpo e a esfera corporal de uma forma não-livre e que é propícia à violência. Basta prestar atenção em um certo tipo de pessoa inculta como até mesmo a sua linguagem – principalmente quando algo é criticado ou exigido – se torna ameaçadora, como se os gestos da fala fossem de uma violência corporal quase incontrolada (...). Outro fato é a disponibilidade dos sujeitos “... em ficar do lado do poder, tomando exteriormente como norma curvar-se ao que é mais forte, constitui aquela índole dos algozes que nunca mais deve ressurgir” (ADORNO, 2006, p.124). Assim, segundo Adorno (2006) para que Auschwitz não se repita a única possibilidade seria a autonomia, “o poder para a reflexão, a autodeterminação, a não-participação” (p.125). A subjetividade autônoma é importante para contrapor-se ao poder cego dos coletivos, que segundo o ele é o perigo mais importante a ser enfrentado para que Auschwitz não se repita. Adorno (2006) também alerta que a formação da subjetividade autônoma pela via da educação se dificulta diante de um papel que a educação tem desempenhado: a severidade. Através deste papel a educação premia a dor e a capacidade de suportá-la, e o medo é reprimido (ADORNO, 2006). Adorno destaca, para finalizar, que a indiferença foi o fator psicológico que possibilitou a barbárie ocorrida em Auschiwitz: (...) se as pessoas não fossem profundamente indiferentes em relação ao que acontece com todas as outras, excetuando o punhado com que mantém vínculos estreitos e possivelmente por intermédio de alguns interesses concretos, então Auschwitz não teria sido possível, as pessoas não o teriam aceito (p. 134). A coisificação da consciência permite às pessoas tornar-se indiferente ao outro, mas uma consciência dotada de subjetividade autônoma raramente, portanto a importância da formação da subjetividade autônoma fica evidente:
  • 5. (...) será difícil evitar o reaparecimento de assassinos de gabinete, por mais abrangentes que sejam as medidas educacionais. Mas que haja pessoas que, em posições subalternas, enquanto serviçais, façam coisas que perpetuam sua própria servidão, tornando-se 4 indignas; que continue a haver Bogers e Kaduks , contra isto é possível empreender algo mediante a educação e o esclarecimento (p. 138). Adorno (2006) alerta que a falta de subjetividade autônoma tornou Auschwitz real e possibilita a sua repetição a qualquer momento, por isso “(...) o centro de toda educação política deveria ser que Auschwitz não se repita” (ADORNO, 2006, p. 137). REFERENCIAS ADORNO, T. W. Educação após Auschwitz. In: ___ Educação e Emancipação. São Paulo: Editora Paz e Terra, 2006. Auschwitz – Birkenau. Wikipédia. http://pt.wikipedia.org/wiki/Auschwitz- Birkenau. Acesso em 12 de maio de 2005. MARR, W. L.. Á Guisa de Introdução: Adorno e a experiência formativa. In: ADORNO, T. W. Educação e Emancipação. São Paulo: Editora Paz e Terra, 2006. MAREK, M. Calendário histórico 1963: Começa “Julgamento de Auschwitz”. Disponível em: http://www.dw-world.de/dw/article/0,,708064,00.html. Acesso em 12 de maio de 2009. SOARES, S. T. O processo de construção das diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Pedagogia no Brasil: ambiguidades nas propostas de formação do pedagogo. 2010. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Federal do Paraná. 4 Adorno cita Bogers e Kaduks se referindo a Wilhelm Boger e Oswald Kaduk (apelidado pelos prisioneiros de “Satanás de Auschwitz”) que ingressaram voluntariamente na SS (Schtztaffel – Seção de Segurança), juntamente com outros. Estes foram julgados, com outros 20 ex- guardas do campo de extermínio nazista, em 1963 e nenhum dos réus demonstrou qualquer tipo de arrependimento diante do tribunal. Em 1965 o juiz proclamou 17 condenações e 3 absolvições (MAREK, s.d).
  • 6. QUESTÕES PARA DEBATE: 1. Para Adorno a possibilidade de mudar os pressupostos objetivos (sociais e políticos) que geram acontecimentos como Auschwitz é extremamente limitada. As tentativas, segundo ele, são impelidas necessariamente para o lado subjetivo. Qual função social assume a escola nesta perspectiva? 2. Adorno afirma ser fundamental poder impedir da melhor maneira possível a formação do “caráter manipulador” pela transformação das condições para tanto, para impedir que Auschwitz não se repita. Como a educação poderia contribuir na transformação das condições para a formação do caráter manipulador, conforme Adorno? 3. Ao referir-se à identificação cega aos coletivos, Adorno afirma: “A brutalidade de hábitos trais como trotes de qualquer ordem, ou quaisquer outros costumes arraigados desse tipo, é precursora imediata da violência nazista. Não foi por acaso que os nazistas enalteceram e cultivaram tais brutalidades como o nome de costumes” (p. 128). Adorno afirma que a ciência poderia inverter essa tendência. De que forma a ciência pedagógica poderia fazer esta inversão e refrear estes divertimentos populares? Como a ciência e a escola tratam tal questão no Brasil?