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A rtigo
                       Qual educação ambiental?
    Elementos para um debate sobre educação ambiental
                     e extensão rural




      Carvalho, Isabel Cristina                        Palavras-Chave: educação ambiental,
            de Moura*                               educação popular, educação comportamental,
                                                    extensão rural, Agroecologia.
   Resumo
   Este artigo parte da idéia da educação am-                          Introdução
biental como mediação educativa que forma               A educação ambiental (EA) vem sendo in-
parte do contexto de transição ambiental no         corporada como uma prática inovadora em
mundo rural. Questiona a idéia de uma úni-          diferentes âmbitos. Neste sentido, destaca-
ca educação ambiental, chamando a aten-             se tanto sua internalização como objeto de
ção para diferentes matrizes teórico-pedagó-        políticas públicas de educação e de meio am-
gicas que informam duas orientações em edu-         biente em âmbito nacional 1, quanto sua in-
cação ambiental, quais sejam: a educação            corporação num âmbito mais capilarizado,
ambiental popular e a educação ambiental            como mediação educativa, por um amplo con-
comportamental. Argumenta em favor de               junto de práticas de desenvolvimento social.
uma educação ambiental popular como alter-          Esse é o caso, por exemplo, do diversificado
nativa mais afinada com as propostas da ex-         rol de atividades e projetos de desenvolvimen-
tensão rural agroecológica.                         to impulsionados pelas atividades de exten-
                                                    são em resposta às novas demandas geradas
                                                    pela transição ambiental do meio rural2. Este
   * Psicóloga, doutora em Educação, assessora da
    EMATER/RS, e-mail: isabel@emater.tche.br
                                                    processo de mudanças no mundo rural, que
                                                                                                                         43
                                                          Agroecol.e Desenv.Rur.Sustent.,Porto Alegre, v.2, n.2, abr./jun.2001
A rtigo
           tende a gerar novas práticas sociais e cultu-               como outros da "família ambiental", sofre de
           rais em que se verifica a assimilação de um                 grande imprecisão e generalização. O proble-
           ideário de valores ambientais, pode ser ob-                 ma dos conceitos vagos é que acabam sus-
           servado, por exemplo, no crescente interes-                 tentando certos equívocos e, neste caso, o
           se pela produção agroecológica, na busca por                principal deles é supor uma convergência
           medicinas alternativas e fitoterápicas, no                  tanto da visão de mundo quanto das opções
           ecoturismo e no turismo rural. Práticas es-                 pedagógicas que informam o variado conjun-
           tas que estão muitas vezes associadas a                     to de práticas que se denominam de educa-
           ações de EA, tanto na sua difusão como na                   ção ambiental. Assim, neste artigo preten-
           valorização da paisagem socioambiental no                   demos discutir algumas das principais dife-
           campo.                                                      renças nas concepções de educação ambien-
              Uma vez identificada a entrada da EA como                tal, e suas conseqüências no plano político-
           parte dos processos de transição ambiental                  pedagógico. Para isto, vamos problematizar
           e suas inúmeras interfaces com diferentes                   alguns aspectos da relação entre a EA - to-
           campos de ação da extensão rural, cabe abrir                mada como parte dos processos de ambien-
           um debate sobre as modalidades desta práti-                 talização da sociedade - e o campo educativo
           ca educativa, suas orientações pedagógicas                  onde esta vai disputar legitimidade como um
           e suas conseqüências como mediação apro-                    tipo novo de prática pedagógica.
           priada para o projeto de mudança social e am-
           biental no qual esta vem sendo acionada. Em                 1 O ambiental como qualificador
           primeiro lugar, caberia perguntar: existe                            da educação
           uma educação ambiental ou várias? Será que                     Uma primeira questão diz respeito ao sig-
           todos os que estão fazendo educação ambi-                   nificado do ambiental como qualificador da
           ental comungam de princípios pedagógicos e                  educação. Outras correntes pedagógicas an-
           de um ideário ambiental comuns? A obser-                    tes das EAs também se preocuparam em con-
           vação destas práticas facilmente mostrará                   textualizar os sujeitos no seu entorno histó-
           um universo extremamente heterogêneo no                     rico, social e natural. Trabalhos de campo,
           qual, para além de um primeiro consenso em                  estudos do meio, temas geradores, aulas ao
                                                                       ar livre, não são atividades inéditas na edu-
                                                                       cação. Estes recursos educativos, tomados
                  Será que todos os que estão                          cada um por si, não são estranhos às meto-
                  fazendo educação ambiental                           dologias consagradas na educação como
                                                                       aquelas inspiradas em Paulo Freire e Piaget,
                      comungam de princípios                           entre outras. Assim, qual seria o diferenci-
                 pedagógicos e de um ideário                           al da educação ambiental? O que ela nos traz
                                                                       de novo que justifique identificá-la como
                           ambiental comuns?                           uma nova prática educativa?
                                                                          Poderíamos dizer, numa primeira consi-
           torno da valorização da natureza como um                    deração, que o novo de uma EA realmente
           bem, há uma grande variação das intencio-                   transformadora, ou seja, daquela EA que vá
           nalidades socioeducativas, metodologias pe-                 além da reedição pura e simples daquelas
           dagógicas e compreensões acerca do que seja                 práticas já utilizadas tradicionalmente na
           a mudança ambiental desejada.                               educação, tem a ver com o modo como esta

