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Ciências Sociais e Humanas
Curso de Ciências do Desporto
Unidade Curricular: Seminário
ANÁLISE DE SITUAÇÕES TÍPICAS NO FUTEBOL
– INTERVENÇAO NO TREINO ATRAVÉS DO
DIAGNÓSTICO DOS DESPORTISTAS
Tiago Belo Patita Nº25093
Docente: Prof. Doutor António Vicente
Covilhã, Junho de 2012
Universidade da Beira Interior 2011-2012
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ANÁLISE DE SITUAÇÕES TÍPICAS NO FUTEBOL
– INTERVENÇAO NO TREINO ATRAVÉS DO
DIAGNÓSTICO DOS DESPORTISTAS
Uma batalha só será conquistada pela humildade da ambição e do querer, mas
no fim temos que ter a responsabilidade do poder.
Tiago Belo Patita
Covilhã, Junho de 2012
Universidade da Beira Interior 2011-2012
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AGRADECIMENTOS
Para a realização deste trabalho foram importantes algumas pessoas que eu
queria agradecer e destacar pelo seu contributo.
Ao Professor António Vicente um especial obrigado por todo o conhecimento
que me transmitiu, não só nesta unidade curricular mas ao longo de todo o percurso de
aprendizagem. Por mostrar-se sempre pronto a ajudar, a esclarecer dúvidas e a orientar-
me no seguimento deste trabalho.
Aos colegas de curso Álvaro Aparício, Ana Santos e Cláudia Graça por se
mostram disponíveis para mandar qualquer tipo de informação.
Por fim, agradecer à minha amiga Julieta Oliveira por se mostrar disponível e
empenhada para fazer uma revisão do português.
Universidade da Beira Interior 2011-2012
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ÍNDICE
Introdução .......................................................................................................... 5
Revisão Bibliográfica.......................................................................................... 8
O que é o Futebol inserido no modelo de desportos colectivos de Almada F.............. 8
O que é o treino........................................................................................................... 10
Diagnóstico ................................................................................................................. 12
Prescrição.................................................................................................................... 15
Controlo ...................................................................................................................... 16
Passe............................................................................................................................ 17
Remate ........................................................................................................................ 27
Finta ............................................................................................................................ 31
Problema.......................................................................................................... 35
Metodologia...................................................................................................... 36
Exercícios de Diagnóstico no Passe............................................................................ 37
Exercícios de Diagnóstico no Remate ........................................................................ 45
Exercícios de Diagnóstico na Finta ............................................................................ 50
Tabela de esquematização de exercícios..................................................................... 54
Conclusão ........................................................................................................ 55
Bibliografia........................................................................................................ 56
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INTRODUÇÃO
Importa perceber que o Homem já não é visto como uma máquina que efectua
movimentos predefinidos, mas sim como um ser holístico que engloba todas as
componentes psicológicas, físicas, sociais, culturais, etc.
O treino de futebol vem sofrendo alterações ao longo dos anos. Inicialmente os
desportistas treinavam a preparação física pensando ser a melhor forma de atingir o
sucesso. Mais tarde, começou a treinar-se jogando. Depois, seguiu-se uma era em que se
separava o jogo do treino, realizando-se exercícios estáticos ou analíticos.
Actualmente estamos numa situação em que se percebeu que não se devem separar
todas as componentes do Homem, no entanto, teremos agora que mudar para uma lógica
diferente, em que o importante é realizar um diagnóstico dos desportistas para que haja
uma evolução personalizada em vez de todos treinarem o mesmo problema. “O
diagnóstico tem por objectivo detectar possíveis problemas através da quantificação
das variáveis em jogo, da análise, dos factores humanos”…” visa levantar hipóteses de
intervenção em função das capacidades e potencialidades dos indivíduos.” (ALMADA
1999), retirado d e Vicente A., (2005) “O Diagnóstico nas Actividades Desportivas:
Para uma Operacionalização no Modelo das Actividades Desportivas Colectivas”,
Trabalho com vista à obtenção do grau de mestre em Ciências do Desporto, UBI:
Covilhã
O diagnóstico vai portanto levar a que haja uma intervenção no treino
intencional, de acordo com as necessidades dos desportistas, permitindo-lhes evoluir as
suas capacidades. A esta intervenção no treino dá-se o nome de prescrição, devendo
assim servir para que os desportistas desenvolvam as suas capacidades, rentabilizando o
treino. Porém o treino só será rentabilizado se houver um controlo do desenvolvimento
dos desportistas em relação aos exercícios efectuados na prescrição, uma vez que é este
controlo que vai avaliar a evolução dos desportistas em relação aos objectivos definidos
através do diagnóstico.
Portanto neste trabalho, vou desenvolver uma intervenção no treino que vem na
sequência do diagnóstico dos desportistas aplicado ao futebol, por ser a modalidade com
a qual tenho mais contacto alguns anos. Será um trabalho baseado na taxonomia dos
desportos colectivos de Almada F., cujo modelo de referência simplificado é ∑t ≥ ∑t’.
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Algumas taxonomias distinguem os desportos, permitindo diferenciar uns dos
outros no que diz respeito apenas à quantidade de jogadores, porém o facto de existir
essa diferenciação não ajuda em nada na intervenção do treino, apenas existe para
separar as categorias de desportos. No entanto, esta taxonomia permite uma intervenção
no treino, tentando explicar a razão pela qual acontecem os movimentos que as pessoas
querem ver e que dão espectáculo ao desporto. Essa intervenção é sintetizada através de
um modelo de referência simplificado que se altera conforme as características dos
desportos, os seus objectivos e os comportamentos que se espera solicitar em cada um.
Segundo FERNANDO (2001), “uma das vantagens do conhecimento científico
é dar o domínio de uma metodologia que permita estruturar o conhecimento. Outra das
vantagens do conhecimento científico é que, em vez de tratar casos particulares, define
princípios que só são validos quando generalizáveis. Esta capacidade de estar
preparado para resolver problemas diferentes do que se planeou, e portanto o domínio
de um conhecimento científico, vai levar a que este seja fundamental compreender os
fenómenos. A compreensão dos fenómenos implica que o individuo não se limite a
imitar os gestos ou comportamentos, mas que seja capaz de criar estratégias de
resposta adaptadas aos problemas, tomar decisões e operacionalizá-las. Tudo isto
mesmo quando se encontra em situações critica.” (p.49) Este modelo de referência
permite perceber a razão pela qual acontecem alguns dos princípios de futebol, (que
muitos autores defendem como sendo o método de analisar o futebol) através de
variáveis que estão implícitas em qualquer situação de jogo. Tenta assim perceber por
exemplo, porque é que uma equipa com posse de bola deve procurar aumentar o espaço.
Segundo VICENTE A. (2005) “um modelo, deve assim, permitir-nos ter um
referencial da realidade que possibilite a identificação de comportamentos,
possibilitando a compreensão, a explicação, a gestão, a adaptação das actividades
desportivas a uma época, a uma realidade e a uma construção de futuro.” Como tal,
este modelo de referência, possibilita que o treino seja encarado de uma forma
dinâmica, em que obrigue os desportistas a adaptarem-se às situações de jogo, deixando
assim um quadro de referências estático, em que o treino era tratado de forma isolada e
através da experiência empírica.
Assim este trabalho vai explicar um processo muito importante antes do treino
propriamente dito dos desportistas, que assenta no diagnóstico dos mesmos. Isto porque
Universidade da Beira Interior 2011-2012
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é através do diagnóstico dos jogadores que vamos treinar, rentabilizando as suas
capacidades. Deste modo, irá também permitir dar algumas noções e reflexões sobre a
razão pela qual se escolhe determinado exercício em detrimento de outro, uma vez que é
a partir do diagnóstico e da relação de Homem – sociedade – actividade, que
escolhemos que comportamentos se espera solicitar nos desportistas.
Portanto o objectivo do trabalho será criar exercícios de diagnóstico dos
desportistas, sabendo que diferentes etapas do processo de treino, o diagnóstico, a
prescrição e o controlo. Vou ainda dentro de cada situação criar exercícios onde se
possa diagnosticar qual o problema de determinado jogador, explicando quais as
variáveis e os limites que o exercício deve ter para que se possa identificar o problema.
Em síntese, importa realçar que este trabalho não tem como objectivo criticar
qualquer metodologia de treino, mas antes perceber porque se utiliza determinada
intervenção nos exercícios. Isto é, perceber em que variáveis modificar para um correcto
diagnóstico, e perceber as interligações das variáveis nas diferentes situações típicas do
futebol, uma vez que através da minha curta experiência no futebol e através de vários
estudos, tenho notado que treinadores e autores importam-se apenas em defender o seu
método de treino, não adequando os exercícios às necessidades dos desportistas e levá-
los a desafiarem-se nos mesmos, o que poderia levar a uma rentabilização do seu treino.
Assim a escolha de cada exercício não depende se um método é bom ou mau,
mas depende do tipo de comportamentos que se espera solicitar junto dos desportistas
que vão realizar o exercício.
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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O que é o Futebol inserido no modelo de desportos colectivos
de Almada F.
É importante ter o conhecimento da definição de futebol, uma vez que assim nos
ajuda a perceber a complexidade da modalidade e a ter a noção de um conjunto de
variáveis que lhe estão implícitas de modo a que depois se traduzem numa
operacionalização adequada à realidade do jogo de futebol.
Assim o futebol é um desporto inserido no modelo dos desportos colectivos em
que tem como objectivo imediato a marcação de mais golos que a equipa adversária.
Sendo este desporto de natureza colectiva terá de haver uma divisão de tarefas
pelos diferentes elementos da equipa e conhecer a dinâmica do grupo. A prática deste
desporto implica que haja uma permanente análise de situações e variáveis que devem
ser pensadas num menor tempo que o adversário, tendo em conta o objectivo da equipa.
A análise das situações de jogo depende permanentemente das movimentações dos
adversários e dos colegas de equipa uma vez que são estes que definem o espaço e o
tempo para onde a bola deve ser colocada.
Segundo o modelo de referência simplificado dos desportos colectivos, o t  t’, o
t o tempo de acção ofensiva, e o t’ o tempo de acção defensiva. Por exemplo num
remate no futebol o t é o tempo que a bola demora a chegar à baliza e o t’ o tempo que o
guarda-redes demora a chegar a um possível ponto de intercepção. Se o t’ for menor ou
igual significa que a bola será interceptada. (Almada F., etal, 2008)
Sendo esta uma modalidade colectiva, existem funções a desempenhar por cada
jogador na equipa e uma relação entre os jogadores e uma coordenação (domínio da
dinâmica de grupo), assim poderemos falar num somatório de tempos, que neste caso
definem o tempo que cada jogador leva a realizar a sua tarefa dentro de campo para
posterior construção da jogada (t 1+t 2+t 3+t 4+t n). Assim o modelo de referência de
forma simplificada será ∑t ≥ ∑t’. (Almada F., etal, 2008)
Tendo em conta as componentes do jogo de futebol anteriormente explícitas (a
função que cada jogador desempenha na equipa e o domínio da dinâmica de grupo),
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pode-se acrescentar outra componente que as relaciona, que é a adaptação à equipa
adversária, uma vez que as acções que uma equipa faz, têm a oposição de uma outra
equipa. Estas acções variam, uma vez que os espaços entre jogadores da mesma equipa
e os espaços entre a própria equipa são sempre alterados o que altera também o tempo
que cada jogador tem para fazer as movimentações necessárias para o seu objectivo,
alterando assim o tempo de todas as variáveis implícitas na acção.
Esta taxonomia onde é inserida o futebol é uma concepção que se diferencia das
outras, uma vez que permite a quem conheça as variáveis implícitas no jogo uma
aplicação no treino, isto é, através das variáveis implícitas nesta actividade desportiva
(e=v.t; v=at;f=ma; Ec=1/2mv2
), o orientador poderá identificar qual o problema que o
desportista tem, permite perceber a razão pela qual ocorrem os princípios comuns no
futebol, isto é, através do modelo dos desportos colectivos (∑t ≥∑ t’), os fenómenos que
acontecem no futebol podem ser explicados, compreendendo a razão porque acontecem.
Por exemplo no futebol existe um princípio de quando a equipa que tem a bola deve
“abrir”. Este modelo permite-nos saber que os jogadores quando tem a bola devem
abrir, porque pretendem aumentar o tempo que a equipa adversária tem até interceptar a
bola, aumentando o espaço que têm de percorrer. Portanto o conhecimento dessas
variáveis permite assim beneficiar o modelo de referência a favor da sua equipa (∑t ≥∑
t’).
Existem muitas metodologias de intervenção no treino, no entanto nenhuma
delas relaciona o Homem como ser holístico em que relacione o Homem na sociedade e
no desporto.
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O que é o treino
O treino já passou por vários paradigmas. Primeiro o Homem era visto como
uma máquina, uma vez que tinha que cumprir todas as ordens do treinador e todos os
jogadores eram treinados da mesma forma, como se fossem todos iguais. Havia
portanto, uma era de comando, isto é, “ A tomada de decisão e o próprio ritmo são
centrados em quem comanda. Não se permite pois que surjam dúvidas, porque poriam
em causa o poder…”( Almada F.,etal, p.202). Assim os desportistas não compreendiam
o que estavam a fazer, faziam as acções que lhes eram incumbidas.
Para Vicente A. 2005, o objectivo do desporto é formar as pessoas, para isso é
necessário passar de uma lógica formal em que os desportistas fazem o que lhes
mandam e imitam gestos, para uma lógica funcional em que o desportista compreende a
razão porque está a fazer as acções, permitindo assim que o jogador se adapte a
diferentes situações. “Os gestos são o resultado, a parte visível de um todo global e
globalizante que é o Homem, por isso não faz sentido analisar os gestos só por si uma
vez que estes não são um conjunto de forças mas sim de decisões humanas, são o
resultado de uma globalidade. Os gestos são os indicadores do que é o Homem, como
ser holístico que é, e como se expressa nas diferentes situações em que se encontra.”
Vicente A. (2005) Perante esta situação estamos num paradigma dinâmico, em que se
pretende transformar o Homem dentro da actividade e para a sociedade.
Segundo o mesmo autor, perante estes paradigmas temos que fazer uma opção
ou escolhemos uma orientação em que privilegia os gestos, saída motora, ou outra em
que privilegia a tomada de decisão e a funcionalidade das acções, que se centra nas
entradas sensoriais, tratamento central e nos comportamentos que se espera solicitar nos
desportistas. “ No futebol, tal como em qualquer outro desporto, é necessário perceber
que comportamentos queremos solicitar, em que entradas sensoriais devemos
privilegiar e em que processos nos devemos centrar para que efectivamente possamos
treinar e, numa perspectiva de rendimento, alcançar os objectivos pretendidos.”
(Vicente A. 2005)
Portanto o treino, deve permitir que os desportistas desenvolvam e potenciem as
suas capacidades, e percebam a funcionalidade das acções, a razão porque as coisas
acontecem permitindo assim uma melhor adaptação. No entanto, deve ser ao máximo
rentabilizado, devendo assim haver um equilíbrio entre o que se deve melhorar e as
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capacidades que se querem desenvolver. Por exemplo, se um jogador rematar mal com
o pé esquerdo e mais ao menos bem com o pé direito, devemos perceber o que
compensa mais treinar. O mais adequado poderia ser melhorar ainda mais o remate com
o pé direito, em vez de treinar o esquerdo.
“Treinar aspectos que já não vão evoluir porque estão no seu limite máximo
que a pessoa pode atingir ou, que nem sequer são interessantes, constituem um
aumento muito significativo nos custos que não trará benefícios que justifiquem os
investimentos realizados.” (Vicente A. 2007)
Portanto deve-se perceber que o treino tem limites, o tempo não é infinito, isto é,
deve-se perceber o que vale a pena treinar, não treinando tudo, mas sim o que é mais
rentável para o desportista. 5 Minutos num treino equivale a muito tempo ao fim de um
ano de treinos, tempo esses em que o desportista poderia desenvolver mais as suas
capacidades num exercício que valesse mesmo a pena.
No entanto para potenciar cada desportista é necessário que haja uma avaliação
do mesmo, para definir objectivos de treino que sejam coerentes entre as capacidades do
desportista e aquilo que ele pode dar á equipa (sabendo sempre que o tempo é finito,
não se devendo treinar tudo). Após este ponto de partida do treino terá de haver uma
prescrição, isto é, a receita para fazer frente aos problemas identificados no diagnóstico,
para assim poder potencializar as capacidades do desportista. Terá também de haver um
controlo nos exercícios, para que estes, demonstrem os comportamentos que se espera
solicitar no desportista e perceber o desenvolvimento do desportista.
Fernando Almada demonstra esta metodologia da seguinte forma: “ – um
diagnóstico, que nos permita detectar possíveis problemas existentes, através da
quantificação das variáveis em jogo, e pela a análise dos factores humanos de que
depende a sua variação, e, levantar as várias hipóteses de intervenção, em função das
capacidades e potencialidades apresentadas pelos indivíduos; - uma prescrição do
tratamento a dar aos factores em jogo, estabelecendo a sua dosagem, articulação e
limites, considerando a analise da relação custos-benefícios que cada uma das
hipóteses apresenta, no curto, médio e longo prazos, que nos permita optar pela mais
rentável, tendo em conta a articulação dos objectivos mediatos, - a formação do
Homem visada – com os objectivos imediatos; - a definição de uma estratégia da
actuação, programando e planeando as acções a desenvolver, tendo em conta a sua
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adequação quer metodológica, quer pedagógica; - que se estabeleçam os meios e
formas que permitam controlar e aferir o processo evolutivo.” (Almada 1999)
Diagnóstico
Para que se possa formar um desportista de acordo com este método deve-se
antes avaliar cada jogador pois para definir objectivos de treino há que ter em conta as
capacidades, as potencialidades, os objectivos pessoais da pessoa e posteriormente os
objectivos que se tem para a pessoa face à actividade. “…não é rentável forçar a pessoa
a “encaixar” nos objectivos definidos sem se ter em conta as suas características,
capacidades e potencialidades. Ao obrigar alguém a ser quem não é, a fazer o que não
tem potencialidades para fazer, ao ir contra as suas características, personalidade,
forma de ser, de encarar o mundo, podemos estar a obrigar a pessoa a seguir um
caminho “contra-natura” que, em situações que a aproxime dos seus limites, tenderá a
revelar o seu verdadeiro eu.” (Vicente A, 2007)
Assim o instrumento que permita definir o caminho da pessoa dentro da
actividade desportiva será a realização de um diagnóstico. Porém o diagnóstico nunca
está acabado, uma vez que se está permanentemente durante a actividade desportiva a
analisar e avaliar a pessoa, sendo que alcançando um objectivo se deve logo atingir
outro, havendo constantemente alterações de objectivos.
“O diagnóstico é um instrumento que permite identificar a pessoa na
actividade desportiva, as suas necessidades, características, capacidades e
potencialidades para que se possa rentabilizar o processo de treino deixando de treinar
um pouco de tudo o que se pensa necessário na esperança de que a pessoa possa
melhorar e sua prestação, se possa superar.” (Vicente A., 2005)
Deste modo, após a realização do diagnóstico de um desportista conseguiremos
identificar eventuais problemas que ele possa ter na realização de diversos exercícios e a
razão porque acontecem. Assim, é possível definir objectivos imediatos, isto é, que
procuram resolver um problema a curto prazo, como por exemplo, fazer com que o
desportista consiga realizar um passe com sucesso; no entanto não se pode desprezar
outros objectivos, tais como os imediatos que têm uma perspectiva a longo prazo, em
que o objectivo é a transformação do Homem e a sua formação, sendo que os objectivos
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imediatos influenciam a mesma. Esses problemas podem ser de natureza técnico-
tácticas, psicológica, sociais, culturais, etc…
No diagnóstico importa perceber quais os problemas da pessoa mas também
perceber de que forma o jogador poderá desenvolver as suas capacidades e
potencialidades. Assim não se deve treinar só os problemas que a pessoa tem mas sim,
mais situações onde a pessoa possa se adaptar ao contexto. No entanto este trabalho
deve ser feito de uma forma rentável, uma vez que não se deve treinar tudo, pois
devemos ter em conta que o treino não é infinito e por isso é necessário perceber qual a
melhor forma do desportista responder a cada situação.
É importante perceber que cada problema tem as suas causas e aqui interessa
saber quais essas causas e de onde vêem, para assim na prescrição solicitar
comportamentos de modo a que o desportista evoluía. Por exemplo, um jogador não
consegue realizar um passe, mas porquê? Qual a causa? Poderá ser porque não consegue
exercer uma força suficiente na bola ou porque não consegue perceber a relação centro
de massa/base de apoio do defesa, etc…
No entanto para definir objectivos é necessário incluir outros factores para além
de desenvolver as capacidades e potencialidades do desportista, “é necessário que
sejam equacionadas questões como, por exemplo, as condições existentes (humanas,
materiais, temporais, espaciais, financeiras, etc…), as características das pessoas, do
contexto.” (Vicente A. 2005)
Sendo assim o treino deve ser adaptado a cada contexto, por exemplo, treinar
crianças de 8 anos é diferente de treinar crianças de 15 anos, ou treinar com 5 bolas é
diferente de treinar com 20 bolas.
Para poder separar as competências dos desportistas de modo a resolver mais
facilmente os seus problemas Vicente A., (2005) através de Almada, (1999), definiu 3
grupos de problemas:
O domínio de si próprio, em que se refere ás capacidades, características
individuais do desportista e às suas percepções. Um exemplo disto é a capacidade que
um individuo tem de controlar a bola.
O domínio de território, diz respeito ao espaço que o desportista se relaciona, se
está adaptado ou não. Se uma pessoa estiver num espaço que não conhece ou não está
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adaptado poderá influenciar negativamente todas as outras vertentes. Um bom exemplo
disto é o facto se um jogador que é avançado for jogar para defesa.
O domínio das relações sociais, refere-se à relação do desportista com as outras
pessoas. Dentro da actividade este domínio pode corresponder à inter-relação que o
individuo tem entre os colegas de equipa, adversários ou mesmo com o treinador.
