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Cap´ıtulo 16
O Sol - a nossa estrela
O Sol, nossa fonte de luz e de vida, ´e a estrela mais pr´oxima de n´os, e a
que melhor conhecemos. Basicamente, ´e uma enorme esfera de g´as incan-
descente, em cujo n´ucleo acontece a gera¸c˜ao de energia atrav´es de rea¸c˜oes
termo-nucleares. O estudo do Sol serve de base para o conhecimento das
outras estrelas, que de t˜ao distantes aparecem para n´os como meros pontos
de luz.
Figura 16.1: Foto do Sol na linha Hα do hidrogˆenio, obtida pelo National
Solar Observatory, EUA. Os filamentos escuros s˜ao proeminˆencias.
Apesar de parecer t˜ao grande e brilhante (seu brilho aparente ´e 200 bi-
lh˜oes de vezes maior do que o de S´ırius, a estrela mais brilhante do c´eu
noturno), na verdade o Sol ´e uma estrela bastante comum. Suas principais
caracter´ısticas s˜ao:
153
Massa M = 1,989 ×1030 kg
Raio R = 6,960 ×108 m
Densidade m´edia ρ = 1409 kg m−3
Densidade central ρc = 1,6 ×105 kg m−3
Distˆancia 1 UA = 1, 496 × 108 km
Luminosidade L = 3, 9 × 1033 ergs/s
Temperatura efetiva Tef = 5785 K
Temperatura central Tc = 1,5 × 107 K
Magnitude absoluta bolom´etrica Mbol = 4,72
Magnitude absoluta visual MV = 4,79
Tipo espectral e classe de luminosidade G2 V
´Indices de cor B − V = 0,62
U − B = 0,10
Composi¸c˜ao qu´ımica principal Hidrogˆenio = 91,2 %
H´elio = 8,7%
Oxigˆenio = 0,078 %
Carbono = 0,049 %
Per´ıodo rotacional no equador 25 d
na latitude 60◦ 29 d
Algumas das caracter´ısticas listadas acima s˜ao obtidas mais ou menos
diretamente. Por exemplo, a distˆancia do Sol, chamada Unidade As-
tronˆomica, ´e medida por ondas de radar direcionadas a um planeta em uma
posi¸c˜ao favor´avel de sua ´orbita (por exemplo Vˆenus, quando Terra e Vˆenus
est˜ao do mesmo lado do Sol e alinhados com ele). O tamanho do Sol ´e
obtido a partir de seu tamanho angular e da sua distˆancia. A massa do Sol
pode ser medida a partir do movimento orbital da Terra (ou de qualquer
outro planeta) usando a terceira lei de Kepler. Sabendo ent˜ao sua massa e
seu raio temos a densidade m´edia do Sol. Pela densidade m´edia podemos
inferir sua composi¸c˜ao qu´ımica m´edia.
Outras caracter´ısticas s˜ao determinadas a partir de modelos. Por exem-
plo, a equa¸c˜ao de equil´ıbrio hidrost´atico, descrita no cap´ıtulo Evolu¸c˜ao Es-
telar, permite determinar a press˜ao e a temperatura no centro do Sol,
supondo que elas tˆem que ser extremamente altas para suportar o peso das
camadas mais externas.
16.1 Estrutura do Sol
O modelo representado na figura mostra as principais regi˜oes do Sol. A
fotosfera, com cerca de 330 km de espessura e temperatura de 5785 K,
154
Coroa
Cromosfera
00000
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0000000000
00000
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11111
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1111111111
Zona
Radiativa
Zona
Convectiva
Núcleo
Proeminência
Fotosfera
´e a camada vis´ıvel do Sol. Logo abaixo da fotosfera se localiza a zona
convectiva, se estendendo por cerca de 15% do raio solar. Abaixo dessa
camada est´a a zona radiativa, onde a energia flui por radia¸c˜ao. O n´ucleo,
com temperatura de cerca de 10 milh˜oes de graus Kelvin, ´e a regi˜ao onde a
energia ´e produzida, por rea¸c˜oes termo-nucleares. A cromosfera ´e a camada
da atmosfera solar logo acima da fotosfera. Ela tem cor avermelhada e ´e
vis´ıvel durante os eclipses solares, logo antes e ap´os a totalidade. Estende-se
por 10 mil km acima da fotosfera e a temperatura cresce da base para o topo,
tendo um valor m´edio de 15 mil K. Ainda acima da cromosfera se encontra
a coroa, tamb´em vis´ıvel durante os eclipses totais. A coroa se estende por
cerca de dois raios solares.