44            Neste sentido, a EA é um conceito que,                   EA revisita esse conjunto de atividades pe-

Agroecol.e Desenv.Rur.Sustent.,Porto Alegre, v.2, n.2, abr./jun.2001
A rtigo
                                                     O foco de uma educação dentro
dagógicas, reatualizando-as dentro de um             do novo paradigma ambiental
novo horizonte epistemológico em que o am-
biental é pensado como sistema complexo de             tenderia a compreender, para
relações e interações da base natural e so-         além de um ecossistema natural,
cial e, sobretudo, definido pelos modos de sua
apropriação pelos diversos grupos, populações                um espaço de relações
e interesses sociais, políticos e culturais que
                                                       socioambientais historicamente
aí se estabelecem. O foco de uma educação
dentro do novo paradigma ambiental, portan-                         configurado
to, tenderia a compreender, para além de um
ecossistema natural, um espaço de relações
socioambientais historicamente configura-         curso, é importante destacar que a dinâmi-
do e dinamicamente movido pelas tensões e         ca deste campo é a da disputa pelas inter-
conflitos sociais.                                pretações sobre conceitos-chave como "am-
   De todo modo, a construção de um nexo          biental" ou "sustentabilidade". A verdade é
entre educação e meio ambiente, capaz de          que ainda estamos longe de chegar a um
gerar um campo conceitual teórico-metodo-         acordo sobre as chances de uma nova alian-
lógico que abrigue diferentes propostas de        ça sustentável ou um contrato natural, como
EAs, só pode ser entendida à luz do contexto      o chamou Serres (1991), baseada na justiça
histórico que o torna possível. Afinal, não       e na eqüidade entre a sociedade e a nature-
podemos compreender as práticas educativas        za. Talvez estejamos no momento de, justa-
como realidades autônomas, pois elas só fa-       mente, disputar este projeto discutindo so-
zem sentido a partir dos modos como se as-        bre que bases a reconversão em direção a
sociam aos cenários sociais e históricos          uma ordem sustentável deveria se dar. A EA,
mais amplos constituindo-se em projetos pe-       como parte deste contexto vai, portanto, tran-
dagógicos políticos datados e intencionados.      sitar na esfera das relações conflitivas das
   Desta forma, a emergência de um con-           diferentes orientações políticas e pedagógi-
junto de práticas educativas nomeadas como        cas, sendo afetada pelos diferentes projetos
EA e a identidade de um profissional a ela        político-pedagógicos em disputa.
associada, o educador ambiental3, só podem
ser entendidos como desdobramentos que                     2 As diferentes EAs
fazem parte da constituição de um campo am-             As práticas de EA, na medida em que
biental no Brasil, a partir do qual a questão     nascem da expansão do debate ambiental na
ambiental tem se constituído como catali sa-      sociedade e de sua incorporação pelo campo
dora de um possível novo pacto societário sus-    educativo, estão atravessadas pelas vicissi-
tentável. Assim, o qualificador ambiental         tudes que afetam cada um destes campos.
surge como uma nova ênfase para a educa-          Disto resultam pelo menos dois vetores de
ção, ganhando legitimidade dentro deste pro-      tensão que vão incidir sobre a EA: I) a com-
cesso histórico como sinalizador da exigên-       plexidade e as disputas do campo ambiental,
cia de respostas educativas a este desafio        com seus múltiplos atores, interesses e con-
contemporâneo de repensar as relações en-         cepções e II) os vícios e as virtudes das tradi-
tre sociedade e natureza.                         ções educativas com as quais estas práticas
   Contudo, considerando a assimetria das         se agenciam.
                                                     Estes vetores vão gerar uma grande
                                                                                                                       45
relações de força que estão definindo as
transformações sociais e econômicas em            clivagem no conjunto das práticas de EA,
                                                        Agroecol.e Desenv.Rur.Sustent.,Porto Alegre, v.2, n.2, abr./jun.2001
A rtigo
           demarcando pelo menos duas diferentes ori-                  hábitos e comportamentos cristalizados e de
           entações que poderiam ser chamadas: EA                      difícil reorientação.
           comportamental e EA popular. Cabe lembrar                      Desta forma, surge uma EA que vai tomar
           que essa classificação resulta de um esforço                para si, como meta principal, o desafio das
           de análise que se propõe intencionalmente                   mudanças de comportamento em relação ao
           a distinguir e matizar as práticas de EA de                 meio ambiente. Informada por uma matriz
           acordo com suas filiações pedagógicas. Isto                 conceitual apoiada na psicopedagogia com-
           não significa que no plano da observação                    portamental, esta EA partilha de uma visão
           empírica não se possa constatar que estas                   particular do que seja o processo educativo,
           duas vertentes apareçam muitas vezes so-                    a produção de conhecimentos e a formação
           brepostas e/ou combinadas nas práticas dos                  dos sujeitos.
           educadores ambientais. Também é verdade                        A psicologia comportamental é, sobretu-
           que estas duas tendências não esgotam todo                  do, uma psicologia da consciência. Isto sig-
           o campo das EAs, que é ainda muito mais                     nifica, por exemplo, considerar o comporta-
           diversificado. Contudo, expressam uma im-                   mento uma totalidade capaz de expressar a
           portante distinção entre duas das principais                vontade dos indivíduos. Acredita, também,
           matrizes s ocioeducativas que informam esta                 que é possível aceder a vontade dos indivídu-
           prática e que serão objeto dos próximos tópi-               os e produzir transformações nas motivações
           cos deste artigo.                                           das ações destes através de um processo ra-
                                                                       cional, que se passa no plano do esclareci-
                    2.1 A EA comportamental                            mento, do acesso a informações coerentes e
              Com o debate ambientalista generaliza-se                 da tomada de consciência. Isto quer dizer,
           um certo consenso no plano da opinião públi-                em última instância, que esta matriz teóri-
           ca, a respeito da urgência de conscientizar os              ca supõe indivíduos cuja totalidade da ação
           diferentes estratos da população sobre os pro-              encontra suas causas na esfera da razão, e
           blemas ambientais que ameaçam a vida no                     é nesta esfera também que se pretende si-
           planeta. Conseqüentemente, é valorizado o                   tuar as relações de aprendizagem e a forma-
           papel da educação como agente difusor dos co-               ção dos valores.
           nhecimentos sobre o meio ambiente e indutor
           da mudança dos hábitos e comportamentos                                2.2 A EA popular
           considerados predatórios, em hábitos e com-                    Esta EA está associada com a tradição da
           portamentos tidos como compatíveis com a pre-               educação popular que compreende o proces-
           servação dos recursos naturais.                             so educativo como um ato político no sentido
              Uma outra idéia bastante recorrente nes-                 amplo, isto é, como prática social de forma-
           ta perspectiva é a de que, embora todos os                  ção de cidadania. A EA popular compartilha
           grupo sociais devam ser educados para a con-                com essa visão a idéia de que a vocação da
           servação ambiental, as crianças são um gru-                 educação é a formação de sujeitos políticos,
           po prioritário. As crianças representam aqui                capazes de agir criticamente na sociedade.
           as gerações futuras em formação. Conside-                   O destinatário desta educação são os sujei-
           rando que as crianças estão em fase de de-                  tos históricos, inseridos numa conjuntura
           senvolvimento cognitivo, supõe-se que nelas                 sociopolítica determinada , cuja ação, sempre
           a consciência ambiental pode ser internali-                 intrinsecamente política, resulta de um uni-
           zada e traduzida em comportamentos de for-                  verso de valores construído social e histori-
           ma mais bem sucedida do que nos adultos                     camente. Nesta perspectiva, não se apaga a
46         que, já formados, possuem um repertório de                  dimensão individual e subjetiva, mas esta é

