SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 51
AS DOENÇAS, OS DOENTES E OS
         MÉDICOS

         Profa. Dra. Tânia C. Oliveira Valente
VÍDEO 1
QUAL É OBJETIVO DA PRÁTICA
         MÉDICA?
Relação médico-paciente
TEMA COMPLEXO
         Subjetividade

        o número pequeno de pesquisas nessa área
        dificulta a determinação de princípios claros,
        objetivos e bem fundamentados que norteiam a
        relação com o paciente dizendo-nos a cada
        momento: isto está errado, aquilo está certo
A essência da relação médico-paciente é plenamente inserida no
campo das ciências humanas, que lhe oferecem amplo referencial
teórico.

Assim, esta relação tem bases tão científicas quanto a medicina do corpo e
das doenças orgânicas, podendo ser ensinada e aprendida, agregando
QUALIDADE, HUMANIDADE e EFICÁCIA ao ato médico.
                                               Costa Ferreira et al, 2001

 A Ciência e a Relação Médico-Paciente



Fase inicial:       mágico-religiosa,
                    exercida por magos e
                    sacerdotes
A ARTE DE CURAR SE BASEAVA    •HOSPITAIS
NO CONTATO COM O CORPO        •MONOPÓLIO DO EXERCÍCIO DA
E A SUBJETIVIDADE              MEDICINA PELOS MÉDICOS
DO DOENTE E NO RESGATE        •INTERPOSIÇÃO DE TECNOLOGIAS
DO EQUILÍBRIO “PERDIDO”        ENTRE O DOENTE E O MÉDICO


   Saúde X                    DOENÇA

   ATÉ SEC XVII
                             SEC XVIII EM DIANTE
                              REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
SEC XIX EM DIANTE
• Urbanização , mudanças sociais e
  demográficas
• Desenvolvimento científico e tecnológico
• Mercados consumidores de serviços médicos
  e de tecnologias
• Monopólio do exercício da profissão
• Pactuação entre representantes formais da
  medicina e representantes do Estado
Medicina Técnico-Científica
• Início da Era Hospitalar

• Medicina preventiva

• Medicina sanitária                      Fatores
                                        externos ao
• Conceito bacteriológico
                                          homem
  como fator causal das doenças

• Impacto da II Guerra Mundial



            aceleração dos progressos técnico-científicos
SEC XX/XXI?
• “CRISE” DA MEDICINA:
  – Plano institucional – adequação de modelos
  – Plano ético – mercantilização e objetivização das
    relações
  – Plano da eficácia institucional médica – perda do
    papel milenar terapêutico da medicina em função
    da investigação sofisticada de patologias
  – Bioética – até onde vamos?
  – Plano corporativo e das relações com a sociedade
  – Plano pedagógico – quem estamos formando?
Abraham Flexner (1866-1959)

           Educador norte-americano que publicou um relatório
           (1910) em que propõe profundas reformas na educação
           médica nos Estados Unidos. Sua ampla repercussão deu
           suporte intelectual à atuação dos profissionais de saúde na
           maioria dos países do mundo ocidental
Cuida do corpo como se fosse um conjunto de
                              peças a serem consertadas


      MODELO BIOMÉDICO
                     As dimensões psicológicas
Racional
                     e socioeconômicas das doenças e
Científico           exploração das emoções do
                     paciente são desestimuladas,
Mecânico
                     negligenciadas
Relação Médico-Paciente
                    •     Dra. Ressonância
       Novos              Magnética
      ATORES
                    •     Dr. Incor
                    •     Dr. Bradesco/saúde
                    •     Dra. Internet
                    •     Dr. Fantástico
Impacto da Tecnologia Aplicada à Medicina Contemporânea




    terapêuticos       MÉTODOS              diagnósticos

             imagens              laboratoriais




          Expressiva melhora na qualidade de vida
        e aumento da sobrevida dos seres humanos
Impacto da Tecnologia Aplicada à Medicina Contemporânea



• Altos custos

• Acentua diferenças socioeconômicas

• Não democrática

• Dificuldade de acesso aos
  grandes centros tecnológicos

• Reforça o modelo organicista

• Médicos adictos da tecnologia

• Dificulta a relação médico-paciente
IMPACTO DA TECNOLOGIA APLICADA À
    MEDICINA CONTEMPORÂNEA


• Iatrogenia diagnóstica e terapêutica


• Visão focada na doença, desviando da pessoa
  doente

• Falsa expectativa do paciente


• Diminuição do prestígio da figura do médico
DIAGNÓSTICO = “anos” de teoria, internet,
                  recurso aos “universitários”(celular),“pular”
                  (encaminhamentos),“cartas” (palm).
                  Anamnese, exame físico, investigação de
                  órgãos, aparelhos e sistemas do paciente.
                  Devo examinar com mais atenção este
                  abdome? Peço ou não peço exames?
                  Entro com medicação agora ou espero o
                  resultado dos exames?




                CAUSA                 DA DOENÇA



MODELO BIOMÉDICO
No modelo biomédico, a tarefa do médico é buscar a causa das doenças.
Remove-se a causa, cessa-se a doença.
E quando não se acha a causa? Não há doença?
DOENÇA?
O QUE É DOENÇA?
• As doenças são “coisas” influenciadas por
  fatores culturais, econômicos e sociais
  relativos ao médico e ao paciente.
• Tem um caráter “convencional”
• Clínica = “coisas” semelhantes entre as
  doenças de vários indivíduos
• Epidemiologia = “coisas” semelhantes entre as
  populações
AS DOENÇAS SÃO ABSTRAÇÕES
(CONSTRUÇÕES DO PENSAMENTO,
TRANSFORMAÇÃO DE INFERÊNCIAS
EM VERDADES), QUE EXCLUEM OS
 INDIVÍDUOS ACOMETIDOS E QUE
  AGRUPAM PROCESSOS QUE NA
   VERDADE SÃO INDIVIDUAIS
Os doentes e seu sofrimento são dados da
    realidade, com o que o médico lida
                diariamente.