Portanto estes três domínios vão permitir que os orientadores definem mais
facilmente em que domínio estará o problema, trabalhando depois na prescrição esse
problema, assim ajuda a identificar melhor que variáveis o desportista pode trabalhar
para a resolver o problema.
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Prescrição
A prescrição vem no seguimento do diagnóstico uma vez que tem como
objectivo resolver os problemas detectados no mesmo, ajustando “os exercícios de
treino às transformações pretendidas de acordo com os objectivos visados e os
rendimentos possíveis.” (Vicente 2007)
Esta metodologia de intervenção no desportista, tal como o diagnóstico, não
deve desprezar as características da cada desportista, a individualidade do treino é
fundamental para que haja uma maior rentabilização do mesmo.
Para haver uma intervenção eficaz no desportista, os exercícios prescritos devem
ter em conta o diagnóstico, solicitar à pessoa os problemas identificados no mesmo. Por
exemplo, num exercício de passe, identificamos que um jogador não era capaz de
efectuar o passe porque não era capaz de perceber qual o lado em que o defesa
demorava mais tempo a chegar tendo em conta a relação centro de massa/base de apoio.
Assim devemos colocar um exercício que solicite ao jogador a leitura desse
indicador. “O treinador deve procurar desequilíbrios, colocar problemas, dificuldades
que estejam perto dos limites específicos daquela pessoa embora sem os ultrapassar,
pois é isso que fará a pessoa transformar-se, superar-se.” (Vicente A 2007)
Vicente A. (2007), indica o conceito de princípios activos como forma de se
saber onde actuar, que desequilíbrios provocar e que desafio estimular no
desportista.“…factor que é responsável pelo efeito provocado pelo exercício por actuar
sobre um determinado aspecto do desportista” (Vicente A.,2007)
Segundo o mesmo autor os princípios activos vão permitir dar a resposta aos
problemas identificados no diagnóstico, actuando sobre o que falta desenvolver para que
se possa rendibilizar o processo de treino, permitindo-nos assim não desperdiçar
recursos a treinar o que não é preciso. Portanto o princípio activo é a variável que se
quer que o desportista evolua.
Ainda o mesmo autor indica que, as prescrições devem constituir um desafio
para o desportista, fazendo com que ele se adapte, superando-se a si próprio. O treinador
deve portanto mostrar à pessoa em que indicador se deve focar para dar resposta ao seu
objectivo.
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Controlo
Para resolver os problemas que um desportista tem teremos que solicitar
comportamentos que o levem a superar-se, isto é o exercício segundo Vicente A.
(2007), deve constituir um desafio para o desportista, para que este seja obrigado a
aproximar-se dos seus limites, adaptando-se assim ao problema. No entanto para o
exercício solicite os comportamentos desejados para atingir o objectivo, deve haver um
controlo por parte do orientador.
O controlo é feito através das variáveis pertinentes na actividade, indicadores, e
tendências evolutivas que servem para perceber de que forma os exercícios estão a
resolver os problemas que pretendemos. Por exemplo, imaginando que um defesa não
era capaz de interceptar a bola porque não percebia os indicadores da relação centro de
massa/ base de apoio do portador da bola: para resolver este problema teríamos que
prescrever um exercício que solicite o defesa a perceber na relação centro de massa/base
de apoio do portador da bola para que lado terá mais facilidades em passar a bola
relacionando o objectivo do defesa (interceptar a bola). Ao realizar um exercício em que
tinha demasiado espaço para percorrer até interceptar a bola, o defesa até pode estar a
perceber para que lado a bola vai, mas não consegue percorrer um espaço demasiado
grande até interceptar a bola, assim teremos que diminuir o espaço para que ambos os
comportamentos sejam os solicitados.
No controlo interessa que os princípios activos sejam cumpridos através de uma
posologia correcta, isto é, da quantidade de exercício que é necessária para que os
objectivos de treino sejam cumpridos.
“Caso a posologia não seja indicada, por excesso ou por defeito, não se alcançarão os
resultados desejados. Assim, o principio activo até pode ser o pertinente para a
situação em causa, mas se a sua dosagem não corresponder às necessidades, os efeitos
não serão os desejados.” (Vicente A., 2007)
Portanto quando se treina qualquer tipo de variável, deve-se perceber que qual a
dosagem que cada desportista deve necessitar, isto é, se um desportista realizar um
exercício com pouca duração e não estiver nos limites, o jogador não obtém
desenvolvimento, se realizar o exercício com muita duração, estamos a desperdiçar o
tempo que é finito, logo não o estamos a rentabilizar. Portanto deve-se colocar o jogador
nos limites fazendo com ele se supere no exercício.
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Para haver uma melhor compreensão das situações típicas do futebol vou
explicar os fenómenos que acontecem em cada uma delas bem como as interligações
das variáveis implícitas em cada situação, seguindo o modelo dos desportos colectivos
de Almada F.
Passe
Um passe é uma forma de fazer chegar a bola a um colega que se encontre
melhor posicionado em campo em função do objectivo, de forma a haver a criação de
situações de finalização ou dar continuidade à jogada da equipa.
Tendo em conta o modelo de referência dos desportos colectivos, um passe só
será bem sucedido, se o tempo que a bola demora até ser recebida por um colega de
equipa (t) for menor que o tempo que os adversários dispõem para chegar a um possível
ponto de intercepção do passe (t’). No entanto isto é apenas a parte visível desta acção
uma vez que antes da saída motora existe as entradas sensoriais e o tratamento central.
As entradas sensoriais são informações e indicadores captadas externamente e é
a partir das mesmas que os jogadores que têm a bola vão identificar os indicadores que
recolhem das movimentações e posições dos colegas de equipa e dos adversários,
percebendo as possibilidades que esses mesmos colegas lhes dão para prosseguir a
jogada (onde estão posicionados, que continuidade podem dar á jogada, entre outras.), e
também percebendo as possibilidades que lhes são dadas pelos adversários (onde estão,
que possibilidades tem de interceptar a bola, como é possível ultrapassá-los)
Cada jogador para saber interpretar essas informações deve compreender uma
série de variáveis de modo a poder identificar os indicadores das pessoas que participam
na acção (e=v.t; v=a.t; f=ma; Ec=1/2mv2
), estas variáveis são vistas de maneira
diferente para cada jogador que realiza a acção, como vamos ver a seguir.
Portanto em vez de estarmos a trabalhar com um t ou t’ poderemos falar de um
somatório de tempos em que cada jogador demora a fazer as suas acções tendo em conta
o objectivo, assim passamos a considerar (∑t ≥ ∑t’), em que o ∑t é o somatório do
tempo da acção ofensiva e ∑t’ é o somatório do tempo de acção defensiva.
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Poderemos dividir estes tempos em outros mais pormenorizados de modo a que
se possa identificar mais precisamente onde está o problema: (jogador com bola) t1 –
tempo que o jogador com bola observa o defesa e o jogador com bola; t2 tempo que o
jogador utiliza para a saída motora; t3 – tempo que a bola demora a percorrer o espaço
até chegar ao jogador que vai receber a bola; (defesa) t1’ – tempo que o defesa demora
até perceber a trajectória da bola; t2’ – tempo de deslocamento do defesa; poderemos
ainda incluir um terceiro tempo que diz respeito ao jogador que vai receber a bola, uma
vez que também este tem interferência na trajectória da bola (jogador que vai receber a
bola) t’’1 – tempo que o jogador observa o defesa e o jogador com bola; t’’2 – tempo
que demora a percorrer um espaço para receber a bola.
Portanto, qualquer análise desta acção deve partir deste pressuposto.
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Jogador com bola (t)
Figura adaptada de Vicente A., (2005) “ O Diagnóstico nas Actividades Desportivas: Para uma Operacionalização no
Modelo das Actividades Desportivas Colectivas”, Trabalho com vista à obtenção do grau de mestre em Ciências do
Desporto, UBI: Covilhã
 (Entradas Sensoriais/Tratamento Central/Saída Motora)
As entradas sensoriais no jogador com bola são lhe dadas pelo defesa e pelo
jogador que vai receber a bola, contudo também é influenciado pelos restantes
adversários e a posição que está no campo. Poderemos identificar alguns indicadores
que este jogador deve ter em conta no passe como por exemplo a relação centro de
massa/base de apoio do defesa. Torna-se mais difícil para o defesa interceptar a bola se
o jogador com bola definir a trajectória da bola para o lado em que o adversário demora
mais tempo a deslocar-se. Este jogador poderá ainda identificar no jogador que vai
receber a bola, para que lado ele se está a deslocar, tendo assim também ter em atenção
à relação cm/ba do seu colega de equipa, uma vez que assim poderá colocar a bola
numa trajectória em que o defesa tem que percorrer um espaço maior para chegar à bola
e permite que a bola seja colocada para onde o colega de equipa vai estar e não para
onde está, facilitando o seguimento da jogada, visto que o jogador que recebe a bola não
tem que perder tempo em receber a bola parado. Visto isto entende-se que qualquer
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passe tem influência de todos os intervenientes e que não é só o jogador que tem a bola
é que define a trajectória da bola.
 (e= v.t)
Como já vimos um passe só terá sucesso se o tempo que a bola demora a
percorrer o espaço entre o jogador com bola e o jogador que vai receber a bola for
menor que o tempo que o defesa tem para percorrer o espaço até interceptar a bola.
Assim interessa ao jogador com bola diminuir o tempo que a bola demora até chegar ao
colega de equipa, para isso pode mexer em duas variáveis: velocidade da bola ou o
espaço que a bola percorre até chegar ao colega, podendo aumentar também o espaço
que o defesa tem até interceptar a bola.
O aumento da velocidade da bola pode trazer tendências evolutivas
contraditórias, uma vez que ao aumentar-mos a velocidade estamos a dar mais
indicadores ao defesa para ele perceber qual será a trajectória da bola; quanto mais
velocidade menos precisão existe no passe e o colega pode não conseguir fazer a
recepção da bola visto que esta vem com muita velocidade.
 (v=a.ta)
Para que haja o aumento da velocidade da bola na realização do passe, pode-se mexer
em duas variáveis: a aceleração e o tempo de aceleração. Se optarmos por aumentar o
tempo em que a bola é acelerada (tempo de aceleração), mantendo a aceleração
constante, devemos procurar tirar o máximo partido da coordenação da nossa cadeia
cinética, fazendo com que esta ganhe uma maior energia cinética. Caso durante o
movimento haja uma desaceleração da cadeia cinética a bola irá com menos velocidade.
Ao aumentarmos o tempo em que a bola é acelerada, estamos a dar mais
indicadores aos nossos adversários do movimento que pretendemos realizar, e da
velocidade da bola podendo assim diminuir o tempo que o adversário tem para chegar a
um possível ponto de intersecção com a bola.
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 (a=F/m)
A aceleração pode ser aumentada de duas formas: ou aumentando a força ou
diminuindo a massa. Neste caso é impossível alterar a massa uma vez que a massa da
bola é inalterável, portanto é necessário que o jogador consiga relacionar todas as
componentes da força, imprimindo assim uma maior força na bola.
 (Ec=½mv²) / Cadeia Cinética / Componentes da Força
Uma das maneiras para se aumentar a força que o jogador exerce na bola ao
realizar um passe para o colega, é aumentar a energia cinética gerada no movimento do
passe. Para isso, e segundo a fórmula (f=m.a), pode-se aumentar a velocidade dos
segmentos do corpo utilizados para a realização do passe ou correr mais de trás,
partindo do pressuposto que não houve a travagem do movimento, que implicaria uma
desaceleração, e posterior perda de maior parte da energia cinética acumulada
anteriormente. Outra forma de se aumentar a energia cinética gerada no movimento pelo
passe, é aumentar-se a massa dos segmentos a utilizar na realização do passe, ou seja,
utilizando um maior número de segmentos do corpo. Partindo da formula da energia
cinética, é possível constatar que para os desportistas aumentem a energia cinética
gerada no movimento que antecede o passe, estes devem utilizar preferencialmente uma
maior velocidade dos segmentos do corpo, em vez de utilizarem uma maior massa
envolvida no movimento de passe, pois esta massa só irá resultar em metade da
totalidade na energia cinética, enquanto que a velocidade irá resultar no dobro da
energia cinética gerada no movimento.
O jogador que efectua o passe terá de ter a consciência de que ao aumentar a
massa envolvida no movimento do passe, utilizando um maior número de segmentos do
corpo, está a dar mais indicadores ao seu adversário, sobre qual poderá ser da
velocidade da bola e direcção da mesma.
 Relação centro de massa/base de apoio
Outra forma de aumentar-se a capacidade de exercer forças na bola na realização
do passe, é nos dada pela relação Cm/Ba do jogador. Assim, para o aumento da força
exercida na bola na realização do passe, o jogador que possui a bola deve deslocar o seu
centro de massa de modo a que a resultante das forças vão para onde pretende passar a
bola. Contudo, este deslocamento do centro de massa para a frente, não pode ser
exagerado, ou seja não pode sair fora dos limites da sua base de apoio, pois o
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desportista fica sujeito a entrar em desequilíbrio. Um outro aspecto a ter em conta, com
o avanço do centro de massa do desportista na realização do passe, baseia-se no facto de
haver mais indicadores a serem dados aos adversários, correndo o risco dos adversários
poderem antecipar a jogada.
Os indicadores fornecidos por ambos os jogadores, podem também ser
aproveitados como forma de enganar os adversários.
Após termos visto as variáveis que estão implícitas no passe passamos agora
para o modo como cada jogador utiliza as variáveis a seu favor tendo em conta a sua
função no passe.
Defesa (t’)
Figura adaptada de Vicente A., (2005) “ O Diagnóstico nas Actividades Desportivas: Para uma Operacionalização no
Modelo das Actividades Desportivas Colectivas”, Trabalho com vista à obtenção do grau de mestre em Ciências do
Desporto, UBI: Covilhã
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 (Entradas Sensoriais/Tratamento Central/Saída Motora)
As entradas sensoriais do defesa são dadas principalmente pelos indicadores que
o jogador com bola dá de modo a definir a trajectória da bola. O defesa deverá perceber
através da cadeia cinética utilizada pelo jogador com bola e a sua relação centro de
massa/base de apoio qual será a trajectória da bola (t1’), uma vez que quanto mais cedo
perceber para que lado a bola irá mais tempo disponível tem para se deslocar o que faz
diminuir o tempo que o defesa tem para percorrer o espaço até a um possível ponto de
intersecção. O defesa deverá ter em conta ainda a posição do jogador que vai receber a
bola, uma vez que este define também o espaço que o defesa tem até interceptar a bola.
O tratamento central consiste em o cérebro ao captar os estímulos das entradas
sensoriais identificar qual a trajectória que a bola irá ter. Após isto o defesa efectua a
saída motora, que é a parte visível do movimento, onde o defesa começa a deslocar-se
para interceptar a bola.
 (e= v.t)
Para que o defesa atinja mais facilmente o seu objectivo, (intercepção da bola),
pode mexer em duas variáveis a sua velocidade ou diminuir o espaço que tem de
percorrer até interceptar a bola. Para diminuir o espaço até à intercepção da bola, o
defesa tem que ter em atenção aos indicadores ditos anteriormente tanto do jogador com
bola como do jogador que vai receber a bola. Pode ainda variar o espaço entre o jogador
com bola e o jogador que vai receber a bola, isto é, se o defesa estiver mais perto do
jogador com bola terá menos espaço para percorrer até à bola mas tem menos tempo
disponível para reagir, se se posicionar mais perto do jogador que vai receber a bola terá
mais espaço para percorrer até interceptar a bola mas tem mais tempo disponível para
reagir até à intercepção da bola.
 (v=a.ta)
O defesa para conseguir interceptar a bola, terá de aumentar o tempo em que
acelera os seus segmentos para deslocar-se, nomeadamente os membros inferiores. A
outra forma de aumentar a sua velocidade de deslocamento é aumentar a aceleração do
seu movimento de deslocamento.
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 (a=F/m)
Para que o defesa aumente a aceleração só pode aumentar a força exercida no
solo, uma vez que a sua massa em jogo é inalterável.
 (Ec=½mv²) / Cadeia Cinética / Componentes da Força
Para o defesa aumentar a força aplicada para se deslocar, pode aumentar a
energia cinética, aumentando a aceleração dos seus segmentos, pode aumentar a cadeia
cinética utilizada permitindo aumentar a aceleração, realizar o movimento coordenado
através da relação centro de massa/base de apoio, isto é, fazer com que a sua resultante
das forças se direcionam para o lado em que o jogador pretende se deslocar.
 Relação centro de massa/base de apoio
Este jogador pode também aproveitar o deslocamento do seu centro de massa em
direcção ao sentido no qual pretende deslocar-se, conseguindo assim, uma resultante de
forças favorável ao deslocamento do seu corpo em direcção ao ponto de intercepção da
bola.
Jogador que vai receber a bola (t’’)
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Figura de Vicente A., (2005) “ O Diagnóstico nas Actividades Desportivas: Para uma Operacionalização no Modelo
das Actividades Desportivas Colectivas”, Trabalho com vista à obtenção do grau de mestre em Ciências do Desporto,
UBI: Covilhã
 (Entradas Sensoriais/Tratamento Central/Saída Motora)
O jogador que recebe a bola deve ter a noção que é um elemento muito
importante no passe podendo definir a trajectória do mesmo, isto porque é ele que vai
dar seguimento à jogada em que tem como objectivo o golo.
Este jogador deve ter como entradas sensoriais os indicadores do colega de
equipa que tem a bola, a posição do defesa que pode interceptar a trajectória do passe, a
posição dos restantes adversários que de seguida podem lhe tirar a posse da bola, a
posição dos colegas de modo a que após receber a bola possa ter outras formas de
desenvolver a jogada e a posição que está no campo. De modo a simplificar o treino no
passe, aqui falaremos apenas nos indicadores dados pelo colega de equipa e pelo defesa.
Portanto, o jogador que vai receber a bola, nas entradas sensoriais que recebe do
colega de equipa com bola deve ter em atenção às suas possibilidades de acção, isto é,
ter em conta a relação centro massa/base de apoio e a sua resultante das forças, uma vez
que estas variáveis dão uma melhor previsão do que irá acontecer, visto que o
desportista terá melhores capacidades para coordenar o movimento e imprimir uma
maior força na bola. Em relação aos indicadores do defesa este jogador terá que olhar
para a relação centro de massa/base de apoio do mesmo, uma vez que esta lhe permite
identificar qual o lado em que o defesa terá mais dificuldade em se deslocar, demorando
assim mais tempo a interceptar a bola, portanto esse será em que ele se dirige para
receber a bola.
No entanto se o lado em que o jogador com bola tiver mais facilidades em passar
coincidir com o lado em que o defesa demora menos tempo a se deslocar, o jogador que
vai receber a bola deve escolher esse mesmo lado, porém deve fazer aumentar o espaço
que o defesa tem até interceptar a bola, aumentando a velocidade ou aumentar o espaço
a que está até ao defesa, isto porque é mais fácil ele se deslocar do que o jogador com
bola alterar a sua posição, uma vez que está com bola e tem um defesa que lhe pode
tirar a posse da bola.
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 (e= v.t)
No que diz respeito ao jogador que vai receber a bola, o tempo deve ser o adequado
para tendo em conta a velocidade a que vem a bola o jogador receber a bola.
Como já vimos quanto mais cedo se identificar os indicadores das entradas
sensoriais mais facilmente se poderá diminuir o tempo até chegar à bola. Contudo este
jogador poderá ainda diminuir o tempo até receber a bola, diminuindo o espaço que tem
de percorrer até receber a bola ou aumentar a sua velocidade.
 (v=a.ta)
Caso não possa aumentar o espaço então terá que diminuir a velocidade, para
isso poderá aumentar a aceleração ou o tempo de aceleração. O tempo de aceleração é o
tempo em que o jogador demora a fazer a aceleração para o movimento. Caso durante o
tempo de aceleração exista uma desaceleração do movimento a velocidade vai ser
menor, uma vez que a aceleração diminui.
 (a=F/m)
A aceleração pode ser alterada aumentado a força ou diminuindo a massa. Neste
caso como a massa do jogador durante o jogo é inalterável, apenas se pode aumentar a
força.
 (Ec=½mv²) / Cadeia Cinética / Componentes da Força
Para o jogador aumentar a força aplicada para se deslocar poderá aumentar a
energia cinética, aumentando a velocidade dos segmentos ou a massa, poderá utilizar
uma maior cadeia cinética, poderá coordenar todas as componentes da força para o
movimento, e fazer com que a resultante dessas forças seja a mais eficaz para a
realização do movimento, como a relação centro de massa/base de apoio.
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Remate
De seguida analiso o remate tendo em conta que o rematador está apenas numa
situação de interacção com o guarda-redes e a baliza, isto é, tem apenas de se centrar no
seu tempo e no tempo de guarda-redes (t ≥ t’), isto porque caso exista mais jogadores á
frente o jogador terá que ter mais indicadores
Segundo Vicente A.,(2007) num quadro de referência dinâmico o remate deve
ser analisado não só no movimento padrão em que se centra apenas no jogador, fazendo
com que este repita movimentos já definidos, mas sim numa perspectiva em que
procura “…identificar onde será mais rentável obter vantagem no diferencial de tempos
em função das características dos jogadores face aos recursos disponíveis (temporais,
materiais, instrumentais, financeiros, etc.), percebendo a funcionalidade do processo, ou
seja, como se interligam as variáveis e qual a estratégia utilizada para articular as
diferentes variáveis em jogo, pois o diferencial que se pretende é uma relação entre dois
somatórios e, o resultado do treino visa optimizar, a nosso favor, a relação dos dois
somatórios realizados.” (Vicente A. 2007)
Tendo em conta o modelo de referência dos desportos colectivos (∑t ≥ ∑t’),
considerando o ∑t o somatório do tempo da acção ofensiva e ∑t’ o somatório do tempo
de acção defensiva, segundo Vicente A.(2007). Poderemos dividir estes tempos em
outros mais pormenorizados, de modo a permitir que no treino seja mais fácil perceber
onde está o problema: t1 – tempo que o rematador utiliza até rematar; t2 tempo que a
bola demora a percorrer um espaço até chegar à baliza; t1’ – tempo do guarda-redes
antes de se deslocar; t2’ – tempo de deslocamento do guarda-redes.