Agroecol.e Desenv.Rur.Sustent.,Porto Alegre, v.2, n.2, abr./jun.2001
A rtigo




vista desde sua intercessão com a cultura e      bientais passa por uma visão do meio ambi-
a história, ou seja, o indivíduo é sempre um     ente como um campo de sentidos socialmen-
ser social.                                      te construído e, como tal, atravessado pela
   Assim, o foco de uma EA popular não são       diversidade cultural e ideológica, bem como
exclusivamente os comportamentos. Embo-          pelos conflitos de interesse que caracterizam
ra em certa educação popular também exis-        a esfera pública. Ao enfatizar a dimensão
ta uma herança racionalista que se expres-       ambiental das relações sociais, a EA popular
sa principalmente no conceito de conscienti-     propõe a transformação das relações com o
zação. É preciso admitir aqui que a perspec-     meio ambiente dentro de um projeto de cons-
tiva racionalista, que pensa os processos de     trução de um novo ethos social, baseado em
transformação pela via régia da consciência,     valores libertários, democráticos e solidários.
chega à educação ambiental não só pela EA            A opção por um grupo etário, por exemplo
comportamental mas também por certa EA           as crianças, não é uma característica pre-
popular. Ocorre que nem toda EA popular se       dominante nesta abordagem. Aqui se com-
atém estritamente à noção de conscientiza-       preende a formação como um processo per-
ção, mesmo porque uma crítica deste con-         manente e sempre possível. Há várias expe-
ceito tem sido feita pela própria educação       riências de EA popular, por exemplo, que ele-
popular nos últimos anos. Assim, esta EA         gem, isto sim, certos atores sociais como su-
pode utilizar-se também de conceitos mais        jeitos prioritários da ação educativa ambi-
complexos, como por exemplo o de Ação Polí-      ental, como por exemplo os grupos e organi-
tica, no sentido em que é definido pela filo-    zações populares. Ou ainda, destacam a im-
sofia política de Arendt, para entender o agir   portância de trabalhar com os grupos cuja in-
dos sujeitos e grupos sociais frente às ques-    teração com o meio ambiente é mais direta,
tões ambientais4.                                por exemplo, agricultores ou certas catego-
   Mais do que resolver os conflitos ou pre-     rias de trabalhadores urbanos como os
servar a natureza através de intervenções        recicladores e outros 5. De qualquer forma,
pontuais, esta EA entende que a transforma-      não há uma especial valorização da infância
ção das relações dos grupos humanos com o        como faixa etária privilegiada para a forma-
meio ambiente está inserida dentro do con-       ção ambiental.
texto da transformação da sociedade. O en-            Cabe lembrar que a educação popular
tendimento do que sejam os problemas am-         tem sido em grande parte uma educação de                             47
                                                       Agroecol.e Desenv.Rur.Sustent.,Porto Alegre, v.2, n.2, abr./jun.2001
A rtigo




           adultos. No contexto de uma educação que                        A pesquisa do Instituto ECOAR (Trajber e
           se dirige a sujeitos capazes de decisão, a                  Manzochi, 1996) sobre os materiais impres-
           criança é importante enquanto engajada no                   sos em EA no Brasil demonstra, de maneira
           processo de formação de cidadania, mas não                  exemplar, como as escolhas entre enfatizar
           é necessariamente prioritária sobre os ou-                  os comportamento ou a ação política se re-
           tros grupos passíveis de uma educação am-                   fletem na produção escrita deste campo. A
           biental.                                                    instigante análise do discurso da EA , reali-
                                                                       zada pela lingüista Eni Orlandi neste estu-
              3 Entre a intenção e o gesto:                            do, alertou para a presença de elementos dou-
            limites e possibilidades das EAs                           trinários e normativos nos textos e para o
               O principal problema de uma EA compor-                  risco de um fechamento do discurso numa
           tamental é sua visão restrita dos processos                 EA pautada em pressupostos comportamen-
           sociais e subjetivos que constituem os su-                  tais. Orlandi destacou ainda o silêncio desta
           jeitos. Em primeiro lugar, poderíamos des-                  EA sobre a produção social dos problemas eco-
           tacar o equívoco de supor sujeitos da vonta-                lógicos e, decorrente disto, sua tendência a
           de, isto é, reduzir os indivíduos à sua dimen-              culpabilizar os indivíduos como se todos fos-
           são racional. Em outras palavras, reduzir o                 sem igualmente responsáveis pelos efeitos
           sujeito ao ego, desconhecendo que a comple-                 da degradação ambiental.
           xidade das determinações da ação humana                         Comportamento é um conceito muito po-
           em muito ultrapassam essa instância psí-                    bre para dar conta da complexidade do agir
           quica. Do mesmo modo, o processo de forma-                  humano. Não se trata de induzir novos com-
           ção e produção de conhecimentos está longe                  portamentos, pois isso pode ser alcançado de
           de responder exclusivamente aos ditames da                  forma pontual sem implicar uma transforma-
           consciência e da vontade. Entre a intenção                  ção significativa, no sentido da construção
           e o gesto há um universo de sentidos con-                   de um novo ethos, de um novo pacto civiliza-
           traditórios que a relação causal razão-com-                 tório desejado por um ideário ecológi c o
           portamento está longe de comportar. É larga-                emancipatório. Uma pessoa pode aprender a

