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A Indisciplina na sala de aula




                  *Sheila Cristina de Almeida e Silva Machado


Primeiro dia de aula. Professor novo. Turma pouco afeita ao estudo.
No caminho para seus novos afazeres os corredores da escola não
parecem nada animadores para o recém-chegado professor. Na sala
de aula todos os alunos estão de pé, circulando
despreocupadamente, sem qualquer tipo de compromisso com o
trabalho que está apenas começando. Querem falar de outros
assuntos, mais próprios e interessantes em sua opinião para
pessoas que, como eles, estão em idade para freqüentar o Ensino
Médio. Matemática não lhes parece parte integrante dos
conhecimentos que necessitam para sobreviver na selva que
percebem em seus cotidianos. Jaime, seu novo professor, mal
consegue se apresentar, pois é interrompido com menos de 10
minutos em sala de aula pelo acionamento do sinal que faz com que
todos os alunos saiam rapidamente da classe. É apenas mais uma
entre várias “brincadeiras” promovidas pelos alunos para
interromper o trabalho que está sendo desenvolvido. Numa outra
aula, quando as primeiras páginas do livro estavam sendo abertas
no capítulo sobre frações e porcentagens, surgem dois novos
alunos, atrasados, que trazem consigo justificativas que lhes
permitem permanecer na aula. Nenhum dos dois tem os materiais
apropriados e ainda desrespeitam o professor com gestos obscenos.
Ao ser interpelado pelo professor no final da aula um dos
estudantes diz que não tem qualquer interesse pelo que está sendo
ensinado e, além disso, ameaça o professor. Para desestabilizar
ainda mais as aulas de matemática, os jovens amotinados passam a
assistir a aula tendo a seu lado outras pessoas que, como eles, não
estão dispostos a estudar e que, da mesma forma como os
primeiros, querem ameaçar e boicotar os esforços de Jaime. Para
piorar ainda mais a situação, entre os outros membros do corpo
docente a descrença na capacidade dos estudantes também se faz
notar. Nas reuniões pedagógicas ou mesmo nos intervalos (na sala
dos professores), fica claro para o novo professor de matemática
que entre seus colegas de trabalho não há nenhuma perspectiva
positiva quanto ao futuro de seus novos alunos. Nem mesmo entre
os pais a educação é vista como uma possibilidade de crescimento,
de amadurecimento e de melhores chances no futuro...

A seqüência de acontecimentos acima descrita poderia retratar fatos
ocorridos em qualquer escola do Brasil. Apresenta o que para
muitos que trabalham com educação seriam situações corriqueiras,
do cotidiano de seu trabalho. Trata-se, entretanto de um recorte
feito a partir do filme “O Preço do Desafio” (Stand and Deliver), do
diretor Ramon Menendez, produzido pela Warner Bros em 1988 a
partir da história real de Jaime Escalante, um professor de
matemática.

Quando nos referimos a Instituição Escolar, não podemos deixar de
enfocar essa questão que suscita muitas dúvidas a educadores,
diretores, pais e até mesmo a alunos: a indisciplina.

- O que é uma classe indisciplinada?

- O que o professor pode fazer para ter controle perante situações
de indisciplina?

No ambiente escolar em que trabalho, as principais queixas dos
professores relativamente à indisciplina são: falta de limite dos
alunos, bagunça, tumulto, mau comportamento, desinteresse e
desrespeito às figuras de autoridade da escola e também ao
patrimônio; alguns professores apontam que os alunos não
aprendem porque são indisciplinados em decorrência da não
imposição de limites por seus familiares; o fracasso escolar seria
então o resultado de problemas que estão fora da escola e que se
manifestam dentro dela pela indisciplina; de acordo com esses
professores, nada pode ser feito enquanto a sociedade não se
modificar. Condutas como essas são também observadas em outras
instituições particulares e em escolas públicas. Podemos afirmar que
no mundo atual a maioria das escolas enfrenta estas questões, que
perduram há anos, sofrendo obviamente alterações históricas de
acordo com as contingências sócio-culturais.
Atualmente a indisciplina tornou-se um “obstáculo” ao trabalho
pedagógico e os professores ficam desgastados, tentam várias
alternativas, e já não sabendo o que fazer, chegam mesmo em
algumas oportunidades a pedir ao aluno indisciplinado que se retire
da sala já que ele atrapalha o rendimento do restante do grupo.
Nesses casos, os alunos são encaminhados ao Serviço de Orientação
Educacional. Muitas vezes há pressões por parte dos professores
para que sejam aplicadas punições severas a esses estudantes.