16.1.1 A fotosfera
A fotosfera do Sol tem a aparˆencia da superf´ıcie de um l´ıquido em ebuli¸c˜ao,
cheia de bolhas, ou grˆanulos. Este fenˆomeno ´e chamado de granula¸c˜ao
fotosf´erica. Os grˆanulos tˆem em torno de 1500 km de diˆametro, e duram
cerca de 10 min cada. Eles marcam os topos das colunas convectivas de
g´as quente, que se forma na zona convectiva, logo abaixo da fotosfera. As
regi˜oes escuras entre os grˆanulos s˜ao regi˜oes onde o g´as mais frio e mais denso
escorrem para baixo. A maior parte do espectro vis´ıvel do Sol tem origem
em uma camada com cerca de 1000 km de extens˜ao, em que a temperatura
155
Figura 16.2: Foto do Sol na linha de 584 ˚A do h´elio (He I), obtida pelo
sat´elite SOHO (The Solar and Heliospheric Observatory), da ESA/NASA
Figura 16.3: Foto do Sol em luz branca, mostrando algumas manchas solares
varia de cerca de 9000 K a 4000 K. A gravidade superficial do Sol ´e de
g = 2, 738 × 104 cm/s2=273,8 m/s2 (Jorge E. Vernazza, Eugene H. Avrett
& Rudolf Loeser, 1973, Astrophysical Journal, 184, 605).
O fenˆomeno fotosf´erico mais not´avel ´e o das manchas solares, regi˜oes
irregulares que aparecem mais escuras do que a fotosfera circundante e que
muitas vezes podem ser observadas mesmo a olho nu, embora olhar dire-
tamente para o Sol s´o n˜ao ´e perigoso quando ele est´a no horizonte. As
manchas foram registradas na China j´a no ano 28 a.C., mas seu estudo ci-
ent´ıfico come¸cou com o uso do telesc´opio, sendo observadas (por proje¸c˜ao da
imagem do Sol) por Galileo e Thomas Harriot (1560-1621) j´a em 1610, e por
Johannes (1587-1616) e David Fabricius (1564-1617) e por Christoph Schei-
ner (1575-1650) em 1611. S˜ao constitu´ıdas de duas partes: a umbra, parte
156
Figura 16.4: Distribui¸c˜ao de temperatura e densidade na atmosfera do Sol.
central mais escura, com temperaturas em torno de 3800 K, e a penumbra,
regi˜ao um pouco mais clara e com estrutura radial em torno da umbra. As
manchas solares tendem a se formar em grupos, e est˜ao associadas a intensos
campos magn´eticos no Sol. As manchas solares seguem um ciclo de 11 anos
em que o n´umero de manchas varia entre m´aximos e m´ınimos, descoberto em
1843 pelo astrˆonomo amador alem˜ao Samuel Heinrich Schwabe (1789-1875)
.
16.1.2 A cromosfera
A cromosfera do Sol normalmente n˜ao ´e vis´ıvel, porque sua radia¸c˜ao ´e muito
mais fraca do que a da fotosfera. Ela pode ser observada, no entanto, durante
os eclipses, quando a Lua esconde o disco da fotosfera. Veremos, no cap´ıtulo
de espectroscopia, que o Sol tem um espectro cont´ınuo com linhas escuras
(de absor¸c˜ao). Esse espectro ´e o da fotosfera. No entanto, olhando a borda
do Sol com um espectrosc´opio, durante um eclipse, temos a oportunidade de
ver por alguns instantes o espectro da cromosfera, feito de linhas brilhantes,
que mostram que a cromosfera ´e constitu´ıda de gases quentes que emitem luz
157
Figura 16.5: Foto do eclipse total de 4 de novembro de 1994, obtida pelos
autores em Santa Catarina, Brasil, mostrando a cromosfera.
na forma de linhas de emiss˜ao. Essas linhas s˜ao dif´ıceis de serem observadas
contra a luz brilhante da fotosfera, por isso n˜ao as vemos no espectro solar
normal.
Uma das linhas cromosf´ericas de emiss˜ao mais brilhantes ´e a linha de
Balmer Hα, no comprimento de onda 6563 ˚A, que no espectro solar normal
aparece em absor¸c˜ao. A linha Hα est´a no vermelho, por isso a cromosfera
tem cor avermelhada.
Uma fotografia do Sol tirada com filtro Hα deixa passar a luz da cromos-
fera, e permite ver que a cromosfera tem uma aparˆencia ondulada devido
`a presen¸ca de estruturas chamadas esp´ıculas, jatos de g´as que se elevam
a at´e 10 mil km acima da borda da cromosfera, e duram poucos minutos.
As esp´ıculas, observadas contra o disco do Sol, aparecem como filamentos
escuros; nas bordas, aparecem como labaredas brilhantes.
A temperatura na cromosfera varia de 4300 K na base a mais de 40 000
K a 2500 km de altura. Esse aquecimento da cromosfera deve ter uma fonte
de energia que n˜ao s˜ao os f´otons produzidos no interior do Sol, pois se a
energia fosse gerada por f´otons a cromosfera deveria ser mais fria do que
fotosfera, e n˜ao mais quente. Atualmente se pensa que a fonte de energia
s˜ao campos magn´eticos vari´aveis formados na fotosfera e transportados para
a coroa por correntes el´etricas, deixando parte de sua energia na cromosfera.
158
Figura 16.6: Foto do Sol obtida pela esta¸c˜ao espacial Skylab da NASA em
19 de dezembro de 1973, com um dos mais espectacular flares solares j´a
gravados. A proeminˆencia abrange mais de 588 000 km. Os p´olos solares
apresentam pouca super-granula¸c˜ao, e um tom mais escuro do que o centro
do disco.