Somatório do tempo do rematador (∑t)
No t1 o rematador terá que ter em atenção às entradas sensoriais, onde vai
receber os estímulos, olhando para a relação centro de massa /base de apoio do guarda-
redes e para a sua posição na baliza, depois no tratamento central o jogador vai avaliar
para que lado o guarda-redes demorará mais tempo a chegar a um possível ponto de
intercepção da bola, para rematar a bola para o lado em que o guarda-redes demora mais
tempo a chegar à bola, tendo em conta os factores das entradas sensoriais de seguida
efectua a saída motora que é a parte visível da acção, ou seja, é o remate propriamente
dito.
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O t2 é assim a saída motora de uma análise que o jogador fez antecipadamente,
porém, também este tempo é influenciado pelo jogador uma vez que ele tem um
conjunto de variáveis que podem aumentar a velocidade da bola, percorrendo assim um
espaço em menos tempo, (e=v.t; v=a.t; f=m.a; Ec=1/2mv2
).
De seguida apresento de que forma essas variáveis podem ser operacionalizadas.
Portanto a velocidade é influenciada pela aceleração e o tempo de aceleração.
Quanto mais tempo de aceleração para uma aceleração constante, mais velocidade vai
gerar na bola, no entanto se houver um movimento de desaceleração no mesmo tempo
de aceleração a velocidade diminui; a aceleração pode ser influenciada pela massa da
bola que é inalterável num jogo e pela força aplicada à bola. A força aplicada na bola é
influenciada pela acumulação da energia cinética, cadeia cinética, relação centro de
massa/base de apoio e as componentes da força, (intensidade, direcção, sentido, ponto
de aplicação, tempo de actuação), se a resultante das forças for para mesma direcção
mais velocidade a bola vai atingir. A acumulação da energia cinética é influenciada pela
velocidade dos segmentos e pela massa dos segmentos.
No entanto este aumento da velocidade pode ter tendências evolutivas
contraditórias, uma vez que quando se aumenta a velocidade do remate a partir de
determinados limites diminui-se a precisão. Acrescentando a esta tendência, e uma vez
que ao aumentar a velocidade estamos a aplicar uma maior acumulação de energia,
estamos também a fornecer mais indicadores ao guarda-redes que ele pode observar
mais cedo, permitindo-lhe ter mais tempo para antecipar a trajéctória da bola e
deslocando-se mais cedo. Portanto o rematador terá que encontrar um equilíbrio entre a
relação velocidade/precisão e os indicadores que fornece ao guarda-redes.
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Variáveis que permitem analisar o rematador
Somatório do tempo do guarda-redes (∑t’)
Se um guarda-redes se centrar apenas na bola durante um remate, o tempo
disponível que tem para se deslocar até a um possível ponto de intersecção da bola será
menor do que se recolher informações do rematador para tentar identificar a trajectória
da bola, isto porque ao olhar para o jogador que vai rematar o guarda-redes consegue
mais cedo perceber a trajectória da bola, através de indicadores. Esses indicadores estão
relacionados com a relação centro de massa/base de apoio Deste modo, o t1’ (tempo do
guarda-redes antes de se deslocar) diz respeito às entradas sensoriais e, onde o guarda-
redes deve recolher as informações do rematador, isto é, deve identificar indicadores
que o rematador dá ao realizar forças para imprimir na bola, e o tratamento central onde
através dos aspectos identificados nas entradas sensoriais o guarda-redes irá processar
essa informação e definir qual será a trajectória da bola.
No t2’ (tempo de deslocamento do guarda-redes), “ Para saber se o guarda-
redes ainda poderá melhorar a sua velocidade, é necessário saber, por exemplo, onde
este ainda poderá rendibilizar a sua relação entre o centro de massa e a base de apoio
para se deslocar, ter alguns dados acerca da sua evolução, como por exemplo, como
têm evoluído a sua velocidade de deslocamento ao longo do tempo? Que alterações
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teve na sua velocidade com os tipos de treino que realizou (se já treinou antes, por
exemplo)?” (Vicente A.2005)
Variáveis que permitem analisar o guarda-redes (t2’)
Segundo Vicente A. 2007, para perceber a evolução do guarda-redes é
necessário saber o que acontece em cada remate para se poder analisar a relação das
variáveis. Como por exemplo, teremos que ver quando o guarda-redes se desloca tendo
em conta a acção do rematador, para poder identificar onde está o problema. “ Nesta
situação, mesmo que o guarda-redes consiga realizar a leitura do rematador, deve-se
ver onde é que ainda pode melhorar para conseguir obter um diferencial de tempos
favorável ou aumentá-lo. Poderá ler antes? Que indicadores ainda poderá ler no
rematador para iniciar o seu deslocamento mais cedo? Poderá melhorar a sua
velocidade de deslocamento? Como variará o seu tempo com a fadiga? E em situações
de tensão?” (Vicente A. 2005)
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Finta
A finta tem os mesmos pressupostos de análise do passe e do remate, em que o t
é o tempo de acção ofensiva e o t’ o tempo de acção defensiva. O objectivo da finta é
que o jogador que tem a bola consiga criar desequilíbrios ao adversário de maneira a
que este não consiga ter tempo para percorrer o espaço até interceptar a bola a quando o
portador da bola passar por ele.
Vicente A., (2011)
Os somatórios do tempo ofensivo e defensivo podem se repartir ainda mais tal
como no passe, de maneira a simplificar e definir onde estará o problema. Sendo assim
a próxima imagem demostra cada tempo dentro do somatório tendo em conta as acções
de cada individuo.
Imagem adaptada de Vicente A., Slides da Unidade Curricular Estudos Práticos de Futebol,2011, Covilhã
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Para que cada desportista consiga atingir o seu objectivo tem que ter em conta
uma série de variáveis, (e=v.t; v=a.t; f=m.a; Ec=1/2mv2
) embora de formas diferentes.
Somatório do tempo de acção ofensiva (∑t)
O portador da bola quando tenta fintar um oponente deve saber identificar as
entradas sensoriais no mesmo, que neste caso pode ser a relação centro de massa/base
de apoio do adversário. Por exemplo, se a resultante das forças que o adversário tiver a
exercer se encontram mais para o lado direito então, irá demorar mais tempo a deslocar-
se para o lado esquerdo, por isso o jogador atacante poderia aproveitar essa janela de
oportunidade para ir para o lado esquerdo do oponente, percorrendo o espaço em menos
tempo que o adversário tem para chegar a um possível ponto intersecção da bola. O
tratamento central é o tempo que o portador da bola vai ter para após identificar as
informações das entradas sensoriais perceber para que lado o defesa demora mais tempo
a deslocar-se, após perceber isto o jogador deve proceder à saída motora, que é o
movimento visível da acção em que o mesmo efectua forças para se deslocar para o lado
em que optou.
A saída motora para além de ser influenciada pela posição do adversário é
influenciada também pelo tempo de deslocamento da bola em relação com o tempo de
deslocamento do portador da bola, uma vez que é o portador da bola que exerce forças
para o deslocamento da bola. No entanto o jogador com bola deve perceber que ao
exercer forças para um lado, está a dar indicadores ao defesa que vai para esse lado,
portanto, deve haver um equilíbrio entre os indicadores que se dá e as forças que se
exerce. O portador da bola poderá ainda dar indicadores falsos ao seu oponente de
forma a que este pense que vai para um lado e depois vai para o outro, assim o tempo
que o adversário tem para chegar a um possível ponto de intersecção da bola é maior do
que o tempo da bola percorrer o espaço até passar pelo defesa.
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Para analisar esta acção temos as seguintes variáveis apresentadas:
Figura adaptada de Vicente A., (2005)
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Somatório do tempo de acção defensiva (∑t’)
Um defesa quando tem como objectivo interceptar a bola de um atacante deve
ter em atenção às entradas sensoriais do mesmo. Portanto deve identificar para que lado
está a ir a resultante das forças que o atacante está a exercer, para depois no tratamento
central poder perceber através desses indicadores para que lado o oponente vai. Quanto
mais cedo perceber para que lado o adversário vai, mais tempo disponível tem para se
deslocar para o lado onde a bola vai. Após identificar para que lado vai a bola, o defesa
efectua a saída motora, onde vai ter que se deslocar num espaço até interceptar a bola. O
tempo que demora a percorrer esse espaço depende das seguintes variáveis.
Figura adaptada de Vicente A., (2005)
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PROBLEMA
Como já foi dito anteriormente muitos dos treinadores que intervêm no treino,
preocupam-se apenas em dar exercícios para uma equipa, não rentabilizando os
desportistas individualmente, isto é, realizam exercícios para todos os jogadores de
forma igual, não pensando nas características individuais de cada um, nem nas suas
potencialidades.
Um treinador que não conheça os seus desportistas não os consegue transformar.
Estando nós no âmbito do desporto o Homem deve ser encarado como uma relação
entre todas as suas componentes, como ser holístico, em que é inserido numa sociedade
e numa actividade (Homem – sociedade – desporto). Por isso deve-se construir uma
intervenção no treino pensando em transformar o Homem não só na actividade mas
também em todas as outras componentes. Para que isto se concretize temos que
conhecer o desportista, quais as suas preocupações, os seus gostos, as suas vivências, a
sua personalidade, as suas características e as suas potencialidade. Assim terá que haver
um diagnóstico que seja de tal forma preciso que permita conhecer os jogadores. Como
tal sendo cada pessoa uma só e diferente das outras, não se pode realizar exercícios
iguais para toda a equipa. Cada exercício deve levar a pessoa aos limites, testando-a e
desafiando-a, permitindo que o comportamento que se espera solicitar seja perceptível
em várias circunstâncias. Por exemplo, se um jogador com bom um domínio de si
próprio realizar um exercício com muito espaço em que tem de passar a bola para um
colega, não é um desafio para ele. Por isso este exercício não permitia diagnosticar os
problemas do jogador. Muitas das vezes os jogadores por sentirem que o exercício é
demasiado fácil realizam-no com pouca predisposição ou começam a realizar o passe de
formas diferentes, para se desafiar a si próprio.
Portanto, aqui pretende-se encontrar exercícios que solicitam aos desportistas
comportamentos, permitindo assim diagnosticá-los. Por isso cada exercício tem um
variável diferente a diagnosticar e deve fazer com que o jogador se desafie.
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METODOLOGIA
Como já foi referido acima, antes de prescrever qualquer exercício deve-se
realizar exercícios de diagnóstico para identificar quais os problemas, capacidades e
potencialidades dos desportistas.
No entanto e numa perspctiva dinâmica do desporto, terá que haver uma relação
entre os fenómenos dentro da actividade, o desportista inserido na sociedade e inserido
no grupo ou equipa. Portanto qualquer intervenção ao nível do desportista terá que ter
em conta estes três factores.
Numa primeira abordagem de diagnóstico da pessoa, devemos conhecer as suas
principais características como: nome, idade, altura, pessoa. Poderemos ainda logo no
princípio do diagnóstico realizar uma amnése desportiva, identificando qual a
experiência desportiva da pessoa ou se teve alguns problemas de saúde.
Depois poderemos partir para o diagnóstico de problemas, potencialidades e
capacidades da pessoa.
Antes de isolar ao máximo um diagnóstico de uma variável, teremos que realizar
um exercício em que se perceba se o jogador consegue ou não realizar passes. Depois,
caso não consiga teremos que colocar hipóteses para perceber qual é o problema,
tentando isolar uma variável pertinente para o mesmo. Isto vai permitir que o
desportista trabalhe apenas essa lacuna, centrando-se ao máximo nela. Assim o
desportista evita de estar a trabalhar algo que não é preciso, uma vez que já sabe fazer,
permitindo assim uma melhor rentabilização do treino, uma vez que este não é infinito.
Para perceber se o problema é o que está a ser avaliado, o jogador deve ter
problemas em concretizar o objectivo do mesmo. Por exemplo, se um jogador não
conseguiu marcar nenhum golo num exercício de remates em que o objectivo era a
marcação de golos, vamos colocar a hipótese de que o problema seja de precisão. Tendo
em conta esta hipótese testaremos um novo exercício, que poderá ser o jogador tentar
acertar num espaço a uma certa distância. Se ele em 10 oportunidades conseguir apenas
acertar 2 ou 3, então o problema é mesmo precisão. Posto isto, teremos de perceber
porque acontece esse problema, poderá estar relacionado com o ponto de aplicação,
relação centro de massa/base de apoio, coordenação, etc. Para depois resolver o
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problema, deve-se corrigir o problema na sua origem, onde o treinador poderá dar uma
informação explícita ao seu jogador. O exercício de prescrição depois, terá que ser
adaptado aos limites do desportista, de modo a que o exercício constituía um desafio
para o mesmo e controlado para que o comportamento solicitado seja o desejado pelo
treinador.
Um diagnóstico nunca está acabado por isso na realização de diferentes
exercícios poderemos encontrar problemas, características ou capacidades que podem
ser importantes trabalhar para o desenvolvimento do desportista na relação dialéctica
entre Homem-Sociedade-Desporto.
Portanto o exercício que se segue, será apenas com o objectivo de perceber se
um jogador consegue realizar passes, para depois colocar hipóteses do problema.
Exercícios de Diagnóstico no Passe
Exercício de Diagnóstico
Objectivo imediato – Realização de passes
Descrição do exercício – Os jogadores que tenham a bola devem fazer passes entre si.
Cada 5 passes é um ponto (realiza-se sistema de competição para haver uma maior
predisposição para jogar)
Limites do campo – O espaço de jogo parte do modelo dos desportos colectivos (∑t ≥
t’), isto é, deve servir para os jogadores jogarem nos limites, de modo a superarem-se.
Portanto o espaço não pode ser muito grande, porque depois a equipa que está a
defender não tem tempo para chegar a um possível ponto de intersecção da bola e não
pode ser muito pequeno porque assim os defesas tem muito tempo para interceptar a
bola. Este espaço pode ser mudado durante o exercício caso o comportamento que se
espera solicitar não esteja a ser realizado. Assim tendo em conta que o exercício é de
3x3 e pensando que cada jogador tem 2 metros de espaço de deslocamento o limite do
campo neste caso será de 6 m x 6 m.
Duração – A duração deste exercício deve ser a suficiente para conseguir identificar se
um jogador falha muitos passes ou não. Por isso 10 minutos será um tempo suficiente
para a observação desse parâmetro.
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Indicadores – Como este exercício pretende apenas saber se o jogador falha ou não os
passes, temos como indicador a intercepção, ou não, da bola pelo defesa. No entanto
este exercício poderá logo indicar a origem do problema, a razão pela qual o jogador
falha muitos passes. Assim poderá ter vários indicadores, tais como, a velocidade da
bola, se é a adequada tendo em conta o espaço que o defesa está dela e o espaço que terá
de percorrer até ao colega de equipa; o ponto de aplicação na bola, se consegue bater a
bola no sítio certo para que haja uma boa precisão; se o jogador olha para a relação
centro de massa/base de apoio do defesa, caso a resultante das forças através da relação
centro de massa/base de apoio do defesa esteja mais para um lado, o passe deverá ser
realizado para o outro lado; se olha para o deslocamento do colega a que vai passar a
bola, permitindo assim a que a bola vá para um espaço onde o jogador que vai receber a
bola vai estar, isto vai aumentar o espaço do defesa até a um possível ponto de
intersecção da bola e diminuir a perca de tempo da jogada seguinte.
Material – uma bola, 3 coletes, 4 cones
Imaginado que um jogador A falha muitos passes, teremos que perceber de onde
vem o problema. Se for logo perceptível a causa do problema pode-se partir para a
prescrição, tentando resolver o mesmo, caso isso não se verifique teremos que impor
hipóteses para a causa do problema.
De seguida irei apresentar exercícios para algumas variáveis do passe, de modo a
perceber-se qual será a causa do problema de um jogador.
Exercício 1
Objectivo mediato – Evolução do jogador na realização de passes
Objectivo especifico – Avaliar se o jogador consegue identificar na relação centro de
massa/base de apoio do adversário o lado em que ele demora mais tempo a deslocar-se.
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Comportamento que se espera solicitar – Fazer com que o jogador olhe para a relação
centro de massa / base de apoio do defesa para que possa definir a trajectória da bola
para o lado em que o defesa demora mais tempo a deslocar-se.
Duração - A duração deste exercício deve ser a suficiente para conseguir identificar se o
jogador consegue atingir o objectivo imediato ou não. Por isso 7 minutos será um tempo
suficiente para a observação desse parâmetro.
Descrição do exercício – Num quadrado de 4 x 4 metros o defesa tenta interceptar
passes que 3 jogadores fazem entre si. O passe para ser bem sucedido, a bola terá que
passar pelo quadrado do defesa, para que o jogador com bola seja obrigado a olhar a
relação centro de massa / base de apoio. O jogador que vai receber a bola terá que a
receber sempre num dos lados do quadrado do jogador com bola, obrigando portanto
que um dos jogadores esteja sempre em movimento. Estes 3 jogadores que vão realizart
passes, estão inseridos nos lados do quadrado do defesa e têm como limite um quadrado
maior de 8 x 8 metros em que não podem sair. O defesa não pode sair do seu quadrado
nem o atacantes podem entrar lá dentro. As medidas do quadrado do defesa podem
variar uma vez que dependem sempre dos limites que tanto os defesas como os
atacantes se encontram.
Indicadores – O principal indicador deste exercício é perceber se o jogador com bola,
quando passa olha para a relação centro de massa/base de apoio do defesa, tentando
definir a trajectória da bola para o lado em que o defesa demora mais tempo a
interceptar a bola. No entanto pode-se identificar outros aspectos no desportista como
por exemplo: se ele consegue relacionar a velocidade da bola com o espaço a que está
do jogador que vai receber a bola e do espaço a que o defesa está de um possível ponto
de intersecção da bola; se ele dá demasiado indicadores da trajectória da bola.
Condicionantes do exercício - (caso o comportamento que queremos ver solicitado não
esteja a ser feito, que será visto através dos indicadores, teremos que alterar algumas
coisas no exercício) – Caso o jogador com bola consiga realizar sempre os passes, pode-
se diminuir o tamanho dos quadrados de maneira a diminuir o espaço que o defesa tem
até a um possível ponto de intersecção (e = v x t), permitindo assim que o jogador com
bola esteja nos limites, procurando olhar para a relação CM/BA do defesa. Se o defesa
não perceber que se deve aproximar mais do portador da bola deve-se dar uma
indicação explícita para diminuir a distância entre si e o portador da bola, para assim
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reduzir o espaço entre si e uma possível intersecção da bola. Caso o defesa esteja
sempre a interceptar a bola e se o jogador com bola esteja a olhar para a relação CM/BA
do mesmo, então teremos que aumentar um pouco o tamanho dos quadrados, para assim
o jogador conseguir realizar o objectivo, estando nos limites. Caso o problema seja falta
de motivação coloca-se sistemas de pontos em que cada passe é um ponto e cada
intersecção são 3 pontos para o defesa, isto iria promover a competição entre jogadores
o que aumenta a predisposição para a realização do exercício.
Desenvolvimento do jogador – Após a realização deste exercício, estando o exercício
adequado aos limites do jogador, o mesmo deve conseguir identificar na relação
CM/BA do defesa o lado em que demora mais tempo a interceptar a bola, permitindo
assim que o passe seja feito para um colega de equipa. O progresso do jogador pode se
identificar através do número de vezes que o jogador atinge o objectivo, por exemplo, se
o jogador em 20 vezes consegue realizar o objectivo 17 ou 18 vezes, pode-se considerar
que o desportista evoluio.
Exercício 2
Objectivo mediato – Evolução do jogador na realização de passes
Objectivo imediato – Identificar que velocidade a bola deve ir para o jogador da
mesma equipa receber a bola.
Duração - A duração deste exercício deve ser a suficiente para conseguir identificar se
o jogador consegue atingir o objectivo imediato ou não. Por isso 7 minutos será um
tempo suficiente para a observação desse parâmetro.
Comportamento que se espera solicitar – Espera-se que o jogador com bola consiga
relacionar a velocidade da bola com a velocidade de deslocamento do colega de
equipa, colocando a bola num espaço em que este consiga receber a bola e
prosseguir a jogada.
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Descrição do exercício – Num ponto fixo o jogador com bola irá realizar passes
para um colega de equipa para que este faça golo numa baliza, passando com a bola
controlada. Atrás do jogador que recebe a bola vai estar outro jogador com o
objectivo de tentar interceptar a bola e fazer com que o jogador com bola não tenha
muito tempo para receber a bola, assim este jogador vai influenciar na velocidade
da bola, uma vez que se a bola for com pouca velocidade o defesa pode interceptar
a bola, se for com muita velocidade o jogador que vai receber a bola pode nem
sequer chegar à bola.
Indicadores – O indicador principal deste exercício é identificar se o jogador
consegue relacionar a força que imprime na bola de modo a dar uma velocidade
suficiente para que o jogador que vai receber a bola não perca tempo no seguimento
da jogada. No entanto este exercício também pode ter como indicador a precisão da
bola, onde se poderá perceber se o jogador consegue relacionar o ponto de
aplicação na bola e a direcção da bola com o local onde o jogador da mesma equipa
vai estar.
Condicionantes do exercício – Durante o exercício pode-se alterar a distância a que
o jogador com bola está do jogador que vai receber a bola e a direcção do passe,
para que o jogador com bola perceba a que diferentes forças deve imprimir na bola
para que esta vá com diferentes velocidades. Pode-se alterar a distância que o
defesa está do jogador que vai receber a bola e ainda a velocidade de deslocamento
deste.
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Exercício 3
Objectivo mediato – Evolução do jogador na realização de passes
Objectivo imediato – Identificar o ponto de aplicação na bola de modo a que esta
siga uma trajectória seleccionada pelo jogador.
Duração - A duração deste exercício deve ser a suficiente para conseguir identificar se
o jogador consegue atingir o objectivo imediato ou não. Por isso 7 minutos será um
tempo suficiente para a observação desse parâmetro.
