O documento descreve o trovadorismo em Portugal entre 1198 e 1418, apresentando seu contexto histórico, características e tipos de cantigas produzidas. As cantigas tratavam principalmente de amor e sátira e eram escritas pelos trovadores em galego-português para serem cantadas.
2. CONTEXTO HISTÓRICO
Busca pela independência de Portugal;
Cruzadas;
Sistema econônico: feudalismo (unidade de produção);
Servos: propriedades dos senhores feudais através de contratos;
Serviços em troca de terras;
Igreja dona de territórios e o Rei dono das terras
3. CARACTERÍSTICAS
Língua: galego português;
Poesia trovadoresca;
Troubador: poeta;
Teocentrismo;
Visão do homem voltada para a igreja;
Adoração a Cristo;
4. CURIOSIDADES
Trovador = poeta: compunha e cantava;
Fidalgo decaído;
Jogral = o músico;
Segrel = não tinha situação definida (ficava entre o 1º e o
2º;
Menestrel = cantor da corte (de acordo com níveis sociais).
6. TIPOS DE CANTIGAS
Lírico amorosas e Satíricas
Cantiga de amor e de amigo.
Cantiga de escárnio e maldizer.
7. EX. CANTIGA DE AMOR
Quer’eu em maneira de
proença! fazer agora um cantar d’amor
e querrei muit’i loar lmia senhor a que
prez nem fremosura nom fal, nem
bondade; e mais vos direi ém: tanto a
fez Deus comprida de bem que mais
que todas las do mundo val. Ca mia
senhor quizo Deus fazer tal, quando a
faz, que a fez sabedord e todo bem e
de mui gram valor, e com tod’est[o] é
mui comunal ali u deve; er deu-lhi bom
sém, e desi nom lhi fez pouco de
bem quando nom quis
lh’outra foss’igual Ca mia senhor nunca
Deus pôs mal,
mais pôs i prez e beldad’e loor e falar
mui bem, e riir melhor que outra
molher; desi é leal muit’, e por esto
nom sei oj’eu quem possa
compridamente no seu bem falar, ca
nom á, tra-lo seu bem, al.
(D. Dinis )
8. TRADUÇÃO
Quero à moda provençal fazer agora
um cantar de amor, e quererei muito aí
louvar minha senhora a quem honra nem
formosura não faltam nem bondade; e mais
vos direi sobre ela: Deus a fez tão cheia de
qualidades
que ela mais que todas do mundo. Pois Deus
quis fazer minha senhora de tal
modo quando a fez, que a fez conhecedora
de todo bem e de muito grande valor, e além
de tudo isto é muito sociável quando deve;
também deu-lhe bom senso, e desde então
lhe fez pouco bem impedindo que nenhuma
outra fosse igual a ela Porque em minha
senhora nunca Deus pôs mal, mas pôs nela
honra e beleza e mérito e capacidade de falar
bem, e de rir melhor que outra mulher
também é muito leal e por isto não sei hoje
quem possa cabalmente falar no seu próprio
bem pois não há outro bem, para além do
seu.
9. CANTIGA DE AMOR
Idealista (mulher é idealizada como virgem)
É falada na 1º cobra(estrofe);
Confissão dolorosa de sua angustia;
A dama pertence a linhagem superior a do fidalgo;
Grande respeito do trovador para a dama;
Serviçal a mulher;
10. EX. CANTIGA DE AMIGO
Ai flores, ai flores do verde pinho
se sabedes novas do meu amigo,
ai deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado,
ai deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo,
aquele que mentiu do que pôs comigo,
ai deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquele que mentiu do que me há jurado
ai deus, e u é?
(...)
D. Dinis
11. CANTIGA DE AMIGO
Realista;
Amigo = namorado ou amante;
Falam na 1º cobra;
Voz masculina, eu-lírico feminino;
Núcleo: sofrimento amoroso da mulher;
Caráter narrativo e descritivo;
Classe social dominante: populares (pastores e camponesas);
12. O QUE DESCREVE?
O namoro;
As dores do abandono;
As dores causadas pela ausência;
13. “O trovador amado pela moça humilde do
campo desvenda-lhe o desgosto de amar e ser
abandonada por causa da guerra ou de outra
mulher.”