- Como agir nessa situação? De que forma ajudar?

O que é uma Classe Indisciplinada?

Para iniciarmos uma reflexão sobre essas questões, vamos destacar
o que significa a palavra indisciplina a partir de algumas definições
quanto ao termo.

Indisciplina – procedimento, ato ou dito contrário à disciplina;
desobediência, desordem, rebelião. (Dicionário Aurélio).

De acordo com o sociólogo francês François Dubet (1997), “a
disciplina é conquistada todos os dias, é preciso sempre lembrar as
regras do jogo, cada vez é preciso reinteressá-los, cada vez é
preciso ameaçar, cada vez é preciso recompensar”. Isso nos coloca
diante de um antônimo de indisciplina, nos lembrando que o
respeito às regras dentro de uma instituição é de fundamental
importância para o seu funcionamento pleno e que,
conseqüentemente, a indisciplina representa a ameaça pela
desobediência às regras estabelecidas. Por isso Dubet ressalta a
necessidade dos professores relembrarem as regras e estimularem o
seu cumprimento no decorrer do ano letivo.

Segundo o professor Júlio Groppa Aquino: ”O conceito de
indisciplina, como toda criação cultural, não é estático, uniforme,
nem tampouco universal. Ele se relaciona com o conjunto de valores
e expectativas que variam ao longo da história, entre as diferentes
culturas e numa mesma sociedade.”

Groppa ressalta que a manutenção da disciplina era uma
preocupação de muitas épocas como vemos em textos de Platão e
nas confissões de Santo Agostinho, de como a sua vida de professor
era amargurada pela indisciplina dos jovens que perturbavam “a
ordem instituída para seu próprio bem”.

Diante dessa idéia de Júlio Groppa, não podemos deixar de lembrar
da forma como as escolas até os anos 1960, conseguiam fazer com
que seus alunos se comportassem. A disciplina era imposta de
forma autoritária, com ameaças e castigos.

Os educandos temiam as punições e esse medo levava a obediência
e a subordinação. Além de submetidos a uma rigorosa fiscalização,
não podiam se posicionar utilizando-se de questionamentos e
reflexões. Os professores eram considerados modelos e, em virtude
do conhecimento que possuíam, agiam como donos do saber.

“A educação se torna um ato de depositar, em que os educandos
são os depositários e o educador o depositante” (Freire, 1998) por
isso passa a ser chamada de “educação bancária”. Segundo a
educadora Rosana Ap. Argento Ribeiro, “a educação bancária é
classificada também como domesticadora, porque leva o aluno a
memorização dos conteúdos transmitidos, impedindo o
desenvolvimento da criatividade e sua participação ativa no
processo educativo, tornando-o submisso perante as ações
opressoras de uma sociedade excludente. O papel da disciplina na
educação bancária é fundamental para o sucesso da aprendizagem
do aluno. Nela, a obediência e o silêncio dos alunos são aspectos
importantes para garantir que os conteúdos sejam transmitidos
pelos professores”.

Atualmente, nos primeiros anos do século XXI, estamos vivendo
num outro contexto. Influenciados por mudanças políticas, sociais,
econômicas e culturais, professores e alunos, e mesmo a própria
instituição escolar, assumem um papel diferente na sociedade.
Nessa nova realidade a educação bancária já não deveria ser
aplicada dentro das escolas.

Acredita-se hoje que os professores devem estar mais preocupados
com seu aperfeiçoamento, permitindo que seus alunos questionem,
tirem suas dúvidas, se posicionem. Enquanto os alunos, por sua vez,
têm mais acesso à informação, se consideram livres para
questionar, criar e participar. Outro aspecto importante quanto à
educação no 3° milênio refere-se ao fato de que a instituição
escolar deveria estar mais aberta para a participação dos pais e da
comunidade em suas atividades e mesmo, nas propostas
curriculares.

François Dubet reforça a idéia de que “os professores mais
eficientes são, em geral, aqueles que acreditam que os alunos
podem progredir, aqueles que têm confiança nos alunos. Os mais
eficientes são também os professores que vêem os alunos como
eles são e não como eles deveriam ser”.