16.1.3 A Coroa
A cromosfera gradualmente se funde na coroa, a camada mais externa e mais
rarefeita da atmosfera do Sol. A coroa tamb´em ´e melhor observada durante
eclipses, pois apesar de ter um brilho equivalente ao da lua cheia, ela fica
obscurecida quando a fotosfera ´e vis´ıvel.
O espectro da coroa mostra linhas muito brilhantes que, at´e 1940, n˜ao
eram conhecidas. Atualmente sabemos que elas s˜ao produzidas por ´atomos
de ferro, n´ıquel, neˆonio e c´alcio altamente ionizados, e n˜ao por algum ele-
mento estranho, como anteriormente foi pensado. O fato de existirem esses
elementos v´arias vezes ionizados na coroa implica que sua temperatura deve
ser muito alta, pois ´e necess´aria muita energia para arrancar muitos el´etrons
de um ´atomo. A coroa deve ter uma temperatura em torno de 1 milh˜ao de
graus Kelvin.
A eleva¸c˜ao da temperatura na coroa deve ter origem no mesmo processo
f´ısico que aquece a cromosfera: transporte de energia por correntes el´etricas
induzidas por campos magn´eticos vari´aveis.
Da coroa emana o vento solar, um fluxo cont´ınuo de part´ıculas emi-
tidas da coroa que acarretam uma perda de massa por parte do sol em
torno de 10−13M por ano. O vento solar que atinge a Terra (aproximada-
mente 7 pr´otons/cm3 viajando a cerca de 400 km/s) ´e capturado pelo campo
magn´etico da Terra, formando o cintur˜ao de Van Allen, na magnetos-
fera terrestre. Este cintur˜ao, descoberto pelo f´ısico americano James Alfred
159
Van Allen (1914-2006) em 1958, s´o permite que as part´ıculas carregadas
entrem na atmosfera da Terra pelos p´olos, causando as auroras, fenˆomenos
luminosos de excita¸c˜ao e des-excita¸c˜ao dos ´atomos de oxigˆenio.
Figura 16.7: Magnetosfera da Terra - cintur˜ao de Van Allen.
Al´em das part´ıculas do vento solar, existem grandes eje¸c˜oes de massa
associadas `as proeminˆencias, que quando atingem a Terra causam danos `as
redes el´etricas e aos sat´elites. O ´ultimo m´aximo do ciclo de 11 anos ocor-
reu em 1989, e logo ap´os uma grande proeminˆencia solar, a rede el´etrica na
prov´ıncia de Quebec, no Canad´a, sofreu uma grande sobrecarga el´etrica que
causou v´arios danos aos equipamentos. Algumas regi˜oes da prov´ıncia fica-
ram at´e duas semanas sem luz el´etrica. Em 1994, o sat´elite de comunica¸c˜oes
E2 teve alguns circuitos queimados por uma sobrecarga est´atica, tamb´em
associada com a ejec¸c˜ao de uma nuvem de plasma solar. O m´aximo do ciclo
solar atual ocorreu em 15 de fevereiro de 2001, quando o campo magn´etico
solar reverteu de polaridade. Uma eje¸c˜ao coronal de massa tamb´em pode
causar grandes ondas nas camadas externas do Sol, que podem estar relaci-
onadas com o aquecimento da coroa.
Normalmente as part´ıculas carregadas s˜ao desviadas pelo campo magn´etico
da Terra para o Cintur˜ao de Van Allen, e somente chegam `a Terra pr´oximas
aos p´olos. Entretanto o campo magn´etico terrestre n˜ao ´e um simples dipolo e
existe uma depress˜ao no campo, no Atlˆantico Sul, que faz com que part´ıculas
carregadas tamb´em cheguem ao solo na regi˜ao conhecida como Anomalia Ge-
omagn´etica do Atlˆantico Sul. A Anomalia Geomagn´etica do Atlˆantico Sul
´e uma mancha de fluxo invertido, isto ´e, uma mancha com fluxo magn´etico
direcionado para dentro dentro do hemisf´erio de fluxo direcionado para fora.
Existem outras manchas menores, tanto no hemisf´erio norte quanto no he-
misf´erio sul, de acordo com as medi¸c˜oes de campo magn´etico pelos sat´elites
Magsat em 1980 e Oersted em 2000. Estas revers˜oes de fluxo s˜ao similares
160
`as que causam as manchas solares: o fluxo de material l´ıquido e ionizado no
n´ucleo da Terra ´e convectivo, turbulento e distorcido tamb´em por rota¸c˜ao
diferencial do n´ucleo externo, l´ıquido (2900 km a 5100 km de profundidade),
sobre o n´ucleo s´olido interno, cristalizado e que libera calor latente na cris-
taliza¸c˜ao das camadas externas e de separa¸c˜ao de elementos menos densos,
como sultefo de ferro e ´oxido de ferro. Estas manchas mudam de tamanho
com o tempo e, quando aumentam at´e dominar o hemisf´erio, causam a re-
vers˜ao do campo magn´etico da Terra. A ´ultima revers˜ao ocorreu h´a 780 mil
anos. As eje¸c˜oes coronais de massas s˜ao bolhas de g´as quente (plasma), de
bilh˜oes de toneladas, aquecidas pelos campos magn´eticos do Sol. Os campos
magn´eticos do Sol se enrolam devido ao movimento turbulento de convec¸c˜ao
mas tamb´em devido `a rota¸c˜ao diferencial, que faz com que o equador solar
complete uma volta em 25 dias, enquanto que as regi˜oes pr´oximas aos p´olos
completam uma volta em 36 dias. A desconex˜ao do campo magn´etico solar
pode ocorrer em alguns minutos e tem uma energia equivalente a milhares
de bombas atˆomicas.