48         mente conhecido o tema das descontinuida-                   valorizar um ambiente saudável e não poluí-
           des entre o dito da razão e as atitudes6.
Agroecol.e Desenv.Rur.Sustent.,Porto Alegre, v.2, n.2, abr./jun.2001
A rtigo                                            EA popular parece ser uma das
                                                   mediações educativas afinadas ao
do, ter comportamentos tais como não sujar
as ruas e participar dos mutirões de limpeza         espírito de uma extensão rural
do seu bairro. Essa mesma pessoa, no en-
tanto, pode considerar adequada a política
                                                                   agroecológica
de produção e transferência de lixo tóxico
para outra região e não se importar com a
contaminação de um lugar distante do seu
ambiente de vida. Numa perspectiva indivi-
dualista, isto preserva seu meio ambiente
imediato, a despeito do prejuízo que possa ter,   res, comprometida com um ideário emanci-
por exemplo, para outras populações afeta-        patório e, ao enfatizar a dimensão ambiental,
das por estes resíduos tóxicos. Neste senti-      amplia a esfera pública, incluindo nesta o
do, é possível um comportamento preocupa-         debate sobre o acesso e as decisões relativas
do com o meio ambiente local sem qualquer         aos recursos ambientais. Nesta perspectiva,
compromisso com um pacto solidário global.        o educador ambiental é, sobretudo, um medi-
   Quanto à capacidade de uma educação pro-       ador da compreensão das relações que os gru-
mover valores ambientais, é importante des-       pos com os quais ele trabalha estabelecem
tacar que o processo educativo não se dá ape-     com o meio ambiente. Atua assim, como um
nas pela aquisição de informações, mas so-        intérprete dessas relações, um facilitador das
bretudo pela aprendizagem ativa, entendida        ações grupais ou individuais que geram no-
como construção de novos sentidos e nexos         vas experiências e aprendizagem.
para a vida. Trata-se de um processo que en-         No caso da extensão rural, a EA popular
volve transformações no sujeito que apren-        parece ser uma das mediações educativas
de e incide sobre sua identidade e posturas       afinadas ao espírito de uma extensão rural
diante do mundo. A internalização de um           agroecológica tomada como "um processo de
ideário ecologista emancipatório não se dá        intervenção de caráter educativo e transforma-
apenas por um convencimento racional so-          dor, baseado em metodologias de intervenção-
bre a urgência da crise ambiental, mas so-        ação participante que permitem o desenvolvi-
bretudo implica uma vinculação afetiva com        mento de uma prática social mediante a qual
os valores éticos e estéticos desta visão de      os sujeitos do processo buscam a construção e
mundo. Deste ponto de vista, uma EA com-          sistematização de conhecimentos que os levem
portamental pode ser funcional a diversas         a incidir conscientemente sobre a realidade"
esferas de ação que visam inibir ou estimu-       (Caporal e Costabeber, 2000:33). A afinidade
lar, em termos imediatos, certos comporta-        da EA popular com o marco da nova extensão
mentos bem definidos _ por exemplo: dimi-         rural remete à vocação de uma EA que pre-
nuir o índice de depredação de árvores pelos      tende promover mudanças nos níveis mais
visitantes de uma área de proteção ambien-        profundos das relações socioambientais. É
tal _ mas dificilmente consegue incorporar a      claro que aqui trata-se de uma escolha pe-
dimensão mais ampla e coletiva das relações       dagógica e não de uma verdade auto-eviden-
ambientais associadas a transformações em         te. Do mesmo modo que não se trata neste
direção a um novo projeto societário.             artigo de pretender dar a palavra final a uma
   A EA popular, por sua vez, age dentro de       discussão que vem se dando entre os educa-
um universo onde a educação é uma prática         dores ambientais, mas expressar uma posi-
de formação de sujeitos e produção de valo-       ção e expô-la ao debate. A                                           49
                                                        Agroecol.e Desenv.Rur.Sustent.,Porto Alegre, v.2, n.2, abr./jun.2001
A rtigo
                                                        Referências bibliográficas

               ARENDT, H. A condição humana. Rio de                       pensa da ecologia. Rio de Janeiro: MAST e
               Janeiro: Forense, 1989.                                    CEPEM/CNPQ, Agência Estado e ISER, 1992.

               CAPORAL, F. R., COSTABEBER, J. A. Agroecologia             CRESPO, S. (coord). O que o Brasileiro pensa
               e desenvolvimento rural sustentável:                       do meio ambiente, do desenvolvimento e
               perspectivas para uma nova extensão rural.                 da sustentabilidade. Rio de Janeiro: MAST/
               jan./mar. Agroecologia e Desenvolvimento                   CNPQ e ISER, 1998.
               Rural Sustentável, Porto Alegre, v.1, n.1, p 16-
                                                                          RUIZ, J. R. Diagnóstico mexicano sobre
               37, jan/mar, 2000.
                                                                          educación popular ambiental. In: SEMINARIO
               CARVALHO, I.C.M. Educação, meio ambiente e                 REGIONAL DE CAPA CITA CIÓN DE LAS
               ação política. In: ACSELRAD, H. (Org). Meio                COMUNIDADES          PARA      EL   MANEJO
               ambiente e democracia. Rio de Janeiro, IBASE,              SUSTENTABLE DE L OS RECURSOS NATURALES.
               1992.                                                      Rede de Educación Popular Ambiental - REPEC,
                                                                          México: 1995 (mimeo).
               COSTABEBER, J. A.; MOYANO, E. Transição
               agroecológica e ação social coletiva. out./dez.            SERRES, M. O contrato natural. Rio de Janeiro:
               Agroecologia e Desenvolvimento Rural                       Nova Fronteira, 1991.
               Sustentável, Porto Alegre, v.1, n.4, p 50-60,
                                                                          TRAJBER, R.; MANZOCHI, L. Avaliando a
               out/dez. 2000.
                                                                          educação ambiental no Brasil. São Paulo:
               CRESPO, S. e LEITÃO, P. O que o brasileiro                 Editora Gaia, Coleção Gaia-Ecoar,1996.




                                                                       Notas
                   1
                     No âmbito das iniciativas de políticas               multidimensional de mudança social orientado
               públicas, destacam-se, em nível nacional, a                a ecologização das práticas agrícolas no
               criação dos Núcleos de Educação Ambiental                  manejo dos agroecossistemas. Diferencia-se
               no IBAMA desde 1992; os centros de Educação                desse apenas no sentido de destacar a
               Ambiental desde 1993 pelo MEC; Programa                    expansão da assimilação de um ideário
               Nacional de Educação Ambiental (PRONEA)                    ambientalizado também para um conjunto de
               instituído em 1994 pelo MEC e MMA; a                       práticas sociais e culturais no mundo rural não
               inclusão da educação ambiental nos                         necessariamente agrícolas.
                                                                             3
               Parâmetros Curriculares definidos pelo MEC                      Este pode ser entendido como um espaço
               em 1998; e aprovação da Política Nacional de               de relações sociais e históricas onde se produz
               EA em 1999.                                                e reproduz a crença no valor da natureza
                   2
                     A noção de transição ambiental aqui                  como um Bem que deve ser preservado, acima
               proposta compartilha com o conceito de                     dos interesses imediatos das sociedades. Esta
               transição agroecológica tal como proposto por              crença alimenta a utopia de uma relação
               Caporal e Costabeber (2000) e Costabeber e                 simétrica entre os interesses das sociedades e