Quanto às afirmações anteriores percebo em minha realidade que
alguns professores se mostram preocupados quanto a sua formação
e prática profissional enquanto uma quantidade expressiva ainda
demonstra grande resistência à reflexão e ao aperfeiçoamento do
seu trabalho por se considerarem experientes e prontos para o
exercício do magistério.

No que se refere aos estudantes é possível verificar que há um
grande incentivo da família quanto aos estudos e ao mesmo tempo
há um maior acesso a recursos que facilitam e promovem o
processo de ensino-aprendizagem, como livros, computadores,
internet, revistas, jornais, filmes... Essa circunstância realmente os
torna mais críticos, questionadores e participativos. Porém, nem
todos conseguem utilizar essas ferramentas de forma consciente e
produtiva.

Os pais, por sua vez, comparecem a escola para presenciar a
apresentação de trabalhos realizados por seus filhos apenas como
observadores, sem posicionamentos mais efetivos e críticos. Há,
porém baixo índice de comparecimento nas reuniões solicitadas pela
escola, especialmente entre os pais cujos filhos freqüentam turmas
da sexta série do ensino fundamental ao ensino médio.

 O que o professor pode fazer para ter controle perante situações de
indisciplina?

Sabemos que para obter disciplina em qualquer ambiente em que
vivemos não podemos deixar de falar de respeito. Segundo Tardeli
(2003), o tema respeito está centralizado na moralidade. Isso quer
dizer que cada pessoa tem, junto com sua vida intelectual, afetiva,
religiosa ou fantasiosa, uma vida moral. E o primeiro a atribuir um
significado a moralização e inserir no conceito de ética foi o filósofo
Demócrito.

Sabemos que atualmente o papel do professor dentro da escola é
muito mais abrangente, pois ele precisa estar atento às capacidades
cognitivas, físicas, afetivas, éticas e para preparação do educando
para o exercício de uma cidadania ativa e pensante.

Será que sabemos ouvir nossos alunos? O diálogo envolve o
respeito em saber ouvir e entender nossos alunos, mostrando a eles
nossa preocupação com suas opiniões e com suas atitudes e o
nosso interesse em poder dar a assistência necessária ao
aperfeiçoamento do seu processo de aprendizagem.

É também compromisso do educador se preocupar com a disciplina
e a responsabilidade de seus alunos. Para Piaget (1996), “o respeito
constitui o sentimento fundamental que possibilita a aquisição das
noções morais” .Conseguimos atingir a responsabilidade,
desenvolvendo a cooperação, a solidariedade, o comprometimento
com o grupo, criando contratos e regras claras e que precisarão ser
cumpridas com justiça.

O professor passa a se preocupar com a motivação de seus alunos,
tendo maior compromisso com seu projeto pedagógico e as
questões afetivas, obtendo dessa forma uma relação verdadeira
com seus educandos. Sob uma visão Piagetiana, o professor que na
sala de aula dialoga com seu aluno, busca decisões conjuntas por
meio da cooperação, para que haja um aprendizado através de
contratos, que honra com sua palavra e promove relações de
reciprocidade, sendo respeitoso com seus alunos, obtendo dessa
forma um melhor aproveitamento escolar.

Segundo Tardeli (2003), “Só se estabelece um encontro significativo
quando o mestre incorpora o real sentido de sua função, que é
orientar e ensinar o caminho para o conhecimento, amparado pela
relação de cooperação e respeito mútuos”.

Como agir nessa situação? De que forma ajudar?

Não podemos deixar de ter como foco em nosso trabalho o SER
HUMANO. Precisamos valorizar as pessoas. Uma frase de Walt
Disney ilustra bem essa idéia: “Você pode sonhar, criar, desenhar e
construir o lugar mais maravilhoso do mundo... Mas é necessário
TER PESSOAS para transformar seu sonho em realidade”. Estamos
envolvidos com pessoas em nosso dia a dia: alunos, professores,
pais, coordenadores, orientadores e diretores e, por isso,
precisamos aprender a trabalhar em equipe para obter uma
instituição forte, competente e coesa. A qualidade é obtida através
do esforço de todos os seus integrantes, onde cada profissional é
importante e cada aluno também. A escola é uma organização
humana em que as pessoas somam esforços para um propósito
educativo comum.