    Para o doente o sofrimento é um fato
  concreto, incapacitante de uma forma que
 transcende sua capacidade de auto-cuidado,
tornando necessária a intervenção de alguém
  legitimado socialmente para este cuidado.
Para o médico o sofrimento é
 irrelevante e o paciente, fonte
   de distorções. A relação do
 médico se dá com a doença e o
  paciente é um mero canal de
 acesso a ela. Canal “ruim”, por
    sinal, uma vez que produz
“ruídos” em níveis insuportáveis.
x
Catalogação           Sofrimento

Classificação         Illness/Sickness

Disease               Mal estar

“Ciência”             Subjetividade

Verdadeiro ????       Falso ????
• Ciência não é sinônimo de real nem de verdadeiro.
• Procedimento de construção de modelos que nos
  permitem interferir em determinados problemas
  com um mínimo de previsibilidade dos resultados
  das nossas ações.
• Medicina = “ofício”
• Habilidades aprendidas com um mestre, na qual a
  experiência tem um papel fundamental.
• A habilidade individual da prática médica não pode
  ser copiada. O que pode ser copiado é a repetição
  mecânica de condutas padronizadas.
• Diagnóstico – “escuta” do paciente
• Formulação de hipóteses que vão sendo incluídas ou
  descartadas ao longo da consulta
• Terapeutica – Não é simples decorrência do
  diagnóstico
• Therapeutike – ato de curar, ato de servir, ato de
  culto religioso
• O tratamento continua sendo uma instância
  individual, quer se pense em termos de médicos
  (cada médico tem a sua conduta), quer se pense em
  termos de pacientes (cada paciente adoece de uma
  forma particular)
Do que estamos falando?

SOFRIMENTO             Busca de ajuda          Não encontro
                          médica               de alterações

        Encontro de
                                        Insatisfação das
         alterações
                                         expectativas
        fisiológicas

                                                    Médico:
       Ajuda para                Doente             Sensação de
       a resolução               Reforço da         Impotencia
       do sofrimento             condição           Angústia/
                                  de sofrimento     Ansiedade
                                 Angustia,          depressão
                                 ansiedade,
                                  depressão
Psicossomática
• A psicossomática tem como substrato o
  sofrimento humano, que necessariamente é
  influenciado por fatores não só biológicos,
  mas psíquicos, econômicos, ideológicos ,
  sociais e espirituais entre outros.
• Sendo assim, este sofrimento não pode ser
  completamente explicado e solucionado com o
  aparato científico atualmente disponível.
A psicossomática não é exclusiva da Psiquiatria
  e/ou Psicanálise. Sua abordagem deveria estar
  inserida na grade curricular de todas os cursos
  de graduação e pós-graduação na área da
  saúde.
Sendo uma ideologia da saúde, a compreensão
  das relações psique-corpo, as formas de
  vulnerabilidade e os mecanismos de produção
  de sofrimento são os aspectos chave da
  Psicossomática.
Ou seja, a Psicossomática é de todos (e não é
  de ninguém!)
A abordagem do paciente em
        Psicossomática

• 2 tipos de pacientes:
  – Pacientes sem componente físico
    constatável por exames =
    TRANSTORNOS SOMATOFORMES
  – Pacientes com componente físico
    constatável por exames = DOENÇA
    PSICOSSOMÁTICA
SISTEMA             SEM ALTERAÇÕES FÍSICAS                        COM ALTERAÇÕES FÍSICAS
                            SOMATOFORMES                                 PSICOSSOMÁTICAS
CARDIOVASCULAR     Palpitações ,dor, sensação de opressão,       Doença coronária, hipertensão arterial,
                   tonturas                                      arritmias

RESPIRATÓRIO       Falta de ar, suspiro, tosse emocional, bolo   Asma, rinite alérgica, síndrome de
                   na garganta                                   hiperventilação

ENDÓCRINO          Sintomas de hipoglicemia                      Hiper ou hipotireoidismo, hipo ou
                                                                 hiperfunção de paratireóides,
                                                                 hipoglicemia, diabetes
GINECOLÓGICO       Alterações no ritmo e no fluxo menstrual,     Displasia mamária, vaginites, herpes
                   cólicas menstruais, vaginismo,                genital, endometriose
                   dispareunia, dor pélvica
GASTROINTESTINAL   Enjôo, má digestão, cólicas abdominais,       Transtornos esofágicos, dispepsia,
                   queimação, boca amarga, acidez                úlceras, sind. Colon irritável, retocolite
                                                                 ulcerativa
DERMATOLÓGICO      Prurido essencial, queimação,                 Hiperhidrose, urticária, dermatite atópica,
                   formigamentos                                 alopécia, herpes, vitiligo, caspa
REUMATOLÓGICO      Dores nas costas, mãos, pernas                Artrites

IMUNOLÓGICO                                                      Rinite, lupus, psoríase

OTORRINO           Zumbido, tonturas, pigarro                    Labirintites

DOR CRÔNICA        Dores generalizadas                           Fibromialgia, enxaqueca
Se você tivesse fraqueza nas pernas e seus exames
 fossem normais, você se sentiria ofendido se seu
              médico dissesse que...
    DIAGNÓSTICO                      “OFFENSE”
                                     SCORE (%)
    “Coisa da sua cabeça”               93
    Fraqueza histérica                  52
    Fraqueza psicossomática             42
    Fraqueza sem explicação médica      35
    Fraqueza associada à depressão      33
    Fraqueza relacionada ao stress      20
    Fadiga crônica                      15
    Fraqueza funcional                  12
    AVC                                 12
    Esclerose múltipla                  5
                                                 Stone et al. BMJ 325: 1449-50)
Sintomas comuns na prática médica em nível
  primário:1000 pacientes, 3 anos, custos
  – 567 queixas relacionas a dor no peito, fadiga, tontura,
    dor de cabeça, edema, dor nas costas, dispneia,
    insonia, dor abdominal, impotencia, perda de peso,
    tosse e constipação
  – 38 % dos pacientes
  – Dor de cabeça ($7,778), dor nas costas ($7,263)
  – Tratamento em 55%
  – 53 % dos sintomas pioraram
  – Prognóstico favorável: etiologia organica, duração
    menor que quatro meses e dois ou menos sintomas
                      (Kroenke K Mangelsdorff AD AnnIntern Med 2001)
Exames realizados para a investigação diagnóstica
              em 73 pacientes portadores de Transtorno de Pânico
                                               (exames normais)