50             Moyano (2000), enquanto processo                           os ciclos da natureza, no respeito aos

Agroecol.e Desenv.Rur.Sustent.,Porto Alegre, v.2, n.2, abr./jun.2001
Notas

processos vitais e aos limites da capacidade        uma discussão do conceito arendtiano de Ação
de regeneração e suporte da natureza que            Política e sua aplicação no contexto da
deveriam balizar as decisões sociais, e             educação ambiental ver Carvalho (1992).
                                                       5
reorientar os estilos de vida e hábitos coletivos        Sobre a definição de sujeitos prioritários,
e individuais.                                      ver Ruiz, Javier Reyes. “Diagnóstico mexicano
    4
      Para Arendt (1989), o conceito de Ação        sobre educación popular ambiental”. Seminario
Política é a expressão mais nobre da condição       regional de capacitación de las comunidades
humana. Os humanos se definem por seu agir          para el manejo sustentable de los recursos
entre seus pares, influindo no destino do           naturales. Rede de Educación Popular
mundo comum. Esta capacidade de agir em             Ambiental - REPEC, México, 1995 (mimeo).
                                                       6
meio a diversidade de idéias e posições é a              A pesquisa "O que brasileiro pensa da
base da convivência democrática, da liberdade       ecologia" (Crespo e Leitão, 1992), por exemplo,
e da possibilidade de criar algo novo. Desta        verificou entre os entrevistados essa lacuna
forma, o Agir humano é o campo próprio da           entre o convencimento racional e a disposição
educação enquanto prática social e política         para agir diferente frente ao meio ambiente.
que pretende transformar a realidade. Para




                                                                                                                          51
                                                           Agroecol.e Desenv.Rur.Sustent.,Porto Alegre, v.2, n.2, abr./jun.2001

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Qual educação ambiental?