                                    *Licenciada em Pedagogia
                            Pós-graduada em Psicopedagogia
                     Especializada em Orientação Educacional

páginas 01



Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO - Cursos Online : Mais de 900 cursos
online com certificado
http://www.portaleducacao.com.br/pedagogia/artigos/3730/a-
indisciplina-na-sala-de-
aula?_kt=8494173369&gclid=CKvk_5OUyrICFQSEnQodDDsAcg#ixzz
27En2lvJg

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A indisciplina na sala de aula

  • 1. A Indisciplina na sala de aula *Sheila Cristina de Almeida e Silva Machado Primeiro dia de aula. Professor novo. Turma pouco afeita ao estudo. No caminho para seus novos afazeres os corredores da escola não parecem nada animadores para o recém-chegado professor. Na sala de aula todos os alunos estão de pé, circulando despreocupadamente, sem qualquer tipo de compromisso com o trabalho que está apenas começando. Querem falar de outros assuntos, mais próprios e interessantes em sua opinião para pessoas que, como eles, estão em idade para freqüentar o Ensino Médio. Matemática não lhes parece parte integrante dos conhecimentos que necessitam para sobreviver na selva que percebem em seus cotidianos. Jaime, seu novo professor, mal consegue se apresentar, pois é interrompido com menos de 10 minutos em sala de aula pelo acionamento do sinal que faz com que todos os alunos saiam rapidamente da classe. É apenas mais uma entre várias “brincadeiras” promovidas pelos alunos para interromper o trabalho que está sendo desenvolvido. Numa outra aula, quando as primeiras páginas do livro estavam sendo abertas no capítulo sobre frações e porcentagens, surgem dois novos alunos, atrasados, que trazem consigo justificativas que lhes permitem permanecer na aula. Nenhum dos dois tem os materiais apropriados e ainda desrespeitam o professor com gestos obscenos. Ao ser interpelado pelo professor no final da aula um dos estudantes diz que não tem qualquer interesse pelo que está sendo ensinado e, além disso, ameaça o professor. Para desestabilizar ainda mais as aulas de matemática, os jovens amotinados passam a assistir a aula tendo a seu lado outras pessoas que, como eles, não estão dispostos a estudar e que, da mesma forma como os primeiros, querem ameaçar e boicotar os esforços de Jaime. Para piorar ainda mais a situação, entre os outros membros do corpo docente a descrença na capacidade dos estudantes também se faz
  • 2. notar. Nas reuniões pedagógicas ou mesmo nos intervalos (na sala dos professores), fica claro para o novo professor de matemática que entre seus colegas de trabalho não há nenhuma perspectiva positiva quanto ao futuro de seus novos alunos. Nem mesmo entre os pais a educação é vista como uma possibilidade de crescimento, de amadurecimento e de melhores chances no futuro... A seqüência de acontecimentos acima descrita poderia retratar fatos ocorridos em qualquer escola do Brasil. Apresenta o que para muitos que trabalham com educação seriam situações corriqueiras, do cotidiano de seu trabalho. Trata-se, entretanto de um recorte feito a partir do filme “O Preço do Desafio” (Stand and Deliver), do diretor Ramon Menendez, produzido pela Warner Bros em 1988 a partir da história real de Jaime Escalante, um professor de matemática. Quando nos referimos a Instituição Escolar, não podemos deixar de enfocar essa questão que suscita muitas dúvidas a educadores, diretores, pais e até mesmo a alunos: a indisciplina. - O que é uma classe indisciplinada? - O que o professor pode fazer para ter controle perante situações de indisciplina? No ambiente escolar em que trabalho, as principais queixas dos professores relativamente à indisciplina são: falta de limite dos alunos, bagunça, tumulto, mau comportamento, desinteresse e desrespeito às figuras de autoridade da escola e também ao patrimônio; alguns professores apontam que os alunos não aprendem porque são indisciplinados em decorrência da não imposição de limites por seus familiares; o fracasso escolar seria então o resultado de problemas que estão fora da escola e que se manifestam dentro dela pela indisciplina; de acordo com esses professores, nada pode ser feito enquanto a sociedade não se modificar. Condutas como essas são também observadas em outras instituições particulares e em escolas públicas. Podemos afirmar que no mundo atual a maioria das escolas enfrenta estas questões, que perduram há anos, sofrendo obviamente alterações históricas de acordo com as contingências sócio-culturais.