A radia¸c˜ao ultravioleta tem comprimentos de onda menores do que a
radia¸c˜ao vis´ıvel e ´e normalmente dividida em trˆes faixas: UV-A, UV-B and
UV-C. O UV-B, com comprimentos de onda entre 2900 e 3200 ˚A´e a faixa
mais perigosa que alcan¸ca a superf´ıcie da Terra. O ozˆonio (O3) atmosf´erico,
al´em do pr´oprio oxigˆenio molecular (O2) e nitrogˆenio, protegem os seres
na superf´ıcie das componentes mais danosas (energ´eticas) da radia¸c˜ao solar.
Mas processos qu´ımicos na atmosfera podem romper as mol´eculas de ozˆonio.
Desde o in´ıcio da d´ecada de 1990 tem-se detectado um buraco na camada
de ozˆonio sobre a Ant´artica. A redu¸c˜ao na camada de ozˆonio pode levar ao
aparecimento de cˆancer de pele e cataratas nos seres vivos.
16.2 A energia do Sol
T˜ao logo foi conhecida a distˆancia do Sol, em 1673, por Jean Richer (1630-
1696) e Giovanni Domenico Cassini (1625-1712) que determinaram a pa-
ralaxe de Marte e com esta estimaram a unidade astronˆomica como 140
milh˜oes de km, foi poss´ıvel determinar a sua luminosidade, que ´e a potˆencia
que ele produz. As medidas mostram que cada metro quadrado na Terra
recebe do sol uma potˆencia (energia/segundo) de 1400 watts [James Watt
(1736-1819)], ou seja, a potˆencia de 14 lˆampadas de 100 watts. O valor
mais preciso da constante solar ´e 1367,5 W/m2, e varia 0,3% durante o ci-
clo solar de 11 anos. Por essa potˆencia recebida na Terra, determina-se a
luminosidade do Sol em 4 × 1026 watts, ou 4 × 1033 ergs/s.
161
Essa quantidade de energia ´e equivalente `a queima de 2 × 1020 gal˜oes
de gasolina por minuto, ou mais de 10 milh˜oes de vezes a produ¸c˜ao anual
de petr´oleo da Terra. J´a no s´eculo XIX os astrˆonomos sabiam que essa
energia n˜ao poderia ser gerada por combust˜ao, pois a energia dessa forma
poderia manter o Sol brilhando por apenas 10 mil anos. Tampouco o colapso
gravitacional, fonte de energia proposta pelo f´ısico alem˜ao Hermann Ludwig
Ferdinand von Helmholtz (1821-1894) em 1854, resultou eficiente, pois a
energia gravitacional poderia suprir a luminosidade do Sol por 20 milh˜oes
de anos, e evidˆencias geol´ogicas indicam que o Sol tem uma idade de bilh˜oes
de anos.
Em 1937 Hans Albrecht Bethe (1906-2005) propˆos a fonte hoje aceita
para a energia do Sol: as rea¸c˜oes termo-nucleares, na qual quatro pr´otons
s˜ao fundidos em um n´ucleo de h´elio, com libera¸c˜ao de energia. O Sol tem
hidrogˆenio suficiente para alimentar essas rea¸c˜oes por bilh˜oes de anos. Gra-
dualmente, `a medida que diminui a quantidade de hidrogˆenio, aumenta a
quantidade de h´elio no n´ucleo. Veja mais sobre este assunto no (Cap.22) na
p´agina 231.
Segundo os modelos de evolu¸c˜ao estelar, daqui a cerca de 1,1 bilh˜ao de
anos o brilho do Sol aumentar´a em cerca de 10%, que causar´a a eleva¸c˜ao da
temperatura aqui na Terra, aumentando o vapor de ´agua na atmosfera. O
problema ´e que o vapor de ´agua causa o efeito estufa. Daqui a 3,5 bilh˜oes
de anos, o brilho do Sol j´a ser´a cerca de 40% maior do que o atual, e o
calor ser´a t˜ao forte que os oceanos secar˜ao completamente, exacerbando o
efeito estufa. Embora o Sol se torne uma gigante vermelha ap´os terminar
o hidrogˆenio no n´ucleo, ocorrer´a perda de massa gradual do Sol, afastando
a Terra do Sol at´e aproximadamente a ´orbita de Marte, mas exposta a
uma temperatura de cerca de 1600 K (1327 C). Com a perda de massa que
levar´a a transforma¸c˜ao do Sol em uma an˜a branca, a Terra dever´a ficar a
aproximadamente 1,85 UA.