  • 1. A rtigo Qual educação ambiental? Elementos para um debate sobre educação ambiental e extensão rural Carvalho, Isabel Cristina Palavras-Chave: educação ambiental, de Moura* educação popular, educação comportamental, extensão rural, Agroecologia. Resumo Este artigo parte da idéia da educação am- Introdução biental como mediação educativa que forma A educação ambiental (EA) vem sendo in- parte do contexto de transição ambiental no corporada como uma prática inovadora em mundo rural. Questiona a idéia de uma úni- diferentes âmbitos. Neste sentido, destaca- ca educação ambiental, chamando a aten- se tanto sua internalização como objeto de ção para diferentes matrizes teórico-pedagó- políticas públicas de educação e de meio am- gicas que informam duas orientações em edu- biente em âmbito nacional 1, quanto sua in- cação ambiental, quais sejam: a educação corporação num âmbito mais capilarizado, ambiental popular e a educação ambiental como mediação educativa, por um amplo con- comportamental. Argumenta em favor de junto de práticas de desenvolvimento social. uma educação ambiental popular como alter- Esse é o caso, por exemplo, do diversificado nativa mais afinada com as propostas da ex- rol de atividades e projetos de desenvolvimen- tensão rural agroecológica. to impulsionados pelas atividades de exten- são em resposta às novas demandas geradas pela transição ambiental do meio rural2. Este * Psicóloga, doutora em Educação, assessora da EMATER/RS, e-mail: isabel@emater.tche.br processo de mudanças no mundo rural, que 43 Agroecol.e Desenv.Rur.Sustent.,Porto Alegre, v.2, n.2, abr./jun.2001
  • 2. A rtigo tende a gerar novas práticas sociais e cultu- como outros da "família ambiental", sofre de rais em que se verifica a assimilação de um grande imprecisão e generalização. O proble- ideário de valores ambientais, pode ser ob- ma dos conceitos vagos é que acabam sus- servado, por exemplo, no crescente interes- tentando certos equívocos e, neste caso, o se pela produção agroecológica, na busca por principal deles é supor uma convergência medicinas alternativas e fitoterápicas, no tanto da visão de mundo quanto das opções ecoturismo e no turismo rural. Práticas es- pedagógicas que informam o variado conjun- tas que estão muitas vezes associadas a to de práticas que se denominam de educa- ações de EA, tanto na sua difusão como na ção ambiental. Assim, neste artigo preten- valorização da paisagem socioambiental no demos discutir algumas das principais dife- campo. renças nas concepções de educação ambien- Uma vez identificada a entrada da EA como tal, e suas conseqüências no plano político- parte dos processos de transição ambiental pedagógico. Para isto, vamos problematizar e suas inúmeras interfaces com diferentes alguns aspectos da relação entre a EA - to- campos de ação da extensão rural, cabe abrir mada como parte dos processos de ambien- um debate sobre as modalidades desta práti- talização da sociedade - e o campo educativo ca educativa, suas orientações pedagógicas onde esta vai disputar legitimidade como um e suas conseqüências como mediação apro- tipo novo de prática pedagógica. priada para o projeto de mudança social e am- biental no qual esta vem sendo acionada. Em 1 O ambiental como qualificador primeiro lugar, caberia perguntar: existe da educação uma educação ambiental ou várias? Será que Uma primeira questão diz respeito ao sig- todos os que estão fazendo educação ambi- nificado do ambiental como qualificador da ental comungam de princípios pedagógicos e educação. Outras correntes pedagógicas an- de um ideário ambiental comuns? A obser- tes das EAs também se preocuparam em con- vação destas práticas facilmente mostrará textualizar os sujeitos no seu entorno histó- um universo extremamente heterogêneo no rico, social e natural. Trabalhos de campo, qual, para além de um primeiro consenso em estudos do meio, temas geradores, aulas ao ar livre, não são atividades inéditas na edu- cação. Estes recursos educativos, tomados Será que todos os que estão cada um por si, não são estranhos às meto- fazendo educação ambiental dologias consagradas na educação como aquelas inspiradas em Paulo Freire e Piaget, comungam de princípios entre outras. Assim, qual seria o diferenci- pedagógicos e de um ideário al da educação ambiental? O que ela nos traz de novo que justifique identificá-la como ambiental comuns? uma nova prática educativa? Poderíamos dizer, numa primeira consi- torno da valorização da natureza como um deração, que o novo de uma EA realmente bem, há uma grande variação das intencio- transformadora, ou seja, daquela EA que vá nalidades socioeducativas, metodologias pe- além da reedição pura e simples daquelas dagógicas e compreensões acerca do que seja práticas já utilizadas tradicionalmente na a mudança ambiental desejada. educação, tem a ver com o modo como esta 44 Neste sentido, a EA é um conceito que, EA revisita esse conjunto de atividades pe- Agroecol.e Desenv.Rur.Sustent.,Porto Alegre, v.2, n.2, abr./jun.2001
  • 3. A rtigo O foco de uma educação dentro dagógicas, reatualizando-as dentro de um do novo paradigma ambiental novo horizonte epistemológico em que o am- biental é pensado como sistema complexo de tenderia a compreender, para relações e interações da base natural e so- além de um ecossistema natural, cial e, sobretudo, definido pelos modos de sua apropriação pelos diversos grupos, populações um espaço de relações e interesses sociais, políticos e culturais que socioambientais historicamente aí se estabelecem. O foco de uma educação dentro do novo paradigma ambiental, portan- configurado to, tenderia a compreender, para além de um ecossistema natural, um espaço de relações socioambientais historicamente configura- curso, é importante destacar que a dinâmi- do e dinamicamente movido pelas tensões e ca deste campo é a da disputa pelas inter- conflitos sociais. pretações sobre conceitos-chave como "am- De todo modo, a construção de um nexo biental" ou "sustentabilidade". A verdade é entre educação e meio ambiente, capaz de que ainda estamos longe de chegar a um gerar um campo conceitual teórico-metodo- acordo sobre as chances de uma nova alian- lógico que abrigue diferentes propostas de ça sustentável ou um contrato natural, como EAs, só pode ser entendida à luz do contexto o chamou Serres (1991), baseada na justiça histórico que o torna possível. Afinal, não e na eqüidade entre a sociedade e a nature- podemos compreender as práticas educativas za. Talvez estejamos no momento de, justa- como realidades autônomas, pois elas só fa- mente, disputar este projeto discutindo so- zem sentido a partir dos modos como se as- bre que bases a reconversão em direção a sociam aos cenários sociais e históricos uma ordem sustentável deveria se dar. A EA, mais amplos constituindo-se em projetos pe- como parte deste contexto vai, portanto, tran- dagógicos políticos datados e intencionados. sitar na esfera das relações conflitivas das Desta forma, a emergência de um con- diferentes orientações políticas e pedagógi- junto de práticas educativas nomeadas como cas, sendo afetada pelos diferentes projetos EA e a identidade de um profissional a ela político-pedagógicos em disputa. associada, o educador ambiental3, só podem ser entendidos como desdobramentos que 2 As diferentes EAs fazem parte da constituição de um campo am- As práticas de EA, na medida em que biental no Brasil, a partir do qual a questão nascem da expansão do debate ambiental na ambiental tem se constituído como catali sa- sociedade e de sua incorporação pelo campo dora de um possível novo pacto societário sus- educativo, estão atravessadas pelas vicissi- tentável. Assim, o qualificador ambiental tudes que afetam cada um destes campos. surge como uma nova ênfase para a educa- Disto resultam pelo menos dois vetores de ção, ganhando legitimidade dentro deste pro- tensão que vão incidir sobre a EA: I) a com- cesso histórico como sinalizador da exigên- plexidade e as disputas do campo ambiental, cia de respostas educativas a este desafio com seus múltiplos atores, interesses e con- contemporâneo de repensar as relações en- cepções e II) os vícios e as virtudes das tradi- tre sociedade e natureza. ções educativas com as quais estas práticas Contudo, considerando a assimetria das se agenciam. Estes vetores vão gerar uma grande 45 relações de força que estão definindo as transformações sociais e econômicas em clivagem no conjunto das práticas de EA, Agroecol.e Desenv.Rur.Sustent.,Porto Alegre, v.2, n.2, abr./jun.2001