  • 3. Atualmente a indisciplina tornou-se um “obstáculo” ao trabalho pedagógico e os professores ficam desgastados, tentam várias alternativas, e já não sabendo o que fazer, chegam mesmo em algumas oportunidades a pedir ao aluno indisciplinado que se retire da sala já que ele atrapalha o rendimento do restante do grupo. Nesses casos, os alunos são encaminhados ao Serviço de Orientação Educacional. Muitas vezes há pressões por parte dos professores para que sejam aplicadas punições severas a esses estudantes. - Como agir nessa situação? De que forma ajudar? O que é uma Classe Indisciplinada? Para iniciarmos uma reflexão sobre essas questões, vamos destacar o que significa a palavra indisciplina a partir de algumas definições quanto ao termo. Indisciplina – procedimento, ato ou dito contrário à disciplina; desobediência, desordem, rebelião. (Dicionário Aurélio). De acordo com o sociólogo francês François Dubet (1997), “a disciplina é conquistada todos os dias, é preciso sempre lembrar as regras do jogo, cada vez é preciso reinteressá-los, cada vez é preciso ameaçar, cada vez é preciso recompensar”. Isso nos coloca diante de um antônimo de indisciplina, nos lembrando que o respeito às regras dentro de uma instituição é de fundamental importância para o seu funcionamento pleno e que, conseqüentemente, a indisciplina representa a ameaça pela desobediência às regras estabelecidas. Por isso Dubet ressalta a necessidade dos professores relembrarem as regras e estimularem o seu cumprimento no decorrer do ano letivo. Segundo o professor Júlio Groppa Aquino: ”O conceito de indisciplina, como toda criação cultural, não é estático, uniforme, nem tampouco universal. Ele se relaciona com o conjunto de valores e expectativas que variam ao longo da história, entre as diferentes culturas e numa mesma sociedade.” Groppa ressalta que a manutenção da disciplina era uma preocupação de muitas épocas como vemos em textos de Platão e nas confissões de Santo Agostinho, de como a sua vida de professor
  • 4. era amargurada pela indisciplina dos jovens que perturbavam “a ordem instituída para seu próprio bem”. Diante dessa idéia de Júlio Groppa, não podemos deixar de lembrar da forma como as escolas até os anos 1960, conseguiam fazer com que seus alunos se comportassem. A disciplina era imposta de forma autoritária, com ameaças e castigos. Os educandos temiam as punições e esse medo levava a obediência e a subordinação. Além de submetidos a uma rigorosa fiscalização, não podiam se posicionar utilizando-se de questionamentos e reflexões. Os professores eram considerados modelos e, em virtude do conhecimento que possuíam, agiam como donos do saber. “A educação se torna um ato de depositar, em que os educandos são os depositários e o educador o depositante” (Freire, 1998) por isso passa a ser chamada de “educação bancária”. Segundo a educadora Rosana Ap. Argento Ribeiro, “a educação bancária é classificada também como domesticadora, porque leva o aluno a memorização dos conteúdos transmitidos, impedindo o desenvolvimento da criatividade e sua participação ativa no processo educativo, tornando-o submisso perante as ações opressoras de uma sociedade excludente. O papel da disciplina na educação bancária é fundamental para o sucesso da aprendizagem do aluno. Nela, a obediência e o silêncio dos alunos são aspectos importantes para garantir que os conteúdos sejam transmitidos pelos professores”. Atualmente, nos primeiros anos do século XXI, estamos vivendo num outro contexto. Influenciados por mudanças políticas, sociais, econômicas e culturais, professores e alunos, e mesmo a própria instituição escolar, assumem um papel diferente na sociedade. Nessa nova realidade a educação bancária já não deveria ser aplicada dentro das escolas. Acredita-se hoje que os professores devem estar mais preocupados com seu aperfeiçoamento, permitindo que seus alunos questionem, tirem suas dúvidas, se posicionem. Enquanto os alunos, por sua vez, têm mais acesso à informação, se consideram livres para questionar, criar e participar. Outro aspecto importante quanto à educação no 3° milênio refere-se ao fato de que a instituição