58    40     31     21      12     24     16     11      20      16


ECG   ECO   ERGO   HOLTER   MAPA   EEG   TOMO   AUDIO   ENDO   OUTROS
Você não tem nada!
Diálogo
médico-paciente                   rasgo meu
                                                        ECG,
                                    diploma!
                                                        TCE,
               — Você não tem nada!                     Eco,
                 Não encontramos nada                   Tiltest,
                 de anormal no seu coração              Cintilografia
      C.A.M.                                            Miocárdica,
     45 anos     nem nos exames.
                                                        Mapa,
       fem.
      10.06.                                            Função
       2000
               — O que devo fazer ?                     Pulmonar,
                                                        CINE
               — Quando apresentar a crise,
                 tome um Lexotan.
                                      aperto no peito
Diagnósticos
• Existem vários instrumentos de diagnóstico
  positivo de somatização
• Duas condições são necessárias para se
  estabelecer esse diagnóstico:
• a presença de vários (mais de 3) sintomas vagos ou
  exagerados em sistemas orgânicos diferentes
• essas queixas tenham uma evolução crônica de mais de 2
  anos.
• Normalmente procuram o médico clínico
• Muitas vezes querem ser encaminhados para especialistas.
Características sugestivas de diagnóstico
              de somatização

• Múltiplos sintomas, muitas vezes ocorrendo em
  diferentes sistemas orgânicos
• Sintomas que sejam vagos ou que excedam os
  achados objetivos
• Evolução crônica
• Presença de um transtorno psiquiátrico
• História de extensos exames para diagnóstico
• Rejeição de médicos anteriores
Condutas
          paciente somatizador
Cuidar, não procurar curar
• Não tentar eliminar completamente os
  sintomas
• Concentrar na convivência e nas funções
Condutas
         paciente somatizador

Conservadorismo diagnóstico e terapêutico
• Analisar fichas antigas antes de pedir exames
• Responder a solicitações como para os que não têm
  preocupações somáticas
• Marcar consultas e exames físicos freqüentes
  (4 a 6 sem)
• Não alterar a freqüência das consultas
• Pensar em remédios benignos
Condutas
           paciente somatizador
Validação do sofrimento
• Não refutar ou negar os sintomas
• Não basear a relação médico-paciente nos
  sintomas
• Concentrar na história social
Obs.: Dar aos sinais físicos maior peso do que
  aos sintomas relatados.
Condutas
           paciente somatizador
Dando um diagnóstico
• Enfatizar a disfunção, e não a patologia
  estrutural
• Descrever o processo de amplificação e
  fornecer exemplo específico
• Tranqüilizar com cautela
Condutas
          paciente somatizador
Consulta psiquiátrica
• Diagnosticar comorbidade psiquiátrica
• Recomendar opções de farmacoterapia
• Providenciar psicoterapia

Terapia cognitivo-comportamental
• Melhorar a convivência
Condutas
             paciente somatizador
• Evitar procedimentos e hospitalizações

• Tratamento como bem sucedido:

  paciente mantido fora do hospital/ pronto-socorro

  diminuição de sua exposição a complicações iatrogênicas
Enfoque Biopsicossocial
                                                                    Mente
    Corpo
                                                                      Processos
Morfologia                                                 mentais ou atividade
e filosofia                       O                                     psíquica,
das células,                                                níveis de processos
tecidos,
órgãos e sistemas,
                                 SER                                   cognitivos
                                                          (funções intelectuais)
incluindo
o Sistema Nervoso
                                TOTAL                      e níveis de processos
                                                                afetivos (funções
                                                          integradas com a vida
Central como
                                                                      vegetativa).
estrutura.




              Meio externo, aspectos socioculturais e meio físico
PARA FINALIZAR...
VÍDEO 2
TODO ENCONTRO MÉDICO-
PACIENTE É SIGNIFICATIVO PARA
         O PACIENTE.
QUAL É OBJETIVO DA PRÁTICA
         MÉDICA?
O OBJETIVO DA
PRÁTICA MÉDICA É O
    ALÍVIO DO
   SOFRIMENTO
Equação da Ajuda

  Habilidades técnicas

+ Habilidades interpessoais
+ Empatia

+ Disponibilidade



 =   AJUDA
illness
                               subjetivo
                                                     disease
            sickness
                                                      objetivo
              social
culturais
                         SOFRIMENTO                              econômicas


 temporais                                                   políticas
                         ambientais
                                                     ideológicas
             psíquicas           filosóficas
                                               espirituais
Da primeira vez em que me assassinaram
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha...
Depois, de cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha...
E hoje, dos meus cadáveres, eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada...
Arde um toco de vela amarelada...
Como o único bem que me ficou!
Vinde, corvos, chacais, ladrões da estrada!
Ah! Desta mão, avaramente adunca,
Ninguém há de arrancar-me a luz sagrada!
Aves da noite! Asas do Horror! Voejai!
Que luz, trêmula e triste como um ai,
A luz do morto não se apaga nunca!

                                Mário Quintana
FINALMENTE
   A AULA
 ACABOU!!!!!

Más contenido relacionado

La actualidad más candente

Psicologia Hospitalar - Pacientes Terminais 2
Psicologia Hospitalar - Pacientes Terminais 2Psicologia Hospitalar - Pacientes Terminais 2
Psicologia Hospitalar - Pacientes Terminais 2Mateus Neves
 
Espiritualidade simpósio editado
Espiritualidade   simpósio editadoEspiritualidade   simpósio editado
Espiritualidade simpósio editadoRubensRibeiroCirquei
 
Psicologia no Hospital Geral
Psicologia no Hospital GeralPsicologia no Hospital Geral
Psicologia no Hospital GeralEduardo Beck
 
Aula III A psicologia hospitalar e a
Aula III    A psicologia hospitalar e aAula III    A psicologia hospitalar e a
Aula III A psicologia hospitalar e aArtur Mamed
 
Reação à Doença e à Hospitalização
Reação à Doença e à HospitalizaçãoReação à Doença e à Hospitalização
Reação à Doença e à Hospitalizaçãodanielahanashiro
 
Informações clinicas e a comunicação com o paciente.
Informações clinicas e a comunicação com o paciente.Informações clinicas e a comunicação com o paciente.
Informações clinicas e a comunicação com o paciente.Luciane Santana
 
Historia da psicologia hospitalar ensaios universitários - robertalouzeiro
Historia da psicologia hospitalar   ensaios universitários - robertalouzeiroHistoria da psicologia hospitalar   ensaios universitários - robertalouzeiro
Historia da psicologia hospitalar ensaios universitários - robertalouzeiroJac Muller
 