162

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  • 1. Cap´ıtulo 16 O Sol - a nossa estrela O Sol, nossa fonte de luz e de vida, ´e a estrela mais pr´oxima de n´os, e a que melhor conhecemos. Basicamente, ´e uma enorme esfera de g´as incan- descente, em cujo n´ucleo acontece a gera¸c˜ao de energia atrav´es de rea¸c˜oes termo-nucleares. O estudo do Sol serve de base para o conhecimento das outras estrelas, que de t˜ao distantes aparecem para n´os como meros pontos de luz. Figura 16.1: Foto do Sol na linha Hα do hidrogˆenio, obtida pelo National Solar Observatory, EUA. Os filamentos escuros s˜ao proeminˆencias. Apesar de parecer t˜ao grande e brilhante (seu brilho aparente ´e 200 bi- lh˜oes de vezes maior do que o de S´ırius, a estrela mais brilhante do c´eu noturno), na verdade o Sol ´e uma estrela bastante comum. Suas principais caracter´ısticas s˜ao: 153
  • 2. Massa M = 1,989 ×1030 kg Raio R = 6,960 ×108 m Densidade m´edia ρ = 1409 kg m−3 Densidade central ρc = 1,6 ×105 kg m−3 Distˆancia 1 UA = 1, 496 × 108 km Luminosidade L = 3, 9 × 1033 ergs/s Temperatura efetiva Tef = 5785 K Temperatura central Tc = 1,5 × 107 K Magnitude absoluta bolom´etrica Mbol = 4,72 Magnitude absoluta visual MV = 4,79 Tipo espectral e classe de luminosidade G2 V ´Indices de cor B − V = 0,62 U − B = 0,10 Composi¸c˜ao qu´ımica principal Hidrogˆenio = 91,2 % H´elio = 8,7% Oxigˆenio = 0,078 % Carbono = 0,049 % Per´ıodo rotacional no equador 25 d na latitude 60◦ 29 d Algumas das caracter´ısticas listadas acima s˜ao obtidas mais ou menos diretamente. Por exemplo, a distˆancia do Sol, chamada Unidade As- tronˆomica, ´e medida por ondas de radar direcionadas a um planeta em uma posi¸c˜ao favor´avel de sua ´orbita (por exemplo Vˆenus, quando Terra e Vˆenus est˜ao do mesmo lado do Sol e alinhados com ele). O tamanho do Sol ´e obtido a partir de seu tamanho angular e da sua distˆancia. A massa do Sol pode ser medida a partir do movimento orbital da Terra (ou de qualquer outro planeta) usando a terceira lei de Kepler. Sabendo ent˜ao sua massa e seu raio temos a densidade m´edia do Sol. Pela densidade m´edia podemos inferir sua composi¸c˜ao qu´ımica m´edia. Outras caracter´ısticas s˜ao determinadas a partir de modelos. Por exem- plo, a equa¸c˜ao de equil´ıbrio hidrost´atico, descrita no cap´ıtulo Evolu¸c˜ao Es- telar, permite determinar a press˜ao e a temperatura no centro do Sol, supondo que elas tˆem que ser extremamente altas para suportar o peso das camadas mais externas. 16.1 Estrutura do Sol O modelo representado na figura mostra as principais regi˜oes do Sol. A fotosfera, com cerca de 330 km de espessura e temperatura de 5785 K, 154
  • 3. Coroa Cromosfera 00000 00000 0000000000 00000 0000000000 0000000000 0000000000 11111 11111 1111111111 11111 1111111111 1111111111 1111111111 Zona Radiativa Zona Convectiva Núcleo Proeminência Fotosfera ´e a camada vis´ıvel do Sol. Logo abaixo da fotosfera se localiza a zona convectiva, se estendendo por cerca de 15% do raio solar. Abaixo dessa camada est´a a zona radiativa, onde a energia flui por radia¸c˜ao. O n´ucleo, com temperatura de cerca de 10 milh˜oes de graus Kelvin, ´e a regi˜ao onde a energia ´e produzida, por rea¸c˜oes termo-nucleares. A cromosfera ´e a camada da atmosfera solar logo acima da fotosfera. Ela tem cor avermelhada e ´e vis´ıvel durante os eclipses solares, logo antes e ap´os a totalidade. Estende-se por 10 mil km acima da fotosfera e a temperatura cresce da base para o topo, tendo um valor m´edio de 15 mil K. Ainda acima da cromosfera se encontra a coroa, tamb´em vis´ıvel durante os eclipses totais. A coroa se estende por cerca de dois raios solares. 16.1.1 A fotosfera A fotosfera do Sol tem a aparˆencia da superf´ıcie de um l´ıquido em ebuli¸c˜ao, cheia de bolhas, ou grˆanulos. Este fenˆomeno ´e chamado de granula¸c˜ao fotosf´erica. Os grˆanulos tˆem em torno de 1500 km de diˆametro, e duram cerca de 10 min cada. Eles marcam os topos das colunas convectivas de g´as quente, que se forma na zona convectiva, logo abaixo da fotosfera. As regi˜oes escuras entre os grˆanulos s˜ao regi˜oes onde o g´as mais frio e mais denso escorrem para baixo. A maior parte do espectro vis´ıvel do Sol tem origem em uma camada com cerca de 1000 km de extens˜ao, em que a temperatura 155