  • 5. escolar deveria estar mais aberta para a participação dos pais e da comunidade em suas atividades e mesmo, nas propostas curriculares. François Dubet reforça a idéia de que “os professores mais eficientes são, em geral, aqueles que acreditam que os alunos podem progredir, aqueles que têm confiança nos alunos. Os mais eficientes são também os professores que vêem os alunos como eles são e não como eles deveriam ser”. Quanto às afirmações anteriores percebo em minha realidade que alguns professores se mostram preocupados quanto a sua formação e prática profissional enquanto uma quantidade expressiva ainda demonstra grande resistência à reflexão e ao aperfeiçoamento do seu trabalho por se considerarem experientes e prontos para o exercício do magistério. No que se refere aos estudantes é possível verificar que há um grande incentivo da família quanto aos estudos e ao mesmo tempo há um maior acesso a recursos que facilitam e promovem o processo de ensino-aprendizagem, como livros, computadores, internet, revistas, jornais, filmes... Essa circunstância realmente os torna mais críticos, questionadores e participativos. Porém, nem todos conseguem utilizar essas ferramentas de forma consciente e produtiva. Os pais, por sua vez, comparecem a escola para presenciar a apresentação de trabalhos realizados por seus filhos apenas como observadores, sem posicionamentos mais efetivos e críticos. Há, porém baixo índice de comparecimento nas reuniões solicitadas pela escola, especialmente entre os pais cujos filhos freqüentam turmas da sexta série do ensino fundamental ao ensino médio. O que o professor pode fazer para ter controle perante situações de indisciplina? Sabemos que para obter disciplina em qualquer ambiente em que vivemos não podemos deixar de falar de respeito. Segundo Tardeli (2003), o tema respeito está centralizado na moralidade. Isso quer dizer que cada pessoa tem, junto com sua vida intelectual, afetiva, religiosa ou fantasiosa, uma vida moral. E o primeiro a atribuir um
  • 6. significado a moralização e inserir no conceito de ética foi o filósofo Demócrito. Sabemos que atualmente o papel do professor dentro da escola é muito mais abrangente, pois ele precisa estar atento às capacidades cognitivas, físicas, afetivas, éticas e para preparação do educando para o exercício de uma cidadania ativa e pensante. Será que sabemos ouvir nossos alunos? O diálogo envolve o respeito em saber ouvir e entender nossos alunos, mostrando a eles nossa preocupação com suas opiniões e com suas atitudes e o nosso interesse em poder dar a assistência necessária ao aperfeiçoamento do seu processo de aprendizagem. É também compromisso do educador se preocupar com a disciplina e a responsabilidade de seus alunos. Para Piaget (1996), “o respeito constitui o sentimento fundamental que possibilita a aquisição das noções morais” .Conseguimos atingir a responsabilidade, desenvolvendo a cooperação, a solidariedade, o comprometimento com o grupo, criando contratos e regras claras e que precisarão ser cumpridas com justiça. O professor passa a se preocupar com a motivação de seus alunos, tendo maior compromisso com seu projeto pedagógico e as questões afetivas, obtendo dessa forma uma relação verdadeira com seus educandos. Sob uma visão Piagetiana, o professor que na sala de aula dialoga com seu aluno, busca decisões conjuntas por meio da cooperação, para que haja um aprendizado através de contratos, que honra com sua palavra e promove relações de reciprocidade, sendo respeitoso com seus alunos, obtendo dessa forma um melhor aproveitamento escolar. Segundo Tardeli (2003), “Só se estabelece um encontro significativo quando o mestre incorpora o real sentido de sua função, que é orientar e ensinar o caminho para o conhecimento, amparado pela relação de cooperação e respeito mútuos”. Como agir nessa situação? De que forma ajudar? Não podemos deixar de ter como foco em nosso trabalho o SER HUMANO. Precisamos valorizar as pessoas. Uma frase de Walt
  • 7. Disney ilustra bem essa idéia: “Você pode sonhar, criar, desenhar e construir o lugar mais maravilhoso do mundo... Mas é necessário TER PESSOAS para transformar seu sonho em realidade”. Estamos envolvidos com pessoas em nosso dia a dia: alunos, professores, pais, coordenadores, orientadores e diretores e, por isso, precisamos aprender a trabalhar em equipe para obter uma instituição forte, competente e coesa. A qualidade é obtida através do esforço de todos os seus integrantes, onde cada profissional é importante e cada aluno também. A escola é uma organização humana em que as pessoas somam esforços para um propósito educativo comum. *Licenciada em Pedagogia Pós-graduada em Psicopedagogia Especializada em Orientação Educacional páginas 01 Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO - Cursos Online : Mais de 900 cursos online com certificado http://www.portaleducacao.com.br/pedagogia/artigos/3730/a- indisciplina-na-sala-de- aula?_kt=8494173369&gclid=CKvk_5OUyrICFQSEnQodDDsAcg#ixzz 27En2lvJg