Comportamento que se espera solicitar – Espera-se que os jogadores consigam
perceber qual o ponto de aplicação adequado para a bola seguir uma determinada
trajectória para que esta vá para um certo espaço. Aqui os jogadores apenas têm que
se centrar na bola.
Descrição do exercício – Este exercício consiste em dois jogadores estarem frente a
frente a realizarem passes entre si, sendo que o passe deve ser para o colega da
frente, e só podem realizar o passe depois da bola estar parada uma vez que se torna
mais fácil controlar a bola e acertar num ponto na bola que se quer, isto porque com
a bola parada existe uma menor variabilidade do ponto de aplicação, definindo
assim melhor a direcção e o sentido.
Indicadores – Como indicador principal deste exercício é o facto de a bola ir
direcionada para o colega de equipa. Perceber se o jogador é coordenado no
movimento.
Condicionantes do exercício – Aqui pode-se alterar as direcções do passe para o
colega, em vez de ser frente a frente poderá ser lado a lado; pode-se ainda alterar as
distâncias entre eles. Isto vai permitir que o jogador perceba a forma como deve
realizar o movimento para várias direcções e sentidos, para conseguir num jogo ter
mais possibilidades de acção; variar a velocidade do passe (ter em atenção que aqui
existe uma tendência evolutiva contraditória, isto é, quanto mais velocidade no
passe, menos precisão irá haver).
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Exercício 4
Objectivo mediato – Evolução do jogador na realização de passes
Objectivo imediato – Passar a bola para o colega de equipa olhando para ele de modo a
que a bola vá para um espaço onde o este vai estar.
Duração - A duração deste exercício deve ser a suficiente para conseguir identificar se
o jogador consegue atingir o objectivo imediato ou não. Por isso 7 minutos será um
tempo suficiente para a observação desse parâmetro.
Comportamentos que se espera solicitar – O jogador com bola deve olhar para onde o
seu colega se está a deslocar, tentando tirar indicadores da sua relação centro de
massa/base de apoio, de modo a que a trajectória da bola vá para um espaço onde o
mesmo consiga prosseguir a jogada.
Descrição do exercício – Num quadrado de 6 x 6 metros vão estar o jogador com bola o
jogador que vai receber a bola e o defesa que tem como objectivo interceptar a bola. O
jogador com bola deve passar a bola para o colega de equipa, de seguida acontece o
inverso, o jogador que recebeu a bola passa para o seu colega de equipa. Cada passe
corresponde a um ponto para os dois colegas de equipa se o defesa interceptar a bola é
um ponto para ele. No entanto se o jogador com bola conseguir estar com a mesma
durante 4 segundos os jogadores da mesma equipa conseguem fazer ponto. Isto
acontece, para o defesa tentar interceptar a bola, evitando que ele diminua o espaço
entre ele e o jogador que vai receber a bola, uma vez que se ele fizer isso, o jogador com
bola não tem tempo para receber a bola, porque o jogador com bola terá que aumentar a
velocidade da mesma, portanto estando o defesa quase junto do jogador que vai receber
a bola, tem muito tempo disponível para percorrer um espaço até interceptar a bola.
Indicadores – O indicador principal deste exercício é conseguir perceber se o jogador
com bola olha para a relação CM/BA do jogador que vai receber a bola, tentando
interpretar o seu deslocamento ao ver para onde ele se vai deslocar. Contudo também
tem um indicador importante que é identificar na relação CM-BA do defesa o lado em
que ele demora mais tempo a interceptar a bola, para assim passar a bola para esse lado.
Pode ainda ter como indicadores a velocidade da bola, se a velocidade da bola é
suficiente para o jogador com bola a receber; se o jogador com bola dá muitos
indicadores da trajectória da bola.
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Condicionantes do exercício – Durante o exercício para que o comportamento solicitado
seja o que queremos poderemos mexer no espaço de jogo, caso o defesa esteja sempre a
interceptar os passes poderá ser que o mesmo tenha pouco espaço para percorrer até
interceptar a bola, assim teremos que aumentar o espaço do exercício. Poderemos
aumentar o espaço que o jogador que vai receber a bola tem até ao defesa, isto ia
permitir ao portador da bola aumentar a velocidade da bola, uma vez que o jogador que
vai receber a bola teria mais tempo disponível para receber a bola, porque a bola
percorre mais espaço entre o defesa e o jogador que recebe a bola.
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Exercícios de Diagnóstico no Remate
Exercício de Diagnóstico
Objectivo mediato – Evolução do jogador no remate
Objectivo imediato – Avaliar se o jogador marca golo ou não.
Duração – A duração deste exercício deve ser a suficiente para observar se os jogadores
quando rematam marcam golo ou não. Para observar isto o número de vezes que cada
jogador remata à baliza deve ser uma amostra suficiente para conseguir extrair o
problema. Por exemplo se rematar 10 e apenas marcar 2 golos, quer dizer que tem um
problema. Então 12 minutos será um tempo suficiente para a observação do objectivo.
Descrição do exercício – Neste exercício os jogadores devem tentar marcar o maior
número de golos possíveis. Dois jogadores contra dois jogadores que estarão dentre de
um quadrado tentam marcar golos para baliza contrárias que estarão afastadas do
quadrado. A seguir ao quadrado há uma zona em que um dos jogadores terá que passar
com a bola controla sendo que apenas um adversário pode vir atrás tentar interceptar a
bola. O jogador com bola só pode rematar depois do quadrado e antes desse espaço
limitado. Este exercício está enquadrado no jogo, uma vez que permite encontrar espaço
entre dois jogadores, ou seja existe a oposição dos defesas, e de seguida existe um
espaço onde um jogador atravessa com a bola controlada e tem um defesa atrás de modo
a que este não tenha muito tempo para rematar à baliza, olhando para o guarda-redes, tal
como acontece num jogo. Existe também uma linha limite onde o remate poderá ser
feito, para o guarda-redes mais tempo disponível para interceptar a bola, uma vez que a
bola demorará mais tempo a chegar à baliza.
Indicadores – Este exercício é só para identificar se o jogador consegue ou não marcar
golo, permitindo assim perceber se ele tem algum problema no remate, caso ele não
marque muitos golos tendo em conta as oportunidades que teve, o indicador é apenas se
o jogador marca golo ou não. No entanto pode ser logo visível mais indicadores, como
perceber se o jogador olha para o guarda-redes antes de rematar, de modo a colocar a
bola num local onde ele demore mais tempo a deslocar-se; se o jogador consegue
imprimir muita força na bola, podendo aumentar outros aspectos, como a aceleração, o
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tempo de aceleração, etc…; ou se o jogador tem uma boa precisão, identificada através
do ponto de aplicação na bola e direcção das forças.
Limites do campo – O espaço do quadrado deve servir para os jogadores jogarem nos
limites, de modo a superarem-se, isto é, deve permitir que os jogadores com bola tentem
aumentar o tempo que os defesas têm até interceptarem a bola, possibilitando depois
que o jogador com bola passa o lado do quadrado. Como o objectivo principal do
exercício é o que se vai passar asseguir do jogador passar com a bola controlada pelo o
lado do quadrado, o quadrado poderá ser um pouco maior do que os limites dos
jogadores, evitando assim que não seja tão importante a leitura da relação CM/BA dos
defesas para conseguir passar com a bola controlada pelo o lado do quadrado. Este
espaço pode ser mudado durante o exercício caso os jogadores nunca conseguirem
passar com a bola controlada o lado do quadrado oposto. Portanto o espaço do quadrado
neste caso poderá ser de 5 x 5 metros.
Material – uma bola, 2 coletes, 8 cones
Imaginando que um jogador nunca consegue marcar golo, teremos que perceber qual a
causa do problema, colocando hipóteses e exercícios.
Exercício 1
Objectivo mediato – Evolução do jogador no remate
Objectivo imediato – Perceber se o problema é do jogador não olhar para a posição do
guarda-redes
Duração – A duração do exercício deve ser suficiente para perceber se o problema do
jogador não marcar golo é mesmo de não olhar para o guarda-redes, por isso o número
de vezes que ele realiza o exercício, deve permitir retirar uma amostra, onde seja
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perceptível se existe problema ou não, ou seja, o jogador poderá rematar à baliza 15
vezes, se marcar poucos golos porque não olhou para o guarda redes, então o problema
é este. Por isso 10 será um tempo suficiente para a realização do exercício.
Comportamento que se espera solicitar – Espera-se que o jogador olhe para o guarda-
redes e perceba através da sua relação centro de massa/base de apoio para que lado este
demora mais tempo a chegar a um possível ponto de intersecção da bola.
Descrição do exercício – Um jogador de cada lado perpendiculares à baliza com uma
bola numa meio deles à mesma distância dos dois. Ao sinal do orientador partem os
dois ao mesmo tempo o primeiro a chegar à bola conduz a bola e tenta marcar golo com
o guarda-redes pela frente. O outro jogador tem como objectivo tentar tirar a bola, isto
vai permitir que o jogador com bola tenha muito pouco tempo disponível para olhar
para o guarda-redes, tal como acontece nos jogos.
Indicadores – O indicador principal deste exercício é perceber se o jogador com bola
olha para a relação CM/BA do guarda-redes, colocando a bola para o lado onde ele
demora mais tempo a chegar a um possível ponto de intercepção. No entanto podermos
observar se o jogador tem uma boa precisão, através do ponto de aplicação na bola e a
direcção da mesma; se remata com muita velocidade, se tenta aumentar muito a
aceleração ou o tempo de aceleração; ou se dá muitos indicadores ao guarda-redes sobre
a trajectória da bola, através da sua relação CM/BA.
Condicionantes do exercício – Se for sempre o mesmo jogador a chegar à bola poderá
aumentar-se o espaço do outro jogador até à bola, permitindo assim que esse jogador
demore mais tempo a chegar à bola.
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Exercício 2
Objectivo mediato – Evolução do jogador no remate
Objectivo imediato – Avaliar se o jogador está calibrado para as diferentes zonas da
baliza (precisão)
Duração – A duração deste exercício deve ser a suficiente para perceber se o problema
do desportista é a precisão. Por isso deve realizar o exercício algumas vezes para
identificar através da do número de vezes que realizou o objectivo, se o problema é a
precisão ou não. Por isso 10 minutos será o tempo suficiente para perceber o problema.
Comportamento que se espera solicitar – Como neste exercício é apenas para avaliar a
precisão, não é necessário estar um guarda-redes na baliza. Espera-se que o jogador
tenha muito tempo disponível para remata às diferentes zonas da baliza, sem qualquer
tipo de pressão, isto porque é um exercício mais analítico, onde o jogador deve
conhecer-se a si próprio (domínios de si), percebendo como deve realizar o movimento,
que ponto de aplicação na bola, que direcção, que aceleração, que tempo de aceleração,
que energia cinética, qual a resultante das forças que deve ter, qual a relação CM/BA
deve ter e qual a cadeia cinética utilizada.
Indicadores – Como indicadores deste exercício é o facto de o jogador acertar nos alvos
certos ou não, tendo em conta o número de hipóteses que realizou. No entanto
poderemos perceber a origem da falta de precisão, através do movimento que o jogador
executa e que é visível. Portanto o problema poderá ser de algumas variáveis que levam
o jogador a imprimir força na bola, tais como: o jogador tem um ponto de aplicação na
bola errado tendo em conta a direcção que a bola deve realizar; pode ser descoordenado,
isto é, pode estar a realizar forças através da sua cadeia cinética e da relação CM/BA
para uma direcção e realizar o ponto de aplicação noutra; pode estar a realizar o
exercício com muita velocidade (tendência evolutiva contraditória), quanto mais
velocidade se imprime à bola menos precisão ela vai ter, uma vez que é mais difícil
coordenar os segmentos utilizados.
Descrição do exercício – O jogador posiciona-se a diferentes distâncias e direcções da
baliza, para perceber qual o ponto de aplicação e direcção na bola e tenta acertar nos
ângulos da baliza e no espaço junto ao poste, uma vez que mesmo com um guarda-redes
na baliza, e estando o mesmo, mais ou menos no meio da baliza, um remate com
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precisão para estas zonas é difícil para o guarda-redes ter tempo para lá chegar, porque o
tempo que a bola demora a percorrer o espaço até à baliza, é menor que o tempo que ele
demora a chegar até a um possível ponto de intersecção da bola.
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Exercícios de Diagnóstico na Finta
Exercício 1
Objectivo mediato – Diagnosticar a finta
Objectivo imediato – Avaliar se o jogador consegue fintar o oponente
Duração - A duração deste exercício deve ser a suficiente para perceber se o desportista
tem problemas em fintar o outro, por isso o jogador deve realizar algumas vezes o
exercício para identificar se ele consegue realizar o objectivo. Para este exercício o
tempo suficiente para esta observação será de 5 minutos.
Indicadores - Como indicador deste exercício é o facto de o jogador conseguir o
objectivo ou não, uma vez que é para perceber se ele tem problema em fintar o
oponente. No entanto pode-se perceber logo a origem do problema caso o jogador não
consiga fintar. Então poderemos identificar se o problema é de o jogador com bola não
olhar para a relação CM/BA do defesa, uma vez que assim ao não olhar, não identifica o
lado em que o defesa demora mais tempo a intersectar a bola, poderemos observar se o
jogador com bola espera que o defesa reaja, ou quando vai fintar já tem definido um
lado para onde vai percorrer com a bola; poderemos observar se o jogador com bola tem
um bom domínio de si, isto é se ele consegue controlar a bola, levando-a exactamente
para o local onde ele quer, através do ponto de aplicação e direcção da mesma.
Descrição do exercício – Um jogador parte dum lado em que tem pela frente um
adversário, em que o deve fintar e passar com a bola controlada por uma linha que
estará do outro lado. Se o oponente conseguir tirar a bola faz o mesmo, finta o
adversário e tenta passar com a bola controlada por uma linha que estará do lado oposto.
Este exercício é definido assim uma vez que, quando se finta o adversário tem de se
passar por ele, fazendo com que este não consiga mais intersectar a bola, por isso o
jogador com bola deve prosseguir a jogada até passar com a mesma por uma linha.
Limites do campo – O espaço do exercício em comprimento deve fazer com que o
jogador traga alguma energia cinética antes de encontrar o adversário, tal como
acontece no jogo, e permitirá que aumente mais a velocidade da finta, uma vez que a
energia cinética dos segmentos é uma forma de aumentar a velocidade, no entanto não
deve ser muito grande, uma vez que não ia valer a pena. Quanto ao espaço em largura,
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deve ser suficiente para o jogador com bola precisar mesmo de enganar o adversário,
isto é, o jogador com bola deve percorrer um espaço com a bola, sem que o defesa não a
intersecte. Portanto o tempo que o defesa demora a chegar a um possível ponto de
intersecção deve ser maior que o tempo que o jogador com bola demora a percorrer o
espaço sem que o oponente não intersecte a bola. Por isso tendo em conta estes aspectos
poderá ser 6 metros de comprimento e 3 de largura. Caso o exercício não esteja a
solicitar o comportamento desejado, o campo pode ser aumentado ou diminuído.
Material – uma bola, 1 colete, 4 cones
Caso um jogador não consiga passar pelo oponente então teremos que colocar hipóteses
e exercícios para perceber a causa do problema.
Exercício 1
Objectivo mediato – Evolução do jogador na finta
Objectivo imediato – Perceber se o jogador olha para a relação centro de massa/base de
apoio do oponente ou tem problemas na sua interpretação e vai para o lado em que o
defesa demora mais tempo a interceptar a bola.
Duração - A duração deste exercício deve ser a suficiente para perceber se o desportista
olha para a relação centro de massa/base de apoio do defesa ou se tem problemas na sai
interpretação. A duração do exercício de modo a observar isto é relativamente curto,
sendo suficiente 7 minutos, tendo em conta o número de vezes que o jogador realiza
esta acção.
Comportamentos que se espera solicitar – Espera-se que o jogador com bola consiga
perceber através da relação centro de massa/base de apoio do oponente o lado em que o
defesa demora mais tempo a chegar à bola, permitindo assim que o mesmo consiga
Universidade da Beira Interior 2011-2012
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percorrer um espaço em menor tempo do que o defesa chegar a um possível ponto de
intersecção da bola.
Indicadores – O indicador principal deste exercício é perceber se o jogador com bola
olha para a relação CM/BA do defesa e vai para o lado em que ele demora mais tempo a
chegar à bola. No entanto poderemos observar outros problemas tais que: observar se o
jogador com bola espera que o defesa reaja, ou quando vai fintar já tem definido um
lado para onde vai percorrer com a bola; poderemos observar se o jogador com bola tem
um bom domínio de si, isto é se ele consegue controlar a bola, levando-a exactamente
para o local onde ele quer, através do ponto de aplicação e direcção da mesma.
Descrição do exercício – Os jogadores partem ao mesmo tempo um de cada lado em
que um deles tem a bola, esse jogador tenta enganar o oponente fazendo-o querer que
ele parte para umas das balizas que estão de lado, quando o defesa estiver inclinado para
esse lado o jogador com bola parte para o lado contrário e terá que passar com a bola
controlada pela baliza.
Condicionantes do exercício – Para que o exercício solicite os comportamentos que
queremos no jogador poderemos colocar um quadrado mais pequeno em que só dentro
desse quadrado o jogador com bola pode fintar o seu adversário e partir para uma das
balizas. Isto vai permitir que o jogador com bola seja obrigado a ter em conta a relação
CM/BA do defesa na decisão do lado em que vai percorrer com a bola.
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Exercício 2
Objectivo mediato – Evolução do jogador na finta
Objectivo imediato – Avaliar se o jogador tem um bola controlo da bola (domínios de si
próprio).
Duração – A duração do exercício deve ser suficiente para perceber se o jogador tem
um bom domínio de si, por isso deve realizar o exercício um número de vezes tal, que
demostre se existe problema ou não. Tendo isto o tempo de 7 minutos é suficiente para
observar o objectivo.
Comportamento que se espera solicitar – Espera-se que o jogador mude de direcção
com a bola controlada o mais rápido possível, uma vez que quanto mais velocidade
existe mais difícil se torna coordenar o movimento.
Indicadores – Aqui pretende observar se o jogador tem um bom domínio de si através
do controlo de bola na finta. Assim teremos que observar se ele no momento que muda
de direcção consegue coordenar bem o movimento, através do ponto de aplicação na
bola, direcção da mesma e coordenar a sua cadeia cinética para o lado em que pretende
ir.
Descrição do exercício – O jogador corre na máxima velocidade possível em direcção a
um pino realizando depois uma mudança de direcção, no entanto terá que realizar um
movimento para um lado e depois mudar de direcção para o lado oposto, passando
depois com a bola controlada por uma linha.
Condicionantes do exercício – Para aumentar a velocidade do exercício podermos
colocar um jogador atrás do jogador com bola, para que este diminua o tempo
disponível do jogador com bola, isto é, vai permitir que o jogador com bola realize o
exercício mais rápido, fazendo com que seja mais difícil coordenar o movimento, uma
vez que quanto mais velocidade mais difícil é de coordenar os segmento e controlar o
ponto de aplicação na bola, fazendo com que esta vá para um espaço que o jogador
quer.
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Tabela de esquematização de exercícios
Objectivo
mediato
Objectivo
imediato
Duração
Comportamento
que se espera
solicitar
Descrição
do
exercício
Indicadores
Condicionantes
do exercício
Desenvolvimento do
jogador
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CONCLUSÃO
Como já foi dito, dentro de um quadro dinâmico o Homem deve ser tratado
como ser holístico, em que se deve relacionar o Homem com a sociedade e o desporto,
com o objectivo de evoluir nos seus diferentes aspectos. Um treinador para evoluir e
transformar o Homem que tem a seu cargo, deve começar por o conhecer, realizando
um diagnóstico, onde procura saber a sua personalidade em diferentes limites, isto é,
procurar perceber como o desportista age em diferentes situações, deve procurar saber
as suas características, capacidades e potencialidades, não só dentro da actividade física
e dos seus objectivos mas também como pessoa, saber onde ele se adapta melhor em
cada situação.
Um diagnóstico dentro do desporto e no treino deve permitir rentabilizar melhor
o treino uma vez que se evita estar a treinar de tudo um pouco e não treinar nada, isto é,
o tempo é finito, cada minuto perdido num treino ao fim de 1 ano será muito maior e ao
fim de 10 é exponencial, por isso não se deve perder tempo em treinar aspectos que não
valem a pena serem treinados. Deve-se perceber qual será a melhor forma de
rentabilizar o treino, será melhor treinar uma coisa que um jogador faz bem mas pode
fazer melhor ou treinar um aspecto em que o desportista não consegue mesmo realizar.
Para haver esta descoberta terá portanto de haver um diagnóstico individual, uma vez
que todas as pessoas são diferentes, e não realizar exercícios iguais para toda uma
equipa.
Para haver um diagnóstico terá que haver um conhecimento total dos fenómenos
que acontecem no futebol, isto é, um treinador deverá conhecer as variáveis pertinentes
em cada acção e as suas interligações, permitindo assim reconhecer onde está o
problema do desportista e identificar onde pode evoluir.
