Um projeto chamado Academia Estudantil de Letras (AEL) reúne 1.200 alunos de escolas públicas da Zona Leste de São Paulo para estudar e representar grandes escritores brasileiros. Os estudantes encarnam autores como Machado de Assis e Carlos Drummond de Andrade, lendo e interpretando seus textos. Além de promover o aprendizado literário, o projeto busca elevar a autoestima dos alunos.
1. Diário de S.Paulo 13
26/10/2011 15:04
Estudantes revivem os imortais na Zona Leste
A Academia Estudantil de Letras (AEL) nasceu em escola de Artur
Alvim e hoje reúne 1.200 alunos
Silvério Morais
silverio.morais@diariosp.com.br
Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de
Moraes, Rachel de Queiroz e outros grandes nomes da literatura
brasileira se mantêm vivos em Emefs (Escolas Municipais de
Ensino Fundamental) da Zona Leste não só nas
bibliotecas. Estudantes representam imortais da ABL (Academia
Brasileira de Letras) num projeto que envolve 1.200 crianças e
adolescentes na região da Penha. São os membros da AEL
(Academia Estudantil de Letras).
2. Com capas lembrando o fardão dos imortais da ABL, cada aluno
encarna um autor e interpreta textos de sua obra em encontros
que ocorrem duas vezes por semana. “Além de fazer com que os
alunos tomem gosto pela leitura, trabalhamos a autoestima e os
valores humanos”, diz a professora de língua portuguesa Maria
Sueli Fonseca, criadora do projeto que já está em 18 escolas.
Carolina de Góes, 12, da Emef Artur Alvim, representa Rachel de
Queiroz, patrona do grupo. Já leu quase todas as obras da
escritora cearense e do inglês William Shakespeare. Foram mais
de 50 livros que a fizeram aprender e a tornaram mais confiante.
“Quero ser médica”, diz, sobre o maior sonho.
Ontem, os alunos viveram um momento que misturou literatura e
teatro na 8 Festa Temática da AEL. O evento reuniu 400 deles no
CEU Quinta do Sol, em Cangaíba. No palco, estudantes das Emefs
Silvio Fleming, João Franzolin Neto e José Carlos
Ferraz encenaram peças baseadas em textos de Maria Clara
Machado, Gilmar Magalhães e Nilza Azzi. Como o tema da edição
foi “Respeito à Terra”, as escolas responsáveis pelos espetáculos
falaram da importância de preservar o meio ambiente, com
talento e humor.
Podem participar do projeto alunos do primeiro ano do ensino
fundamental até o EJA (Educação de Jovens e Adultos).
Estudantes a partir do quinto ano ocupam as vagas titulares e os
menores são membros correspondentes, que assumem as
cadeiras após a formatura dos colegas.
3. A AEL é desenvolvida nos moldes da ABL, mas não tem
limite de cadeiras. Os alunos escolhem se querem participar
e os escritores que desejam representar.
A Academia Estudantil de Letras foi criada em 2005, quando
Maria Sueli trabalhava na Emef Padre Antônio Vieira, no
Jardim Nordeste, Artur Alvim. Hoje, ela coordena o projeto
na Diretoria Regional de Educação da Penha. Estudantes de
Itaquera e Santo Amaro também já formaram AELs e há
outras quatro em formação.
Fonte:
http://www.diariosp.com.br/noticia/detalhe/2192/Estudantes++revivem+
os+imortais+na+Zona+Leste