Psicologia da Saúde e o novo paradigma: novo paradigma?
Psicologia da Saúde e o novo paradigma: novo paradigma?Psicologia da Saúde e o novo paradigma: novo paradigma?
Psicologia da Saúde e o novo paradigma: novo paradigma?Marta Elini Borges
 
Aula 7 reaccoes psicologicas face a doenca
Aula 7 reaccoes psicologicas face a doencaAula 7 reaccoes psicologicas face a doenca
Aula 7 reaccoes psicologicas face a doencaFuturos Medicos
 
04 psciologia hospitalar
04 psciologia  hospitalar04 psciologia  hospitalar
04 psciologia hospitalarGraça Martins
 
Introdução à psicologia da saúde
Introdução à psicologia da saúdeIntrodução à psicologia da saúde
Introdução à psicologia da saúdeMaria Clara Teixeira
 
Viviane cuidado centrado no paciente e familia psicólogo
Viviane cuidado centrado no paciente e  familia   psicólogoViviane cuidado centrado no paciente e  familia   psicólogo
Viviane cuidado centrado no paciente e familia psicólogoAnais III Simpie
 

La actualidad más candente (19)

Psicologia Hospitalar - Pacientes Terminais 2
Psicologia Hospitalar - Pacientes Terminais 2Psicologia Hospitalar - Pacientes Terminais 2
Psicologia Hospitalar - Pacientes Terminais 2
 
Psicologia hospitalar
Psicologia hospitalarPsicologia hospitalar
Psicologia hospitalar
 
Espiritualidade simpósio editado
Espiritualidade   simpósio editadoEspiritualidade   simpósio editado
Espiritualidade simpósio editado
 
Psicologia no Hospital Geral
Psicologia no Hospital GeralPsicologia no Hospital Geral
Psicologia no Hospital Geral
 
Bioética cuidados paliativos
Bioética   cuidados paliativosBioética   cuidados paliativos
Bioética cuidados paliativos
 
A entrevista psicológica no hospital
A entrevista psicológica no hospitalA entrevista psicológica no hospital
A entrevista psicológica no hospital
 
Aula III A psicologia hospitalar e a
Aula III    A psicologia hospitalar e aAula III    A psicologia hospitalar e a
Aula III A psicologia hospitalar e a
 
Reação à Doença e à Hospitalização
Reação à Doença e à HospitalizaçãoReação à Doença e à Hospitalização
Reação à Doença e à Hospitalização
 
Informações clinicas e a comunicação com o paciente.
Informações clinicas e a comunicação com o paciente.Informações clinicas e a comunicação com o paciente.
Informações clinicas e a comunicação com o paciente.
 
Historia da psicologia hospitalar ensaios universitários - robertalouzeiro
Historia da psicologia hospitalar   ensaios universitários - robertalouzeiroHistoria da psicologia hospitalar   ensaios universitários - robertalouzeiro
Historia da psicologia hospitalar ensaios universitários - robertalouzeiro
 
Palestra "cuidados paliativos"
Palestra "cuidados paliativos" Palestra "cuidados paliativos"
Palestra "cuidados paliativos"
 
Psicologia da Saúde e o novo paradigma: novo paradigma?
Psicologia da Saúde e o novo paradigma: novo paradigma?Psicologia da Saúde e o novo paradigma: novo paradigma?
Psicologia da Saúde e o novo paradigma: novo paradigma?
 
Aula 7 reaccoes psicologicas face a doenca
Aula 7 reaccoes psicologicas face a doencaAula 7 reaccoes psicologicas face a doenca
Aula 7 reaccoes psicologicas face a doenca
 
Plano de Ensino
Plano de EnsinoPlano de Ensino
Plano de Ensino
 
Cuidados paliativos
Cuidados paliativosCuidados paliativos
Cuidados paliativos
 
Introdução à psicologia aplicada ao cuidado
Introdução à psicologia aplicada ao cuidadoIntrodução à psicologia aplicada ao cuidado
Introdução à psicologia aplicada ao cuidado
 
04 psciologia hospitalar
04 psciologia  hospitalar04 psciologia  hospitalar
04 psciologia hospitalar
 
Introdução à psicologia da saúde
Introdução à psicologia da saúdeIntrodução à psicologia da saúde
Introdução à psicologia da saúde
 
Viviane cuidado centrado no paciente e familia psicólogo
Viviane cuidado centrado no paciente e  familia   psicólogoViviane cuidado centrado no paciente e  familia   psicólogo
Viviane cuidado centrado no paciente e familia psicólogo
 

Destacado

Dor história, aspectos e importância
Dor   história, aspectos e importânciaDor   história, aspectos e importância
Dor história, aspectos e importânciatosterne
 
Aula 01 - O Processo Saúde e Doença
Aula 01 - O Processo Saúde e DoençaAula 01 - O Processo Saúde e Doença
Aula 01 - O Processo Saúde e DoençaGhiordanno Bruno
 
Tumor de pulmão e diagnósticos diferenciais
Tumor de pulmão e diagnósticos diferenciaisTumor de pulmão e diagnósticos diferenciais
Tumor de pulmão e diagnósticos diferenciaisGuilherme Sicuto
 
Tuberculose pulmonar
Tuberculose pulmonarTuberculose pulmonar
Tuberculose pulmonarErick Bragato
 
Asma - Fisiologia Humana
Asma - Fisiologia HumanaAsma - Fisiologia Humana
Asma - Fisiologia HumanaJuninho Almeida
 
Doenças: Toxoplasmose e Tuberculose
Doenças: Toxoplasmose e TuberculoseDoenças: Toxoplasmose e Tuberculose
Doenças: Toxoplasmose e TuberculoseFêe Oliveira
 
Diarréia e distúrbios hidroeletrolíticos em pediatria
Diarréia e distúrbios hidroeletrolíticos em pediatriaDiarréia e distúrbios hidroeletrolíticos em pediatria
Diarréia e distúrbios hidroeletrolíticos em pediatriaLorena de Assis
 
Módulo Tuberculose- Aula 01
Módulo Tuberculose- Aula 01Módulo Tuberculose- Aula 01
Módulo Tuberculose- Aula 01Flávia Salame
 