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BIBLIOGRAFIA
(1)
Vicente A., (2005) “ O Diagnóstico nas Actividades Desportivas: Para uma
Operacionalização no Modelo das Actividades Desportivas Colectivas”, Trabalho com
vista à obtenção do grau de mestre em Ciências do Desporto, UBI: Covilhã
(2)
Almada F. ; Fernando C. ; Lopes H. ; Vicente A. ; Vitória M., (2008) “A ROTURA –
A Sistemática das Actividades Desportivas”, VML; Torres Novas
(3)
“ Análise do passe no Futebol”, - Patita T.; Nunes D.; Batista V.; Teixeira A., 2011, -
Trabalho redigido na unidade curricular de Estudos Práticos de Futebol, UBI: Covilhã
(4)
Vicente A., (2007) – Para a Gestão Micro e Macro das Actividades Desportivas O
Diagnóstico nas Actividades Desportivas Operacionalização nos Desportos Colectivos”
– Trabalho com vista à obtenção do grau de Doutor em Educação Física e Desporto na
especialidade de Ciências do Desporto, Universidade da Madeira

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  • 1. Ciências Sociais e Humanas Curso de Ciências do Desporto Unidade Curricular: Seminário ANÁLISE DE SITUAÇÕES TÍPICAS NO FUTEBOL – INTERVENÇAO NO TREINO ATRAVÉS DO DIAGNÓSTICO DOS DESPORTISTAS Tiago Belo Patita Nº25093 Docente: Prof. Doutor António Vicente Covilhã, Junho de 2012
  • 2. Universidade da Beira Interior 2011-2012 2 ANÁLISE DE SITUAÇÕES TÍPICAS NO FUTEBOL – INTERVENÇAO NO TREINO ATRAVÉS DO DIAGNÓSTICO DOS DESPORTISTAS Uma batalha só será conquistada pela humildade da ambição e do querer, mas no fim temos que ter a responsabilidade do poder. Tiago Belo Patita Covilhã, Junho de 2012
  • 3. Universidade da Beira Interior 2011-2012 3 AGRADECIMENTOS Para a realização deste trabalho foram importantes algumas pessoas que eu queria agradecer e destacar pelo seu contributo. Ao Professor António Vicente um especial obrigado por todo o conhecimento que me transmitiu, não só nesta unidade curricular mas ao longo de todo o percurso de aprendizagem. Por mostrar-se sempre pronto a ajudar, a esclarecer dúvidas e a orientar- me no seguimento deste trabalho. Aos colegas de curso Álvaro Aparício, Ana Santos e Cláudia Graça por se mostram disponíveis para mandar qualquer tipo de informação. Por fim, agradecer à minha amiga Julieta Oliveira por se mostrar disponível e empenhada para fazer uma revisão do português.
  • 4. Universidade da Beira Interior 2011-2012 4 ÍNDICE Introdução .......................................................................................................... 5 Revisão Bibliográfica.......................................................................................... 8 O que é o Futebol inserido no modelo de desportos colectivos de Almada F.............. 8 O que é o treino........................................................................................................... 10 Diagnóstico ................................................................................................................. 12 Prescrição.................................................................................................................... 15 Controlo ...................................................................................................................... 16 Passe............................................................................................................................ 17 Remate ........................................................................................................................ 27 Finta ............................................................................................................................ 31 Problema.......................................................................................................... 35 Metodologia...................................................................................................... 36 Exercícios de Diagnóstico no Passe............................................................................ 37 Exercícios de Diagnóstico no Remate ........................................................................ 45 Exercícios de Diagnóstico na Finta ............................................................................ 50 Tabela de esquematização de exercícios..................................................................... 54 Conclusão ........................................................................................................ 55 Bibliografia........................................................................................................ 56
  • 5. Universidade da Beira Interior 2011-2012 5 INTRODUÇÃO Importa perceber que o Homem já não é visto como uma máquina que efectua movimentos predefinidos, mas sim como um ser holístico que engloba todas as componentes psicológicas, físicas, sociais, culturais, etc. O treino de futebol vem sofrendo alterações ao longo dos anos. Inicialmente os desportistas treinavam a preparação física pensando ser a melhor forma de atingir o sucesso. Mais tarde, começou a treinar-se jogando. Depois, seguiu-se uma era em que se separava o jogo do treino, realizando-se exercícios estáticos ou analíticos. Actualmente estamos numa situação em que se percebeu que não se devem separar todas as componentes do Homem, no entanto, teremos agora que mudar para uma lógica diferente, em que o importante é realizar um diagnóstico dos desportistas para que haja uma evolução personalizada em vez de todos treinarem o mesmo problema. “O diagnóstico tem por objectivo detectar possíveis problemas através da quantificação das variáveis em jogo, da análise, dos factores humanos”…” visa levantar hipóteses de intervenção em função das capacidades e potencialidades dos indivíduos.” (ALMADA 1999), retirado d e Vicente A., (2005) “O Diagnóstico nas Actividades Desportivas: Para uma Operacionalização no Modelo das Actividades Desportivas Colectivas”, Trabalho com vista à obtenção do grau de mestre em Ciências do Desporto, UBI: Covilhã O diagnóstico vai portanto levar a que haja uma intervenção no treino intencional, de acordo com as necessidades dos desportistas, permitindo-lhes evoluir as suas capacidades. A esta intervenção no treino dá-se o nome de prescrição, devendo assim servir para que os desportistas desenvolvam as suas capacidades, rentabilizando o treino. Porém o treino só será rentabilizado se houver um controlo do desenvolvimento dos desportistas em relação aos exercícios efectuados na prescrição, uma vez que é este controlo que vai avaliar a evolução dos desportistas em relação aos objectivos definidos através do diagnóstico. Portanto neste trabalho, vou desenvolver uma intervenção no treino que vem na sequência do diagnóstico dos desportistas aplicado ao futebol, por ser a modalidade com a qual tenho mais contacto alguns anos. Será um trabalho baseado na taxonomia dos desportos colectivos de Almada F., cujo modelo de referência simplificado é ∑t ≥ ∑t’.
  • 6. Universidade da Beira Interior 2011-2012 6 Algumas taxonomias distinguem os desportos, permitindo diferenciar uns dos outros no que diz respeito apenas à quantidade de jogadores, porém o facto de existir essa diferenciação não ajuda em nada na intervenção do treino, apenas existe para separar as categorias de desportos. No entanto, esta taxonomia permite uma intervenção no treino, tentando explicar a razão pela qual acontecem os movimentos que as pessoas querem ver e que dão espectáculo ao desporto. Essa intervenção é sintetizada através de um modelo de referência simplificado que se altera conforme as características dos desportos, os seus objectivos e os comportamentos que se espera solicitar em cada um. Segundo FERNANDO (2001), “uma das vantagens do conhecimento científico é dar o domínio de uma metodologia que permita estruturar o conhecimento. Outra das vantagens do conhecimento científico é que, em vez de tratar casos particulares, define princípios que só são validos quando generalizáveis. Esta capacidade de estar preparado para resolver problemas diferentes do que se planeou, e portanto o domínio de um conhecimento científico, vai levar a que este seja fundamental compreender os fenómenos. A compreensão dos fenómenos implica que o individuo não se limite a imitar os gestos ou comportamentos, mas que seja capaz de criar estratégias de resposta adaptadas aos problemas, tomar decisões e operacionalizá-las. Tudo isto mesmo quando se encontra em situações critica.” (p.49) Este modelo de referência permite perceber a razão pela qual acontecem alguns dos princípios de futebol, (que muitos autores defendem como sendo o método de analisar o futebol) através de variáveis que estão implícitas em qualquer situação de jogo. Tenta assim perceber por exemplo, porque é que uma equipa com posse de bola deve procurar aumentar o espaço. Segundo VICENTE A. (2005) “um modelo, deve assim, permitir-nos ter um referencial da realidade que possibilite a identificação de comportamentos, possibilitando a compreensão, a explicação, a gestão, a adaptação das actividades desportivas a uma época, a uma realidade e a uma construção de futuro.” Como tal, este modelo de referência, possibilita que o treino seja encarado de uma forma dinâmica, em que obrigue os desportistas a adaptarem-se às situações de jogo, deixando assim um quadro de referências estático, em que o treino era tratado de forma isolada e através da experiência empírica. Assim este trabalho vai explicar um processo muito importante antes do treino propriamente dito dos desportistas, que assenta no diagnóstico dos mesmos. Isto porque
  • 7. Universidade da Beira Interior 2011-2012 7 é através do diagnóstico dos jogadores que vamos treinar, rentabilizando as suas capacidades. Deste modo, irá também permitir dar algumas noções e reflexões sobre a razão pela qual se escolhe determinado exercício em detrimento de outro, uma vez que é a partir do diagnóstico e da relação de Homem – sociedade – actividade, que escolhemos que comportamentos se espera solicitar nos desportistas. Portanto o objectivo do trabalho será criar exercícios de diagnóstico dos desportistas, sabendo que diferentes etapas do processo de treino, o diagnóstico, a prescrição e o controlo. Vou ainda dentro de cada situação criar exercícios onde se possa diagnosticar qual o problema de determinado jogador, explicando quais as variáveis e os limites que o exercício deve ter para que se possa identificar o problema. Em síntese, importa realçar que este trabalho não tem como objectivo criticar qualquer metodologia de treino, mas antes perceber porque se utiliza determinada intervenção nos exercícios. Isto é, perceber em que variáveis modificar para um correcto diagnóstico, e perceber as interligações das variáveis nas diferentes situações típicas do futebol, uma vez que através da minha curta experiência no futebol e através de vários estudos, tenho notado que treinadores e autores importam-se apenas em defender o seu método de treino, não adequando os exercícios às necessidades dos desportistas e levá- los a desafiarem-se nos mesmos, o que poderia levar a uma rentabilização do seu treino. Assim a escolha de cada exercício não depende se um método é bom ou mau, mas depende do tipo de comportamentos que se espera solicitar junto dos desportistas que vão realizar o exercício.
  • 8. Universidade da Beira Interior 2011-2012 8 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA O que é o Futebol inserido no modelo de desportos colectivos de Almada F. É importante ter o conhecimento da definição de futebol, uma vez que assim nos ajuda a perceber a complexidade da modalidade e a ter a noção de um conjunto de variáveis que lhe estão implícitas de modo a que depois se traduzem numa operacionalização adequada à realidade do jogo de futebol. Assim o futebol é um desporto inserido no modelo dos desportos colectivos em que tem como objectivo imediato a marcação de mais golos que a equipa adversária. Sendo este desporto de natureza colectiva terá de haver uma divisão de tarefas pelos diferentes elementos da equipa e conhecer a dinâmica do grupo. A prática deste desporto implica que haja uma permanente análise de situações e variáveis que devem ser pensadas num menor tempo que o adversário, tendo em conta o objectivo da equipa. A análise das situações de jogo depende permanentemente das movimentações dos adversários e dos colegas de equipa uma vez que são estes que definem o espaço e o tempo para onde a bola deve ser colocada. Segundo o modelo de referência simplificado dos desportos colectivos, o t  t’, o t o tempo de acção ofensiva, e o t’ o tempo de acção defensiva. Por exemplo num remate no futebol o t é o tempo que a bola demora a chegar à baliza e o t’ o tempo que o guarda-redes demora a chegar a um possível ponto de intercepção. Se o t’ for menor ou igual significa que a bola será interceptada. (Almada F., etal, 2008) Sendo esta uma modalidade colectiva, existem funções a desempenhar por cada jogador na equipa e uma relação entre os jogadores e uma coordenação (domínio da dinâmica de grupo), assim poderemos falar num somatório de tempos, que neste caso definem o tempo que cada jogador leva a realizar a sua tarefa dentro de campo para posterior construção da jogada (t 1+t 2+t 3+t 4+t n). Assim o modelo de referência de forma simplificada será ∑t ≥ ∑t’. (Almada F., etal, 2008) Tendo em conta as componentes do jogo de futebol anteriormente explícitas (a função que cada jogador desempenha na equipa e o domínio da dinâmica de grupo),
  • 9. Universidade da Beira Interior 2011-2012 9 pode-se acrescentar outra componente que as relaciona, que é a adaptação à equipa adversária, uma vez que as acções que uma equipa faz, têm a oposição de uma outra equipa. Estas acções variam, uma vez que os espaços entre jogadores da mesma equipa e os espaços entre a própria equipa são sempre alterados o que altera também o tempo que cada jogador tem para fazer as movimentações necessárias para o seu objectivo, alterando assim o tempo de todas as variáveis implícitas na acção. Esta taxonomia onde é inserida o futebol é uma concepção que se diferencia das outras, uma vez que permite a quem conheça as variáveis implícitas no jogo uma aplicação no treino, isto é, através das variáveis implícitas nesta actividade desportiva (e=v.t; v=at;f=ma; Ec=1/2mv2 ), o orientador poderá identificar qual o problema que o desportista tem, permite perceber a razão pela qual ocorrem os princípios comuns no futebol, isto é, através do modelo dos desportos colectivos (∑t ≥∑ t’), os fenómenos que acontecem no futebol podem ser explicados, compreendendo a razão porque acontecem. Por exemplo no futebol existe um princípio de quando a equipa que tem a bola deve “abrir”. Este modelo permite-nos saber que os jogadores quando tem a bola devem abrir, porque pretendem aumentar o tempo que a equipa adversária tem até interceptar a bola, aumentando o espaço que têm de percorrer. Portanto o conhecimento dessas variáveis permite assim beneficiar o modelo de referência a favor da sua equipa (∑t ≥∑ t’). Existem muitas metodologias de intervenção no treino, no entanto nenhuma delas relaciona o Homem como ser holístico em que relacione o Homem na sociedade e no desporto.
  • 10. Universidade da Beira Interior 2011-2012 10 O que é o treino O treino já passou por vários paradigmas. Primeiro o Homem era visto como uma máquina, uma vez que tinha que cumprir todas as ordens do treinador e todos os jogadores eram treinados da mesma forma, como se fossem todos iguais. Havia portanto, uma era de comando, isto é, “ A tomada de decisão e o próprio ritmo são centrados em quem comanda. Não se permite pois que surjam dúvidas, porque poriam em causa o poder…”( Almada F.,etal, p.202). Assim os desportistas não compreendiam o que estavam a fazer, faziam as acções que lhes eram incumbidas. Para Vicente A. 2005, o objectivo do desporto é formar as pessoas, para isso é necessário passar de uma lógica formal em que os desportistas fazem o que lhes mandam e imitam gestos, para uma lógica funcional em que o desportista compreende a razão porque está a fazer as acções, permitindo assim que o jogador se adapte a diferentes situações. “Os gestos são o resultado, a parte visível de um todo global e globalizante que é o Homem, por isso não faz sentido analisar os gestos só por si uma vez que estes não são um conjunto de forças mas sim de decisões humanas, são o resultado de uma globalidade. Os gestos são os indicadores do que é o Homem, como ser holístico que é, e como se expressa nas diferentes situações em que se encontra.” Vicente A. (2005) Perante esta situação estamos num paradigma dinâmico, em que se pretende transformar o Homem dentro da actividade e para a sociedade. Segundo o mesmo autor, perante estes paradigmas temos que fazer uma opção ou escolhemos uma orientação em que privilegia os gestos, saída motora, ou outra em que privilegia a tomada de decisão e a funcionalidade das acções, que se centra nas entradas sensoriais, tratamento central e nos comportamentos que se espera solicitar nos desportistas. “ No futebol, tal como em qualquer outro desporto, é necessário perceber que comportamentos queremos solicitar, em que entradas sensoriais devemos privilegiar e em que processos nos devemos centrar para que efectivamente possamos treinar e, numa perspectiva de rendimento, alcançar os objectivos pretendidos.” (Vicente A. 2005) Portanto o treino, deve permitir que os desportistas desenvolvam e potenciem as suas capacidades, e percebam a funcionalidade das acções, a razão porque as coisas acontecem permitindo assim uma melhor adaptação. No entanto, deve ser ao máximo rentabilizado, devendo assim haver um equilíbrio entre o que se deve melhorar e as
  • 11. Universidade da Beira Interior 2011-2012 11 capacidades que se querem desenvolver. Por exemplo, se um jogador rematar mal com o pé esquerdo e mais ao menos bem com o pé direito, devemos perceber o que compensa mais treinar. O mais adequado poderia ser melhorar ainda mais o remate com o pé direito, em vez de treinar o esquerdo. “Treinar aspectos que já não vão evoluir porque estão no seu limite máximo que a pessoa pode atingir ou, que nem sequer são interessantes, constituem um aumento muito significativo nos custos que não trará benefícios que justifiquem os investimentos realizados.” (Vicente A. 2007) Portanto deve-se perceber que o treino tem limites, o tempo não é infinito, isto é, deve-se perceber o que vale a pena treinar, não treinando tudo, mas sim o que é mais rentável para o desportista. 5 Minutos num treino equivale a muito tempo ao fim de um ano de treinos, tempo esses em que o desportista poderia desenvolver mais as suas capacidades num exercício que valesse mesmo a pena. No entanto para potenciar cada desportista é necessário que haja uma avaliação do mesmo, para definir objectivos de treino que sejam coerentes entre as capacidades do desportista e aquilo que ele pode dar á equipa (sabendo sempre que o tempo é finito, não se devendo treinar tudo). Após este ponto de partida do treino terá de haver uma prescrição, isto é, a receita para fazer frente aos problemas identificados no diagnóstico, para assim poder potencializar as capacidades do desportista. Terá também de haver um controlo nos exercícios, para que estes, demonstrem os comportamentos que se espera solicitar no desportista e perceber o desenvolvimento do desportista. Fernando Almada demonstra esta metodologia da seguinte forma: “ – um diagnóstico, que nos permita detectar possíveis problemas existentes, através da quantificação das variáveis em jogo, e pela a análise dos factores humanos de que depende a sua variação, e, levantar as várias hipóteses de intervenção, em função das capacidades e potencialidades apresentadas pelos indivíduos; - uma prescrição do tratamento a dar aos factores em jogo, estabelecendo a sua dosagem, articulação e limites, considerando a analise da relação custos-benefícios que cada uma das hipóteses apresenta, no curto, médio e longo prazos, que nos permita optar pela mais rentável, tendo em conta a articulação dos objectivos mediatos, - a formação do Homem visada – com os objectivos imediatos; - a definição de uma estratégia da actuação, programando e planeando as acções a desenvolver, tendo em conta a sua
  • 12. Universidade da Beira Interior 2011-2012 12 adequação quer metodológica, quer pedagógica; - que se estabeleçam os meios e formas que permitam controlar e aferir o processo evolutivo.” (Almada 1999) Diagnóstico Para que se possa formar um desportista de acordo com este método deve-se antes avaliar cada jogador pois para definir objectivos de treino há que ter em conta as capacidades, as potencialidades, os objectivos pessoais da pessoa e posteriormente os objectivos que se tem para a pessoa face à actividade. “…não é rentável forçar a pessoa a “encaixar” nos objectivos definidos sem se ter em conta as suas características, capacidades e potencialidades. Ao obrigar alguém a ser quem não é, a fazer o que não tem potencialidades para fazer, ao ir contra as suas características, personalidade, forma de ser, de encarar o mundo, podemos estar a obrigar a pessoa a seguir um caminho “contra-natura” que, em situações que a aproxime dos seus limites, tenderá a revelar o seu verdadeiro eu.” (Vicente A, 2007) Assim o instrumento que permita definir o caminho da pessoa dentro da actividade desportiva será a realização de um diagnóstico. Porém o diagnóstico nunca está acabado, uma vez que se está permanentemente durante a actividade desportiva a analisar e avaliar a pessoa, sendo que alcançando um objectivo se deve logo atingir outro, havendo constantemente alterações de objectivos. “O diagnóstico é um instrumento que permite identificar a pessoa na actividade desportiva, as suas necessidades, características, capacidades e potencialidades para que se possa rentabilizar o processo de treino deixando de treinar um pouco de tudo o que se pensa necessário na esperança de que a pessoa possa melhorar e sua prestação, se possa superar.” (Vicente A., 2005) Deste modo, após a realização do diagnóstico de um desportista conseguiremos identificar eventuais problemas que ele possa ter na realização de diversos exercícios e a razão porque acontecem. Assim, é possível definir objectivos imediatos, isto é, que procuram resolver um problema a curto prazo, como por exemplo, fazer com que o desportista consiga realizar um passe com sucesso; no entanto não se pode desprezar outros objectivos, tais como os imediatos que têm uma perspectiva a longo prazo, em que o objectivo é a transformação do Homem e a sua formação, sendo que os objectivos
  • 13. Universidade da Beira Interior 2011-2012 13 imediatos influenciam a mesma. Esses problemas podem ser de natureza técnico- tácticas, psicológica, sociais, culturais, etc… No diagnóstico importa perceber quais os problemas da pessoa mas também perceber de que forma o jogador poderá desenvolver as suas capacidades e potencialidades. Assim não se deve treinar só os problemas que a pessoa tem mas sim, mais situações onde a pessoa possa se adaptar ao contexto. No entanto este trabalho deve ser feito de uma forma rentável, uma vez que não se deve treinar tudo, pois devemos ter em conta que o treino não é infinito e por isso é necessário perceber qual a melhor forma do desportista responder a cada situação. É importante perceber que cada problema tem as suas causas e aqui interessa saber quais essas causas e de onde vêem, para assim na prescrição solicitar comportamentos de modo a que o desportista evoluía. Por exemplo, um jogador não consegue realizar um passe, mas porquê? Qual a causa? Poderá ser porque não consegue exercer uma força suficiente na bola ou porque não consegue perceber a relação centro de massa/base de apoio do defesa, etc… No entanto para definir objectivos é necessário incluir outros factores para além de desenvolver as capacidades e potencialidades do desportista, “é necessário que sejam equacionadas questões como, por exemplo, as condições existentes (humanas, materiais, temporais, espaciais, financeiras, etc…), as características das pessoas, do contexto.” (Vicente A. 2005) Sendo assim o treino deve ser adaptado a cada contexto, por exemplo, treinar crianças de 8 anos é diferente de treinar crianças de 15 anos, ou treinar com 5 bolas é diferente de treinar com 20 bolas. Para poder separar as competências dos desportistas de modo a resolver mais facilmente os seus problemas Vicente A., (2005) através de Almada, (1999), definiu 3 grupos de problemas: O domínio de si próprio, em que se refere ás capacidades, características individuais do desportista e às suas percepções. Um exemplo disto é a capacidade que um individuo tem de controlar a bola. O domínio de território, diz respeito ao espaço que o desportista se relaciona, se está adaptado ou não. Se uma pessoa estiver num espaço que não conhece ou não está
  • 14. Universidade da Beira Interior 2011-2012 14 adaptado poderá influenciar negativamente todas as outras vertentes. Um bom exemplo disto é o facto se um jogador que é avançado for jogar para defesa. O domínio das relações sociais, refere-se à relação do desportista com as outras pessoas. Dentro da actividade este domínio pode corresponder à inter-relação que o individuo tem entre os colegas de equipa, adversários ou mesmo com o treinador. Portanto estes três domínios vão permitir que os orientadores definem mais facilmente em que domínio estará o problema, trabalhando depois na prescrição esse problema, assim ajuda a identificar melhor que variáveis o desportista pode trabalhar para a resolver o problema.