Massaud Moisés
14. REGRAS SOCIAIS
Não mencionar o nome da mulher;
Sentimento quase não era expressado;
Prestação de vassalagem;
Obs: cantigas feitas à mulheres solteiras; raras
eram a mulheres casadas.
15. MOTIVOS DE SEREM
ESCRITAS PELO HOMEM
Mulher analfabeta;
O homem conhecia a história da mulher
pelo fato de com ela viver;
O homem conhecia as causas do
sofrimento da mulher.
17. CANTIGA DE ESCÁRNIO
Referências indiretas;
Ironia;
Ambigüidade (vocabulário de duplo sentido);
Não se revela o nome da pessoa satirizada.
18. EX. CANTIGA DE
ESCÁRNIO
Ai, dona fea, fostes-vos queixar
que vos nunca louv[o] em meu cantar;
mais ora quero fazer um cantar
em que vos loarei toda via;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia!
Dona fea, se Deus mi pardom,
pois avedes [a]tam gram coraçom
que vos eu loe, em esta razom
vos quero ja loar toda via;
e vedes qual sera a loaçom:
dona fea, velha e sandia!
Dona fea, nunca vos eu loei
em meu trobar, pero muito trobei;
mais ora ja um bom cantrar farei,
em que vos loarei toda via;
e direi-vos como vos loarei:
dona fea, velha e sandia!
(Joan Garcia de Guilhade )
19. TRADUÇÃO
Ai, dona feia, foste-vos queixar
que nunca vos louvo em meu cantar;
mas agora quero fazer um cantar
em que vos louvares de qualquer modo;
e vede como quero vos louvar
dona feia, velha e maluca!
Dona feia, que Deus me perdoe,
pois tendes tão grande desejo
de que eu vos louve, por este motivo
quero vos louvar já de qualquer modo;
e vede qual será a louvação:
dona feia, velha e maluca!
Dona feia, eu nunca vos louvei
em meu trovar, embora tenha trovado
muito;
mas agora já farei um bom cantar;
em que vos louvarei de qualquer modo;
e vos direi como vos louvarei:
dona feia, velha e maluca!
20. CANTIGA DE MALDIZER
Sátira direta;
Maledicência;
Uso de palavras obscenas ou de conteúdo
erótico;
Citação nominal da pessoa satirizada.
21. EX. CANTIGA DE
MALDIZER
Marinha, o teu folgar tenho eu por
desacertado,
e ando maravilhado
de te não ver rebentar;
pois tapo com esta minha
boca, a tua boca, Marinha;
e com este nariz meu,
tapo eu, Marinha, o teu;
com as mãos tapo as orelhas,os olhos e
as sobrancelhas,
tapo-te ao primeiro sono;
com a minha piça o teu cono;
e como o não faz nenhum,
com os colhões te tapo o cu.
E não rebentas, Marinha?
(Afonso Eanes de Coton)
22. CANCIONEIROS
São manuscritos em folhas soltas, rolos ou
rotúlus.
As cantigas eram guardadas em
cancioneiros para que não fossem
extraviadas
23. TIPOS DE CANCIONEIROS
Cancioneiro da ajuda, em Lisboa composto no reinado de Afonso
III. Contém 310 cantigas, sendo a maioria de amor.
Cancioneiro da biblioteca nacional, em Lisboa. Contém 1647
cantigas de todos os tipos, elaboradas por trovadores dos reinados de
Afonso III e D. Dinis.
Cancioneiro da Vaticana, no Vaticano. Contém 1205 cantigas de
escárnio, entre outras.
24. PRINCIPAIS TROVADORES
João Soares de Paiva (mais antigo);
Paio Soares de Taveirós (principal);
D. Dinis(´tem mais de 140 cantigas de todos os
tipos).
25. NOVELAS DE CAVALARIA
Surgiu no século XIII;
Originárias da Inglaterra;
Nasceram da poesia de temas relacionados a guerra;
Deixaram de serem escritas em versos e passaram a serem escritas em
prosa, portanto deixaram de ser cantadas para serem lidas;
Uso da ficção;
Cavaleiros = seres valentes a serviço das damas.
26. Término do período em 1418
quando Fernão Lopes é nomeado
guarda-mor da Torre do Tombo
por D. Duarte.