ASMA - Aula residência Pediatria Santa Casa
ASMA - Aula residência Pediatria Santa CasaASMA - Aula residência Pediatria Santa Casa
ASMA - Aula residência Pediatria Santa CasaLIPED
 

Destacado (20)

Dor história, aspectos e importância
Dor   história, aspectos e importânciaDor   história, aspectos e importância
Dor história, aspectos e importância
 
Aula 01 - O Processo Saúde e Doença
Aula 01 - O Processo Saúde e DoençaAula 01 - O Processo Saúde e Doença
Aula 01 - O Processo Saúde e Doença
 
Diarreias
DiarreiasDiarreias
Diarreias
 
Tuberculose
TuberculoseTuberculose
Tuberculose
 
Cancro do pulmão
Cancro do pulmãoCancro do pulmão
Cancro do pulmão
 
Tuberculose
TuberculoseTuberculose
Tuberculose
 
Tumor de pulmão e diagnósticos diferenciais
Tumor de pulmão e diagnósticos diferenciaisTumor de pulmão e diagnósticos diferenciais
Tumor de pulmão e diagnósticos diferenciais
 
Tuberculose
TuberculoseTuberculose
Tuberculose
 
Tuberculose
TuberculoseTuberculose
Tuberculose
 
Câncer de pulmão
Câncer de pulmãoCâncer de pulmão
Câncer de pulmão
 
Tuberculose
Tuberculose  Tuberculose
Tuberculose
 
Apresentação câncer de pulmão
Apresentação câncer de pulmãoApresentação câncer de pulmão
Apresentação câncer de pulmão
 
Tuberculose slide
Tuberculose slideTuberculose slide
Tuberculose slide
 
Tuberculose pulmonar
Tuberculose pulmonarTuberculose pulmonar
Tuberculose pulmonar
 
Diarréia aguda
Diarréia agudaDiarréia aguda
Diarréia aguda
 
Asma - Fisiologia Humana
Asma - Fisiologia HumanaAsma - Fisiologia Humana
Asma - Fisiologia Humana
 
Doenças: Toxoplasmose e Tuberculose
Doenças: Toxoplasmose e TuberculoseDoenças: Toxoplasmose e Tuberculose
Doenças: Toxoplasmose e Tuberculose
 
Diarréia e distúrbios hidroeletrolíticos em pediatria
Diarréia e distúrbios hidroeletrolíticos em pediatriaDiarréia e distúrbios hidroeletrolíticos em pediatria
Diarréia e distúrbios hidroeletrolíticos em pediatria
 
Módulo Tuberculose- Aula 01
Módulo Tuberculose- Aula 01Módulo Tuberculose- Aula 01
Módulo Tuberculose- Aula 01
 
ASMA - Aula residência Pediatria Santa Casa
ASMA - Aula residência Pediatria Santa CasaASMA - Aula residência Pediatria Santa Casa
ASMA - Aula residência Pediatria Santa Casa
 

Similar a As doenças, os doentes e os médicos: uma abordagem psicossomática

Aula 5- ser biopsicossocial.pptx
Aula 5- ser biopsicossocial.pptxAula 5- ser biopsicossocial.pptx
Aula 5- ser biopsicossocial.pptxCarlaAlves362153
 
Aula modelo biomedico biopsicossocial
Aula modelo biomedico biopsicossocial Aula modelo biomedico biopsicossocial
Aula modelo biomedico biopsicossocial Gizelly
 
Texto 1 modelos em saúde
Texto 1 modelos em saúdeTexto 1 modelos em saúde
Texto 1 modelos em saúdePsicologia_2015
 
Terapia Cognitiva Comportamental para condições de saúde
Terapia Cognitiva Comportamental para condições de saúdeTerapia Cognitiva Comportamental para condições de saúde
Terapia Cognitiva Comportamental para condições de saúdelucassoares41810
 
Psico-oncologia
Psico-oncologiaPsico-oncologia
Psico-oncologiaAndressawm
 
Psico-oncologia
Psico-oncologiaPsico-oncologia
Psico-oncologiaAndressawm
 
Aspectos emocionais, condições de vida e de trabalho dos trabalhadores da saúde
Aspectos emocionais, condições de vida e de trabalho dos trabalhadores da saúdeAspectos emocionais, condições de vida e de trabalho dos trabalhadores da saúde
Aspectos emocionais, condições de vida e de trabalho dos trabalhadores da saúdeVanessa Paiva
 
A construção da subjetividade na medicina (Dr_Nelson)
A construção da subjetividade na medicina (Dr_Nelson)A construção da subjetividade na medicina (Dr_Nelson)
A construção da subjetividade na medicina (Dr_Nelson)Nelson Urio
 
Aula 01 Semiologia.pptx
Aula 01 Semiologia.pptxAula 01 Semiologia.pptx
Aula 01 Semiologia.pptxlvaroCosta22
 
4 terminalidade da vida e cuidados paliativos
4  terminalidade da vida e cuidados paliativos4  terminalidade da vida e cuidados paliativos
4 terminalidade da vida e cuidados paliativosAlmeida Almeida
 
BIOÉTICA E O SER HUMANO NO PROCESSO SAÚDE 1.pptx
BIOÉTICA E O SER HUMANO NO PROCESSO SAÚDE 1.pptxBIOÉTICA E O SER HUMANO NO PROCESSO SAÚDE 1.pptx
BIOÉTICA E O SER HUMANO NO PROCESSO SAÚDE 1.pptxJessiellyGuimares
 
Medicalização no contexto da atenção psicossocial
Medicalização no contexto da atenção psicossocialMedicalização no contexto da atenção psicossocial
Medicalização no contexto da atenção psicossocialCENAT Cursos
 
Aula 01 Semiologia.pptx
Aula 01 Semiologia.pptxAula 01 Semiologia.pptx
Aula 01 Semiologia.pptxlvaroCosta22
 

Similar a As doenças, os doentes e os médicos: uma abordagem psicossomática (20)

Aula 5- ser biopsicossocial.pptx
Aula 5- ser biopsicossocial.pptxAula 5- ser biopsicossocial.pptx
Aula 5- ser biopsicossocial.pptx
 
Aula modelo biomedico biopsicossocial
Aula modelo biomedico biopsicossocial Aula modelo biomedico biopsicossocial
Aula modelo biomedico biopsicossocial
 