  • 15. Universidade da Beira Interior 2011-2012 15 Prescrição A prescrição vem no seguimento do diagnóstico uma vez que tem como objectivo resolver os problemas detectados no mesmo, ajustando “os exercícios de treino às transformações pretendidas de acordo com os objectivos visados e os rendimentos possíveis.” (Vicente 2007) Esta metodologia de intervenção no desportista, tal como o diagnóstico, não deve desprezar as características da cada desportista, a individualidade do treino é fundamental para que haja uma maior rentabilização do mesmo. Para haver uma intervenção eficaz no desportista, os exercícios prescritos devem ter em conta o diagnóstico, solicitar à pessoa os problemas identificados no mesmo. Por exemplo, num exercício de passe, identificamos que um jogador não era capaz de efectuar o passe porque não era capaz de perceber qual o lado em que o defesa demorava mais tempo a chegar tendo em conta a relação centro de massa/base de apoio. Assim devemos colocar um exercício que solicite ao jogador a leitura desse indicador. “O treinador deve procurar desequilíbrios, colocar problemas, dificuldades que estejam perto dos limites específicos daquela pessoa embora sem os ultrapassar, pois é isso que fará a pessoa transformar-se, superar-se.” (Vicente A 2007) Vicente A. (2007), indica o conceito de princípios activos como forma de se saber onde actuar, que desequilíbrios provocar e que desafio estimular no desportista.“…factor que é responsável pelo efeito provocado pelo exercício por actuar sobre um determinado aspecto do desportista” (Vicente A.,2007) Segundo o mesmo autor os princípios activos vão permitir dar a resposta aos problemas identificados no diagnóstico, actuando sobre o que falta desenvolver para que se possa rendibilizar o processo de treino, permitindo-nos assim não desperdiçar recursos a treinar o que não é preciso. Portanto o princípio activo é a variável que se quer que o desportista evolua. Ainda o mesmo autor indica que, as prescrições devem constituir um desafio para o desportista, fazendo com que ele se adapte, superando-se a si próprio. O treinador deve portanto mostrar à pessoa em que indicador se deve focar para dar resposta ao seu objectivo.
  • 16. Universidade da Beira Interior 2011-2012 16 Controlo Para resolver os problemas que um desportista tem teremos que solicitar comportamentos que o levem a superar-se, isto é o exercício segundo Vicente A. (2007), deve constituir um desafio para o desportista, para que este seja obrigado a aproximar-se dos seus limites, adaptando-se assim ao problema. No entanto para o exercício solicite os comportamentos desejados para atingir o objectivo, deve haver um controlo por parte do orientador. O controlo é feito através das variáveis pertinentes na actividade, indicadores, e tendências evolutivas que servem para perceber de que forma os exercícios estão a resolver os problemas que pretendemos. Por exemplo, imaginando que um defesa não era capaz de interceptar a bola porque não percebia os indicadores da relação centro de massa/ base de apoio do portador da bola: para resolver este problema teríamos que prescrever um exercício que solicite o defesa a perceber na relação centro de massa/base de apoio do portador da bola para que lado terá mais facilidades em passar a bola relacionando o objectivo do defesa (interceptar a bola). Ao realizar um exercício em que tinha demasiado espaço para percorrer até interceptar a bola, o defesa até pode estar a perceber para que lado a bola vai, mas não consegue percorrer um espaço demasiado grande até interceptar a bola, assim teremos que diminuir o espaço para que ambos os comportamentos sejam os solicitados. No controlo interessa que os princípios activos sejam cumpridos através de uma posologia correcta, isto é, da quantidade de exercício que é necessária para que os objectivos de treino sejam cumpridos. “Caso a posologia não seja indicada, por excesso ou por defeito, não se alcançarão os resultados desejados. Assim, o principio activo até pode ser o pertinente para a situação em causa, mas se a sua dosagem não corresponder às necessidades, os efeitos não serão os desejados.” (Vicente A., 2007) Portanto quando se treina qualquer tipo de variável, deve-se perceber que qual a dosagem que cada desportista deve necessitar, isto é, se um desportista realizar um exercício com pouca duração e não estiver nos limites, o jogador não obtém desenvolvimento, se realizar o exercício com muita duração, estamos a desperdiçar o tempo que é finito, logo não o estamos a rentabilizar. Portanto deve-se colocar o jogador nos limites fazendo com ele se supere no exercício.
  • 17. Universidade da Beira Interior 2011-2012 17 Para haver uma melhor compreensão das situações típicas do futebol vou explicar os fenómenos que acontecem em cada uma delas bem como as interligações das variáveis implícitas em cada situação, seguindo o modelo dos desportos colectivos de Almada F. Passe Um passe é uma forma de fazer chegar a bola a um colega que se encontre melhor posicionado em campo em função do objectivo, de forma a haver a criação de situações de finalização ou dar continuidade à jogada da equipa. Tendo em conta o modelo de referência dos desportos colectivos, um passe só será bem sucedido, se o tempo que a bola demora até ser recebida por um colega de equipa (t) for menor que o tempo que os adversários dispõem para chegar a um possível ponto de intercepção do passe (t’). No entanto isto é apenas a parte visível desta acção uma vez que antes da saída motora existe as entradas sensoriais e o tratamento central. As entradas sensoriais são informações e indicadores captadas externamente e é a partir das mesmas que os jogadores que têm a bola vão identificar os indicadores que recolhem das movimentações e posições dos colegas de equipa e dos adversários, percebendo as possibilidades que esses mesmos colegas lhes dão para prosseguir a jogada (onde estão posicionados, que continuidade podem dar á jogada, entre outras.), e também percebendo as possibilidades que lhes são dadas pelos adversários (onde estão, que possibilidades tem de interceptar a bola, como é possível ultrapassá-los) Cada jogador para saber interpretar essas informações deve compreender uma série de variáveis de modo a poder identificar os indicadores das pessoas que participam na acção (e=v.t; v=a.t; f=ma; Ec=1/2mv2 ), estas variáveis são vistas de maneira diferente para cada jogador que realiza a acção, como vamos ver a seguir. Portanto em vez de estarmos a trabalhar com um t ou t’ poderemos falar de um somatório de tempos em que cada jogador demora a fazer as suas acções tendo em conta o objectivo, assim passamos a considerar (∑t ≥ ∑t’), em que o ∑t é o somatório do tempo da acção ofensiva e ∑t’ é o somatório do tempo de acção defensiva.
  • 18. Universidade da Beira Interior 2011-2012 18 Poderemos dividir estes tempos em outros mais pormenorizados de modo a que se possa identificar mais precisamente onde está o problema: (jogador com bola) t1 – tempo que o jogador com bola observa o defesa e o jogador com bola; t2 tempo que o jogador utiliza para a saída motora; t3 – tempo que a bola demora a percorrer o espaço até chegar ao jogador que vai receber a bola; (defesa) t1’ – tempo que o defesa demora até perceber a trajectória da bola; t2’ – tempo de deslocamento do defesa; poderemos ainda incluir um terceiro tempo que diz respeito ao jogador que vai receber a bola, uma vez que também este tem interferência na trajectória da bola (jogador que vai receber a bola) t’’1 – tempo que o jogador observa o defesa e o jogador com bola; t’’2 – tempo que demora a percorrer um espaço para receber a bola. Portanto, qualquer análise desta acção deve partir deste pressuposto.
  • 19. Universidade da Beira Interior 2011-2012 19 Jogador com bola (t) Figura adaptada de Vicente A., (2005) “ O Diagnóstico nas Actividades Desportivas: Para uma Operacionalização no Modelo das Actividades Desportivas Colectivas”, Trabalho com vista à obtenção do grau de mestre em Ciências do Desporto, UBI: Covilhã  (Entradas Sensoriais/Tratamento Central/Saída Motora) As entradas sensoriais no jogador com bola são lhe dadas pelo defesa e pelo jogador que vai receber a bola, contudo também é influenciado pelos restantes adversários e a posição que está no campo. Poderemos identificar alguns indicadores que este jogador deve ter em conta no passe como por exemplo a relação centro de massa/base de apoio do defesa. Torna-se mais difícil para o defesa interceptar a bola se o jogador com bola definir a trajectória da bola para o lado em que o adversário demora mais tempo a deslocar-se. Este jogador poderá ainda identificar no jogador que vai receber a bola, para que lado ele se está a deslocar, tendo assim também ter em atenção à relação cm/ba do seu colega de equipa, uma vez que assim poderá colocar a bola numa trajectória em que o defesa tem que percorrer um espaço maior para chegar à bola e permite que a bola seja colocada para onde o colega de equipa vai estar e não para onde está, facilitando o seguimento da jogada, visto que o jogador que recebe a bola não tem que perder tempo em receber a bola parado. Visto isto entende-se que qualquer
  • 20. Universidade da Beira Interior 2011-2012 20 passe tem influência de todos os intervenientes e que não é só o jogador que tem a bola é que define a trajectória da bola.  (e= v.t) Como já vimos um passe só terá sucesso se o tempo que a bola demora a percorrer o espaço entre o jogador com bola e o jogador que vai receber a bola for menor que o tempo que o defesa tem para percorrer o espaço até interceptar a bola. Assim interessa ao jogador com bola diminuir o tempo que a bola demora até chegar ao colega de equipa, para isso pode mexer em duas variáveis: velocidade da bola ou o espaço que a bola percorre até chegar ao colega, podendo aumentar também o espaço que o defesa tem até interceptar a bola. O aumento da velocidade da bola pode trazer tendências evolutivas contraditórias, uma vez que ao aumentar-mos a velocidade estamos a dar mais indicadores ao defesa para ele perceber qual será a trajectória da bola; quanto mais velocidade menos precisão existe no passe e o colega pode não conseguir fazer a recepção da bola visto que esta vem com muita velocidade.  (v=a.ta) Para que haja o aumento da velocidade da bola na realização do passe, pode-se mexer em duas variáveis: a aceleração e o tempo de aceleração. Se optarmos por aumentar o tempo em que a bola é acelerada (tempo de aceleração), mantendo a aceleração constante, devemos procurar tirar o máximo partido da coordenação da nossa cadeia cinética, fazendo com que esta ganhe uma maior energia cinética. Caso durante o movimento haja uma desaceleração da cadeia cinética a bola irá com menos velocidade. Ao aumentarmos o tempo em que a bola é acelerada, estamos a dar mais indicadores aos nossos adversários do movimento que pretendemos realizar, e da velocidade da bola podendo assim diminuir o tempo que o adversário tem para chegar a um possível ponto de intersecção com a bola.
  • 21. Universidade da Beira Interior 2011-2012 21  (a=F/m) A aceleração pode ser aumentada de duas formas: ou aumentando a força ou diminuindo a massa. Neste caso é impossível alterar a massa uma vez que a massa da bola é inalterável, portanto é necessário que o jogador consiga relacionar todas as componentes da força, imprimindo assim uma maior força na bola.  (Ec=½mv²) / Cadeia Cinética / Componentes da Força Uma das maneiras para se aumentar a força que o jogador exerce na bola ao realizar um passe para o colega, é aumentar a energia cinética gerada no movimento do passe. Para isso, e segundo a fórmula (f=m.a), pode-se aumentar a velocidade dos segmentos do corpo utilizados para a realização do passe ou correr mais de trás, partindo do pressuposto que não houve a travagem do movimento, que implicaria uma desaceleração, e posterior perda de maior parte da energia cinética acumulada anteriormente. Outra forma de se aumentar a energia cinética gerada no movimento pelo passe, é aumentar-se a massa dos segmentos a utilizar na realização do passe, ou seja, utilizando um maior número de segmentos do corpo. Partindo da formula da energia cinética, é possível constatar que para os desportistas aumentem a energia cinética gerada no movimento que antecede o passe, estes devem utilizar preferencialmente uma maior velocidade dos segmentos do corpo, em vez de utilizarem uma maior massa envolvida no movimento de passe, pois esta massa só irá resultar em metade da totalidade na energia cinética, enquanto que a velocidade irá resultar no dobro da energia cinética gerada no movimento. O jogador que efectua o passe terá de ter a consciência de que ao aumentar a massa envolvida no movimento do passe, utilizando um maior número de segmentos do corpo, está a dar mais indicadores ao seu adversário, sobre qual poderá ser da velocidade da bola e direcção da mesma.  Relação centro de massa/base de apoio Outra forma de aumentar-se a capacidade de exercer forças na bola na realização do passe, é nos dada pela relação Cm/Ba do jogador. Assim, para o aumento da força exercida na bola na realização do passe, o jogador que possui a bola deve deslocar o seu centro de massa de modo a que a resultante das forças vão para onde pretende passar a bola. Contudo, este deslocamento do centro de massa para a frente, não pode ser exagerado, ou seja não pode sair fora dos limites da sua base de apoio, pois o
  • 22. Universidade da Beira Interior 2011-2012 22 desportista fica sujeito a entrar em desequilíbrio. Um outro aspecto a ter em conta, com o avanço do centro de massa do desportista na realização do passe, baseia-se no facto de haver mais indicadores a serem dados aos adversários, correndo o risco dos adversários poderem antecipar a jogada. Os indicadores fornecidos por ambos os jogadores, podem também ser aproveitados como forma de enganar os adversários. Após termos visto as variáveis que estão implícitas no passe passamos agora para o modo como cada jogador utiliza as variáveis a seu favor tendo em conta a sua função no passe. Defesa (t’) Figura adaptada de Vicente A., (2005) “ O Diagnóstico nas Actividades Desportivas: Para uma Operacionalização no Modelo das Actividades Desportivas Colectivas”, Trabalho com vista à obtenção do grau de mestre em Ciências do Desporto, UBI: Covilhã
  • 23. Universidade da Beira Interior 2011-2012 23  (Entradas Sensoriais/Tratamento Central/Saída Motora) As entradas sensoriais do defesa são dadas principalmente pelos indicadores que o jogador com bola dá de modo a definir a trajectória da bola. O defesa deverá perceber através da cadeia cinética utilizada pelo jogador com bola e a sua relação centro de massa/base de apoio qual será a trajectória da bola (t1’), uma vez que quanto mais cedo perceber para que lado a bola irá mais tempo disponível tem para se deslocar o que faz diminuir o tempo que o defesa tem para percorrer o espaço até a um possível ponto de intersecção. O defesa deverá ter em conta ainda a posição do jogador que vai receber a bola, uma vez que este define também o espaço que o defesa tem até interceptar a bola. O tratamento central consiste em o cérebro ao captar os estímulos das entradas sensoriais identificar qual a trajectória que a bola irá ter. Após isto o defesa efectua a saída motora, que é a parte visível do movimento, onde o defesa começa a deslocar-se para interceptar a bola.  (e= v.t) Para que o defesa atinja mais facilmente o seu objectivo, (intercepção da bola), pode mexer em duas variáveis a sua velocidade ou diminuir o espaço que tem de percorrer até interceptar a bola. Para diminuir o espaço até à intercepção da bola, o defesa tem que ter em atenção aos indicadores ditos anteriormente tanto do jogador com bola como do jogador que vai receber a bola. Pode ainda variar o espaço entre o jogador com bola e o jogador que vai receber a bola, isto é, se o defesa estiver mais perto do jogador com bola terá menos espaço para percorrer até à bola mas tem menos tempo disponível para reagir, se se posicionar mais perto do jogador que vai receber a bola terá mais espaço para percorrer até interceptar a bola mas tem mais tempo disponível para reagir até à intercepção da bola.  (v=a.ta) O defesa para conseguir interceptar a bola, terá de aumentar o tempo em que acelera os seus segmentos para deslocar-se, nomeadamente os membros inferiores. A outra forma de aumentar a sua velocidade de deslocamento é aumentar a aceleração do seu movimento de deslocamento.
  • 24. Universidade da Beira Interior 2011-2012 24  (a=F/m) Para que o defesa aumente a aceleração só pode aumentar a força exercida no solo, uma vez que a sua massa em jogo é inalterável.  (Ec=½mv²) / Cadeia Cinética / Componentes da Força Para o defesa aumentar a força aplicada para se deslocar, pode aumentar a energia cinética, aumentando a aceleração dos seus segmentos, pode aumentar a cadeia cinética utilizada permitindo aumentar a aceleração, realizar o movimento coordenado através da relação centro de massa/base de apoio, isto é, fazer com que a sua resultante das forças se direcionam para o lado em que o jogador pretende se deslocar.  Relação centro de massa/base de apoio Este jogador pode também aproveitar o deslocamento do seu centro de massa em direcção ao sentido no qual pretende deslocar-se, conseguindo assim, uma resultante de forças favorável ao deslocamento do seu corpo em direcção ao ponto de intercepção da bola. Jogador que vai receber a bola (t’’)
  • 25. Universidade da Beira Interior 2011-2012 25 Figura de Vicente A., (2005) “ O Diagnóstico nas Actividades Desportivas: Para uma Operacionalização no Modelo das Actividades Desportivas Colectivas”, Trabalho com vista à obtenção do grau de mestre em Ciências do Desporto, UBI: Covilhã  (Entradas Sensoriais/Tratamento Central/Saída Motora) O jogador que recebe a bola deve ter a noção que é um elemento muito importante no passe podendo definir a trajectória do mesmo, isto porque é ele que vai dar seguimento à jogada em que tem como objectivo o golo. Este jogador deve ter como entradas sensoriais os indicadores do colega de equipa que tem a bola, a posição do defesa que pode interceptar a trajectória do passe, a posição dos restantes adversários que de seguida podem lhe tirar a posse da bola, a posição dos colegas de modo a que após receber a bola possa ter outras formas de desenvolver a jogada e a posição que está no campo. De modo a simplificar o treino no passe, aqui falaremos apenas nos indicadores dados pelo colega de equipa e pelo defesa. Portanto, o jogador que vai receber a bola, nas entradas sensoriais que recebe do colega de equipa com bola deve ter em atenção às suas possibilidades de acção, isto é, ter em conta a relação centro massa/base de apoio e a sua resultante das forças, uma vez que estas variáveis dão uma melhor previsão do que irá acontecer, visto que o desportista terá melhores capacidades para coordenar o movimento e imprimir uma maior força na bola. Em relação aos indicadores do defesa este jogador terá que olhar para a relação centro de massa/base de apoio do mesmo, uma vez que esta lhe permite identificar qual o lado em que o defesa terá mais dificuldade em se deslocar, demorando assim mais tempo a interceptar a bola, portanto esse será em que ele se dirige para receber a bola. No entanto se o lado em que o jogador com bola tiver mais facilidades em passar coincidir com o lado em que o defesa demora menos tempo a se deslocar, o jogador que vai receber a bola deve escolher esse mesmo lado, porém deve fazer aumentar o espaço que o defesa tem até interceptar a bola, aumentando a velocidade ou aumentar o espaço a que está até ao defesa, isto porque é mais fácil ele se deslocar do que o jogador com bola alterar a sua posição, uma vez que está com bola e tem um defesa que lhe pode tirar a posse da bola.
  • 26. Universidade da Beira Interior 2011-2012 26  (e= v.t) No que diz respeito ao jogador que vai receber a bola, o tempo deve ser o adequado para tendo em conta a velocidade a que vem a bola o jogador receber a bola. Como já vimos quanto mais cedo se identificar os indicadores das entradas sensoriais mais facilmente se poderá diminuir o tempo até chegar à bola. Contudo este jogador poderá ainda diminuir o tempo até receber a bola, diminuindo o espaço que tem de percorrer até receber a bola ou aumentar a sua velocidade.  (v=a.ta) Caso não possa aumentar o espaço então terá que diminuir a velocidade, para isso poderá aumentar a aceleração ou o tempo de aceleração. O tempo de aceleração é o tempo em que o jogador demora a fazer a aceleração para o movimento. Caso durante o tempo de aceleração exista uma desaceleração do movimento a velocidade vai ser menor, uma vez que a aceleração diminui.  (a=F/m) A aceleração pode ser alterada aumentado a força ou diminuindo a massa. Neste caso como a massa do jogador durante o jogo é inalterável, apenas se pode aumentar a força.  (Ec=½mv²) / Cadeia Cinética / Componentes da Força Para o jogador aumentar a força aplicada para se deslocar poderá aumentar a energia cinética, aumentando a velocidade dos segmentos ou a massa, poderá utilizar uma maior cadeia cinética, poderá coordenar todas as componentes da força para o movimento, e fazer com que a resultante dessas forças seja a mais eficaz para a realização do movimento, como a relação centro de massa/base de apoio.
  • 27. Universidade da Beira Interior 2011-2012 27 Remate De seguida analiso o remate tendo em conta que o rematador está apenas numa situação de interacção com o guarda-redes e a baliza, isto é, tem apenas de se centrar no seu tempo e no tempo de guarda-redes (t ≥ t’), isto porque caso exista mais jogadores á frente o jogador terá que ter mais indicadores Segundo Vicente A.,(2007) num quadro de referência dinâmico o remate deve ser analisado não só no movimento padrão em que se centra apenas no jogador, fazendo com que este repita movimentos já definidos, mas sim numa perspectiva em que procura “…identificar onde será mais rentável obter vantagem no diferencial de tempos em função das características dos jogadores face aos recursos disponíveis (temporais, materiais, instrumentais, financeiros, etc.), percebendo a funcionalidade do processo, ou seja, como se interligam as variáveis e qual a estratégia utilizada para articular as diferentes variáveis em jogo, pois o diferencial que se pretende é uma relação entre dois somatórios e, o resultado do treino visa optimizar, a nosso favor, a relação dos dois somatórios realizados.” (Vicente A. 2007) Tendo em conta o modelo de referência dos desportos colectivos (∑t ≥ ∑t’), considerando o ∑t o somatório do tempo da acção ofensiva e ∑t’ o somatório do tempo de acção defensiva, segundo Vicente A.(2007). Poderemos dividir estes tempos em outros mais pormenorizados, de modo a permitir que no treino seja mais fácil perceber onde está o problema: t1 – tempo que o rematador utiliza até rematar; t2 tempo que a bola demora a percorrer um espaço até chegar à baliza; t1’ – tempo do guarda-redes antes de se deslocar; t2’ – tempo de deslocamento do guarda-redes. Somatório do tempo do rematador (∑t) No t1 o rematador terá que ter em atenção às entradas sensoriais, onde vai receber os estímulos, olhando para a relação centro de massa /base de apoio do guarda- redes e para a sua posição na baliza, depois no tratamento central o jogador vai avaliar para que lado o guarda-redes demorará mais tempo a chegar a um possível ponto de intercepção da bola, para rematar a bola para o lado em que o guarda-redes demora mais tempo a chegar à bola, tendo em conta os factores das entradas sensoriais de seguida efectua a saída motora que é a parte visível da acção, ou seja, é o remate propriamente dito.