  • 4. A rtigo demarcando pelo menos duas diferentes ori- hábitos e comportamentos cristalizados e de entações que poderiam ser chamadas: EA difícil reorientação. comportamental e EA popular. Cabe lembrar Desta forma, surge uma EA que vai tomar que essa classificação resulta de um esforço para si, como meta principal, o desafio das de análise que se propõe intencionalmente mudanças de comportamento em relação ao a distinguir e matizar as práticas de EA de meio ambiente. Informada por uma matriz acordo com suas filiações pedagógicas. Isto conceitual apoiada na psicopedagogia com- não significa que no plano da observação portamental, esta EA partilha de uma visão empírica não se possa constatar que estas particular do que seja o processo educativo, duas vertentes apareçam muitas vezes so- a produção de conhecimentos e a formação brepostas e/ou combinadas nas práticas dos dos sujeitos. educadores ambientais. Também é verdade A psicologia comportamental é, sobretu- que estas duas tendências não esgotam todo do, uma psicologia da consciência. Isto sig- o campo das EAs, que é ainda muito mais nifica, por exemplo, considerar o comporta- diversificado. Contudo, expressam uma im- mento uma totalidade capaz de expressar a portante distinção entre duas das principais vontade dos indivíduos. Acredita, também, matrizes s ocioeducativas que informam esta que é possível aceder a vontade dos indivídu- prática e que serão objeto dos próximos tópi- os e produzir transformações nas motivações cos deste artigo. das ações destes através de um processo ra- cional, que se passa no plano do esclareci- 2.1 A EA comportamental mento, do acesso a informações coerentes e Com o debate ambientalista generaliza-se da tomada de consciência. Isto quer dizer, um certo consenso no plano da opinião públi- em última instância, que esta matriz teóri- ca, a respeito da urgência de conscientizar os ca supõe indivíduos cuja totalidade da ação diferentes estratos da população sobre os pro- encontra suas causas na esfera da razão, e blemas ambientais que ameaçam a vida no é nesta esfera também que se pretende si- planeta. Conseqüentemente, é valorizado o tuar as relações de aprendizagem e a forma- papel da educação como agente difusor dos co- ção dos valores. nhecimentos sobre o meio ambiente e indutor da mudança dos hábitos e comportamentos 2.2 A EA popular considerados predatórios, em hábitos e com- Esta EA está associada com a tradição da portamentos tidos como compatíveis com a pre- educação popular que compreende o proces- servação dos recursos naturais. so educativo como um ato político no sentido Uma outra idéia bastante recorrente nes- amplo, isto é, como prática social de forma- ta perspectiva é a de que, embora todos os ção de cidadania. A EA popular compartilha grupo sociais devam ser educados para a con- com essa visão a idéia de que a vocação da servação ambiental, as crianças são um gru- educação é a formação de sujeitos políticos, po prioritário. As crianças representam aqui capazes de agir criticamente na sociedade. as gerações futuras em formação. Conside- O destinatário desta educação são os sujei- rando que as crianças estão em fase de de- tos históricos, inseridos numa conjuntura senvolvimento cognitivo, supõe-se que nelas sociopolítica determinada , cuja ação, sempre a consciência ambiental pode ser internali- intrinsecamente política, resulta de um uni- zada e traduzida em comportamentos de for- verso de valores construído social e histori- ma mais bem sucedida do que nos adultos camente. Nesta perspectiva, não se apaga a 46 que, já formados, possuem um repertório de dimensão individual e subjetiva, mas esta é Agroecol.e Desenv.Rur.Sustent.,Porto Alegre, v.2, n.2, abr./jun.2001
  • 5. A rtigo vista desde sua intercessão com a cultura e bientais passa por uma visão do meio ambi- a história, ou seja, o indivíduo é sempre um ente como um campo de sentidos socialmen- ser social. te construído e, como tal, atravessado pela Assim, o foco de uma EA popular não são diversidade cultural e ideológica, bem como exclusivamente os comportamentos. Embo- pelos conflitos de interesse que caracterizam ra em certa educação popular também exis- a esfera pública. Ao enfatizar a dimensão ta uma herança racionalista que se expres- ambiental das relações sociais, a EA popular sa principalmente no conceito de conscienti- propõe a transformação das relações com o zação. É preciso admitir aqui que a perspec- meio ambiente dentro de um projeto de cons- tiva racionalista, que pensa os processos de trução de um novo ethos social, baseado em transformação pela via régia da consciência, valores libertários, democráticos e solidários. chega à educação ambiental não só pela EA A opção por um grupo etário, por exemplo comportamental mas também por certa EA as crianças, não é uma característica pre- popular. Ocorre que nem toda EA popular se dominante nesta abordagem. Aqui se com- atém estritamente à noção de conscientiza- preende a formação como um processo per- ção, mesmo porque uma crítica deste con- manente e sempre possível. Há várias expe- ceito tem sido feita pela própria educação riências de EA popular, por exemplo, que ele- popular nos últimos anos. Assim, esta EA gem, isto sim, certos atores sociais como su- pode utilizar-se também de conceitos mais jeitos prioritários da ação educativa ambi- complexos, como por exemplo o de Ação Polí- ental, como por exemplo os grupos e organi- tica, no sentido em que é definido pela filo- zações populares. Ou ainda, destacam a im- sofia política de Arendt, para entender o agir portância de trabalhar com os grupos cuja in- dos sujeitos e grupos sociais frente às ques- teração com o meio ambiente é mais direta, tões ambientais4. por exemplo, agricultores ou certas catego- Mais do que resolver os conflitos ou pre- rias de trabalhadores urbanos como os servar a natureza através de intervenções recicladores e outros 5. De qualquer forma, pontuais, esta EA entende que a transforma- não há uma especial valorização da infância ção das relações dos grupos humanos com o como faixa etária privilegiada para a forma- meio ambiente está inserida dentro do con- ção ambiental. texto da transformação da sociedade. O en- Cabe lembrar que a educação popular tendimento do que sejam os problemas am- tem sido em grande parte uma educação de 47 Agroecol.e Desenv.Rur.Sustent.,Porto Alegre, v.2, n.2, abr./jun.2001
  • 6. A rtigo adultos. No contexto de uma educação que A pesquisa do Instituto ECOAR (Trajber e se dirige a sujeitos capazes de decisão, a Manzochi, 1996) sobre os materiais impres- criança é importante enquanto engajada no sos em EA no Brasil demonstra, de maneira processo de formação de cidadania, mas não exemplar, como as escolhas entre enfatizar é necessariamente prioritária sobre os ou- os comportamento ou a ação política se re- tros grupos passíveis de uma educação am- fletem na produção escrita deste campo. A biental. instigante análise do discurso da EA , reali- zada pela lingüista Eni Orlandi neste estu- 3 Entre a intenção e o gesto: do, alertou para a presença de elementos dou- limites e possibilidades das EAs trinários e normativos nos textos e para o O principal problema de uma EA compor- risco de um fechamento do discurso numa tamental é sua visão restrita dos processos EA pautada em pressupostos comportamen- sociais e subjetivos que constituem os su- tais. Orlandi destacou ainda o silêncio desta jeitos. Em primeiro lugar, poderíamos des- EA sobre a produção social dos problemas eco- tacar o equívoco de supor sujeitos da vonta- lógicos e, decorrente disto, sua tendência a de, isto é, reduzir os indivíduos à sua dimen- culpabilizar os indivíduos como se todos fos- são racional. Em outras palavras, reduzir o sem igualmente responsáveis pelos efeitos sujeito ao ego, desconhecendo que a comple- da degradação ambiental. xidade das determinações da ação humana Comportamento é um conceito muito po- em muito ultrapassam essa instância psí- bre para dar conta da complexidade do agir quica. Do mesmo modo, o processo de forma- humano. Não se trata de induzir novos com- ção e produção de conhecimentos está longe portamentos, pois isso pode ser alcançado de de responder exclusivamente aos ditames da forma pontual sem implicar uma transforma- consciência e da vontade. Entre a intenção ção significativa, no sentido da construção e o gesto há um universo de sentidos con- de um novo ethos, de um novo pacto civiliza- traditórios que a relação causal razão-com- tório desejado por um ideário ecológi c o portamento está longe de comportar. É larga- emancipatório. Uma pessoa pode aprender a 48 mente conhecido o tema das descontinuida- valorizar um ambiente saudável e não poluí- des entre o dito da razão e as atitudes6. Agroecol.e Desenv.Rur.Sustent.,Porto Alegre, v.2, n.2, abr./jun.2001