Texto 1 modelos em saúde
Texto 1 modelos em saúdeTexto 1 modelos em saúde
Texto 1 modelos em saúde
 
Terapia Cognitiva Comportamental para condições de saúde
Terapia Cognitiva Comportamental para condições de saúdeTerapia Cognitiva Comportamental para condições de saúde
Terapia Cognitiva Comportamental para condições de saúde
 
Conceito de Saúde 2
Conceito de Saúde 2Conceito de Saúde 2
Conceito de Saúde 2
 
Psico-oncologia
Psico-oncologiaPsico-oncologia
Psico-oncologia
 
Psico-oncologia
Psico-oncologiaPsico-oncologia
Psico-oncologia
 
O psicólogo no sus
O psicólogo no susO psicólogo no sus
O psicólogo no sus
 
Unidade 6
Unidade 6Unidade 6
Unidade 6
 
Aspectos emocionais, condições de vida e de trabalho dos trabalhadores da saúde
Aspectos emocionais, condições de vida e de trabalho dos trabalhadores da saúdeAspectos emocionais, condições de vida e de trabalho dos trabalhadores da saúde
Aspectos emocionais, condições de vida e de trabalho dos trabalhadores da saúde
 
A construção da subjetividade na medicina (Dr_Nelson)
A construção da subjetividade na medicina (Dr_Nelson)A construção da subjetividade na medicina (Dr_Nelson)
A construção da subjetividade na medicina (Dr_Nelson)
 
Aula 01 Semiologia.pptx
Aula 01 Semiologia.pptxAula 01 Semiologia.pptx
Aula 01 Semiologia.pptx
 
Apresentação ma 1
Apresentação ma 1Apresentação ma 1
Apresentação ma 1
 
4 terminalidade da vida e cuidados paliativos
4  terminalidade da vida e cuidados paliativos4  terminalidade da vida e cuidados paliativos
4 terminalidade da vida e cuidados paliativos
 
1 epidemiologia saude
1   epidemiologia saude1   epidemiologia saude
1 epidemiologia saude
 
BIOÉTICA E O SER HUMANO NO PROCESSO SAÚDE 1.pptx
BIOÉTICA E O SER HUMANO NO PROCESSO SAÚDE 1.pptxBIOÉTICA E O SER HUMANO NO PROCESSO SAÚDE 1.pptx
BIOÉTICA E O SER HUMANO NO PROCESSO SAÚDE 1.pptx
 
Medicalização no contexto da atenção psicossocial
Medicalização no contexto da atenção psicossocialMedicalização no contexto da atenção psicossocial
Medicalização no contexto da atenção psicossocial
 
Aula 01 Semiologia.pptx
Aula 01 Semiologia.pptxAula 01 Semiologia.pptx
Aula 01 Semiologia.pptx
 