  • 4. Figura 16.2: Foto do Sol na linha de 584 ˚A do h´elio (He I), obtida pelo sat´elite SOHO (The Solar and Heliospheric Observatory), da ESA/NASA Figura 16.3: Foto do Sol em luz branca, mostrando algumas manchas solares varia de cerca de 9000 K a 4000 K. A gravidade superficial do Sol ´e de g = 2, 738 × 104 cm/s2=273,8 m/s2 (Jorge E. Vernazza, Eugene H. Avrett & Rudolf Loeser, 1973, Astrophysical Journal, 184, 605). O fenˆomeno fotosf´erico mais not´avel ´e o das manchas solares, regi˜oes irregulares que aparecem mais escuras do que a fotosfera circundante e que muitas vezes podem ser observadas mesmo a olho nu, embora olhar dire- tamente para o Sol s´o n˜ao ´e perigoso quando ele est´a no horizonte. As manchas foram registradas na China j´a no ano 28 a.C., mas seu estudo ci- ent´ıfico come¸cou com o uso do telesc´opio, sendo observadas (por proje¸c˜ao da imagem do Sol) por Galileo e Thomas Harriot (1560-1621) j´a em 1610, e por Johannes (1587-1616) e David Fabricius (1564-1617) e por Christoph Schei- ner (1575-1650) em 1611. S˜ao constitu´ıdas de duas partes: a umbra, parte 156
  • 5. Figura 16.4: Distribui¸c˜ao de temperatura e densidade na atmosfera do Sol. central mais escura, com temperaturas em torno de 3800 K, e a penumbra, regi˜ao um pouco mais clara e com estrutura radial em torno da umbra. As manchas solares tendem a se formar em grupos, e est˜ao associadas a intensos campos magn´eticos no Sol. As manchas solares seguem um ciclo de 11 anos em que o n´umero de manchas varia entre m´aximos e m´ınimos, descoberto em 1843 pelo astrˆonomo amador alem˜ao Samuel Heinrich Schwabe (1789-1875) . 16.1.2 A cromosfera A cromosfera do Sol normalmente n˜ao ´e vis´ıvel, porque sua radia¸c˜ao ´e muito mais fraca do que a da fotosfera. Ela pode ser observada, no entanto, durante os eclipses, quando a Lua esconde o disco da fotosfera. Veremos, no cap´ıtulo de espectroscopia, que o Sol tem um espectro cont´ınuo com linhas escuras (de absor¸c˜ao). Esse espectro ´e o da fotosfera. No entanto, olhando a borda do Sol com um espectrosc´opio, durante um eclipse, temos a oportunidade de ver por alguns instantes o espectro da cromosfera, feito de linhas brilhantes, que mostram que a cromosfera ´e constitu´ıda de gases quentes que emitem luz 157
  • 6. Figura 16.5: Foto do eclipse total de 4 de novembro de 1994, obtida pelos autores em Santa Catarina, Brasil, mostrando a cromosfera. na forma de linhas de emiss˜ao. Essas linhas s˜ao dif´ıceis de serem observadas contra a luz brilhante da fotosfera, por isso n˜ao as vemos no espectro solar normal. Uma das linhas cromosf´ericas de emiss˜ao mais brilhantes ´e a linha de Balmer Hα, no comprimento de onda 6563 ˚A, que no espectro solar normal aparece em absor¸c˜ao. A linha Hα est´a no vermelho, por isso a cromosfera tem cor avermelhada. Uma fotografia do Sol tirada com filtro Hα deixa passar a luz da cromos- fera, e permite ver que a cromosfera tem uma aparˆencia ondulada devido `a presen¸ca de estruturas chamadas esp´ıculas, jatos de g´as que se elevam a at´e 10 mil km acima da borda da cromosfera, e duram poucos minutos. As esp´ıculas, observadas contra o disco do Sol, aparecem como filamentos escuros; nas bordas, aparecem como labaredas brilhantes. A temperatura na cromosfera varia de 4300 K na base a mais de 40 000 K a 2500 km de altura. Esse aquecimento da cromosfera deve ter uma fonte de energia que n˜ao s˜ao os f´otons produzidos no interior do Sol, pois se a energia fosse gerada por f´otons a cromosfera deveria ser mais fria do que fotosfera, e n˜ao mais quente. Atualmente se pensa que a fonte de energia s˜ao campos magn´eticos vari´aveis formados na fotosfera e transportados para a coroa por correntes el´etricas, deixando parte de sua energia na cromosfera. 158