  • 7. A rtigo EA popular parece ser uma das mediações educativas afinadas ao do, ter comportamentos tais como não sujar as ruas e participar dos mutirões de limpeza espírito de uma extensão rural do seu bairro. Essa mesma pessoa, no en- tanto, pode considerar adequada a política agroecológica de produção e transferência de lixo tóxico para outra região e não se importar com a contaminação de um lugar distante do seu ambiente de vida. Numa perspectiva indivi- dualista, isto preserva seu meio ambiente imediato, a despeito do prejuízo que possa ter, res, comprometida com um ideário emanci- por exemplo, para outras populações afeta- patório e, ao enfatizar a dimensão ambiental, das por estes resíduos tóxicos. Neste senti- amplia a esfera pública, incluindo nesta o do, é possível um comportamento preocupa- debate sobre o acesso e as decisões relativas do com o meio ambiente local sem qualquer aos recursos ambientais. Nesta perspectiva, compromisso com um pacto solidário global. o educador ambiental é, sobretudo, um medi- Quanto à capacidade de uma educação pro- ador da compreensão das relações que os gru- mover valores ambientais, é importante des- pos com os quais ele trabalha estabelecem tacar que o processo educativo não se dá ape- com o meio ambiente. Atua assim, como um nas pela aquisição de informações, mas so- intérprete dessas relações, um facilitador das bretudo pela aprendizagem ativa, entendida ações grupais ou individuais que geram no- como construção de novos sentidos e nexos vas experiências e aprendizagem. para a vida. Trata-se de um processo que en- No caso da extensão rural, a EA popular volve transformações no sujeito que apren- parece ser uma das mediações educativas de e incide sobre sua identidade e posturas afinadas ao espírito de uma extensão rural diante do mundo. A internalização de um agroecológica tomada como "um processo de ideário ecologista emancipatório não se dá intervenção de caráter educativo e transforma- apenas por um convencimento racional so- dor, baseado em metodologias de intervenção- bre a urgência da crise ambiental, mas so- ação participante que permitem o desenvolvi- bretudo implica uma vinculação afetiva com mento de uma prática social mediante a qual os valores éticos e estéticos desta visão de os sujeitos do processo buscam a construção e mundo. Deste ponto de vista, uma EA com- sistematização de conhecimentos que os levem portamental pode ser funcional a diversas a incidir conscientemente sobre a realidade" esferas de ação que visam inibir ou estimu- (Caporal e Costabeber, 2000:33). A afinidade lar, em termos imediatos, certos comporta- da EA popular com o marco da nova extensão mentos bem definidos _ por exemplo: dimi- rural remete à vocação de uma EA que pre- nuir o índice de depredação de árvores pelos tende promover mudanças nos níveis mais visitantes de uma área de proteção ambien- profundos das relações socioambientais. É tal _ mas dificilmente consegue incorporar a claro que aqui trata-se de uma escolha pe- dimensão mais ampla e coletiva das relações dagógica e não de uma verdade auto-eviden- ambientais associadas a transformações em te. Do mesmo modo que não se trata neste direção a um novo projeto societário. artigo de pretender dar a palavra final a uma A EA popular, por sua vez, age dentro de discussão que vem se dando entre os educa- um universo onde a educação é uma prática dores ambientais, mas expressar uma posi- de formação de sujeitos e produção de valo- ção e expô-la ao debate. A 49 Agroecol.e Desenv.Rur.Sustent.,Porto Alegre, v.2, n.2, abr./jun.2001
  • 8. A rtigo Referências bibliográficas ARENDT, H. A condição humana. Rio de pensa da ecologia. Rio de Janeiro: MAST e Janeiro: Forense, 1989. CEPEM/CNPQ, Agência Estado e ISER, 1992. CAPORAL, F. R., COSTABEBER, J. A. Agroecologia CRESPO, S. (coord). O que o Brasileiro pensa e desenvolvimento rural sustentável: do meio ambiente, do desenvolvimento e perspectivas para uma nova extensão rural. da sustentabilidade. Rio de Janeiro: MAST/ jan./mar. Agroecologia e Desenvolvimento CNPQ e ISER, 1998. Rural Sustentável, Porto Alegre, v.1, n.1, p 16- RUIZ, J. R. Diagnóstico mexicano sobre 37, jan/mar, 2000. educación popular ambiental. In: SEMINARIO CARVALHO, I.C.M. Educação, meio ambiente e REGIONAL DE CAPA CITA CIÓN DE LAS ação política. In: ACSELRAD, H. (Org). Meio COMUNIDADES PARA EL MANEJO ambiente e democracia. Rio de Janeiro, IBASE, SUSTENTABLE DE L OS RECURSOS NATURALES. 1992. Rede de Educación Popular Ambiental - REPEC, México: 1995 (mimeo). COSTABEBER, J. A.; MOYANO, E. Transição agroecológica e ação social coletiva. out./dez. SERRES, M. O contrato natural. Rio de Janeiro: Agroecologia e Desenvolvimento Rural Nova Fronteira, 1991. Sustentável, Porto Alegre, v.1, n.4, p 50-60, TRAJBER, R.; MANZOCHI, L. Avaliando a out/dez. 2000. educação ambiental no Brasil. São Paulo: CRESPO, S. e LEITÃO, P. O que o brasileiro Editora Gaia, Coleção Gaia-Ecoar,1996. Notas 1 No âmbito das iniciativas de políticas multidimensional de mudança social orientado públicas, destacam-se, em nível nacional, a a ecologização das práticas agrícolas no criação dos Núcleos de Educação Ambiental manejo dos agroecossistemas. Diferencia-se no IBAMA desde 1992; os centros de Educação desse apenas no sentido de destacar a Ambiental desde 1993 pelo MEC; Programa expansão da assimilação de um ideário Nacional de Educação Ambiental (PRONEA) ambientalizado também para um conjunto de instituído em 1994 pelo MEC e MMA; a práticas sociais e culturais no mundo rural não inclusão da educação ambiental nos necessariamente agrícolas. 3 Parâmetros Curriculares definidos pelo MEC Este pode ser entendido como um espaço em 1998; e aprovação da Política Nacional de de relações sociais e históricas onde se produz EA em 1999. e reproduz a crença no valor da natureza 2 A noção de transição ambiental aqui como um Bem que deve ser preservado, acima proposta compartilha com o conceito de dos interesses imediatos das sociedades. Esta transição agroecológica tal como proposto por crença alimenta a utopia de uma relação Caporal e Costabeber (2000) e Costabeber e simétrica entre os interesses das sociedades e 50 Moyano (2000), enquanto processo os ciclos da natureza, no respeito aos Agroecol.e Desenv.Rur.Sustent.,Porto Alegre, v.2, n.2, abr./jun.2001
  • 9. Notas processos vitais e aos limites da capacidade uma discussão do conceito arendtiano de Ação de regeneração e suporte da natureza que Política e sua aplicação no contexto da deveriam balizar as decisões sociais, e educação ambiental ver Carvalho (1992). 5 reorientar os estilos de vida e hábitos coletivos Sobre a definição de sujeitos prioritários, e individuais. ver Ruiz, Javier Reyes. “Diagnóstico mexicano 4 Para Arendt (1989), o conceito de Ação sobre educación popular ambiental”. Seminario Política é a expressão mais nobre da condição regional de capacitación de las comunidades humana. Os humanos se definem por seu agir para el manejo sustentable de los recursos entre seus pares, influindo no destino do naturales. Rede de Educación Popular mundo comum. Esta capacidade de agir em Ambiental - REPEC, México, 1995 (mimeo). 6 meio a diversidade de idéias e posições é a A pesquisa "O que brasileiro pensa da base da convivência democrática, da liberdade ecologia" (Crespo e Leitão, 1992), por exemplo, e da possibilidade de criar algo novo. Desta verificou entre os entrevistados essa lacuna forma, o Agir humano é o campo próprio da entre o convencimento racional e a disposição educação enquanto prática social e política para agir diferente frente ao meio ambiente. que pretende transformar a realidade. Para 51 Agroecol.e Desenv.Rur.Sustent.,Porto Alegre, v.2, n.2, abr./jun.2001