AULA 1.pdf
AULA 1.pdfAULA 1.pdf
AULA 1.pdf
 
Sub m1j moreno
Sub m1j morenoSub m1j moreno
Sub m1j moreno
 

As doenças, os doentes e os médicos: uma abordagem psicossomática

  • 1. AS DOENÇAS, OS DOENTES E OS MÉDICOS Profa. Dra. Tânia C. Oliveira Valente
  • 3. QUAL É OBJETIVO DA PRÁTICA MÉDICA?
  • 4. Relação médico-paciente TEMA COMPLEXO Subjetividade o número pequeno de pesquisas nessa área dificulta a determinação de princípios claros, objetivos e bem fundamentados que norteiam a relação com o paciente dizendo-nos a cada momento: isto está errado, aquilo está certo
  • 5. A essência da relação médico-paciente é plenamente inserida no campo das ciências humanas, que lhe oferecem amplo referencial teórico. Assim, esta relação tem bases tão científicas quanto a medicina do corpo e das doenças orgânicas, podendo ser ensinada e aprendida, agregando QUALIDADE, HUMANIDADE e EFICÁCIA ao ato médico. Costa Ferreira et al, 2001 A Ciência e a Relação Médico-Paciente Fase inicial: mágico-religiosa, exercida por magos e sacerdotes
  • 6. A ARTE DE CURAR SE BASEAVA •HOSPITAIS NO CONTATO COM O CORPO •MONOPÓLIO DO EXERCÍCIO DA E A SUBJETIVIDADE MEDICINA PELOS MÉDICOS DO DOENTE E NO RESGATE •INTERPOSIÇÃO DE TECNOLOGIAS DO EQUILÍBRIO “PERDIDO” ENTRE O DOENTE E O MÉDICO Saúde X DOENÇA ATÉ SEC XVII SEC XVIII EM DIANTE REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
  • 7. SEC XIX EM DIANTE • Urbanização , mudanças sociais e demográficas • Desenvolvimento científico e tecnológico • Mercados consumidores de serviços médicos e de tecnologias • Monopólio do exercício da profissão • Pactuação entre representantes formais da medicina e representantes do Estado
  • 8. Medicina Técnico-Científica • Início da Era Hospitalar • Medicina preventiva • Medicina sanitária Fatores externos ao • Conceito bacteriológico homem como fator causal das doenças • Impacto da II Guerra Mundial aceleração dos progressos técnico-científicos
  • 9. SEC XX/XXI? • “CRISE” DA MEDICINA: – Plano institucional – adequação de modelos – Plano ético – mercantilização e objetivização das relações – Plano da eficácia institucional médica – perda do papel milenar terapêutico da medicina em função da investigação sofisticada de patologias – Bioética – até onde vamos? – Plano corporativo e das relações com a sociedade – Plano pedagógico – quem estamos formando?
  • 10. Abraham Flexner (1866-1959) Educador norte-americano que publicou um relatório (1910) em que propõe profundas reformas na educação médica nos Estados Unidos. Sua ampla repercussão deu suporte intelectual à atuação dos profissionais de saúde na maioria dos países do mundo ocidental
  • 11. Cuida do corpo como se fosse um conjunto de peças a serem consertadas MODELO BIOMÉDICO As dimensões psicológicas Racional e socioeconômicas das doenças e Científico exploração das emoções do paciente são desestimuladas, Mecânico negligenciadas
  • 12. Relação Médico-Paciente • Dra. Ressonância Novos Magnética ATORES • Dr. Incor • Dr. Bradesco/saúde • Dra. Internet • Dr. Fantástico
  • 13. Impacto da Tecnologia Aplicada à Medicina Contemporânea terapêuticos MÉTODOS diagnósticos imagens laboratoriais Expressiva melhora na qualidade de vida e aumento da sobrevida dos seres humanos
  • 14. Impacto da Tecnologia Aplicada à Medicina Contemporânea • Altos custos • Acentua diferenças socioeconômicas • Não democrática • Dificuldade de acesso aos grandes centros tecnológicos • Reforça o modelo organicista • Médicos adictos da tecnologia • Dificulta a relação médico-paciente
  • 15. IMPACTO DA TECNOLOGIA APLICADA À MEDICINA CONTEMPORÂNEA • Iatrogenia diagnóstica e terapêutica • Visão focada na doença, desviando da pessoa doente • Falsa expectativa do paciente • Diminuição do prestígio da figura do médico
  • 16. DIAGNÓSTICO = “anos” de teoria, internet, recurso aos “universitários”(celular),“pular” (encaminhamentos),“cartas” (palm). Anamnese, exame físico, investigação de órgãos, aparelhos e sistemas do paciente. Devo examinar com mais atenção este abdome? Peço ou não peço exames? Entro com medicação agora ou espero o resultado dos exames? CAUSA DA DOENÇA MODELO BIOMÉDICO No modelo biomédico, a tarefa do médico é buscar a causa das doenças. Remove-se a causa, cessa-se a doença. E quando não se acha a causa? Não há doença?
  • 18. O QUE É DOENÇA? • As doenças são “coisas” influenciadas por fatores culturais, econômicos e sociais relativos ao médico e ao paciente. • Tem um caráter “convencional” • Clínica = “coisas” semelhantes entre as doenças de vários indivíduos • Epidemiologia = “coisas” semelhantes entre as populações
  • 19. AS DOENÇAS SÃO ABSTRAÇÕES (CONSTRUÇÕES DO PENSAMENTO, TRANSFORMAÇÃO DE INFERÊNCIAS EM VERDADES), QUE EXCLUEM OS INDIVÍDUOS ACOMETIDOS E QUE AGRUPAM PROCESSOS QUE NA VERDADE SÃO INDIVIDUAIS
  • 20. Os doentes e seu sofrimento são dados da realidade, com o que o médico lida diariamente. Para o doente o sofrimento é um fato concreto, incapacitante de uma forma que transcende sua capacidade de auto-cuidado, tornando necessária a intervenção de alguém legitimado socialmente para este cuidado.
  • 21. Para o médico o sofrimento é irrelevante e o paciente, fonte de distorções. A relação do médico se dá com a doença e o paciente é um mero canal de acesso a ela. Canal “ruim”, por sinal, uma vez que produz “ruídos” em níveis insuportáveis.
  • 22. x Catalogação Sofrimento Classificação Illness/Sickness Disease Mal estar “Ciência” Subjetividade Verdadeiro ???? Falso ????
  • 23. • Ciência não é sinônimo de real nem de verdadeiro. • Procedimento de construção de modelos que nos permitem interferir em determinados problemas com um mínimo de previsibilidade dos resultados das nossas ações. • Medicina = “ofício” • Habilidades aprendidas com um mestre, na qual a experiência tem um papel fundamental. • A habilidade individual da prática médica não pode ser copiada. O que pode ser copiado é a repetição mecânica de condutas padronizadas.
  • 24. • Diagnóstico – “escuta” do paciente • Formulação de hipóteses que vão sendo incluídas ou descartadas ao longo da consulta • Terapeutica – Não é simples decorrência do diagnóstico • Therapeutike – ato de curar, ato de servir, ato de culto religioso • O tratamento continua sendo uma instância individual, quer se pense em termos de médicos (cada médico tem a sua conduta), quer se pense em termos de pacientes (cada paciente adoece de uma forma particular)
  • 25. Do que estamos falando? SOFRIMENTO Busca de ajuda Não encontro médica de alterações Encontro de Insatisfação das alterações expectativas fisiológicas Médico: Ajuda para Doente Sensação de a resolução Reforço da Impotencia do sofrimento condição Angústia/ de sofrimento Ansiedade Angustia, depressão ansiedade, depressão
  • 26. Psicossomática • A psicossomática tem como substrato o sofrimento humano, que necessariamente é influenciado por fatores não só biológicos, mas psíquicos, econômicos, ideológicos , sociais e espirituais entre outros. • Sendo assim, este sofrimento não pode ser completamente explicado e solucionado com o aparato científico atualmente disponível.