  • 7. Figura 16.6: Foto do Sol obtida pela esta¸c˜ao espacial Skylab da NASA em 19 de dezembro de 1973, com um dos mais espectacular flares solares j´a gravados. A proeminˆencia abrange mais de 588 000 km. Os p´olos solares apresentam pouca super-granula¸c˜ao, e um tom mais escuro do que o centro do disco. 16.1.3 A Coroa A cromosfera gradualmente se funde na coroa, a camada mais externa e mais rarefeita da atmosfera do Sol. A coroa tamb´em ´e melhor observada durante eclipses, pois apesar de ter um brilho equivalente ao da lua cheia, ela fica obscurecida quando a fotosfera ´e vis´ıvel. O espectro da coroa mostra linhas muito brilhantes que, at´e 1940, n˜ao eram conhecidas. Atualmente sabemos que elas s˜ao produzidas por ´atomos de ferro, n´ıquel, neˆonio e c´alcio altamente ionizados, e n˜ao por algum ele- mento estranho, como anteriormente foi pensado. O fato de existirem esses elementos v´arias vezes ionizados na coroa implica que sua temperatura deve ser muito alta, pois ´e necess´aria muita energia para arrancar muitos el´etrons de um ´atomo. A coroa deve ter uma temperatura em torno de 1 milh˜ao de graus Kelvin. A eleva¸c˜ao da temperatura na coroa deve ter origem no mesmo processo f´ısico que aquece a cromosfera: transporte de energia por correntes el´etricas induzidas por campos magn´eticos vari´aveis. Da coroa emana o vento solar, um fluxo cont´ınuo de part´ıculas emi- tidas da coroa que acarretam uma perda de massa por parte do sol em torno de 10−13M por ano. O vento solar que atinge a Terra (aproximada- mente 7 pr´otons/cm3 viajando a cerca de 400 km/s) ´e capturado pelo campo magn´etico da Terra, formando o cintur˜ao de Van Allen, na magnetos- fera terrestre. Este cintur˜ao, descoberto pelo f´ısico americano James Alfred 159
  • 8. Van Allen (1914-2006) em 1958, s´o permite que as part´ıculas carregadas entrem na atmosfera da Terra pelos p´olos, causando as auroras, fenˆomenos luminosos de excita¸c˜ao e des-excita¸c˜ao dos ´atomos de oxigˆenio. Figura 16.7: Magnetosfera da Terra - cintur˜ao de Van Allen. Al´em das part´ıculas do vento solar, existem grandes eje¸c˜oes de massa associadas `as proeminˆencias, que quando atingem a Terra causam danos `as redes el´etricas e aos sat´elites. O ´ultimo m´aximo do ciclo de 11 anos ocor- reu em 1989, e logo ap´os uma grande proeminˆencia solar, a rede el´etrica na prov´ıncia de Quebec, no Canad´a, sofreu uma grande sobrecarga el´etrica que causou v´arios danos aos equipamentos. Algumas regi˜oes da prov´ıncia fica- ram at´e duas semanas sem luz el´etrica. Em 1994, o sat´elite de comunica¸c˜oes E2 teve alguns circuitos queimados por uma sobrecarga est´atica, tamb´em associada com a ejec¸c˜ao de uma nuvem de plasma solar. O m´aximo do ciclo solar atual ocorreu em 15 de fevereiro de 2001, quando o campo magn´etico solar reverteu de polaridade. Uma eje¸c˜ao coronal de massa tamb´em pode causar grandes ondas nas camadas externas do Sol, que podem estar relaci- onadas com o aquecimento da coroa. Normalmente as part´ıculas carregadas s˜ao desviadas pelo campo magn´etico da Terra para o Cintur˜ao de Van Allen, e somente chegam `a Terra pr´oximas aos p´olos. Entretanto o campo magn´etico terrestre n˜ao ´e um simples dipolo e existe uma depress˜ao no campo, no Atlˆantico Sul, que faz com que part´ıculas carregadas tamb´em cheguem ao solo na regi˜ao conhecida como Anomalia Ge- omagn´etica do Atlˆantico Sul. A Anomalia Geomagn´etica do Atlˆantico Sul ´e uma mancha de fluxo invertido, isto ´e, uma mancha com fluxo magn´etico direcionado para dentro dentro do hemisf´erio de fluxo direcionado para fora. Existem outras manchas menores, tanto no hemisf´erio norte quanto no he- misf´erio sul, de acordo com as medi¸c˜oes de campo magn´etico pelos sat´elites Magsat em 1980 e Oersted em 2000. Estas revers˜oes de fluxo s˜ao similares 160