  • 28. Universidade da Beira Interior 2011-2012 28 O t2 é assim a saída motora de uma análise que o jogador fez antecipadamente, porém, também este tempo é influenciado pelo jogador uma vez que ele tem um conjunto de variáveis que podem aumentar a velocidade da bola, percorrendo assim um espaço em menos tempo, (e=v.t; v=a.t; f=m.a; Ec=1/2mv2 ). De seguida apresento de que forma essas variáveis podem ser operacionalizadas. Portanto a velocidade é influenciada pela aceleração e o tempo de aceleração. Quanto mais tempo de aceleração para uma aceleração constante, mais velocidade vai gerar na bola, no entanto se houver um movimento de desaceleração no mesmo tempo de aceleração a velocidade diminui; a aceleração pode ser influenciada pela massa da bola que é inalterável num jogo e pela força aplicada à bola. A força aplicada na bola é influenciada pela acumulação da energia cinética, cadeia cinética, relação centro de massa/base de apoio e as componentes da força, (intensidade, direcção, sentido, ponto de aplicação, tempo de actuação), se a resultante das forças for para mesma direcção mais velocidade a bola vai atingir. A acumulação da energia cinética é influenciada pela velocidade dos segmentos e pela massa dos segmentos. No entanto este aumento da velocidade pode ter tendências evolutivas contraditórias, uma vez que quando se aumenta a velocidade do remate a partir de determinados limites diminui-se a precisão. Acrescentando a esta tendência, e uma vez que ao aumentar a velocidade estamos a aplicar uma maior acumulação de energia, estamos também a fornecer mais indicadores ao guarda-redes que ele pode observar mais cedo, permitindo-lhe ter mais tempo para antecipar a trajéctória da bola e deslocando-se mais cedo. Portanto o rematador terá que encontrar um equilíbrio entre a relação velocidade/precisão e os indicadores que fornece ao guarda-redes.
  • 29. Universidade da Beira Interior 2011-2012 29 Variáveis que permitem analisar o rematador Somatório do tempo do guarda-redes (∑t’) Se um guarda-redes se centrar apenas na bola durante um remate, o tempo disponível que tem para se deslocar até a um possível ponto de intersecção da bola será menor do que se recolher informações do rematador para tentar identificar a trajectória da bola, isto porque ao olhar para o jogador que vai rematar o guarda-redes consegue mais cedo perceber a trajectória da bola, através de indicadores. Esses indicadores estão relacionados com a relação centro de massa/base de apoio Deste modo, o t1’ (tempo do guarda-redes antes de se deslocar) diz respeito às entradas sensoriais e, onde o guarda- redes deve recolher as informações do rematador, isto é, deve identificar indicadores que o rematador dá ao realizar forças para imprimir na bola, e o tratamento central onde através dos aspectos identificados nas entradas sensoriais o guarda-redes irá processar essa informação e definir qual será a trajectória da bola. No t2’ (tempo de deslocamento do guarda-redes), “ Para saber se o guarda- redes ainda poderá melhorar a sua velocidade, é necessário saber, por exemplo, onde este ainda poderá rendibilizar a sua relação entre o centro de massa e a base de apoio para se deslocar, ter alguns dados acerca da sua evolução, como por exemplo, como têm evoluído a sua velocidade de deslocamento ao longo do tempo? Que alterações
  • 30. Universidade da Beira Interior 2011-2012 30 teve na sua velocidade com os tipos de treino que realizou (se já treinou antes, por exemplo)?” (Vicente A.2005) Variáveis que permitem analisar o guarda-redes (t2’) Segundo Vicente A. 2007, para perceber a evolução do guarda-redes é necessário saber o que acontece em cada remate para se poder analisar a relação das variáveis. Como por exemplo, teremos que ver quando o guarda-redes se desloca tendo em conta a acção do rematador, para poder identificar onde está o problema. “ Nesta situação, mesmo que o guarda-redes consiga realizar a leitura do rematador, deve-se ver onde é que ainda pode melhorar para conseguir obter um diferencial de tempos favorável ou aumentá-lo. Poderá ler antes? Que indicadores ainda poderá ler no rematador para iniciar o seu deslocamento mais cedo? Poderá melhorar a sua velocidade de deslocamento? Como variará o seu tempo com a fadiga? E em situações de tensão?” (Vicente A. 2005)
  • 31. Universidade da Beira Interior 2011-2012 31 Finta A finta tem os mesmos pressupostos de análise do passe e do remate, em que o t é o tempo de acção ofensiva e o t’ o tempo de acção defensiva. O objectivo da finta é que o jogador que tem a bola consiga criar desequilíbrios ao adversário de maneira a que este não consiga ter tempo para percorrer o espaço até interceptar a bola a quando o portador da bola passar por ele. Vicente A., (2011) Os somatórios do tempo ofensivo e defensivo podem se repartir ainda mais tal como no passe, de maneira a simplificar e definir onde estará o problema. Sendo assim a próxima imagem demostra cada tempo dentro do somatório tendo em conta as acções de cada individuo. Imagem adaptada de Vicente A., Slides da Unidade Curricular Estudos Práticos de Futebol,2011, Covilhã
  • 32. Universidade da Beira Interior 2011-2012 32 Para que cada desportista consiga atingir o seu objectivo tem que ter em conta uma série de variáveis, (e=v.t; v=a.t; f=m.a; Ec=1/2mv2 ) embora de formas diferentes. Somatório do tempo de acção ofensiva (∑t) O portador da bola quando tenta fintar um oponente deve saber identificar as entradas sensoriais no mesmo, que neste caso pode ser a relação centro de massa/base de apoio do adversário. Por exemplo, se a resultante das forças que o adversário tiver a exercer se encontram mais para o lado direito então, irá demorar mais tempo a deslocar- se para o lado esquerdo, por isso o jogador atacante poderia aproveitar essa janela de oportunidade para ir para o lado esquerdo do oponente, percorrendo o espaço em menos tempo que o adversário tem para chegar a um possível ponto intersecção da bola. O tratamento central é o tempo que o portador da bola vai ter para após identificar as informações das entradas sensoriais perceber para que lado o defesa demora mais tempo a deslocar-se, após perceber isto o jogador deve proceder à saída motora, que é o movimento visível da acção em que o mesmo efectua forças para se deslocar para o lado em que optou. A saída motora para além de ser influenciada pela posição do adversário é influenciada também pelo tempo de deslocamento da bola em relação com o tempo de deslocamento do portador da bola, uma vez que é o portador da bola que exerce forças para o deslocamento da bola. No entanto o jogador com bola deve perceber que ao exercer forças para um lado, está a dar indicadores ao defesa que vai para esse lado, portanto, deve haver um equilíbrio entre os indicadores que se dá e as forças que se exerce. O portador da bola poderá ainda dar indicadores falsos ao seu oponente de forma a que este pense que vai para um lado e depois vai para o outro, assim o tempo que o adversário tem para chegar a um possível ponto de intersecção da bola é maior do que o tempo da bola percorrer o espaço até passar pelo defesa.
  • 33. Universidade da Beira Interior 2011-2012 33 Para analisar esta acção temos as seguintes variáveis apresentadas: Figura adaptada de Vicente A., (2005)
  • 34. Universidade da Beira Interior 2011-2012 34 Somatório do tempo de acção defensiva (∑t’) Um defesa quando tem como objectivo interceptar a bola de um atacante deve ter em atenção às entradas sensoriais do mesmo. Portanto deve identificar para que lado está a ir a resultante das forças que o atacante está a exercer, para depois no tratamento central poder perceber através desses indicadores para que lado o oponente vai. Quanto mais cedo perceber para que lado o adversário vai, mais tempo disponível tem para se deslocar para o lado onde a bola vai. Após identificar para que lado vai a bola, o defesa efectua a saída motora, onde vai ter que se deslocar num espaço até interceptar a bola. O tempo que demora a percorrer esse espaço depende das seguintes variáveis. Figura adaptada de Vicente A., (2005)
  • 35. Universidade da Beira Interior 2011-2012 35 PROBLEMA Como já foi dito anteriormente muitos dos treinadores que intervêm no treino, preocupam-se apenas em dar exercícios para uma equipa, não rentabilizando os desportistas individualmente, isto é, realizam exercícios para todos os jogadores de forma igual, não pensando nas características individuais de cada um, nem nas suas potencialidades. Um treinador que não conheça os seus desportistas não os consegue transformar. Estando nós no âmbito do desporto o Homem deve ser encarado como uma relação entre todas as suas componentes, como ser holístico, em que é inserido numa sociedade e numa actividade (Homem – sociedade – desporto). Por isso deve-se construir uma intervenção no treino pensando em transformar o Homem não só na actividade mas também em todas as outras componentes. Para que isto se concretize temos que conhecer o desportista, quais as suas preocupações, os seus gostos, as suas vivências, a sua personalidade, as suas características e as suas potencialidade. Assim terá que haver um diagnóstico que seja de tal forma preciso que permita conhecer os jogadores. Como tal sendo cada pessoa uma só e diferente das outras, não se pode realizar exercícios iguais para toda a equipa. Cada exercício deve levar a pessoa aos limites, testando-a e desafiando-a, permitindo que o comportamento que se espera solicitar seja perceptível em várias circunstâncias. Por exemplo, se um jogador com bom um domínio de si próprio realizar um exercício com muito espaço em que tem de passar a bola para um colega, não é um desafio para ele. Por isso este exercício não permitia diagnosticar os problemas do jogador. Muitas das vezes os jogadores por sentirem que o exercício é demasiado fácil realizam-no com pouca predisposição ou começam a realizar o passe de formas diferentes, para se desafiar a si próprio. Portanto, aqui pretende-se encontrar exercícios que solicitam aos desportistas comportamentos, permitindo assim diagnosticá-los. Por isso cada exercício tem um variável diferente a diagnosticar e deve fazer com que o jogador se desafie.
  • 36. Universidade da Beira Interior 2011-2012 36 METODOLOGIA Como já foi referido acima, antes de prescrever qualquer exercício deve-se realizar exercícios de diagnóstico para identificar quais os problemas, capacidades e potencialidades dos desportistas. No entanto e numa perspctiva dinâmica do desporto, terá que haver uma relação entre os fenómenos dentro da actividade, o desportista inserido na sociedade e inserido no grupo ou equipa. Portanto qualquer intervenção ao nível do desportista terá que ter em conta estes três factores. Numa primeira abordagem de diagnóstico da pessoa, devemos conhecer as suas principais características como: nome, idade, altura, pessoa. Poderemos ainda logo no princípio do diagnóstico realizar uma amnése desportiva, identificando qual a experiência desportiva da pessoa ou se teve alguns problemas de saúde. Depois poderemos partir para o diagnóstico de problemas, potencialidades e capacidades da pessoa. Antes de isolar ao máximo um diagnóstico de uma variável, teremos que realizar um exercício em que se perceba se o jogador consegue ou não realizar passes. Depois, caso não consiga teremos que colocar hipóteses para perceber qual é o problema, tentando isolar uma variável pertinente para o mesmo. Isto vai permitir que o desportista trabalhe apenas essa lacuna, centrando-se ao máximo nela. Assim o desportista evita de estar a trabalhar algo que não é preciso, uma vez que já sabe fazer, permitindo assim uma melhor rentabilização do treino, uma vez que este não é infinito. Para perceber se o problema é o que está a ser avaliado, o jogador deve ter problemas em concretizar o objectivo do mesmo. Por exemplo, se um jogador não conseguiu marcar nenhum golo num exercício de remates em que o objectivo era a marcação de golos, vamos colocar a hipótese de que o problema seja de precisão. Tendo em conta esta hipótese testaremos um novo exercício, que poderá ser o jogador tentar acertar num espaço a uma certa distância. Se ele em 10 oportunidades conseguir apenas acertar 2 ou 3, então o problema é mesmo precisão. Posto isto, teremos de perceber porque acontece esse problema, poderá estar relacionado com o ponto de aplicação, relação centro de massa/base de apoio, coordenação, etc. Para depois resolver o
  • 37. Universidade da Beira Interior 2011-2012 37 problema, deve-se corrigir o problema na sua origem, onde o treinador poderá dar uma informação explícita ao seu jogador. O exercício de prescrição depois, terá que ser adaptado aos limites do desportista, de modo a que o exercício constituía um desafio para o mesmo e controlado para que o comportamento solicitado seja o desejado pelo treinador. Um diagnóstico nunca está acabado por isso na realização de diferentes exercícios poderemos encontrar problemas, características ou capacidades que podem ser importantes trabalhar para o desenvolvimento do desportista na relação dialéctica entre Homem-Sociedade-Desporto. Portanto o exercício que se segue, será apenas com o objectivo de perceber se um jogador consegue realizar passes, para depois colocar hipóteses do problema. Exercícios de Diagnóstico no Passe Exercício de Diagnóstico Objectivo imediato – Realização de passes Descrição do exercício – Os jogadores que tenham a bola devem fazer passes entre si. Cada 5 passes é um ponto (realiza-se sistema de competição para haver uma maior predisposição para jogar) Limites do campo – O espaço de jogo parte do modelo dos desportos colectivos (∑t ≥ t’), isto é, deve servir para os jogadores jogarem nos limites, de modo a superarem-se. Portanto o espaço não pode ser muito grande, porque depois a equipa que está a defender não tem tempo para chegar a um possível ponto de intersecção da bola e não pode ser muito pequeno porque assim os defesas tem muito tempo para interceptar a bola. Este espaço pode ser mudado durante o exercício caso o comportamento que se espera solicitar não esteja a ser realizado. Assim tendo em conta que o exercício é de 3x3 e pensando que cada jogador tem 2 metros de espaço de deslocamento o limite do campo neste caso será de 6 m x 6 m. Duração – A duração deste exercício deve ser a suficiente para conseguir identificar se um jogador falha muitos passes ou não. Por isso 10 minutos será um tempo suficiente para a observação desse parâmetro.
  • 38. Universidade da Beira Interior 2011-2012 38 Indicadores – Como este exercício pretende apenas saber se o jogador falha ou não os passes, temos como indicador a intercepção, ou não, da bola pelo defesa. No entanto este exercício poderá logo indicar a origem do problema, a razão pela qual o jogador falha muitos passes. Assim poderá ter vários indicadores, tais como, a velocidade da bola, se é a adequada tendo em conta o espaço que o defesa está dela e o espaço que terá de percorrer até ao colega de equipa; o ponto de aplicação na bola, se consegue bater a bola no sítio certo para que haja uma boa precisão; se o jogador olha para a relação centro de massa/base de apoio do defesa, caso a resultante das forças através da relação centro de massa/base de apoio do defesa esteja mais para um lado, o passe deverá ser realizado para o outro lado; se olha para o deslocamento do colega a que vai passar a bola, permitindo assim a que a bola vá para um espaço onde o jogador que vai receber a bola vai estar, isto vai aumentar o espaço do defesa até a um possível ponto de intersecção da bola e diminuir a perca de tempo da jogada seguinte. Material – uma bola, 3 coletes, 4 cones Imaginado que um jogador A falha muitos passes, teremos que perceber de onde vem o problema. Se for logo perceptível a causa do problema pode-se partir para a prescrição, tentando resolver o mesmo, caso isso não se verifique teremos que impor hipóteses para a causa do problema. De seguida irei apresentar exercícios para algumas variáveis do passe, de modo a perceber-se qual será a causa do problema de um jogador. Exercício 1 Objectivo mediato – Evolução do jogador na realização de passes Objectivo especifico – Avaliar se o jogador consegue identificar na relação centro de massa/base de apoio do adversário o lado em que ele demora mais tempo a deslocar-se.
  • 39. Universidade da Beira Interior 2011-2012 39 Comportamento que se espera solicitar – Fazer com que o jogador olhe para a relação centro de massa / base de apoio do defesa para que possa definir a trajectória da bola para o lado em que o defesa demora mais tempo a deslocar-se. Duração - A duração deste exercício deve ser a suficiente para conseguir identificar se o jogador consegue atingir o objectivo imediato ou não. Por isso 7 minutos será um tempo suficiente para a observação desse parâmetro. Descrição do exercício – Num quadrado de 4 x 4 metros o defesa tenta interceptar passes que 3 jogadores fazem entre si. O passe para ser bem sucedido, a bola terá que passar pelo quadrado do defesa, para que o jogador com bola seja obrigado a olhar a relação centro de massa / base de apoio. O jogador que vai receber a bola terá que a receber sempre num dos lados do quadrado do jogador com bola, obrigando portanto que um dos jogadores esteja sempre em movimento. Estes 3 jogadores que vão realizart passes, estão inseridos nos lados do quadrado do defesa e têm como limite um quadrado maior de 8 x 8 metros em que não podem sair. O defesa não pode sair do seu quadrado nem o atacantes podem entrar lá dentro. As medidas do quadrado do defesa podem variar uma vez que dependem sempre dos limites que tanto os defesas como os atacantes se encontram. Indicadores – O principal indicador deste exercício é perceber se o jogador com bola, quando passa olha para a relação centro de massa/base de apoio do defesa, tentando definir a trajectória da bola para o lado em que o defesa demora mais tempo a interceptar a bola. No entanto pode-se identificar outros aspectos no desportista como por exemplo: se ele consegue relacionar a velocidade da bola com o espaço a que está do jogador que vai receber a bola e do espaço a que o defesa está de um possível ponto de intersecção da bola; se ele dá demasiado indicadores da trajectória da bola. Condicionantes do exercício - (caso o comportamento que queremos ver solicitado não esteja a ser feito, que será visto através dos indicadores, teremos que alterar algumas coisas no exercício) – Caso o jogador com bola consiga realizar sempre os passes, pode- se diminuir o tamanho dos quadrados de maneira a diminuir o espaço que o defesa tem até a um possível ponto de intersecção (e = v x t), permitindo assim que o jogador com bola esteja nos limites, procurando olhar para a relação CM/BA do defesa. Se o defesa não perceber que se deve aproximar mais do portador da bola deve-se dar uma indicação explícita para diminuir a distância entre si e o portador da bola, para assim
  • 40. Universidade da Beira Interior 2011-2012 40 reduzir o espaço entre si e uma possível intersecção da bola. Caso o defesa esteja sempre a interceptar a bola e se o jogador com bola esteja a olhar para a relação CM/BA do mesmo, então teremos que aumentar um pouco o tamanho dos quadrados, para assim o jogador conseguir realizar o objectivo, estando nos limites. Caso o problema seja falta de motivação coloca-se sistemas de pontos em que cada passe é um ponto e cada intersecção são 3 pontos para o defesa, isto iria promover a competição entre jogadores o que aumenta a predisposição para a realização do exercício. Desenvolvimento do jogador – Após a realização deste exercício, estando o exercício adequado aos limites do jogador, o mesmo deve conseguir identificar na relação CM/BA do defesa o lado em que demora mais tempo a interceptar a bola, permitindo assim que o passe seja feito para um colega de equipa. O progresso do jogador pode se identificar através do número de vezes que o jogador atinge o objectivo, por exemplo, se o jogador em 20 vezes consegue realizar o objectivo 17 ou 18 vezes, pode-se considerar que o desportista evoluio. Exercício 2 Objectivo mediato – Evolução do jogador na realização de passes Objectivo imediato – Identificar que velocidade a bola deve ir para o jogador da mesma equipa receber a bola. Duração - A duração deste exercício deve ser a suficiente para conseguir identificar se o jogador consegue atingir o objectivo imediato ou não. Por isso 7 minutos será um tempo suficiente para a observação desse parâmetro. Comportamento que se espera solicitar – Espera-se que o jogador com bola consiga relacionar a velocidade da bola com a velocidade de deslocamento do colega de equipa, colocando a bola num espaço em que este consiga receber a bola e prosseguir a jogada.
  • 41. Universidade da Beira Interior 2011-2012 41 Descrição do exercício – Num ponto fixo o jogador com bola irá realizar passes para um colega de equipa para que este faça golo numa baliza, passando com a bola controlada. Atrás do jogador que recebe a bola vai estar outro jogador com o objectivo de tentar interceptar a bola e fazer com que o jogador com bola não tenha muito tempo para receber a bola, assim este jogador vai influenciar na velocidade da bola, uma vez que se a bola for com pouca velocidade o defesa pode interceptar a bola, se for com muita velocidade o jogador que vai receber a bola pode nem sequer chegar à bola. Indicadores – O indicador principal deste exercício é identificar se o jogador consegue relacionar a força que imprime na bola de modo a dar uma velocidade suficiente para que o jogador que vai receber a bola não perca tempo no seguimento da jogada. No entanto este exercício também pode ter como indicador a precisão da bola, onde se poderá perceber se o jogador consegue relacionar o ponto de aplicação na bola e a direcção da bola com o local onde o jogador da mesma equipa vai estar. Condicionantes do exercício – Durante o exercício pode-se alterar a distância a que o jogador com bola está do jogador que vai receber a bola e a direcção do passe, para que o jogador com bola perceba a que diferentes forças deve imprimir na bola para que esta vá com diferentes velocidades. Pode-se alterar a distância que o defesa está do jogador que vai receber a bola e ainda a velocidade de deslocamento deste.