  • 27. A psicossomática não é exclusiva da Psiquiatria e/ou Psicanálise. Sua abordagem deveria estar inserida na grade curricular de todas os cursos de graduação e pós-graduação na área da saúde. Sendo uma ideologia da saúde, a compreensão das relações psique-corpo, as formas de vulnerabilidade e os mecanismos de produção de sofrimento são os aspectos chave da Psicossomática. Ou seja, a Psicossomática é de todos (e não é de ninguém!)
  • 28. A abordagem do paciente em Psicossomática • 2 tipos de pacientes: – Pacientes sem componente físico constatável por exames = TRANSTORNOS SOMATOFORMES – Pacientes com componente físico constatável por exames = DOENÇA PSICOSSOMÁTICA
  • 29. SISTEMA SEM ALTERAÇÕES FÍSICAS COM ALTERAÇÕES FÍSICAS SOMATOFORMES PSICOSSOMÁTICAS CARDIOVASCULAR Palpitações ,dor, sensação de opressão, Doença coronária, hipertensão arterial, tonturas arritmias RESPIRATÓRIO Falta de ar, suspiro, tosse emocional, bolo Asma, rinite alérgica, síndrome de na garganta hiperventilação ENDÓCRINO Sintomas de hipoglicemia Hiper ou hipotireoidismo, hipo ou hiperfunção de paratireóides, hipoglicemia, diabetes GINECOLÓGICO Alterações no ritmo e no fluxo menstrual, Displasia mamária, vaginites, herpes cólicas menstruais, vaginismo, genital, endometriose dispareunia, dor pélvica GASTROINTESTINAL Enjôo, má digestão, cólicas abdominais, Transtornos esofágicos, dispepsia, queimação, boca amarga, acidez úlceras, sind. Colon irritável, retocolite ulcerativa DERMATOLÓGICO Prurido essencial, queimação, Hiperhidrose, urticária, dermatite atópica, formigamentos alopécia, herpes, vitiligo, caspa REUMATOLÓGICO Dores nas costas, mãos, pernas Artrites IMUNOLÓGICO Rinite, lupus, psoríase OTORRINO Zumbido, tonturas, pigarro Labirintites DOR CRÔNICA Dores generalizadas Fibromialgia, enxaqueca
  • 30. Se você tivesse fraqueza nas pernas e seus exames fossem normais, você se sentiria ofendido se seu médico dissesse que... DIAGNÓSTICO “OFFENSE” SCORE (%) “Coisa da sua cabeça” 93 Fraqueza histérica 52 Fraqueza psicossomática 42 Fraqueza sem explicação médica 35 Fraqueza associada à depressão 33 Fraqueza relacionada ao stress 20 Fadiga crônica 15 Fraqueza funcional 12 AVC 12 Esclerose múltipla 5 Stone et al. BMJ 325: 1449-50)
  • 31. Sintomas comuns na prática médica em nível primário:1000 pacientes, 3 anos, custos – 567 queixas relacionas a dor no peito, fadiga, tontura, dor de cabeça, edema, dor nas costas, dispneia, insonia, dor abdominal, impotencia, perda de peso, tosse e constipação – 38 % dos pacientes – Dor de cabeça ($7,778), dor nas costas ($7,263) – Tratamento em 55% – 53 % dos sintomas pioraram – Prognóstico favorável: etiologia organica, duração menor que quatro meses e dois ou menos sintomas (Kroenke K Mangelsdorff AD AnnIntern Med 2001)
  • 32. Exames realizados para a investigação diagnóstica em 73 pacientes portadores de Transtorno de Pânico (exames normais) 58 40 31 21 12 24 16 11 20 16 ECG ECO ERGO HOLTER MAPA EEG TOMO AUDIO ENDO OUTROS
  • 33. Você não tem nada! Diálogo médico-paciente rasgo meu ECG, diploma! TCE, — Você não tem nada! Eco, Não encontramos nada Tiltest, de anormal no seu coração Cintilografia C.A.M. Miocárdica, 45 anos nem nos exames. Mapa, fem. 10.06. Função 2000 — O que devo fazer ? Pulmonar, CINE — Quando apresentar a crise, tome um Lexotan. aperto no peito
  • 34. Diagnósticos • Existem vários instrumentos de diagnóstico positivo de somatização • Duas condições são necessárias para se estabelecer esse diagnóstico: • a presença de vários (mais de 3) sintomas vagos ou exagerados em sistemas orgânicos diferentes • essas queixas tenham uma evolução crônica de mais de 2 anos. • Normalmente procuram o médico clínico • Muitas vezes querem ser encaminhados para especialistas.
  • 35. Características sugestivas de diagnóstico de somatização • Múltiplos sintomas, muitas vezes ocorrendo em diferentes sistemas orgânicos • Sintomas que sejam vagos ou que excedam os achados objetivos • Evolução crônica • Presença de um transtorno psiquiátrico • História de extensos exames para diagnóstico • Rejeição de médicos anteriores
  • 36. Condutas paciente somatizador Cuidar, não procurar curar • Não tentar eliminar completamente os sintomas • Concentrar na convivência e nas funções
  • 37. Condutas paciente somatizador Conservadorismo diagnóstico e terapêutico • Analisar fichas antigas antes de pedir exames • Responder a solicitações como para os que não têm preocupações somáticas • Marcar consultas e exames físicos freqüentes (4 a 6 sem) • Não alterar a freqüência das consultas • Pensar em remédios benignos
  • 38. Condutas paciente somatizador Validação do sofrimento • Não refutar ou negar os sintomas • Não basear a relação médico-paciente nos sintomas • Concentrar na história social Obs.: Dar aos sinais físicos maior peso do que aos sintomas relatados.
  • 39. Condutas paciente somatizador Dando um diagnóstico • Enfatizar a disfunção, e não a patologia estrutural • Descrever o processo de amplificação e fornecer exemplo específico • Tranqüilizar com cautela
  • 40. Condutas paciente somatizador Consulta psiquiátrica • Diagnosticar comorbidade psiquiátrica • Recomendar opções de farmacoterapia • Providenciar psicoterapia Terapia cognitivo-comportamental • Melhorar a convivência
  • 41. Condutas paciente somatizador • Evitar procedimentos e hospitalizações • Tratamento como bem sucedido: paciente mantido fora do hospital/ pronto-socorro diminuição de sua exposição a complicações iatrogênicas
  • 42. Enfoque Biopsicossocial Mente Corpo Processos Morfologia mentais ou atividade e filosofia O psíquica, das células, níveis de processos tecidos, órgãos e sistemas, SER cognitivos (funções intelectuais) incluindo o Sistema Nervoso TOTAL e níveis de processos afetivos (funções integradas com a vida Central como vegetativa). estrutura. Meio externo, aspectos socioculturais e meio físico
  • 45. TODO ENCONTRO MÉDICO- PACIENTE É SIGNIFICATIVO PARA O PACIENTE.
  • 46. QUAL É OBJETIVO DA PRÁTICA MÉDICA?
  • 47. O OBJETIVO DA PRÁTICA MÉDICA É O ALÍVIO DO SOFRIMENTO
  • 48. Equação da Ajuda Habilidades técnicas + Habilidades interpessoais + Empatia + Disponibilidade = AJUDA
  • 49. illness subjetivo disease sickness objetivo social culturais SOFRIMENTO econômicas temporais políticas ambientais ideológicas psíquicas filosóficas espirituais
  • 50. Da primeira vez em que me assassinaram Perdi um jeito de sorrir que eu tinha... Depois, de cada vez que me mataram, Foram levando qualquer coisa minha... E hoje, dos meus cadáveres, eu sou O mais desnudo, o que não tem mais nada... Arde um toco de vela amarelada... Como o único bem que me ficou! Vinde, corvos, chacais, ladrões da estrada! Ah! Desta mão, avaramente adunca, Ninguém há de arrancar-me a luz sagrada! Aves da noite! Asas do Horror! Voejai! Que luz, trêmula e triste como um ai, A luz do morto não se apaga nunca! Mário Quintana
  • 51. FINALMENTE A AULA ACABOU!!!!!