  • 9. `as que causam as manchas solares: o fluxo de material l´ıquido e ionizado no n´ucleo da Terra ´e convectivo, turbulento e distorcido tamb´em por rota¸c˜ao diferencial do n´ucleo externo, l´ıquido (2900 km a 5100 km de profundidade), sobre o n´ucleo s´olido interno, cristalizado e que libera calor latente na cris- taliza¸c˜ao das camadas externas e de separa¸c˜ao de elementos menos densos, como sultefo de ferro e ´oxido de ferro. Estas manchas mudam de tamanho com o tempo e, quando aumentam at´e dominar o hemisf´erio, causam a re- vers˜ao do campo magn´etico da Terra. A ´ultima revers˜ao ocorreu h´a 780 mil anos. As eje¸c˜oes coronais de massas s˜ao bolhas de g´as quente (plasma), de bilh˜oes de toneladas, aquecidas pelos campos magn´eticos do Sol. Os campos magn´eticos do Sol se enrolam devido ao movimento turbulento de convec¸c˜ao mas tamb´em devido `a rota¸c˜ao diferencial, que faz com que o equador solar complete uma volta em 25 dias, enquanto que as regi˜oes pr´oximas aos p´olos completam uma volta em 36 dias. A desconex˜ao do campo magn´etico solar pode ocorrer em alguns minutos e tem uma energia equivalente a milhares de bombas atˆomicas. A radia¸c˜ao ultravioleta tem comprimentos de onda menores do que a radia¸c˜ao vis´ıvel e ´e normalmente dividida em trˆes faixas: UV-A, UV-B and UV-C. O UV-B, com comprimentos de onda entre 2900 e 3200 ˚A´e a faixa mais perigosa que alcan¸ca a superf´ıcie da Terra. O ozˆonio (O3) atmosf´erico, al´em do pr´oprio oxigˆenio molecular (O2) e nitrogˆenio, protegem os seres na superf´ıcie das componentes mais danosas (energ´eticas) da radia¸c˜ao solar. Mas processos qu´ımicos na atmosfera podem romper as mol´eculas de ozˆonio. Desde o in´ıcio da d´ecada de 1990 tem-se detectado um buraco na camada de ozˆonio sobre a Ant´artica. A redu¸c˜ao na camada de ozˆonio pode levar ao aparecimento de cˆancer de pele e cataratas nos seres vivos. 16.2 A energia do Sol T˜ao logo foi conhecida a distˆancia do Sol, em 1673, por Jean Richer (1630- 1696) e Giovanni Domenico Cassini (1625-1712) que determinaram a pa- ralaxe de Marte e com esta estimaram a unidade astronˆomica como 140 milh˜oes de km, foi poss´ıvel determinar a sua luminosidade, que ´e a potˆencia que ele produz. As medidas mostram que cada metro quadrado na Terra recebe do sol uma potˆencia (energia/segundo) de 1400 watts [James Watt (1736-1819)], ou seja, a potˆencia de 14 lˆampadas de 100 watts. O valor mais preciso da constante solar ´e 1367,5 W/m2, e varia 0,3% durante o ci- clo solar de 11 anos. Por essa potˆencia recebida na Terra, determina-se a luminosidade do Sol em 4 × 1026 watts, ou 4 × 1033 ergs/s. 161
  • 10. Essa quantidade de energia ´e equivalente `a queima de 2 × 1020 gal˜oes de gasolina por minuto, ou mais de 10 milh˜oes de vezes a produ¸c˜ao anual de petr´oleo da Terra. J´a no s´eculo XIX os astrˆonomos sabiam que essa energia n˜ao poderia ser gerada por combust˜ao, pois a energia dessa forma poderia manter o Sol brilhando por apenas 10 mil anos. Tampouco o colapso gravitacional, fonte de energia proposta pelo f´ısico alem˜ao Hermann Ludwig Ferdinand von Helmholtz (1821-1894) em 1854, resultou eficiente, pois a energia gravitacional poderia suprir a luminosidade do Sol por 20 milh˜oes de anos, e evidˆencias geol´ogicas indicam que o Sol tem uma idade de bilh˜oes de anos. Em 1937 Hans Albrecht Bethe (1906-2005) propˆos a fonte hoje aceita para a energia do Sol: as rea¸c˜oes termo-nucleares, na qual quatro pr´otons s˜ao fundidos em um n´ucleo de h´elio, com libera¸c˜ao de energia. O Sol tem hidrogˆenio suficiente para alimentar essas rea¸c˜oes por bilh˜oes de anos. Gra- dualmente, `a medida que diminui a quantidade de hidrogˆenio, aumenta a quantidade de h´elio no n´ucleo. Veja mais sobre este assunto no (Cap.22) na p´agina 231. Segundo os modelos de evolu¸c˜ao estelar, daqui a cerca de 1,1 bilh˜ao de anos o brilho do Sol aumentar´a em cerca de 10%, que causar´a a eleva¸c˜ao da temperatura aqui na Terra, aumentando o vapor de ´agua na atmosfera. O problema ´e que o vapor de ´agua causa o efeito estufa. Daqui a 3,5 bilh˜oes de anos, o brilho do Sol j´a ser´a cerca de 40% maior do que o atual, e o calor ser´a t˜ao forte que os oceanos secar˜ao completamente, exacerbando o efeito estufa. Embora o Sol se torne uma gigante vermelha ap´os terminar o hidrogˆenio no n´ucleo, ocorrer´a perda de massa gradual do Sol, afastando a Terra do Sol at´e aproximadamente a ´orbita de Marte, mas exposta a uma temperatura de cerca de 1600 K (1327 C). Com a perda de massa que levar´a a transforma¸c˜ao do Sol em uma an˜a branca, a Terra dever´a ficar a aproximadamente 1,85 UA. 162