  • 42. Universidade da Beira Interior 2011-2012 42 Exercício 3 Objectivo mediato – Evolução do jogador na realização de passes Objectivo imediato – Identificar o ponto de aplicação na bola de modo a que esta siga uma trajectória seleccionada pelo jogador. Duração - A duração deste exercício deve ser a suficiente para conseguir identificar se o jogador consegue atingir o objectivo imediato ou não. Por isso 7 minutos será um tempo suficiente para a observação desse parâmetro. Comportamento que se espera solicitar – Espera-se que os jogadores consigam perceber qual o ponto de aplicação adequado para a bola seguir uma determinada trajectória para que esta vá para um certo espaço. Aqui os jogadores apenas têm que se centrar na bola. Descrição do exercício – Este exercício consiste em dois jogadores estarem frente a frente a realizarem passes entre si, sendo que o passe deve ser para o colega da frente, e só podem realizar o passe depois da bola estar parada uma vez que se torna mais fácil controlar a bola e acertar num ponto na bola que se quer, isto porque com a bola parada existe uma menor variabilidade do ponto de aplicação, definindo assim melhor a direcção e o sentido. Indicadores – Como indicador principal deste exercício é o facto de a bola ir direcionada para o colega de equipa. Perceber se o jogador é coordenado no movimento. Condicionantes do exercício – Aqui pode-se alterar as direcções do passe para o colega, em vez de ser frente a frente poderá ser lado a lado; pode-se ainda alterar as distâncias entre eles. Isto vai permitir que o jogador perceba a forma como deve realizar o movimento para várias direcções e sentidos, para conseguir num jogo ter mais possibilidades de acção; variar a velocidade do passe (ter em atenção que aqui existe uma tendência evolutiva contraditória, isto é, quanto mais velocidade no passe, menos precisão irá haver).
  • 43. Universidade da Beira Interior 2011-2012 43 Exercício 4 Objectivo mediato – Evolução do jogador na realização de passes Objectivo imediato – Passar a bola para o colega de equipa olhando para ele de modo a que a bola vá para um espaço onde o este vai estar. Duração - A duração deste exercício deve ser a suficiente para conseguir identificar se o jogador consegue atingir o objectivo imediato ou não. Por isso 7 minutos será um tempo suficiente para a observação desse parâmetro. Comportamentos que se espera solicitar – O jogador com bola deve olhar para onde o seu colega se está a deslocar, tentando tirar indicadores da sua relação centro de massa/base de apoio, de modo a que a trajectória da bola vá para um espaço onde o mesmo consiga prosseguir a jogada. Descrição do exercício – Num quadrado de 6 x 6 metros vão estar o jogador com bola o jogador que vai receber a bola e o defesa que tem como objectivo interceptar a bola. O jogador com bola deve passar a bola para o colega de equipa, de seguida acontece o inverso, o jogador que recebeu a bola passa para o seu colega de equipa. Cada passe corresponde a um ponto para os dois colegas de equipa se o defesa interceptar a bola é um ponto para ele. No entanto se o jogador com bola conseguir estar com a mesma durante 4 segundos os jogadores da mesma equipa conseguem fazer ponto. Isto acontece, para o defesa tentar interceptar a bola, evitando que ele diminua o espaço entre ele e o jogador que vai receber a bola, uma vez que se ele fizer isso, o jogador com bola não tem tempo para receber a bola, porque o jogador com bola terá que aumentar a velocidade da mesma, portanto estando o defesa quase junto do jogador que vai receber a bola, tem muito tempo disponível para percorrer um espaço até interceptar a bola. Indicadores – O indicador principal deste exercício é conseguir perceber se o jogador com bola olha para a relação CM/BA do jogador que vai receber a bola, tentando interpretar o seu deslocamento ao ver para onde ele se vai deslocar. Contudo também tem um indicador importante que é identificar na relação CM-BA do defesa o lado em que ele demora mais tempo a interceptar a bola, para assim passar a bola para esse lado. Pode ainda ter como indicadores a velocidade da bola, se a velocidade da bola é suficiente para o jogador com bola a receber; se o jogador com bola dá muitos indicadores da trajectória da bola.
  • 44. Universidade da Beira Interior 2011-2012 44 Condicionantes do exercício – Durante o exercício para que o comportamento solicitado seja o que queremos poderemos mexer no espaço de jogo, caso o defesa esteja sempre a interceptar os passes poderá ser que o mesmo tenha pouco espaço para percorrer até interceptar a bola, assim teremos que aumentar o espaço do exercício. Poderemos aumentar o espaço que o jogador que vai receber a bola tem até ao defesa, isto ia permitir ao portador da bola aumentar a velocidade da bola, uma vez que o jogador que vai receber a bola teria mais tempo disponível para receber a bola, porque a bola percorre mais espaço entre o defesa e o jogador que recebe a bola.
  • 45. Universidade da Beira Interior 2011-2012 45 Exercícios de Diagnóstico no Remate Exercício de Diagnóstico Objectivo mediato – Evolução do jogador no remate Objectivo imediato – Avaliar se o jogador marca golo ou não. Duração – A duração deste exercício deve ser a suficiente para observar se os jogadores quando rematam marcam golo ou não. Para observar isto o número de vezes que cada jogador remata à baliza deve ser uma amostra suficiente para conseguir extrair o problema. Por exemplo se rematar 10 e apenas marcar 2 golos, quer dizer que tem um problema. Então 12 minutos será um tempo suficiente para a observação do objectivo. Descrição do exercício – Neste exercício os jogadores devem tentar marcar o maior número de golos possíveis. Dois jogadores contra dois jogadores que estarão dentre de um quadrado tentam marcar golos para baliza contrárias que estarão afastadas do quadrado. A seguir ao quadrado há uma zona em que um dos jogadores terá que passar com a bola controla sendo que apenas um adversário pode vir atrás tentar interceptar a bola. O jogador com bola só pode rematar depois do quadrado e antes desse espaço limitado. Este exercício está enquadrado no jogo, uma vez que permite encontrar espaço entre dois jogadores, ou seja existe a oposição dos defesas, e de seguida existe um espaço onde um jogador atravessa com a bola controlada e tem um defesa atrás de modo a que este não tenha muito tempo para rematar à baliza, olhando para o guarda-redes, tal como acontece num jogo. Existe também uma linha limite onde o remate poderá ser feito, para o guarda-redes mais tempo disponível para interceptar a bola, uma vez que a bola demorará mais tempo a chegar à baliza. Indicadores – Este exercício é só para identificar se o jogador consegue ou não marcar golo, permitindo assim perceber se ele tem algum problema no remate, caso ele não marque muitos golos tendo em conta as oportunidades que teve, o indicador é apenas se o jogador marca golo ou não. No entanto pode ser logo visível mais indicadores, como perceber se o jogador olha para o guarda-redes antes de rematar, de modo a colocar a bola num local onde ele demore mais tempo a deslocar-se; se o jogador consegue imprimir muita força na bola, podendo aumentar outros aspectos, como a aceleração, o
  • 46. Universidade da Beira Interior 2011-2012 46 tempo de aceleração, etc…; ou se o jogador tem uma boa precisão, identificada através do ponto de aplicação na bola e direcção das forças. Limites do campo – O espaço do quadrado deve servir para os jogadores jogarem nos limites, de modo a superarem-se, isto é, deve permitir que os jogadores com bola tentem aumentar o tempo que os defesas têm até interceptarem a bola, possibilitando depois que o jogador com bola passa o lado do quadrado. Como o objectivo principal do exercício é o que se vai passar asseguir do jogador passar com a bola controlada pelo o lado do quadrado, o quadrado poderá ser um pouco maior do que os limites dos jogadores, evitando assim que não seja tão importante a leitura da relação CM/BA dos defesas para conseguir passar com a bola controlada pelo o lado do quadrado. Este espaço pode ser mudado durante o exercício caso os jogadores nunca conseguirem passar com a bola controlada o lado do quadrado oposto. Portanto o espaço do quadrado neste caso poderá ser de 5 x 5 metros. Material – uma bola, 2 coletes, 8 cones Imaginando que um jogador nunca consegue marcar golo, teremos que perceber qual a causa do problema, colocando hipóteses e exercícios. Exercício 1 Objectivo mediato – Evolução do jogador no remate Objectivo imediato – Perceber se o problema é do jogador não olhar para a posição do guarda-redes Duração – A duração do exercício deve ser suficiente para perceber se o problema do jogador não marcar golo é mesmo de não olhar para o guarda-redes, por isso o número de vezes que ele realiza o exercício, deve permitir retirar uma amostra, onde seja
  • 47. Universidade da Beira Interior 2011-2012 47 perceptível se existe problema ou não, ou seja, o jogador poderá rematar à baliza 15 vezes, se marcar poucos golos porque não olhou para o guarda redes, então o problema é este. Por isso 10 será um tempo suficiente para a realização do exercício. Comportamento que se espera solicitar – Espera-se que o jogador olhe para o guarda- redes e perceba através da sua relação centro de massa/base de apoio para que lado este demora mais tempo a chegar a um possível ponto de intersecção da bola. Descrição do exercício – Um jogador de cada lado perpendiculares à baliza com uma bola numa meio deles à mesma distância dos dois. Ao sinal do orientador partem os dois ao mesmo tempo o primeiro a chegar à bola conduz a bola e tenta marcar golo com o guarda-redes pela frente. O outro jogador tem como objectivo tentar tirar a bola, isto vai permitir que o jogador com bola tenha muito pouco tempo disponível para olhar para o guarda-redes, tal como acontece nos jogos. Indicadores – O indicador principal deste exercício é perceber se o jogador com bola olha para a relação CM/BA do guarda-redes, colocando a bola para o lado onde ele demora mais tempo a chegar a um possível ponto de intercepção. No entanto podermos observar se o jogador tem uma boa precisão, através do ponto de aplicação na bola e a direcção da mesma; se remata com muita velocidade, se tenta aumentar muito a aceleração ou o tempo de aceleração; ou se dá muitos indicadores ao guarda-redes sobre a trajectória da bola, através da sua relação CM/BA. Condicionantes do exercício – Se for sempre o mesmo jogador a chegar à bola poderá aumentar-se o espaço do outro jogador até à bola, permitindo assim que esse jogador demore mais tempo a chegar à bola.
  • 48. Universidade da Beira Interior 2011-2012 48 Exercício 2 Objectivo mediato – Evolução do jogador no remate Objectivo imediato – Avaliar se o jogador está calibrado para as diferentes zonas da baliza (precisão) Duração – A duração deste exercício deve ser a suficiente para perceber se o problema do desportista é a precisão. Por isso deve realizar o exercício algumas vezes para identificar através da do número de vezes que realizou o objectivo, se o problema é a precisão ou não. Por isso 10 minutos será o tempo suficiente para perceber o problema. Comportamento que se espera solicitar – Como neste exercício é apenas para avaliar a precisão, não é necessário estar um guarda-redes na baliza. Espera-se que o jogador tenha muito tempo disponível para remata às diferentes zonas da baliza, sem qualquer tipo de pressão, isto porque é um exercício mais analítico, onde o jogador deve conhecer-se a si próprio (domínios de si), percebendo como deve realizar o movimento, que ponto de aplicação na bola, que direcção, que aceleração, que tempo de aceleração, que energia cinética, qual a resultante das forças que deve ter, qual a relação CM/BA deve ter e qual a cadeia cinética utilizada. Indicadores – Como indicadores deste exercício é o facto de o jogador acertar nos alvos certos ou não, tendo em conta o número de hipóteses que realizou. No entanto poderemos perceber a origem da falta de precisão, através do movimento que o jogador executa e que é visível. Portanto o problema poderá ser de algumas variáveis que levam o jogador a imprimir força na bola, tais como: o jogador tem um ponto de aplicação na bola errado tendo em conta a direcção que a bola deve realizar; pode ser descoordenado, isto é, pode estar a realizar forças através da sua cadeia cinética e da relação CM/BA para uma direcção e realizar o ponto de aplicação noutra; pode estar a realizar o exercício com muita velocidade (tendência evolutiva contraditória), quanto mais velocidade se imprime à bola menos precisão ela vai ter, uma vez que é mais difícil coordenar os segmentos utilizados. Descrição do exercício – O jogador posiciona-se a diferentes distâncias e direcções da baliza, para perceber qual o ponto de aplicação e direcção na bola e tenta acertar nos ângulos da baliza e no espaço junto ao poste, uma vez que mesmo com um guarda-redes na baliza, e estando o mesmo, mais ou menos no meio da baliza, um remate com
  • 49. Universidade da Beira Interior 2011-2012 49 precisão para estas zonas é difícil para o guarda-redes ter tempo para lá chegar, porque o tempo que a bola demora a percorrer o espaço até à baliza, é menor que o tempo que ele demora a chegar até a um possível ponto de intersecção da bola.
  • 50. Universidade da Beira Interior 2011-2012 50 Exercícios de Diagnóstico na Finta Exercício 1 Objectivo mediato – Diagnosticar a finta Objectivo imediato – Avaliar se o jogador consegue fintar o oponente Duração - A duração deste exercício deve ser a suficiente para perceber se o desportista tem problemas em fintar o outro, por isso o jogador deve realizar algumas vezes o exercício para identificar se ele consegue realizar o objectivo. Para este exercício o tempo suficiente para esta observação será de 5 minutos. Indicadores - Como indicador deste exercício é o facto de o jogador conseguir o objectivo ou não, uma vez que é para perceber se ele tem problema em fintar o oponente. No entanto pode-se perceber logo a origem do problema caso o jogador não consiga fintar. Então poderemos identificar se o problema é de o jogador com bola não olhar para a relação CM/BA do defesa, uma vez que assim ao não olhar, não identifica o lado em que o defesa demora mais tempo a intersectar a bola, poderemos observar se o jogador com bola espera que o defesa reaja, ou quando vai fintar já tem definido um lado para onde vai percorrer com a bola; poderemos observar se o jogador com bola tem um bom domínio de si, isto é se ele consegue controlar a bola, levando-a exactamente para o local onde ele quer, através do ponto de aplicação e direcção da mesma. Descrição do exercício – Um jogador parte dum lado em que tem pela frente um adversário, em que o deve fintar e passar com a bola controlada por uma linha que estará do outro lado. Se o oponente conseguir tirar a bola faz o mesmo, finta o adversário e tenta passar com a bola controlada por uma linha que estará do lado oposto. Este exercício é definido assim uma vez que, quando se finta o adversário tem de se passar por ele, fazendo com que este não consiga mais intersectar a bola, por isso o jogador com bola deve prosseguir a jogada até passar com a mesma por uma linha. Limites do campo – O espaço do exercício em comprimento deve fazer com que o jogador traga alguma energia cinética antes de encontrar o adversário, tal como acontece no jogo, e permitirá que aumente mais a velocidade da finta, uma vez que a energia cinética dos segmentos é uma forma de aumentar a velocidade, no entanto não deve ser muito grande, uma vez que não ia valer a pena. Quanto ao espaço em largura,
  • 51. Universidade da Beira Interior 2011-2012 51 deve ser suficiente para o jogador com bola precisar mesmo de enganar o adversário, isto é, o jogador com bola deve percorrer um espaço com a bola, sem que o defesa não a intersecte. Portanto o tempo que o defesa demora a chegar a um possível ponto de intersecção deve ser maior que o tempo que o jogador com bola demora a percorrer o espaço sem que o oponente não intersecte a bola. Por isso tendo em conta estes aspectos poderá ser 6 metros de comprimento e 3 de largura. Caso o exercício não esteja a solicitar o comportamento desejado, o campo pode ser aumentado ou diminuído. Material – uma bola, 1 colete, 4 cones Caso um jogador não consiga passar pelo oponente então teremos que colocar hipóteses e exercícios para perceber a causa do problema. Exercício 1 Objectivo mediato – Evolução do jogador na finta Objectivo imediato – Perceber se o jogador olha para a relação centro de massa/base de apoio do oponente ou tem problemas na sua interpretação e vai para o lado em que o defesa demora mais tempo a interceptar a bola. Duração - A duração deste exercício deve ser a suficiente para perceber se o desportista olha para a relação centro de massa/base de apoio do defesa ou se tem problemas na sai interpretação. A duração do exercício de modo a observar isto é relativamente curto, sendo suficiente 7 minutos, tendo em conta o número de vezes que o jogador realiza esta acção. Comportamentos que se espera solicitar – Espera-se que o jogador com bola consiga perceber através da relação centro de massa/base de apoio do oponente o lado em que o defesa demora mais tempo a chegar à bola, permitindo assim que o mesmo consiga
  • 52. Universidade da Beira Interior 2011-2012 52 percorrer um espaço em menor tempo do que o defesa chegar a um possível ponto de intersecção da bola. Indicadores – O indicador principal deste exercício é perceber se o jogador com bola olha para a relação CM/BA do defesa e vai para o lado em que ele demora mais tempo a chegar à bola. No entanto poderemos observar outros problemas tais que: observar se o jogador com bola espera que o defesa reaja, ou quando vai fintar já tem definido um lado para onde vai percorrer com a bola; poderemos observar se o jogador com bola tem um bom domínio de si, isto é se ele consegue controlar a bola, levando-a exactamente para o local onde ele quer, através do ponto de aplicação e direcção da mesma. Descrição do exercício – Os jogadores partem ao mesmo tempo um de cada lado em que um deles tem a bola, esse jogador tenta enganar o oponente fazendo-o querer que ele parte para umas das balizas que estão de lado, quando o defesa estiver inclinado para esse lado o jogador com bola parte para o lado contrário e terá que passar com a bola controlada pela baliza. Condicionantes do exercício – Para que o exercício solicite os comportamentos que queremos no jogador poderemos colocar um quadrado mais pequeno em que só dentro desse quadrado o jogador com bola pode fintar o seu adversário e partir para uma das balizas. Isto vai permitir que o jogador com bola seja obrigado a ter em conta a relação CM/BA do defesa na decisão do lado em que vai percorrer com a bola.
  • 53. Universidade da Beira Interior 2011-2012 53 Exercício 2 Objectivo mediato – Evolução do jogador na finta Objectivo imediato – Avaliar se o jogador tem um bola controlo da bola (domínios de si próprio). Duração – A duração do exercício deve ser suficiente para perceber se o jogador tem um bom domínio de si, por isso deve realizar o exercício um número de vezes tal, que demostre se existe problema ou não. Tendo isto o tempo de 7 minutos é suficiente para observar o objectivo. Comportamento que se espera solicitar – Espera-se que o jogador mude de direcção com a bola controlada o mais rápido possível, uma vez que quanto mais velocidade existe mais difícil se torna coordenar o movimento. Indicadores – Aqui pretende observar se o jogador tem um bom domínio de si através do controlo de bola na finta. Assim teremos que observar se ele no momento que muda de direcção consegue coordenar bem o movimento, através do ponto de aplicação na bola, direcção da mesma e coordenar a sua cadeia cinética para o lado em que pretende ir. Descrição do exercício – O jogador corre na máxima velocidade possível em direcção a um pino realizando depois uma mudança de direcção, no entanto terá que realizar um movimento para um lado e depois mudar de direcção para o lado oposto, passando depois com a bola controlada por uma linha. Condicionantes do exercício – Para aumentar a velocidade do exercício podermos colocar um jogador atrás do jogador com bola, para que este diminua o tempo disponível do jogador com bola, isto é, vai permitir que o jogador com bola realize o exercício mais rápido, fazendo com que seja mais difícil coordenar o movimento, uma vez que quanto mais velocidade mais difícil é de coordenar os segmento e controlar o ponto de aplicação na bola, fazendo com que esta vá para um espaço que o jogador quer.
  • 54. Universidade da Beira Interior 2011-2012 54 Tabela de esquematização de exercícios Objectivo mediato Objectivo imediato Duração Comportamento que se espera solicitar Descrição do exercício Indicadores Condicionantes do exercício Desenvolvimento do jogador
  • 55. Universidade da Beira Interior 2011-2012 55 CONCLUSÃO Como já foi dito, dentro de um quadro dinâmico o Homem deve ser tratado como ser holístico, em que se deve relacionar o Homem com a sociedade e o desporto, com o objectivo de evoluir nos seus diferentes aspectos. Um treinador para evoluir e transformar o Homem que tem a seu cargo, deve começar por o conhecer, realizando um diagnóstico, onde procura saber a sua personalidade em diferentes limites, isto é, procurar perceber como o desportista age em diferentes situações, deve procurar saber as suas características, capacidades e potencialidades, não só dentro da actividade física e dos seus objectivos mas também como pessoa, saber onde ele se adapta melhor em cada situação. Um diagnóstico dentro do desporto e no treino deve permitir rentabilizar melhor o treino uma vez que se evita estar a treinar de tudo um pouco e não treinar nada, isto é, o tempo é finito, cada minuto perdido num treino ao fim de 1 ano será muito maior e ao fim de 10 é exponencial, por isso não se deve perder tempo em treinar aspectos que não valem a pena serem treinados. Deve-se perceber qual será a melhor forma de rentabilizar o treino, será melhor treinar uma coisa que um jogador faz bem mas pode fazer melhor ou treinar um aspecto em que o desportista não consegue mesmo realizar. Para haver esta descoberta terá portanto de haver um diagnóstico individual, uma vez que todas as pessoas são diferentes, e não realizar exercícios iguais para toda uma equipa. Para haver um diagnóstico terá que haver um conhecimento total dos fenómenos que acontecem no futebol, isto é, um treinador deverá conhecer as variáveis pertinentes em cada acção e as suas interligações, permitindo assim reconhecer onde está o problema do desportista e identificar onde pode evoluir.
  • 56. Universidade da Beira Interior 2011-2012 56 BIBLIOGRAFIA (1) Vicente A., (2005) “ O Diagnóstico nas Actividades Desportivas: Para uma Operacionalização no Modelo das Actividades Desportivas Colectivas”, Trabalho com vista à obtenção do grau de mestre em Ciências do Desporto, UBI: Covilhã (2) Almada F. ; Fernando C. ; Lopes H. ; Vicente A. ; Vitória M., (2008) “A ROTURA – A Sistemática das Actividades Desportivas”, VML; Torres Novas (3) “ Análise do passe no Futebol”, - Patita T.; Nunes D.; Batista V.; Teixeira A., 2011, - Trabalho redigido na unidade curricular de Estudos Práticos de Futebol, UBI: Covilhã (4) Vicente A., (2007) – Para a Gestão Micro e Macro das Actividades Desportivas O Diagnóstico nas Actividades Desportivas Operacionalização nos Desportos Colectivos” – Trabalho com vista à obtenção do grau de Doutor em Educação Física e Desporto na especialidade de Ciências do Desporto, Universidade da Madeira